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<p>Fasul Educacional</p><p>Aluno(a): Isabel Cristina Paz Machado</p><p>Disciplina: Direito do Trabalho I</p><p>Das Normas Gerais de Tutela do Trabalho (da duração do trabalho; do salário mínimo)</p><p>Um dos efeitos do crime é a vitimização, tanto social quanto individual. Individualmente, há uma vitimização real, uma vez que a vítima foi privada, de alguma forma e intensidade, de bens morais e/ou materiais. Socialmente, existe o sentimento público de vitimização (a insegurança, o medo de tornar-se vítima de um crime).</p><p>Acompanhe, na imagem a seguir, o caso do Jessé e o que o motivou a consultar você, advogado trabalhista:</p><p>Jessé da Aleluia trabalha na Empresa Céu Azul S/A. Foi contratado para a jornada de 8 horas diárias com intervalo de 1 hora para descanso e alimentação. Ocorre que a empresa está com uma demanda muito grande e decidiu, com a anuência da direção do Sindicato dos Trabalhadores, instruir três turnos ininterruptos de revezamento de 8 horas cada, de segunda a sábado, com rodízio da jornada. Quem trabalhasse em uma semana no horário da manhã, na seguinte ficaria com o turno da tarde e, na próxima, com o da noite, e assim sucessivamente.</p><p>De tal modo, foi proposta aos antigos funcionários a mudança do horário com u a melhoria salarial, fato este que daria a empresa maior segurança, haja vista a presença de funcionários experientes nos três turnos.</p><p>Procurando facilitar o dia a dia dos funcionários, a empresa, em contato com os diretores do sindicato dos trabalhadores, decidiu franquear o uso do restaurante para todos os funcionários, alterando o horário de descanso e alimentação para 20 minutos. Após pesquisar um pouco na internet, Jessé encontrou as seguintes informações:</p><p>Turno é o trabalho realizado por um grupo de trabalhadores que sucedem uns aos outros, nos mesmos equipamentos da empresa, permitindo, assim, o funcionamento ininterrupto da empresa. CF/88 artigo 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XIII</p><p>Duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; XIV</p><p>Jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; (...) CLT artigo 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Artigo 71- em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, de no mínimo 1 (uma) hora e , salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.</p><p>(...) § 2° - os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho. § 3° - o limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, quando, ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.</p><p>O artigo 611 – A da CLT prevê que acordos coletivos e convenção coletiva do trabalho podem prever um intervalo mínimo de 30 minutos para jornadas acima de 6 horas diárias.</p><p>Munido dessas informações, Jessé buscou seus serviços, por confiar no seu trabalho como advogado trabalhista. Relatou que, após uma pesquisa na internet, encontrou as informações que precisava e, por desconfiar da proposta, preferiu buscar o apoio de um profissional especializado. Em seguida, apresentou-lhe duas perguntas:</p><p>1. A implantação dos turnos ininterruptos de revezamento cm duração de 8 horas está correta?</p><p>2. Quanto à alteração do horário de descanso e alimentação, está correto o procedimento da empresa, haja vista a concordância dos diretores do sindicato dos trabalhadores.</p><p>Após refletir um pouco e verbalizar as respostas, Jessé solicitou que você as imprimisse, pois desejava levar esse conhecimento aos seus colegas de trabalho.</p><p>Considerando o exposto, elabore uma resposta coerente com o ordenamento jurídico e que atenda às expectativas de Jessé.</p><p>Resposta:</p><p>Os crimes de menor potencial ofensivo resultam em maior sentimento de vitimização (sentimento de insegurança decorrente do fato de a população vivenciar com maior proximidade e frequência crimes dessa natureza). Há maior temor em ser o próximo alvo de um crime de furto ou roubo, por exemplo. Por essas razões, há um clamor maior pela atribuição de penas mais duras a crimes dessa natureza.</p><p>Por sua vez, o desvio de verbas da saúde, um crime de colarinho branco, produz danos de maior monta e um número muito maior de vítimas, mas existe maior “distanciamento” entre o criminoso e suas vítimas, o que diminui o sentimento de vitimização.</p><p>Nesse contexto, percebe-se uma relação direta entre o sentimento de vitimização, o clamor público e a atribuição de penas desproporcionais aos danos: os crimes de colarinho branco, quando constatados, são puníveis com penas mais brandas.</p><p>• A jornada dos turnos ininterruptos de revezamento é de 48 horas semanais, o que excede o limite constitucional, de 44 horas semanais.</p><p>• Os turnos ininterruptos de 8 horas não foram aprovados por normas coletivas do trabalho. Não vale a concordância dos diretores do sindicato, pois a lei prevê “negociação coletiva”.</p><p>• O revezamento dos turnos importa em descumprimento do artigo 66 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo em vista que, da semana em que o trabalhador terminar o turno noturno para a semana seguinte, quando inicia o turno da manhã, não há um período de 11 horas do intervalo interjornada.</p><p>• No que diz respeito à diminuição do horário de repouso e alimentação, o artigo 71, § 3º, da CLT prevê que o horário poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, quando se constatar, ouvida a Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho (SSST), que o estabelecimento atende todas as exigências atinentes à organização do refeitório e quando os empregados não estiverem sob o regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.</p>