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UNIDADE II DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - CONTRATO DE TRABALHO 2 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Edição, revisão e diagramação: Equipe de Desenvolvimento de Material Didático EaD _____________________________________________________________________ Slusarenko, Natacha. Direito Individual do Trabalho - Contrato de Trabalho : Unidade 2 Recife: Grupo Ser Educacional, 2019. ____________________________________________________________________ Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 3 SUMÁRIO PARA INÍCIO DE CONVERSA ...................................................................................... 4 JORNADA DE TRABALHO ........................................................................................... 4 Tempo em que o empregado se coloca à disposição do empregador ............................ 5 Horas In Itinere .......................................................................................................................... 6 Trabalho em Sobrejornada ...................................................................................................... 9 Compensação de Jornada - Banco de Horas ..................................................................... 10 Intervalos Intrajornada e Interjornada ................................................................................. 12 Adicional Noturno .................................................................................................................... 14 Súmula nº 60 do TST ................................................................................................................ 15 Empregados Excluídos do Controle de Jornada .................................................................. 15 4 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO - CONTRATO DE TRABALHO UNIDADE II PARA INÍCIO DE CONVERSA Olá, querido (a) aluno (a)! Tudo bem com você? Seja bem-vindo (a), ao seu segundo guia de estudos da disciplina Direito Individual do Trabalho II. No primeiro guia estudamos o assunto contrato de trabalho: conceitos, alteração, interrupção e suspensão e extinção. Estudamos, também, as principais alterações promovidas pela Lei 13.467/2017. Neste segundo guia, trataremos da Jornada de Trabalho. ORIENTAÇÕES DA DISCIPLINA Lembrando mais uma vez que este material é um guia para auxiliar o estudo da disciplina. Além dele, você terá o livro texto para estudo, disponível na plataforma virtual. Também disponibilizaremos atividades e leituras adicionais. Sugiro que você fique atento a todo o material disponível referente à disciplina Direito Individual do Trabalho II. Você deve fazer a leitura de todos os materiais textuais indicados neste guia de estudo, assim como deve assistir aos vídeos sugeridos ao longo deste material. Pronto (a)? Então, vamos lá! JORNADA DE TRABALHO Jornada de Trabalho é o lapso de tempo diário em que o empregado se coloca à disposição do empregador para lhe prestar serviços, em decorrência do contrato de trabalho entre eles firmado. Em regra, a Constituição Federal, em seu artigo 7º, limitou a jornada de trabalho em 8 horas diárias e 44 horas semanais. Art. 7º, XXIII, CF/88 - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. 5 Porém, em algumas profissões, tais como a dos artistas, motoristas, petroleiros, são estabelecidos limites diferenciados de jornada de trabalho. O assunto está previsto, também, no artigo 58 e seguintes da CLT, e, o artigo 611-A deste mesmo dispositivo, que foi acrescido pela Reforma Trabalhista, possibilita que as partes negociem livremente sobre a jornada, desde que observados os limites constitucionais. Vamos aos artigos: Art. 58-CLT - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela lei 13.467, de 2017) (...) Pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; Tempo em que o empregado se coloca à disposição do empregador Um assunto que sofreu alteração com a Reforma Trabalhista foi o tempo à disposição do empregador, previsto no artigo 4º da CLT. Antes da mudança, o empregado que ficava na empresa após o horário, mesmo que realizando atividades de cunho pessoal, como, por exemplo, estudo, atividades de relacionamento social, higiene pessoal, dentre outras, recebia horas extras. Veja: Não importava o tipo de atividade, mas o mero fato de o empregado estar à disposição da empresa. Com a Reforma Trabalhista, se o empregado estiver realizando atividades pessoais, não será considerado como à disposição do empregador, ou seja, não receberá horas extras. Analise o Artigo: Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada. § 1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho. § 2º. Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para exercer atividades particulares, entre outras: I - práticas religiosas; II - descanso; III - lazer; 6 IV - estudo; V - alimentação; VI - atividades de relacionamento social; VII - higiene pessoal; VIII - troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. Mas, não se confunda, caro (a) estudante: se o empregado estiver na empresa efetivamente à disposição para o trabalho, fará jus a horas extras. Entendido? Horas In Itinere “Itinere” vem da palavra itinerário. Antes da Reforma trabalhista, o tempo despendido pelo empregado até o local de trabalho e para o seu retorno, por qualquer meio de transporte, via de regra, não era computado na jornada de trabalho, salvo quando, tratando-se de local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o empregador fornecesse a condução. Isso ignifica dizer que, preenchidos alguns requisitos, o funcionário recebia da empresa as horas gastas com o seu deslocamento, ou seja, as horas “in itinere” eram consideradas como “tempo à disposição do empregador”. O assunto era tratado na Súmula 90 do Tribunal Superior do Trabalho. Porém, vocês devem ter notado que eu estou tratando das horas “in itinere” no passado, certo? Sim! Isso porque a Reforma Trabalhista revogou o referido instituto, ou seja, não há mais pagamento pelas horas de deslocamento do empregado, mesmo se esse residir em local de difícil acesso ou não servido por transporte público. Veja como ficou a nova redação do artigo 58 § 2º da CLT: Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. § 2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno,caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. LEITURA COMPLEMENTAR O artigo do site migalhas de peso publicou um artigo bastante esclarecedor acerca das horas in itinere. Acesse o link e faça a leitura para complementar os estudos, ok? https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI281608,61044- Horas+in+itinere+e+a+reforma+trabalhista 7 Sobreaviso e Prontidão Quando se estuda jornada de trabalho é preciso diferenciar dois institutos que é o sobreaviso e a prontidão: • Sobreaviso Ocorre sobreaviso quando um funcionário permanece em casa aguardando ordens para ser chamado para o serviço. A duração máxima do tempo de sobreaviso é de 24 horas e ele deve ser remunerado à razão de 1/3 (um terço) da hora normal de trabalho (art. 244, § 2º, da CLT). Assim, por exemplo, se um empregado recebe R$6,00 por hora trabalhada, receberá R$2,00 por hora em que se mantenha de sobreaviso. Vejam: O funcionário permanece em casa, confortavelmente instalado e aguardando o chamado patrona, por isso, não faria sentido que recebesse pelo valor total da hora de trabalho. • Prontidão Ocorre prontidão quando o funcionário permanece nas dependências da empresa aguardando ordens. Nesta hipótese, a escala de prontidão será de, no máximo, doze horas, e a hora de prontidão será remunerada à razão de 2/3 do valor da hora normal de trabalho. Vejam: Esses empregados recebem mais do que aqueles que trabalham no regime de sobreaviso, pois aguardam as ordens do empregador na própria empresa, e não em casa. EXEMPLO Ao falar de sobreaviso e prontidão, daremos o exemplo do piloto de avião. As empresas aéreas não podem contar somente com um piloto, certo? Imaginem só se ele tem um problema de saúde e precisa faltar. O que fazer com os passageiros? Por isso, as empresas geralmente mantêm um piloto em prontidão (nas dependências do aeroporto), pagando-lhe 2/3 do salário. Mas, e se esse piloto também passar mal? Em razão disso, a empresa mantém também um em sobreaviso, aguardando ordens em casa e paga-lhe o valor de 1/3 do salário. Tabela 1 Fonte: Criação do (a) professor (a) 8 Uso do Celular – Gera pagamento de sobreaviso? Hoje em dia, muitos trabalhadores vivem para lá e para cá com o celular da empresa, e, muitas vezes, atendem ligações de trabalho após o horário. Isso gerou inúmeros processos de trabalhadores pedindo adicional de sobreaviso, sob alegação de que, com o celular, estariam o tempo todo aguardando ordens da empresa. A Súmula 428 do TST, no entanto, deixa claro que: “O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso”. Isso porque, o adicional de sobreaviso é devido nas situações em que o empregado permanece fixo em um local - normalmente em sua residência - à disposição do empregador, aguardando chamado de serviço e tolhido, portanto, em seu direito de ir e vir. O empregado que está com o celular tem liberdade para ir e vir, e, portanto, não tem direito a esse pagamento. PRATICANDO Veja o trecho de um acórdão proferido nos autos do PROCESSO 0288400- 37.2009.5.02.0025, RECURSO ORDINÁRIO DA 25ª V.T. DE SÃO PAULO, em que os desembargadores julgam uma situação de pedido de sobreaviso em razão do uso de celular. No caso, recorrente é a Empresa, ok? RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA Sobreaviso e reflexos Argumenta a recorrente que o simples uso de aparelho celular não caracteriza o sobreaviso, não ficando o reclamante tolhido em sua liberdade de locomoção, podendo viajar, sair e assumir compromissos pessoais, já que apenas poderia ser acionado por telefone para prestar algum esclarecimento. Com razão. De efeito, o adicional de sobreaviso somente será devido quando o trabalhador tiver restringido seu direito de ir e vir. O porte de aparelho celular, ainda que fornecido pelo empregador, não implica incidência do art. 244, § 2º, da CLT, vez que a condição determinante do sobreaviso é a restrição imposta pelo empregador, impossibilitando o empregado de desfrutar seus descansos de acordo com sua conveniência, situação que não ocorre quando o contato é apenas por meio de telefone móvel. In casu, o próprio reclamante, em seu depoimento pessoal esclareceu que “apenas em São Paulo ficava com o Nextel ligado, fornecido pela empresa; que isso ocorria a partir 9 das 20h; que em média era convocado pelo telefone após as 20h, todos os dias da semana, 3 vezes ao menos, cada uma com duração de 30 minutos, em média; que em regra solucionava o problema via telefone, mas ficava à disposição caso precisasse” A 1ª testemunha trazida pelo autor afirmou que “a equipe de safety car consultava o Autor, após as 20h, em caso de dúvidas em relação ao atendimento a ser prestado, ligando para o Nextel que permanecia com o Autor; que em não localizando o Autor, no aparelho Nextel existia uma lista de pessoas a serem consultadas” No mesmo sentido os depoimentos da 2ª testemunha obreira e da testemunha patronal, revelando que o acionamento do reclamante era feito exclusivamente para sanear dúvidas pelo próprio telefone, inexistindo uma única informação sobre a necessidade de comparecimento pessoal do autor em qualquer lugar diverso. Destarte, a instrução oral revelou que o reclamante apenas recebia ligações por telefone para resolver dúvidas, não havendo qualquer restrição ao direito de locomoção do trabalhador. Indevido, pois, o adicional de sobreaviso, nos termos da Súmula nº 428, I, do C. TST, que disciplina que “O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso”. Repriso, o adicional de sobreaviso é devido nas situações em que o empregado permanece fixo em um local - normalmente em sua residência - à disposição do empregador, aguardando chamado de serviço e tolhido, portanto, em seu direito de ir e vir, o que não se demonstrou na hipótese dos autos. Você pode consultar essas e outras decisões na íntegra e aprender muito sobre Direito do Trabalho na prática. Basta acessar o site do Tribunal Regional do Trabalho e procurar o tópico “pesquisa de jurisprudência”. Fonte: https://ww2.trtsp.jus.br/bases-juridicas/jurisprudencia/pesquisa-jurisprudencial/ (TRT de São Paulo) Trabalho em Sobrejornada Começaremos com a seguinte pergunta: as pessoas podem fazer horas extras? Bem, de acordo com o artigo 59 da CLT, “a duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de trabalho. Portanto, é lícita, como regra geral, atendidas as hipóteses legais, a realização de até duas horas extras diárias. 10 Muito bem ressalta o professor Ricardo Resende que: “Importante ressaltar, neste diapasão, que não são permitidas “até dez horas de trabalho diário”, como é praxe ouvirmos no cotidiano trabalhista, e sim “até duas horas além da jornada normal”. Imagine-se, por exemplo, o caso do bancário enquadrado no art. 224, caput, da CLT. Como sua jornada é de seis horas, somente poderá ser submetido à jornada de até oito horas, de forma a respeitar o limite máximo de prorrogação (duas horas). Anote-se ainda, por oportuno, que, em relação a categorias específicas, que possuem regulamentação própria, podem ser fixados outros limites. A título de exemplo, mencione-se que o art. 235-C, caput, da CLT, com a redação dada pela Lei nº 13.103/2015, prevê que a jornada normal do motorista profissional é de oito horas, podendo ser prorrogada por até duas horas ou, mediante convenção ou acordo coletivo, por até quatro horas. Compensação de Jornada - Banco de Horas Outro assunto bastante conhecido e pertinente é o banco de horas que nada mais é que uma espécie de estoque de horas extras para fins de compensação futura. Isso quer dizer que se o empregadotrabalhar após o horário, este tempo de sobrejornada é lançado como horas positivas, as quais deverão ser compensadas por diminuição futura; porém se trabalhar aquém do horário, o tempo respectivo é lançado como horas negativas, abatendo créditos anteriores ou compensando futuramente com trabalho suplementar. Em outras palavras, banco de horas se dá quando o empregado realiza horas além de sua jornada, porém, não as recebe com adicional, pois estas serão compensadas dentro de determinado prazo. A possibilidade de realização de banco de horas está regulamentada a partir do artigo 59, Parágrafo 2º da CLT, senão vejamos: § 2o - Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias. Este primeiro caso prevê o banco de horas anual, que só pode ser formalizado mediante acordo e convenção coletiva de trabalho. Neste caso, o empregado poderá compensar as horas no período máximo de 1 ano, caso contrário estas deverão ser pagas como extras. Com a reforma Trabalhista, o legislador passou a prever, também, a possibilidade de realização de banco de horas para compensação semestral, que, neste caso, pode ser feito por meio de acordo individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. § 5º O banco de horas de que trata o § 2º. Deste artigo poderá ser pactuado por acordo individual escrito, desde que a compensação ocorra no período máximo de seis meses. Há, ainda, a possibilidade de o funcionário trabalhar além de sua jornada e compensar naquele mesmo mês. Neste caso, não há necessidade de acordo individual escrito, nem acordo ou convenção coletiva, 11 podendo a pactuação entre empregado e empregador se dar de forma tácita. Veja a tabela a seguir: Assim, depois da Reforma, de quais formas será possível a compensação de jornada? Tabela 2 Fonte: Criação do (a) professor (a) Nas palavras do professor Ricardo Resende: “Embora seja o mecanismo mais indicado no caso de determinadas atividades econômicas, as quais apresentam grande sazonalidade e variação da demanda, de uma forma geral o banco de horas traz prejuízo ao empregado, pois praticamente só atende aos interesses do empregador. Com efeito, é muito comum o empregador deixar que se acumule grande quantidade de horas positivas na “conta” do empregado, e então dar várias folgas compensatórias em época pouco interessante para o trabalhador (e, obviamente, interessante para o empregador), bem como a prática de simplesmente liberar o empregado mais cedo, avisando-o no dia, a fim de abater algumas horas do banco, de forma que o trabalhador não disponha daquele tempo de maneira adequada e planejada, e, a rigor, não saiba quantas horas trabalhará a cada dia. E você, prezado (a) estudante, o que acha? Reflita sobre a questão! LEITURA COMPLEMENTAR O site migalhas de peso publicou um artigo bastante esclarecedor acerca da compensação de jornada horas in itinere. Acesse o link e faça a leitura para complementar os estudos, ok? https://blog.ipog.edu.br/direito/reforma-trabalhista-acaba-com-o-paga- mento-de-horas-in-itinere/ 12 Intervalos Intrajornada e Interjornada Os intervalos são lapsos de tempo que visam à recuperação da energia do empregado, e, consequentemente, evitam que eles sejam acometidos por doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. São intervalos os períodos destinados ao repouso ou alimentação ao longo da jornada de trabalho, também conhecidos como intervalos intrajornada, bem como os lapsos de tempo consecutivos de descanso entre duas jornadas de trabalho consecutivas, também chamados de intervalos interjornadas. O intervalo intrajornada está previsto no artigo 71 da CLT. Vamos a ele: Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas. § 1º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas. Portanto, a regra geral é o intervalo intrajornada (para descanso e alimentação) de, no mínimo, uma hora, e, no máximo, duas horas, para todo trabalho cuja jornada seja superior a seis horas. Para jornadas superiores a quatro horas e inferiores ou iguais a seis horas, o intervalo intrajornada comum é de 15 minutos. E, quem trabalha até 4 horas diárias não tem direito ao intervalo intrajornada. A Reforma trabalhista, no artigo 611 A da CLT possibilita a redução do intervalo intrajornada de 1 hora para 30 minutos - em havendo acordo ou convenção coletiva – para aqueles que trabalham mais de seis horas. “Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela lei 13.467, de 2017) (...) III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superior a seis horas” 13 GUARDE ESSA IDEIA! Entendam melhor: A nova norma, instituindo a prevalência do negociado sobre o legislado no seu artigo 611-A, retirou a obrigatoriedade da concessão do intervalo mínimo de 1 hora de que trata o artigo 71 da CLT, possibilitando sua redução para até 30 minutos com uma única condição, qual seja: previsão em convenção coletiva (firmada entre sindicados patronais de um lado e sindicato dos empregados de outro) ou acordo coletivo (firmado entre empresa de um lado e sindicato dos empregados de outro). Grave o esquema: Tabela 3 Fonte: Criação do (a) professor (a) LEITURA COMPLEMENTAR O site migalhas de peso publicou um artigo bastante esclarecedor acerca do intervalo intrajornada. Acesse o link e faça a leitura complementar de mais um artigo. Vale a pena! https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI269612,41046- O+intervalo+intrajornada+e+a+reforma+trabalhista Continuando... 14 Enfim...os intervalos interjornadas são períodos de tempo em que o empregado deve descansar entre duas jornadas de trabalho consecutiva, cujo objetivo consiste em garantir a higidez física e mental do empregado através da reposição de suas energias, e, também, garantir ao trabalhador um mínimo de convívio familiar e social fora do tempo em que se dedica ao trabalho. A regra geral (intervalo interjornadas comum) é de 11 horas consecutivas, conforme dispõe o art. 66 da CLT: Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso. Há ainda os intervalos interjornadas especiais, os quais alcançam não só categorias especiais de trabalhadores, tais como os vinculados a serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia (art. 229 da CLT), como também empregados em regime de compensação de jornada, nos denominados regimes de plantão (12x36 ou 24x72). Passaremos, a partir de agora, para outro assunto bastante conhecido na esfera trabalhista – o Adicional Noturno. Adicional Noturno Os funcionários que trabalham a noite, tem, também, direito ao adicional noturno. Observe a tabela abaixo que relaciona o tipo de trabalhador, o horário e o valor do adicional, respectivamente. Perceba, também, que, no caso dos trabalhadores urbanos, estes têm uma carga horária reduzida. (a cada 52 minutos e 30 segundos de trabalho, computam-se 60 minutos). Tabela 4 Fonte: Criação do (a) professor (a) Uma Súmula de muito destaque quando o assunto é adicional noturno, é a súmula 60 do TST: 15 Súmula nº 60 do TST ADICIONAL NOTURNO. INTEGRAÇÃO NO SALÁRIO E PRORROGAÇÃO EM HORÁRIO DIURNO I - O adicional noturno, pago com habitualidade, integrao salário do empregado para todos os efeitos. II - Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional quanto às horas prorrogadas Isto quer dizer que: O item I significa que o adicional noturno integra o salário - vamos entender melhor o conceito de salário no próximo guia de estudos, mas, de uma forma bem simples, consiste em dizer que todas as verbas do trabalhador (exemplo: férias, 13º, aviso prévio), serão pagas considerando-se o adicional noturno. Já o Item II significa que, se o funcionário trabalhar a noite e prorrogar as horas pela manhã, essas horas prorrogadas também serão pagas com adicional noturno. Empregados Excluídos do Controle de Jornada O artigo 62 da CLT relaciona alguns empregados excluídos do controle de jornada: São eles: exercentes de cargo de confiança, desde que recebam um adicional de pelo menos 40% do salário efetivo; trabalhadores externos que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, e, a novidade trazida pela Lei 13.467, são os trabalhadores em regime de teletrabalho (que trabalham em casa). Vejamos o artigo: Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo: I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial. III - os empregados em regime de teletrabalho. Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). 16 PALAVRAS FINAIS DO PROFESSOR Concluído mais um guia de estudo! Agora você já domina o assunto jornada de trabalho, que envolve várias questões como horas extras, intervalos, adicional noturno, banco de horas, dentre outras. Na próxima aula, trataremos de salário e remuneração. Faça as leituras complementares!! Até a próxima unidade! ACESSE O AMBIENTE VIRTUAL Lembre-se de acessar o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e responder as atividades avaliativas, pois elas são essenciais para fortalecer o seu aprendizado. Em caso de dúvidas, consulte o seu tutor. Ele está à disposição para ajudá-lo (a) no que for necessário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASSAR. Volia Bonfim. Direito do Trabalho de acordo com a Reforma Trabalhista. Ed. Método., 16ª Ed., 2018. DELGADO. Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. LTr. 17ª Ed., 2018. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo. Saraiva, 10ª Ed., 2018. RESENDE. Ricardo. Curso de Direito do Trabalho. Editora Método. 7ª Ed. 2017. SOUTO, Rafael Tonassi; LINHARES, Aryanna; SARAIVA, Renato. CLT comentada. 22ª Ed. Juspodium, atualizada até 21.06.2018.
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