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<p>PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>APOSTILA ELABORADA PELO INSTRUTOR NILTON KIYOSHI KURACHI1</p><p>- O conteúdo desta apostila não dispensa a consulta à legislação sobre o assunto.</p><p>- Complementa esta obra o Manual de Processo Administrativo Disciplinar do</p><p>Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União e as decisões dos</p><p>Tribunais Superiores e do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do</p><p>Sul sobre o assunto, para conhecimento e estudo.</p><p>- Esta Apostila visa proporcionar conhecimentos, experiências e formação de</p><p>atitudes que capacitem os cursistas, em regra Servidores Públicos do Estado de</p><p>Mato Grosso do Sul, a conhecer as funções e base legal inerente ao poder</p><p>disciplinar e elaboração de procedimentos administrativos disciplinares, para</p><p>fundamentação do processo decisório, na área do Direito Administrativo, Direito</p><p>Civil e outras áreas.</p><p>1 NILTON KIYOSHI KURACHI é Professor instrutor da Escola de Governo do Estado de Mato Grosso</p><p>do Sul - ESCOLAGOV, Procurador do Estado de Mato Grosso do Sul, Professor Mestre de Direito no</p><p>Ensino Superior em nível de graduação e pós-graduação, entre outras atividades.</p><p>SUMÁRIO</p><p>01 - Conceito de Administração Pública, princípios constitucionais que regem</p><p>a Administração Pública e poderes administrativos atinentes ao processo</p><p>administrativo disciplinar: 1.1. Conceito de Administração Pública; 1.2. Princípios</p><p>constitucionais que regem a Administração Pública; 1.2.1. Princípio constitucional da</p><p>legalidade; 1.2.2. Princípio constitucional da impessoalidade; 1.2.3 Princípio</p><p>constitucional da moralidade; 1.2.4. Princípio constitucional da publicidade; 1.2.5.</p><p>Princípio constitucional da eficiência; 1.3. Poderes administrativos atinentes ao</p><p>processo administrativo disciplinar; 1.3.1. Poder vinculado; 1.3.2. Poder</p><p>discricionário; 1.3.3. Poder hierárquico; 1.3.4. Poder disciplinar.</p><p>02 - Esferas de responsabilidade: 2.1. Responsabilidade administrativa do servidor</p><p>público; 2.2. Responsabilidade penal; 2.3. Responsabilidade civil; 2.3.1.</p><p>Responsabilidade por Improbidade Administrativa; 2.3.2. Responsabilidade da</p><p>pessoa jurídica de direito público; 2.3.3. Hipóteses excludentes da responsabilidade</p><p>estatal; 2.3.4. Da culpa e do risco; 2.3.5. Dano indenizável; 2.3.6. Liame da</p><p>causalidade; 2.3.7. Da reparação do dano e regresso.</p><p>03 - Processo Administrativo disciplinar – PAD: 3.1. Distinção entre processo e</p><p>procedimento; 3.2. Princípios do processo administrativo comum e disciplinar, 3.2.1.</p><p>Princípio da legalidade objetiva, 3.2.2. Princípio da finalidade, 3.2.3. Princípio da</p><p>publicidade no processo administrativo, 3.2.4. Princípio da ampla defesa e do</p><p>contraditório, 3.2.5. Princípio da oficialidade, 3.2.6. Princípio da gratuidade, 3.2.7.</p><p>Princípio da atipicidade, 3.2.8. Princípio da obediência à forma dos procedimentos,</p><p>3.2.9. Princípio da verdade material ou real, 3.2.10. Princípio da motivação ou</p><p>fundamentação, 3.2.11. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, 3.2.12.</p><p>Princípio da segurança jurídica, 3.2.13. Princípio do interesse público, 3.2.14.</p><p>Princípio do devido processo legal (“due process of law”), 3.2.15. Princípio da</p><p>isonomia, 3.2.16. Princípio do juiz natural, 3.2.17. Princípio da oficialidade ou do</p><p>andamento de ofício, 3.2.18. Princípio do informalismo ou do formalismo moderado</p><p>(preconizado por Odete Medauar), 3.2.19. Princípio da presunção do estado de</p><p>inocência ou da não culpabilidade, 3.2.20. Princípio da pluralidade de instâncias,</p><p>3.2.21. Princípio da participação popular; 3.3. Previsão legal; 3.4. Sistema de</p><p>repressão disciplinar adotado pelo Direito Pátrio; 3.5. Fases do Processo</p><p>Administrativo Disciplinar – PAD, 3.5.1. Instauração; 3.5.2. Inquérito administrativo,</p><p>3.5.2.1. Instrução, 3.5.2.2. Defesa, 3.5.2.3. Relatório; 3.5.2.4. Julgamento; 3.6</p><p>Pedido de reconsideração; 3.7. Recurso; 3.8. Revisão; 3.9. A recorribilidade no</p><p>processo administrativo disciplinar – PAD; 3.10. Meios sumários; 3.10.1. Sindicância;</p><p>3.10.2. Verdade sabida; 3.11. Termo de declaração; 3.12. Sanções disciplinares;</p><p>3.13. Prescrição aplicada às infrações funcionais; 3.14. Invalidação: anulação e</p><p>revogação do Processo Administrativo Disciplinar – PAD.</p><p>1 – CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, PRINCÍPIOS</p><p>CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E</p><p>PODERES ADMINISTRATIVOS ATINENTES AO PROCESSO</p><p>ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.</p><p>1.1. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.</p><p>Segundo Hely Lopes Meirelles, Administração Pública é o conjunto de órgãos</p><p>instituídos para a execução dos objetivos que visam à satisfação das necessidades</p><p>da coletividade.</p><p>O termo “Administração Pública” (iniciais maiúsculas) significa Poder</p><p>Executivo, formado pelos órgãos administrativos e suas entidades administrativas; já</p><p>o termo “administração pública” (iniciais minúsculas) significa função ou atividade</p><p>administrativa, que se aplica também ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, ao</p><p>Poder Legislativo, ao Tribunal de Contas, etc.</p><p>1.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A ADMINISTRAÇÃO</p><p>PÚBLICA.</p><p>Neste tópico estudar-se-á os princípios que estão previstos no art. 37, caput,</p><p>da Constituição Federal que se aplicam aos processos administrativos disciplinares.</p><p>1.2.1. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA LEGALIDADE.</p><p>O administrador público em toda a sua atividade funcional está sujeito aos</p><p>mandamentos da lei e às exigências do bem-comum.</p><p>O não cumprimento das normas implica a invalidade do ato administrativo</p><p>eivado de ilegalidade e acomete quem o pratica de responsabilidade disciplinar, civil</p><p>e criminal, conforme o caso.</p><p>O cidadão comum deve fazer o que a lei lhe impõe e pode fazer tudo o que a</p><p>lei não proíbe, já o administrador público só pode fazer o que a lei expressamente o</p><p>autoriza fazer, por isso o processo administrativo disciplinar deve ser conduzido nos</p><p>estritos ditames da lei.</p><p>Esse princípio nasceu com o Estado de Direito tornando-se fundamental ao</p><p>então denominado Estado Democrático de Direito, pois a essência de seu conceito é</p><p>o administrador subordinar-se à Constituição Federal e à legalidade democrática.</p><p>Corroborando o que fora afirmado, preceitua o inciso I do parágrafo único do</p><p>art. 2º da Lei n. 9.784/99 (lei que regula o processo administrativo no âmbito da</p><p>Administração Pública Federal) que a eficácia de toda atividade administrativa está</p><p>condicionada ao atendimento da Lei e do Direito (princípios administrativos).</p><p>O conceito de legalidade contém em si não só a lei, mas também o interesse</p><p>público e a moralidade.</p><p>Victor Nunes Leal preleciona que "se a Administração não atende ao fim legal</p><p>a que está obrigada entende-se que abusou de seu poder. O fim legal é, sem</p><p>dúvida, um limite ao poder discricionário".</p><p>Portanto, do descumprimento do princípio da legalidade decorrem duas</p><p>consequências: a) excesso ou desvio de poder (abuso de poder) e b) ampla</p><p>responsabilidade do Estado (responsabilidade objetiva).</p><p>Para coibir de imediato esses abusos e ilegalidades por parte da</p><p>Administração Pública, a Constituição previu vários remédios jurídicos como</p><p>mandado de segurança, mandado de injunção, habeas corpus, habeas data e ação</p><p>popular. Esses remédios jurídicos viabilizam o controle externo exercido pelo Poder</p><p>Judiciário. Existe também o controle externo exercido pelo Ministério Público, pelo</p><p>Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio do Tribunal de Contas, e o controle</p><p>exercido pela própria Administração Pública, no exercício da autotutela.</p><p>Sobre o princípio da legalidade, Carlos Eduardo Elias de Oliveira preleciona</p><p>que: “Por força do princípio da legalidade, o uso regular do poder disciplinar da</p><p>administração pública deve observar o que dispõe o ordenamento. Isso não</p><p>significa, entretanto, que tal uso deva se ater à letra fria da lei. Para que seja</p><p>legítimo,</p><p>Ipsis literis, o Princípio da Publicidade no Processo Administrativo Disciplinar</p><p>pode ser resumido como o direito à discussão probatória, na comunicação de todos</p><p>os atos do processo, e na necessidade de motivação da decisão, motivação esta,</p><p>aliás, inerente a todos os atos que compõem o Direito Administrativo.</p><p>3.2.4. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO.</p><p>Princípio decorrente do "due process of law" (devido processo legal) existente</p><p>nos Estados democráticos de Direito, o Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório</p><p>é absoluto, não comportando exceções.</p><p>Está garantido de forma expressa pela Legislação Constitucional em seu</p><p>artigo 5º, Incisos LV, e LXI.</p><p>Este princípio é inerente a todos os tipos de processos, como o Processo</p><p>Administrativo Disciplinar, pois o mesmo não é inquisitivo, mas puramente</p><p>acusatório.</p><p>Consiste na concessão de oportunidade ao agente administrativo,</p><p>hipoteticamente faltoso, de falar a respeito das alegações acusatórias em cada fase</p><p>do Processo Administrativo Disciplinar, e, logicamente, de fazer prova contrária.</p><p>Nesse Sentido, preleciona Hely Lopes Meirelles, que "Processo Administrativo</p><p>sem oportunidade de defesa ou com defesa cerceada é nulo, conforme têm decidido</p><p>reiteradamente nossos Tribunais judiciais, confirmando a aplicabilidade do princípio</p><p>constitucional do devido processo legal, ou mais especificadamente, da garantia da</p><p>defesa".</p><p>Preconizado pelo art. 5º, LV, da CF, e previsto também na Lei n. 9.784/99,</p><p>esse princípio exige a cientificação de todos os atos do processo administrativo</p><p>disciplinar, o conhecimento de tudo quanto dele constar, a possibilidade de</p><p>apresentação de defesa escrita para interferir no julgamento, assegurando</p><p>assistência por advogado e a interposição de recursos, “nos processos de que</p><p>possam resultar sanções e nas situações de litígio”.</p><p>Outrossim, a não observância dos prazos processuais pode ensejar a</p><p>nulidade do processo administrativo disciplinar, salvo comparecimento espontâneo</p><p>do interessado, que supre a falta ou a irregularidade, ou se causar prejuízo para a</p><p>defesa no processo.</p><p>Indispensável o contraditório sempre que houver acusação, permitindo-se</p><p>contrariar a prova produzida e ter o direito de resposta, pessoalmente ou por</p><p>advogado.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Imprescindível é ter conhecimento da Súmula Vinculante 5 do Supremo Tribunal</p><p>Federal que preceitua: A falta de defesa técnica por advogado no processo</p><p>administrativo disciplinar não ofende a Constituição. Ou seja, não é necessária a</p><p>constituição de advogado ao indiciado em sede de procedimento disciplinar.</p><p>STJ - “O indiciado se defende dos fatos que lhe são imputados e não de sua</p><p>classificação legal, de sorte que a posterior alteração da capitulação legal da</p><p>conduta não tem o condão de inquinar de nulidade o Processo Administrativo</p><p>Disciplinar; a descrição dos fatos ocorridos, desde que feita de modo a viabilizar a</p><p>defesa do acusado, afasta a alegação de ofensa ao princípio da ampla defesa (MS</p><p>14.045/DF, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Terceira Seção, DJe</p><p>29/4/10)”.</p><p>“Incorre em ofensa aos princípios do contraditório e ampla defesa a aplicação de</p><p>demissão a servidor público federal, após a anulação de ato de absolvição e</p><p>desarquivamento do processo administrativo disciplinar, sem comprovação</p><p>inequívoca de que tenha ocorrido sua prévia notificação pessoal a fim de que se</p><p>manifestasse acerca daquela anulação e da possibilidade de aplicação de pena</p><p>disciplinar. Ocorrência de prejuízo à defesa do impetrante, a determinar a anulação</p><p>da portaria de sua demissão” (STJ, MS 14.016/DF, 3ª Seção, DJe 09/03/2012).</p><p>3.2.5. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE.</p><p>É Princípio que faz parte da Administração Pública, independentemente de</p><p>previsão em lei.</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro preleciona que: "O princípio da oficialidade</p><p>autoriza a Administração Pública a requerer diligências, investigar fatos de que toma</p><p>conhecimento no curso do processo, solicitar pareceres, laudos, informações, rever</p><p>os próprios atos e praticar tudo o que for necessário à consecução do interesse</p><p>público."</p><p>3.2.6. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE.</p><p>O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que</p><p>comprovarem insuficiência de recursos (Art. 5º, inciso LXXIV, da CF), propiciando ao</p><p>investigado ou processado que tenha sua defesa patrocinada por defensor dativo</p><p>(nomeado para atuar no processo sem custo para o servidor acusado).</p><p>Seria ilógico que sendo a Administração Pública uma das partes e principal</p><p>interessada na apuração e aplicação da pena ao suposto infrator, que o processo</p><p>disciplinar ainda onerasse o Agente Administrativo.</p><p>3.2.7. PRINCÍPIO DA ATIPICIDADE.</p><p>Diferentemente da legislação material penal, no Direito Administrativo a quase</p><p>totalidade das infrações funcionais não está tipificada na lei, cabe à Administração</p><p>Pública analisar se o fato constitui ou não "falta grave", por exemplo, daí a</p><p>decorrência da necessidade da motivação dos atos pelo julgador.</p><p>3.2.8. PRINCÍPIO DA OBEDIÊNCIA À FORMA DOS PROCEDIMENTOS.</p><p>Princípio que se apresenta mitigado no Processo Administrativo Disciplinar,</p><p>porquanto o supracitado deve, apesar de atender aos procedimentos descritos na</p><p>lei, ser simples, sem exigências formais abusivas e ilógicas.</p><p>3.2.9. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL OU REAL.</p><p>Deve ser a busca incessante do administrador público pela verdade material</p><p>ou real a prioridade no processo administrativo disciplinar, seguindo-se a moralidade</p><p>como conduta, ou seja, devem ser trazidas para dentro do processo todas as provas</p><p>que espelhem a verdade real, onde quer que se encontre, desde que seja possível.</p><p>O Administrador deve conhecer novas provas que caracterizem a licitude,</p><p>ilicitude ou inexistência do ato gravoso "in foco" em qualquer tempo do processo, é a</p><p>busca da verdade material, o que realmente deve ocorrer, contrapondo-se a verdade</p><p>formal, existente no Processo Civil.</p><p>Pré-falado princípio autoriza no caso de julgamento em 2ª instância</p><p>administrativa, a "reformatio in pejus", com a possibilidade de conduzir o recorrente a</p><p>uma decisão pior que a primeira obtida na 1ª Instância.</p><p>Aplica-se ao processo administrativo o art. 5º, LVI, da CF (“são inadmissíveis</p><p>no processo as provas obtidas por meios ilícitos”). Esse dispositivo repugna a prova</p><p>ilícita (lei – direito material) e ilegítima (processo - formal). Portanto, não se aplica a</p><p>Lei n. 9.396/96 (interceptação telefônica).</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STJ - “As provas obtidas em razão de diligências deflagradas na esfera criminal</p><p>podem ser utilizadas em processo administrativo disciplinar, uma vez submetidas ao</p><p>contraditório [...]; possibilidade do aproveitamento, em processo disciplinar, de prova</p><p>licitamente obtida mediante o afastamento do sigilo telefônico em investigação</p><p>criminal”.</p><p>STJ - “4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal</p><p>Federal encontra-se consolidada no sentido da possibilidade do aproveitamento, em</p><p>processo disciplinar, de prova licitamente obtida mediante o afastamento do sigilo</p><p>telefônico em investigação criminal ou ação penal, contanto que autorizada a</p><p>remessa pelo juízo responsável pela guarda dos dados coletados, e observado, no</p><p>âmbito administrativo, o contraditório” (MS 14.797/DF, 3ª Seção, DJe 07/05/2012).</p><p>STJ - “Sentença penal condenatória pode ser utilizada como reforço probatório pela</p><p>Comissão de PAD”. Precedentes: STJ, MS 13599.</p><p>STJ - “Gravação de conversa pela própria vítima dos fatos pode ser utilizada em</p><p>PAD como suporte probatório de punição disciplinar”. Observação: “A gravação de</p><p>conversa por um dos interlocutores é considerada como prova lícita, não</p><p>configurando interceptação telefônica, e serve como suporte para o oferecimento</p><p>da</p><p>denúncia, tanto no que tange à materialidade do delito como em relação aos indícios</p><p>de sua autoria”. Precedentes: STJ, RMS 19785/RO, 5ª Turma, Rel. Min. Arnaldo</p><p>Esteves Lima, DJ 30/10/2006; RMS 24798.</p><p>STJ - “Gravação em local público é prova lícita, pois inexiste “situação de intimidade”</p><p>Precedentes: STJ, MS 12429/DF, 3ª Seção, Rel. Ministro Felix Fischer, DJ</p><p>29/06/2007.</p><p>STF – “Não configura prova ilícita gravação feita em espaço público, no caso,</p><p>rodovia federal, tendo em vista a inexistência de ‘situação de intimidade’” (HC N.</p><p>87341-3, Min. Sepúlveda pertence, Julgamento: 07.02.2006).</p><p>STJ - Quanto à “Declarações públicas” (stj.jus.br):</p><p>“Nos casos em que as investigações do PAD acabam ganhando os holofotes</p><p>públicos, o STJ já decidiu que declarações prestadas à mídia por autoridade pública</p><p>sobre irregularidades cometidas por seus subordinados não geram a nulidade do</p><p>processo.</p><p>O entendimento foi aplicado pela Terceira Seção em julgamento de policial</p><p>rodoviário federal demitido após processo administrativo instaurado para investigar</p><p>práticas de liberação irregular de veículos, corrupção e facilitação da circulação de</p><p>automóveis em situação irregular.</p><p>Segundo o servidor, no momento da deflagração da operação policial que investigou</p><p>os crimes, o corregedor-geral da Polícia Rodoviária Federal emitiu juízo de valor e</p><p>fez um pré-julgamento contra ele e outros policiais investigados. Para o servidor,</p><p>essa conduta violou a isenção da autoridade para nomear a comissão que ficaria a</p><p>cargo das apurações administrativas.</p><p>Entretanto, de acordo com o ministro Rogerio Schietti Cruz, a defesa do servidor se</p><p>limitou a juntar aos autos matérias publicadas na internet sobre declarações da</p><p>autoridade a respeito dos resultados da operação policial.</p><p>No entendimento do ministro, esse procedimento da autoridade é "absolutamente</p><p>normal em função do cargo que exercia à época, em nome da transparência e</p><p>publicidade da atuação estatal, de interesse de toda a coletividade" (MS 12.803).”</p><p>3.2.10. PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO OU FUNDAMENTAÇÃO.</p><p>Todos os atos administrativos devem ser justificados expressamente, com a</p><p>indicação de seus fundamentos de fato e de direito, mormente quando se trata de</p><p>ato decisório e só assim é que se consagrará o devido processo legal (due process</p><p>of law).</p><p>3.2.11. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE.</p><p>A administração pública deve agir com bom senso, sopesando todos os atos</p><p>e fatos para agir de modo razoável e evitar injustiças ao processado ou ao</p><p>sindicado.</p><p>Ao praticar atos e principalmente quando exarar decisões, a Administração</p><p>deve agir de modo proporcional, de forma a apurar os fatos quando realmente</p><p>houver indícios concretos e aplicar sanções de acordo com as infrações cometidas,</p><p>sem extrapolar ou prevaricar.</p><p>Sobre esses princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, Carlos</p><p>Eduardo Elias de Oliveira preleciona que: “A aplicação de sanções em medida</p><p>superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público,</p><p>como se verificou no caso, é manifestamente ilegal (art. 2º, parágrafo único, inciso</p><p>VI, da Lei n. 9.784/1999). A lei não ampara o afastamento dos princípios da</p><p>razoabilidade e da proporcionalidade quando da aplicação da medida sancionadora”.</p><p>O mesmo Autor assevera que “o princípio da proporcionalidade só pode ser</p><p>utilizado para evitar a pena de demissão se ele não for invocado para atenuar a</p><p>pena, mas para mudar o enquadramento para um tipo legal que não gere demissão.”</p><p>(Vinícius de Carvalho Madeira, “Lições de Processo Disciplinar”, pg. 137, Fortium</p><p>Editora, 1ª edição, 2008).</p><p>Entende ainda que “não pode a autoridade julgadora, sob pretexto de</p><p>incidência dos princípios da proporcionalidade, da individualização da pena ou da</p><p>insignificância, enquadrar a conduta do acusado em tipo disciplinar passível do ato</p><p>vinculado de demissão, mas aplicar, paradoxalmente, penalidade branda, devendo,</p><p>nessas hipóteses, retipificar os fatos, de forma que haja harmonia entre a infração</p><p>efetivamente cometida e a correspondente penalidade instituída ou conforme ao</p><p>estatuto disciplinar de regência”.</p><p>Ainda sobre o assunto, entende Antônio Carlos Alencar Carvalho: “ainda que</p><p>favoráveis os parâmetros do art. 128 da Lei federal nº 8.112/1990, não ofende os</p><p>princípios da proporcionalidade e da individualização da pena a imposição de</p><p>penalidade demissória ou de cassação de aposentadoria ou disponibilidade, em face</p><p>da gravidade da conduta perpetrada pelo servidor, mormente quando existe prejuízo</p><p>ao erário ou proveito ilícito para o transgressor ou para terceiro em razão da falta”</p><p>(Manual de Processo Administrativo Disciplinar e Sindicância’, pg. 1054, Editora</p><p>Fortium, 2008, 1ª edição).</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STJ - Aplicável o princípio da proporcionalidade em PAD: aferição da pena cabível</p><p>deve levar em conta o art. 128 da Lei n. 8.112/90. Ademais o art. 2°, caput e</p><p>parágrafo único, VI, da Lei n. 9,784/99, aplicável também a processos disciplinares,</p><p>reclamam atenção à razoabilidade.</p><p>Observação: Há pareceres vinculantes da AGU (Parecer n. GQ 177/1998; Parecer n.</p><p>GQ 183/1998) que vedam a aplicação do art. 128 da Lei n. 8.112/90 para atenuar</p><p>pena de demissão e determinam a inflexível aplicação da pena expulsiva se for</p><p>tipificada a conduta em uma das hipóteses do art. 132 do RJU.</p><p>O STJ, todavia, parece discordar desse entendimento, com abundantes precedentes</p><p>sinalizadores da possibilidade de o princípio da proporcionalidade ou da</p><p>razoabilidade servir de amparo para afastar a sanção capital e respaldar pena</p><p>menos grave. A propósito, transcreve-se este excerto do MS 10.950/DF, 3ª Seção,</p><p>Rel. Og Fernandes, DJe 01/06/2012.</p><p>“Nos referidos julgados, ficou consignado que: “São ilegais os Pareceres GQ-177 e</p><p>GQ-183, da Advocacia-Geral da União, segundo os quais, caracterizada uma das</p><p>infrações disciplinares previstas no art. 132 da Lei n. 8112/1990, se torna</p><p>compulsória a aplicação da pena de demissão, porquanto contrariam o disposto no</p><p>art. 128 da Lei n. 8.112/1990, que reflete, no plano legal, os princípios da</p><p>individualização da pena, da proporcionalidade e da razoabilidade” (MS 13.523/DF).</p><p>STJ - “Administrativo. Poder administrativo disciplinar. Nulidade.</p><p>Desproporcionalidade da demissão” (atenuação da pena).</p><p>STJ - "Ao Poder Judiciário não cabe discutir o mérito do julgamento administrativo</p><p>em processo disciplinar, mas, por outro lado, compete-lhe a análise acerca da</p><p>proporcionalidade da penalidade imposta, nos termos de farto entendimento</p><p>jurisprudencial" (RMS 19.774/SC, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, Quinta</p><p>Turma, DJ 12/12/05).”</p><p>Encontra julgados do STJ sustentando (aparentemente) o contrário:</p><p>STJ - "A Administração Pública, quando se depara com situações em que a conduta</p><p>do investigado se amolda nas hipóteses de demissão ou cassação de</p><p>aposentadoria, não dispõe de discricionariedade para aplicar pena menos gravosa</p><p>por tratar-se de ato vinculado" (MS 15.517/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,</p><p>Primeira Seção, DJe 18.2.2011). No mesmo sentido: MS 16.567/DF, Rel. Ministro</p><p>Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 18.11.2011). No mesmo sentido: MS</p><p>15.951/DF, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJe 27.9.2011” (STJ, MS</p><p>12.200/DF, 1ª Seção, DJe 03/04/2012).</p><p>STJ - “Não está configurada afronta aos princípios da razoabilidade e da</p><p>proporcionalidade, visto que, por força do disposto no art. 132 da Lei 8.112/90 e dos</p><p>fatos apurados, à autoridade administrativa não cabia optar discricionariamente por</p><p>aplicar pena diversa da demissão. Precedentes: MS 15.437/DF, Min. Castro Meira,</p><p>DJe de 26/11/2010; MS 15.517/DF, 1ª Seção, Min. Benedito Gonçalves, DJe de</p><p>18/02/2011”(STJ, MS 17.515/DF, 1ª Seção, DJe 03/04/2012).</p><p>STJ - “Sobre a razoabilidade e proporcionalidade da pena aplicada</p><p>esta Corte vem</p><p>se posicionando no sentido de que, no âmbito do controle jurisdicional do processo</p><p>administrativo disciplinar, é vedado ao Poder Judiciário adentrar no mérito do</p><p>julgamento administrativo, cabendo-lhe, apenas, apreciar a regularidade do</p><p>procedimento, à luz dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Precedentes:</p><p>RMS 32.573/AM, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 12/8/11; MS</p><p>15.175/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe 16/9/10; RMS</p><p>20537/SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Quinta Turma, DJ de 23/4/07.</p><p>No caso em análise, tendo-se aplicado a sanção após efetivo exercício da garantia</p><p>ao contraditório e à ampla defesa, e estando a decisão fundamentada na constatada</p><p>gravidade dos fatos e os danos que delas provieram para o serviço público, a</p><p>análise da proporcionalidade implicaria indevido controle judicial sobre o mérito</p><p>administrativo.” (STJ, RMS 33.281/PE, 1ª Turma, DJe 02/03/2012).</p><p>No âmbito do STF, encontram-se precedentes a favor da aplicação da</p><p>proporcionalidade em caso de demissão (RMS 24129, 2ª Turma, Rel. Min. Joaquim</p><p>Barbosa, DJe 30-04-2012), como também caso a favor dos pareceres vinculantes da</p><p>AGU (STF, MS 26.023/DF, Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 17/10/2008). Neste</p><p>último julgado, foi entendido que o fato de o servidor ter usado litros de combustível</p><p>da repartição pública caracteriza o tipo de utilização de bens públicos em proveito</p><p>particular (atrativo da demissão), ainda que tenha sido causado prejuízos financeiros</p><p>baixos ao ente público. Como anotou o Ministro Relator: “O só fato da utilização dos</p><p>recursos materiais da repartição em questão para fins particulares, especialmente no</p><p>que se refere ao automóvel, expõe a Administração Pública a danos”.</p><p>3.2.12. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA.</p><p>Esse princípio é corolário de todos os outros que são previstos nesta apostila.</p><p>Seja quando à representação ou comunicação dos fatos ocorridos, seja</p><p>quanto à investigação e apuração dos fatos comunicados e, principalmente, quanto</p><p>ao trâmite do processo administrativo disciplinar e seu julgamento, o sindicado ou</p><p>processado deve ter segurança de que todas as regras impostas deverão observar</p><p>as leis, atos normativos e princípios, bem como a certeza de que, se for inocente,</p><p>sua inocência será preservada pela própria administração pública e pelo Poder</p><p>Judiciário.</p><p>Nesse sentido preleciona Carlos Eduardo Elias de Oliveira: é oportuna a</p><p>advertência constante da ementa do MS 12.991/DF, 3ª Seção, DJe 27/5/2009: “4. O</p><p>ideal de justiça não constitui anseio exclusivo da atividade jurisdicional. Deve ser</p><p>perseguido também pela Administração, principalmente quando procede a</p><p>julgamento de seus servidores, no exercício do poder disciplinar”.</p><p>3.2.13. PRINCÍPIO DO INTERESSE PÚBLICO.</p><p>É regra básica da administração pública o atendimento ao interesse público. É</p><p>ilegal o ato administrativo praticado por autoridade ou servidor que age no interesse</p><p>próprio, mesmo que obedecida formalmente a letra da lei.</p><p>Observe-se que o interesse que deve ser atendido é o chamado interesse</p><p>público primário, referente ao bem-estar da coletividade ou da sociedade como um</p><p>todo, o qual nem sempre coincide com o interesse público secundário, referente à</p><p>visão dos órgãos estatais ou dos governantes, conforme o que pensam ser interesse</p><p>público.</p><p>3.2.14. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (“DUE PROCESS OF LAW”)</p><p>Esse princípio constitucional é aplicável ao processo administrativo (art. 5º,</p><p>LIV, da CF), garantindo os cidadãos contra os abusos do poder governamental,</p><p>notadamente pelo exercício do poder de polícia, auxiliado pelo princípio da</p><p>legalidade, que somente autoriza a atuação administrativa nos estritos limites da lei.</p><p>Segundo Nelson Nery Jr., divide-se em devido processo legal em sentido</p><p>genérico, que informa o direito material e tange ao trinômio “vida-liberdade-</p><p>propriedade”, imposto ao trabalho legislativo e devido processo legal processual ou</p><p>instrumental, que se refere ao processo propriamente dito (“substantive due</p><p>process”).</p><p>3.2.15. PRINCÍPIO DA ISONOMIA.</p><p>Todos os que litigam, seja em processo judicial ou administrativo devem ser</p><p>tratados igualmente, sem favorecimento ou sem tratamento mais rigoroso, pois todos</p><p>são iguais perante a lei (at. 5º, caput, da CF).</p><p>3.2.16. PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL.</p><p>Expresso no artigo 5º, LIII, da CF, também é aplicável ao processo</p><p>administrativo (“ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade</p><p>competente”). Aplica-se ao administrado e ao agente público, que tem direito a um</p><p>julgador legalmente investido no poder de julgar e objetivamente eleito para o</p><p>conhecimento da causa.</p><p>É a explicita proibição de “tribunais de exceção” (‘julgador de encomenda) em</p><p>qualquer processo ou instância e no direito administrativo sugere a possibilidade de</p><p>julgamento somente pela autoridade que detenha o poder disciplinar, detentor de</p><p>legitimidade para julgar, que nem sempre é o detentor do “poder hierárquico”.</p><p>Inclusive, se o servidor público estiver prestando serviço em outro órgão ou</p><p>outro Poder, será competente para julgá-lo o órgão de origem, ou seja, a vinculação</p><p>hierárquica acompanha o servidor onde quer que ele esteja, já a disciplinar sempre</p><p>estará vinculada à sua origem.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STJ – Quanto a Servidores de outro órgão (stj.jus.br):</p><p>“Em outra discussão que envolveu o princípio do juiz natural, a Primeira Seção</p><p>concluiu que também é possível a designação, para a comissão processante, de</p><p>servidores lotados em órgão diferente daquele em que atua o servidor investigado.</p><p>A questão foi levantada por ex-servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin)</p><p>que contestou a participação de servidor estranho aos quadros da agência como</p><p>presidente do PAD instaurado para apurar abandono de cargo. Ao final do processo,</p><p>o servidor foi demitido.</p><p>No voto, acompanhado pela maioria do colegiado, a ministra Assusete Magalhães</p><p>esclareceu que a lei exige que os membros da comissão processante sejam</p><p>servidores estáveis no serviço público, mas não veda a participação de quem esteja</p><p>lotado em outro órgão.”</p><p>"No caso, sendo o presidente da comissão processante analista de finanças e</p><p>controle, servidor estável da Controladoria-Geral da União, integrando a comissão</p><p>também um oficial de inteligência da Abin, igualmente estável, improcede a alegação</p><p>de violação do princípio do juiz natural", apontou a ministra ao confirmar a validade</p><p>do PAD (MS 17.796).</p><p>3.2.17. PRINCÍPIO DA OFICIALIDADE OU DO ANDAMENTO DE OFÍCIO.</p><p>O processo administrativo deve ser impulsionado pela Administração Pública,</p><p>não podendo ficar parado. Decorre do princípio da continuidade, evitando o</p><p>engavetamento.</p><p>3.2.18. PRINCÍPIO DO INFORMALISMO OU FORMALISMO MODERADO</p><p>(PRECONIZADO POR ODETE MEDAUAR).</p><p>O procedimento previsto em lei e atos normativos e a forma do ato</p><p>administrativo devem ser seguidos, mas não devem ser consideradas faltas formais</p><p>que não causem prejuízo às partes ou ao seu andamento.</p><p>3.2.19 - PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DO ESTADO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO</p><p>CULPABILIDADE.</p><p>Até que o servidor público seja julgado administrativamente, deve ser</p><p>considerado inocente e somente as provas que espelhem a verdade real devem ser</p><p>trazidas para dentro do processo. Nesse sentido, “são inadmissíveis no processo as</p><p>provas obtidas por meios ilícitos”, art. 5º, LVI, da CF. Esse dispositivo repugna a</p><p>prova ilícita e ilegítima.</p><p>3.2.20. PRINCÍPIO DA PLURALIDADE DE INSTÂNCIAS.</p><p>O processo administrativo, como o judicial, não pode esgotar somente em</p><p>uma instância, pois prejudica o direito de defesa. Deve ser dado o direito de recorrer</p><p>da decisão que determinou a aplicação da pena em processo administrativo</p><p>disciplinar.</p><p>3.2.21. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR.</p><p>Sempre que possível a sociedade, diretamente ou por representantes, deve</p><p>participar dos atos praticados pela administração pública, para fins de</p><p>acompanhamento e fiscalização, salvo nos casos de sigilo obrigatório que evita a</p><p>mácula do nome do servidor investigado.</p><p>3.3. PREVISÃO LEGAL.</p><p>No âmbito federal (administração direta e indireta), o processo administrativo</p><p>é disciplinado pela Lei n. 9.784/99, que estabelece normas gerais básicas visando à</p><p>proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da</p><p>Administração e, especificamente ao processo administrativo disciplinar (PAD),</p><p>aplica-se a Lei n. 8.112/90, artigos 143 a 173.</p><p>Na órbita federal é imprescindível o processo administrativo disciplinar para</p><p>aplicação das penas de suspensão superior a trinta dias, demissão, cassação de</p><p>aposentadoria e disponibilidade, e destituição do cargo em comissão.</p><p>Em relação aos servidores públicos civis da União (Federal), o processo</p><p>disciplinar regula-se pela Lei n. 8.112/90. É conduzido por uma comissão de três</p><p>servidores estáveis, sob a presidência de um deles, designado pela autoridade</p><p>competente. Divide-se em três fases:</p><p>a) instauração, com a publicação do ato que constituiu a comissão</p><p>processante;</p><p>b) inquérito administrativo: constituído de instrução, defesa e</p><p>relatório;</p><p>c) julgamento.</p><p>Ainda no âmbito federal ou nacional, aplica-se a Lei n. 8.429/92, que trata da</p><p>improbidade administrativa e dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes</p><p>públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo,</p><p>emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá</p><p>outras providências, o Código Penal (CP), no que se refere aos crimes cometidos</p><p>contra a Administração Pública, o Código de Processo Penal (CPP), quanto aos</p><p>artigos que trata da instrução penal e, ainda, o Código Civil (CC), quando for</p><p>necessário.</p><p>No âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul, aplica-se ao processo</p><p>administrativo a Lei estadual n. 1.102/90, que trata do regime jurídico estatutário</p><p>para servidores civis do Estado de Mato Grosso do Sul, artigos 218 e seguintes,</p><p>atualizada pela Lei estadual n. 2.157/2000, bem como o Decreto estadual</p><p>n.11.304/2003. Em cada ente da Federação existem leis e atos normativos que</p><p>regulam os processos administrativos disciplinares.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STF – “Não há alegações finais em PAD, por falta de previsão legal. Observação: Só</p><p>há ofensa ao devido processo legal se não for obedecida à lei. Como a legislação</p><p>federal não prevê alegações finais, tal peça é desnecessária. Anota-se que, em</p><p>determinados Estados, como o de SC, estabelecem rito de PAD diverso, com</p><p>previsão de alegações finais, caso em que tal procedimento estadual deverá ser</p><p>respeitado”. Precedentes: STF, RMS 26226. STJ, MS 11221.</p><p>3.3.1. COMISSÃO PROCESSANTE OU DISCIPLINAR.</p><p>Os processos administrativos disciplinares - PADs - e as sindicâncias, no</p><p>ordenamento brasileiro, tramitam perante comissões, denominadas comissões</p><p>processantes ou comissões disciplinares (CPAD) e no caso da sindicância,</p><p>denominam normalmente de comissão de sindicância.</p><p>As comissões processantes são integradas por três servidores, normalmente</p><p>efetivos e/ou estáveis.</p><p>Adota-se, em regra, sistemas de comissões permanentes ou indicadas caso a</p><p>caso. Segundo Odete Medauar, o caso do sistema de comissões permanentes</p><p>admite-se duas modalidades: comissões permanentes para toda a Administração,</p><p>havendo órgão destinados somente a tais atividades; ou comissões permanentes</p><p>em cada órgão, mesclando-se, nesse caso, as atividades específicas com as</p><p>atividades da comissão permanente, válidas somente para os casos disciplinares do</p><p>respectivo órgão, mas pode haver comissões especiais para certos casos, conforme</p><p>decisão da autoridade competente.</p><p>Observa-se que as comissões não têm a função de proferir decisão final no</p><p>processo administrativo disciplinar ou na sindicância, pois são órgão de instrução, de</p><p>audiência e de assessoria à autoridade competente para julgar. Após a instrução e</p><p>conforme o caso depois das alegações finais de defesa, a comissão elabora o</p><p>relatório.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STF - Presidente da CPAD deve ser estável e ocupante de cargo público efetivo,</p><p>além de gozar de nível hierárquico ou de escolaridade igual ou superior ao do</p><p>acusado. Precedentes: STF, MS 22127.</p><p>STJ - “1. Segundo o art. 149 da Lei n. 8.112/90, o Processo Administrativo será</p><p>conduzido por Comissão composta de três servidores estáveis designados pela</p><p>autoridade competente, determinando que o Presidente da Comissão deverá ocupar</p><p>cargo efetivo superior ou do mesmo nível do ocupado pelo indiciado, ou ter</p><p>escolaridade igual ou superior à dele.</p><p>2. Os servidores que compuseram a Comissão Processante, inclusive seu</p><p>Presidente, possuíam todos nível superior, apesar de ocuparem cargo de nível</p><p>técnico, situação que afasta a irregularidade apontada.” (STJ, MS 15.119/DF, Rel.</p><p>Ministro JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe</p><p>01/08/2012). No caso, o presidente da Comissão ocupava cargo de Agente</p><p>Administrativo da Receita Federal, e o acusado era Auditor Fiscal da Receita</p><p>Federal.</p><p>Possibilidade de membro da CPAD ser servidor de órgão diverso do da Autoridade</p><p>Instauradora. Precedentes: STF, RMS 25105.</p><p>STF - “Autoridade Julgadora não está vinculada às conclusões da CPAD, de sorte</p><p>que poderá julgar por aplicação de pena diversa da sugerida, desde que exponha</p><p>fundamentação suficiente”. Precedentes: STF, MS 24561; MS 24526; RMS 25485;</p><p>RMS 24526; RMS 23201.</p><p>STJ - “Impedimento de membro Comissão que deu parecer favorável à anulação de</p><p>PAD anterior envolvendo os mesmos fatos e os mesmos investigados”. Precedentes:</p><p>STJ, MS 14.958.</p><p>STJ - “Impedimento da Autoridade Instauradora do PAD, se ela também é uma das</p><p>pessoas investigadas”. Precedentes: STJ, MS 14233.</p><p>STJ - “Impedimento da Autoridade julgadora se ela foi autora da representação</p><p>deflagradora do PAD”. Precedentes: STJ, MS 14958 (autora da representação era</p><p>deputada estadual e, posteriormente, assinou a portaria sancionatória na condição</p><p>de Ministra de Estado).</p><p>STJ - “Impedimento da Autoridade Julgadora que, anteriormente, já se manifestou</p><p>de forma conclusiva, ou seja, não se limitou a uma análise superficial e perfunctória</p><p>das infrações irrogadas ao acusado”. Precedentes: STJ, RMS 19477.</p><p>STF - “Impedimento deve ser alegado em momento próprio em sede administrativa”.</p><p>Precedentes: STF, RMS 23922.</p><p>STF - “Não há impedimento pelo só fato de uma mesma autoridade ter-se</p><p>manifestado em diferentes momentos da esteira de persecução disciplinar”.</p><p>Precedentes: STF, RMS 23922.</p><p>STJ - "A participação de servidor público em mais de uma comissão processante</p><p>contra o mesmo acusado não ofende os artigos 150 da Lei 8.112/1990 e 18 e 20 da</p><p>Lei 9.784/1999, ainda que os fatos investigados por uma guardem correlação ou</p><p>sejam citados em outras". (stj.jus.br)</p><p>STF - “A Autoridade Instauradora é a competente para designar membros da</p><p>CPAD”. Precedentes: STF, RMS 25105.</p><p>Ministro de Estado (inclui o AGU) possui competência delegada para aplicar</p><p>demissão. Precedentes: STF, RMS 25367; RMS 24128.</p><p>Basta que o presidente da comissão atenda aos requisitos da parte final do art. 149</p><p>da Lei n. 8112/90 (cargo de nível igual ou superior OU escolaridade igual ou superior</p><p>ao do indiciado). Os demais membros não precisam atender esses requisitos. O</p><p>STF, todavia, com base no princípio do devido processo substantivo, acena para a</p><p>necessidade de a Comissão socorrer-se de técnicos ou peritos, quando o caso</p><p>envolver conhecimentos técnicos específicos. Precedentes: STF, RMS 29912/DF, 1ª</p><p>Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe 09/05/2012: “COMISSÃO DISCIPLINAR –</p><p>MEMBROS</p><p>– ESCOLARIDADE. Observado o disposto no artigo 149 da Lei nº</p><p>8.112/90 quanto ao presidente, descabe acolher nulidade tendo em conta o fato de</p><p>os demais integrantes da comissão possuírem nível médio”. A propósito, o Min.</p><p>Relator averbou:</p><p>“Afirmar que os membros da comissão são obrigados a ter formação superior é</p><p>desconhecer a realidade do Brasil e também amesquinhar os profissionais de nível</p><p>médio, que, embora sem o conhecimento formal, possuem experiência aprofundada</p><p>sobre determinados assuntos”.</p><p>A assinatura do Presidente da Comissão no termo de indiciamento é suficiente.</p><p>Dispensáveis, pois, são as assinaturas dos demais membros da Comissão.</p><p>Precedentes: STJ, REsp 1258041/DF, 1ª Turma, DJe 02/05/2012.</p><p>STJ – Quanto a servidores cedidos (stj.jus.br): “No caso de servidores que tenham</p><p>sido cedidos, a Corte Especial definiu que a instauração do PAD deve acontecer,</p><p>preferencialmente, no órgão em que tenha sido praticada a suposta infração.</p><p>Entretanto, se chegar ao fim o prazo de cessão e o servidor tiver retornado ao órgão</p><p>de origem, o julgamento e a eventual aplicação de sanção só poderão ocorrer no</p><p>órgão ao qual o servidor público efetivo estiver vinculado”.</p><p>Ministro de Estado (inclui o AGU) possui competência delegada para aplicar</p><p>demissão. Precedentes: STF, RMS 25367; RMS 24128.</p><p>Membros da Comissão de Sindicância podem compor também a Comissão do</p><p>subsequente PAD. Tal entendimento pode ser inferido de precedente do STJ que,</p><p>apreciando caso similar, estabeleceu que: “1. Não há impedimento legal ou</p><p>regimental a que o membro do órgão especial que recebe o procedimento inicial por</p><p>livre distribuição e realiza a sindicância seja também o relator de procedimento</p><p>administrativo disciplinar” (STJ, MS 15544/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE</p><p>NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 02/05/2012, DJe 18/05/2012).</p><p>É possível a substituição de membro de Comissão de PAD, desde que o sucessor</p><p>atenda a todas as exigências legais relativas à atribuição.</p><p>“4. Também não há nenhum impedimento de que os membros da comissão</p><p>processante sejam eventualmente substituídos, contanto que os requisitos legais</p><p>para o exercício dessa função sejam preenchidos pelos novos membros. Aplicação</p><p>do princípio pas de nullité sans grief.” (STJ, MS 16165/DF, 1ª Seção, Rel. Ministro</p><p>Arnaldo Esteves Lima, DJe 22/06/2012)</p><p>Recondução da Comissão de PAD por portaria renova o prazo decadencial de 180</p><p>dias para a impetração do Mandado de Segurança.</p><p>“4. A prorrogação do prazo para conclusão do PAD veiculado por meio de Portaria,</p><p>reconduzindo os trabalhos de apuração da Comissão Processante, renova o prazo</p><p>decadencial para impetração da ação mandamental contra referido procedimento</p><p>administrativo.” (AgRg no AgRg no MS 14.336/DF, Rel. Ministro NAPOLEÃO</p><p>NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/08/2009, DJe 10/09/2009)</p><p>Falta de termo de compromisso do secretário da comissão do PAD não implica</p><p>nulidade, pois a designação “recai necessariamente em servidor público, cujos atos</p><p>funcionais gozam de presunção de legitimidade e veracidade” (STJ, MS 14.797/DF,</p><p>3ª Seção, DJe 07/05/2012).</p><p>CPAD pode indeferir pedidos de provas procrastinatórios, irrelevantes aos fatos</p><p>apurados ou impertinentes, consoante art. 156, § 1º, da Lei n. 8.112/90.</p><p>Precedentes: STJ, MS 14045; MS 14050; RMS 13144; MS 8877; MS 10047.</p><p>3.4 - SISTEMA DE REPRESSÃO DISCIPLINAR ADOTADO PELO DIREITO</p><p>PÁTRIO.</p><p>O Sistema de repressão disciplinar adotado pelo nosso Direito Administrativo</p><p>é o Misto ou de Jurisdição Moderada, onde é mantida a discricionariedade na</p><p>apuração de fatos e escolha da pena aplicável, mitigando de certa forma o princípio</p><p>do "no bis in idem" por ser possível no caso de reincidência de fato a aplicação de</p><p>pena superior ao utilizado na apuração do primeiro ilícito.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>A Administração só se vincula à esfera penal, se esta negar a existência do fato ou a</p><p>autoria (art. 126 da Lei n. 8.112/90).</p><p>A Comissão Disciplinar não está vinculada às conclusões do TCU ou da CGU</p><p>quanto à aprovação de contas. Aqueles cuidam do controle – respectivamente,</p><p>externo e interno – das contas dos administradores, ao passo que a Comissão</p><p>Processante trata da apuração de possível falta disciplinar. Não há preclusão</p><p>administrativa com a aprovação das contas pelos órgãos de controle, de sorte que é</p><p>viável o revolvimento das contas pela Comissão para verificar a eventual existência</p><p>de ilícito funcional.</p><p>Precedente: STF, RMS 29912/DF, 1ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe</p><p>09/05/2012: “As opiniões favoráveis dos órgãos de controle causam perplexidade,</p><p>mas não possuem a pretendida eficácia preclusiva no tocante à possibilidade de</p><p>nova apuração empreendida com base em indícios de violações funcionais. Cabe</p><p>lembrar que o exercício da autotutela administrativa, presentes os Verbetes nº 346 e</p><p>473 do Supremo, também alcança esse campo, o qual somente vai encontrar</p><p>obstáculo na prescrição administrativa – esta última não arguida pelos recorrentes”</p><p>(excerto do voto do Relator).</p><p>3.5. FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>O Processo Administrativo Disciplinar compreende três fases, a instauração, o</p><p>inquérito administrativo dividido em instrução, defesa e relatório, e o julgamento.</p><p>Se a Autoridade Administrativa não tiver elementos suficientes para instaurar</p><p>o Processo Administrativo Disciplinar, quer por dúvidas quanto à autoria do fato ou</p><p>quanto à irregularidade ou não no serviço público proceder-se-á à sindicância, que</p><p>de toda forma estará inclusa nos autos do processo administrativo disciplinar. A</p><p>sindicância também é utilizada para a aplicação de punição quando o ato não exigir,</p><p>expressamente, o processo administrativo disciplinar.</p><p>3.5.1 – INSTAURAÇÃO.</p><p>Instaura-se por ato da própria administração ou por requerimento do</p><p>interessado. Ocorre com a publicação do ato que constitui a comissão que vai</p><p>processar o indigitado servidor. É de suma importância que a peça de início</p><p>determine de forma clara e precisa o objeto da lide de forma a possibilitar a</p><p>justificação plena do apontado.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Segundo o STF, “A instauração de um PAD depende da existência de investigação</p><p>prévia ou de denúncia que aponte o cometimento de alguma irregularidade pelo</p><p>servidor. De acordo com a Súmula 611, editada pela Primeira Seção em 2018, é</p><p>permitida a instauração do processo com base em denúncia anônima, desde que</p><p>devidamente motivada e com amparo em investigação ou sindicância” (stj.jus.br).</p><p>Carlos Eduardo Elias de Oliveira, entende “possível alteração da capitulação legal,</p><p>pois o acusado se defende dos fatos, e não da classificação jurídica. Basta que os</p><p>fatos sejam minuciosamente descritos na indiciação, de molde a permitir o exercício</p><p>do direito de defesa pelo acusado. Não é necessária a abertura de novo prazo para</p><p>a defesa no caso de reenquadramento típico pela autoridade julgadora”.</p><p>Portaria de instauração do PAD e a Notificação Inicial não precisam descrever os</p><p>fatos minuciosamente, pois, só após a instrução, com o indiciamento, é que se terão</p><p>os fatos imputados bem especificados. Precedentes: STJ, RMS 22134; MS 12983;</p><p>MS 9668.</p><p>É possível a publicação da Portaria de Instauração de PAD no boletim interno -</p><p>Precedentes: STF, MS 22127.</p><p>Portaria de instauração do PAD não precisa especificar os fatos imputados, mas</p><p>pode limitar-se a indicar o número do processo de origem do qual o acusado teve</p><p>ciência. Precedentes: STF, MS 23490; RMS 25105; MS 22373.</p><p>STJ: “É sabido e consabido que a portaria de instauração do processo disciplinar</p><p>prescinde de minuciosa descrição dos fatos imputados, sendo certo que, tão-</p><p>somente, na fase seguinte - o termo de indiciamento - que se faz necessário</p><p>especificar detalhadamente a descrição e</p><p>a apuração dos fatos. No caso, o termo de</p><p>indiciação, acostado às fls. 11/19, é claro em descrever as condutas atribuídas ao</p><p>servidor, de forma detalhada e minuciosa, o que lhe possibilitou a defesa quanto aos</p><p>fatos pelos quais foi demitido” (STJ, MS 14.371/DF, 3ª Seção, DJe 21/05/2012).</p><p>“Na linha da jurisprudência desta Corte, a portaria inaugural do processo disciplinar</p><p>está livre de descrever detalhes sobre os fatos da causa, tendo em vista que</p><p>somente ao longo das investigações é que os atos ilícitos, a exata tipificação e os</p><p>seus verdadeiros responsáveis serão revelados.” (STJ, MS 16.815/DF, 1ª Seção,</p><p>DJe 18/04/2012).</p><p>“1. O objetivo da portaria inaugural de processo administrativo disciplinar é dar</p><p>publicidade à constituição da Comissão Processante, sendo, assim, por óbvio, já que</p><p>naquele momento não foram ainda iniciados os trabalhos apuratórios da referida</p><p>comissão, inexigível uma descrição pormenorizada dos fatos ocorridos (que serão</p><p>oportunamente verificados), bem como a capitulação do mesmo com indicação dos</p><p>dispositivos legais que possam ter sido supostamente afrontados. 2. A descrição</p><p>pormenorizada dos fatos a serem apurados tem, como momento próprio, o eventual</p><p>indiciamento do servidor (Precedentes da Corte).” (STJ, MS 14.869/DF, 3ª Turma,</p><p>DJe 23/04/2012)</p><p>3.5.2. INQUÉRITO ADMINISTRATIVO.</p><p>É dividido em três sub-fases: Instrução, Defesa e Relatório.</p><p>Nesta fase, imprescindível é a lição de Carlos Eduardo Elias de Oliveira,</p><p>prelecionando que é “admissível a ampliação do espectro da acusação durante o</p><p>trâmite do PAD por conta de fatos novos, desde que: (i) observe-se o contraditório e</p><p>a ampla defesa; (ii) dê-se oportunidade aos acusados para se defenderem das</p><p>condutas imputadas e (iii) conste da indiciação os fatos detalhadamente descritos”.</p><p>3.5.2.1. INSTRUÇÃO.</p><p>Na instrução são apurados de forma precisa os fatos que deram origem ao</p><p>Processo Administrativo Disciplinar. A Autoridade Administrativa tem nesta sub-fase</p><p>do processo a oportunidade de produzir as provas de acusação. Consiste na</p><p>produção de provas, como colheita de dados, depoimentos, juntada de documentos</p><p>etc.</p><p>A infração de valimento do cargo para obter vantagem própria ou em favor de</p><p>terceiro não depende de prova do resultado.</p><p>“O prejuízo ao erário é evidente e ficou comprovado. No entanto, na jurisprudência</p><p>do STJ, "o ilícito administrativo de valer-se do cargo para obter para si vantagem</p><p>pessoal em detrimento da dignidade da função pública, nos termos do art. 117, IX,</p><p>da Lei 8.112/90 é de natureza formal, de sorte que é desinfluente, para sua</p><p>configuração, que os valores tenham sido posteriormente restituídos aos cofres</p><p>públicos após a indiciação do impetrante; a norma penaliza o desvio de conduta do</p><p>agente, o que independe dos resultados" (MS 14.621/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes</p><p>Maia Filho, Terceira Seção, DJe 30.6.2010).” (STJ, MS 15.841/DF, Rel. Ministro</p><p>HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012, DJe</p><p>02/08/2012)</p><p>É válida a prova decorrente de perícias em computadores do órgão público, desde</p><p>que este tenha autorizado. Não há, pois, necessidade de autorização judicial.</p><p>“A realização de perícia, pela Polícia Federal, em computadores de propriedade do</p><p>INSS, com expressa autorização da autarquia, prescinde de autorização judicial.”</p><p>(STJ, MS 15.832/DF, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO,</p><p>julgado em 27/06/2012, DJe 01/08/2012)</p><p>“Análise em computador que compõe patrimônio público, determinada por servidor</p><p>público responsável, não configura apreensão ilícita. Proteção, in casu, do interesse</p><p>público e do zelo pela moralidade administrativa.” (STJ, MS 15825/DF, Rel. Ministro</p><p>HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/03/2011, DJe 19/05/2011)</p><p>É admissível o indeferimento de pedido de oitiva de provas testemunhas, quando se</p><p>constatar número exorbitante e que o objeto buscado com os depoimentos diz</p><p>respeito ao perfil do servidor. É a inteligência do art. 156, § 2º, da Lei n. 8.112/90.</p><p>Precedentes: STF, RMS 29912/DF, 1ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, DJe</p><p>09/05/2012: “PROVA TESTEMUNHAL – NÚMERO EXORBITANTE E OBJETO.</p><p>Ante o número exorbitante de testemunhas e o objeto buscado – simples</p><p>depoimentos sobre os perfis dos servidores –, revela-se harmônico com a ordem</p><p>jurídica e com o indeferimento da oitiva” (no caso, haviam sido arroladas 250</p><p>testemunhas, e a Comissão indeferiu a oitiva de 208).</p><p>Ministro de Estado (inclui o AGU) possui competência delegada para aplicar</p><p>demissão. Precedentes: STF, RMS 25367; RMS 24128.</p><p>3.5.2.2 – DEFESA.</p><p>É garantida de forma expressa na nossa Constituição como princípio que</p><p>deve reger todos os processos, quer em área federal, quer em área estadual ou</p><p>municipal (CF/88, art. 5º, LV), como já foi ressaltado.</p><p>O devido processo legal deve ser seguido, sob pena de anulação do ato.</p><p>Deve haver um momento específico para a defesa nos processos em que se formula</p><p>a acusação, além da garantia genérica do contraditório no decorrer de todo o</p><p>procedimento.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STF: RMS 24.129/DF, 2ª Turma, DJe 30/04/2012: “Exercício do direito de defesa. A</p><p>descrição dos fatos realizada quando do indiciamento foi suficiente para o devido</p><p>exercício do direito de defesa. Precedentes: MS 21.721; MS 23.490.</p><p>Não há cerceamento de defesa se o acusado, ao ser intimado para arrolar</p><p>testemunhas, silencia-se sobre isso e atém-se a arguir nulidade da portaria de</p><p>instauração. Precedentes: STF, RMS 24902.</p><p>Não há cerceamento de defesa por não oitiva de testemunha não requerida pelo</p><p>acusado. Precedentes: STF, RMS 22151.</p><p>Interessante nesta fase, é o que preleciona Carlos Eduardo Elias de Oliveira:</p><p>“quanto ao mérito, cabe frisar que a alegação de cerceamento da defesa está</p><p>baseada no fato de que a autoridade julgadora o puniu com demissão, acatando o</p><p>parecer da consultoria jurídica, que reinterpretou as provas dos autos; a comissão</p><p>processante havia - também fundamentadamente - recomendado a punição com</p><p>advertência ou suspensão. No entanto, não procede a pretensão de que a alteração</p><p>da capitulação legal obrigue a abertura de nova defesa, já que o indiciado se</p><p>defende dos fatos, e não dos enquadramentos legais”. Precedente: MS 14.045/DF,</p><p>Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJe 29.4.2010.” (STJ, MS</p><p>15810/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em</p><p>29/02/2012, DJe 30/03/2012)</p><p>Observe-se também que “flagrante preparado só tem relevância para processo</p><p>penal, e não para PAD”.</p><p>Defensor dativo não precisa pedir absolvição, se a opção estratégica apontar para o</p><p>cabimento de outra tese que garanta apenação menos severa.</p><p>Observação: em determinadas situações de robusta prova do fato, alegar a</p><p>absolvição é taticamente absurda e capaz de enfraquecer qualquer pretensão</p><p>defensiva. Nesses casos, não há óbices a que o defensor dativo sustente a</p><p>necessidade de punição menos severa, sem invocar a inocência absoluta. O art.</p><p>164, § 2º, da Lei n. 8.112/90, que prevê a necessidade de defensor dativo ao</p><p>indiciado revel, exige a realização de defesa do réu, e não de “defesa absurda e</p><p>contrária à pretensão”. Precedentes: STF, RE 205.260.</p><p>É direito do Advogado do acusado ter vista dos autos do PAD. Precedentes: STJ,</p><p>MS 22921.</p><p>Não há obrigatoriedade de todos os acusados de um fato figurarem no mesmo PAD.</p><p>É possível desmembrar a apuração em tantos PAD’s quantos são os acusados -</p><p>Precedentes: STJ, MS 14621.</p><p>3.5.2.3. RELATÓRIO.</p><p>Consiste na relatação célere e sucinta do que ocorreu no processo. Não</p><p>produz efeito vinculativo para a Administração Pública, que pode não seguir as</p><p>conclusões da comissão processante, desde que informe os motivos que levaram a</p><p>tomar decisão divergente.</p><p>Fica a cargo da pessoa ou da comissão que conduz o processo oferecer um</p><p>relatório propondo a solução ou a</p><p>aplicação de sanção.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>“Desnecessária intimação pessoal dos acusados acerca do Relatório Final da CPAD,</p><p>por falta de previsão legal. Ademais, a legislação NÃO prevê direito de o acusado</p><p>impugnar o Relatório Final. Assim, logo que elaborado o Relatório Final, os autos</p><p>devem seguir incontinenti aos atos de julgamento”. Precedentes: STF, MS 24526;</p><p>MS 23268. STJ, MS 13279.</p><p>Autoridade Julgadora pode encampar parecer de autoridade pública inferior como</p><p>fundamentação da decisão. Aliás, é possível adoção de parecer que se reporte a</p><p>outro, desde que haja motivação controlável a posteriori. A isso a doutrina designa o</p><p>nome de “Motivação não contextual”, “motivação aliunde” ou “motivação per</p><p>relationem”. Não há, pois, falta de fundamentação na decisão da autoridade</p><p>julgadora cuja fundamentação consista em remissão aos fundamentos de peça</p><p>produzida por outro agente público (como o parecer) ou o relatório final da</p><p>Comissão. Precedentes: STF, RMS 24526. STJ, MS 14973; MS 9657.</p><p>STF: “IV – Nada impede que a autoridade competente para a prática de um ato</p><p>motive-o mediante remissão aos fundamentos de parecer ou relatório conclusivo</p><p>elaborado por autoridade de menor hierarquia. Precedentes.” (STF, RMS 28.047/DF,</p><p>2ª Turma, DJe 19/12/2011). Precedentes: STJ, MS 10.128/DF, 3ª Seção, DJe</p><p>22/2/2010).</p><p>3.5.2.4. JULGAMENTO.</p><p>Compreende a decisão da Autoridade Administrativa competente acerca do</p><p>objeto da lide em questão, que deve ser proferida pelo órgão competente, após</p><p>parecer da comissão (art. 155 da Lei n. 8.112/1190). Esta fase é vinculativa,</p><p>devendo se basear em elementos probatórios existentes, necessariamente, no</p><p>processo administrativo disciplinar (acusação ou defesa e provas). Se houver</p><p>previsão, deve a decisão ser homologada.</p><p>Se o ilícito hipoteticamente praticado pelo servidor configurar crime será</p><p>enviada cópia dos autos ao representante ministerial.</p><p>3.6. PEDIDO DE RECONSIDERAÇÃO.</p><p>Havendo novos argumentos, pode o interessado solicitar que se reconsidere</p><p>a decisão.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Inexiste Pedido de Reconsideração contra ato de punição disciplinar. No entanto,</p><p>eventual pedido de reconsideração pode ser recebido como “pedido de revisão”, o</p><p>qual é viável mediante atendimento dos requisitos do art. 174 do RJU. Precedentes:</p><p>STF, MS 10223; MS 10224; MS 10254.</p><p>Pedido de Reconsideração não se confunde com Recurso Hierárquico. Aquele pode</p><p>ser recebido como “pedido de revisão” e será apreciado pela mesma autoridade do</p><p>ato hostilizado, ao passo que este é julgado pela Autoridade hierarquicamente</p><p>superior. Precedentes: STJ, MS 12621.</p><p>Não há suspensão do prazo decadencial do Mandado de Segurança por pedido de</p><p>reconsideração do acusado (Súmula n. 430/STF). Precedentes: STJ, AgRg no MS</p><p>12716.</p><p>3.7. RECURSO.</p><p>Cabe recurso, após a decisão, à autoridade hierárquica superior, o qual terá</p><p>efeito devolutivo e, excepcionalmente, suspensivo. Normalmente os recursos</p><p>administrativos não estão sistematizados, encontrando-se esparsos por inúmeras</p><p>leis, variando a nomenclatura, o procedimento e a competência, exigindo-se,</p><p>portanto, o exame casuístico dos recursos, caso a caso.</p><p>No processo administrativo federal externo (não disciplinar), o recurso é</p><p>regulado pelos artigos 56 e seguintes da Lei n. 9.784/99.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Cabe Recurso Hierárquico contra ato de punição disciplinar, por interpretação</p><p>extensiva e sistemática do art. 108 da Lei n. 8.112/90. Se o ato punitivo foi de</p><p>Ministro de Estado, a autoridade competente para julgamento do recurso hierárquico</p><p>é o Presidente da República. Precedentes: STJ, MS 10224; MS 10223; MS 10254.</p><p>3.8. REVISÃO.</p><p>A competência para revisão é sempre da autoridade que aplicou a pena, que</p><p>normalmente é a autoridade máxima do poder ou do órgão (art. 181 da Lei n.</p><p>8112/90).</p><p>A decisão do processo revisional não poderá alterar para pior a punição</p><p>imposta ao requerente, aplicando-se a reformatio in pejus, haja vista o atual regime</p><p>jurídico do servidor federal estabelecer expressamente que “da revisão do processo</p><p>não poderá resultar agravamento de penalidade” (art. 182, parágrafo único, da Lei n.</p><p>8.112/90).</p><p>Nesse sentido também preceitua o art. 283 da Lei n. 1.102/90 do Estado de</p><p>Mato Grosso do Sul: “A revisão, que não poderá agravar a pena já imposta,</p><p>processar-se-á em apenso ao processo originário”</p><p>No entanto, o assunto é aporético, pois há o entendimento de que por força</p><p>do princípio da autotutela do Estado e de acordo com a súmula 473 do STF poderia</p><p>a pena ser agravada. Entendimento esse que é contrário às normas acima</p><p>mencionadas e, por força disso, é minoritário.</p><p>Não há efeito suspensivo na revisão, porque esta não tem natureza de</p><p>recurso. Porém, uma vez provido, produzirá eficácia retroativa (ex tunc). Recompõe-</p><p>se todos os direitos do servidor e, se houve demissão, será reintegrado.</p><p>3.9. A RECORRIBILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.</p><p>A recorribilidade no Processo Disciplinar está garantida quanto à órbita</p><p>administrativa federal no artigo 177 e seguintes do Regime Jurídico Único; quanto à</p><p>esfera do Judiciário, ele sempre poderá ser revisto caso for ilegal. É que a decisão</p><p>administrativa, no Brasil não segue o sistema do contencioso administrativo, não tem</p><p>o que é denominado no direito anglo-americano de "final enforcing power" podendo</p><p>ser traduzido como "coisa julgada material" no ordenamento jurídico pátrio.</p><p>O que não pode o Judiciário fazer é alterar a punição aplicada pela</p><p>Administração Pública para uma mais gravosa ou mais leve, pois ao Judiciário só</p><p>cabe analisar a legalidade ou não do ato, senão incorrer-se-ia em invasão, não</p><p>permitida, na discricionariedade administrativa.</p><p>De acordo com a Súmula Vinculante 21, é inconstitucional a exigência de</p><p>depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso</p><p>administrativo.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Princípios da vedação do bis in idem e da proibição da reformatio in pejus impedem</p><p>que, sob o argumento de inadequação da pena (análise de mérito das imputações</p><p>feitas), seja anulado processo apenas para que seja aplicada nova punição mais</p><p>gravosa. Esse entendimento do STJ contraria a Formulação DASP nº 29</p><p>(“Retificação de penalidade. A retificação de uma penalidade para substituí-la por</p><p>outra mais adequada não importa em duplicidade de punição, desde que a segunda</p><p>invalida a primeira”).</p><p>Observação: A prática já verificada de alguns órgãos de controle em anular</p><p>processos apenas para infligir pena mais gravosa parece ser repelida pelo STJ.</p><p>Assim, não poderia por exemplo, a CGU sugerir que determinado PAD seja anulado</p><p>apenas para, no lugar da advertência aplicada, seja infligida uma demissão. A</p><p>propósito, o STJ invoca a Súmula 19/STF: "É inadmissível segunda punição de</p><p>servidor público, baseada no mesmo processo em que se fundou a primeira".</p><p>Precedentes: STJ:</p><p>1) MS 10.950/DF, 3ª Seção, DJe 01/06/2012 – servidor foi indiciado em PAD pela</p><p>prática de concessões de licenças ambientais em desobediência à legislação. Foi,</p><p>então, punido com suspensão de 75 dias, convertida em multa. Cumpriu a pena.</p><p>CGU, todavia, invocando os Pareceres GQ-177 e GQ-183 da AGU, determinou que</p><p>a Ministra do Meio Ambiente tornasse sem efeito a pena anterior e infligisse a pena</p><p>de demissão.</p><p>2) MS 13.523/DF, 3ª Seção, DJ 4/6/2009.</p><p>3) MS 13.341/DF, 3 Seção, DJe 04/08/2011 - “1. O rejulgamento do processo</p><p>administrativo disciplinar ofende o devido processo legal, por falta de amparo na Lei</p><p>n.º 8.112/1990, que prevê sua revisão tão-somente quando houver possibilidade de</p><p>abrandamento</p><p>da sanção disciplinar aplicada ao servidor público. 2. O encerramento</p><p>do PAD ocorre com o julgamento do feito pela autoridade competente, devendo ser-</p><p>lhe atribuída um caráter de definitividade. O servidor público punido não pode</p><p>permanecer sujeito a rejulgamento do feito para fins de agravamento da sanção,</p><p>com a finalidade de seguir orientação normativa, quando sequer se apontam vícios</p><p>no processo administrativo disciplinar”.</p><p>3.10. MEIOS SUMÁRIOS.</p><p>A doutrina ainda se reporta a meios sumários, que são mais simples para</p><p>apurar faltas mais leves.</p><p>3.10.1. SINDICÂNCIA.</p><p>É uma investigação para apuração prévia e reservada de irregularidade. Nas</p><p>infrações leves (advertência ou suspensão até 30 dias) dispensa-se o processo</p><p>administrativo e a penalidade pode ser aplicada na própria sindicância, mas neste</p><p>caso deve ser garantido o direito de defesa (de acordo com o art. 143 da Lei n.</p><p>8.112/90 e art. 5°, LV, da CF. O tema é controverso quanto ao contraditório.</p><p>Sindicância constitui meio sumário de investigação, voltado à apuração</p><p>preliminar de fatos e ensejando, quando for o caso, a instauração do processo</p><p>administrativo disciplinar.</p><p>É realizada sem os formalismos do processo, mas nela também deverão ser</p><p>observados os princípios do contraditório e da ampla defesa (tema aporético).</p><p>Alguns estatutos admitem a sindicância como meio hábil à aplicação de</p><p>sanções menos severas: multa, repreensão e suspensão até 30 dias. Normalmente,</p><p>porém, ela tem a natureza de processo preparatório do processo administrativo</p><p>propriamente dito.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Na sindicância investigativa ou inquisitorial é desnecessário contraditório ou</p><p>ampla defesa. Observe-se também que no caso de “sindicância convertida em PAD,</p><p>as nulidades no curso da Sindicância são irrelevantes, visto que, nesse caso, a</p><p>Sindicância terá a natureza de sindicância investigativa, que é unilateral e dispensa</p><p>a ampla defesa”.</p><p>Atente-se também que “o suposto vício na sindicância não contamina o</p><p>processo administrativo disciplinar, desde que seja garantida oportunidade de</p><p>apresentação de defesa com relação aos fatos descritos no relatório final da</p><p>comissão”. STF: MS 25910/DF, 2ª Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe</p><p>25/05/2012: Precedentes: MS 22.122; RMS 24.526.</p><p>3.10.2. VERDADE SABIDA.</p><p>É o conhecimento pessoal e direito de falta (infração) por parte da autoridade</p><p>competente para aplicar a pena. Em que pesem as opiniões contrárias, este</p><p>instrumento previsto em alguns estatutos de regime estaduais (o paulista, p.ex.) não</p><p>mais prevalece após a Constituição Federal de 1988, por força do artigo art. 5°, LV</p><p>(RT 730/351), que impôs a obrigatoriedade do contraditório na aplicação de penas.</p><p>3.11. TERMO DE DECLARAÇÃO.</p><p>Consiste no meio sumário de imposição de sanção, por meio do qual o</p><p>servidor confessa espontaneamente a falta e aceita a sanção aplicável, desde que</p><p>esta não exija o processo administrativo disciplinar.</p><p>A Constituição Federal de 1988 não admite essa prática, pois exige o devido</p><p>processo legal que garanta o contraditório e a ampla defesa. Não atendidos esses</p><p>preceitos cabe anulação pelo Judiciário.</p><p>3.12. SANÇÕES DISCIPLINARES.</p><p>As sanções disciplinares são: advertência, repreensão, suspensão, multa,</p><p>demissão, demissão a bem do serviço público, cassação de aposentadoria ou</p><p>disponibilidade, destituição de cargo em comissão ou função comissionada.</p><p>A advertência é aplicada às infrações consideradas leves pela lei ou de menor</p><p>gravidade, segundo o art. 129 do Estatuto do Servidor, como inobservância de dever</p><p>funcional. Além de violação das proibições constantes nos incisos I a VIII do art. 117.</p><p>A advertência será sempre aplicada por escrito.</p><p>São exemplos de casos apenados com advertência: ausentar-se do serviço</p><p>durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; retirar sem prévia</p><p>anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição;</p><p>recusar fé a documentos públicos; opor resistência injustificada ao andamento de</p><p>documento e processo ou execução de serviço; promover manifestação de apreço</p><p>ou desapreço no recinto da repartição; cometer a pessoa estranha à repartição, fora</p><p>dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua</p><p>responsabilidade ou de seu subordinado; coagir ou aliciar subordinados no sentido</p><p>de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; manter sob</p><p>sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou</p><p>parente até o segundo grau civil, entre outros.</p><p>Observa Leonardo Avelino Duarte que, “caso o servidor não incorra em novas</p><p>práticas infracionais terá o registro da advertência cancelado no prazo de 3 anos de</p><p>efetivo exercício”.</p><p>Cabe pena de suspensão, prevista no art. 130 da Lei n. 8.112/90, nos casos</p><p>não puníveis com a demissão ou advertência ou ainda no caso de prática reiterada</p><p>de infrações anteriormente punidas com advertência.</p><p>A pena de suspensão não pode ultrapassar 90 dias e será transformada em</p><p>multa à base de 50% da remuneração, por dia de serviço, quando do interesse da</p><p>Administração. Se servidor não incorrer em novas práticas infracionais, terá o</p><p>registro da suspensão cancelado em 5 anos de efetivo exercício.</p><p>A pena de demissão é aplicada aos casos de falta grave e consiste na</p><p>expulsão do servidor público que perderá o cargo ou a função.</p><p>São casos em que se aplica a demissão: crime contra a Administração</p><p>Pública; abandono de cargo; inassiduidade habitual; improbidade administrativa;</p><p>incontinência pública e conduta escandalosa na repartição; insubordinação grave em</p><p>serviço; ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima</p><p>defesa própria ou de outrem; aplicação irregular de dinheiros públicos; revelação de</p><p>segredo do qual se apropriou em razão do cargo; lesão aos cofres públicos e</p><p>dilapidação do patrimônio nacional; corrupção; acumulação ilegal de cargos,</p><p>empregos ou funções públicas; entre outros.</p><p>Ocorre cassação de aposentadoria ou disponibilidade, com a perda dos</p><p>proventos que recebe, quando o inativo comete conduta infracional que acarretaria</p><p>demissão, caso ainda estivesse em serviço.</p><p>A destituição de cargo em comissão ou função comissionada é cabível nos</p><p>casos em que aplicar-se-ia demissão àqueles que ocupam cargo em comissão ou</p><p>função comissionada e compete à mesma autoridade que fez a nomeação.</p><p>Não é possível a demissão de agente público vitalício (juízes, ministros de</p><p>tribunais superiores, promotores, conselheiros dos tribunais de contas, diplomatas,</p><p>etc.) por meio de processo administrativo, mas somente por processo judicial.</p><p>Extinguindo o cargo, ficam em disponibilidade.</p><p>A Reforma do Judiciário previu a aplicação da remoção, disponibilidade e</p><p>aposentadoria ao magistrado e ao membro do MP, por decisão de maioria absoluta</p><p>do respectivo Conselho Nacional de Justiça (CF, art. 130-B, § 4º, III, c/c o art. 93,</p><p>VIII), sem prejuízo da competência do próprio Tribunal ou do órgão colegiado do MP.</p><p>Já o servidor público estável ou efetivo, que cumpriu o estágio probatório de 3</p><p>anos, basta o processo administrativo disciplinar que garanta o direito da ampla</p><p>defesa e do contraditório, sem a necessidade de processo judicial.</p><p>Existem inúmeras formas de desligamento: servidor empossado que não</p><p>entra em exercício no prazo legal, que não foi confirmado em estágio probatório,</p><p>reprovado na avaliação periódica de desempenho (CF, art. 42, § 1º) e, por fim, no</p><p>caso do atendimento do limite de despesas com pessoal ativo e inativo (CF, art. 169,</p><p>§ 4º). Neste caso exige-se a motivação do ato e a exoneração não pressupõe o</p><p>cometimento de falta funcional.</p><p>Neste caso e no caso de demissão de agente político vitalício, o motivo pode</p><p>ser ato de improbidade, decorrente</p><p>de sanção de perda da função pública em razão</p><p>da procedência da ação civil movida para tal fim (CF, art. 37, § 4º, e Lei n. 8.429/92,</p><p>art. 12).</p><p>Não são contemplados com a estabilidade os empregados de empresas</p><p>estatais, mas sua demissão deve ser motivada por força de terem sido aprovados</p><p>em concurso público e em face do princípio da dignidade da pessoa humana.</p><p>Relevante destacar que, tratando de esfera administrativa, não existe coisa</p><p>julgada, podendo se intentada ação judicial a qualquer momento,</p><p>concomitantemente ou após uma decisão administrativa (art. 5º, XXXV, da CF).</p><p>Leonardo Avelino Duarte observa em sua obra se é possível lei estadual</p><p>instituir novas espécies de punição e a resposta afigurou-se afirmativa, desde que as</p><p>penas sejam mais brandas, pois a lei estadual, por ser mais específica, não poderia</p><p>ampliar ou majorar as penalidades impostas pela lei geral.</p><p>Tratando da improbidade administrativa, Carlos Eduardo Elias de Oliveira</p><p>preleciona que há “Necessidade de prova da má-fé para a configuração do tipo</p><p>“Improbidade Administrativa”, constante do art. 132, IV, da Lei n. 8.112/90 como</p><p>causa de demissão. Há divergência aceitando a culpa, com suporte no art. 10 da Lei</p><p>n. 8.429/92 (atos que causam prejuízo ao Erário).</p><p>Segundo o mesmo autor, o “melhor entendimento parece ser o contido no MS</p><p>16.385, que estabelece que a Improbidade Administrativa culposa só é admitida nas</p><p>hipóteses do art. 10 da Lei de Improbidade Administrativa – LIA (Lei 8.429/92), que</p><p>cuida de atos de improbidade que causam prejuízo ao erário. Nos casos</p><p>enquadráveis nos arts. 9 (enriquecimento ilícito) e 11 (ofensa a princípios) da LIA, é</p><p>indispensável a prova do dolo”.</p><p>Assevera ainda que “é preciso atentar que os casos do art. 11 da LIA (atos</p><p>ímprobos ofensivos a princípios da Administração Pública) devem ser interpretados</p><p>com elevado bom senso em virtude de sua redação bem aberta, de modo que meras</p><p>irregularidades formais não devem receber a pesada classificação de ato de</p><p>improbidade administrativa”.</p><p>Oportuna é também a advertência do Ministro Luiz Fux, quando ainda</p><p>compunha o STJ: “A má-fé, consoante cediço, é premissa do ato ilegal e ímprobo</p><p>(...). O elemento subjetivo é essencial à caracterização da improbidade</p><p>administrativa” (Edcl no REsp 716991/SP).</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Admissível (e aconselhável) o enquadramento da conduta em mais de um tipo</p><p>(enquadramento multifário), especialmente nos casos de demissão. Se alguma</p><p>tipificação for tida por insubsistente, as demais poderão manter o ato punitivo.</p><p>“O efetivo enquadramento no art. 117, IX, da Lei n. 8.112/90 já seria suficiente para</p><p>definir a aplicação da penalidade de demissão, uma vez que amplamente</p><p>comprovado que os recursos foram gastos e o abastecimento não foi realizado.</p><p>Todavia, pode-se entender que há a possibilidade de se utilizar a Lei de Improbidade</p><p>Administrativa (Lei n. 8.492/92) em interpretação sistemática, para definir o tipo</p><p>previsto no art. 132, IV, da Lei n. 8.112/90. Precedente: MS 12.262/DF, Rel. Min.</p><p>Arnaldo Esteves Lima, Terceira Seção, DJ 6.8.2007, p. 461.” (STJ, MS 15.841/DF,</p><p>Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 27/06/2012,</p><p>DJe 02/08/2012)</p><p>Pode-se usar a Lei de Improbidade Administrativa para definir o tipo disciplinar do</p><p>art. 132, IV, da Lei 8.112/90.</p><p>Aplicação de punição disciplinar só é cabível mediante processo disciplinar</p><p>(Sindicância ou PAD) em que se assegure contraditório e ampla defesa.</p><p>Precedentes: STF, RE 512585 AgR; RE 34424 AgR.</p><p>É constitucional a pena de Cassação de aposentadoria - Precedentes: STF, RMS</p><p>24557; RMS 21948.</p><p>Infração por ofensa a dever funcional do art. 116 da Lei n. 8.112/90 exige, no</p><p>mínimo, elemento subjetivo de culpa (negligência, imprudência ou imperícia).</p><p>Precedentes: STF, RMS 26361.</p><p>STJ: caso em que suspensão de 90 dias foi tida por razoável.</p><p>Caso em que STJ considerou analisou a razoabilidade e proporcionalidade de pena</p><p>de demissão: “A pena de demissão mostra-se proporcional, pois foi apurado em</p><p>regular processo disciplinar que o servidor deixou de observar os procedimentos</p><p>administrativos previstos para a emissão de Certidões Negativas de Débito e atuou,</p><p>ainda, com dolo na emissão irregular de 66 Guias de Recolhimento da Previdência</p><p>Social - GPS, com o objetivo de encobrir a irregularidade anterior.</p><p>É possível anular judicialmente o ato demissional que ocorre em desatenção ao</p><p>acervo probatório dos autos e com desatenção à proporcionalidade na sanção, sem</p><p>prejudicar eventual aplicação de diversa penalidade administrativa. Precedente: MS</p><p>13.791/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJe 25.4.2011.</p><p>“Exige-se prévia condenação criminal transitada em julgado para demissão ou</p><p>cassação de aposentadoria de servidor apenas na hipótese de crime contra a</p><p>administração pública (artigos 132, I, e 134, da Lei nº 8.112/90)” (STJ, (MS</p><p>9.973/DF, 3ª Seção, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, DJe 07/05/2009).</p><p>Desídia: é razoável que haja antecedentes funcionais. “4. A desídia, passível da</p><p>aplicação de pena disciplinar máxima de demissão, conforme os arts. 117, XV, e</p><p>132, XIII, da Lei 8.112/90, pressupõe não um ato único ou isolado, mas uma forma</p><p>de proceder desatenta, negligente, desinteressada e reiterada do servidor público.</p><p>Havendo indícios de conduta desidiosa, impõe-se que a Administração proceda à</p><p>apuração dos fatos e, se for o caso, aplique ao acusado uma pena mais branda, até</p><p>mesmo para que ele tenha conhecimento a respeito do seu baixo rendimento</p><p>funcional. Caso persista na prática do ilícito disciplinar, será cabível a demissão.</p><p>A aplicação da pena de demissão por desídia, sem a existência de antecedentes</p><p>funcionais relacionados à mencionada conduta, apresenta-se extremamente</p><p>desproporcional porque imposta a servidor público que não tinha ciência de que sua</p><p>conduta funcional se apresentava irregular.”</p><p>Abandono de cargo. “2. A Lei n. 8.112/90 dispõe em seu artigo 138 que a ausência</p><p>intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos configura</p><p>abandono de cargo, para o que prevê a pena de demissão (art. 132, II). Da</p><p>mencionada transcrição, verifica-se que o dispositivo legal ao conceituar o abandono</p><p>de cargo faz referência ao elemento objetivo consistente na ausência do servidor por</p><p>mais de 30 (trinta) dias consecutivos, bem como ao elemento subjetivo,</p><p>consubstanciado na intenção do servidor de se ausentar do serviço. Precedentes:</p><p>MS 12.424/DF, Rel. Min. Og Fernandes, Sexta Turma, DJe 11/11/2009; EDcl no MS</p><p>11.955/DF, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG), Terceira</p><p>Seção, DJe 2/2/2009, MS 10.150/DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Terceira</p><p>Seção, DJ 6/3/2006.</p><p>Descabida punição sem existência de culpa. Não se pode punir só porque o</p><p>acusado ocupava determinado cargo em comissão. Precedentes: STJ, MS 14212.</p><p>3.13. PRESCRIÇÃO APLICADA ÀS INFRAÇÕES FUNCIONAIS.</p><p>Prescrição é a perda do direito de ação pela inércia do titular do direito. É</p><p>instituto presente em praticamente todos os ramos do direito como princípio de</p><p>ordem pública que não pode ser relevado pela Administração.</p><p>Controversa é a sua natureza, uns acham que trata-se de instituto de</p><p>taxinomia material, outros que possui natureza mista (caráter híbrido de direito</p><p>material e processual)</p><p>Em relação às infrações funcionais, o Regime Jurídico dos Servidores Civis</p><p>da União (Lei n. 8.112/90) determina o prazo de prescrição da ação disciplinar em</p><p>seu artigo 142, verbis:</p><p>I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação</p><p>de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão;</p><p>II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;</p><p>III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência.</p><p>O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou</p><p>conhecido.</p><p>Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações</p><p>disciplinares capituladas como crime.</p><p>A Constituição Federal, porém, ressalva, sempre, os casos de ressarcimento</p><p>ao erário público no artigo 37, Inciso XXI, § 5º, haja vista que seriam imprescritíveis.</p><p>A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe</p><p>a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente.</p><p>A prescrição pode ser suspensa ou interrompida. Suspensa a prescrição, esta</p><p>recomeça a correr pelo prazo restante. Interrompida a prescrição, esta começa</p><p>novamente a contagem do prazo.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Prazo para pedido de reintegração no serviço público: 5 anos, a partir da demissão</p><p>(Decreto n. 20.910/32).</p><p>O excepcional poder-dever de a Administração aplicar sanção punitiva a seus</p><p>Funcionários não se desenvolve ou efetiva de modo absoluto, de sorte que encontra</p><p>limite temporal no princípio da segurança jurídica, de hierarquia constitucional, uma</p><p>vez que os subordinados não podem ficar indefinidamente sujeitos à instabilidade</p><p>originada da postetade disciplinar do Estado, além de que o acentuado lapso</p><p>temporal transcorrido entre o cometimento da infração e a aplicação da respectiva</p><p>sanção esvazia a razão de ser da responsabilização do Servidor supostamente</p><p>transgressor.</p><p>A Terceira Seção do STJ pacificou o entendimento de que o termo inicial do prazo</p><p>prescricional da Ação Disciplinar é a data em que o fato se tornou conhecido da</p><p>Administração, mas não necessariamente por aquela autoridade específica</p><p>competente para a instauração do Processo Administrativo Disciplinar (art. 142, § 1º</p><p>da Lei n. 8.112/90).</p><p>Qualquer autoridade administrativa que tiver ciência da ocorrência de infração no</p><p>Serviço Público tem o dever de proceder à apuração do ilícito ou comunicar</p><p>imediatamente à autoridade competente para promovê-la, sob pena de incidir no</p><p>delito de condescendência criminosa (art. 143 da Lei 8.112/90); considera-se</p><p>autoridade, para os efeitos dessa orientação, somente quem estiver investido de</p><p>poder decisório na estrutura administrativa, ou seja, o integrante da hierarquia</p><p>superior da Administração Pública.</p><p>Ainda que a falta administrativa configure ilícito penal, na ausência de denúncia em</p><p>relação ao impetrante, aplica-se o prazo prescricional previsto na lei para o exercício</p><p>da competência punitiva administrativa; a mera presença de indícios de crime, sem a</p><p>devida apuração em Ação Criminal, afasta a aplicação da norma penal para o</p><p>cômputo da prescrição (RMS 20.337/PR, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJU 07.12.2009),</p><p>o mesmo ocorrendo em caso de o Servidor ser absolvido na eventual Ação Penal</p><p>(MS 12.090/DF, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJU 21.05.2007); não seria</p><p>razoável aplicar-se à prescrição da punibilidade administrativa o prazo prescricional</p><p>da sanção penal, quando sequer se deflagrou a iniciativa criminal.</p><p>A prescrição tem o condão de eliminar qualquer possibilidade de punição do</p><p>Servidor pelos fatos apurados, inclusive as anotações funcionais em seus</p><p>assentamentos, já que, extinta a punibilidade, não há como subsistir os seus efeitos</p><p>reflexos.</p><p>STJ - “Prazo da prescrição da pretensão disciplinar é o mesmo do prazo da ação</p><p>penal, no caso de o fato configurar crime também. Se já houver sentença penal</p><p>condenatória, calcula-se o prazo prescricional com base na pena em concreto”.</p><p>Precedentes: STJ, MS 12.414. STF, MS 22.644; 24.013.</p><p>STJ – “Prescrição: interrupção com instauração de PAD válido; suspensão enquanto</p><p>não esgotado prazo legal de processamento e julgamento do PAD (140 dias) e da</p><p>Sindicância (80 dias)”. Precedentes: STJ, MS 12.767; 12.414. STF: RMS</p><p>23.436/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, 2ª Turma, DJ 24/8/99.</p><p>STJ – “PAD declarado nulo não interrompe a prescrição”. Precedentes: STJ, MS</p><p>12702. STF: RMS 24.129/DF, 2ª Turma, DJe 30/04/2012. “A pena imposta ao</p><p>servidor regula a prescrição. A anulação do processo administrativo original fixa</p><p>como termo inicial do prazo a data em que o fato se tornou conhecido e, como termo</p><p>final, a data de instauração do processo válido. Precedentes: MS 21.321; MS</p><p>22.679”.</p><p>STJ – Quanto à prescrição do PAD (stj.jus.br): “Em 2019, a Primeira Seção editou a</p><p>Súmula 635, segundo a qual os prazos prescricionais previstos no artigo 142 da Lei</p><p>8.112/1990 têm início na data em que a autoridade competente para a abertura do</p><p>PAD toma conhecimento do fato, são interrompidos com o primeiro ato de</p><p>instauração válido da sindicância de caráter punitivo ou do processo disciplinar e</p><p>voltam a correr após decorridos 140 dias da interrupção.</p><p>Não há justa causa a PAD ou a Sindicância se a prescrição da pretensão punitiva já</p><p>se consumou. O dever de anotação nos assentos funcionais previsto no art. 170 da</p><p>Lei n. 8112/90 somente se aplica quando a prescrição da pretensão punitiva</p><p>perfazer-se após a instauração de PAD.</p><p>No caso julgado pelo STJ, o Relator fez a seguinte distinção: (a) prescrição do direito</p><p>de punir – é a que ocorre antes da instauração de PAD e (b) prescrição da</p><p>pretensão punitiva – é a que ocorre após a instauração do PAD e ao fim do prazo de</p><p>suspensão da fluência do prazo prescricional. A primeira prescrição impede a</p><p>abertura do PAD. A segunda, a seu turno, embora impeça a aplicação da pena, atrai</p><p>o dever contido no art. 170 da Lei n. 8.112, a saber, o de anotar o fato nos assentos</p><p>funcionais do acusado.</p><p>3.14. INVALIDAÇÃO: ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DO PROCESSO</p><p>ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>Revogação consiste na extinção ordenada do ato por razões de mérito</p><p>(conveniência e oportunidade), ou seja, ao interesse público não convém a</p><p>manutenção do ato. A revogação, em regra, não se aplica ao processo</p><p>administrativo disciplinar – PAD.</p><p>Como no caso da revogação depende de ato discricionário, não pode incidir</p><p>sobre atos vinculados, ou seja, atos que já exauriram os seus efeitos, atos</p><p>meramente enunciativos e atos procedimentais ou componentes do processo</p><p>administrativo.</p><p>Não pode ser ordenada pelo Judiciário, pois é ato exclusivo da própria</p><p>Administração Pública. Opera efeitos ex nunc (futuros). Não atinge os direitos</p><p>adquiridos (sum. 473 do STF). Ex.: revogação de um decreto expropriatório por</p><p>desinteresse na área a ser desapropriada.</p><p>Anulação (ou invalidação) é a extinção obrigatória do ato decorrente de</p><p>constatação de ilegalidade praticada ou descumprimento dos princípios</p><p>administrativos. Ex.: incompetência do agente, finalidade diversa da estatuída em lei,</p><p>não observância da forma prescrita, motivos inexistentes ou falta de objeto.</p><p>Nulidade é a constatação inequívoca da ilegalidade ou vício grave.</p><p>Anulabilidade é a possibilidade de a Administração Pública anular o processo</p><p>administrativo disciplinar – PAD.</p><p>Quanto à violação da regra de competência, o ato deverá ser anulado se ele</p><p>for privativo de determinado agente ou exclusivo de determinada entidade.</p><p>Para alguns autores, se a ilegalidade atinge a finalidade, o objeto ou motivo</p><p>do ato, a anulação não é mais conveniente e sim obrigatória e, caso atinja a</p><p>competência ou a forma, o ato poderia ser convalidado (sanado ou corrigido).</p><p>No entanto, para outra corrente, como a competência, a finalidade e a forma</p><p>são sempre vinculados somente quanto a essas ocorreria a nulidade por ilegalidade.</p><p>A anulação pode ser determinada pela própria Administração Pública, no</p><p>controle interno da legalidade, ou também pode ser ordenada pelo Poder Judiciário</p><p>e opera efeitos ex tunc (retroativos). Já a revogação somente pode ser realizada</p><p>pela Administração.</p><p>Quanto à anulação, seus efeitos são retroativos e não produz qualquer direito</p><p>adquirido e, quanto à revogação, seus efeitos não são retroativos (vigoram a partir</p><p>da revogação), portanto prevalecem os direitos adquiridos.</p><p>Não podem ser revogados atos vinculados,</p><p>o emprego do poder disciplinar deve considerar não apenas a exegese</p><p>gramatical de determinados artigos, tomados isoladamente, mas a inteligência de</p><p>todo o ordenamento em que está inserido. Por outras palavras, a interpretação deve</p><p>ser, no mínimo, sistemática”. (jus.com.br)</p><p>1.2.2. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IMPESSOALIDADE.</p><p>Segundo esse princípio, exige que o ato administrativo seja praticado com a</p><p>finalidade de atender ao interesse público, haja vista que este é indisponível.</p><p>Toda atividade da Administração Pública deve estar voltada para um só</p><p>objetivo, o bem comum da coletividade, portanto, destina-se a um fim público, não</p><p>podendo beneficiar ou prejudicar pessoas em particular, devendo todos serem</p><p>tratados igualmente.</p><p>O mérito dos atos pertence à Administração e não às autoridades que os</p><p>executam. Isto é, os atos e provimentos administrativos são imputáveis ao órgão ou</p><p>à entidade administrativa em nome dos quais agem os servidores públicos e não aos</p><p>servidores que os praticam, pois estes são meros agentes da Administração Pública.</p><p>Nesse sentido, são conhecidos como válidos os atos praticados por</p><p>funcionários irregularmente investidos em cargo ou função, com base no fato de que</p><p>os atos são do órgão e não do agente público (teoria do órgão).</p><p>Em relação aos administrados, a aplicação desse princípio está prevista no</p><p>art. 100 da CF (precatórios), exigências de concursos públicos, bem como a</p><p>publicidade dos órgãos públicos deve ser impessoal, não podendo conter nomes,</p><p>símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou</p><p>servidores públicos sobre suas realizações administrativas (art. 37, § 1º, da CF).</p><p>1.2.3. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA MORALIDADE.</p><p>A moralidade administrativa é pré-requisito na conduta do agente público, que</p><p>deve reger-se não só pelos preceitos vigentes.</p><p>Tanto a moralidade como o interesse público fazem parte da legalidade</p><p>administrativa. Bandeira de Mello preleciona que "violar a moral corresponde a</p><p>violar o próprio direito". Necessidade de toda a atividade administrativa e os atos</p><p>administrativos atenderem a um só tempo à lei, à moral, à equidade e aos deveres</p><p>de boa administração, visto que pode haver imoralidade em ato tido como legal, pois</p><p>nem tudo que é legal é moral ou justo.</p><p>Não se trata da moral comum, mas da moral administrativa (jurídica) ou ética</p><p>profissional, que consiste no "conjunto de princípios morais que devem ser</p><p>observados no exercício de uma profissão" (Dicionário Melhoramentos).</p><p>Segundo Hauriou, é o "conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina</p><p>interior da Administração". É a distinção do bem e do mal, do honesto e do</p><p>desonesto. Constitui, hodiernamente, pressuposto de validade de todo ato da</p><p>Administração.</p><p>Maximilianus "conclui que para anular um ato administrativo, o Judiciário pode</p><p>examinar não só a legalidade estrita, mas também a moralidade do ato, bem como a</p><p>sua conformidade com o interesse público".</p><p>O art. 11 da Lei n. 8.429/92, que trata do enriquecimento ilícito, preceitua que</p><p>“constitui ato de improbidade administrativa, que atenta contra os princípios da</p><p>Administração Pública, qualquer ação ou omissão que viole os deveres de</p><p>honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições", caracterizando</p><p>as condutas comissivas ou omissivas definidas como ato de improbidade.</p><p>Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, violar a moral corresponde a violar</p><p>o próprio direito, ou seja, a moralidade e o interesse público fazem parte da</p><p>legalidade administrativa.</p><p>Esse princípio trata da moral administrativa e não da moral comum, pois volta-</p><p>se especificamente para a ética profissional, que consiste no "conjunto de princípios</p><p>morais que se deve ser observado no exercício de uma profissão" (cf. Dicionário</p><p>Melhoramentos).</p><p>Dessa forma, para anular um ato administrativo ou um processo</p><p>administrativo, mormente o disciplinar, o Judiciário pode examinar não só a</p><p>legalidade estrita, mas também a moralidade dos atos praticados, bem como a</p><p>conformidade com o interesse público.</p><p>1.2.4. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PUBLICIDADE.</p><p>Os atos administrativos devem ser publicados, ou seja, divulgados</p><p>oficialmente, em regra no Diário Oficial, para conhecimento público e início de seus</p><p>efeitos externos. A publicidade é requisito de moralidade e eficácia.</p><p>A divulgação e o fornecimento de informação dos atos da Administração são</p><p>obrigatórios, seja de forma interna ou externa, com exceção aos assuntos de</p><p>segurança nacional (art. 5º, XXXIII, da CF), determinadas investigações policiais (art.</p><p>20 do CPP), processos cíveis que tramitam sob segredo de justiça (art. 189 do CPC)</p><p>ou no interesse da administração a ser preservado em processo previamente</p><p>declarado sigiloso, ou seja, cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade</p><p>e do Estado.</p><p>A Lei n. 12.527/2011, denominada Lei da Transparência, exige acesso total à</p><p>informação, inclusive por meio do Portal da Transparência, regulada pela Lei</p><p>Complementar n. 131/2009, onde se divulga a remuneração dos servidores e outros</p><p>dados de interesse do cidadão.</p><p>1.2.5. PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA EFICIÊNCIA.</p><p>É um dos modernos princípios da Administração Pública que ao lado da ética</p><p>(moralidade e legalidade) exige do agente público a realização de suas atribuições</p><p>funcionais com competência, presteza, perfeição e rendimento funcional, buscando</p><p>com isso superar as expectativas do administrado.</p><p>A Emenda Constitucional n. 19/98, ao consagrar o princípio da eficiência</p><p>recomendou a demissão ou dispensa do servidor comprovadamente ineficiente ou</p><p>desidioso no exercício da função pública.</p><p>Portanto, não basta a instalação do serviço público, exige-se que este seja</p><p>eficaz e que atenda plenamente à necessidade para o qual foi criado.</p><p>É necessária a adoção, pelo administrador, de critérios técnicos ou</p><p>profissionais que assegurem o melhor resultado possível, abolindo-se qualquer</p><p>forma de atuação amadorística, obrigando também a entidade a organizar-se de</p><p>modo eficiente.</p><p>Analisando o conceito desse novel princípio, conclui-se que da relação</p><p>jurídica entre a Administração (Estado) e os administrados (indivíduos) decorrem</p><p>direitos e obrigações recíprocos e, consequentemente, o cidadão, no exercício de</p><p>seus direitos subjetivos poderá exigir da Administração Pública o cumprimento de</p><p>suas obrigações da forma mais eficiente possível.</p><p>As características básicas deste princípio são: o direcionamento da atividade</p><p>e dos serviços públicos à efetividade do bem comum, imparcialidade, neutralidade,</p><p>transparência, participação e aproximação dos serviços públicos à população,</p><p>eficácia, desburocratização e busca da qualidade.</p><p>A Emenda Constitucional n. 19/98 passou a estabelecer que a União, os</p><p>Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o</p><p>aperfeiçoamento dos servidores públicos, visando a promoção na carreira (§ 2º do</p><p>art. 39).</p><p>Previu-se a avaliação especial de desempenho, por comissão instituída para</p><p>essa finalidade, como condição obrigatória para a aquisição da estabilidade (§ 4º do</p><p>art. 41). Existe também, como reforço, a possibilidade de perda do cargo pelo</p><p>servidor público, mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho,</p><p>assegurada a ampla defesa, na forma de lei complementar.</p><p>Finalmente, a fiscalização fica a cargo do Poder Judiciário, do Ministério</p><p>Público e da sociedade de uma forma geral, pois o princípio da eficiência, enquanto</p><p>norma constitucional, está acima das leis, dos atos normativos e das condutas</p><p>positivas ou omissivas do Poder Público, servindo de fonte para a declaração de</p><p>inconstitucionalidade de qualquer manifestação da Administração contrária à sua</p><p>plena e total aplicabilidade.</p><p>O Ministério Público, tendo a função constitucional de zelar pelo efetivo</p><p>respeito dos poderes públicos e dos serviços de relevância pública, deve promover</p><p>atos enunciativos, atos que</p><p>exauriram seus efeitos naturalmente (vencido o prazo ou cumprida a ordem) e atos</p><p>de processo administrativo, principalmente disciplinar.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>Se o acusado tomou ciência da publicação do ato punitivo a tempo de servir-se do</p><p>recurso administrativo e não intentou eventual devolução do prazo, não há nulidade.</p><p>Precedentes: STF, RMS 24526.</p><p>Nulidade ou Anulabilidade precisa de prova do prejuízo, que deve ser exposto</p><p>detalhadamente pela parte. Aplica-se, portanto, o princípio do prejuízo, resumido no</p><p>brocardo “Pas de nullité sans grief”. Precedentes: STF, AI 559632 AgR. STJ, MS</p><p>14050; MS 9657; MS 10047; AgRg no RMS 19553; MS 13646.</p><p>Excerto de julgado do STJ: "Inexiste nulidade sem prejuízo", de sorte que o</p><p>recorrente "teve acesso aos autos do processo administrativo disciplinar, amplo</p><p>conhecimento dos fatos investigados, produziu as provas pertinentes e ofereceu</p><p>defesa escrita, o que afasta qualquer alegação relativa à ofensa ao devido processo</p><p>legal e à ampla defesa. Eventual nulidade no processo administrativo exige a</p><p>respectiva comprovação do prejuízo sofrido, hipótese não configurada na espécie,</p><p>sendo, pois, aplicável o princípio pas de nullité sans grief.</p><p>Não há nulidade se a CPAD se constituiu de 4 membros, se não for provado prejuízo</p><p>à defesa. Precedentes: STF, RMS 24902.</p><p>STJ - “Administrativo. Poder administrativo disciplinar. Nulidade.</p><p>Desproporcionalidade da demissão” (atenuação da pena).</p><p>“Num contexto em que a prática de atos tidos por ilícitos teve natureza eventual e</p><p>deu-se num momento em que, razoavelmente, não se deveria exigir conduta diversa</p><p>do agente, a aplicação da penalidade administrativa capital apresenta-se</p><p>desmedida”.</p><p>STJ - “O indiciado se defende dos fatos que lhe são imputados e não de sua</p><p>classificação legal, de sorte que a posterior alteração da capitulação legal da</p><p>conduta não tem o condão de inquinar de nulidade o processo administrativo</p><p>disciplinar”</p><p>STF - “Novo PAD não fica vinculado a PAD anteriormente declarado nulo”.</p><p>Precedentes: STF, MS 24.013.</p><p>“A instauração de comissão provisória, nas hipóteses em que a legislação de</p><p>regência prevê expressamente que as transgressões disciplinares serão apuradas</p><p>por comissão permanente, inquina de nulidade o respectivo processo administrativo</p><p>por inobservância dos princípios da legalidade e do juiz natural (MS n. 10.585/DF,</p><p>Ministro Paulo Gallotti, Terceira Seção, DJ 26/2/2007)” (STJ, MS 13.148/DF, 3ª</p><p>Seção, DJe 01/06/2012).</p><p>É possível a declaração de nulidade ex officio do PAD e seu reinício. Não há, aí,</p><p>ofensa ao princípio do non bis in idem. Aliás, essa é a dicção expressa dos arts. 114</p><p>e 169 da Lei n. 8.112/90. Precedentes: STF, MS 23922.</p><p>Não há nulidade por excesso de prazo de conclusão ou de julgamento do PAD.</p><p>Precedentes: STF, MS 22055; MS 22177; MS 22373. STJ, MS 16.815/DF, 1ª Seção,</p><p>DJe 18/04/2012.</p><p>O excesso de prazo na conclusão de processo administrativo disciplinar, por si só,</p><p>não enseja a sua nulidade; para tanto, há de ser comprovado o efetivo prejuízo à</p><p>defesa, não demonstrado no caso concreto. Ademais, o prazo para contagem inicia-</p><p>se quando da ciência dos fatos pela administração, e não pela sua ocorrência.</p><p>Precedentes: MS 16.567/DF, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Primeira Seção,</p><p>DJe 18.11.2011; e MS 15.462/DF, Rel. Min. Humberto Martins, Primeira Seção, DJe</p><p>22.3.2011.” (STJ, MS 15810/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, PRIMEIRA</p><p>SEÇÃO, julgado em 29/02/2012, DJe 30/03/2012.</p><p>STJ - “É possível anular judicialmente o ato demissional que ocorre em desatenção</p><p>ao acervo probatório dos autos e com desatenção à proporcionalidade na sanção,</p><p>sem prejudicar eventual aplicação de diversa penalidade administrativa”.</p><p>Precedente: MS 13.791/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção,</p><p>DJe 25.4.2011.” (STJ, MS 15810/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS,</p><p>PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 29/02/2012, DJe 30/03/2012)</p><p>Nulo PAD, se defensor dativo elabora tese de conteúdo acusatório contra o indiciado</p><p>revel, ainda que a pretexto de moralidade. Há de garantir-se a defesa do acusado.</p><p>Precedentes: STF, RE 114342.</p><p>Publicação no Diário Oficial do resultado do PAD (como a publicação da pena) é</p><p>suficiente. A ausência de notificação pessoal do acusado não acarreta invalidades</p><p>nem ineficácia.</p><p>A Terceira Seção do STJ firmou compreensão no sentido de que, nos termos do</p><p>disposto na Lei nº 8.112/1990, o Processo Administrativo Disciplinar somente poderá</p><p>ser anulado quando constatada a ocorrência de vício insanável (art. 169, caput), ou</p><p>revisto, quando apresentados fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar</p><p>a inocência do servidor punido ou a inadequação da penalidade aplicada (art. 174,</p><p>caput), sendo certo que a nova reprimenda não poderá ser mais gravosa (art. 182,</p><p>parágrafo único). Precedentes: MS 13.341/DF.</p><p>Reintegração de servidor demitido tem eficácia financeira retroativa. Além do mais, o</p><p>Estado poderá ser responsabilizado civilmente pela inflição indevida de sanção.</p><p>Precedentes: STJ, RMS 19.498/SP, 5ª Turma, DJe 22/03/2010.</p><p>Conforme recente orientação da Terceira Seção do STJ, tem o servidor público</p><p>direito de receber os vencimentos que deixou de auferir enquanto esteve afastado</p><p>do cargo em razão da aplicação de penalidade posteriormente invalidada,</p><p>retroagindo os efeitos patrimoniais à data da prática do ato impugnado.</p><p>Inaplicabilidade dos enunciados nºs 269 e 271 da Súmula do Supremo Tribunal</p><p>Federal. Precedente: STJ: AgRg no Ag 1374452/GO, 2ª Turma, DJe 09/03/2012</p><p>(responsabilidade civil do Estado por demissão aplicada em sede de processo</p><p>disciplinar eivado de irregularidades).</p><p>A extrapolação do prazo legal de conclusão do PAD (140 dias = 60 dias, para</p><p>Comissão + 60 dias, como prorrogação aos trabalhos da Comissão + 20 dias, para</p><p>julgamento) afasta vedação à aposentadoria voluntária. Esse tema não foi julgado</p><p>pelo STJ, em razão de ausência de pressupostos de admissibilidade do recurso</p><p>especial.</p><p>Redistribuição do servidor ao quadro de pessoal de outro órgão posteriormente à</p><p>instauração do PAD não implica nulidade superveniente do ato de instauração. A</p><p>única mudança que haverá é a da autoridade julgadora.</p><p>STJ não admite que, anulado PAD já ultimado por vício para o qual o acusado não</p><p>concorreu e que foi irrelevante para o resultado do processo disciplinar, a</p><p>Administração inflija penalidade mais gravosa. Também se invoca aí a Súmula</p><p>19/STF: “É inadmissível segunda punição de servidor público, baseada no mesmo</p><p>processo em que se fundou a primeira”.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BÁSICA:</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL e suas emendas e toda a legislação pertinente ao</p><p>Direito Administrativo.</p><p>DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. Editora Atlas.</p><p>GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. Editora Saraiva.</p><p>LAGEANO, Judith Amaral. Manual de Processo Administrativo Disciplinar (PAD).</p><p>Campo Grande: Procuradoria-Geral do Estado de Mato Grosso do Sul, 2005.</p><p>MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. Editora Revista dos Tribunais.</p><p>MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros Editores.</p><p>MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. Malheiros</p><p>Editores.</p><p>PEANO, Nodete Mameri. Apostila de Direito Administrativo. São Paulo: Editora</p><p>Damásio de Jesus, 1994.</p><p>UNIÃO, Controladoria da; Ministério da Transparência. (Apostila) Manual de</p><p>Processo Administrativo Disciplinar, 2017.</p><p>COMPLEMENTAR:</p><p>CAHALI, Yussef Said. Responsabilidade Civil do Estado. Revista dos Tribunais.</p><p>CRETELA Júnior, José. Jurisprudência Administrativa. Editora Forense.</p><p>DUARTE, Leonardo Avelino. Lições de Direito Administrativo. Estúdio Texto.</p><p>FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. Malheiros Editores.</p><p>JUS NAVIGANDI. Processo administrativo disciplinar:</p><p>jurisprudência do STF e do</p><p>STJ. (Autor: Carlos Eduardo Elias de Oliveira)</p><p>https://jus.com.br/artigos/22453/precedentes-jurisprudenciais-do-stf-e-do-stj-sobre-</p><p>processos-disciplinares-descricao-e-reflexoes</p><p>https://jus.com.br/artigos/22453/precedentes-jurisprudenciais-do-stf-e-do-stj-sobre-processos-disciplinares-descricao-e-reflexoes</p><p>https://jus.com.br/artigos/22453/precedentes-jurisprudenciais-do-stf-e-do-stj-sobre-processos-disciplinares-descricao-e-reflexoes</p><p>PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>APOSTILA ELABORADA PELO INSTRUTOR NILTON KIYOSHI KURACHI0F</p><p>- Esta Apostila visa proporcionar conhecimentos, experiências e formação de atitudes que capacitem os cursistas, em regra Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso do Sul, a conhecer as funções e base legal inerente ao poder disciplinar e elaboraçã...</p><p>O termo “Administração Pública” (iniciais maiúsculas) significa Poder Executivo, formado pelos órgãos administrativos e suas entidades administrativas; já o termo “administração pública” (iniciais minúsculas) significa função ou atividade administrati...</p><p>1.3. PODERES ADMINISTRATIVOS ATINENTES AO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.</p><p>1.3.3. PODER HIERÁRQUICO.</p><p>03 - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>Processo administrativo disciplinar é o conjunto sequencial da documentação e das providências necessárias para a obtenção de determinado ato final (decisão).</p><p>Para Hely Lopes Meirelles "é o meio de apuração e punição de faltas graves dos servidores públicos e demais pessoas sujeitas ao regime funcional de determinados estabelecimentos da Administração".</p><p>3.1. DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO.</p><p>Procedimento administrativo é o andamento do processo (o rito), ou seja, o modo pelo qual anda o processo ou a maneira de se encadearem seus atos. Ocorre no interior do processo, para viabilizá-lo.</p><p>3.2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO COMUM E DISCIPLINAR.</p><p>3.4 - SISTEMA DE REPRESSÃO DISCIPLINAR ADOTADO PELO DIREITO PÁTRIO.</p><p>3.5. FASES DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>3.9. A RECORRIBILIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.</p><p>3.10.2. VERDADE SABIDA.</p><p>É o conhecimento pessoal e direito de falta (infração) por parte da autoridade competente para aplicar a pena. Em que pesem as opiniões contrárias, este instrumento previsto em alguns estatutos de regime estaduais (o paulista, p.ex.) não mais preval...</p><p>3.13. PRESCRIÇÃO APLICADA ÀS INFRAÇÕES FUNCIONAIS.</p><p>as medidas necessárias judiciais e extrajudiciais para garantir a aplicabilidade desse</p><p>princípio (art. 129, II, da CF).</p><p>Ao aplicar esse princípio da eficiência no processo administrativo disciplinar –</p><p>PAD, implica dizer que, se foi instalada uma comissão processante, esta deve atuar</p><p>nos estritos termos da lei e buscar apurar eficientemente as infrações ou</p><p>irregularidade para não cometer abusos ou injustiças ao servidor investigado ou</p><p>processado. Dessa mesma forma deve atuar a autoridade competente quando da</p><p>prolação de decisões administrativas, principalmente em processos administrativos</p><p>disciplinares.</p><p>1.3. PODERES ADMINISTRATIVOS ATINENTES AO PROCESSO</p><p>ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.</p><p>A Administração Pública é dotada de determinados poderes necessários à</p><p>realização das tarefas administrativas, sendo, portanto, inerentes ao exercício da</p><p>função administrativa (atendimento ao interesse público).</p><p>Poderes administrativos são os consentâneos e proporcionais aos encargos</p><p>que lhe são atribuídos, denominados poderes instrumentais. Estes não se</p><p>confundem com os poderes políticos que são institucionais, estruturais e orgânicos,</p><p>pois compõem a estrutura do Estado e integram a organização constitucional e são</p><p>exercidos somente pelas altas autoridades.</p><p>Os poderes administrativos ou instrumentais são inúmeros, segundo a</p><p>doutrina, mas estudar-se-á nesta oportunidade somente os poderes administrativos</p><p>atinentes ao processo administrativo disciplinar – PAD.</p><p>Consoante a liberdade da Administração para a prática de seus atos</p><p>administrativos, o poder é classificado em poder vinculado e poder discricionário,</p><p>bem como, segundo visem ao ordenamento da Administração Pública ou à punição</p><p>dos que a ela se vinculam, o poder é classificado em poder hierárquico ou poder</p><p>disciplinar.</p><p>1.3.1. PODER VINCULADO.</p><p>Poder vinculado é aquele em que o agente somente pode fazer o que a lei</p><p>estabelece, pois terá de praticar os atos na forma prevista em lei, em todas as suas</p><p>especificações, sob pena de os atos serem declarados inválidos.</p><p>A liberdade de ação do administrador é mínima. Segundo Hely Lopes</p><p>Meirelles, poder vinculado é aquele que o direito positivo (a lei) confere à</p><p>Administração Pública, para a prática de ato de sua competência, os elementos e</p><p>requisitos necessários à sua formalização.</p><p>Celso Antonio Bandeira De Mello preleciona que "atos vinculados seriam</p><p>aqueles em que, por existir prévia e objetiva tipificação legal do único possível</p><p>comportamento da administração em face de situação igualmente prevista em</p><p>termos de objetividade absoluta, a administração ao expedi-los não interfere com a</p><p>apreciação subjetiva alguma", por exemplo, aposentadoria compulsória do servidor</p><p>aos 70 anos de idade.</p><p>As decisões judiciais têm entendido que "a legalidade do ato administrativo,</p><p>cujo controle cabe ao Poder Judiciário, compreende não só a competência para a</p><p>prática do ato e de suas formalidades extrínsecas, como também os seus requisitos</p><p>substanciais, os seus motivos, os seus pressupostos de direito e de fato, desde que</p><p>tais elementos estejam definidos em lei como vinculadores do ato administrativo".</p><p>Nesse sentido, a instauração e condução de processo administrativo</p><p>disciplinar - PAD - deve seguir rigorosamente o que determinam as normas que</p><p>regem a matéria, salvo nas fases em que se admite a aplicação da</p><p>discricionariedade, o que será estudado no tópico abaixo.</p><p>1.3.2. PODER DISCRICIONÁRIO.</p><p>Segundo Hely Lopes Meirelles, poder discricionário é o que o direito concede</p><p>à Administração, de modo explícito ou implícito, para a prática de atos</p><p>administrativos, liberdade na escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo</p><p>(mérito administrativo).</p><p>Isto é, confere ao administrador uma ampla liberdade de ação, como bem</p><p>ensina Celso Antônio Bandeira De Mello: "atos discricionários são aqueles que a</p><p>Administração pratica com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão</p><p>segundo critérios de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda</p><p>que adstrita à lei reguladora da expedição deles".</p><p>Esse renomado Autor assevera que não há ato propriamente discricionário,</p><p>mas apenas discricionariedade por ocasião da prática de certos atos, ou seja, com</p><p>relação ao fim e à competência, o ato será sempre vinculado, pois a lei sempre</p><p>determina quem é competente para a prática do ato e a finalidade é</p><p>obrigatoriamente o interesse público.</p><p>Celso Antônio Bandeira De Mello, contrariando posições majoritárias, entende</p><p>que pode haver certa discricionariedade quanto ao fim, pois o interesse público</p><p>depende de uma apreciação subjetiva, mas conclui que o fim do ato administrativo é</p><p>sempre vinculante.</p><p>A discricionariedade jamais se confunde com a arbitrariedade, pois esta não</p><p>atende o interesse público, extrapolando a competência da autoridade administrativa</p><p>ou a lei, tornando o ato ilícito. Portanto, a discricionariedade será sempre relativa ou</p><p>parcial pois age sempre presa a alguns limites como a competência, a finalidade e a</p><p>forma do ato.</p><p>O Judiciário pode controlar esses limites objetivos e, conforme o caso, anular</p><p>o ato. No entanto jamais o juiz poderá analisar o mérito administrativo, o que é</p><p>função do administrador.</p><p>Maria Sylvia Zanella Di Pietro nega a esses poderes a autonomia, uma vez</p><p>que são atributos de outros poderes ou competências da Administração.</p><p>O ato discricionário praticado por autoridade incompetente, realizado de forma</p><p>diversa à prescrita em lei e objetivando finalidade que não seja o interesse público é</p><p>ilegítimo. Portanto, a discricionariedade é liberdade dentro da lei, ou seja, nos limites</p><p>da norma. A atividade discricionária encontra-se sujeita a um duplo</p><p>condicionamento: externo, pelo ordenamento jurídico; interno, pelas exigências do</p><p>bem comum e da moralidade administrativa.</p><p>A diferença entre atos vinculados e atos discricionários é que nos primeiros a</p><p>administração não dispõe de liberdade e nos segundos a lei deixa ao administrador</p><p>certa liberdade para decidir tendo em vista situações concretas, considerando o</p><p>melhor meio para satisfazer o interesse público.</p><p>No processo administrativo disciplinar - PAD - de acordo com a melhor</p><p>doutrina, a discricionariedade no âmbito disciplinar não é aplicável ao fato de punir</p><p>ou não punir o servidor faltoso, ou seja, aplicar ou não a sanção disciplinar, se a falta</p><p>disciplinar ocorreu e comprovou-se a autoria, mas sim qual das penalidades</p><p>previstas no Estatuto do Servidor Público deve ser aplicada.</p><p>A discricionariedade quando não bem delineada e aplicada, incorre em meio</p><p>arbitrário e injurídico para a aplicação da sanção disciplinar, o que deve ser evitado.</p><p>1.3.3. PODER HIERÁRQUICO.</p><p>Preleciona Hely Lopes Meirelles que "poder hierárquico é o que dispõe o</p><p>Executivo para distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a</p><p>atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os</p><p>servidores do seu quadro pessoal. Poder hierárquico e poder disciplinar não se</p><p>confunde, mas andam juntos por serem os sustentáculos de toda organização</p><p>administrativa." Esta se funda em dois pressupostos básicos: a distribuição de</p><p>competências e a hierarquia.</p><p>A hierarquia, portanto, decorre do escalonamento e graduação da esfera</p><p>interna da administração constituindo uma relação de ascendência e subordinação</p><p>entre os órgãos e os agentes, com a finalidade de distribuir funções, fiscalizar, rever</p><p>e corrigir atos, estabelecendo a gradação da autoridade de cada um.</p><p>Nos Poderes Judiciário e legislativo, em regra, não há hierarquia quanto às</p><p>funções típicas constitucionais (julgar e legislar), mas existe hierarquia no que tange</p><p>às funções administrativas. O juiz tem autonomia e independência para julgar, porém</p><p>sujeita-se à hierarquia no que se refere aos atos de administração do prédio do</p><p>Fórum, por exemplo, devendo</p><p>prestar contas aos seus superiores (art. 70, parágrafo</p><p>único, da CF.).</p><p>Nodette Mameri Peano assevera que:</p><p>o poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e</p><p>corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da</p><p>Administração Pública. Ordena as atividades da Administração,</p><p>repartindo e escalonando as funções entre os agentes (ex. ordens</p><p>aos subordinados; edição de atos normativos como resoluções,</p><p>portarias, instruções, ordens de serviço etc.); coordena, entrosando</p><p>as funções - procura harmonizar o funcionamento dos serviços</p><p>(podendo até avocar atribuições que não sejam da competência</p><p>exclusiva do órgão subordinado e o de delegar atribuições que não</p><p>lhe sejam privativas); controla, acompanhando a conduta dos</p><p>servidores e zelando pelo cumprimento da lei e das instruções</p><p>(controle para verificar a legalidade dos atos dos órgãos inferiores,</p><p>podendo anular os atos ilegais ou revogar os inconvenientes e</p><p>inoportunos); corrige os erros administrativos pela ação revisora dos</p><p>superiores sobre os atos inferiores (podendo, se for o caso, aplicar</p><p>sanções, em caso de infrações disciplinares). (grifo nosso)</p><p>O poder hierárquico está presente em toda a administração e é regulado pelo</p><p>Direito Administrativo e deveria ser aplicado, mesmo que nenhum texto legal o</p><p>consagrasse.</p><p>1.3.4. PODER DISCIPLINAR.</p><p>Na lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “o poder disciplinar é o que cabe à</p><p>Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos servidores</p><p>públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa”.</p><p>Observa-se que o poder disciplinar consiste numa outra face do poder</p><p>hierárquico e tem por finalidade a punição do servidor infrator. Nessa linha de</p><p>pensamento, Nodette Mameri Peano assevera que:</p><p>"o poder disciplinar é correlato ao poder hierárquico, mas com ele</p><p>não se confunde, posto que neste último a Administração distribui e</p><p>escalona as funções de seus órgãos, ordena e revê a atuação de</p><p>seus agentes, e no primeiro controla o desempenho das funções</p><p>executivas e a conduta interna de seus servidores."</p><p>Trata-se da possibilidade de a Administração, usando do mérito que lhe é</p><p>dado, analisar qual pena é adequada à falta cometida pelo servidor, desde que</p><p>dentro da enumeração legal taxativa, ou seja, as penas disciplinares devem estar</p><p>previstas em lei, podendo ser de várias espécies, como a advertência, repreensão,</p><p>suspensão, multa, demissão, demissão a bem (nota) do serviço público, cassação</p><p>de aposentadoria, disponibilidade ou destituição de cargo em comissão ou de função</p><p>comissionada.</p><p>Não há no direito administrativo disciplinar o princípio da pena específica,</p><p>como existe no direito penal, não estando vinculado a prévia definição legal sobre a</p><p>infração funcional e a respectiva sanção, destarte pode a autoridade escolher a</p><p>sanção, a ser aplicada em juízo de proporcionalidade, dentro daquelas previstas em</p><p>lei, por força do discricionarismo que regula essa atuação.</p><p>Portanto, há certa discricionariedade na aplicação das sanções, conforme a</p><p>gravidade do fato, desde que atenda ao interesse do serviço e reprima a falta</p><p>cometida.</p><p>No entanto, a aplicação da pena é obrigatória, pois a omissão da autoridade</p><p>administrativa superior pode constituir crime de condescendência criminosa (art. 320</p><p>do CP), prevaricação (art. 319 do CP) ou improbidade administrativa, nos termos do</p><p>artigo 11, inciso II, da Lei n. 8.429, de 2-6-92.</p><p>Nesse sentido, preleciona Maria Sylvia Zanella Di Pietro que:</p><p>“o poder disciplinar é discricionário, o que dever ser entendido em</p><p>seus devidos termos. A Administração não tem liberdade de escolha</p><p>entre punir e não punir, pois, tendo conhecimento de falta praticada</p><p>por servidor, tem necessariamente que instaurar o procedimento</p><p>adequado para sua apuração e, se for o caso, aplicar a pena cabível.</p><p>Não o fazendo, incide em crime de condescendência criminosa</p><p>previsto no artigo 320 do Código Penal, e em improbidade</p><p>administrativa, conforme artigo 11, inciso II, da Lei n. 8.429, de 2-6-</p><p>92”.</p><p>Nota-se que Nodette Mameri Peano leciona no mesmo sentido:</p><p>"o poder disciplinar não se confunde com o poder punitivo do Estado,</p><p>realizado pela Justiça Penal. O poder disciplinar abrange as</p><p>infrações relacionadas com o exercício das funções. Se a infração</p><p>disciplinar configurar delito penal será instaurado processo</p><p>competente, do que resulta a possibilidade de aplicação conjunta de</p><p>duas penalidades".</p><p>Considerando os princípios gerais do Direito e as normas administrativas e</p><p>específicas do serviço público, a Administração apurará a falta cometida e graduará</p><p>a pena disciplinar, conforme o caso concreto, respeitando-se a ampla defesa e o</p><p>contraditório, devendo ser motivada a decisão da penalidade, sob pena de</p><p>invalidação do ato.</p><p>O Processo Administrativo Disciplinar oriundo do poder existente entre o</p><p>Estado-Administrador e os agentes administrativos é consequência do “Poder</p><p>Disciplinar”, que tem origem e razão de ser no interesse e na necessidade de</p><p>aperfeiçoamento progressivo do serviço público. Consiste numa força inerente da</p><p>Administração Pública com fins a apurar irregularidades e infligir sanções a pessoas</p><p>adstritas ao regime disciplinar dos órgãos e dos serviços públicos.</p><p>No entanto, é necessário que a Administração Pública observe os princípios</p><p>do contraditório e do devido processo legal (due process of Law) utilizando o bom</p><p>senso e a proporcionalidade, pois, se assim não o fizer na apuração da infração,</p><p>cometerá desvio de poder denominada arbitrariedade.</p><p>Consequentemente, é necessária a motivação da punição disciplinar para a</p><p>validade do ato punitivo e, se assim não proceder a autoridade administrativa, o</p><p>Judiciário pode anulá-lo por evidenciar lesão a direito (art. 5º, XXXV, da CF).</p><p>Concluir-se, portanto, que esse poder disciplinar é discricionário, no que tange</p><p>estritamente à possibilidade de adequação das penas ao caso objeto do processo</p><p>administrativo disciplinar, jamais em relação à possibilidade de punir ou não o</p><p>servidor infrator, ou seja, é inadmissível a não-aplicação da pena pelo superior</p><p>hierárquico, haja vista o caráter de poder-dever que rege sua atuação.</p><p>2 - ESFERAS DE RESPONSABILIDADE:</p><p>Segundo Hely Lopes Meirelles, “os servidores públicos, no desempenho de</p><p>suas funções ou a pretexto de exercê-la, podem cometer infrações de quatro ordens:</p><p>administrativa, civil, criminal e improbidade administrativa. Por essas infrações</p><p>deverão ser responsabilizados no âmbito interno da Administração e/ou</p><p>judicialmente.”</p><p>Assevera ainda o Autor que “A responsabilização dos servidores públicos é</p><p>dever genérico da Administração e específico de todo chefe, em relação a seus</p><p>subordinados”. Verifica-se, portanto, que esse dever de responsabilização foi erigido</p><p>em obrigação legal, sob pena de responder por crime funcional quando relegado</p><p>pelo superior hierárquico (ex. crime de condescendência criminosa previsto no art.</p><p>320 do CP).</p><p>Problema que traz bastante controvérsia, segundo Sérgio Ricardo Freire</p><p>Pepeu, Procurador do Estado de Alagoas, diz respeito às esferas de</p><p>responsabilidades quando o ilícito praticado pelo servidor é sancionado também na</p><p>esfera do direito penal.</p><p>O que fazer se o juízo criminal absolver o servidor ou condená-lo</p><p>sentenciando de forma contrária à instância administrativa? Há ou não</p><p>comunicabilidade de instâncias?</p><p>Existe uma premissa que deve ser exaltada neste momento, os ilícitos</p><p>administrativo e civil são menores que os penais, por isso pode haver</p><p>responsabilidade civil e administrativa sem haver responsabilidade criminal, mas não</p><p>pode haver responsabilidade penal sem responsabilidade administrativa e civil.</p><p>Alguns Autores reportam-se também à responsabilidade decorrente da</p><p>aplicação da Lei de Improbidade Administrativo, Lei n. 8.429/92, que será estudada</p><p>em tópico separado das outras responsabilidades administrativa,</p><p>civil e penal; no</p><p>entanto tais instâncias são autônomas/independentes, pois vige no direito</p><p>administrativo disciplinar o princípio da “Independência das Instâncias”.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STJ - “Independência das Instâncias: possível demitir antes do fim do processo</p><p>penal. Juízo penal só vincula se absolver por inexistência do fato ou negativa de</p><p>autoria (art. 126 da Lei n. 8.112/90)”. Absolvição criminal por falta de prova não</p><p>vincula esfera administrativa. Isso decorre do sistema de jurisdição única, adotado</p><p>pelo Brasil, de acordo com o qual só o Poder Judiciário pode decidir com caráter de</p><p>definitividade”. Precedentes: STJ, RMS 30590; MS 13599. STF, MS 22899</p><p>(monocrática); MS 23401; MS 22644; RMS 26510; RMS 26226; MS 15.815/DF.</p><p>2.1. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA DO SERVIDOR PÚBLICO.</p><p>A responsabilidade administrativa decorre da violação de normas internas da</p><p>Administração pelo servidor público sujeito ao estatuto e demais atos normativos</p><p>(decreto, regulamento, regimento, portaria etc.) que regula a função pública.</p><p>No entendimento de Hely Lopes Meirelles, eventual punição administrativa</p><p>disciplinar não depende de processo civil ou criminal a que se sujeite também o</p><p>servidor pela mesma falta e não obriga a Administração aguardar o desfecho dos</p><p>demais processos, nem mesmo em face da presunção constitucional de não</p><p>culpabilidade (princípio da presunção de inocência).</p><p>Isso quer dizer que “apurada a falta funcional, pelos meios adequados</p><p>(processo administrativo, sindicância ou meio sumário), o servidor público fica</p><p>sujeito, desde logo, à penalidade administrativa correspondente.</p><p>Essa punição interna é autônoma, pois pode ser aplicada ao servidor antes do</p><p>julgamento judicial do mesmo fato, em razão de que o ilícito administrativo</p><p>independe do ilícito penal. Porém, esse assunto será estudado no item abaixo.</p><p>2.2. RESPONSABILIDADE PENAL.</p><p>A responsabilidade penal é a que resulta do cometimento de crimes</p><p>funcionais. Caracterizado e provado o ilícito penal, o servidor responde a processo</p><p>crime e suporta os efeitos legais da condenação (artigos 91 e 92 do CP).</p><p>Somente a União pode legislar sobre Direito Penal, por isso os Estados-</p><p>membros, o DF e os Municípios não podem legislar sobre crimes funcionais.</p><p>Os crimes funcionais estão definidos no Código Penal (crimes contra a</p><p>Administração Pública – artigos 312 a 326 e crimes contra a as Finanças Públicas</p><p>359-A a 359-H) e em outras leis.</p><p>Segundo o art. 327 do CP, considera-se servidor público ou “funcionário</p><p>público” (CP), quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,</p><p>emprego ou função pública, na administração pública direta e indireta.</p><p>Analisando o problema sob o ângulo de condenação no juízo criminal e</p><p>absolvição na instância administrativa, a solução é bastante simples: quando o</p><p>agente for condenado na esfera criminal, o Juízo Cível e a Administração Pública</p><p>não podem divergir da decisão supramencionada, ocorrendo a comunicabilidade de</p><p>decisões.</p><p>Quanto à absolvição no juízo criminal, a solução se configura de forma mais</p><p>complicada, pois no caso de haver condenação na instância administrativa, existem</p><p>dois casos em que a sentença no juízo penal vincula a autoridade administrativa a</p><p>decidir de forma idêntica:</p><p>I – Estar provada a inexistência do fato;</p><p>II – Negativa de Autoria.</p><p>Outrossim, de acordo com artigo 65 do Código de Processo Penal:</p><p>Faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido</p><p>o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em</p><p>estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito.</p><p>Corroborando o que foi explicitado, o Supremo Tribunal Federal já decidiu a</p><p>questão:</p><p>Se a Decisão absolutória proferida no juízo criminal não deixa</p><p>resíduo a ser apreciado na instância administrativa, não há como</p><p>subsistir a pena disciplinar (STF, in RDA 123/216).</p><p>No caso em que a absolvição criminal se dá por não haver prova da</p><p>existência do fato; não haver prova de ter o réu concorrido para a infração penal,</p><p>não existir prova suficiente para a condenação; não repercutem na esfera</p><p>administrativa as decisões pois as provas que não são suficientes para comprovar</p><p>um ilícito penal podem ser suficientes para comprovar um ilícito administrativo.</p><p>E no caso de decisão negativa por não constituir o fato infração penal? Tendo</p><p>em vista que o ilícito administrativo pode corresponder a uma infração disciplinar que</p><p>não constitui crime, por não afetar os bens fundamentais da vida em sociedade,</p><p>ainda assim a punição deve subsistir face a autonomia do processo disciplinar.</p><p>Entretanto, se a punição estiver fundamentada na “prática de crime contra a</p><p>Administração Pública, este há que estar afirmado em sentença transitada em</p><p>julgado”, segundo Hely Lopes Meirelles.</p><p>Segundo o mesmo Autor, “o que a Administração não pode é aplicar punições</p><p>arbitrárias, isto é, que não estejam legalmente previstas”, inclusive a tendência</p><p>moderna é a motivação (legalidade) da penalidade, ou seja, hodiernamente exige-se</p><p>a motivação de todos atos administrativos, que não decorra do poder discricionário</p><p>da Administração e da sua vinculação aos motivos determinantes do seu</p><p>cometimento.</p><p>O que precisa é provar a legalidade da punição como justificativa do ato, o</p><p>que evitará a revisão judicial, pois ao Judiciário só é permitido examinar o aspecto</p><p>da legalidade do ato administrativo, incluindo-se o exame da proporcionalidade, não</p><p>podendo adentrar aos motivos de conveniência, oportunidade ou justiça.</p><p>Normalmente, a extinção da pena administrativa dá-se pelo seu cumprimento</p><p>e excepcionalmente pela prescrição ou pelo perdão por parte da Administração.</p><p>Explica-se, o cumprimento da pena exaure a sanção; a prescrição extingue a</p><p>punibilidade; o perdão da pena é ato de clemência da Administração e é só por ela</p><p>concedido, não podendo ter caráter geral, ou seja, uma lei não pode conceder uma</p><p>“anistia administrativa” porque importaria no cancelamento de ato do Executivo,</p><p>afrontando ao art. 2º da CF, que prevê a independência dos Poderes.</p><p>A pena expulsiva (demissão) é insuscetível de extinção, pois todos seus</p><p>efeitos se consumam no ato de sua imposição e cessa o vínculo funcional com a</p><p>Administração.</p><p>2.3. RESPONSABILIDADE CIVIL.</p><p>Consiste na obrigação imposta ao servidor público de reparar o dano causado</p><p>à Administração por culpa ou dolo no desempenho de suas funções. Ao contrário da</p><p>responsabilidade objetiva do Estado, não há para o servidor a responsabilidade</p><p>objetiva ou independente de culpa.</p><p>A responsabilidade civil nasce com o ato culposo e lesivo ao patrimônio</p><p>público e se exaure com a indenização, bem como é independente das demais</p><p>responsabilidades (administrativa, criminal e de improbidade administrativa) e se</p><p>apura na forma do Direito Privado, no âmbito da Justiça Comum.</p><p>Não se pode isentar o servidor pela responsabilidade civil, havendo dano</p><p>patrimonial, porque a Administração não possui disponibilidade sobre o patrimônio</p><p>público, ao contrário, deve zelar pela integridade desse patrimônio.</p><p>2.3.1. RESPONSABILIDADE POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA.</p><p>A responsabilidade por improbidade administrativa fulcra-se na Lei n.</p><p>8.429/92, que está sendo alterada hodiernamente pelo Congresso Nacional, que em</p><p>seu art. 12, caput, preceitua que “independentemente das sanções penais, civis e</p><p>administrativas o responsável pelo ato de improbidade administrativa fica sujeito às</p><p>cominações previstas nos seus incs. I, II e III, que podem ser aplicadas isolada ou</p><p>cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato.</p><p>Dessa forma, a punição por improbidade administrativa decorre de</p><p>responsabilidade distinta e independente das responsabilidades penal, civil e</p><p>administrativa previstas na legislação específica, bem como não são aplicadas pela</p><p>Administração,</p><p>mas pelo Poder Judiciário.</p><p>Essa Lei n. 8.429/92 classifica e define os atos de improbidade administrativa</p><p>em três espécies: a) os que importam enriquecimento ilícito (art. 9º); b) os que</p><p>causam prejuízo ao erário (art. 10); e c) os que atentam contra os princípios da</p><p>Administração Pública (art. 11). Conforme a espécie, há uma previsão de punições,</p><p>descritas nos incisos I a III do art. 12, como perda de bens ou valores acrescidos</p><p>ilicitamente, ressarcimento integral do dano, perda da função pública, suspensão</p><p>dos direitos políticos, multa civil, proibição de contratar com o Poder Público ou</p><p>receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.</p><p>Compete ao Poder Judiciário aplicar tais sanções decorrente de improbidade</p><p>administrativa, levando-se em conta a extensão do dano e o proveito patrimonial</p><p>obtido pelo agente.</p><p>A aplicação das sanções por improbidade independe da efetiva ocorrência de</p><p>dano ao patrimônio público, salvo quanto à pena de ressarcimento ou da aprovação</p><p>ou rejeição das contas pelo Tribunal de Contas, caso em que é imprescindível o</p><p>prejuízo ao erário público.</p><p>A ação para ressarcimento do dano ao erário é imprescindível por força da</p><p>aplicação do art. 37, § 5º, da CF.</p><p>2.3.2 - RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO.</p><p>Denomina-se responsabilidade civil a obrigação imposta a uma pessoa de</p><p>ressarcir os danos sofridos por alguém, ou seja, é a obrigação de reparar danos</p><p>patrimoniais exaurindo-se com a indenização.</p><p>A responsabilidade civil pode ser contratual ou extracontratual. A contratual</p><p>rege-se pelos princípios gerais dos contratos. A extracontratual (“aquiliana”), fulcra-</p><p>se, em princípio, na culpa, conforme preceitua o art. 186 do Código Civil: “Aquele</p><p>que, por ação ou omissão voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito e</p><p>causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Esta</p><p>última é a aplicada aos servidores públicos quanto à responsabilidade por suas</p><p>ações ilegais.</p><p>Em certos casos a responsabilidade pode ser objetiva, independente de culpa</p><p>ou com presunção de culpa, bastando a relação de causa e efeito entre a ação ou</p><p>omissão e o dano.</p><p>A Constituição Federal determina que a responsabilidade civil do Estado e</p><p>dos prestadores de serviços públicos é objetiva (Art. 37, § 6º, da CF), bastando a</p><p>relação de causa e efeito entre o serviço público e o dano.</p><p>A Constituição Federal distingue o dano causado pelos servidores públicos</p><p>daqueles ocasionados por atos de terceiros ou por fenômenos da natureza. Ou seja,</p><p>o art. 37, § 6º, só atribui responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que</p><p>seus agentes causarem a terceiros.</p><p>Conclui-se que o legislador não responsabilizou a Administração por atos</p><p>predatórios de terceiros nem por fenômenos naturais que causem prejuízos aos</p><p>particulares.</p><p>Para a indenização desses atos e fatos estranhos à atividade administrativa,</p><p>observa-se o princípio geral da culpa civil, manifestada pela imprudência ou</p><p>negligência (art. 186 do CC) na prestação do serviço que causou ou ensejou o dano.</p><p>Nesse sentido, a jurisprudência tem exigido a prova de culpa da</p><p>Administração nos casos de depredação por multidões e de enchentes e vendavais</p><p>que superando os serviços públicos existentes, causam danos a particulares.</p><p>Nesses casos a indenização só é devida se provada a culpa da Administração, ou</p><p>seja, o legislador não responsabilizou a Administração por atos predatórios de</p><p>terceiros nem por fenômenos naturais que causem prejuízos aos administrados.</p><p>Inúmeros autores distinguem responsabilidade objetiva do risco integral e do</p><p>risco administrativo. Pela teoria do risco integral, a administração pagaria sempre.</p><p>Pela teoria do risco administrativo, a responsabilidade da administração pode ser</p><p>excluída ou mitigada por culpa total ou parcial da vítima.</p><p>As teorias, segundo a doutrina do direito público e da responsabilidade</p><p>objetiva do Estado são:</p><p>1) Teoria da culpa administrativa – embasa-se na falta do serviço (“faute du</p><p>servisse”) para impor à Administração o dever de indenizar,</p><p>independentemente da culpa subjetiva do agente administrativo (cabe à</p><p>vítima comprovar a falta do serviço).</p><p>2) Teoria do risco administrativo – de acordo com essa teoria, não são</p><p>necessárias a falta do serviço público nem a culpa de seus agentes, bastando</p><p>a lesão, sem o concurso do lesado (basta que a vítima demonstre o fato</p><p>danoso e injusto ocasionado por ação ou omissão do Poder Público).</p><p>3) Teoria do risco integral – constitui a modalidade extremada do risco</p><p>administrativo, abandonada na prática, por conduzir ao abuso e à iniquidade</p><p>social, pois a Administração fica obrigada a indenizar todo e qualquer dano</p><p>suportado por terceiro, ainda que resultante de culpa ou dolo da vítima; essa</p><p>teoria jamais foi acolhida pelo Direito brasileiro.</p><p>Outros autores entendem que a distinção não tem razão de ser, pois tanto no</p><p>risco integral como no risco administrativo o ressarcimento seria dosado conforme o</p><p>comportamento da vítima.</p><p>De acordo com uma corrente, a responsabilidade do Estado só é objetiva na</p><p>ação. Na omissão a responsabilidade é subjetiva, ou por culpa (Celso A. B. Mello),</p><p>porquanto na omissão é necessário verificar se o fato era previsível e se o Estado</p><p>tinha a obrigação e os meios para interferir e evitar o resultado danoso.</p><p>SurgeM dúvidas nos casos de caso fortuito ou força maior, como inundações</p><p>ou convulsões sociais.</p><p>Segundo o mestre Yussef Said Cahali, deve-se verificar, nos casos de</p><p>omissão, se a ação era exigível. Se era exigível, passa a omissão a ser causa ou</p><p>concausa do evento danoso, com a responsabilização integral ou parcial da</p><p>administração.</p><p>O que ocorre é a substituição da responsabilidade individual do servidor pela</p><p>responsabilidade genérica do Poder Público.</p><p>A Administração, ao deferir a seu servidor a realização de certa atividade</p><p>administrativa, a guarda de um bem ou a condução de uma viatura, assume o risco</p><p>de sua execução e responde civilmente pelos danos que esse agente venha a</p><p>causar injustamente a terceiros.</p><p>2.3.3. HIPÓTESES EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE ESTATAL.</p><p>*Culpa da vítima – Concorrendo a vítima para a ocorrência do fato danoso</p><p>envolvendo entidade pública ou as que lhe façam as vezes, exclui a</p><p>responsabilidade indenizatória do Estado. Nestes casos, compete a entidade ou</p><p>órgão público o ônus da prova, isto é, provar que a vítima é efetivamente culpada</p><p>pela a ocorrência do evento danoso. A Administração, não conseguindo prova,</p><p>obviamente responderá pelos danos e suas consequências patrimoniais.</p><p>*Força maior é um acontecimento imprevisto e alheio à vontade do Estado.</p><p>Os autores têm definido a força maior, para distingui-la de caso fortuito, como</p><p>resultante do comportamento humano, ou, decorrente de fato do homem. Exemplo:</p><p>greve de empregados, invasões de terras, guerrilhas urbanas e rurais. Danos</p><p>decorrentes desses casos não impõem ao Estado, em princípio, o dever de</p><p>indenizar.</p><p>* Servidor fora de suas atividades funcionais – Nos termos do art. 37, § 6º, da</p><p>CF. O Estado, as empresas estatais e as empresas particulares concessionárias de</p><p>serviços públicos são civilmente responsáveis pelos danos.</p><p>2.3.4. DA CULPA E DO RISCO.</p><p>Existem dois tipos de culpa, a objetiva e a subjetiva. No caso do administrado</p><p>lesado, titular do direito de indenização, pleiteado com base na responsabilidade civil</p><p>objetiva do Estado, terá que provocar na ação própria apenas o nexo causal do</p><p>comportamento da Administração Pública e o dano decorrente, ou seja, não terá de</p><p>perquirir a culpa do agente e nem de apontar o agente.</p><p>Ao contrário, a entidade estatal responsabilizada pelo dano e compelida ao</p><p>pagamento da indenização, na ação de regresso, terá de provar a atuação culposa</p><p>ou dolosa do seu agente.</p><p>Essa regra se aplica por consequência da teoria do risco</p><p>administrativo, a</p><p>qual preceitua que o Estado, ao administrar a coisa pública, quando causa prejuízo a</p><p>alguém é obrigado a indenizar os prejuízos que causar (art. 37, § 6°, da CF).</p><p>Oportuna também é distinguir a culpa e o dolo porque são conceito diversos</p><p>que, na lição de Hely Lopes Meirelles, “A culpa verifica-se na ação ou omissão</p><p>lesiva, resultante de imprudência, negligência ou imperícia do agente; o dolo ocorre</p><p>quando o agente deseja a ação ou omissão lesiva ou assume o risco de produzi-la. “</p><p>A culpa é menos grave do que o dolo, inclusive suas consequências seguem</p><p>essa premissa.</p><p>2.3.5. DANO INDENIZÁVEL.</p><p>Já se viu que o Estado, suas empresas e empresas privadas que prestam</p><p>serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes, nessa condição,</p><p>causarem a terceiros.</p><p>O comportamento pode ser comissivo e omissivo. Por omissão, o Poder</p><p>Público responde pela responsabilidade objetiva ou pela subjetiva, dependendo da</p><p>situação concreta.</p><p>Será caso da responsabilidade objetiva por omissão quando o Estado, ou</p><p>quem lhe faça às vezes, deixar de agir quando tinha o dever legal de atuar</p><p>comissivamente, mas se absteve, deliberadamente ou não, de praticar o ato que lhe</p><p>competia.</p><p>A culpa será subjetiva quando, embora o Estado não tivesse o dever</p><p>providências visando evitar consequências danosas ao administrado.</p><p>Para que seja caracterizada a responsabilidade indenizatória do Estado, não</p><p>basta a simples ocorrência de dano. É necessário que o mesmo se revista de certas</p><p>características. Celso Antônio Bandeira de Mello aponta duas características</p><p>fundamentais. São elas: o dano deve corresponder a uma lesão a direito da vítima.</p><p>Se ele não for juridicizado, não há que se falar em prejuízo indenizável. A outra</p><p>característica referida pelo autor é a de que o dano deve ser certo, não apenas</p><p>eventual. Ele pode ser atual ou futuro, não importa, mas deve ser certo, real.</p><p>O dano indenizável é aquele incidente sobre um bem jurídico protegido. Daí</p><p>admitir-se a existência de dano econômico e dano moral nos termos do atr. 5°, X, da</p><p>Constituição da República de 1988: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a</p><p>honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano</p><p>material ou moral decorrente de sua violação”.</p><p>Tem se afirmado, na doutrina, não ser qualquer perturbação antijurídica</p><p>incidente sobre o patrimônio de alguém e emanado do Estado que caracteriza o</p><p>dano responsábilizável juridicamente. É certo que há que haver a ofensa antijurídica</p><p>ao patrimônio do atingido para que se possa cogitar da responsabilidade. Mas não é</p><p>qualquer perturbação que ensejará tal cogitação.</p><p>Para identificar a lesão sofrida pelo particular por comportamento do poder</p><p>público, é necessário distinguir o conceito jurídico de lesão do conceito vulgar de</p><p>prejuízo. O prejuízo, no sentido vulgar ou popular, sofrido pelo particular em virtude</p><p>de determinado comportamento estatal não gera direito à reparação, por exemplo, a</p><p>mudança de uma escola, um museu, uma biblioteca, um teatro ou uma repartição</p><p>pública de determinado lugar para o outro poderá acarretar danos patrimoniais aos</p><p>comerciantes vizinhos, que perderão os seus fregueses vinculados ao</p><p>estabelecimento transferido. Esse dano, entretanto, não seria indenizado por não ser</p><p>dano jurídico.</p><p>Há, porém, outras situações em que, mesmo a Administração agindo</p><p>licitamente, de conformidade com a lei, poderá vir a ser responsabilizada a indenizar</p><p>em virtude de dano patrimonial causado ao particular. Serve de exemplo a</p><p>construção de um elevado para trânsito de veículos ou passarela para pedestre que,</p><p>em virtude de sua localização, traga embaraços para residências contíguas, cujas</p><p>construções foram formalmente licenciadas, dificultado o acesso a elas, devassando</p><p>suas janelas, impedindo assim a entrada de luz natural e aumentando os ruídos</p><p>provocados por veículos e pessoas (ex.: viaduto “minhocão” em São Paulo)</p><p>A guarda de objetos ou de pessoas perigosas pelo Estado acarreta-lhes o</p><p>dever de indenizar por dano que tais objetos ou pessoas venham a causar a</p><p>terceiros. Assim, a explosão de um paiol de matérias bélicos, ainda que sem culpa</p><p>da Administração, impõe ao Poder Público o dever de indenizar.</p><p>Os presidiários, os pacientes nos manicômios, os alunos nas escolas</p><p>públicas, em horário de aula, estão sob a guarda do Estado. Por isso, responde a</p><p>Administração Pública pelos danos físicos sofridos por esses custodiados e pelas</p><p>mortes deles, ainda que provocadas por colega.</p><p>O fundamento da responsabilidade é o fato de que aquele que detém a</p><p>guarda ou a custódia de objeto ou de pessoa tem, implícito, o dever de proteger o</p><p>guardado ou o custódiado contra qualquer forma de lesão. Serve de exemplo o caso</p><p>citado em item precedente em que a Prefeitura do Rio de Janeiro foi condenada a</p><p>indenizar os pais de uma menina que teve o globo ocular perfurado, em uma escola</p><p>municipal, por uma colega da sala.</p><p>A jurisprudência é farta em relação a danos sofridos por detentos em</p><p>presídios públicos.</p><p>E nos casos de suicídio de pessoas sob a guardo do Estado, seria deste o</p><p>dever de indenizar a família do suicida? O entendimento jurisprudencial é no sentido</p><p>de que, se o estabelecimento público não tomou as precauções necessárias para</p><p>evitar que o custodiado se suicidasse, deixando ao seu alcance materiais que</p><p>tenham sido utilizados como instrumento causador do evento morte, o Estado é</p><p>responsável. Quando, entretanto, o órgão público for zeloso, cauteloso e precavido,</p><p>por exemplo, O Estado não responderá pelos suicídios que eventualmente se</p><p>verifiquem nas dependências públicas.</p><p>Outra situação relativa a detentos, que tem ocupado com relativa frequência o</p><p>Judiciário, é o caso de fuga de detentos com consequências danosas a pessoas e</p><p>bens. É a hipótese de preso que foge da prisão e, enquanto estiver foragido, pratica</p><p>furtos, homicídios, estupros etc. Nesses casos, as vítimas têm recorrido ao poder</p><p>judiciário pleiteando indenização ao Estado. A jurisprudência não é pacífica neste</p><p>particular. Há julgados no sentido de que o estado não pode responder pelos danos</p><p>causados por detentos foragidos.</p><p>Outras decisões são no sentido de que o Estado tem o dever de manter o</p><p>condenado preso até cumprir a pena. Por isso a fuga deste é de inteira</p><p>responsabilidade do Estado e, consequentemente, tem o dever de indenizar os</p><p>danos patrimoniais e morais causados pelos detentos fugitivos.</p><p>A situação é delicada. Entende-se que a circunstância da fuga é que deve ser</p><p>tomada como parâmetro para a conclusão do julgamento. Assim, se a administração</p><p>envidou todos os esforços para evitar a fuga, mas, não obstante, não conseguiu</p><p>impedi-la, o Estado não deve ser responsabilizado pelas consequências</p><p>decorrentes. Porém, se houve facilitamento ou omissão por parte de agente público,</p><p>o Estado deve ser responsabilizado.</p><p>2.3.6. LIAME DA CAUSALIDADE.</p><p>Há fatos ou circunstâncias que concorrem para a não-responsabilidade do</p><p>Estado, que podem ser chamadas de excludentes de responsabilidade do Estado</p><p>por danos sofridos por terceiros. Dentre elas destaca-se a inexistência de vinculo</p><p>causal entre a Administração Pública e o dano sofrido por alguém.</p><p>A característica destas circunstâncias excludentes da responsabilidade estatal</p><p>é a existência do vínculo causal entre o comportamento da entidade pública ou da</p><p>entidade concessionária de serviço público e o dano produzido. Assim, não obstante</p><p>tenha ocorrido dano, este não é imputável ao Estado, por ser oriundo de causa</p><p>estranha à conduta da pessoa pública.</p><p>Consoante antes afirmado, é o elo de causalidade entre o comportamento e o</p><p>dano dele decorrente que circunscreve o espaço da responsabilidade estatal. Onde</p><p>este não se puder acertar, não sobrevirá a responsabilidade.</p><p>2.3.7. REPARAÇÃO DO DANO E REGRESSO.</p><p>A vítima de danos causados pelo</p><p>Estado pode postular a reparação na via</p><p>administrativa. Havendo negativa de ressarcimento por parte da Administração, o</p><p>interessado terá a via judiciária para reclamar o seu pretenso direito, visto que a</p><p>Constituição da República, no seu art. 5°, XXXV, estabelece que a lei não pode</p><p>excluir da apreciação do Judiciário qualquer lesão ou ameaça de direito.</p><p>A postulação na via administrativa é opção do interessado. O lesado, se</p><p>quiser, tem a faculdade de optar diretamente pela via judiciária sem antes pleitear a</p><p>reparação na seara administrativa.</p><p>O Estado, reconhecendo o dever de indenizar ou compelido a tal</p><p>comportamento, isto é, a indenizar a vítima do dano, terá direito a regresso contra o</p><p>servidor que, nessa qualidade, tenha provocado o fato ensejador do dano</p><p>indenizável, se agiu com culpa ou com dolo.</p><p>Nos demais casos, os danos praticados por servidor sem culpa ou sem dolo,</p><p>ou os decorrentes de culpa alheia, a entidade pública não tem como ressarcir-se.</p><p>Entende-se por danos decorrentes da culpa alheia, de acordo com a doutrina</p><p>e a jurisprudência, aqueles cuja autoria não é identificável, ou seja, aqueles em que</p><p>não houve a participação direita de determinado agente público.</p><p>Tem-se entendido como exemplos os danos causados pela não-prestação</p><p>dos serviços ou a sua prestação irregular ou tardia. Nesses casos, em princípio, não</p><p>se identifica a pessoa diretamente responsável pelo evento danoso.</p><p>Nos casos em que comporta o exercício do direito de regresso do Estado</p><p>contra o servidor causador do dano, a doutrina é bipartida quanto ao momento do</p><p>exercício do direito.</p><p>Uma corrente entende que o ente estatal, quando acionado pela vítima, terá</p><p>que, imediatamente, denunciar à lide (dar conhecimento ao servidor público) o</p><p>servidor causador do dano. Assim entendem os integrantes da corrente, embasados</p><p>no Código de Processo Civil. Para essa corrente, a Administração perderá o direito</p><p>de regresso se, no momento processual próprio, não denunciar à lide o servidor</p><p>culpado.</p><p>Outra corrente posiciona-se em sentido contrário. Entende que a denunciação</p><p>é dispensável e até inoportuna. O Código de Processo Civil não se aplicaria aos</p><p>casos de indenização decorrente da culpa objetiva. Segundo este entendimento, a</p><p>entidade pública litiga com a vítima no polo passivo da relação processual e, se</p><p>condenada, promove ação regressiva contra o agente provocador do dano que teve,</p><p>entre as consequências, a indenização suportada diretamente pelo Estado.</p><p>Essa última opinião parece-nos o entendimento que melhor se adapta à</p><p>situação jurídica, pois tem-se, de um lado, um direito com fundamento na culpa</p><p>objetiva e, de outro, um direito baseado na culpa subjetiva.</p><p>O lesado, titular do direito de indenização, terá que provocar na ação própria,</p><p>apenas o nexo causal do comportamento da Administração Pública e o dano</p><p>decorrente. Não terá de perquirir a culpa do agente e nem de apontar o agente. Já a</p><p>entidade estatal responsabilizada pelo dano e compelida ao pagamento da</p><p>indenização, na ação de regresso, terá de provar a atuação culposa ou dolosa do</p><p>seu agente.</p><p>São duas ações distintas que exigem procedimento probatórios diversos.</p><p>Logo, não devem ser discutidas em um mesmo processo. Em princípio, a ação da</p><p>vítima contra o Estado é muito mais rápida do que a do Estado contra o seu agente,</p><p>dada a simplicidade probatória da primeira, em relação à segunda.</p><p>Por essa razão, o lesado que tem o seu direito cristalino não ficará esperando</p><p>a Administração provar a culpa do agente causador do dano.</p><p>Nessa linha parece direcionar-se o comando do art. 22, § 2°, da lei n.</p><p>8.112/90, ao prescrever que “tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o</p><p>servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. “Não cuidou a norma nem</p><p>da denunciação à lide e nem do litisconsórcio” (pluralidade de partes).</p><p>Nos casos de culpa subjetiva do Estado, entretanto, parece prudente e até</p><p>necessária a denunciação à lide, visto que a obrigação estatal só se evidenciará se</p><p>seu agente tiver atuado com culpa ou com dolo.</p><p>Outra questão interessante é quanto ao dever do Estado de regressar contra</p><p>o causador do dano, ou seja, cobrar do servidor a importância que o Estado</p><p>desembolsou em Virtude de dano por ele causado a terceiro. É dever do Estado ou</p><p>faculdade? O agente competente poderá, ante o caso concreto, decidir pelo</p><p>reembolso ou não?</p><p>Um dos princípios da Administração Pública é o da indisponibilidade. Significa</p><p>que o agente administrativo não pode dispor da coisa pública ao seu talante. As</p><p>alienações ou outras transações de bens públicos são realizadas rigorosamente nos</p><p>limites e formalidades estabelecidos em lei. Por isso, à autoridade não é facultado</p><p>transigir quanto ao reembolso devido por servidor em virtude de dano causado por</p><p>ele a terceiro indenizado pelo ente público ou pela entidade pública.</p><p>O agente causador do dano deve ser acionado indistintamente. Primeiro,</p><p>através da ação de conhecimento, para provar a sua culpa ou dolo e, em seguida,</p><p>através da ação de execução, para a cobrança compulsória. Na hipótese de o</p><p>servidor não ter bens patrimoniais suficientes para saldar a obrigação, o setor de</p><p>pagamento dos servidores públicos deve promover descontos em folha,</p><p>mensalmente, nos limites previstos na lei estatutária, até o reembolso total.</p><p>A Lei Federal n. 4.619, de 28/04/65, regula a ação regressiva da União contra</p><p>seus servidores que, nessa qualidade, causarem danos a terceiros, que resultem em</p><p>dispêndio para a Fazenda Pública Federal. A propositura da ação é obrigatória, no</p><p>prazo de sessenta dias, contado da data do trânsito em julgado da decisão</p><p>condenatória.</p><p>No âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul, a Procuradoria-Geral do Estado</p><p>(PGE-MS) tem o entendimento de que é obrigatória a cobrança do valor do dano</p><p>que o Estado teve de indenizar o terceiro por culpa do agente público.</p><p>Essa é a dúvida, no tocante ao caso de culpa ou dolo do agente, poderá ou</p><p>deverá a Administração cobrar do mesmo a indenização que foi obrigada a pagar,</p><p>como direito de regresso (art. 37, § 6º, parte final, da CF)? Como foi explicitado</p><p>anteriormente, hoje a legislação e a jurisprudência está pacificada no sentido de que</p><p>o direito de regresso na verdade se tornou uma obrigação.</p><p>De qualquer forma, para cobrar administrativamente ou ajuizar ação civil</p><p>objetivando o ressarcimento do prejuízo causado ao Estado, é imprescindível que a</p><p>Administração já tenha sido condenada a indenizar a vítima do dano sofrido e que se</p><p>comprove a culpa do servidor no evento danoso.</p><p>A reparação de danos, causada pela Administração a terceiros, é obtida</p><p>amigavelmente ou cobrada em juízo através da ação civil de reparação de danos</p><p>(indenização), proposta por qualquer pessoa com legítimo interesse. Faz-se</p><p>necessário atentar-se quanto ao prazo de prescrição (quinquenal ou trienal –</p><p>Decreto n. 20.910/32, art. 1º, e CC, art. 206, § 3º, V).</p><p>Mas há também a ação civil de reparação de danos prevista na Lei de</p><p>Improbidade Administrativa (Lei n. 8.429/92). Esta ação segue, em linhas gerais, o</p><p>rito ordinário do CPC, mas com alterações marcantes, que a tornam, na verdade,</p><p>uma ação de rito especial. Tal ação só pode ser proposta pelo Ministério Público ou</p><p>certas pessoas arroladas na Lei.</p><p>Sob o prisma processual, portanto, não se deve confundir a ação civil comum</p><p>de reparação de danos com a ação de reparação da Lei de Improbidade</p><p>administrativa, embora de nome idêntico.</p><p>JURISPRUDÊNCIA do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - STF - e do SUPERIOR</p><p>TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ:</p><p>STF – “É vedado desconto em folha de pagamento pela Administração para</p><p>ressarcimento do erário por prejuízos provocados pelo servidor, salvo consentimento</p><p>expresso do servidor. A Administração deve ajuizar ação de indenização. A auto-</p><p>executoriedade é da pena administrativa de multa, e não de sanção</p><p>civil ou penal”.</p><p>Precedente: STF, MS 24182.</p><p>03 - PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR – PAD.</p><p>Inicialmente cumpre elencar as inúmeras espécies de processos</p><p>administrativos que existem no Direito pátrio.</p><p>a) processos administrativos de mero expediente: é a modalidade mais simples;</p><p>b) processos administrativos internos: tratam de assuntos da própria administração;</p><p>c) processos administrativos externos: abrangem os administrados;</p><p>d) processos administrativos de interesse público: interessam à coletividade;</p><p>e) processos administrativos de interesse particular: interessa somente a uma</p><p>pessoa;</p><p>f) processos administrativos de outorga: o poder público autoriza o exercício de</p><p>direito individual (ex. licenciamento de edificação);</p><p>g) processos administrativos de controle: ligado à atividade de fiscalização;</p><p>h) processos administrativos tributários: que regula o Processo Administrativo Fiscal</p><p>(ex.: Lei estadual n. 2.315, de 25 de outubro de 2001, dispõe sobre o Processo</p><p>Administrativo Tributário no âmbito do Estado de Mato Grosso do Sul e o Decreto n.</p><p>70.235/72, no âmbito da União).</p><p>i) processos administrativos licitatórios: processam e julgam licitações; conforme o</p><p>rito previsto em lei.</p><p>*j) processos administrativos disciplinares: envolvem a atuação de servidores e pode</p><p>iniciar-se com uma sindicância;</p><p>No entender de Sérgio Ricardo Freire Pepeu (Procurador do Estado de</p><p>Alagoas), a mais conceituada doutrina e recentemente a jurisprudência pátria vem,</p><p>com base no direito comparado, estendendo o due process of law previsto na nossa</p><p>Constituição a lides não aplicadas no processo civil ordinário, incluindo aí,</p><p>logicamente, o processo administrativo disciplinar.</p><p>Isto é, em conjunto com o surgimento de leis administrativas que retiram o</p><p>puro arbítrio do administrador público, como, por exemplo, a Lei Federal n. 9.784 de</p><p>29 de janeiro de 1999, prestigia a valorização das decisões emitidas pela</p><p>Administração Pública na busca de uma nova visão do Direito Administrativo.</p><p>Processo administrativo disciplinar é o conjunto sequencial da documentação</p><p>e das providências necessárias para a obtenção de determinado ato final (decisão).</p><p>Para Hely Lopes Meirelles "é o meio de apuração e punição de faltas graves</p><p>dos servidores públicos e demais pessoas sujeitas ao regime funcional de</p><p>determinados estabelecimentos da Administração".</p><p>A expressão "falta grave" consubstancia num um ilícito administrativo que</p><p>nada mais é que a quebra a um dos interesses públicos da Administração,</p><p>denominadas "infrações funcionais".</p><p>3.1. DISTINÇÃO ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO.</p><p>Sempre houve discussão sobre a existência de processo administrativo. Há</p><p>autores que preferem a expressão “procedimento administrativo”, alegando que o</p><p>termo “processo” reserva-se apenas à atuação jurisdicional (doutrina processual</p><p>civil). Essa teoria é minoritária, pois há processo judicial, administrativo e até</p><p>legislativo.</p><p>Processo Administrativo Disciplinar configura, como é de se observar, uma</p><p>categoria especial do gênero Processo.</p><p>A Constituição Federal prevê em vários artigos a existência do processo</p><p>administrativo: art. 5º, LV (refere-se “aos litigantes, em processo judicial ou</p><p>administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla</p><p>defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”); art. 37, XXI (fala-se em “processo</p><p>de licitação”) e art. 41, § 1º, II (consta a expressão “processo administrativo”),</p><p>portanto, processo não é apenas o judicial, mas também o administrativo, dentro das</p><p>suas características peculiares.</p><p>No entanto, na esfera administrativa não existe coisa julgada, haja vista que a</p><p>ação judicial sempre poderá ser intentada, antes ou após a decisão administrativa</p><p>(art. 5º, XXXV, da CF). Inclusive, ainda na esfera administrativa também poderá</p><p>haver a revisão se sobrevier fatos novos ou prova da inocência do servidor.</p><p>No processo administrativo há também uma seqüência de atos, dirigida a um</p><p>fim. Portanto, havendo procedimento, há também processo, haja vista que o primeiro</p><p>é a face visível ou objetiva do processo.</p><p>Qualquer processo (judicial, administrativo ou legislativo) segue um</p><p>procedimento (rito), consistindo este na forma como o processo se realiza em cada</p><p>caso concreto</p><p>Processo consiste no método, ou seja, é a junção de atos sucessivos com o</p><p>intuito de conseguir um pronunciamento sobre determinada controvérsia, quer seja</p><p>ela em área judicial ou administrativa;</p><p>Para parte da doutrina pode até existir procedimento sem processo (ex. os</p><p>licitatórios), mas não existe processo sem procedimento.</p><p>Procedimento administrativo é o andamento do processo (o rito), ou seja, o</p><p>modo pelo qual anda o processo ou a maneira de se encadearem seus atos. Ocorre</p><p>no interior do processo, para viabilizá-lo.</p><p>O procedimento, segundo a doutrina, pode ser vinculado, quando existe lei</p><p>determinando a sequência dos atos (ex. concurso público, licitação etc.) ou</p><p>discricionário (livre), neste não há previsão legal de rito, seguindo apenas a praxe</p><p>administrativa (ex. processo administrativo disciplinar, em alguns casos).</p><p>3.2. PRINCÍPIOS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO COMUM E DISCIPLINAR.</p><p>Existem sete princípios básicos que norteiam o Processo Administrativo: o da</p><p>publicidade, da ampla defesa e do contraditório, da obediência às formas e</p><p>procedimentos legais (sendo estes inerentes ao processo como um todo),</p><p>oficialidade, gratuidade, atipicidade (princípios estes atinentes ao Processo</p><p>Administrativo).</p><p>Segundo preceitua o art. 2° da Lei n. 9.784/99, são princípios do processo</p><p>administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, dentre outros:</p><p>legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,</p><p>ampla defesa (ou garantia de defesa), contraditório, segurança jurídica, interesse</p><p>público e eficiência.</p><p>Além desses princípios, outros são inexoravelmente aplicáveis: devido</p><p>processo legal, isonomia, juiz natural, oficialidade (ou andamento de ofício),</p><p>informalismo (ou formalismo moderado), verdade material (ou real), pluralidade de</p><p>instâncias, publicidade, gratuidade, participação popular etc.</p><p>3.2.1. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OBJETIVA.</p><p>Todo processo administrativo disciplinar deve fulcrar-se em norma legal</p><p>específica, autorizando a atuação administrativa somente se estiver conforme a lei.</p><p>3.2.2 - PRINCÍPIO DA FINALIDADE.</p><p>A Administração Pública, na instauração, tramitação e julgamento do</p><p>processo administrativo disciplinar, deve sempre agir voltada para o atendimento do</p><p>interesse público, visando o bem comum da coletividade, sob pena de agir com</p><p>desvio de finalidade, que é uma forma de abuso do poder, acarretando a nulidade do</p><p>ato ou do processo todo.</p><p>3.2.3. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO.</p><p>Todo ato administrativo deve ser público. Portanto, todos os atos do processo</p><p>administrativo também devem ser divulgados pelos meios oficiais. As certidões</p><p>também devem ser fornecidas aos interessados (art. 5º, XXXIV, da CF).</p><p>Princípio que é inerente aos regimes políticos democráticos é o Princípio da</p><p>Publicidade, pois abrange toda a atuação estatal, estando os atos concluídos ou em</p><p>formação.</p><p>Destarte, a sua aplicação no Processo Administrativo Disciplinar, nada mais é</p><p>que uma consequência fundamental da sua essência de conferir transparência aos</p><p>atos administrativos.</p><p>Sem publicação, não fluem os prazos para impugnação administrativa ou</p><p>anulação judicial, quer o de decadência para impetração de mandado de segurança</p><p>(120 dias da publicação), quer os de prescrição da ação cabível.</p><p>É de se olvidar, ainda, que a publicidade, não é um requisito de forma do ato</p><p>administrativo, é requisito de eficácia e moralidade. Sendo assim, os atos irregulares</p><p>não se convalidam com a publicação, nem os regulares a dispensam para sua</p><p>exequibilidade, quando a lei ou regulamento a exigem.</p>

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