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<p>11</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI</p><p>Altevir Lima Benevenuto</p><p>A SEGURANÇA PRIVADA COMO ALIADA DO SISTEMA NACIONAL DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA NO COMBATE À CRIMINALIDADE NO BRASIL</p><p>CRUZEIRO DO SUL/AC</p><p>2022</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI</p><p>Altevir Lima Benevenuto</p><p>A SEGURANÇA PRIVADA COMO ALIADA DO SISTEMA NACIONAL DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA NO COMBATE À CRIMINALIDADE NO BRASIL</p><p>Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do título especialista em Segurança Pública.</p><p>CRUZEIRO DO SUL/AC</p><p>2022</p><p>A SEGURANÇA PRIVADA COMO ALIADA DO SISTEMA NACIONAL DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA NO COMBATE À CRIMINALIDADE NO BRASIL</p><p>Altevir Lima Benevenuto</p><p>Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.</p><p>Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços). “Deixar este texto no trabalho”.</p><p>RESUMO- O presente trabalho de conclusão de curso, do Programa de Pós-Graduação em Segurança publica, apresenta como tema a Segurança Privada Como Aliada do Sistema Nacional de Segurança Pública no Combate à Criminalidade no Brasil. Por meio da metodologia da pesquisa bibliográfica, o trabalho tem o objetivo de apresentar possíveis soluções para o desenvolvimento da colaboração mútua entre os setores público e privado de segurança, visando maior eficácia na prevenção e no combate à violência no Brasil. O aumento constante da criminalidade no País, a partir do final do século XX, associado à ineficiência do Estado em cumprir o seu dever constitucional de prover a segurança à sociedade, por meio dos seus órgãos de segurança pública, tem gerado crescente sensação de insegurança nos cidadãos. Percebe-se neste cenário a principal justificativa para o crescimento dos serviços privados de segurança no País. Como prática comum e crescente, a sociedade e o próprio setor público recorrem às empresas de segurança privada com o intuito de garantir proteção mais eficaz para os seus ativos e patrimônios. A despeito do receio que ainda há sobre o ingresso da iniciativa privada no que antes era considerado monopólio estatal do uso legítimo da força, o Estado já reconhece a necessidade da complementariedade do setor. Ao longo da pesquisa são analisadas questões essenciais para a viabilização da contribuição mútua entre os setores, como a legislação vigente, o processo de formação dos profissionais de ambos os setores, a quebra de paradigmas culturais, o modelo de polícia utilizado no Brasil e os limites da abertura à privatização. A partir de iniciativas públicas, privadas ou oriundas do próprio seio da comunidade, como um exemplo mostrado neste trabalho, nota-se que há espaço para progressos na direção proposta - somatório de esforços - com a adoção de medidas eficientes, que podem proporcionar ganhos em segurança para os cidadãos, instituições e para o próprio Estado Brasileiro.</p><p>Palavras-Chave: Segurança Pública. Segurança Privada. Integração</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Poucas questões no Brasil e no mundo atual atraem tantas preocupações quanto à violência e o avanço da criminalidade. O tema da segurança, no seu sentido mais amplo, envolvendo todos os atores responsáveis ou passíveis de contribuir para o controle social e o aumento do bem estar social, está no centro da agenda política da atual. A criminalidade está presente de forma indiscriminada em países de primeiro e de terceiro mundos, impondo às sociedades o desafio de descobrir maneiras eficientes para lidar com a questão de tamanha complexidade. Os índices referentes à criminalidade no Brasil vêm crescendo consideravelmente nas últimas décadas. Fatores como o aumento da desigualdade social, a grande concentração populacional nos grandes centros urbanos, somada a falta de infraestrutura de apoio, a expansão do tráfico de drogas e o desenfreado crescimento populacional, contribuem para este fenômeno. A criminalidade se multiplica, amplia suas modalidades e se infiltra por todos os setores e ambientes da sociedade, desafiando as instituições voltadas para o seu controle.</p><p>No Brasil, para a sua segurança, a população depende da atuação do Estado, o qual possui o dever constitucional de promover ações e medidas que permitam o controle social de forma ampla, oferecendo estímulos positivos para que os cidadãos possam conviver em paz entre si. O monopólio da violência física é legitimado somente ao Estado. Apenas este pode usar da força para fornecer aos cidadãos a segurança necessária por meio da prevenção e repressão de comportamentos criminosos, lesivos ao próprio Estado e à integridade física, moral e patrimonial dos cidadãos. Todavia, as dificuldades que se apresentam aos Órgãos de Segurança Pública no Brasil são inúmeras e acabam por causar a ineficácia no controle da criminalidade.</p><p>Fruto deste cenário, verifica-se no Brasil o elevado e o constante crescimento do setor privado de segurança, com a multiplicação de empresas voltadas para a segurança de pessoas, de patrimônios particulares, de instituições financeiras e de transporte de valores. Setores públicos e parcela crescente da população, influenciados pela sensação de insegurança, recorrem a estas empresas buscando garantir sua proteção. Entretanto, a segurança privada ainda é vista com grande preconceito, devido a fatores como a carência de atualização da normatização, a elevada atuação de empresas ilegais e ao baixo nível de profissionalização do setor. Nota-se, porém, que o efetivo de vigilantes (denominação</p><p>convencionada ao profissional da segurança privada) é consideravelmente superior ao do somatório de todos os profissionais dos órgãos de segurança pública do País, aspecto que também faz despertar sentimento de receio no Estado. Presentes por todo o País, as empresas de segurança privada são controladas e fiscalizadas pelo Estado através da Polícia Federal, e o setor é regulamentado a nível federal.</p><p>A complexidade e os índices atuais da criminalidade não deixam dúvidas sobre a incapacidade do Estado em prover a segurança plena à sociedade brasileira, e fazem com que a atuação das empresas privadas de segurança seja não só desejada como necessária no presente cenário. As opiniões se divergem quanto ao incentivo ao setor, entretanto, percebe-se que não há outro caminho senão estudar a melhor forma de empregá-lo, de maneira que exerça eficiente complementariedade ao trabalho dos órgãos de segurança pública. Atualmente, as áreas e formas de atuação de cada setor estão bem definidas, haja vista evitar a sobreposição de responsabilidades e a garantir que os direitos constitucionais dos cidadãos não sejam feridos. Portanto, é neste ponto que se encontra o nosso problema: há no Brasil dois seguimentos voltados para garantir a segurança da sociedade, o público e o privado. Então, de quais maneiras a Segurança Privada no Brasil pode contribuir, de forma sistematizada, com os Órgãos de Segurança Pública no combate à criminalidade no Brasil?</p><p>Portanto, considerando o cenário atual do Brasil, à organização, à regulamentação e o emprego dos Órgãos de Segurança Pública, e a crescente atuação das empresas privadas voltadas para a segurança, este trabalho de pesquisa tem o objetivo</p><p>geral de apresentar possíveis soluções para o desenvolvimento da colaboração mútua entre os setores público e privado de segurança, visando maior eficácia na prevenção e no combate à violência no País. A pesquisa também apresenta análises sobre as características gerais e a legislação que regula os dois setores, aborda experiências já vivenciadas no Brasil e no exterior, com a finalidade de apresentar oportunidades de integração sistemática. A análise do conteúdo teórico com a intensão de transportá-lo para medidas práticas faz crescer a importância deste trabalho. Nota-se que a presente pesquisa trata de tema de interesse direto da população, haja vista o seu anseio por medidas que conduzam a uma maior sensação de segurança. As pessoas almejam poder ir e vir com tranquilidade, conduzir seus empreendimentos comerciais sem medo de terem seu patrimônio roubado, de entrarem em instituições financeiras e sentirem protegidos, ou seja, de terem seus direitos constitucionais plenamente garantidos. Como o Estado, sozinho, não consegue cumprir com eficácia o seu dever previsto na Constituição Federal em vigor, outras soluções possíveis certamente atraem o interesse social. Portanto, este trabalho mergulha no impasse que existe entre a certeza sobre a importância da união de esforços entre</p><p>os setores público e privado de segurança no Brasil, e a forma de como e onde permiti-la, a fim de apresentar possíveis oportunidades.</p><p>Com este intuito, a pesquisa trilhou uma sequência lógica de abordagens para alcançar o seu objetivo principal. Inicialmente, buscou-se realizar uma ambientação sobre o cenário atual da violência no Brasil e no mundo, focando na sua diversidade e complexidade. A partir de então, é analisado o papel do Estado Brasileiro como responsável pela condução das ações de controle social no País, expondo suas limitações e vulnerabilidades. Em seguida, passa-se a tratar sobre a evolução da segurança privada, com abordagens sobre suas características e particularidades no Brasil. Construída a fotografia do que já fato, inicia-se o estudo sobre os possíveis caminhos para a integração dos setores público e privado de segurança. Um caso real, prático e bem sucedido em uma comunidade, é explorado para mostrar uma possibilidade e a viabilidade de projetos neste sentido. Entretanto, com o intuito de mostrar que o assunto é muito mais complexo do que parece, é explorado o exemplo dos Estados Unidos da América, que abriram as portas para a privatização da segurança. Por fim, o trabalho mostra que o tema apresenta um campo fértil para discussões e possibilidades, mas que o caminho é longo e ávido por mudanças, adaptações e correções no sistema de segurança vigente no País.</p><p>DESENVOLVIMENTO</p><p>Poucas questões no mundo atual atraem tantas preocupações quanto à violência e o avanço da criminalidade. Este fenômeno é facilmente justificado haja vista a segurança ser uma das necessidades básicas mais importantes de qualquer sociedade. Desde os primórdios da humanidade o homem usa os meios disponíveis a sua época para conseguir se alimentar, se manter saudável e se proteger. O homem também é um ser essencialmente social e para sua sobrevivência necessita relacionar-se com o mundo que o cerca, ou seja, pessoas, natureza, grupos sociais e instituições. Entretanto, é sabido que nem sempre é harmônica a relação entre a vida em comunidade e a segurança. A disputa por espaço, por dinheiro, por condições privilegiadas, ou pela simples busca desesperada por melhores condições de sobrevivência, são alguns dos fatores causadores dos conflitos sociais do mundo moderno.</p><p>A desigualdade social se mostra o problema central e causador de todas as vertentes e variedades de tipos de violência. Em busca de melhores condições devida, grandes contingentes populacionais deixaram a vida rural para superlotar cidades sem condições de infraestrutura para ampará-los. A falta de educação, de emprego, de condições sanitárias mínimas e de alimentação, leva milhares de pessoas ao limite da sobrevivência. Então, para muitos destes parece só haver soluções como, roubar, matar, traficar, etc. A criminalidade do mundo atual está cada vez mais complexa e impregnada em todos os setores da sociedade, entre os ricos e pobres. Está mais diversificada pelo tráfico de drogas e de pessoas, pela corrupção generalizada, indo até os conflitos violentos no trânsito, nas comunidades e nas famílias. No Brasil, um estudo apresentado por Júlio (2014), consolidado no Mapa da Violência 2014, mostra que entre 2002 e 2012, o número total de homicídios registrados pelo Ministério da Saúde passou de 49.695 para 56.337, sendo o maior registrado no País. Mostra, também, que nenhuma capital, em 2012, teve taxa de homicídio abaixo do nível epidêmico. Números como os apresentados por Júlio mostram que a criminalidade é uma tendência já confirmada é a disseminação da violência nas diferentes regiões e cidades.</p><p>Percebe-se, então, um comprometimento crescente da paz social no mundo e no Brasil, repercutindo na rotina diária dos cidadãos e gerando nestes um sentimento de impotência e de falta de proteção.</p><p>O tema segurança pública é carente de publicações acadêmicas, e talvez este seja o grande motivo da freqüente ocorrência no Brasil e no mundo, de tentativas imediatistas e pouco fundamentadas para tratar o assunto, muitas vezes contaminadas por manipulação política e com apresentação de objetivos e resultados questionáveis. Confrontos envolvendo medidas radicais como a de “tolerância zero” e propostas mais humanistas geram acaloradas discussões desprovidas de análises mais aprofundadas e fundamentadas. Mas afinal, com quem o cidadão brasileiro pode contar. De quem é a atribuição de zelar pela segurança pública no País?</p><p>A polícia rodoviária federal tem a função de realizar o patrulhamento ostensivo das rodovias federais e a polícia ferroviária federal encarrega-se do patrulhamento das ferrovias. As polícias civis, nos casos que não forem competência da União, atuam como polícia judiciária na apuração de infrações penais, exceto as militares. As polícias militares, como polícia administrativa, atuam como polícia ostensiva e na preservação da ordem pública. Já os bombeiros militares têm a incumbência das atividades voltadas à defesa civil. No âmbito dos municípios podem ser previstas, também, as guardas municipais, com o encargo de proteger os bens, serviços e instalações dos mesmos.</p><p>O Estado, portanto, dispõe de um aparato de segurança organizado e que poderia estar suprindo os anseios por segurança da sociedade. Entretanto, não é o que se pode observar quando os cidadãos são questionados sobre assunto. O governo federal procura manter reserva e distância quando se trata do tema segurança pública no Brasil. Uma vez que, por determinação constitucional, o controle das polícias militar e civil fica a cargo dos estados, suspeita-se de que não há interesse por parte da União em mostrar maior responsabilidade sobre o assunto, trazendo para si a centralização do estudo para a adoção de medidas mais efetivas, as quais, normalmente, mostram resultados de longo prazo. Certamente, como se trata de assunto de difícil e demorada solução, é melhor para governo federal que os estados continuem com esta “mancha” de ineficiência.</p><p>Essa constatação se baseia principalmente no fato de que a presença da polícia ostensiva apenas evita a prática do crime momentaneamente, pois resulta apenas no deslocamento da criminalidade, sem evitar que o crime seja praticado.</p><p>Outro aspecto a considerar é a necessidade de “sintonia fina” entre a polícia judiciária, onde o ciclo começa, e o Poder Judiciário, onde o ciclo se fecha com o julgamento. Considera-se esta uma grande resposta para se reduzir o número de crimes, pois apenas o criminoso preso ou que tenha a certeza de que o será deixa de praticar novos delitos. Portanto, é fundamental a existência de um sistema de justiça criminal forte, aparelhado e equilibrado. A falta de organização e equilíbrio de efetivos e encargos faz com que policiais que deveriam</p><p>estar trabalhando ostensivamente estejam envolvidos com processos investigativos e vice-versa.</p><p>Portanto, a impunidade tem sido uma doença crônica, causadora de descrédito por parte da população sobre todo o sistema judiciário no País. Há grande necessidade do governo federal em desenvolver iniciativas, através do Ministério da Justiça, para as mudanças legais e nos aparatos da Justiça e execução penal para reduzir as brechas da impunidade e assegurar a punição ágil dos criminosos como instrumento de dissuasão.</p><p>Verifica-se do exposto que a problemática do provimento do nível de segurança desejável pela população é um tema de grande complexidade, na medida em que são necessárias mudanças de monta, que vão desde a reorganização estrutural e funcional no âmbito órgãos de segurança pública, até a reformulação do sistema judiciário. Só assim, será possível ao Estado cumprir o seu dever constitucional de garantir a segurança da sua população.</p><p>O resultado de toda essa problemática envolvendo a atuação do Estado na promoção da segurança à sociedade brasileira, é a busca dos cidadãos e instituições de formas mais eficientes para garantir a sua proteção. Segundo AUSEC (2013), com o intuito de resolver a questão da segurança pública, [...] “já existem projetos de lei, que se propõem a evoluir o sistema, fazendo com que a morosidade e a ineficiência sejam peças do passado. Porém, até que chegue esse momento tão desejado por toda a sociedade, em que a polícia deixe de ser reativa e passe a atuar preventivamente de fato, precisamos de medidas alternativas.”</p><p>A solução mais procurada, então, tem sido o pagamento às empresas privadas pela prestação de serviços de vigilância. Como forma alternativa, algumas empresas e instituições têm preferido adotar no quadro organizacional, o seu setor próprio de segurança, chamado de serviço orgânico de segurança. Entretanto, tudo tem o seu preço e nem todos têm condições de pagar. A sensação de insegurança tem sido o fator motivador do crescimento da segurança privada, criando o que muitos doutrinadores chamam de “indústria” da segurança, tamanha a expansão e a oferta de tal serviço. Portanto, na ausência de um serviço eficiente de segurança prestado pelo Estado, que o tem como obrigação, quem tem mais, gasta mais e se protege melhor, até por ser sempre um alvo mais visado pelos criminosos. Conforme a portaria nº 387/2006, do Departamento da Polícia Federal (DPF), são consideradas atividades de segurança privada: vigilância patrimonial, transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e cursos de formação.</p><p>Segundo AUSEC (2013) o crescimento acelerado da segurança privada com a expansão e a oferta de tal serviço fez aumentar a concorrência empresarial no setor. Empresas cada vez buscam se aperfeiçoar e se modernizar, proporcionando serviços diferenciados, de forma a atender as demandas atuais, driblando os constantes aumentos da criminalidade. Entretanto, um grande problema é o fato de que ainda assim, existe no mercado um número altíssimo de empresas funcionando sem estarem regularizadas, empregando material inadequado e, principalmente, pessoal sem a devida formação. Na realidade, são empresas que oferecem um grande risco aos contratantes e se aproveitam das fragilidades das famílias e dos empresários, oferecendo serviços que nunca são entregues, se aproveitando das falhas do sistema.</p><p>Cardoso (2011) afirma que “muitas empresas oferecem ao mercado, profissionais muitas vezes sem a mínima qualificação, tudo para atender à demanda e concorrer em tão atraente negócio. Como não é tão barato se proteger, a clandestinidade e seus preços atrativos cresceram paralelamente ao mercado regular.” Este certamente é o principal motivo dos corriqueiros casos de abusos por partes dos vigilantes, das situações ilícitas originadas por suas condutas desmedidas e do cada vez maior número de demandas judiciais que envolvem algum ente da segurança privada, tanto na esfera cível quanto criminal.</p><p>Zanetic (2009) destaca que o setor tem sua demanda disseminada em diferentes setores da sociedade, sendo os principais contratantes dos serviços de segurança privada o setor público, os bancos, as indústrias e o setor de serviços, sendo o setor público o maior contratante. Na maioria dos países o contingente de vigilantes supera, em muito, o de policiais, formando um verdadeiro exército privado. No Brasil a situação é ainda pior, pois o policiamento sucateado faz a categoria privada ganhar ainda mais importância junto à sociedade. O sucateamento da polícia acaba gerando outro problema à sociedade brasileira, que é o do segundo emprego do policial, que diante de salários tão defasados se vê obrigado a compor sua renda trabalhando em seus horários de descanso, exercendo o chamado “bico”, o qual se dá principalmente com o exercício de atividades de segurança privada.</p><p>O grande efetivo existente no País de profissionais das empresas de segurança (vigilantes), o qual extrapola, de forma considerável, o número de agentes dos órgãos de segurança pública, é um dos aspectos que impactam na desconfiança e no preconceito para com o setor, haja vista a carência de controle eficiente sobre o seguimento. Segundo Coelho (2011), no Brasil, para cada agente da segurança pública temos de dois até quatro vigilantes atuando na segurança privada, com um crescimento de 60%, entre 2006 e 2011, no contingente de profissionais cadastrados na Polícia Federal.</p><p>Outro fator que faz aumentar o receio do cidadão para com o setor privado de segurança é o baixo nível de escolaridade exigido dos seus agentes. Atualmente, o vigilante precisa ter concluído somente o ensino fundamental. Este aspecto é considerado fundamental quando se questiona se este nível de formação é suficiente para que um agente de segurança corresponda ao que se espera dele, principalmente quanto ao seu nível de discernimento para agir em situações complexas envolvendo risco.</p><p>Entretanto, já não se enxerga mais a possibilidade da sociedade atual viver em se-gurança sem a atuação da segurança privada. Embora sua existência precise ainda de muitos ajustes e continue causando implicações negativas, é impossível imaginar que o Estado vá assumir a responsabilidade pela segurança. No cenário de violência do mundo atual a inter-venção da iniciativa privada acabou se configurando como um "mal necessário" diante do su-cateamento dos serviços públicos de segurança. No entanto, segundo Cardoso (2011) é muito importante que a segurança privada fique adstrita à função de auxiliar da segurança pública. O Estado deve admitir a importância da segurança privada e a existência dos problemas ligados a ela, sendo mais efetivo em sua regulação e fiscalização, para que a prestação de serviços de segurança não acabe por produzir ainda mais danos à sociedade.</p><p>Entretanto, a despeito dos números apresentados, os quais conferem à segurança privada um grau de importância considerável para fins de contribuição na manutenção do controle social, no Brasil as discussões sobre formas de adotar parceiras entre os setores público e privado caminham de forma lenta. Neste sentido, iniciativas de alguns estados já são percebidas nos últimos anos como, por exemplo, o primeiro simpósio sobre segurança privada ocorrido em Aracajú-SE, o qual teve como tema “As Relações da Segurança Privada e Pública Após a Copa do Mundo”. (COELHO, 2011). De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de Sergipe (SINDESP/SE), durante o encontro foi discutido sobre o trabalho desenvolvido pela segurança pública e privada para o sucesso da Copa do Mundo de 2014.</p><p>A forma de atuação dos órgãos de segurança pública do País carrega hoje traços predominantes e decorrentes das motivações das suas origens, principalmente dos órgãos encarregados pelas atividades de polícia. A polícia nasceu com a missão de combater a criminalidade que vem se tornando mais complexa com o passar do tempo. Conforme já apresentado neste trabalho, verifica-se a grande dificuldade do poder público em reduzir os</p><p>crescentes índices de criminalidade na maioria dos estados do País e muitas são as justificativas: a falta de efetivo, a omissão do Estado, a necessidade de reestruturação das polícias, a necessidade de mudanças na legislação penal, etc. Entretanto, verifica-se que criminalidade e segurança são assuntos que sempre geraram acaloradas discussões nos mais diversos setores e ambientes da sociedade.</p><p>Considerando apenas o que se espera das forças policiais, porém, há grande dificuldade em definir o que se quer. Há correntes que defendem a necessidade de enfatizar a prisão dos culpados, fazendo com que a polícia opere como um braço da justiça criminal. Outras defendem que sejam priorizadas as ações voltadas para a redução da criminalidade. Segundo Rolim (2006) tais correntes apresentam o seguinte conflito – prevenir o crime é um objetivo que pode ser alcançado mediante a presença ostensiva dos policiais nas ruas, de tal forma que se crie uma sensação de onipresença policial para que os eventuais delinquentes mudem de ideia quanto a realização de atos criminosos. Esta última medida, talvez por ser mais visível politicamente, venha sendo mais empregada e destacada em detrimento de ações voltadas para atuar nas causas do problema.</p><p>Entretanto, cada vez mais, países desenvolvidos e democráticos vêm percebendo as vantagens de se adotar modelos de polícia que se caracterizam pela proximidade entre o policial e o cidadão. Este modelo, denominado policiamento comunitário, quebra o paradigma da polícia que causa medo aos cidadãos. Pelo contrário, objetiva o estreitamento do contato com estes com o intuito de aumentar a confiança mútua. O policial passa a ser reconhecido como um amigo, pacificador e interessado nos problemas individuais e coletivos da comunidade onde atua.</p><p>CONCLUSÃO</p><p>O estudo da argumentação apresentada ao longo deste trabalho de pesquisa, juntamente com a análise do caso prático exposto, verifica-se que a união de esforços entre os setores público e privado de segurança é um caminho bastante viável para a melhoria das condições de segurança da população. O cenário da criminalidade atual em todo o País, confrontado com o poder de reação do Estado, revela a nítida incapacidade do poder público de resolver, sozinho, problema de tamanha dimensão complexidade. A pesquisa não deixa dúvidas, portanto, de que o poder público precisa viabilizar o aproveitamento do grande efetivo de profissionais e meios à disposição das empresas de segurança privada, que ainda por cima, conta com todo aparato tecnológico da atualidade destinado às ações de segurança.</p><p>Verificou-se que o esforço de aproximação entre as empresas de segurança privada e os órgãos de segurança pública no Brasil, tem um longo caminho a percorrer, repletos de obstáculos e de paradigmas a serem vencidos. Há urgência na alteração da regulamentação do setor privado. É preciso modificar o perfil profissional do vigilante e criar mecanismos mais rigorosos de fiscalização do setor, com o intuito de aumentar a credibilidade do mesmo. Somente desta forma será possível adequar a capacidade profissional dos vigilantes às expectativas da sociedade e à possibilidade de inseri-los ativamente neste processo de integração com o setor público.</p><p>Foi percebido que há grandes espaços para se explorar a integração entre os setores público e privado de segurança, particularmente no nível que se costuma chamar a “ponta da linha”, ou seja, o que compreende as ações dos agentes públicos e dos vigilantes. Percebeu-se, por exemplo, que os ambientes ligados às comunicações e às ações de inteligência seriam propícios para aprofundamentos. Porém, verificou-se que o sucesso de todo este processo seria muito facilitado pela intensificação da utilização no País, do modelo de polícia comunitária, o qual foca na aproximação entre o policial e o cidadão. Esta modificação cultural na nossa polícia, apresentaria uma instituição aberta para discussões mais amplas sobre soluções eficientes e duradouras para o combate e a prevenção à criminalidade.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>AUSEC AUTOMAÇÃO E SEGURANÇA. A insegurança no Brasil fomenta a segurança privada. Disponível em:< http://www.ausec.com.br/novidades/a-inseguranca-no-brasil-fomenta-a-seguranca-privada/163>. Acesso em: 2 fev. 2015.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.</p><p>BRASIL. Decreto Nº 6.061, de 15 de março de 2007. Aprova a Estrutura Regimenta e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Justiça, e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6061.htm> Acesso em 22 jan. 2015.</p><p>CARDOSO, Cíntia Menezes. A atuação das empresas de segurança privada no Brasil: investigação de casos encaminhados ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul . 2011. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Criminais) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.</p><p>COELHO, Fernando da Cruz. Gestão e modelos legais de segurança privada: um estudo em empresas orgânicas e especializadas. 2011. 107f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Empresariais da Universidade Fumec, Belo Horizonte, 2011. Disponível em: <.>. Acesso em 15 dez. 2014.</p><p>COSTA, Thiago Frederico de Souza. Qual o problema da segurança pública?. Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 3908, 14 mar. 2014. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/26882>. Acesso em: 24 fev. 2015.</p><p>FERNANDES, Fernando do Carmo: Inteligência ou informações? Revista Brasileira de Inteligência / Agência Brasileira de Inteligência, Brasília, v. 2, n. 3, p. 7-21, set. 2006.</p><p>LOPES, Cleber da Silva. 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São Paulo: Urbania.</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI</p><p>A SEGURANÇA PRIVADA COMO</p><p>ALIADA DO SISTEMA NACIONAL DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA NO COMBATE À CRIMINALIDADE NO</p><p>BRASIL</p><p>CRUZEIRO DO SUL/AC</p><p>2022</p><p>Altevir Lima Benevenuto</p><p>CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI</p><p>A SEGURANÇA PRIVADA COMO ALIADA DO SISTEMA NACIONAL DE</p><p>SEGURANÇA PÚBLICA NO COMBATE À CRIMINALIDADE NO</p><p>BRASIL</p><p>CRUZEIRO DO SUL/AC</p><p>2022</p><p>Altevir Lima Benevenuto</p>