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<p>MICROBIOLOGIA</p><p>ESTUDO DIRIGIDO – ANTIVIRAIS</p><p>Texto 1 – Visão geral</p><p>A maioria das doenças infecciosas que afeta o</p><p>homem e os animais são causadas por vírus. Estas</p><p>doenças ainda constituem um sério problema</p><p>principalmente em relação aos indivíduos infectados.</p><p>As diversas medidas sanitárias adotadas envolvem o</p><p>controle das doenças através do uso de vacinas.</p><p>Entretanto, quando o organismo já está infectado</p><p>dificilmente adotam-se medidas para seu tratamento.</p><p>A descoberta de compostos antivirais pode</p><p>ser comparada a revolução ocorrida na época do</p><p>desenvolvimento dos antibióticos e anuncia uma</p><p>nova era na medicina atual.</p><p>As doenças virais epidêmicas já causaram</p><p>muitas mortes no passado como a gripe espanhola e</p><p>em nossos dias como no caso da pneumonia asiática</p><p>ou SARS ("severe acute respiratory syndrome"),</p><p>continua causando mortalidade. A disponibilidade de</p><p>alternativas aos tratamentos convencionais colabora</p><p>para o controle das doenças causadas por vírus.</p><p>Nenhuma outra doença causa tanta debilidade como</p><p>as causadas por vírus e até recentemente essas</p><p>doenças são tratadas apenas pelo alívio dos sintomas</p><p>do que pelo ataque ao vírus propriamente dito.</p><p>Entretanto, com o problema da AIDS, tem ocorrido</p><p>uma expansão no aparato de drogas que são testadas</p><p>e muitas destas são aprovadas para uso médico</p><p>contra a AIDS e também para herpesvírus, vírus da</p><p>gripe e resfriado.</p><p>Os vírus pertencem a uma classe especial de</p><p>patógenos pois são intracelulares obrigatórios e</p><p>dependem da célula hospedeira para sua replicação.</p><p>Durante o processo de infecção ficam protegidos pela</p><p>própria membrana plasmática da célula hospedeira</p><p>contra os anticorpos do organismo. A maioria dos</p><p>vírus invade somente um tipo particular de célula e</p><p>geralmente atacam preferencialmente certos órgãos.</p><p>Para um dado vírus se replicar é necessário,</p><p>primeiramente, que ele entre na célula pela</p><p>transposição de uma barreira física que é a</p><p>membrana plasmática. Uma vez dentro da célula, o</p><p>vírus precisa replicar seu ácido nucleico utilizando</p><p>parte da maquinaria que normalmente é sintetizada</p><p>pela célula hospedeira. Depois o ácido nucleico e as</p><p>proteínas virais são transportadas na célula para</p><p>locais de montagem para a formação de nova</p><p>progênie de partículas virais infectantes que são</p><p>finalmente liberadas para fora da célula. Todos esses</p><p>processos fundamentais envolvem uma íntima</p><p>utilização de enzimas celulares e virais. Pelo fato da</p><p>replicação do ácido nucleico viral ser essencial para a</p><p>replicação do vírus não é surpresa que certas enzimas</p><p>envolvidas nesse processo sejam especificamente</p><p>fornecidas pelo vírus e este tipo de especificidade é</p><p>que consiste a base para a quimioterapia antiviral.</p><p>Assim como os vírus se replicam somente em</p><p>um tipo de célula hospedeira e são totalmente</p><p>dependentes das células para sua nutrição e</p><p>reprodução, a maioria dos agentes antivirais efetivos</p><p>deve penetrar na célula e prevenir a replicação viral.</p><p>Um agente antiviral ideal não deve interferir com os</p><p>mecanismos normais de defesa da célula contra a</p><p>infecção viral, mas sim deve complementar a</p><p>imunidade celular e a resposta humoral de anticorpos</p><p>para deter a reprodução viral.</p><p>Durante os estágios iniciais da infecção, a</p><p>atividade de muitas enzimas presentes na célula</p><p>hospedeira também aumenta como resultado da</p><p>necessidade do vírus de aumentar a síntese de ácido</p><p>nucleico e proteínas virais exigidas pela progênie.</p><p>Este processo estimula a atividade de certas enzimas</p><p>controladas pelo hospedeiro e novas enzimas podem</p><p>ser produzidas de acordo com a especificação do</p><p>código do ácido nucleico viral. Estas enzimas podem</p><p>efetuar e cumprir a tarefa de enzimas celulares</p><p>semelhantes, mas também podem ter propriedades</p><p>físicas e químicas bem diferentes e, de fato, executar</p><p>processos para a replicação viral muito mais rápida</p><p>do que fariam as enzimas da célula. Deste modo, uma</p><p>das finalidades da quimioterapia antiviral é</p><p>seletivamente inibir ou as enzimas induzidas pelo</p><p>vírus ou as codificadas pelo vírus utilizando um</p><p>produto natural que não afete especificamente as</p><p>enzimas normalmente envolvidas em processos</p><p>bioquímicos semelhantes na célula hospedeira. Uma</p><p>substância antiviral deve reunir diversas</p><p>características como: apresentar grande espectro de</p><p>atividade antiviral sendo efetivo para um grande</p><p>grupo de vírus; ter potência suficiente para a</p><p>completa inibição da replicação viral, pois inibição</p><p>incompleta pode apenas prolongar a doença; ter</p><p>propriedades farmacocinéticas favoráveis para reagir</p><p>apenas no órgão alvo aonde a infecção viral pode</p><p>estar localizada.</p><p>Um agente antiviral ideal também deve</p><p>apresentar um mínimo de toxicidade para a célula</p><p>hospedeira, e não deve suprimir o processo normal</p><p>do desenvolvimento da imunidade ativa do indivíduo,</p><p>também não pode ser suscetível ao desenvolvimento</p><p>de resistência de variantes virais o que é um grande</p><p>problema encontrado em tratamentos de infecções</p><p>bacterianas com antibióticos.</p><p>Programas para testar ao acaso agentes</p><p>antivirais têm encontrado uma série de dificuldades,</p><p>pois os pontos de ataque diferencial específico para</p><p>os vírus são muito pequenos, além disso, a íntima</p><p>relação intracelular do vírus com a célula hospedeira</p><p>torna extremamente difícil encontrar um antiviral</p><p>específico sem afetar a célula hospedeira.</p><p>As linhagens celulares são as mais</p><p>empregadas durante os bioensaios de seleção de</p><p>prováveis substâncias inibidoras pela avaliação de sua</p><p>efetividade e toxicidade. O biomonitoramento da</p><p>replicação viral nas linhagens celulares pode ser feito</p><p>através da observação do efeito citopático, formação</p><p>de placas entre outros. A determinação do potencial</p><p>inibidor de uma determinada substância pode ser</p><p>expressa através de vários índices que comparam os</p><p>títulos dos vírus do controle e do tratado com a</p><p>substância de modo a averiguar redução da infecção</p><p>viral na célula hospedeira mantendo a sua</p><p>integridade.</p><p>Na prática é muito difícil encontrar um</p><p>antiviral ideal e também não existe um teste ideal,</p><p>pois os bioensaios examinam indiretamente o efeito</p><p>do agente antiviral sobre as células infectadas.</p><p>Muitas substâncias com propriedades</p><p>antivirais tem sido identificadas e seus mecanismos</p><p>de ação elucidados. Existem muitas drogas que</p><p>apresentam atividade antiviral “in vitro”, não sendo</p><p>raras as que possuem atividade contra infecções em</p><p>animais. No entanto, poucas tem sido utilizadas para</p><p>tratamentos de infecções virais devido a toxicidade,</p><p>espectro de ação limitado ou falta de evidências para</p><p>garantir sua aplicação específica.</p><p>Doenças virais epidêmicas ainda levam a</p><p>muitas mortes em rebanhos bovinos e suínos, como</p><p>também, em aves, causando prejuízos econômicos à</p><p>pecuária, mesmo em planteis vacinados. Uma delas a</p><p>doença de Aujeszky que está presente em quase</p><p>todos os países com suinocultura industrial e é</p><p>considerada uma das principais doenças infecciosas</p><p>do suíno devido aos elevados prejuízos econômicos</p><p>que acarreta provocando alta mortalidade que pode</p><p>atingir 100% em leitões de menos de 2 semanas de</p><p>idade, e em torno de 50% em leitões de 3 semanas e</p><p>decresce para menos de 5% em suínos adultos. Após</p><p>a infecção inicial com o vírus da doença de Aujeszky</p><p>(herpesvirus de suíno) desenvolvem-se infecções</p><p>latentes que persistem por toda vida do suíno, as</p><p>quais, passíveis de reativação por uma série de</p><p>fatores, constituem grave problema no controle da</p><p>doença.</p><p>Atualmente, ainda utiliza-se o descarte de</p><p>animais infectados com o objetivo de erradicação da</p><p>doença. Entretanto, trata-se de medida muito</p><p>onerosa para regiões onde a virose é endêmica,</p><p>então se utilizam vacinas com vírus inativado ou</p><p>atenuado, porém mesmo assim a infecção não é</p><p>prevenida podendo ocorrer o estabelecimento de</p><p>latência com vírus virulento, mas as vacinas são</p><p>amplamente empregadas visando a redução da</p><p>manifestação clínica da doença e das perdas</p><p>econômicas.</p><p>Outro vírus que também tem causado muitos</p><p>prejuízos à pecuária nacional</p><p>trata-se do herpesvírus</p><p>de bovino (BHV-1) ou vírus da rinotraqueíte</p><p>infecciosa dos bovinos. Nestes casos também ocorre</p><p>latência e vacinas não são muito eficientes.</p><p>Texto 2 – Visão específica</p><p>O controle de algumas doenças virais através</p><p>da quimioterapia foi uma grande conquista das</p><p>últimas décadas. Devido à característica peculiar dos</p><p>vírus, que é a de agir como um parasita intracelular</p><p>obrigatório, durante muito tempo achou-se que seria</p><p>impossível o desenvolvimento de drogas contra estes</p><p>agentes. Mas a identificação de enzimas produzidas</p><p>por estes próprios agentes, e que os possibilitam</p><p>replicar no interior das células, impulsionou os</p><p>estudos de drogas capazes de inibir tais enzimas, de</p><p>modo a não danificar as células do hospedeiro.</p><p>Considerando que todas as fases do ciclo de</p><p>replicação viral requerem a participação de uma</p><p>enzima, o bloqueio de qualquer uma das referidas</p><p>fases acarretaria na não formação da partícula</p><p>infecciosa. Tais etapas do ciclo de replicação viral</p><p>incluem: adsorção, penetração, desnudamento,</p><p>síntese, maturação e liberação da progênie viral da</p><p>célula hospedeira.</p><p>As drogas antivirais podem atuar interferindo</p><p>em qualquer uma das etapas da replicação viral:</p><p>adesão à célula, penetração, eliminação do</p><p>envoltório viral para liberar seu material genético e</p><p>produção de novas partículas virais por parte da</p><p>célula. Como os vírus somente replicam no interior</p><p>das células e utilizam as mesmas vias metabólicas</p><p>que as células sadias, as drogas antivirais são</p><p>frequentemente mais tóxicas para as células</p><p>humanas que os antibióticos.</p><p>Mecanismos gerais de ação dos antivirais:</p><p>AMANTADINA e RIMANTADINA: inibem a penetração</p><p>da partícula viral no hospedeiro, bloqueiam a</p><p>desencapsulação do genoma viral e a sua</p><p>subsequente transferência para a célula hospedeira.</p><p>ZANAMIVIR e OSELTAMIVIR: inibidores de</p><p>neuraminidase.</p><p>PARAMIVIR: impede a liberação de novos vírus da</p><p>célula infectada.</p><p>RIBAVARINA: análogo sintético da guanosina e que</p><p>tem ação direta contra DNA e RNA vírus, inibindo a</p><p>ação da DNA polimerase vírus dependente.</p><p>ACICLOVIR, VALACICLOVIR, PENCICLOVIR e</p><p>FANCICLOVIR: Inibição competitiva da DNA</p><p>polimerase. O Aciclovir é incorporado no DNA viral,</p><p>impedindo o alongamento da cadeia de DNA. No caso</p><p>do Valaciclovir, este é convertido em Aciclovir</p><p>quando ingerido. Já o Penciclovir apresenta potência</p><p>cem vezes menor que o Aciclovir.</p><p>CIDOFOVIR, GANCICLOVIR e VALGANCICLOVIR: atuam</p><p>na terminação da cadeia de DNA por fosforilação, na</p><p>posição 3’.</p><p>FOSCARNET: inibe a DNA polimerase, a RNA</p><p>polimerase e a transcriptase reversa.</p><p>FOMIVIRSEM: complementar à sequência de bases,</p><p>hibridiza-se e bloqueia a tradução do RNAm do CMV,</p><p>inibindo a síntese de proteínas e a replicação viral.</p><p>INTERFERONS: liga-se a receptores de superfície em</p><p>células infectadas, inibindo a transcrição e a tradução</p><p>de RNAm viral.</p><p>IMIQUIMOD: indutor tópico de citocinas (substância</p><p>do sistema imune) que potencializa a produção de</p><p>interferon, o qual apresenta efeito antiviral.</p><p>Os interferons são uma classe de proteínas</p><p>antivirais produzidas por determinadas células</p><p>animais, como linfócitos e macrófagos, logo após a</p><p>estimulação viral, sendo uma de suas principais</p><p>funções interferir com a multiplicação viral. Eles são</p><p>hospedeiro-específicos mas não vírus-específicos;</p><p>assim, interferons produzidos por células humanas</p><p>protegem essas células, mas não de outras espécies</p><p>animais. Entretanto, os interferons produzidos por</p><p>uma célula, irão protegê-la contra vários vírus</p><p>diferentes.</p><p>Do mesmo modo que diferentes espécies</p><p>animais produzem interferons diferentes, tipos</p><p>celulares distintos no mesmo animal produzem</p><p>interferons diferentes. Existem 3 tipos de interferons:</p><p>interferon α e interferon β, que atuam em casos de</p><p>infecção viral, e interferon γ, que atua em caso de</p><p>infecção bacteriana; há também vários subtipos</p><p>dentro desses grupos principais.</p><p>Os interferons α e β são produzidos em</p><p>pequenas quantidades pelas células infectadas por</p><p>vírus, difundindo-se para as células vizinhas não</p><p>infectadas. Eles interagem com receptores nas</p><p>membranas plasmáticas ou nucleares induzindo as</p><p>células não infectadas a produzirem o RNAm para a</p><p>síntese de proteínas antivirais. Essas proteínas são</p><p>enzimas que interrompem os vários estágios da</p><p>multiplicação viral.</p><p>Devido a seus efeitos benéficos, os</p><p>interferons parecem ser substâncias antivirais ideais,</p><p>porém existem alguns problemas. Por alguma razão,</p><p>os interferons são eficazes apenas por um curto</p><p>período e não permanecem estáveis por longos</p><p>períodos no organismo. Quando injetados, eles</p><p>apresentam efeitos colaterais como náusea, fadiga,</p><p>dor de cabeça, vômito, perda de peso e febre.</p><p>Algumas concentrações são tóxicas para coração,</p><p>fígado, rins e medula óssea. Tipicamente, eles</p><p>exercem sua principal função em infecções agudas e</p><p>de curto prazo. Outro problema é que eles não têm</p><p>efeito sobre a multiplicação viral em células já</p><p>infectadas. Alguns vírus apresentam mecanismos que</p><p>inibem as proteínas antivirais produzidas pela</p><p>indução dos interferons e outros vírus não induzem a</p><p>produção de quantidades suficientes de interferon</p><p>nas células hospedeiras após estimulação viral.</p><p>Texto 3 – Visão aplicada na Medicina Veterinária</p><p>A cinomose é uma enfermidade</p><p>infectocontagiosa, causada por um RNA vírus, da</p><p>Família Paramyxoviridae, do gênero Morbillivirus,</p><p>sendo o agente mais importante que acomete a</p><p>população canina. A patogenia da infecção pode</p><p>causar alta mortalidade.</p><p>A cinomose possui três formas de</p><p>apresentação clínica: aguda, subaguda e crônica, com</p><p>manifestações gastroentéricas, respiratórias e</p><p>neurológicas. A doença pode acometer caninos de</p><p>todas as idades, porém existe uma relação entre</p><p>susceptibilidade e idade. Filhotes com três a seis</p><p>meses de idade são mais susceptíveis pela diminuição</p><p>dos anticorpos maternos neste período. O curso</p><p>clínico e neuropatológico da encefalomielite pode ser</p><p>determinado pela variedade da cepa viral e a idade</p><p>do animal.</p><p>A encefalite aguda, que ocorre inicialmente</p><p>no curso da infecção em animais jovens ou</p><p>imunossuprimidos, é caracterizada por injúria viral</p><p>direta às células do sistema nervoso central (SNC).</p><p>Nesta fase, mudanças inflamatórias são mínimas,</p><p>devido à imunodeficiência resultante da imaturidade</p><p>do sistema imune e/ ou decorrente da</p><p>imunossupressão viral induzida.</p><p>A encefalite multifocal em cães adultos</p><p>causada pelo vírus da cinomose aparece</p><p>frequentemente entre quatro e seis anos, com curso</p><p>crônico. Esta enfermidade não é precedida nem</p><p>coincidente com os sinais sistêmicos que são vistos</p><p>nos cães jovens e caracteriza-se por apresentar pouca</p><p>expressão do antígeno viral e uma resposta imune</p><p>intensa no SNC, podendo progredir para a doença</p><p>crônica.</p><p>Para o auxílio no diagnóstico, as</p><p>características físico-químicas do líquor, tais como</p><p>coloração, aspecto, densidade, pH e glicose, não são</p><p>capazes de contribuir para indicar qualquer</p><p>anormalidade liquórica, nas diferentes fases da</p><p>cinomose. Por outro lado, o componente proteico e a</p><p>celularidade liquórica apresentaram alterações</p><p>importantes na presença de sinais neurológicos,</p><p>porém na ausência destes, não adicionam</p><p>informações capazes de levar a detecção precoce de</p><p>lesões do SNC em colaboração ao diagnóstico da</p><p>referida enfermidade.</p><p>O aumento dos anticorpos antivírus no líquor,</p><p>que pode ser representado pelo aumento da</p><p>concentração de proteínas, oferece uma definitiva</p><p>evidência da encefalite pela cinomose, porque estes</p><p>anticorpos são produzidos no local, e este aumento</p><p>não é encontrado em animais vacinados ou na</p><p>cinomose sistêmica sem alterações neurológicas.</p><p>A falta de tratamento antiviral para a</p><p>infecção do vírus da cinomose requer tratamento de</p><p>suporte e sintomático. No entanto, a ribavirina vem</p><p>sendo considerada como fármaco no tratamento da</p><p>cinomose, após um referido trabalho que testou a</p><p>mesma frente o vírus da cinomose “in vitro”.</p><p>Segundo os autores, a ribavirina causa mutações no</p><p>vírus da cinomose e estas levam a um erro</p><p>catastrófico no RNA do genoma viral.</p><p>A ribavirina é uma droga antiviral, análoga à</p><p>guanosina, inibidora da replicação “in vitro” de alguns</p><p>RNA e DNA vírus, incluindo Herpesvirus, Poxivirus,</p><p>Influenzavirus, Parainfluenzavirus, Reovirus,</p><p>Togavirus, Paramyxovirus e Tumor RNA vírus. “In</p><p>vivo”, o espectro antiviral é menor, com ação contra</p><p>Herpesvirus, Influenzavirus, Parainfluenzavirus, vírus</p><p>do Sarampo e Adenovirus. No grupo dos</p><p>Paramyxovirus todos os componentes são sensíveis a</p><p>ribavirina, sendo o vírus do sarampo o mais sensível.</p><p>O atual estudo tem como objetivo avaliar a</p><p>utilização da ribavirina frente ao vírus da cinomose,</p><p>em animais naturalmente infectados apresentando</p><p>sinais clínicos de encefalite, através da análise do</p><p>líquor.</p><p>Discussão</p><p>Sendo a cinomose uma doença que</p><p>apresenta elevada morbidade e letalidade, deixando</p><p>sequelas da fase neurológica, pode-se considerar que</p><p>a ribavirina foi capaz de diminuir a mortalidade dos</p><p>animais tratados, já que apenas três animais vieram</p><p>ao óbito e cinco apresentaram melhora clínica</p><p>aparente.</p><p>Atualmente a terapia antiviral com ribavirina</p><p>em pacientes com hepatite C tem sobrevida de</p><p>aproximadamente 55%. Assim, o atual estudo foi</p><p>capaz de evidenciar a eficácia da ribavirina frente ao</p><p>vírus da cinomose, já que se obteve 70% de sobrevida</p><p>devido ao tratamento antiviral. No entanto, alguns</p><p>fatores podem interferir na ação do antiviral, como: a</p><p>cepa e quantidade de vírus, a via de infecção, a idade</p><p>e sexo dos indivíduos, frequência e via de</p><p>administração da droga. Como ainda não há estudos</p><p>farmacocinéticos da ribavirina em cães, não se pode</p><p>afirmar se sua eficácia foi prejudicada por algum</p><p>destes fatores nos cães que vieram ao óbito, ou</p><p>mesmo na redução do processo inflamatório.</p><p>Com relação à biodisponibiliade da ribavirina,</p><p>sabe-se que 33 a 45% da droga são absorvidas na</p><p>administração oral. Porém, sabe-se que no líquor são</p><p>alcançadas até 70% da concentração do plasma. É</p><p>importante ressaltar o alto poder de concentração no</p><p>eritrócito e que sua meia-vida no plasma é de 24</p><p>horas, mas uma pequena quantidade da droga</p><p>persiste no plasma por mais de 16 dias. O estudo</p><p>priorizou estas informações no cálculo da dose, via e</p><p>formas de administração e, por isso, a utilização da</p><p>ribavirina no período de 15 dias. Desta forma, tentou-</p><p>se alcançar a concentração ideal da droga no líquor</p><p>utilizando-se esta persistência no plasma sanguíneo.</p><p>Portanto, ainda deve-se considerar o estudo</p><p>farmacocinético da ribavirina específico em cães.</p><p>Segundo alguns autores, podem existir complicações</p><p>imunológicas após a redução do antígeno viral no</p><p>SNC, sendo responsável pela desmielinização</p><p>contínua e infiltração mononuclear perivascular</p><p>disseminada. Pode estar associada também a uma</p><p>concentração alta de anticorpos antimielínicos, como</p><p>uma reação secundária ao processo inflamatório e</p><p>outros fatores imunológicos, como a produção de</p><p>radicais livres de oxigênio pelos macrófagos no SNC,</p><p>que pode levar à destruição de oligodentrócitos e da</p><p>bainha de mielina. Desta forma, o processo</p><p>inflamatório se perpetua, mantendo as</p><p>concentrações elevadas de proteína e celularidade no</p><p>líquor mesmo com a utilização da droga antiviral,</p><p>neste intervalo de tempo.</p><p>Conclusão</p><p>Pela análise do líquor, pode-se afirmar que a</p><p>inflamação causada pelo vírus no sistema nervoso</p><p>central não diminuiu, mesmo com a utilização do</p><p>antiviral.</p><p>A análise do líquor não foi suficiente para</p><p>discutir a eficácia da ribavirina “in vivo”.</p><p>Referências</p><p>MANGIA, S. H.; MEGID, J.; MARTINHO, A. P. V.; MOTTA, R.</p><p>G.; APPOLINÁRIO, C. M.; SALCEDO, E. S.; TAKAHIRA, R. K.;</p><p>PAES, A. C. Avaliação do perfil liquórico de caninos (Canis</p><p>lupus familiaris) naturalmente infectados com o vírus da</p><p>cinomose antes e após tratamento com ribavirina</p><p>(Ribaviron C®) Rev. Bras. Ciên. Vet., v. 19, n. 2, p. 61-65,</p><p>2012.</p><p>SIMONI, I. C. Tratamentos Antivirais. Biológico, São Paulo,</p><p>v.65, n.1/2, p.41-44, jan./dez, 2003.</p><p>STEPHENS, P. R. S.; OLIVEIRA, M. B. S. C.; RIBEIRO, F. C.;</p><p>CARNEIRO, L. A. D.</p><p>http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap2.pdf p.158-160.</p><p>TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia. 10</p><p>ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.</p><p>http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap2.pdf%20p.158-160</p>

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