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<p>2020</p><p>FUNDAMENTOS DE FILOSOFIA</p><p>Luzia Batista de Oliveira Silva</p><p>LUZIA BATISTA DE OLIVEIRA SILVA</p><p>FUNDAMENTOs DE filosofia</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>6</p><p>1 UNIDADE 1</p><p>CONCEITO, ORIGENS E O CONHECIMENTO</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>Toda atividade de aprendizado de novos saberes requer atenção e cuidados, um des-</p><p>pertar atento e ativo da consciência, por isso, no campo da filosofia, este aprendizado</p><p>não é diferente, especialmente quando se trata de jovens e adultos no ensino superior.</p><p>A disciplina de Introdução à Filosofia é um convite ao educando para dialogar e apren-</p><p>der com as fontes culturais, desde os tempos remotos, que compreende, nesta Unida-</p><p>de, o nascimento da filosofia grega e o nascer do processo de filosofar sobre a origem</p><p>da vida e das coisas. Este tópico trata de mostrar a marcante trajetória da filosofia grega</p><p>e sua relevância para refletirmos sobre as questões atuais, o porquê de nomearmos as</p><p>coisas, qual a origem das palavras e das coisas e como despertamos nosso interesse</p><p>por um campo específico do saber humano e o que nos instiga a querer saber sempre</p><p>mais. Discutiremos como o conhecimento é elaborado e compreendido nos diversos</p><p>meios sociais, humanos, culturais e científicos e como os tipos de conhecimento são</p><p>disseminados e relevantes na compreensão do ser humano e tudo que o cerca, seja no</p><p>cotidiano, no trabalho e na sua formação profissional.</p><p>1. CONCEITO, ORIGENS E PERIODIZAÇÃO</p><p>1.1 ETIMOLOGIA DA PALAVRA</p><p>Toda palavra possui uma origem, sendo possível elucidar o tratamento de seus signifi-</p><p>cados. O campo de saber que procura desvendar o significado das palavras ao passo</p><p>em que busca esclarecer suas implicações abrangentes se denomina etimologia.</p><p>Tomemos como exemplo a própria palavra etimologia: segundo o Dicionário etimoló-</p><p>gico da língua portuguesa, de autoria de Antônio Geraldo da Cunha (2010, p. 275), tal</p><p>palavra designa a “ciência que investiga as origens próximas e remotas das palavras e</p><p>a sua evolução histórica”. No entanto, para que o exemplo se esclareça, é necessário</p><p>buscarmos mais profundamente a origem do significado desta palavra, que é formada</p><p>por um prefixo, etimo, e um sufixo, logia.</p><p>Na compreensão etimológica, étimo é considerado um “vocábulo que é origem de outro”</p><p>(CUNHA, 2010, p. 275) tendo sua apresentação latina na expressão etymon, que, por</p><p>sua vez, deriva do grego na forma de étymon, enquanto logia caracteriza um elemento</p><p>composto derivado do termo grego lógos, que inspira o significado de “palavra, estudo,</p><p>tratado” (CUNHA, 2010, p. 393). Temos, então, uma apresentação mais completa do</p><p>7</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>que o significado imediato nos convida a compreender: a etimologia é o estudo das</p><p>palavras que são origens de outras palavras.</p><p>Embora pareça redundante buscar uma significação composta das palavras que os</p><p>dicionários de nossa língua já traduzem com denominação imediata, este pode ser um</p><p>exercício revelador de uma densidade que fica subentendida nas palavras em suas</p><p>formas acabadas, mas nos abre a possibilidade reveladora de um contexto ainda mais</p><p>amplo e esclarecedor sobre seu significado.</p><p>1.2 ETIMOLOGIA DA PALAVRA FILOSOFIA</p><p>Com a palavra Filosofia, o exercício de compreender sua origem etimológica é tão inte-</p><p>ressante quanto esclarecedor, sobretudo se compreendemos a continuidade de trata-</p><p>mento teórico que pode ser adensada a partir de abordagens observadas por filósofos</p><p>e estudiosos que se dedicam ao trabalho de aprofundar a História da Filosofia.</p><p>O termo Filosofia designa a junção de duas palavras derivadas da língua grega:</p><p>Deste modo, filosofia é a palavra que representa a inclinação amistosa para com a</p><p>sabedoria. Por extensão de sentido, toma-se a pessoa do filósofo como aquele que se</p><p>coloca em relação de amizade com o saber, ou seja, é o amigo da sabedoria.</p><p>philo sophía</p><p>É derivativo de philía, que</p><p>significa amizade, inspirando a</p><p>afeição e o amor de alguém na</p><p>representação de que está in-</p><p>clinado em direção a algo tendo</p><p>esses afetos como motivadores.</p><p>É o termo grego que</p><p>representa a sabedoria.</p><p>Dessa maneira, com a compreensão etimológica da palavra filosofia, é possível com-</p><p>preendermos que ela designa mais do que a representação de um determinado tipo de</p><p>saber, conclamando uma posição, uma disposição daquele que ama a sabedoria e com</p><p>ela interage.</p><p>FO</p><p>N</p><p>TE</p><p>: D</p><p>om</p><p>ín</p><p>io</p><p>P</p><p>úb</p><p>lic</p><p>o</p><p>Figura 01. Pitágoras</p><p>de Samos</p><p>A Filosofia como Disposição em Saber</p><p>Se a própria etimologia da palavra filosofia conclama uma</p><p>disposição do indivíduo em se relacionar com o saber, os</p><p>limites de seu significado são adensados pela contribuição</p><p>teórica que busca elucidar seu emprego originário. Segun-</p><p>do a filósofa e historiadora da Filosofia Marilena de Souza</p><p>Chaui (2010, p. 32), “atribui-se ao filósofo grego Pitágoras</p><p>de Samos a invenção da palavra filosofia”.</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>8</p><p>1 Figura 02. Campos Olímpicos da</p><p>Grécia Antiga</p><p>FO</p><p>N</p><p>TE</p><p>: D</p><p>om</p><p>ín</p><p>io</p><p>P</p><p>úb</p><p>lic</p><p>o</p><p>A Grécia Antiga tinha os jogos Olímpicos como</p><p>evento público mais importante e, segundo a</p><p>sugestão do filósofo pré-socrático Pitágoras de</p><p>Samos, três tipos de pessoas compareciam aos</p><p>jogos:</p><p>` os comerciantes, para realizar tal atividade;</p><p>` os atletas e artistas, que iam para competir; e</p><p>` aquelas que assistiam aos jogos com a intenção</p><p>de compreender e valorizar as atividades que ali</p><p>se praticavam.</p><p>Pitágoras compara este terceiro grupo de pessoas aos filósofos.</p><p>Esta proposição destaca três tipos distintos de relações que se estabeleciam no interior</p><p>de um importante marco da cultura Grega: o comércio, as competições e o saber. O fato</p><p>de as pessoas que estavam interessadas em compreender o que acontecia durante as</p><p>competições dos jogos olímpicos se assemelharem aos filósofos projeta sobre a sua</p><p>atuação a marca de uma importância de ser aqueles que agem por uma motivação afe-</p><p>tiva em relação ao saber, e não em relação ao valor econômico ou competitivo. Nesse</p><p>sentido, “Pitágoras queria dizer que o filósofo não é movido por interesses comerciais</p><p>ou financeiros – não coloca o saber como propriedade sua, como uma coisa para ser</p><p>comprada e vendida no mercado; também não é movido pelo desejo de competir [...]”</p><p>(CHAUI, 2010, p. 32).</p><p>Destarte, compreende-se que, desde a atribuição de uma formulação originária da pa-</p><p>lavra filosofia até seu emprego atual, tratamos de uma disposição de saber que passa a</p><p>ser recoberta por contornos cada vez mais densos, contornos que assumem perspecti-</p><p>vas distintas e vão influenciar pontualmente a formulação e reformulação de diferentes</p><p>visões de mundo como possibilidade de sobre ele intervir através de formas de agir que</p><p>se fundam na atividade do pensar, e que esta não depende e não corresponde às inter-</p><p>venções econômicas ou competitivas, mas se realiza no compromisso afetivo daqueles</p><p>que amam a sabedoria.</p><p>1.3 PERIODIZAÇÃO HISTÓRICA</p><p>Tendo compreendido a importância da etimologia da palavra e a densidade que ela nos</p><p>apresenta acerca de uma primeira caracterização da filosofia enquanto atividade de pen-</p><p>samento, é necessário pontuarmos que, enquanto forma específica de saber, o conhe-</p><p>cimento filosófico possui uma origem espaço-temporal. Desse modo, é necessário inda-</p><p>garmos: quando e onde surge a Filosofia como expressão ativa de uma forma de saber?</p><p>A resposta para tal questionamento encontra-se indissociável daquilo que a própria</p><p>história do saber filosófico tem marcado em seu registro de existência. Desta maneira,</p><p>cabe apresentar uma periodização deste registro histórico do pensamento ocidental</p><p>que tem a Grécia como seu berço de nascimento.</p><p>9</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Segundo as historiadoras da Filosofia Maria Lucia de Arruda Aranha e Maria Helen Pi-</p><p>res Martins (2009, p. 37), são cinco os períodos marcantes da História da Grécia Antiga:</p><p>O período da civilização mi-</p><p>cênica guarda o registro his-</p><p>tórico dos fatos da conquista</p><p>de Troia.</p><p>Destaca-se a formação das</p><p>cidades-estados, tempos que</p><p>também registram o surgi-</p><p>mento dos primeiros filóso-</p><p>fos, bem</p><p>como teria sido o</p><p>período no qual teria vivido o</p><p>poeta Hesíodo.</p><p>Recebe este título por ser o</p><p>período em que teria vivido o</p><p>poeta Homero, por ele foram</p><p>escritas duas importantes</p><p>obras: a Ilíada e a Odisseia.</p><p>Civilização Micênica</p><p>(séculos XX a XII a .C.)</p><p>Tempos Homéricos</p><p>(séculos XII a VIII a.C.)</p><p>01</p><p>02</p><p>03</p><p>Guarda o “espírito” do auge</p><p>da cultura e da civilização</p><p>grega, com destaque para a</p><p>Filosofia e o registro da pre-</p><p>sença histórica de Sócrates,</p><p>Platão e Aristóteles.</p><p>Período Arcaico</p><p>(séculos VIII a VI a.C.)</p><p>Período Helenístico</p><p>(séculos III e II a.C.)</p><p>04</p><p>05</p><p>Período Clássico</p><p>(séculos V e IV a.C.)</p><p>Corresponde à decadência</p><p>política da Grécia Antiga e</p><p>sua conquista por parte dos</p><p>romanos, tendo sido marca-</p><p>do também pelo desenvolvi-</p><p>mento das correntes estoica</p><p>e epicurista.</p><p>A partir da contextualização periódica aqui esboçada, podemos compreender que a Fi-</p><p>losofia se constitui a partir de um quadro temporal bastante extenso, contando, a partir</p><p>dos períodos mencionados, com um registro de quase 2000 anos de ebulição cultural</p><p>na Grécia e seu entorno.</p><p>Neste sentido, a menção ao tempo não significa que o seu desenrolar necessário</p><p>ocupa centralidade no desenvolvimento dos saberes, senão destaca as próprias mo-</p><p>vimentações da realidade que cada período tem por finalidade representar, ou seja,</p><p>o nascimento da Filosofia enquanto forma de saber é indissociável do registro da</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>10</p><p>1 movimentação cultural de cada período que, concomitantemente, criou as condições</p><p>de seu surgimento.</p><p>1.4 O NASCIMENTO DA FILOSOFIA: DA CONSCIÊNCIA MÍTICA PARA</p><p>A CONSCIÊNCIA FILOSÓFICA</p><p>Os fatos relatados por Homero na Ilíada e na Odisseia são representativos de algo fun-</p><p>damental para a compreensão do nascimento da Filosofia como uma atividade genui-</p><p>namente grega em seu florescer ocidental, ainda que tal surgimento não se isente das</p><p>influências do pensamento e de elementos de outras culturas. Isto porque “os poetas</p><p>Homero e Hesíodo, encontraram nos mitos e nas religiões dos povos orientais, bem</p><p>como nas culturas que precederam a grega, os elementos para elaborar a mitologia gre-</p><p>ga, que, depois, seria transformada racionalmente pelos filósofos” (CHAUI, 2010, p. 42).</p><p>Tal proposição destaca dois importantes elementos:</p><p>(1) a Filosofia grega é influenciada por elementos de outras culturas, mas se ca-</p><p>racteriza essencialmente como uma atividade específica, porque tal influência é</p><p>completamente modificada</p><p>pelos poetas; (2) cuja referência será atualizada posteriormente pelo pensamento</p><p>propriamente filosófico, rompendo com seu estilo de transmissão cultural de até</p><p>então: a narrativa mítica.</p><p>Para as civilizações antigas, e, claro, também para a civilização grega, o mito desempe-</p><p>nhava um importante papel na transmissão dos elementos constitutivos da cultura. Neste</p><p>sentido, é possível compreender o mito como uma estrutura narrativa que não só garantia</p><p>a transmissão da identidade cultural dos povos, mas caracterizava a própria forma pela</p><p>qual os indivíduos compreendiam a realidade na qual estavam inseridos com sua hierar-</p><p>quia, suas crenças, sua fé, seus medos e mistérios. O mito caracterizava-se como uma</p><p>maneira própria na projeção da própria consciência de um povo tendo a narração como</p><p>forma de registro, ou seja, o conteúdo expresso pelos mitos era transmitido pelo registro</p><p>oral de figuras que, na Grécia Antiga, eram conhecidos como aedos e rapsodos.</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Na ausência de uma linguagem escrita como forma de registro e transmissão da cultura, os aedos e os</p><p>rapsodos, poetas, cumpriam essa função, pautada num processo de memorização, recitando oralmente o</p><p>conteúdo da tradição, garantindo, com isso, que a cultura pudesse ser passada de geração em geração.</p><p>Neste sentido, “os relatos míticos se sustentam na crença, na fé em forças superiores</p><p>que protegem ou ameaçam, recompensam e castigam” (ARANHA; MARTINS, 2009, p.</p><p>27) levando-nos a compreensão de que, neste tipo de narrativa, “o sagrado [...] permeia</p><p>todos os campos da atividade humana. Por isso, os modelos de construção mítica são</p><p>de natureza sobrenatural, isto é, recorre-se aos deuses para essa compreensão do</p><p>real” (ARANHA; MARTINS, 2009, p. 27).</p><p>11</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Na estrutura do mito, “tudo é governado por uma realidade exterior ao mundo humano e</p><p>natural, superior, misteriosa, divina, a qual só os sacerdotes, os magos, os iniciados, são</p><p>capazes de interpretar, ainda que apenas parcialmente” (MARCONDES, 2007, p. 20).</p><p>Quando a narrativa mítica passa a não mais atender aos anseios de saber por parte</p><p>daqueles que estimavam o conhecimento, esboça-se a ruptura com uma forma de ex-</p><p>pressão que dará lugar a um posicionamento cada vez mais inquietante na busca por</p><p>respostas possíveis sem que fosse necessária a intermediação dos escolhidos para</p><p>falar em nome dos deuses.</p><p>Tais fatos apresentam um importante marco para a constituição do pensamento filosófico</p><p>na Grécia Antiga, que será o despertar para toda a filosofia do mundo ocidental. Dessa</p><p>maneira, o enfraquecimento com a narrativa mítica como forma de expressão das coisas</p><p>e da visão de mundo não acontece de maneira imediata e definitiva, mas dará lugar a uma</p><p>atividade de pensamento que se encaminhará para os moldes do pensamento filosófico</p><p>como representação de uma possibilidade para que todos que demonstrem afeto pelo</p><p>saber possam se preocupar com sua atividade na busca pelo conhecimento.</p><p>A partir do contexto em que se descerra da perspectiva mítica a possibilidade exclusiva</p><p>de fonte e relação com o saber, surgem os primeiros filósofos, conhecidos tanto como</p><p>filósofos da physis quanto como pré-socráticos. Historiadores (MARCONDES, 2007;</p><p>ARANHA; MARTINS, 2009; CHAUI, 2010) constatam o nascimento da Filosofia ou o</p><p>seu surgimento no século VI a.C. como data aproximada e sugerem que Tales de Mileto</p><p>tenha sido o primeiro filósofo.</p><p>É certo que, partindo das condições que tornaram possível o nascimento da filosofia</p><p>enquanto forma específica de saber, na Grécia Antiga, seu surgimento nos remeterá à</p><p>observação das principais características de três importantes fases de produção: a fase</p><p>pré-socrática, a fase socrática e a fase helenística.</p><p>A Fase Pré-Socrática (VII e VI a.C.)</p><p>A ruptura com a visão mítica não acontece simplesmente por motivação espontânea. A</p><p>ebulição de aspectos econômicos, políticos e sociais no território da Grécia e seu en-</p><p>torno corroboram com o desenvolvimento de condições propícias para que a visão do</p><p>mundo grego se modifique. O crescente aspecto da atividade comercial, o surgimento</p><p>das cidades-estados, o aumento e a consolidação da participação política dos cidadãos</p><p>e a diminuição da centralidade do pensamento religioso são elementos que potenciali-</p><p>zam a transição da narrativa mítica para o surgimento de um posicionamento filosófico.</p><p>Deste modo, esta ruptura radical transfere a preocupação do caráter misterioso com o</p><p>qual o mito construía e explicava a realidade para o caráter compreensivo que passa a</p><p>se construir a partir da compreensão da própria natureza. Por isso, são denominados</p><p>filósofos da physis ou pré-socráticos</p><p>– usualmente numa divisão histórica – os primeiros filósofos, que vão construir uma</p><p>visão filosófica da ordenação da realidade a partir da observação das causas naturais.</p><p>A partir de Marcondes (2007, p. 24-27), destacamos algumas noções do pensamento científi-</p><p>co-filosófico que pautaram o surgimento da Filosofia a partir da ruptura com a tradição mítica:</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>12</p><p>1</p><p>conjunto de todas as coisas naturais</p><p>que existem; origem de tudo o que é</p><p>natural; origem e constituição de todas</p><p>as coisas que existem.</p><p>é o fundamento, a origem, o princí-</p><p>pio, o começo absoluto, um ponto de</p><p>partida.</p><p>representa o discurso naquilo que ele</p><p>justifica, dá a razão, o sentido, a expli-</p><p>cação.</p><p>corresponde ao sentido não encerrado</p><p>como caráter de verdade a partir do</p><p>qual as ideias podiam ser debatidas, le-</p><p>vantando discordâncias, divergências.</p><p>ordem, ordenamento, princípio ordena-</p><p>dor e regulador das coisas, ação dos</p><p>seres em conformidade com o estabele-</p><p>cido, inspirando a ideia de racionalidade.</p><p>conexão entre causa e efeito; relação</p><p>entre duas coisas quando a primeira é</p><p>percebida como causa da segunda.</p><p>Physis</p><p>Arqué</p><p>Logos Atitude ou caráter crítico</p><p>Cosmo</p><p>Causalidade</p><p>SAIBA MAIS</p><p>[...] A arqué (elemento primordial)</p><p>A fim de evitar a regressão ao infinito da explicação causal, o que a tornaria insatisfatória, esses filósofos</p><p>vão postular a existência de um elemento primordial que serviria de ponto de partida para todo o proces-</p><p>so. O primeiro a formular essa noção é exatamente Tales de Mileto, que afirma ser a água (hydor) o ele-</p><p>mento primordial. Não sabemos por que Tales teria escolhido a água: talvez por ser o único elemento que</p><p>se encontra na natureza nos três estados, sólido, líquido e gasoso; talvez influenciado por antigos mitos</p><p>do Egito e da Mesopotâmia, civilizações de regiões áridas e que se desenvolveram em deltas de rios e</p><p>onde, por isso mesmo, a água aparece como fonte da vida. Porém o importante na contribuição de Tales</p><p>não é tanto a escolha da água, mas a própria ideia de elemento primordial, que dá unidade à natureza.</p><p>É claro que a água tomada como primeiro princípio é muito diferente da água de nossa experiência comum,</p><p>que bebemos ou que encontramos em rios, mares, e lagos. Trata-se realmente de um princípio, tomado</p><p>aqui como simbolizando o elemento líquido ou fluido no real como o mais básico, mais primordial; ou ainda</p><p>a água como o elemento presente em todas as coisas em maior ou menor grau. Diferentes pensadores</p><p>buscaram eventualmente diferentes princípios explicativos, assim, por exemplo, os sucessores de Tales na</p><p>Escola de Mileto, Anaxímenes e Anaximandro, adotaram respectivamente o ar e o apeiron (um princípio</p><p>abstrato significando algo de ilimitado, indefinido, subjacente à própria natureza); Heráclito dizia ser o fogo</p><p>o princípio explicativo, Demócrito o átomo e assim sucessivamente. Empédocles, com sua doutrina dos</p><p>quatro elementos como que sintetiza as diferentes posições, afirmando a existência de quatro elementos</p><p>primordiais – terra, água, ar e fogo –, tese retomada por Platão no Timeu e bastante difundida em toda a</p><p>Antiguidade, chegando mesmo ao período moderno, presente nas especulações da alquimia no Renasci-</p><p>mento até o surgimento da moderna química. Pode-se considerar inclusive que, de certa forma, a química</p><p>ainda hoje supõe que certos elementos básicos, como o hidrogênio, estejam presentes em todo o universo.</p><p>A importância da noção de arqué está exatamente na tentativa por parte desses filósofos de apresentar uma</p><p>explicação da realidade em um sentido mais profundo, estabelecendo um princípio básico que permeie toda a</p><p>realidade, que de certa forma a unifique, e que ao mesmo tempo seja um elemento natural. Tal princípio daria</p><p>precisamente o caráter geral a esse tipo de explicação, permitindo considerá- la como inaugurando a ciência.</p><p>FONTE: Marcondes (2008, p. 34)</p><p>13</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Esses aspectos em união compreendem o contexto de características do pensamento filosófico que</p><p>começa a surgir a partir dos primeiros filósofos, formando, assim, a base de seu pensamento, que</p><p>culmina com a formação de uma cosmologia, ou seja, uma filosofia que se esboça na compreensão do</p><p>universo como uma totalidade de fenômenos no tempo e no espaço, uma explicação do cosmos e sua</p><p>origem a partir de uma leitura lógica, racional.</p><p>A Fase Socrática (V e IV a.C.)</p><p>A efervescência econômica e política que atingiu a Grécia, a Jônia e a Magna Grécia,</p><p>criando as condições a partir das quais reverberações sociais romperam com a tradi-</p><p>ção da narrativa mítica enquanto forma de transmissão da cultura e expressão da visão</p><p>de mundo, ganha força e culmina com a irrupção, a partir da democracia – neste perío-</p><p>do, Atenas já compreende o núcleo da cultura grega –, da política como uma atividade</p><p>comum, culminando, assim, com a formação da perspectiva de cidadania.</p><p>Tal empreendimento marcou a retração de um sistema social hierárquico que se ba-</p><p>seava na organização aristocrática, a partir da qual se exercia o poder, bem como se</p><p>irradiavam os valores sociais de educação que se fundavam, ainda, no caráter elevado</p><p>da tradição mística como busca pelo bom e pelo belo. Ora, a participação cidadã vem</p><p>questionar valores que já se apresentavam ultrapassados pela reinvindicação de que</p><p>não existe cidadania democrática sem a efetiva participação de todos. Neste sentido, o</p><p>homem é trazido para o centro da cena cultural grega, perspectiva que reverbera sobre</p><p>o saber filosófico.</p><p>São características marcantes deste período:</p><p>Criação da técnica retórica pelos sofistas como forma de preparo para a boa</p><p>atuação na vida política; a importância dos sofistas no empreendimento da retórica</p><p>está intimamente relacionada às condições políticas do momento. Tendo a pólis</p><p>como centro da cultura grega, a valorização da democracia e da cidadania como</p><p>características constituintes da cultura grega torna amplo o direito de participação</p><p>política. Neste sentido, o domínio de uma técnica que poderia fazer com que uns se</p><p>sobressaíssem a outros em seus discursos poderia torná-los mais preparados para</p><p>uma boa atuação política.</p><p>Aplicação da maiêutica por Sócrates, que discordava de uma visão puramente</p><p>naturalista ou persuasiva do saber, valorizando a busca pelas essências das coisas.</p><p>Sofistas:</p><p>Sábios do período socrático que dominavam e ensinavam a arte da retórica como</p><p>técnica oratória capaz de produzir o sentido da persuasão, ou seja, utilizavam a</p><p>retórica em sua concepção formal como maneira própria de persuadir o interlocutor,</p><p>levando-o à concordância. A partir desse emprego, a retórica enquanto técnica tem</p><p>sua centralidade no caráter formal, que se apresenta como condição de convenci-</p><p>mento, independente do conteúdo a ser tratado.</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>14</p><p>1</p><p>Divisão da experiência do conhecimento entre sensível e inteligível, operada por Platão,</p><p>que considera que a sensibilidade nos apresenta imagens das coisas tal como apare-</p><p>cem e que a inteligibilidade nos fornece o conhecimento exato da coisa em si, marcan-</p><p>do, assim, a divisão entre corpo e pensamento, matéria e ideia.</p><p>Postulação da lógica como mecanismo de conhecimento independente do objeto a ser</p><p>conhecido, movimento traçado por Aristóteles no sentido em que compreende os cam-</p><p>pos de saber a partir de graus próprios que vão dos inferiores aos superiores, possibili-</p><p>tando uma visão mais completa do caráter científico.</p><p>Maiêutica:</p><p>Técnica oratória aplicada por Sócrates, que consistia numa insistente averiguação</p><p>dos sentidos expressados pelas pessoas através do que diziam, com isso, em de-</p><p>trimento do que se transmitia através da estrutura formal de uma resposta, objetiva-</p><p>va-se alcançar a essência daquilo que era dito, ou seja, o saber contido no interior</p><p>do que se professava.</p><p>A Fase Helenística (III e II a.C.)</p><p>No período helenístico, novamente, a influência de mudanças políticas na ordenação</p><p>social incidirá sobre a reordenação da Filosofia enquanto campo de saber. Registra-se</p><p>o domínio do Império Romano sobre a Grécia e, com isso, o fim da pólis e parte dos</p><p>valores que nela estavam presentes enquanto presença viva da cultura Grega Antiga,</p><p>que acabam por instaurar um novo cenário. Com a subtração da referência da cida-</p><p>de-estado como marco centralizador dos valores da cultura e, consequentemente, do</p><p>pensamento filosófico, “os filósofos dizem, a partir de então, que o mundo é sua cidade</p><p>e que são cidadãos do mundo” (CHAUI, 2010, p. 56).</p><p>Marca-se historicamente o período helenístico como sendo o último da Filosofia Antiga</p><p>e, com a amplificação da referência de mundo sobre os valores a serem elaborados no</p><p>trabalho do pensamento filosófico, expande-se o alcance de seu saber sobre todo o</p><p>Oriente. Assim, o período helenístico marca tanto a amplificação das escolas filosóficas</p><p>quanto o alcance da Filosofia pelo mundo</p><p>ocidental, mas numa perspectiva que terá a</p><p>física, a ética e a teologia como canais centrais, já que a atividade política, outrora pu-</p><p>jante na vida cotidiana da pólis, está sob o comando do Império Romano.</p><p>A partir do Período Helenístico, em suma, “podemos falar numa orientalização da filo-</p><p>sofia, sobretudo com a aparição de aspectos místicos e religiosos no pensamento e na</p><p>ação” (CHAUI, 2010, p. 57).</p><p>2. EXAME DO CONHECIMENTO</p><p>2.1 CONHECIMENTO, SENSO COMUM, MITO, CIÊNCIA E FILOSOFIA</p><p>Iniciamos com a discussão acerca do que é conhecimento, em seguida, apresentamos</p><p>as várias formas de abordagens do real, ou seja, os tipos de conhecimento.</p><p>15</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Conhecimento</p><p>Segundo as historiadoras da Filosofia Maria Lúcia de Arruda Aranha e Maria Helen</p><p>Pires Martins (2009, p. 109), a origem etimológica do termo conhecimento provém “do</p><p>latim cognoscere, ‘ato de conhecer’. Em português, a palavra deriva do termo cognos-</p><p>cente, ‘o sujeito que conhece’, e cognoscível, ‘o que pode ser conhecido’”.</p><p>Por isso, a partir da origem da palavra conhecimento, pode-se compreender que há</p><p>uma significação dualista, ou seja, o conhecimento como ato e como produto (ARA-</p><p>NHA; MARTINS, 2009, p. 109).</p><p>CONHECIMENTO</p><p>ATO</p><p>Designa a ação de conhecer.</p><p>PRODUTO</p><p>Conteúdo dos saberes que</p><p>se acumulam e se modificam</p><p>ao longo do tempo.</p><p>O conhecimento como ato designa a ação de conhecer, ou seja, determina a própria re-</p><p>lação que faz com que o sujeito assimile o conteúdo expressivo do objeto. Neste caso, o</p><p>conhecimento se especifica enquanto verbo, já que destaca o caráter prático da relação</p><p>que possibilita o conhecimento enquanto assimilação de conteúdo.</p><p>Já o conhecimento como produto tem por objetivo representar todo o contexto de sabe-</p><p>res cujos sentidos e significados se constroem de forma ordenada, organizada, e são</p><p>gerados pela atividade específica do ato de conhecer. Então, o conhecimento represen-</p><p>ta o conteúdo dos saberes que se acumulam e se modificam ao longo do tempo.</p><p>Destarte, o conhecimento enquanto ato designa o verbo conhecer, implicando, necessa-</p><p>riamente, a ação de um sujeito que busca saber mais, e o conhecimento, enquanto subs-</p><p>tantivo, conclama todos os saberes produzidos, organizados e acumulados ao longo do</p><p>tempo enquanto objeto da ação que os desbrava e torna possível ao sujeito assimilá-los.</p><p>A relação entre sujeito e objeto na busca pelo conhecimento pode ser compreendida</p><p>como aquela que permite tomar para si os conceitos estabelecidos e, reconhecendo-os</p><p>na realidade, a partir de uma disposição que os reelabora, produzir novos saberes cons-</p><p>tituintes dos distintos campos do conhecimento.</p><p>Assim, o conhecimento se faz a partir da insistente vontade humana para compreender</p><p>e dar sentido às coisas, aos sentimentos, aos desejos e aos acontecimentos que cercam</p><p>todo ser humano. Sendo assim, pode-se modificar e melhorar ações no mundo em que</p><p>vivemos, sendo, portanto, indissociável esse dualismo que tangencia a relação sujeito e</p><p>objeto, tecendo-se um plano que possibilita sua extensão e, com ela, a modernização das</p><p>coisas e o aprimoramento das relações humanas em suas mais variadas formas.</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>16</p><p>1 A atividade que tem como finalidade com-</p><p>preender a ação própria de conhecer de-</p><p>nomina-se Teoria do Conhecimento, que</p><p>se caracteriza como uma importante área</p><p>de estudos dentro do campo epistemoló-</p><p>gico do saber filosófico, pois, nela, o ato</p><p>de conhecer é o objeto do conhecimento</p><p>disposto numa implicação que tem por fi-</p><p>nalidade compreender de forma esclare-</p><p>cedora como este processo acontece em</p><p>termo virtuais na mediação sujeito-objeto.</p><p>Senso Comum</p><p>O senso comum diz respeito à maneira de pensar da maioria dos seres humanos, ou</p><p>seja, é a sabedoria popular, o senso prático sem uma reflexão aprofundada, traduz o</p><p>pensamento fragmentado, superficial e vago, ou aquilo que diz respeito às noções ge-</p><p>rais, vivências ou observações comuns, que são transmitidas de maneira espontânea</p><p>pela tradição e usadas no cotidiano, sem que sejam examinadas segundo um critério</p><p>elaborado e específico.</p><p>O senso comum não parte de um processo de reflexão, mas se caracteriza como um</p><p>acumulado de crenças e pré-conceitos. Pode ser compreendido como um conhecimen-</p><p>to ingênuo, não crítico e fragmentário por ser assistemático.</p><p>Embora representado por contornos de um caráter informal, o senso comum também</p><p>pode ser considerado como conservador, justamente porque, alheio aos exames da cri-</p><p>ticidade, resiste à passagem do tempo e às mudanças, podendo atingir certo grau de</p><p>dogmatismo, opondo-se à atividade filosófica, já que “de posse do que supõe verdadeiro,</p><p>a pessoa fixa-se na certeza e abdica da dúvida” (ARANHA; MARTINS, 2009, p. 111-112).</p><p>Entretanto, não devemos cair no engano de desmerecer esse tipo de conhecimento.</p><p>Ao contrário, quando nos propomos um exame das diferentes formas de conhecimento,</p><p>devemos ter em mente que o estágio do senso comum pode ser superado, para que se</p><p>alcancem outras formas mais elaboradas de conhecimento, construindo uma perspecti-</p><p>va crítica para a formação de consciência filosófica.</p><p>Também cabe destacar que a atividade filosófica deve estar atenta aos elementos que</p><p>constituem os saberes do senso comum, uma vez que eles representam o que é valori-</p><p>zado pela maioria das pessoas, tais elementos devem ser trabalhados filosoficamente,</p><p>contribuindo, assim, para o desenvolvimento social, que tem a Filosofia como possibili-</p><p>dade de auxílio em sua realização.</p><p>Figura 03. Teoria do Conhecimento</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>1</p><p>23</p><p>rf</p><p>“Nossa, que horror, a revista disse que no telejornal saiu o resultado de uma pes-</p><p>quisa sobre o que os alunos acham do tema violência e eu acho que é verdade!”</p><p>17</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Ciência</p><p>Na Grécia Antiga, os primeiros filóso-</p><p>fos aspiravam por um conhecimento</p><p>que superasse o mito e o saber passi-</p><p>vo proveniente da tradição. Apesar de</p><p>tanto tempo decorrido e não obstante</p><p>a influência dos esforços passados</p><p>para a mudança do olhar sobre as for-</p><p>mas de conhecimento, bem como o</p><p>fato de que outros saberes se consti-</p><p>tuíram não como expressão científica,</p><p>mas também possibilitaram ao huma-</p><p>no compreender a realidade a partir</p><p>de uma objetividade específica, o co-</p><p>nhecimento científico começa a surgir</p><p>no século XVII com a chamada Revolução Galileana. Galileu Galilei (1564-1642), da</p><p>cidade Pisa, na Itália, ficou bastante conhecido pela afirmação de que o sol não gira em</p><p>torno da terra, mas, ao contrário, é a terra quem gira em torno do sol e do seu próprio</p><p>eixo, causando com sua investigação um choque de verdade que o período histórico,</p><p>particularmente a igreja católica, não conseguia aceitar. Ainda hoje, sua obra e seus</p><p>escritos têm gerado disputas e controvérsias acirradas entre filósofos e cientistas, mas</p><p>há um consenso nisso tudo: nenhum deles consegue negar sua importância para a</p><p>ciência nascente e seu papel preponderante na constituição da ciência moderna, no</p><p>século XVII, com o estudo dos corpos celestes e terrestres, uma herança da física aris-</p><p>totélica. Por isso, o emprego da forma lógica aristotélica foi importante para demonstrar</p><p>e provar suas teses – Galileu criou alguns instrumentos, como o compasso geométrico,</p><p>o termômetro e o relógio de pêndulo. Desta maneira, a Idade Moderna representa o</p><p>período em que a ciência começa a construir e buscar seus objetos de investigação a</p><p>partir de métodos de pesquisa mais rigorosos, culminando com a descentralização do</p><p>pensamento filosófico.</p><p>Ao buscarmos a origem etimológica do termo ciência, nos deparamos com significados</p><p>que direcionam nossa compreensão para uma visão simplificada, generalista.</p><p>Destarte, conhecimento, saber e informação são, sem dúvidas, sentidos que se presen-</p><p>tificam na constituição do saber tipicamente científico, mas não dão conta de abarcar</p><p>de imediato seu sentido específico de postura que surge enquanto empreendimento</p><p>epistemológico que possui uma história.</p><p>De acordo com o dicionarista da Filosofia Nicola Abbagnano</p><p>(2000, p. 136-140), a</p><p>palavra Ciência, no latim Scientia, no francês, Science, no italiano, Scienza, relaciona-</p><p>-se com um tipo de conhecimento que tem na validade sua garantia de verdade. Em</p><p>língua portuguesa, o sentido atribuído a esta palavra também é Scienta, do latim, e,</p><p>na sua expressão mais geral, diz respeito ao conhecimento que se pode obter como</p><p>resultado de uma investigação, um saber específico e também uma informação.</p><p>Figura 04. Galileu diante dos membros do Santo Ofí-</p><p>cio, por Robert-Fleury Joseph-Nicolas (1797-1890)</p><p>F</p><p>O</p><p>N</p><p>T</p><p>E</p><p>: D</p><p>om</p><p>ín</p><p>io</p><p>P</p><p>úb</p><p>lic</p><p>o</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>18</p><p>1 Não obstante a variada gama de sentidos que o termo ciência pode representar, para</p><p>a compreensão dos elementos constitutivos das formas de conhecimento, o Pequeno</p><p>dicionário Houaiss da língua portuguesa (2015, p. 211) nos remete a uma compreensão</p><p>mais objetiva ao designar ciência como sendo o “conjunto de conhecimento sistema-</p><p>tizados relativos a um determinado objeto de estudo”.</p><p>O tratamento filosófico que André Lalande (1993, p. 155) atribui quando se refere ao</p><p>termo ciência é ainda mais esclarecedor, vejamos:</p><p>O conjunto de conhecimento e de investigações com um suficiente grau</p><p>de unidade, de generalidade, e suscetíveis de trazer aos homens que se lhe</p><p>consagram conclusões concordantes, que não resultam nem de convenções</p><p>arbitrárias nem de gostos ou de interesses individuais e lhes são comuns, mas</p><p>de relações objetivas que se descobrem gradualmente e que se confirmam</p><p>através de métodos de verificação definidos.</p><p>Desta maneira, pode-se compreender a ciência como uma atividade de conhecimento</p><p>que tem por finalidade:</p><p>afastar-se das imprecisões e dos interesses particulares;</p><p>investigar o objeto de forma metódica;</p><p>visualizar a implicação de seus acontecimentos e fatores de forma objetiva;</p><p>gerar uma compreensão unitária capaz de ser empregada de forma geral.</p><p>Destarte, a ciência se caracteriza como uma forma de conhecimento, gerada por uma</p><p>atividade que se utiliza de métodos rigorosos e sistemáticos para atingir determinados</p><p>níveis de validade no que se refere aos seus distintos campos de especificação. Neste</p><p>sentido, a atividade científica permite acessar descobertas universais, prever acon-</p><p>tecimentos e agir com mais segurança sobre a natureza.</p><p>A ciência assume perspectivas distintas segundo cada campo de atuação e, a partir</p><p>dele, assume contornos particulares por utilizar procedimentos específicos. Desta ma-</p><p>neira, é possível falarmos em ciências, que vão agir, cada qual, sobre a produção do</p><p>conhecimento acerca de uma perspectiva da realidade, por exemplo, a química, a física</p><p>e a biologia. O rigor metodológico é uma característica das diversas ciências e mantém</p><p>a característica comum de que todas elas trabalham no sentido de descobrir as regula-</p><p>ridades em determinados acontecimentos ou fatores, buscando, assim, as determina-</p><p>ções gerais para que expressem leis e regras sobre estes acontecimentos ou fatores.</p><p>Enquanto forma particular de perceber a realidade e a partir dela produzir conhecimento, a</p><p>ciência se difere dos saberes informais, porque “se o saber comum observa um fato a partir</p><p>do conjunto dos dados sensíveis que formam a nossa percepção imediata, pessoal e efê-</p><p>mera do mundo, o fato científico é um fato abstrato, isolado do conjunto em que se encontra</p><p>normalmente inserido e elevado a um grau de generalidade” (ARANHA, 2009, p. 344).</p><p>19</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Filosofia</p><p>A filosofia também se caracteriza como uma forma específica de saber no amplo univer-</p><p>so do conhecimento. A origem etimológica da palavra filosofia representa a inclinação</p><p>amistosa para com a sabedoria numa implicação prática do filósofo em buscar o conhe-</p><p>cimento. Tal disposição se encaixa de maneira adequada para compreender a filosofia</p><p>enquanto ato de conhecimento, mas ela também pode ser tomada como produto do</p><p>conhecimento, pois seu campo de constituição possui uma longa história que nos apre-</p><p>senta os mais variados temas e problemas dos quais ela se ocupou ao longo do tempo.</p><p>Produto do</p><p>conhecimento</p><p>Ato do</p><p>conhecimento</p><p>Filosofia</p><p>Enquanto campo epistemológico, a dimensão produtiva da filosofia assume diversas</p><p>perspectivas ao longo da história, corroborando com a formulação de uma disposição</p><p>estrutural com diferentes características que influenciaram e ainda influenciam sua or-</p><p>ganização do conhecimento.</p><p>Tal proposição se traduz pela com-</p><p>preensão de que “a filosofia existe</p><p>há 26 séculos. Durante uma história</p><p>tão longa e de tantos períodos dife-</p><p>rentes, surgiram temas, disciplinas</p><p>e campos de investigação filosófi-</p><p>cos enquanto outros desaparece-</p><p>ram” (CHAUI, 2011, p. 71).</p><p>Ainda no Período Clássico (séc. V e</p><p>IV a.C.) da Filosofia Antiga, postula-</p><p>va-se a lógica como uma ferramenta</p><p>capaz de gerar conhecimento de for-</p><p>ma independente do objeto a ser co-</p><p>nhecido, inspirando, com isso, uma</p><p>forma universal de acessar os sabe-</p><p>res. O filósofo Aristóteles já conferia ao saber filosófico certo grau de objetividade com a</p><p>pretensão de classificá-lo como uma forma de conhecimento que conteria a totalidade</p><p>das formas de conhecimento. Conforme mencionado, com uma história de tantos sécu-</p><p>los, o passar do tempo registrou a crescente descentralização do saber filosófico, gerada</p><p>F</p><p>O</p><p>N</p><p>T</p><p>E</p><p>: 1</p><p>23</p><p>rf</p><p>Figura 05. A Escola de Atenas, Platão e Aristóteles,</p><p>afresco no Vaticano</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>20</p><p>1 pela independência das expressões de saber que, por algum tempo, eram abarcadas</p><p>pelo saber filosófico e passaram a se desenvolver de maneira apartada, constituindo sa-</p><p>beres específicos e outras áreas do conhecimento. Este é o caso, por exemplo, de pers-</p><p>pectivas como as da psicologia, da história, da antropologia, da linguagem, entre outras.</p><p>Segundo Chaui (2010, p. 71), “no século XX, a filosofia foi submetida a uma grande</p><p>limitação quanto à esfera de seus conhecimentos”. A historiadora da filosofia atribui a</p><p>tal divisor a influência do pensamento de dois filósofos: Immanuel Kant (1724-1804) e</p><p>Augusto Comte (1798-1857).</p><p>Ao primeiro cabe a contestação de uma perspectiva</p><p>central do conhecimento filosófico que funcionou por</p><p>muito tempo: a ideia de que nossa razão poderia co-</p><p>nhecer as coisas como elas são, em sua essência pura</p><p>de coisa enquanto tal. Ao articular racionalismo e empi-</p><p>rismo, Kant questiona tal pretensão do saber filosófico</p><p>por não prescindir do critério experienciável de nossa</p><p>razão como mediadora da relação sujeito-objeto, rela-</p><p>ção a partir da qual nosso entendimento se constrói</p><p>como medida da própria razão, e não das coisas mes-</p><p>mas em sua essência.</p><p>Sob a influência divisora provocada por Kant, “a filo-</p><p>sofia deixava de ser conhecimento do mundo em si e</p><p>tornava-se apenas conhecimento do homem como ser</p><p>racional e moral” (CHAUI, 2011, p. 71).</p><p>Já Augusto Comte, cuja teoria é conhecida como</p><p>positivismo, criticou a própria concepção da filoso-</p><p>fia enquanto conhecimento. Para Comte, às ciências</p><p>compete estudar as diversas formas que compõem a</p><p>realidade enquanto dado, ou seja, enquanto conheci-</p><p>mento propriamente dito. Sua sugestão é a de que a</p><p>filosofia não procede tal empreendimento, realizando</p><p>no plano de estudos que investiga a partir de quais</p><p>condições este empreendimento acontece, ou seja,</p><p>para ele, a filosofia investiga as formas pelas quais o</p><p>conhecimento é gerado, mas não se caracteriza como</p><p>essa forma produtiva. Nesta implicação, enquanto as</p><p>ciências estariam produzindo conhecimento sobre a</p><p>realidade, a filosofia estaria produzindo conhecimento</p><p>sobre as formas da ciência.</p><p>A influência do pensamento de Comte sobre as determinações do saber filosófico redu-</p><p>ziu a filosofia “à teoria do conhecimento, à ética, e à epistemologia. Como consequência</p><p>dessa redução, os filósofos passaram a ter um interesse primordial pelo conhecimento</p><p>das estruturas e formas de nossa consciência e também pelo seu modo de expressão,</p><p>isto é, a linguagem” (CHAUI, 2011, p. 71).</p><p>Figura 06. Immanuel</p><p>Kant</p><p>F</p><p>O</p><p>N</p><p>T</p><p>E</p><p>: 1</p><p>23</p><p>rf</p><p>Figura 07. Augusto Comte</p><p>FO</p><p>N</p><p>TE</p><p>: D</p><p>om</p><p>ín</p><p>io</p><p>P</p><p>úb</p><p>lic</p><p>o</p><p>21</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>Pela influência de Kant, ao diminuir o clamor pela realidade essencialmente objetiva</p><p>dos objetos de conhecimento, disposição muito valorizada pelo método científico, pro-</p><p>jetando certo caráter subjetivo ao processo de conhecimento através da razão como</p><p>medida de tal processo e, pelo empreendimento de Comte em considerar a filosofia</p><p>como a atividade que investiga a forma pela qual o conhecimento se constrói, mas não</p><p>necessariamente como construtora do conhecimento, compreende-se ao menos intro-</p><p>dutoriamente uma das razões pelas quais a filosofia se difere da ciência.</p><p>Não obstante os movimentos que corroboram com as mudanças na constituição do saber</p><p>filosófico, de modo geral, a filosofia pode ser compreendida tanto como uma análise</p><p>rigorosa e crítica quanto como uma atividade de criação e alteração da realidade através</p><p>dos temas e problemas que a constituem, tarefa que se realiza através dos saberes</p><p>constitutivos da realidade, que são constantemente submetidos à problematização.</p><p>De acordo com Chaui (2010, p. 2-73), em seus 26 séculos de existência, a filosofia foi</p><p>produzida a partir de 10 campos de saber, são eles:</p><p>Numa compreensão inicial, a filosofia é semelhante a qualquer outro esforço humano na</p><p>busca pelo conhecimento, diferenciando-se, necessariamente, para expandir as fronteiras do</p><p>pensamento que se realiza no tempo em que ela é produzida. Diferente das ciências gerais,</p><p>que buscam coletar e organizar as novas informações que surgem a partir das pesquisas,</p><p>ou da arte, que busca representações das reações no mundo como ele é percebido no seu</p><p>presente, a filosofia se mostra como uma atividade singular, explorando, de forma crítica, as</p><p>percepções e o campo das sensações, tornando-nos capazes de transformá-la.</p><p>Se a constituição do campo filosófico sofre alterações ao longo da história e o nasci-</p><p>mento da ciência a partir da Idade Moderna realiza um projeto que, até certo ponto,</p><p>acentua a diferenciação da filosofia enquanto forma de conhecimento, seus saberes</p><p>não estão alheios a tais modificações. O que se verifica a partir de então é o surgimento</p><p>de perspectivas de pensamento no interior da Teoria do Conhecimento da Filosofia.</p><p>Metafísica</p><p>LógicaHistória da</p><p>Filosofia</p><p>Linguagem Epistemologia</p><p>Estética</p><p>Teoria do</p><p>Conhecimento</p><p>Filosofia da</p><p>História</p><p>Ética</p><p>Política</p><p>Conceito, origens e o conhecimento</p><p>22</p><p>1 CONCLUSÃO</p><p>Neste tópico, pudemos compreender um pouco mais sobre o contexto do nascimento</p><p>da Filosofia enquanto disposição específica de saber.</p><p>Partimos da compreensão de que a origem etimológica das palavras nos revela um con-</p><p>texto mais completo sobre os elementos significativos que a constituem. Desta maneira,</p><p>pudemos entender que a formação da palavra filosofia revela o apelo para uma disposi-</p><p>ção prática como representação da ação que incentivou os primeiros filósofos a buscarem</p><p>o saber. Tem-se, assim, uma definição conceitual que também nos convida à aproxima-</p><p>ção do saber como atividade que inspira amizade e afeição para com a sabedoria.</p><p>Também constatamos que a filosofia ocidental possui espaço e tempo como elementos</p><p>que registram o seu surgimento. Neste sentido, aprendemos que a Grécia Antiga é o</p><p>berço da filosofia e que o registro histórico de tal surgimento remonta ao período da</p><p>civilização micênica, ou seja, 2000 anos antes do início da Era Cristã.</p><p>Na trama histórica que faz aparecer os elementos que garantem a forma plástica das</p><p>culturas e as transformações pelas quais elas passam, também registramos o fato de</p><p>que o surgimento da filosofia dependeu, em certa medida, do trabalho de poetas como</p><p>Homero e que residiu em certa insuficiência de um estilo de linguagem, a possibilidade</p><p>de rompimento com a tradição da narrativa mítica e o despontar de uma aguçada cons-</p><p>ciência filosófica por parte daqueles que desejavam saber mais: os primeiros filósofos.</p><p>A partir do contexto que favoreceu o surgimento da atividade filosófica, o registro histó-</p><p>rico conceitual de seu desenvolvimento abriu as portas da civilização grega antiga para</p><p>os aspectos de três fases produtivas: a pré-socrática, com um pensamento ordenado</p><p>Pela compreensão dos elementos naturais, a socrática, com o apogeu da cidade-es-</p><p>tado e valorização de conceitos como o de democracia e cidadania na ordenação da</p><p>política enquanto uma atividade da polis, e a fase helenística, com o declínio político do</p><p>mundo grego antigo, que culminou com a ampliação do olhar dos filósofos para compre-</p><p>ensão do mundo como algo maior, o que, posteriormente, viria a influenciar a formação</p><p>de todo o pensamento ocidental.</p><p>Tais aspectos nos apresentam a filosofia como uma disposição de saber que apela</p><p>para o caráter intrinsecamente vivo da cultura, nos convidando a estabelecer essa co-</p><p>nexão afetiva sem prescindirmos da compreensão de que sua caracterização deve nos</p><p>implicar, indispensavelmente, com a atividade problematizadora de todos os aspectos</p><p>culturais, sociais, econômicos e políticos das sociedades que integramos sob a motiva-</p><p>ção daqueles que buscam o conhecimento pura e simplesmente pelo prazer que essa</p><p>busca os proporciona.</p><p>Destacamos que a compreensão do significado do termo conhecimento nos remete</p><p>para duas formulações: a primeira, de sua concepção enquanto ato de conhecer, e a</p><p>segunda, como produto, ou seja, o conteúdo gerado pela atividade de conhecer que se</p><p>acumula ao longo do tempo.</p><p>Também pudemos compreender a especificidade das formas de conhecimento do sen-</p><p>so comum, caracterizada pela ausência de rigor em sua produção, podendo ser com-</p><p>23</p><p>1</p><p>Fundamento de filosofia</p><p>preendida como a maneira pela qual a maioria das pessoas acessa e transmite seus</p><p>saberes de forma espontânea por meio da tradição e dos mecanismos informais.</p><p>Analisamos a caracterização do conhecimento científico como sendo uma maneira es-</p><p>pecífica de produzir o conhecimento pautando-se no rigor metodológico no emprego de</p><p>características, tais como objetividade, generalidade, validade e universalidade.</p><p>REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS</p><p>1. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Ma-</p><p>ria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia.</p><p>4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.</p><p>2. CHAUI, Marilena de Souza. Convite à filosofia.</p><p>14. ed. São Paulo: Ática, 2010.</p><p>3. CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário etimo-</p><p>lógico da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Lexikon, 2010.</p><p>4. INSTITUTO ANTÔNIO HOUAISS DE LEXICO-</p><p>GRAFIA. Dicionário Houaiss: sinônimos e antôni-</p><p>mos. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2011.</p><p>5. MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filo-</p><p>sofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 2. ed. Rio de</p><p>Janeiro: Zahar, 2007.</p><p>6. . Iniciação à história da filosofia: dos pré-</p><p>-socráticos a Wittgenstein. 13. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2008.</p><p>unidades_capa.pdf</p><p>CONCEITO, ORIGENS E O CONHECIMENTO</p><p>1. CONCEITO, ORIGENS E PERIODIZAÇÃO</p><p>2. EXAME DO CONHECIMENTO</p><p>VERDADE, CIÊNCIA E OS ELEMENTOS DE LÓGICA</p><p>3. VERDADE E CIÊNCIA</p><p>4. ELEMENTOS DE LÓGICA: LÓGICA FORMAL ARISTOTÉLICA E LÓGICA PÓS-ARISTOTÉLICA – A GEOMETRIA ANALÍTICA DE DESCARTES</p><p>SOCIOCULTURAL DO SER HUMANO</p><p>3. QUESTÕES DE ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE</p><p>2. A POLÍTICA E OS ELEMENTOS POLÍTICOS NA FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL DO SER HUMANO</p><p>CRÍTICA DAS IDEOLOGIAS</p><p>1. O QUE É IDEOLOGIA?</p><p>O DISCURSO CONTRAIDEOLÓGICO</p><p>unidades_capa.pdf</p><p>EXEMPLO DE TEXTO</p><p>1. Título de Peso</p><p>2. Mauris tristique velit facilisis nulla hendrerit rutrum.</p><p>unidades_capa.pdf</p><p>CONCEITO, ORIGENS E O CONHECIMENTO</p><p>1. CONCEITO, ORIGENS E PERIODIZAÇÃO</p><p>2. EXAME DO CONHECIMENTO</p><p>VERDADE, CIÊNCIA E OS ELEMENTOS DE LÓGICA</p><p>3. VERDADE E CIÊNCIA</p><p>4. ELEMENTOS DE LÓGICA: LÓGICA FORMAL ARISTOTÉLICA E LÓGICA PÓS-ARISTOTÉLICA – A GEOMETRIA ANALÍTICA DE DESCARTES</p><p>SOCIOCULTURAL DO SER HUMANO</p><p>3. QUESTÕES DE ESTÉTICA E FILOSOFIA DA ARTE</p><p>2. A POLÍTICA E OS ELEMENTOS POLÍTICOS NA FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL DO SER HUMANO</p><p>CRÍTICA DAS IDEOLOGIAS</p><p>1. O QUE É IDEOLOGIA?</p><p>O DISCURSO</p><p>CONTRAIDEOLÓGICO</p>

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