Livro Didático C3- Habilidades 9, 10 e 11

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<p>Linguagens NÃO é interpretação</p><p>Competência 3</p><p>Habilidades 9, 10 e 11</p><p>Linguagens, códigos e</p><p>suas tecnologias</p><p>AUTORES:</p><p>Felipe Pereira Cunha | Gabriel Torres</p><p>IMAGENS:</p><p>© pixabay.com</p><p>© pinterest.com</p><p>© FreeImagens.com</p><p>© Autores</p><p>CAPA:</p><p>Humberto Nunes</p><p>PROJETO GRÁFICO E</p><p>DIAGRAMAÇÃO:</p><p>Vânia Möller | Cristiano Marques</p><p>DIREITOS RESERVADOS:</p><p>© Felipe Pereira</p><p>Em primeiro lugar, chama a atenção a expressão</p><p>“manifestações corporais”, que possui um significa-</p><p>do muito abrangente; pode ser tanto uma obra de</p><p>arte quanto uma corrida no parque para melhorar</p><p>a saúde. O foco da habilidade não são as diversas</p><p>manifestações, mas seu surgimento como oriundo</p><p>de uma necessidade cotidiana de algum grupo so-</p><p>cial. Independente da manifestação, a habilidade</p><p>9 exige a compreensão da gênese/origem de algu-</p><p>mas manifestações que hoje já estão sedimentadas</p><p>e reconhecidas como originárias de algum grupo</p><p>social em algum contexto histórico.</p><p>As necessidades cotidianas podem ser das mais di-</p><p>versas, não sendo limitadas a atividades físicas in-</p><p>tensas ou artísticas. Lazer, cultura, educação, bem</p><p>como as possibilidades que são possibilitadas em</p><p>diferentes lugares e para diferentes grupos sociais.</p><p>Aspectos relativos à saúde do corpo podem ser</p><p>mobilizados, bem como a percepção social do que</p><p>significa ser saudável. É notório que essa percep-</p><p>ção vai se modificando ao longo do tempo; como</p><p>padrões corporais e de comportamento, a saúde,</p><p>o que caracteriza um corpo saudável e a relação</p><p>da sociedade com a saúde e a enfermidade vão se</p><p>modificando dependendo do contexto histórico e</p><p>social. Foucault comenta diferentes percepções</p><p>em relação à medicina e ao seu compromisso com</p><p>os corpos e com a saúde:</p><p>A medicina não era, a esse título simplesmen-</p><p>te concebida como uma técnica de intervenção</p><p>que, em caso de doença, empregaria remédios</p><p>e operações. Ela também devia, sob a forma</p><p>de um corpus de saber e de regras, definir uma</p><p>maneira de viver, um modo de relação refletida</p><p>consigo, com o próprio corpo, com o alimento,</p><p>com a vigília e com o sono, com as diferentes</p><p>atividades e com o meio.</p><p>(História da Sexualidade v.3 – Michel Foucault)</p><p>Os esportes podem aparecer nas questões da habi-</p><p>lidade 9, mas em um viés voltado para a sociedade.</p><p>As regras ou o funcionamento de um esporte espe-</p><p>cífico não é o foco aqui (presentes nas questões da</p><p>habilidade 11), mas as transformações que as mo-</p><p>dalidades sofrem ao longo do tempo e as conse-</p><p>quências sociais e econômicas dessas mudanças.</p><p>Essa habilidade concentra um grande número de</p><p>questões a respeito de manifestações culturais</p><p>oriundas de populações negras ou periféricas, como</p><p>o rap, o hip hop, o funk e elementos da chamada</p><p>black muisic. Muitas dessas manifestações não en-</p><p>volvem apenas o corpo, mas elementos de música,</p><p>dança e artes visuais, sendo eles essenciais para a</p><p>definição da atuação do corpo em cada contexto</p><p>cultural.</p><p>HABILIDADE 9</p><p>Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de</p><p>necessidades cotidianas de um grupo social.</p><p>2 |</p><p>Em primeiro lugar, devemos observar a diferen-</p><p>ciação entre as necessidades apresentadas aqui</p><p>(necessidades cinestésicas) e na habilidade 9 (ne-</p><p>cessidades cotidianas. Na habilidade anterior, dire-</p><p>ciona-se a análise para necessidades mais ligadas</p><p>ao conjunto social. Na habilidade 10, se foca em</p><p>necessidades cinestésicas, que significam necessi-</p><p>dades do corpo, em sua dimensão de organismo</p><p>organizado que possui funcionamentos e necessi-</p><p>dades específicas.</p><p>É nessa habilidade que direcionamos para a saúde</p><p>do corpo, sendo ela ou o “bem-estar” uma forte</p><p>necessidade cinestésica. A palavra “cinestésia” (de</p><p>origem grega: “Kinesis”, movimento) é considerada</p><p>sinônimo de “propriocepção”. Ou seja, é a palavra</p><p>usada para identificar a percepção do corpo em</p><p>movimento, em situações em que ele é exigido.</p><p>Esse foco no funcionamento e na percepção (cons-</p><p>ciente) do corpo, se aproxima de uma visão de edu-</p><p>cação física como mobilizadora de uma percepção</p><p>corporal voltada à saúde. O “bem-estar” relativo</p><p>a um corpo saudável é, sem dúvida, uma necessi-</p><p>dade cinestésica, pois um corpo saudável não está</p><p>ligado necessariamente a uma percepção estética</p><p>(com “aparência de saudável”), mas sim a uma</p><p>conscientização sobre as necessidades que o corpo</p><p>de cada possui, e como elas devem ser encaradas</p><p>de forma saudável.</p><p>Vale lembrar que aspectos sociais sempre são de-</p><p>terminantes da nossa relação com os aspectos do</p><p>mundo que nos cerca. A percepção do corpo e sua</p><p>devida “manutenção” não é a mesma para todos,</p><p>sendo dependente de determinações histórico-</p><p>-sociais que possibilitam ou não certas atividades</p><p>físicas ou percepções corporais. Um exemplo de</p><p>diferenciação entre a relação com o corpo entre</p><p>classes sociais é um estudo de campo na França,</p><p>do sociólogo Luc Boltansky, citado no livro A Socio-</p><p>logia do Corpo:</p><p>As classes populares mantêm uma relação mais</p><p>instrumental com o corpo. A doença, por exemplo,</p><p>é ressentida como um entrave à atividade física,</p><p>principalmente profissional. A doença retira dos</p><p>membros dessa camada social a possibilidade de</p><p>fazer do corpo um uso (profissional, sobretudo) ha-</p><p>bitual e familiar. Dessa forma, não prestam nenhu-</p><p>ma atenção especial ao corpo e o utilizam sobre-</p><p>tudo como um "instrumento" ao qual demandam</p><p>boa qualidade de funcionamento e de resistência.</p><p>As classes mais privilegiadas têm tendência a es-</p><p>tabelecer uma fronteira mais tênue entre saúde</p><p>e doença e a adotar, com relação a esta última,</p><p>uma atitude mais preventiva para evitar qualquer</p><p>surpresa. Quando a atividade profissional é essen-</p><p>cialmente uma atividade intelectual que não exige</p><p>nem força nem competência física particular, os</p><p>sujeitos sociais tendem a estabelecer uma relação</p><p>consciente com o corpo e a tomar mais cuidado</p><p>com as sensações orgânicas e à expressão dessas</p><p>sensações e, em segundo lugar, a valorizar a “gra-</p><p>ça”, a “beleza”, a “forma física” em detrimento da</p><p>força física.</p><p>É nessa habilidade que nos deparamos com ques-</p><p>tões que destacam a representação do corpo e suas</p><p>consequências cognitivas e para a saúde. Imagens</p><p>veiculadas em diferentes mídias acabam moldando</p><p>nossa percepção sobre o corpo e sobre a necessida-</p><p>de social de buscar um padrão corporal dentro de</p><p>padrões estéticos que influenciam na percepção do</p><p>que é um corpo considerado bonito e saudável. A pu-</p><p>blicidade veicula imagens do corpo padronizadas e</p><p>massificadas que reforçam uma homogeneização da</p><p>expectativa a respeito dos corpos, seja ela ligada ou</p><p>não ao corpo (uma propaganda de um produto para</p><p>emagrecimento pode exibir corpos semelhantes aos</p><p>presentes em uma publicidade de cerveja, ou qual-</p><p>quer outro produto alimentício que não é considera-</p><p>do saudável).</p><p>HABILIDADE 10</p><p>Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em</p><p>função das necessidades cinestésicas.</p><p>Competência 3 | 3</p><p>Essa habilidade pode ser interpretada como um di-</p><p>recionamento para se pensar limites de desempe-</p><p>nho como uma forma de inclusão de pessoas com</p><p>corpos diversos em situações sociais e esportivas.</p><p>Algumas questões abordam adaptações para pes-</p><p>soas com necessidades especiais, abordando moda-</p><p>lidades esportivas e eventos com as paraolimpíadas,</p><p>mas vale destacar que não é esse o foca da maioria</p><p>das questões relativas a essa habilidade.</p><p>O que se observa é que as “adaptações” que a ha-</p><p>bilidade se refere são mais focadas no desenvolvi-</p><p>mento de modalidades esportivas e outras manifes-</p><p>tações corporais ao longo do tempo. Por vezes as</p><p>questões descrevem jogos, danças e tradições do</p><p>passado para que se analise as relações estabeleci-</p><p>das com o corpo.</p><p>Pertencem a essa habilidade as questões que abor-</p><p>dam questões mais técnicas a respeito de diferentes</p><p>modalidades esportivas, diferenciando-as e caracte-</p><p>rizando-as. As questões nos colocam para análise,</p><p>em linhas gerais, os seguintes aspectos: 1) especi-</p><p>ficidades de uma mesma modalidade quando com-</p><p>parada em diferentes níveis (amador, profissional,</p><p>alto rendimento); 2) questões</p>técnicas e classifica-
tórias dos esportes, seja dentro de uma modalidade 
(regras de um certo esporte, posturas institucionais 
como o fair play); 3) reconhecimento de estruturas 
que podem ser observados em diferentes esportes, 
com o objetivo de classificar e caracterizar diversas 
modalidades em categorias abrangentes (como es-
portes com ou sem contato entre os adversários).
HABILIDADE 11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, 
considerando os limites de desempenho e 
as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos.
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