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<p>Licitação é o procedimento administrativo realizado pela Administração Pública prévia a</p><p>contratação, e que de destina a selecionar a melhor proposta, garantindo a igualdade entre os</p><p>participantes e promovendo o desenvolvimento nacional.</p><p>Além da Constituição Federal (artigo 37, XXI, CF), que prescreve que “ressalvados os</p><p>casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações será contratados</p><p>mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os</p><p>concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições</p><p>efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação</p><p>técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações”. Diversos</p><p>diplomas normativos disciplinam no âmbito federal aspectos gerais do procedimento licitatório.</p><p>Entre eles, merecem destaque:</p><p>- Lei nº 8.666/93: estabelece as normas gerais sobre licitações e contratos administrativos</p><p>pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações e locações no âmbito</p><p>dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.</p><p>- Lei nº 8.883/94: alterou diversos dispositivos da Lei nº 8666/93.</p><p>- Medida Provisória nº 2.026-3/2000: criou, somente para o âmbito federal, a modalidade</p><p>licitatória denominada pregão.</p><p>- Decreto nº 3.555/00: regulamentou o procedimento do pregão federal.</p><p>- Lei nº 10.520/2002: estendeu a todas as esferas federativas a modalidade licitatório pregão,</p><p>utilizada para contratação de bens e serviços comuns.</p><p>- Decreto nº 5.450/2005: definiu o procedimento a ser adotado para o pregão eletrônico.</p><p>- Lei 9.472/97: estabeleceu duas novas modalidades licitatórias exclusivas para o âmbito da</p><p>Agência Nacional das Telecomunicações - Anatel: o pregão e a consulta (arts. 54 a 57 da Lei)</p><p>- Lei n. 11.107/2005: dobou o limite de valor para a contratação direta por dispensa de licitação nas</p><p>compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos</p><p>-Lei Complementar n. 123/2006: definiu como critério de desempate nas licitações a preferência</p><p>na contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte.</p><p>- Lei 12.349/2010: acrescentou a promoção do desenvolvimento sustentável como um dos objetivos</p><p>do procedimento licitatório (art. 3 da Lei n. 8666/93) e criou a possibilidade de ser estabelecida</p><p>margem de preferência para produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a</p><p>normas técnicas brasileiras.</p><p>- Lei nº 12.462/2011: estabeleceu o Regime Diferenciado de Contratação (RDC) para obras de</p><p>infraestrutura vinculadas à Copa do Mundo de 2014 e aos Jogos Olímpicos de 2016.</p><p>Procedimento administrativo é uma sucessão encadeada de atos destinados à obtenção de um</p><p>ato final.</p><p>As finalidades/objetivos da licitação, segundo dispõe a redação da Lei nº 8666/93, em seu artigo</p><p>3º, são:</p><p>a) selecionar a melhor proposta para o contrato de interesse da Administração;</p><p>b) propiciar igualdade de participação entre os licitantes interessados; e</p><p>c) promover o desenvolvimento nacional sustentável.</p><p>1. Pessoas obrigadas a licitar</p><p>São obrigadas a realizar o certame licitatório: os três Poderes (Executivo, Legislativo e</p><p>Judiciário), Ministério Público, Tribunais de Contas, órgãos da Administração Pública direta, as</p><p>autarquias, as fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as empresas públicas e demais</p><p>sociedades controladas direta ou indiretamente pelos entes da Federação. Quanto às empresas</p><p>públicas e as sociedades de economia mista, parte da doutrina sustenta que as que sejam</p><p>exploradoras da ordem econômica só estão obrigadas a licitar no que se refere à suas atividades-</p><p>meio.</p><p>Quanto às atividades-fim, a licitação não é exigível, porque inviabiliza o atendimento do fim da</p><p>empresa, como bem leciona Celso Antonio Bandeira de Mello: “quem quer os fins, não pode negar</p><p>os meios”. Isso tem aplicação até que sobrevenha a lei de que trata o art. 173, § 10, III, CF.</p><p>Assim, por exemplo, supondo uma empresa pública municipal criada para comercializar refeições</p><p>populares, a compra de gêneros alimentícios pode ser feita sem licitação. Mas, como tal exceção</p><p>somente se aplica a objetos relacionados a atividade fim, a aquisição de uma viatura para a diretoria</p><p>da referida empresa pública deve ser realizada com observância da prévia licitação.</p><p>Portanto, as contratações feitas por empresas públicas e sociedades de economia mista, em</p><p>regra, exigem licitação. Quando às prestadoras de serviço público, não há exceção a essa</p><p>regra. Já no caso das exploradoras de atividade econômica, o procedimento licitatório é</p><p>dispensado para a contratação de objetos vinculados à sua atividade-fim; em relação aos</p><p>demais objetos, a licitação é obrigatória.</p><p>2. Princípios da licitação</p><p>O art. 3°, Lei nº 8666/93 enumera, em rol exemplificativo, os princípios da licitação. Após</p><p>mencionar que a licitação se destina a garantir a observância do princípio constitucional da</p><p>isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração e a promoção do</p><p>desenvolvimento nacional sustentável, impõe que seja processada e julgada de acordo com os</p><p>princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade,</p><p>da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e</p><p>dos que lhe sejam correlatos.</p><p>A doutrina costuma acrescentar outros princípios, tais como: o da ampla defesa, o do sigilo na</p><p>apresentação das propostas, o do procedimento formal e o da adjudicação compulsória.</p><p>a) Princípio da legalidade, do procedimento formal e da vinculação ao ato convocatório.</p><p>Obedecer ao princípio da legalidade em matéria de licitação significa obedecer à CF, às leis</p><p>infraconstitucionais aplicáveis e ao ato convocatório da licitação (edital ou carta-convite), que é</p><p>verdadeira lei interna da licitação. É por isso que a Administração está vinculada aos termos do</p><p>edital.</p><p>Obedecer ao procedimento formal também diz respeito ao princípio da legalidade. O art. 4° da Lei</p><p>nº 8666/93 confere a todos os licitantes direito público subjetivo à fiel observância do procedimento</p><p>estabelecido em lei.</p><p>b) Princípio da impessoalidade, princípio da igualdade e princípio do julgamento objetivo.</p><p>O princípio da impessoalidade relaciona-se intimamente com o da igualdade e com o do julgamento</p><p>objetivo, porque a impessoalidade impõe que os licitantes sejam tratados com isonomia, sem</p><p>discriminações indevidas.</p><p>É o princípio da igualdade que exige tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, de forma</p><p>que, eventual distinção relativamente aos desiguais não se apresentará como indevida. O julgamento</p><p>objetivo, por sua vez, impõe que as regras para a escolha da melhor proposta constem do ato</p><p>convocatório, e não sejam fundadas em critérios secretos, subjetivos, de forma que, quem quer que</p><p>seja membro da comissão de julgamento, proferirá decisão de escolha da melhor proposta pelo</p><p>simples confronto dela com os critérios de julgamento (vide art. 44, Lei nº 8666/93).</p><p>c) Princípio da moralidade e princípio da probidade administrativa</p><p>Alguns autores identificam o princípio da moralidade com os da probidade administrativa, pelos</p><p>quais se exige atuação ética, de boa-fé, com honestidade, tanto da Administração quanto dos</p><p>licitantes. Outros autores entende que o princípio da probidade é aquele que reforça o dever da</p><p>Administração de agir com boa-fé, ética e honestidade. Isto é, a probidade administrativa, ao ser</p><p>mencionada, reforçaria a observância da moralidade pela Administração.</p><p>d) Princípio da publicidade e princípio do sigilo na apresentação das propostas</p><p>Não existe licitação sigilosa. Havendo caso de sigilo, como ocorre na hipótese do art. 24, IX,</p><p>quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, a licitação não será</p><p>realizada, ou seja, ocorrerá a contratação direta. A licitação é pública, e os atos de seu procedimento</p><p>são</p><p>acessíveis ao público (art. 3°, §3°, Lei 8666/93). Qualquer cidadão pode acompanhar o</p><p>desenvolvimento do procedimento da licitação, desde que não interfira de modo a perturbar ou</p><p>impedir a realização dos trabalhos (art. 4°, caput, Lei nº 8666/93).</p><p>As propostas são sigilosas até sua abertura, haja vista que, do contrário, poderia haver ofensa ao</p><p>princípio da igualdade.</p><p>O sigilo das propostas é tão importante, que devassar tal sigilo, ou propiciar a terceiro o ensejo de</p><p>fazê-lo, é crime, punido com detenção de 2 a 3 anos, e multa, nos termos do art. 94 da Lei nº</p><p>8666/93.</p><p>e) Princípio da ampla defesa</p><p>A ampla defesa deve ser observada sempre que o licitante ou mesmo o contratado puder vir a sofrer</p><p>alguma restrição em sua esfera jurídica, como ocorre nos casos de anulação e revogação da</p><p>licitação, e também na imposição de penalidades ao contratado inadimplente (art. 87, Lei nº</p><p>8666/93).</p><p>f) Princípio da adjudicação compulsória</p><p>Concluído o julgamento e homologada a licitação, o objeto da licitação será adjudicado, atribuído,</p><p>ao licitante vencedor. A isso de denomina adjudicação compulsória.</p><p>3. Obrigatoriedade, dispensa e inexigibilidade de licitação</p><p>A regra é de que se licita antes da contratação, por parte da Administração Pública, como, aliás,</p><p>decorre da CF. Há casos em que a licitação não é realizada, ocorrendo a contratação direta. A</p><p>contratação direta decorre da inexigibilidade, e da dispensa de licitação.</p><p>a) Casos de inexigibilidade.</p><p>A licitação é inexigível quando houver inviabilidade de competição (art. 25, Lei 8666/93). A</p><p>inexigibilidade decorre:</p><p>- da singularidade do sujeito que a Administração quer contratar: se o sujeito que atende à</p><p>necessidade da Administração possui singularidade relevante, como, por exemplo, para a</p><p>contratação de um jurista famoso, para elaborar um parecer, a licitação é inexigível.</p><p>- da singularidade do objeto que a Administração pretende contratar, como, por exemplo, um selo</p><p>único para completar a coleção do museu.</p><p>O art. 25 da Lei 8666/93 traz um rol exemplificativo de situações em que a licitação é inexigível.</p><p>Destaca-se, na oportunidade, a contratação de serviços técnicos de natureza singular com</p><p>profissionais ou empresas de notória especialização, sendo que o conceito de notória</p><p>especialização é o que consta do §1° do mesmo artigo:</p><p>“Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua</p><p>especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização,</p><p>aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permite</p><p>inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do</p><p>objeto do contrato”.</p><p>Acrescente-se que é vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação, ainda</p><p>que o profissional ou empresa seja de notória especialização.</p><p>b) casos de dispensa de licitação</p><p>Nos casos de dispensa de licitação, a competição é até viável, mas o legislador optou por afastar</p><p>a obrigação de licitar.</p><p>A dispensa de licitação se divide em: licitação dispensada e licitação dispensável.</p><p>Nos casos da licitação dispensada: o legislador já liberou a Administração de licitar, e as hipóteses</p><p>são as que constam dos incisos I e II do art. 17 da lei. Cite-se como exemplo a hipótese de</p><p>alienação de imóvel por dação em pagamento, que consta do art. 17, I, “a”, Lei 8666/93. (ver</p><p>mencionado artigo da Lei)</p><p>Nos casos de licitação dispensável: a autoridade fará um juízo discricionário para aferir se é</p><p>conveniente ou não realizar a licitação. Todos os casos de licitação dispensável estão no art. 24 da</p><p>Lei 8666/93. (ver mencionado artigo da Lei)</p><p>Os casos de licitação dispensável podem ser agrupados sob quatro critérios:</p><p>Em razão do pequeno valor. Ex: art. 24, I e II.</p><p>- para obras e serviços de engenharia de valor até R$ 15.000, 00 (quinze mil reais), desde que não se</p><p>refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da mesma natureza</p><p>e no mesmo local que possam ser realizadas conjunta e concomitantemente;</p><p>- para outros serviços e compras de valor de até R$ 8.000,00 (oito mil reais), nos casos previstos</p><p>nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior</p><p>vulto que possa ser realizada de uma só vez.</p><p>Em razão de situações excepcionais. Ex: art. 24, III e IV.</p><p>- nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;</p><p>- nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento</p><p>de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,</p><p>equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao</p><p>atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que</p><p>possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos,</p><p>contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos</p><p>contratos;</p><p>Em razão do objeto. Ex: art. 24, XII.</p><p>- nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a</p><p>realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do</p><p>dia;</p><p>Em razão da pessoa. Ex: art. 24, XXII.</p><p>- na contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com</p><p>concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica;</p><p>Vejamos um quadro comparativo entre os diferentes institutos da contratação direta</p><p>Dispensável Inexigibilidade Licitação Dispensada</p><p>Base legal Art. 24 da Lei</p><p>Art. 25</p><p>Art. 17</p><p>Rol Taxativo Exemplificativo Taxativo</p><p>Caracterização</p><p>Casos em que a licitação é</p><p>possível, mas podes ser</p><p>inconveniente ao interesse</p><p>publico</p><p>A realização da licitação é</p><p>logicamente impossível por</p><p>inviabilidade de competição</p><p>A Lei descreve os casos</p><p>em que a licitação é</p><p>dispensada, obrigando a</p><p>contratação direta</p><p>Natureza da</p><p>Decisão</p><p>a decisão pela contratação</p><p>direta é discricionária</p><p>A decisão é vinculada</p><p>É vinculada</p><p>Exemplo</p><p>Importante</p><p>Compra de objetos de</p><p>pequeno valor</p><p>Contratação de artista</p><p>consagrado para show da</p><p>Prefeitura</p><p>Alienação de bens</p><p>imóveis provenientes de</p><p>dação em pagamento</p><p>4. Modalidades de licitação previstas na Lei nº 8666/93</p><p>As modalidades de licitação previstas na Lei 8666/93 são cinco: concorrência, tomada de preços,</p><p>convite, concurso e leilão.</p><p>a. Concorrência</p><p>É modalidade de licitação entre quaisquer interessados, que na fase inicial de habilitação preliminar</p><p>comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu</p><p>objeto (art. 22, §1°, Lei 8666/93).</p><p>Em regra, a concorrência é utilizada para a contratação que envolve valores elevados, conforme os</p><p>limites do art. 23, I, “c” e II, “c”. A concorrência é modalidade de licitação cabível</p><p>independentemente do valor de seu objeto, nas seguintes hipóteses:</p><p>a) na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o cabimento do leilão para alienação de</p><p>imóveis, conforme art. 19 da Lei 8666/93.</p><p>b) nas concessões de direito real de uso;</p><p>c) nas licitações internacionais, ressalvado o disposto no art. 23, §3°, Lei 8666/93.</p><p>d) para o sistema de registro de preços, previsto no art. 15 da Lei 8666/93, ressalvado o cabimento</p><p>do pregão nos casos previstos na Lei 10.520/02.</p><p>e) nas concessões de obra pública, de serviço público e nas contratações de parceria público-</p><p>privada.</p><p>Na concorrência vigoram dois princípios: o da universalidade e o da ampla publicidade.</p><p>O princípio da universalidade decorre da participação de quaisquer interessados na licitação. Quer</p><p>dizer, basta ter habilitação (qualificação ou capacidade) para desenvolver ou executar o objeto do</p><p>contrato para que o interessado requeira sua participação na concorrência. Não se exige que ele seja</p><p>cadastrado</p><p>e nem mesmo convidado a participar da licitação.</p><p>A ampla publicidade decorre do disposto no art. 21 da Lei 8666/93, em que a divulgação do edital</p><p>de concorrência é a mais abrangente.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>b. Tomada de Preços</p><p>É a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados, ou que atenderem a todas</p><p>as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das</p><p>propostas, observada a necessária qualificação.</p><p>A tomada de preços pelo regime da atual lei foi bastante aproximada ao regime da licitação por</p><p>concorrência, porque a lei possibilita a quem não seja cadastrado ao tempo da abertura da tomada</p><p>de preços que requeira o seu castramento até o terceiro dia anterior da data do recebimento das</p><p>propostas. Isso possibilitou a ampliação do universo de participantes.</p><p>A princípio, basta o certificado de registro cadastral para que o interessado se habilite na tomada de</p><p>preços, mas é possível que a Administração exija dos licitantes documentação complementar a</p><p>respeito de sua real capacidade técnica e financeira.</p><p>A propósito, o registro cadastral é mantido por entidades da Administração pública que realizem</p><p>licitação com frequência, para efeito de habilitação. Os interessados em se cadastrar apresentam</p><p>documentação relativa à sua capacidade técnica, jurídica, econômica e regularidade fiscal e obtém o</p><p>certificado de registro cadastral.</p><p>A inscrição no registro cadastral está permanentemente aberta aos interessados, sem prejuízo da</p><p>unidade por ele responsável estar obrigada a proceder pelo menos uma vez por ano a chamamento</p><p>público para atualização dos cadastros e inscrição de novos interessados (art. 34, §1°, Lei 8666/93).</p><p>A tomada de preços é modalidade de licitação cabível nas contratações de vulto econômico médio,</p><p>conforme os limites econômicos do art. 23, I, “b” e II, “b”.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>c. Convite</p><p>Nos termos do art. 22, §3°, Lei 8666/93, convite é a modalidade de licitação entre interessados,</p><p>cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de três pela unidade que está</p><p>licitando.</p><p>O ato ou instrumento convocatório do convite é denominado de “carta-convite”. A Administração</p><p>está obrigada a fixar cópia da carta-convite em local apropriado com o que estenderá a participação</p><p>aos demais interessados, desde que sejam cadastrados, os quais deverão requerer a participação com</p><p>antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas.</p><p>O cadastramento então também possibilita a participação no convite ainda que o cadastrado não</p><p>tenha sido convidado.</p><p>A lei NÃO exige que a carta-convite seja publicada em jornal, nem mesmo oficial. A publicidade</p><p>ocorre com a afixação da carta-convite em local apropriado. Pode-se dizer então que no convite o</p><p>princípio da publicidade tem conformação mais restritiva em comparação à concorrência e à tomada</p><p>de preços.</p><p>O convite é modalidade de licitação cujo procedimento é mais simples ou menos complexo do que</p><p>na concorrência e na tomada de preços, até porque os valores envolvidos na futura contratação são</p><p>mais baixos, conforme os limites do art. 23, I, “a” e II, “a”.</p><p>Quando for cabível a concorrência não se pode realizar nem a tomada de preços e nem o convite.</p><p>Quando for cabível a tomada de preços, não se pode realizar o convite. O inverso, é possível. Quer</p><p>dizer, nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preços e, em</p><p>qualquer caso, a concorrência (art. 23, §4°).</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>d. Concurso</p><p>É modalidade de licitação entre quaisquer interessados, para escolha de trabalho técnico, científico</p><p>ou artístico mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios</p><p>constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de quarenta e cinco</p><p>dias.</p><p>Como exemplo a escolha de projeto arquitetônico para um museu. Todo concurso será precedido de</p><p>regulamento próprio, que indique a qualificação exigida dos participantes, as diretrizes e forma de</p><p>apresentação do trabalho e as condições de realização do concurso e os prêmios a serem</p><p>concedidos.</p><p>O concurso será julgado por comissão especial integrada por pessoas de reconhecido conhecimento</p><p>da matéria em exame, servidores públicos ou não, e de reputação ilibada.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>e. Leilão</p><p>Leilão, nos termos do art. 22, §5°, é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para</p><p>venda de bens móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou</p><p>“penhorados”, ou para alienação de bens imóveis, prevista no art. 19, a quem oferecer maior lance</p><p>igual ou superior ao valor da avaliação.</p><p>Quanto aos bens penhorados, houve equívoco, porque bem penhorado é alienado judicialmente,</p><p>conforme o CPC. O legislador provavelmente quis dizer “bens empenhados”, isto é, dados em</p><p>penhor, que é direito real de garantia normalmente acessório a contrato de mútuo. Pode ser também</p><p>que o legislador tenha querido dizer bem adquirido em procedimento judicial, isto é, adjudicado ou</p><p>arrematado em juízo.</p><p>Quanto aos bens imóveis, só são alienáveis em leilão aqueles que foram adquiridos em decorrência</p><p>de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento (art. 19).</p><p>Ressalte-se que a concorrência é sempre cabível para alienação de imóvel podendo a Administração</p><p>optar pelo leilão tão somente nos casos do art. 19 (art. 19, III).</p><p>No leilão os lances costumam ser verbais e sucessivos, sagrando-se vencedor quem oferecer o</p><p>maior lance.</p><p>No leilão é possível dispensar a documentação de habilitação no todo ou em parte, conforme</p><p>estabelece o art. 32, §1°.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>Cabe acrescentar que temos mais uma modalidade licitação, que não está prevista na Lei nº</p><p>8666/93, mas está prevista na Lei nº 10.520/02 que é o pregão.</p><p>Modalidade de licitação prevista na Lei nº 10.520/2002: O PREGÃO</p><p>Regulado pela lei 10.520/02, porém instituído pela MP 2026-3/02 como modalidade de licitação</p><p>unicamente para União. Em vista disso, a doutrina reputou a MP como inconstitucional porque não</p><p>se trata de norma geral e não pode ser instituída no âmbito de apenas um ente da Federação.</p><p>A partir da Lei 10.520/02, a inconstitucionalidade foi corrigida porque o pregão passou a ser</p><p>instituído como modalidade de licitação para todos os entes da Federação.</p><p>O pregão é modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o</p><p>valor estimado da contratação realizando-se por meio de disputa através de propostas e lances em</p><p>sessão pública.</p><p>O conceito de bens e serviços comuns é fornecido pelo art. 1°, parágrafo único, da Lei do Pregão:</p><p>“Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões</p><p>de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de</p><p>especificações usuais no mercado”.</p><p>O Decreto nº 3555/2000, com redação dada pelo Decreto nº 3784/2001, estabeleceu para o âmbito</p><p>da União um rol taxativo dos bens e serviços que podem ser contratados mediante pregão. (ver</p><p>referidos Decretos)</p><p>Após sucessivas alterações, o Decreto nº 3.555/00 foi mais uma vez modificado pelo Decreto nº</p><p>7.174/2010, revogou a lista de bens e serviços comuns para fins de utilização de pregão no âmbito</p><p>federal. Assim, a situação atual é que a Administração Pública federal tem discricionariedade para</p><p>decidir, diante do caso concreto, o que pode ser considerado objeto comum e licitado via pregão. O</p><p>Decreto nº 7.174/2010, disciplina também as contratações de bens e serviços de informativa e</p><p>automação pelos órgãos e entidades da Administração federal, eliminando a antiga proibição de</p><p>uso de pregão para licitar bens e serviços de informática e automação.</p><p>HIPÓTES DE VEDAÇÃO DO PREGÃO: sendo taxativo o rol estabelecido pelo Decreto nº</p><p>3555/00, entende-se vedado, no âmbito federal, o uso de pregão para contratação</p><p>de bens e serviços</p><p>não indicados na referida lista. Interpretando sistematicamente o conjunto de leis sobre licitação,</p><p>conclui-se ser proibido o uso do pregão, para todas as esferas federativas, quando se tratar de:</p><p>- contratação de obras e serviços de engenharia;</p><p>- locações imobiliárias;</p><p>- alienações em geral.</p><p>Diferentemente do que ocorre com a concorrência, com a tomada de preços e com o convite, em</p><p>que o valor da futura contratação é determinante para a escolha dessa modalidade de licitação, no</p><p>pregão não importa o valor da futura contratação, basta que o objeto dela se caracterize como</p><p>bem ou serviço comum.</p><p>O procedimento do pregão é marcado pela inversão das fases de habilitação dos licitantes e</p><p>classificação das propostas, em comparação com a concorrência, a tomada de preços e o convite.</p><p>Na concorrência, na tomada de preços e no convite, de modo geral, a fase de habilitação, que é</p><p>destinada à análise da capacidade ou qualificação do licitante para executar o futuro contrato. É</p><p>realizada e precedentemente à análise de propostas. Aliás, só serão analisadas as propostas, com sua</p><p>consequente classificação, dos licitantes que forem habilitados ou qualificados.</p><p>No pregão, os licitantes comparecem no dia, hora e local designados no edital para participação,</p><p>oferecendo suas propostas por escrito. Uma vez conhecidas as propostas, o autor da melhor delas,</p><p>bem como os autores das propostas com preços até 10% superiores à proposta melhor, poderão</p><p>fazer novos lances verbais e sucessivos até a proclamação do vencedor.</p><p>Não havendo pelo menos três ofertas nas condições retro-definidas, serão admitidos a lançar</p><p>novamente os autores das três melhores propostas, quaisquer que sejam os preços oferecidos. Uma</p><p>vez obtida a melhor proposta, passa-se à análise de documentação de habilitação do proponente.</p><p>Havendo a habilitação, o licitante será declarado vencedor. Do contrário, passa-se ao segundo</p><p>proponente, analisando-se sua habilitação e assim sucessivamente em caso de não possuir o licitante</p><p>habilitação (art. 4°).</p><p>Verifica-se, portanto, que o procedimento do pregão é mais célere do que principalmente o da</p><p>concorrência.</p><p>Importante destacar que o §1°, art. 2° da Lei 10.520 possibilita a realização do pregão por meio da</p><p>utilização de recursos de tecnologia da informação, nos termos de regulamentação específica.</p><p>Na esfera federal, o Decreto 5.450/05 regulamenta o pregão na forma eletrônica, sendo que o art.</p><p>4° considera obrigatória na aquisição de bens e serviços comuns, a modalidade de licitação pregão,</p><p>estabelecendo preferencialmente a utilização de sua forma eletrônica, salvo nos casos de</p><p>comprovada inviabilidade a ser justificada pela autoridade competente.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>5. Etapas da licitação</p><p>A licitação divide em duas grandes etapas: a etapa interna e a etapa externa.</p><p>a) Etapa interna</p><p>Na etapa interna, vigora o juízo discricionário porque a Administração vai aferir qual é a sua</p><p>necessidade de contratação, com vistas a definir o que será contratado e como será contratado,</p><p>considerando a previsão orçamentária existente. Na etapa externa, que se inicia com a divulgação</p><p>do edital ou da carta-convite, a Administração já definiu o objeto da contratação e como pretende</p><p>contratar.</p><p>Diz-se, então, que há início o juízo vinculado da Administração, eis que ela não pode descumprir as</p><p>normas e condições do ato convocatório, ao qual está estritamente vinculada. Isso não impede,</p><p>todavia, a revogação da licitação desde que haja fato superveniente que tenha alterado o interesse</p><p>público.</p><p>b) etapa externa</p><p>A etapa externa divide-se nas seguintes fases: instauração ou abertura, habilitação, classificação,</p><p>julgamento, homologação e adjudicação.</p><p>Nas hipóteses de licitação ou de conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas, em que o objeto</p><p>da contratação tenha valor estimado superior a 100 vezes o limite previsto ou o limite do art. 1°, III,</p><p>alínea “c”, Lei de Licitação, o procedimento da licitação tem início com audiência pública,</p><p>oportunidade em que os interessados podem ter acesso a todas as informações relativas à licitação,</p><p>podendo inclusive se manifestar a respeito.</p><p>A propósito, essa licitação é denominada pela doutrina como licitação de imenso vulto. Aproveita-</p><p>se a oportunidade para constar que existe também a licitação de grande vulto, que nos termos do art.</p><p>15 da Lei de Licitação é aquela destinada à realização de obras, serviços e compras cujo valor</p><p>estimado da contratação seja superior a 25 vezes o limite do art. 23, I, “c”. Vide a respeito da</p><p>licitação de grande vulto o disposto no art. 46, §3° da Lei de Licitação.</p><p>Obs.: Ver dispositivos mencionados ao longo do texto.</p><p>a) Abertura ou instauração:</p><p>A abertura da licitação ocorre com a divulgação do ato ou instrumento convocatório, o qual recebe</p><p>o nome de edital em todas as modalidades de licitação, com exceção do convite em que é</p><p>denominado de carta-convite. Às vezes a lei usa a palavra edital como gênero, o que ocorre por</p><p>exemplo no art. 41 em que a lei estabelece o juízo vinculado da Administração no que se refere às</p><p>normas e condições do ato convocatório. Embora o artigo se refira ao edital é evidente que ele</p><p>também se aplica à carta-convite.</p><p>Se se tratar de edital, é preciso divulgá-lo via aviso. O edital será publicado na imprensa, como</p><p>determina o art. 21 da Lei 8666/93 por meio de aviso. O aviso contém o resumo do edital. Quanto à</p><p>carta-convite a lei NÃO EXIGE a divulgação em jornal, basta o envio da carta aos convidados e a</p><p>fixação de cópia em local apropriado da unidade licitante.</p><p>O art. 21, §4°, determina que “qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma</p><p>que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando,</p><p>inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.</p><p>O edital, à semelhança da lei, possui: preâmbulo, texto e fecho.</p><p>O preâmbulo contém o número de ordem do edital em sequência anual, o nome da repartição</p><p>interessada, a modalidade de licitação, o regime de execução, o tipo de licitação (critério de</p><p>julgamento), a indicação da legislação de regência, o dia, hora e local para recebimento dos</p><p>envelopes de documentação e proposta e para início da abertura dos envelopes. O texto contém o</p><p>objeto da licitação (obra, serviço, compra, etc), as condições de participação, as regras de</p><p>julgamento das propostas e para formalização dos contratos.</p><p>O fecho encerra o edital com determinações finais sobre sua divulgação, além da data, local e</p><p>assinatura da autoridade responsável.</p><p>A lei possibilita a qualquer cidadão, e também ao licitante o direito de impugnar o edital de</p><p>licitação conforme §1°e §2° do art. 41, ressaltando-se que o licitante tem um prazo maior para</p><p>impugnar o edital.</p><p>Caso o licitante impugne o edital, mas, mesmo assim, atenda a regra impugnada,</p><p>permanecerá na licitação mesmo que sua impugnação seja rejeitada. Caso o licitante impugne o</p><p>edital, e deixe de atender a regra impugnada, se sua impugnação for rejeitada, ele será excluído da</p><p>licitação.</p><p>Havendo sucesso na impugnação, a impugnação, a rigor, deverá anular os atos praticados e</p><p>reiniciar o procedimento com nova divulgação do ato convocatório. Isso porque houve</p><p>reconhecimento de que o ato convocatório continha vício, havendo ofensa ao princípio da</p><p>legalidade, da isonomia, etc.</p><p>b) habilitação ou qualificação:</p><p>Destina-se à análise da aptidão ou da capacidade do licitante em executar o objeto do futuro</p><p>contrato. Nesse momento, não se analisa proposta. Só os habilitados qualificados é que passarão à</p><p>fase seguinte do procedimento, que é a classificação de propostas.</p><p>A habilitação ou qualificação pode ser desdobrada em:</p><p>i) habilitação jurídica;</p><p>ii) qualificação técnica;</p><p>iii) qualificação econômico-financeira;</p><p>vi) regularidade fiscal</p><p>v) cumprimento do disposto no art. 7°, XXXIII, CF.</p><p>O dispositivo constitucional</p><p>proíbe trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de 18 anos</p><p>e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz a partir de 14 anos. A</p><p>documentação, nesse caso, será uma declaração do licitante de que não contrata menores nas</p><p>condições vedadas pela CF.</p><p>A habilitação jurídica destina-se a comprovar a capacidade da pessoa física ou da pessoa jurídica</p><p>para contrair direitos e obrigações. A habilitação jurídica consta do art. 28 da L 8666/93.</p><p>A qualificação técnica destina-se a demonstrar que o licitante possui os requisitos profissionais para</p><p>executar o objeto do futuro contrato.</p><p>A qualificação técnica divide-se em: genérica, específica e operativa. A genérica se comprova pelo</p><p>registro profissional. A específica pelo atestado de experiência anterior e pela existência de pessoal</p><p>e aparelhamento adequados à execução do contrato, e a operativa pela efetiva disponibilidade de</p><p>pessoal e equipamentos para executar o futuro contrato.</p><p>A documentação relativa à qualificação técnica consta do art. 30 da Lei 8666/93.</p><p>A qualificação econômico-financeira destina-se a demonstrar a situação de solvência do licitante, e</p><p>a documentação consta do art. 31 da Lei 8666/93. Merece destaque o inciso III que possibilita à</p><p>Administração exigir garantia limitada a 1% do valor estimado do objeto da contratação dos</p><p>licitantes. A garantia é escolhida pelos licitantes dente caução em dinheiro ou em títulos da dívida</p><p>pública, fiança bancária, etc.</p><p>Regularidade fiscal, por sua vez, destina-se a aferir se o licitante está cumprindo suas obrigações</p><p>tributárias e também relativas à seguridade social e ao fundo de garantia por tempo de serviço.</p><p>Destaque-se que a recomendação consta do art. 29 e que o inciso III exige prova de regularidade</p><p>perante as Fazendas Públicas, mas não exige prova de quitação de tributos. Assim, está regular</p><p>aquele que parcelou seu débito, aquele que está discutindo o débito em execução embargada com</p><p>penhora, etc.</p><p>As microempresas e empresas de pequeno porte tratadas na lei complementar 123/06, mesmo que</p><p>ostentem alguma restrição quanto à regularidade fiscal não serão inabilitadas desde logo. A lei, no</p><p>art. 43, §1°, lhes concede o prazo de dois dias úteis prorrogável por igual período a critério da</p><p>Administração caso sejam declaradas vencedoras para a regularização da documentação, pagamento</p><p>ou parcelamento do débito, e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de</p><p>certidão negativa.</p><p>Caso não ocorra a regularização da documentação a microempresa ou a empresa de pequeno porte</p><p>decairá do direito à contratação sem prejuízo das sanções do art. 81 da Lei 8666/93, facultando-se à</p><p>Administração convocar os licitantes remanescentes ou revogar a licitação (art. 43, §2°, LC</p><p>123/06).</p><p>Da habilitação/convocação, bem como da inabilitação/não convocação de licitante, cabe recurso</p><p>hierárquico no prazo de 5 dias úteis ou no prazo de dois dias úteis em se tratando do convite,</p><p>conforme art. 109, I, “a” e §6° da Lei 8666/93.</p><p>Na concorrência, como é modalidade de licitação aberta a quaisquer interessados, a fase de</p><p>habilitação é bem definida, na tomada de preços, ordinariamente, a fase de habilitação resume-se na</p><p>análise dos certificados de registro cadastral. Mas, como a inscrição no cadastro é mais genérica,</p><p>pode ser que a Administração exija em determinada tomada de preços maior comprovação quanto à</p><p>qualificação técnica e econômica.</p><p>No convite, a Administração convida quem ela presume, reputa habilitado, razão pela qual ela pode</p><p>dispensar no todo ou em parte a documentação. No leilão, como a Administração está alienando</p><p>bens e o pagamento é imediato, isso também pode ocorrer.</p><p>Pré- qualificação: destina-se tão somente às concorrências e será utilizada sempre que o objeto da</p><p>licitação recomende análise mais detida de qualificação técnica dos interessados. Na pré-</p><p>qualificação, serão observadas as exigências da lei relativas à concorrência, à convocação dos</p><p>interessados, ao procedimento e à análise da documentação (art. 114, Lei 8666/93). Conceito</p><p>de Celso Antonio Bandeira de Mello: “pré-qualificação é uma prévia operação seletiva dos</p><p>interessados” em dado certame ou certames a serem instaurados.</p><p>d) Classificação:</p><p>Ultrapassada a fase de habilitação, passa-se à fase de classificação das propostas. Os envelopes que</p><p>contém as propostas são abertos e então as propostas são analisadas. Nesta fase a Administração</p><p>verifica se as propostas estão de acordo com o exigido no ato convocatório e se são viáveis caso não</p><p>estejam de acordo com o ato convocatório ou ainda caso sejam inviáveis as propostas serão</p><p>desclassificadas.</p><p>São viáveis as propostas sérias, ou seja, aquelas que não tenham preços zerados, irrisórios, ou</p><p>inexequíveis e também aquelas que não excedam o valor do limite legal para a modalidade de</p><p>licitação. O art. 44, §3° admite que o licitante ofereça preços abaixo dos preços de mercado quando</p><p>se referirem a materiais e instalações de propriedade do próprio licitante para os quais ele renuncie à</p><p>parcela ou à totalidade da remuneração.</p><p>Quando todos os licitantes forem inabilitados (fase precedente) ou todas as propostas forem</p><p>desclassificadas, a Administração pode fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para</p><p>apresentação de nova documentação ou de novas propostas escoimadas das causas da inabilitação</p><p>ou da desclassificação facultada no caso de convite para 3 dias (art. 48, §3°, Lei 8666/93).</p><p>Qualificação diz respeito ao licitante, e classificação diz respeito à proposta.</p><p>e) Julgamento</p><p>Já se viu que o julgamento deve ser objetivo, porque os critérios para a escolha da melhor proposta</p><p>devem constar do ato convocatório, vedando-se a aplicação de critérios ou fatores sigilosos,</p><p>secretos, subjetivos ou reservados que possam, ainda que indiretamente, elidir o princípio da</p><p>igualdade dos licitantes. Também é vedada a consideração de qualquer oferta de vantagem não</p><p>prevista no ato convocatório (art. 44, §1° e §2°, Lei 8666/93).</p><p>Todavia, quando a análise da técnica está envolvida, dificilmente se consegue um julgamento 100%</p><p>objetivo, de forma que a Administração deve primar pelo julgamento mais objetivo possível.</p><p>Também no concurso em que se escolhe um trabalho técnico, artístico ou científico, é difícil a</p><p>realização de um julgamento totalmente objetivo.</p><p>Os tipos de licitação são critérios de julgamento (cuidado para não confundir com modalidades</p><p>de licitação). Os tipos de licitação, em todas as modalidades, com exceção do concurso e do</p><p>pregão, são:</p><p>- o de menor preço;</p><p>- o de melhor técnica;</p><p>- o de técnica e preço;</p><p>- o de melhor lance ou oferta (nos casos de alienação de bens ou de concessão de direito real de</p><p>uso).</p><p>No concurso, cada licitação tem o seu regulamento próprio, que estabelece os critérios de</p><p>julgamento. No pregão, por sua vez, vence a oferta de valor mais baixo.</p><p>A regra é a de que o tipo de licitação seja o de menor preço. Todavia, o menor preço nem sempre é</p><p>o que ostenta o valor nominalmente mais baixo porque critérios de rendimento e condições de</p><p>pagamento interferem na análise do menor preço. Excepcionalmente, a licitação será processada</p><p>pelos tipos de melhor técnica e de técnica e preço, e isso ocorre nas hipóteses do art. 45, §4°,</p><p>46, caput e 46, §3°.</p><p>O art. 45, §4° estabelece obrigatoriamente o tipo de licitação técnica e preço para a</p><p>contratação dos serviços de informática, permitindo o emprego de outros tipos de licitação nos</p><p>casos indicados por decreto do Poder Executivo.</p><p>É cabível os tipos de licitação melhor técnica ou técnica e preço para serviços de</p><p>natureza predominantemente intelectual, tais como elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,</p><p>etc (art. 46, caput). Os tipos de licitação melhor técnica e técnica e preço também são cabíveis para</p><p>fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de serviços de grande vulto (art. 6°, V, L</p><p>8666/93) majoritariamente dependentes de tecnologia</p><p>nitidamente sofisticada e de domínio restrito</p><p>(art. 46, §3°).</p><p>O procedimento para o julgamento da licitação do tipo “melhor técnica” consta do §1° do art.</p><p>46. Os proponentes apresentam dois envelopes de propostas: um contendo a proposta técnica, e o</p><p>outro a proposta de preço. Inicialmente são abertos os envelopes de proposta técnica e todas as que</p><p>satisfaçam as condições mínimas previstas no ato convocatório serão ordenadas.</p><p>Em seguida, são abertos os envelopes das propostas de preços, as quais igualmente serão ordenadas.</p><p>Caso o melhor proponente, quanto à técnica seja o melhor ofertante do preço, será o vencedor. Do</p><p>contrário, a Administração deverá negociar com o licitante melhor classificado na proposta técnica,</p><p>tendo como referência a melhor proposta de preço apresentada. Se ele aceitar rebaixar o preço, será</p><p>o vencedor. Havendo impasse, a Administração deve negociar com os demais proponentes na ordem</p><p>de classificação sucessivamente até que haja acordo para contratação.</p><p>Tem prevalecido entendimento de que é preciso que o licitante rebaixe seu preço a ponto de</p><p>igualar ao menor preço oferecido. De forma que, nem sempre, a melhor proposta classificada na</p><p>técnica será escolhida. Há quem entenda diferentemente, porque a lei fala em negociação, e</p><p>estabelece que a melhor proposta de preço é referência para dita negociação, possibilitando então</p><p>entendimento de que não é preciso igualar a melhor proposta de preço. Conforme art. 43, §2°, da L</p><p>8666, igualmente são dois os envelopes contendo as propostas, um relativo à proposta técnica e o</p><p>outro à proposta de preço.</p><p>A avaliação e valorização das propostas técnicas e de preço será feita de acordo com os pesos</p><p>preestabelecidos no ato convocatório. De forma que, se à proposta técnica for conferido peso</p><p>significativo, é possível obter eventualmente uma proposta técnica melhor do que seria obtida no</p><p>tipo de licitação melhor técnica.</p><p>A comissão de licitação é a responsável pela habilitação e pelo julgamento. Ela pode ser</p><p>permanente, caso em que a investidura de seus membros não excederá a um ano, sendo vedada a</p><p>recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período subsequente. A</p><p>comissão pode ser especial, quando for formada para julgar uma ou algumas licitações em</p><p>específico. Em todo caso, é formada por no mínimo três membros, sendo dois deles servidores</p><p>qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela</p><p>licitação. Os membros das comissões respondem solidariamente pelos atos praticados pela</p><p>comissão, salvo se posição divergente estiver registrada fundamentadamente em ata.</p><p>f) Homologação e adjudicação</p><p>São atos da autoridade competente. A comissão termina o seu trabalho com o julgamento e</p><p>remete os autos da licitação para a autoridade competente, que normalmente é aquela que</p><p>determinou a abertura da licitação, para fins de homologação e adjudicação. Não obstante haja</p><p>certa divergência na ordem destes atos nos artigos 38, VII, e 43, VI, prevalece este último</p><p>artigo, o qual estabelece a ordem dos atos de homologação e adjudicação. Esse artigo prevalece</p><p>porque é o que trata do procedimento.</p><p>No momento anterior ao da homologação a autoridade fará uma análise de mérito e de</p><p>legalidade do procedimento licitatório. Havendo fato superveniente que altere o interesse público,</p><p>admite-se a revogação da licitação. Aliás, a exigência de que ocorra o fato superveniente capaz de</p><p>alterar o interesse público, propiciando a revogação da licitação, é novidade da Lei 8666/93.</p><p>Antes dela, a licitação podia revogar a licitação e não precisava explicitar o fato superveniente</p><p>capaz de justificar o interesse público. Pelo controle de legalidade, a autoridade aferirá se existe</p><p>algum vício na licitação. O vício pode ser sanável ou não, e pode comprometer todo ou parte do</p><p>procedimento.</p><p>Caso o vício comprometa todo o procedimento, anula-se toda a licitação. Caso o vício comprometa</p><p>parte do procedimento, anula-se a partir do vício e se retoma a prática dos atos desde então. Não</p><p>havendo razão para revogar e nem anular a licitação, a autoridade fará a homologação.</p><p>Em seguida, ocorre a adjudicação que é a atribuição do objeto da licitação ao licitante vencedor.</p><p>Questiona-se se a licitação dá direito ao licitante vencedor à contratação ou mera expectativa de</p><p>direito de ser contratado. Embora haja divergências doutrinárias a respeito, a melhor doutrina é no</p><p>sentido de que, a princípio, a contratação deve ocorrer porque é decorrência lógica da licitação,</p><p>principalmente se considerarmos que a revogação exige a existência de fato superveniente que</p><p>altere o interesse público.</p><p>De modo que, se nem mesmo a revogação é amplamente admitida, como seria possível admitir a</p><p>decisão de não contratar pura e simples. Em suma, a Administração deve adotar alguma das</p><p>seguintes providências: ou anula ou revoga a licitação ou contrata.</p><p>A adjudicação acarreta os seguintes efeitos:</p><p>a) vincula o vencedor nos termos de sua proposta;</p><p>b) libera os demais licitantes;</p><p>c) coloca o adjudicatário em condições de ser contratado.</p><p>6. Recursos decorrentes da licitação</p><p>A Lei 8666/93 prevê os seguintes recursos dos atos da Administração decorrentes da</p><p>aplicação da lei:</p><p>Recurso hierárquico, nos casos de: a) habilitação ou inabilitação do licitante; b) julgamento das</p><p>propostas; c) anulação ou revogação da licitação; d) indeferimento do pedido de inscrição ou</p><p>registro cadastral sua alteração ou cancelamento; e) rescisão do contrato por decisão unilateral da</p><p>Administração; f) aplicação das penas de advertência, suspensão temporária e multa.</p><p>O prazo do recurso hierárquico é de cinco dias úteis em todas as modalidades, com exceção</p><p>do convite, em que ele é de dois dias úteis.</p><p>Representação: aplicada contra ato relacionado com objeto da licitação ou do contrato de que</p><p>não caiba recuso hierárquico.</p><p>O prazo é de cinco dias úteis em todas as modalidades, com exceção do convite, em que o</p><p>prazo é de dois dias úteis.</p><p>pedido de reconsideração: tem como objeto atacar a declaração de inidoneidade para licitar</p><p>ou contratar com a Administração Pública que está prevista no art. 87, IV e §3° da L 8666/93.</p><p>O prazo do pedido de reconsideração é de 10 dias úteis.</p><p>7. Licitação deserta e fracassada:</p><p>a) Licitação deserta: ocorre quando NENHUM interessado requerer a participação na</p><p>licitação. Ocorrendo a licitação deserta surge a hipótese da licitação dispensável prevista no art. 24,</p><p>V, L 8666/93, desde que a licitação justificadamente não pode ser repetida sem prejuízo para a</p><p>Administração mantidas todas as condições preestabelecidas no ato convocatório.</p><p>b)Licitação fracassada: ocorre quando TODOS os licitantes forem inabilitados ou</p><p>TODAS as propostas forem desclassificadas, caso em que o art. 48, §3° faculta à Administração que</p><p>conceda um novo prazo para apresentação de documentação ou de propostas conforme o caso,</p><p>escoimadas das causas que determinaram a inabilitação ou a desclassificação.</p>