Aula 4 - Tipos Textuais - Parte 1

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<p>- -1</p><p>Tipos textuais</p><p>Cristiane Rodrigues de Oliveira</p><p>Introdução</p><p>Ao longo desta aula, compreenderemos o que é um texto e quais são os fatores da sua construção. Além disso,</p><p>conheceremos os tipos textuais, reconhecendo suas nuances e especificidades.</p><p>Ao final desta aula, você será capaz de:</p><p>• conhecer os tipos de textos a fim de aprender as suas peculiaridades.</p><p>• compreender o que é um texto, bem como os fatores que interferem em sua construção;</p><p>O que é um texto?</p><p>A palavra vem do latim , que significa, em tradução literal, tecido organizado de palavras. Trata-setexto textum</p><p>de uma organização lógica, encadeada, que estabelece comunicação, tanto na fala quanto na escrita, não</p><p>importando a sua extensão. Segundo Guimarães (2000, p. 14):</p><p>[...] em sentido amplo, a palavra texto designa um enunciado qualquer, oral ou escrito, longo ou</p><p>breve, antigo ou moderno. Caracteriza-se, pois, numa cadeia sintagmática de extensão muito</p><p>variável, podendo circunscrever-se tanto a um enunciado único ou a uma palavra.</p><p>Assim, podemos dizer que um texto somente se configura como tal quando é enunciado de modo articulado,</p><p>fazendo com que o receptor compreenda a mensagem. Ainda de acordo com Guimarães (2000), um texto se</p><p>forma por meio das estruturas internas que o caracterizam e, também, articula-se em diferentes tipos. Temos,</p><p>então, um todo organizado, que visa a um dado objetivo comunicativo. Dessa maneira, escolhemos e</p><p>privilegiamos aquele que melhor cabe dentro de cada propósito.</p><p>Além de compreender o que é um texto, é importante entender que, para a sua construção, existem fatores que</p><p>•</p><p>•</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para conhecer mais a fundo os tipos textuais e como redigir cada um deles, leia “Para entender</p><p>o texto: leitura e redação”, de Francisco Platão Savioli e José Luis Fiorin. Na obra, os autores</p><p>trazem uma abordagem inovadora, uma vez que todo o estudo é realizado com base em</p><p>exemplos textuais.</p><p>Aline Silveira</p><p>- -2</p><p>Além de compreender o que é um texto, é importante entender que, para a sua construção, existem fatores que</p><p>atuam diretamente na sua produção, como afirma Nicola (2014). Acompanhe!</p><p>Fatores que interferem na construção de um texto</p><p>Como vimos, o texto é um todo que deve produzir sentido para o leitor. Assim, o texto precisa ser planejado e</p><p>construído com base em alguns pressupostos. Segundo Nicola (2014), os requisitos para a construção do texto</p><p>são:</p><p>• intencionalidade: está associada às intenções do produtor do texto em relação ao objeto comunicativo.</p><p>Por exemplo, quando a intenção é persuadir, convencer, o texto deverá ser organizado com base nestas</p><p>intenções;</p><p>• aceitabilidade: a mensagem transmitida pelo texto, que é construído pelo autor, deve ser tomada pelo</p><p>receptor como verdadeira, ou seja, as intenções do texto precisam ser “aceitas”. Por isso, as informações</p><p>contidas num texto devem ser baseadas em fatos, que não possam ser refutados;</p><p>• situacionalidade: o texto, ao ser produzido, precisa estar adequado à situação comunicativa. Não cabe,</p><p>por exemplo, construir um texto com linguagem extremamente formal em uma situação em que a</p><p>formalidade não é exigida. Numa conversa entre amigos, a linguagem usada, intencionalmente, é mais</p><p>solta, leve; já em uma entrevista de trabalho, a linguagem precisa ser mais formal, adequada ao contexto</p><p>situacional, respeitando as normas gramaticais;</p><p>• informatividade: um texto precisa trazer informações ao receptor. Não se compreende como texto um</p><p>enunciado que não agregue qualquer tipo de informação para quem lê. Vale salientar que o critério para a</p><p>utilização do nível de informatividade dependerá da situacionalidade e da aceitabilidade;</p><p>• intertextualidade: não existe um texto “puro”, ou seja, que não tenha por referência outros. A</p><p>intertextualidade é a relação que um texto mantém com outro. Por exemplo, uma dissertação apresenta</p><p>dados que já foram expostos em outras publicações, os quais serviram de base para a exposição ou defesa</p><p>de uma tese.</p><p>Assim, é preciso compreender que há diversos fatores que interferem diretamente na construção de um texto e</p><p>que, sem a organização e planejamento deles, a transmissão da mensagem poderá ficar comprometida.</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>- -3</p><p>Figura 1 - Fatores que interferem na construção do texto</p><p>Fonte: yurgo/Shutterstock.com</p><p>Aline Silveira</p><p>Como vimos, para a construção de um texto, é necessário perceber quais são os fatores que podem interferir</p><p>diretamente na sua produção. Portanto, não basta apenas escrever. Além disso, os textos são classificados em</p><p>estruturas, conforme veremos a seguir.</p><p>Tipos textuais</p><p>Os textos estão organizados em tipologias, ou seja, agrupados e estudados de acordo com as suas estruturas e</p><p>finalidades (NICOLA, 2014). De acordo com Garcia (2010), há 5 tipos de textos (ou categorias textuais), que</p><p>serão classificados de acordo com seus usos e estruturas internas. Os tipos textuais são: descritivo, narrativo,</p><p>dissertativo, injuntivo e expositivo.</p><p>- -4</p><p>Os tipos textuais se organizam de maneira bastante simples para serem compreendidos, uma vez que as suas</p><p>estruturas internas são elaboradas para que tenhamos um processo comunicativo claro e objetivo (GUIMARÃES,</p><p>2000).</p><p>Agora, vamos aprofundar nosso estudo nas especificidades dos tipos textuais.</p><p>Descritivo</p><p>No texto descritivo, a intenção comunicativa é a de caracterizar um ser, local, objeto, tanto de modo físico quanto</p><p>psíquico. Ele é largamente utilizado no dia a dia, uma vez que precisamos descrever com as palavras o mundo</p><p>que nos cerca. Assim, quando queremos apresentar uma informação, usamos o tipo descritivo.</p><p>Os adjetivos são muito empregados nos textos descritivos. Por exemplo, quando vendemos um carro, precisamos</p><p>descrever os dados para informar detalhadamente o possível comprador. Veja: “4 portas, bancos de couro,</p><p>direção hidráulica e rodas de liga leve”.</p><p>Agora, acompanhe as características do tipo narrativo.</p><p>Narrativo</p><p>O tipo narrativo tem por objetivo contar histórias, narrar ações, sejam elas reais ou fictícias, que estejam</p><p>localizadas em um tempo e espaço. As narrações ainda se caracterizam pela presença de personagens e por um</p><p>narrador, o qual pode ser também um personagem da trama (GARCIA, 2010).</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>Lembre-se que o uso do texto está diretamente ligado aos fatores que interferem na</p><p>construção de qualquer que seja o seu tipo. Assim, os textos devem ser usados conforme a</p><p>necessidade comunicativa. Caso a comunicação exija um texto explicativo, este deverá cumprir</p><p>esta premissa.</p><p>Aline Silveira</p><p>EXEMPLO</p><p>Quando temos a intenção comunicativa, oral ou escrita, de defender uma tese, usaremos um</p><p>tipo de texto que nos permita realizar o objetivo central, que é o de apresentar e defender uma</p><p>ideia. Não é possível defender ou expor uma ideia fazendo uso de um tipo que não se encaixe</p><p>dentro das características exigidas nesta situação.</p><p>Aline Silveira</p><p>- -5</p><p>Figura 2 - Descrição e narração: características e finalidades</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, 2017.</p><p>Aline Silveira</p><p>A seguir, conheceremos o tipo dissertativo.</p><p>Dissertativo</p><p>A palavra dissertação vem do latim " e significa, literalmente, argumentar com criticidade (NICOLA,dissertare"</p><p>2014). Logo, dizemos que a intenção do tipo dissertativo é expor ideias ou defender uma tese, apresentando</p><p>argumentos, fatos e dados que sejam cabíveis ao tipo de defesa ou exposição que se pretende. Por exemplo, para</p><p>defender uma monografia, nos valemos do tipo dissertativo, que atende às premissas exigidas para a</p><p>situacionalidade.</p><p>O tipo dissertativo é elaborado em uma linguagem culta, redigida na 3ª pessoa. Além disso, ele é conhecido como</p><p>tripartido, ou seja, apresenta três partes muito bem definidas. A primeira parte é a introdução, ou tese, na qual se</p><p>expõe a ideia que será debatida. A introdução é construída por meio da apresentação de um tópico frasal, que</p><p>expõe o tema a ser discutido, e o ponto de vista do autor acerca do assunto.</p><p>Assim, uma elaboração assertiva da introdução irá garantir o sucesso do texto dissertativo. Por isso, ela deverá</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>Nos textos narrativos,</p><p>há o largo emprego de descrições, uma vez que é impossível contar uma</p><p>história sem que se caracterize o ambiente, local, personagens e demais acontecimentos que</p><p>permeiam as ações narradas. Podemos afirmar, então, que uma narração se vale da descrição,</p><p>mas nem sempre a descrição se vale da narração, em especial quando ela é técnica.</p><p>Aline Silveira</p><p>- -6</p><p>Assim, uma elaboração assertiva da introdução irá garantir o sucesso do texto dissertativo. Por isso, ela deverá</p><p>ser desenvolvida de modo claro, coeso e coerente, sempre calcada em argumentos de autoridade (informações</p><p>válidas, sérias, oficiais), os quais serão desdobrados na segunda parte do texto (GARCIA, 2010).</p><p>A segunda parte compreende o desenvolvimento, que, como o próprio nome diz, apresenta as considerações</p><p>(exemplos, dados históricos, causas, consequências) utilizadas para defender a tese inicial. Já a terceira parte é a</p><p>conclusão, ou fecho, cuja função é retomar a tese inicial, apresentar uma proposta de intervenção e dar um</p><p>fechamento para o texto (GARCIA, 2010).</p><p>Figura 3 - O texto dissertativo expõe e defende ideias</p><p>Fonte: Creative Images/Shutterstock.com</p><p>Aline Silveira</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>A dissertação é um dos textos mais utilizados no meio acadêmico. Além disso, é o tipo textual</p><p>mais exigido em concursos públicos, exames vestibulares e outros tipos de processos de</p><p>seleção, inclusive para selecionar candidatos para vagas de trabalhos.</p><p>Aline Silveira</p><p>- -7</p><p>Veja que a dissertação é um texto cuja estrutura é fixa, independente de sua extensão. Suas partes são bem</p><p>definidas e, simultaneamente, elencadas, ou seja, caso uma apresente problemas de coesão, haverá problemas</p><p>também em outras partes do texto.</p><p>Agora, vamos conhecer o tipo injuntivo.</p><p>Injuntivo</p><p>O tipo injuntivo (também conhecido como instrucional) tem por finalidade instruir o leitor, ou seja, indicar de</p><p>que forma ele deverá agir. Trata-se de um texto bastante presente em nosso cotidiano, como em receitas</p><p>culinárias, manuais de instrução, indicações de rotas, isto é, todos aqueles que sirvam para dar instruções.</p><p>Nos textos injuntivos, usamos os verbos quase sempre no modo imperativo, ou, por vezes, no infinitivo. Eles</p><p>também apresentam um tom de persuasão, e por esse motivo há um predomínio da função apelativa ou conativa</p><p>da linguagem (MORAES, 2008).</p><p>A seguir, conheceremos as especificidades do tipo expositivo.</p><p>Expositivo</p><p>O tipo expositivo tem por objetivo realizar uma apresentação de modo claro, coeso, explanando informações</p><p>com objetividade. Neste tipo textual, há o predomínio de exemplos, fontes, referências e linguagem didática</p><p>(NICOLA, 2014).</p><p>Note que este texto que você está lendo, que visa dar embasamento teórico sobre os tipos de textos, é, por suas</p><p>SAIBA MAIS</p><p>Para uma leitura aprofundada sobre o tema, acesse o artigo “Aspectos da pesquisa sobre</p><p>tipologia textual”, de Luiz Carlos Travaglia (UFU). Disponível no link:< http://periodicos.letras.</p><p>>.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709</p><p>Aline Silveira</p><p>EXEMPLO</p><p>O tipo injuntivo é predominante em propagandas, uma vez que ele tem por objetivo dar uma</p><p>indicação, ao receptor da mensagem, acerca das atitudes que ele deve tomar. Observe que no</p><p>enunciado “relaxe no verão, mas fique de olho no mosquito da dengue”, há uma injunção, uma</p><p>vez que a mensagem indica que tipo de comportamento o leitor deve ter. Repare, ainda, no</p><p>emprego do modo imperativo.</p><p>Aline Silveira</p><p>http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709</p><p>http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709</p><p>- -8</p><p>Note que este texto que você está lendo, que visa dar embasamento teórico sobre os tipos de textos, é, por suas</p><p>características, um texto expositivo.</p><p>Figura 4 - O tipo expositivo predomina nos livros didáticos</p><p>Fonte: Maxx-Studio, Shutterstock, 2017.</p><p>Aline Silveira</p><p>Veja que os tipos textuais possuem características bem marcadas, definidas, conforme o propósito comunicativo.</p><p>Fechamento</p><p>Concluímos a aula relativa aos tipos textuais! Agora, já é possível fazer a distinção entre cada um deles e redigi-</p><p>los com o máximo de precisão.</p><p>Nesta aula, você teve a oportunidade de:</p><p>• conhecer a definição de texto;</p><p>• entender o que são tipos textuais;</p><p>• compreender quais são as peculiaridades de cada tipo textual ;</p><p>• conhecer os tipos: descritivo; narrativo; dissertativo; injuntivo; e expositivo.</p><p>Referências</p><p>ABL – . São Paulo: Editora Companhia Nacional, 2008.Dicionário Escola da Academia Brasileira de Letras</p><p>GARCIA, Othon Moacir. : aprenda a escrever, aprendendo a pensar. 11. ed. Rio Comunicação em prosa moderna</p><p>de Janeiro: editora FGV, 1983.</p><p>GUIMARÃES, Elisa. . 8. ed. São Paulo: Ática, 2000.A articulação do texto</p><p>MORAES, Augusta Magalhães Carvalho et al. : redação e comunicação; técnicas deEnciclopédia do Estudante</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>•</p><p>- -9</p><p>MORAES, Augusta Magalhães Carvalho et al. : redação e comunicação; técnicas deEnciclopédia do Estudante</p><p>pesquisa, expressão oral, e escrita. São Paulo: Moderna, 2008.</p><p>NICOLA, José de. . Volume único 1, 2, 3. São Paulo: Scipione, 2014.Gramática e texto</p><p>TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Aspectos da pesquisa sobre tipologia textual. Rev. de estudos da linguagem. Belo</p><p>Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, v. 20, n. 2, p. 361-387, jul./dez. 2012. Disponível em: <</p><p>http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709>. Acesso em: 27 set. 2016.</p><p>http://periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/2754/2709</p><p>Introdução</p><p>O que é um texto?</p><p>Fatores que interferem na construção de um texto</p><p>Tipos textuais</p><p>Descritivo</p><p>Narrativo</p><p>Dissertativo</p><p>Injuntivo</p><p>Expositivo</p><p>Fechamento</p><p>Referências</p>