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HIPÓTESES DE ESCRITA Supervisão de Currículo, Inovação e Recursos Didáticos Emília Ferreiro e Ana Teberosky em A psicogênese da língua escrita discutem o pensamento infantil sobre a leitura e a escrita. Ao longo de sua pesquisa descobriram que, no que se refere às escritas alfabéticas, o processo pelo qual as crianças constroem sua aprendizagem é universal e apresenta uma lógica que passa por níveis conceituais até se apropriarem do sistema de escrita alfabético. Tais níveis são denominados como hipóteses de escrita, descritas a seguir: Escrita pré-silábica Nesta hipótese as crianças começam a diferenciar os desenhos de letras, números e outras grafias. Não há aqui uma correspondência entre letra e seu som ou uma reflexão de que as palavras possuem partes (sílabas). Trata- se de uma etapa em que há uma série de evoluções por parte das crianças: tentativas de escrita que apresentam grafias que não chegam a ser letras convencionais; escritas nas quais misturam letras com números; escritas com letras, mas sem um controle de quantidade; escritas fixas, que muitas vezes só alteram a ordem das letras para escrever palavras diferentes. Escrita da palavra “avelã” (Kamila, 4 anos) Escrita silábica Quando as crianças percebem a relação intrínseca entre letras e som, começam a apresentar a hipótese silábica, utilizando cada letra para representar um som. Considerando que o som percebido é o som da sílaba, passa a representar cada silaba com uma letra. Quando a letra não apresenta nenhuma relação com as letras que compõem a sílaba, essa hipótese é chamada de silábica sem valor sonoro. Quando apresenta relação, grafando qualquer das letras que compõem a sílaba, essa hipótese é chamada de silábica com valor sonoro. Escrita da palavra “apontador” (Kamila, 5 anos) Escrita silábica alfabética Aos poucos, ao observarem as escritas adultas, as crianças percebem que é uma maneira diferente da forma que escrevem e começam a ter conflitos cognitivos. Ao escrever uma palavra monossilábica, por exemplo, é difícil para elas aceitar que é necessário apenas uma letra para escrever; ao escreverem palavras que tem a mesma vogal, também é difícil aceitar que a palavra é composta por letras iguais. Neste processo, descobrem que uma sílaba é escrita com consoantes e vogais e começam a oscilar entre escrever a consoante ou a vogal ou ainda escrever a sílaba tal como é. Escrita da palavra “Saci” (Kamila, 5 anos) Escrita alfabética Quando as crianças começam a utilizar todas as letras para representar as palavras que intencionam escrever, elas chegaram à escrita alfabética. Aqui os problemas de escrita se dá em questões ortográficas, como o uso do G ou J, S ou SS, uso da acentuação e pontuação etc. (Kamila, 5 anos) Referências: MARUNY, C. L. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensiná-las a escrever e ler. Tradução de Ernani Rosa. v. 1. Porto Alegre: Artmed, 2000.