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<p>10 A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO NO PROJETO TALENTO POR ALUNOS DE GRADUAÇÃO DO IPUSP Marina Halpern Chalom Camila Munhoz Luiz Celso Castro deToledo Simone Aparecida Ramalho André Meller Ordonez de Souza Alexandre Moreira Kelma Assunção Souza Rebecca Campos O Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) e Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP) junto ao Projeto Esporte-Talento¹ ofe- receram um serviço de Plantão por 3 meses, de setembro a novembro de 1996, voltado aos usuários, seus familiares e técnicos deste A opção por este modelo de atendimento resultou de um pedido inicial por um "pronto-socorro psicológico" da parte do corpo técnico do Projeto Esporte- Talento à equipe da psicologia, com o objetivo de lidar com algumas situações pelas quais passavam em seu cotidiano e que não sabiam como resolver. 1 O Projeto Esporte-Talento é um projeto do CEPEUSP junto à Fundação Ayrton Senna com o intuito de promover "educação através do esporte" para crianças carentes de 10 a 16 anos que habitam as proximidades da Cidade Universitária. Isto é feito dentro das seguintes modalidades de esporte: basquete, futebol, canoagem e handebol. Esse projeto será descrito detalhadamente no capítulo 23. 2 O projeto do Serviço de Aconselhamento do IPUSP contava também com um grupo terapêutico para crianças e um grupo de supervisão de apoio psicológico para os técnicos do Projeto Esporte-Talento.</p><p>178 ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA A proposta de atendimento do plantão psicológico caracteriza-se como um espaço aberto para receber a pessoa que procura ajuda psicológica em situações de dificulda- de ou crise atual, sejam elas de qualquer ordem ou motivação. O plantão no Projeto Esporte-Talento realizava-se todas as segundas-feiras das 9:00 às 11:00 e das 14:00 às 16:00. O plantonista era um estagiário do quinto ano de Psicologia do IP-USP. terças-feiras das 13:30 às 16:30, realizavam-se as supervisões destes plantões. A pessoa que procurava o serviço era atendida na hora e, se fosse necessário, marcavam-se retornos. Estes dependiam da vontade e necessidade do cliente, associada à avaliação do plantonista, até que fosse esclarecida a demanda do cliente. O que queremos dizer com isso? Que o cliente que procura um plantão psicológico pode estar buscando diversas coisas diferentes, desde uma orienta- ção sobre métodos contraceptivos até um espaço para falar sobre a maneira com que se relaciona com os colegas e com a família e o sofrimento que isso lhe traz. Em um primeiro momento, pode não estar claro nem para a pessoa que procura nem para terapeuta que busca é essa, e, portanto qual seria o melhor encami- nhamento a se dar. Assim, diferenciamos conceitualmente a fala do paciente que explica sua ida ao plantão na primeira sessão (sua queixa) e o desdobra- mento que terapeuta e cliente fazem dessa fala no processo de atendimento (sua demanda). O objetivo deste trabalho é acolher a pessoa no momento em que ela sentiu a necessidade de buscar alguma ajuda, dar tempo para que ela possa perceber, junto com psicólogo, que ajuda ela quer e adequar a interven- ção psicológica à real necessidade do cliente. Assim, os atendimentos ocorre- ram por um breve espaço de tempo (o atendimento mais longo que realizamos durou 4 sessões), e se fossem constatados a necessidade e o desejo de uma psicoterapia mais longa o cliente seria encaminhado para outro serviço. A divulgação foi feita de três formas: cartazes no CEPEUSP, cartas para fami- liares e avisos nos grupos de crianças e no de profissionais pelos psicólogos do SAP. Durante o período foram atendidos 8 clientes pelo serviço de Plantão Psico- lógico junto ao CEPEUSP. Cinco adolescentes, usuários do Projeto, duas mães de usuários e uma funcionária do CEPEUSP que não tinha vínculo com o Pro- jeto Esporte-Talento. Devido ao pequeno número de clientes atendidos, dispomos de poucos dados para tirarmos qualquer conclusão acerca do Plantão Psicológico dentro do Projeto Esporte-Talento. Poderemos apenas levantar questões. No entanto, sobre a experi- ência vivida pelos integrantes da equipe de plantão e sua influência na formação de cada um como psicólogo nos sentimos à vontade para discutir sua importância. A formação de plantonistas no Projeto Esporte-Talento A formação de terapeutas que utilizam a Abordagem Centrada na Pessoa pode ser considerada a partir de três pontos: teoria, prática e crescimento pes-</p><p>A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 179 soal (CAMARGO, 1987, p.53). Pretendemos a partir destes eixos discutir as- pectos da formação ligados ao trabalho realizado pelos estagiários e supervisores do Plantão Psicológico. Já havíamos passado pela experiência de realizar atendimentos nesses mol- des no SAP da USP quando nos foi oferecida a possibilidade de inserção neste projeto. Entretanto, esta proposta guardava características diferentes em relação ao trabalho que realizávamos no SAP: em primeiro lugar, agora éramos nós os responsáveis pelo andamento do Serviço, não trabalhando apenas como terapeutas que dão plantão, mas também na confecção das regras institucionais e reflexão sobre as mesmas. A instituição "Projeto Esporte-Talento/CEPEUSP" também tinha características diferentes quanto à geografia, população atendida etc..., o que nos fez perceber que por melhor que seja o modelo de atendimento ele precisa se adequar e se recriar em função do lugar em que ele vai ser oferecido. Em reuniões (que ocorriam nos espaços de supervisão) anteriores ao primei- ro atendimento do plantão, surgiram questionamentos sobre local de atendi- mento, como faríamos encaminhamentos e se daríamos conta do número de clientes, além de outros problemas que refletiam as expectativas, anseios e angús- tias da equipe. É interessante observar que a discussão de aspectos supostamente práticos como local e conduta quanto aos pacientes surjam em alunos de gra- duação, nos mostrando como na faculdade estamos sempre seguindo condutas preexistentes sem nunca pensar sobre elas. Essas primeiras supervisões foram muito importantes, já que tornaram mais claras as intenções do projeto, o nível de conhecimento de cada um sobre a proposta de plantão, e possibilitaram a criação de vínculos entre as supervisoras e os estagiários. Organizamo-nos em escala para oferecer o plantão semanalmente e, a prin- cípio, nos foi oferecida uma sala com paredes vazadas dentro de um espaço que é a "sede" das atividades do Projeto Esporte-Talento no CEPEUSP. Cobrimos as paredes com papel e requisitamos uma sala fora destas dependências para garantir uma maior privacidade dos clientes. Acabamos nos mudando para um lugar que consideramos mais apropriado. Organizamos cadeiras no corredor, caso che- gasse mais de uma pessoa ao mesmo tempo, e afixamos na porta um aviso que pedia que a pessoa desse três batidas na porta e aguardasse para ser atendida. Pensamos que, sabendo que havia gente esperando, poderíamos nos organizar temporalmente no atendimento para acolher a todos. A equipe de trabalho era formada por alunos do 5° ano da graduação, que estavam na expectativa ansiosa de se tornarem psicólogos e não saberem o que iriam encontrar na sua futura vida profissional, nem como se relacionariam com os problemas práticos que surgissem. Por sua vez, as supervisoras também estavam fazendo a sua formação: tinham acabado o curso de graduação no ano anterior e já haviam participado da equipe que implantou o serviço de plantão psicoló-</p><p>ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA 180 em uma instituição pública do poder judiciário (vide capítulo 11), na qual gico atuação também como supervisoras. A formação das supervisoras dava tiveram principalmente em supervisões de apoio do trabalho que elas estavam se realizando com os estagiários. Esta proximidade entre estagiários e supervisoras criou uma coesão na equipe, o que ajudou muito na construção deste serviço e do saber sobre ele. A implantação e manutenção dele dependiam desta equipe, e essa responsabilidade, além de implicar todos os integrantes de forma ativa, foi muito desafiante e bastante educativa. Falaremos, em linhas gerais, como concebemos um plantão psicológico. Um plantão pode ser um atendimento emergencial, pode ser o início de um processo que se estenderá por uma ou mais sessões, pode ser um fim em si mesmo, pode ser usado por alguém que acredita que a própria família precisa de atendimento e deseja conversar sobre isso, pode ser o local para onde o adolescente "proble- ma" será encaminhado por um professor, ou um local onde cliente encontre um encaminhamento para outro serviço. Em certo sentido, ele se assemelha muito a um plantão médico, já que não se sabe o que irá aparecer e no qual é necessário tomar decisões rápidas e lidar com as demandas mais variadas. Por não ter um número de sessões fixo a priori, e ser um atendimento que se finaliza no momento em que a demanda se esclareça (momento único e cheio de suti- lezas, que o tornava bastante misteriosos para nós), foram nas supervisões que pudemos enriquecer nossa própria definição de plantão: um plantão psicológico se caracteriza por um processo cujo início se dá no momento da procura do cliente, e que pode se estender pelo número de sessões necessárias esta necessidade é avaliada pelo cliente e pelo plantonista para que ele se aproprie de sua busca, ou seja, tendo o seu caminho clareado naquilo que o mobilizou em busca de ajuda. Compreendemos então que que define o plantão não é propriamente a queixa, já que essa pode variar muito, mas é a maneira de lidar com esta enquanto sintoma de uma demanda cujo esforço de compreensão é feito na medida em que interesse ao cliente. Um plantão pode ter uma função iniciadora de um processo maior ou reveladora/organizadora de uma problemática. Pode ser também um local no qual a angústia pode ser expressa e acolhida. Sobretu- do o plantão é um processo com começo, meio e fim. Na formação de futuros profissionais, a teoria tem uma função norteadora, cria e mantém um sistema de referência ao qual se pode recorrer e se atualiza sempre que é repensada dentro de situações vividas nos contatos com clientes e com as instituições onde esses são acolhidos. Porém, conhecimento teórico, por si só, nem sempre o estudante que se depara, na prática, com a ca da pessoa que o procura. Nem é essa a sua função primeira. Nesse sentido, as supervisões foram muito ricas e, como não poderiam deixar de ser, ancoravam-se</p><p>A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 181 na prática. Neste sentido, houve plantões nos quais não apareceram clientes e aproveitávamos desta experiência para pensar nos outros aspectos que nos cabiam no tocante a este serviço: sua divulgação, sua inserção a nível institucional, sua real necessidade, enfim, procurávamos iluminar cada parte do que fazíamos. Como fica claro, o espaço de supervisão não era usado para discutir a dinâmica interna ou a personalidade do paciente, mas sim todas as questões envolvidas em um atendimento: desde cliente até problemas de ordem prática, que inevitavelmente ajudam a configurar campo de um atendimento psicológico. Eram, portanto, discutidos aspectos relativos ao atendimento no tocante ao paciente, ao terapeuta em sua formação, às questões institucionais que influenciam e as relações entre todos estes, que não são, logicamente, independentes. Do ponto de vista dos plantonistas estagiários, o processo de apropriação de seu trabalho e de seu saber teórico era fomentado nas supervisões. Este acontecia remetendo-os a suas próprias pré-concepções e levando-os a avaliá-las. Por exemplo, no início dos atendimentos, a sala nas quais esses eram realizados não permitia o sigilo necessário, segundo a opinião da equipe. Além disso, enquanto um cliente era atendido, outros adolescentes circulavam em frente à sala. Imagi- návamos que surgiriam reclamações sobre falta de privacidade nas salas e sobre o fato de que todos os jovens que passavam pelo corredor saberiam quem estava em atendimento ou quem seria próximo cliente. Isso foi amplamente discutido entre a equipe, mas nunca apareceu como uma preocupação por parte da clien- tela. A partir dessa percepção, pudemos repensar a questão do setting e o quanto essa preocupação da equipe vinha de informações teóricas aprendidas na faculdade, mas que nunca tinham sido pensadas em suas sutilezas, por exemplo, como a preocupação com a privacidade varia de uma população para outra e de uma instituição para outra. Inserindo-se assim uma perspectiva reflexiva sobre aquilo que é dado como verdade no curso de graduação, ou seja, implicando o futuro psicólogo na sua prática, não definindo-a a partir de concepções externas a ela, mas construindo-a no dia-a-dia a partir de uma proposta prévia. Nosso trabalho não partiu da estaca zero, mas permitiu reconsiderações a partir da prática: este é o tão desejado e idealizado diálogo entre teoria e prática. Nessa prática pudemos observar que existem pacientes que chegam angusti- ados e confusos ao plantão e saem mais aliviados, sem ter a necessidade de um retorno. Existem pessoas que procuram plantão em um momento de crise, esclarecem alguns pontos sobre essa crise e sentem-se satisfeitas com o resultado obtido, não precisando mais do serviço. Por estranho que pareça, esse tipo de uso de um serviço por parte dos clientes pode ser muito frustrante para certos profissionais da área psicológica, já que, na graduação, acabamos "aprendendo teoricamente" não só como os psicólogos devem agir, mas também como os pacientes deveriam reagir: demandando um tratamento longo e profundo.</p><p>ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA 182 JURANDIR FREIRE COSTA (1978) coloca como a palavra superficial é usada para definir atendimentos psicológicos em relação à prática psicanalítica, que já normatizou o que é ou não válido no campo terapêutico. Nesse sentido, 0 plantão questiona a prevalência da psicanálise e de outros tratamentos longos, nos são apresentados como única forma de ajuda psicológica válida. Por que isso, tivemos que constantemente reavaliar as nossas propostas e atitudes à luz dos resultados do trabalho desenvolvido. O que estamos fazendo ao escrever este texto é um exemplo de uma das questões sobre a formação do psicólogo mais difíceis sob o ponto de vista mas de fácil compreensão teórica: a teoria tem de ser internalizada. Parece simples... Pensemos na premissa: cliente é fonte de seus próprios recursos". Se acreditamos nisso, devemos concluir que o cliente disporá desses recursos da melhor maneira possível para ele, cabendo ao psicólogo acompanhá-lo quando solicitado a fazê-lo. Podemos informar a pessoa que nos procura sobre a possibilidade de estender o número de sessões se acharmos necessário, mas ele, o cliente, deve continuar sendo sua própria fonte de recursos. Não devemos tentar impor ou convencê-lo. A intenção é: "Facilitar a expressão do sentimento, potencializar a pessoa, liberar o indivíduo para uma escolha autônoma...". Disso resultaria "...mais aprendizagem, mais produtividade, mais criatividade do que resulta do exercício do poder sobre a pessoa" (ROGERS, 1988, p.13). Na maior parte das vezes, não ficamos sabendo como se desenrolou a história do paciente que nos procurou em um plantão. A premissa, que é de fácil compreensão do ponto de vista teórico, pode ser muito frustrante quando colocada em prática. Se não for internalizada, a atitude do terapeuta não será norteada por ela, mas por idéias, conceitos e desejos que provavelmente não estarão claros nem para o próprio psicólogo. A questão levantada acima chama a atenção para o que se chama de "cres- cimento pessoal". Conhecer a si mesmo promove crescimento pessoal, lidar com dificuldades, trabalhar em grupo, rever pontos de vista, assim como ser supervi- sionado. Só quem tem um conhecimento razoável de si mesmo é capaz de perceber mundo do cliente. A implantação do serviço de plantão no projeto Esporte e Talento foi uma experiência riquíssima para os que dela participaram, em todos os aspectos do tripé supracitado. Essa experiência teve como meta a formação dos plantonistas e supervisores a partir do conceito de Aprendizagem Significativa, ou seja: "aquisição de novos significados; pressupõe a existência de conceitos e proposições relevantes na estrutura cognitiva, uma predisposição para aprender e uma tarefa de aprendizagem potencialmente significativa." (MASINI e MOREIRA, 1982, p. 101) Resumindo o que foi dito até aqui, diríamos que os principais aspectos tivos à formação presentes nessa proposta foram a possibilidade de os estagiários</p><p>A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 183 participarem da implantação de um serviço psicológico diferenciado e toda discussão em torno da prática do plantão, a reflexão constante sobre as questões a técnicas ligadas ao atendimento psicoterapêutico e a aproximação dos rios com a realidade do trabalho em uma instituição distinta das clínicas existentes estagiá- no Instituto de Psicologia da USP. Algumas considerações sobre o Plantão Psicológico Apesar do pequeno número de atendimentos realizados, nossa experiência nessa instituição nos suscitou questões sobre as quais vamos discorrer agora. Gostaríamos de fazer algumas considerações sobre a baixa procura do Plan- tão. Pensamos que esta se deveu a um problema de divulgação ou esclarecimentos insuficientes sobre o serviço. Além disso, cabe ressaltar que durante os 3 meses de existência do Plantão Psicológico ocorreram alterações na dos usuários devido a falta de passes de ônibus, o que também pode ter prejudicado a sedimentação do espaço do Plantão. As fantasias e preconceitos que circulam entre os usuários e técnicos a respeito da procura por um atendimento psicológico podem ainda ter sido um fator complicador desta implantação. Além disso, a possibilidade de procura de uma ajuda psicológica pode não fazer parte do universo desses adolescentes, tanto por características da faixa etária como por características socioculturais. Seria interessante que a divulgação do Serviço de Plantão levasse em conta essas características, para uma maior eficácia. Em relação ao tipo de vínculo com o projeto, percebemos que o Serviço foi utilizado por familiares e usuários, mas não por técnicos, dado que também merece atenção: poderia mais uma vez ser um problema de divulgação e/ou esclarecimento acerca do serviço ou da imagem que eles fazem de um serviço psicológico. No entanto, é bom lembrar que técnicos dispõem de um espaço psicológico para lidar com suas questões relativas à participação no projeto, que é o grupo de técnicos. Houve uma grande variabilidade na faixa etária dos clientes atendidos, o que dificultou a análise destes dados em uma pequena amostra. Sobre o sexo, verificou-se que todos os clientes eram do sexo feminino. O maior número das queixas eram relativas à orientação e ao ajustamento, estando ligadas às situações de crise ou conflito e bem-estar geral. O plantão parece ter propiciado um espaço de escuta para estas situações específicas que acabaram ali se resolvendo. Daí o fato de não haver ocorrido nenhum encami- nhamento para fora do serviço, como poderia ocorrer, em caso de necessidade de um processo psicoterápico, por exemplo. Houve ainda queixas classificadas como dificuldades relativas à família, que, por vezes, vinham acompanhadas de considerações e reclamações de mau rendimento nos treinos. Sobre estas, pensamos que, sendo a população de usuários dependentes de seus pais, acabavam</p><p>ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA 184 ficando sujeitos às oscilações conjugais e familiares que aconteciam em A resolução desses conflitos familiares muitas vezes não está ao alcance do adolescente, que precisa conviver com um sentimento de impotência que gera muita ansiedade. Ao mesmo tempo, ficam impossibilitados de agir em conflitos neste âmbito, pois não lhes dizem, diretamente, respeito, causando muita ansiedade. Neste sentido, o espaço do plantão serviu como uma possibilidade de ajuda na tentativa de situar o cliente no tocante a este tipo de problemática, ou a outras que possam vir a surgir. Apareceram também queixas emocionais e de distúrbios de comportamento. Ressaltamos que é um plantão que se diferencia de outros já existentes, pois é voltado para o atendimento de adolescentes. A adolescência é uma fase crítica, no sentido de que as mudanças internas (fisiológicas, na aparência etc) e as externas (novo lugar social, não mais a criança, mas tampouco ainda um adulto) por si só já causam bastante atribulação na vida da pessoa. O que gera uma demanda própria, por vezes mais próxima de uma orientação sobre o período que o sujeito está vivendo, sobre sexualidade etc. Demanda por um auxílio pontual, como em um "pronto-socorro" (exatamente como foi pedido) para questões que não estão sendo elaboradas, ou conversadas entre os adolescentes, entre familiares e adolescentes ou entre adolescentes e técnicos. Este espaço poderia se constituir no futuro como um espaço privilegiado de atenção psicológica profilática para a adolescência, na medida em que as questões estariam sendo discutidas no momento em que emergem. Diferentemente do que ocorre no SAP, os clientes do Projeto Esporte Talento não deram continuidade aos atendimentos, de modo que estes não se caracteriza- vam como psicoterapia, nem mesmo como uma psicoterapia abreviada. Também não demandaram encaminhamento para um auxílio psicológico outro. A demanda dessa clientela se caracterizou em um primeiro momento por um atendimento de poucos ou nenhum retorno para se tratar de uma determinada questão. A intervenção psicológica propiciada pelo Serviço de Plantão Psicológico parece ir ao encontro dos objetivos do Projeto Esporte-Talento, uma vez que possibilita um espaço no qual aspectos que não conseguiram ser abordados nos treinos sejam analisados, ajudando desta forma a promover a educação através do esporte. Além disso, o cuidado oferecido ao usuário através do atendimento psicológico contribui para uma inserção mais integral daqueles que participam do Projeto.</p><p>A EXPERIÊNCIA DE IMPLANTAÇÃO DE UM SERVIÇO DE PLANTÃO PSICOLÓGICO 185 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAMARGO, I. (1987) IN ROSENBERG, ORG., ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO CENTRADO NA PESSOA, SÃO PAULO: EDITORA E COSTA, J.F. (1978) IN FIGUEIRA, S.A.; COORD. (1978) SOCIEDADE E DOENÇA MENTAL, RIO DE JANEIRO, CAMPUS. MASINI E. F. S. E MOREIRA, M. A. (1982) APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: A TEORIA DE AUSUBEL, SÃO PAULO, MORAES. ROGERS, C. R. (1988) Em Busca de Vida, São Paulo, Summus Editorial. Psicodinâmicos, Brasília (1), 4: 35-44 (impresso em 1972).</p>

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