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<p>4</p><p>DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>NORMAS GERAIS E FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>Por Rafael Barroso de Andrade</p><p>SUMÁRIO</p><p>1	NORMAS GERAIS	3</p><p>2	FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO	5</p><p>3	INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E CORREÇÃO DE ANTINOMIAS	17</p><p>BIBLIOGRAFIA	21</p><p>ATUALIZADO EM 29/01/2024[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ]</p><p>NORMAS GERAIS E FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>NORMAS GERAIS</p><p>No Brasil, os quatro entes federados possuem competência tributária, de modo que há legislação sobre Direito Tributário da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Para tentar trazer uma homogeneidade mínima ao sistema tributário, foi previsto na Constituição Federal que cabe à União a edição das normas gerais sobre a matéria (art. 24, I e § 1º); ademais, lei complementar federal possui um papel importante em Direito Tributário (art. 146).</p><p>#COLANARETINA #LEISECANAVEIA</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:</p><p>I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;</p><p>§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.</p><p>Art. 146. Cabe à lei complementar:</p><p>I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;</p><p>II - regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;</p><p>III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:</p><p>a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes;</p><p>b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;</p><p>c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.</p><p>d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.</p><p>*(ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas, inclusive em relação aos tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso dos impostos previstos nos arts. 155, II, e 156-A, das contribuições sociais previstas no art. 195, I e V, e § 12 e da contribuição a que se refere o art. 239.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>Desse modo, uma lei complementar federal deverá dispor sobre (i) conflitos de competência, (ii) limitações ao poder de tributar e (iii) normas gerais em matéria tributária.</p><p>Em relação aos conflitos de competência, não se deve perder de vista que a Constituição delimitou a atuação de cada ente, contudo é possível que haja certos fatos geradores limítrofes, como o caso de um imóvel em área de aparente expansão urbana: incide IPTU ou ITR? Solucionando essa questão em específico, prevê o art. 32, CTN:</p><p>#COLANARETINA #LEISECANAVEIA</p><p>Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.</p><p>§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:</p><p>I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;</p><p>II - abastecimento de água;</p><p>III - sistema de esgotos sanitários;</p><p>IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;</p><p>V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.</p><p>§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.</p><p>A segunda tarefa é regulamentar as previsões do próprio texto constitucional que trazem princípios tributários, como o princípio da anterioridade, e imunidades. A regulamentação desses institutos também cabe a lei complementar, como é o caso do art. 14, que regulamenta a imunidade dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social.</p><p>Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:</p><p>I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;</p><p>II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais;</p><p>III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.</p><p>Por fim, lei complementar federal deverá prever as normas gerais de direito tributário, como aquelas referentes ao lançamento, à prescrição e à decadência. O próprio Código Tributário Nacional cumpre esse papel – embora tenha sido editado como lei ordinária, em 1966, já em 1967 foi recepcionado como lei complementar devido a uma emenda constitucional, permanecendo com esse status até os dias atuais.</p><p>#PEGADINHA</p><p>Nem todo o CTN é lei complementar, mas somente as matérias previstas no art. 146, CRFB/88, de modo que aquilo que não tratar dessas matérias pode ser alterado por lei ordinária. É o caso de algumas disposições do final do Código, sobre dívida ativa, que não possuem reserva de lei complementar, sendo, assim, materialmente normas de lei ordinária.</p><p>FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>O que se entende por “fontes do direito tributário”? Cumpre esclarecer, inicialmente, que o questionamento acerca das fontes no Direito Tributário é sempre feito com uma acepção estreita: quer-se saber sobre as fontes formais.</p><p>Lembrando que a distinção é feita entre FONTES MATERIAIS (referente ao conjunto de fatores sociais que ensejam a criação da norma) e FONTES FORMAIS (são os instrumentos normativos que veiculam normas).</p><p>O art. 96, CTN, traz a definição de LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. A terminologia é mais ampla que simplesmente lei, abrangendo decretos, regulamentos, provimentos, instruções normativas etc. É com base nesse artigo que doutrina aponta as principais fontes do Direito Tributário.</p><p>Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.</p><p>A partir dessa previsão, doutrina aponta as principais fontes segundo o esquema abaixo:</p><p>#OLHAOGANCHO: * (ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>O IMPOSTO SOBRE BENS E SERVIÇOS DE COMPETÊNCIA COMPARTILHADA (art. 156-A) também será INSTITUIDO por Lei complementar.</p><p>#ABREOVADE! Reforma Tributária</p><p>Art. 156-A. Lei complementar instituirá imposto sobre bens e serviços de</p><p>competência compartilhada entre Estados, Distrito Federal e Municípios.      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>2.1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL</p><p>A CRFB possui diversas normas de Direito tributário, como a competência dos entes tributantes, a limitação do Poder de Tributar, que inclui princípios da atividade tributante, além de direito dos contribuintes, dentre outros. O conteúdo dessas normas é analisado no tópico referente ao Sistema Tributário Nacional.</p><p>#PEGADINHA A Constituição NÃO cria tributo, mas apenas traz normas de competência que preceituam qual ente será competente para criar determinado tributo.</p><p>2.2. LEI ORDINÁRIA</p><p>É uma importante fonte, considerando o PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA (chamado também de princípio da ESTRITA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA, segundo alguns autores). É possível ainda denominar essa restrição de a matéria ser tratada por lei de RESERVA DE LEI. Segundo esse princípio, diversas normas tributárias devem ser tratadas em lei necessariamente, o que exige uma maior quantidade de leis em comparação a outros ramos do Direito. Como exemplo, tem-se o art. 97, CTN:</p><p>Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:</p><p>I - a instituição de tributos, ou a sua extinção;</p><p>II - a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;</p><p>III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo;</p><p>IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;</p><p>V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;</p><p>VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.</p><p>§ 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.</p><p>§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.</p><p>Assim, a determinação/ criação de tributos, além da fixação, majoração ou redução de alíquotas e a própria definição do fato gerador, além de outras previsões, possuem reserva de lei (somente podem ser tratadas mediante lei). Há uma controvérsia: a obrigação acessória não está prevista nesse artigo, mas a Constituição preceitua que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º, II) – não deve ser questionada a controvérsia em provas objetivas, mas pode ser questionado se o CTN traz reserva de lei para a obrigação acessória (a resposta é negativa).</p><p>Dois tópicos são importantes para concurso quanto à lei ordinária como fonte do direito tributário: regra de iniciativa e exceções à reserva de lei. As exceções são vistas dentro do capítulo de limitações ao poder de tributar, no item referente ao princípio da legalidade.</p><p>Quanto à competência, é importante saber que o art. 61, § 1º, II, b, CRFB, somente trata de matérias tributárias de territórios (hoje inexistentes), de modo que a matéria tributária possui iniciativa concorrente entre Executivo e Legislativo.</p><p>Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.</p><p>§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:</p><p>II - disponham sobre:</p><p>b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios;</p><p>Há instrumentos normativos que possuem o mesmo status da lei ordinária: lei delegada e medida provisória. Esses instrumentos não podem versar sobre matéria com reserva de lei complementar. Em relação à MP, a Constituição traz uma limitação quanto a instituição ou majoração de impostos (art. 62, § 2º), que é tratada no capítulo de limitações ao poder de tributar, no princípio da anterioridade.</p><p>2.3. LEI COMPLEMENTAR</p><p>A reserva de lei complementar é prevista na Constituição Federal para alguns casos, abaixo elencados:</p><p>I. Normas gerais de Direito Tributário: é o papel exercido pelo próprio CTN, conforme art. 146, CRFB (estudado no início do capítulo), incluindo ainda disposições sobre conflitos de competência e sobre limitações constitucionais ao poder de tributar.</p><p>II. Super Simples: o constituinte teve interesse especial pelas micro e pequenas empresas, independentemente de receitas que possam dela advir, prevendo, inclusive, possibilidade de regime especial, simplificado de tributação. O benefício nem sempre se refere ao pagamento de tributos, havendo também simplificação das obrigações acessórias.</p><p>*(ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>ANTES DA EC 132/2023</p><p>DEPOIS DA EC 132/2023</p><p>Art. 146. Cabe à lei complementar:</p><p>III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:</p><p>c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas.</p><p>d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contribuições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se refere o art. 239.</p><p>Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:</p><p>I - será opcional para o contribuinte;</p><p>II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;</p><p>III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;</p><p>IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.</p><p>Art. 146. Cabe à lei complementar:</p><p>III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:</p><p>c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo praticado pelas sociedades cooperativas, inclusive em relação aos tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V;       (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microempresas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais ou simplificados no caso dos impostos previstos nos arts. 155, II, e 156-A, das contribuições sociais previstas no art. 195, I e V, e § 12 e da contribuição a que se refere o art. 239.     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>§ 1º A lei complementar de que trata o inciso III, d, também poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, observado que:   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>I - será opcional para o contribuinte;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas por Estado;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, vedada qualquer retenção ou condicionamento;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>§ 2º É facultado ao optante pelo regime único de que trata o § 1º apurar e recolher os tributos</p><p>previstos nos arts. 156-A e 195, V, nos termos estabelecidos nesses artigos, hipótese em que as parcelas a eles relativas não serão cobradas pelo regime único.    (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>§ 3º Na hipótese de o recolhimento dos tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V, ser realizado por meio do regime único de que trata o § 1º, enquanto perdurar a opção:     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>I - não será permitida a apropriação de créditos dos tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V, pelo contribuinte optante pelo regime único; e     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>II - será permitida a apropriação de créditos dos tributos previstos nos arts. 156-A e 195, V, pelo adquirente não optante pelo regime único de que trata o § 1º de bens materiais ou imateriais, inclusive direitos, e de serviços do optante, em montante equivalente ao cobrado por meio do regime único.   (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>O parágrafo único trata de REGIME ÚNICO DE ARRECADAÇÃO, sempre opcional para o contribuinte.</p><p>III. Empréstimo compulsório: o art. 148, CRFB, exige LC para criação de empréstimo compulsório.</p><p>Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios</p><p>IV. Competência residual da União: os art. 154, I, e art. 195, § 4º, ambos da CRFB, exigem lei complementar para instituição, respectivamente, de impostos residuais e de contribuições residuais.</p><p>Art. 154. A União poderá instituir:</p><p>I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;</p><p>Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:</p><p>§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.</p><p>V. Imposto sobre grandes fortunas: há controvérsia se o art. 153, VII, CRFB, exige LC ou se somente a definição de grande fortuna que deve vir por norma complementar. Contudo, pode ser cobrada em concurso como exigência para criação do imposto.</p><p>Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:</p><p>VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.</p><p>VI. Imposto de transmissão causa mortis e doação: a competência para cobrança de imposto causa mortis ou doação é definido pelo domicílio, pela localização dos bens ou pelo local do inventário, mas o que ocorre se eles se passarem no exterior? A CRFB exige lei complementar para especificar quem será o ente competente (hipótese de EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI NACIONAL). O Congresso Nacional não editou essa lei.</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;</p><p>§ 1º O imposto previsto no inciso I:</p><p>III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:</p><p>a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;</p><p>b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;</p><p>VII. Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços: o art. 155, § 2º, XII, CRFB, exige LC para tratar de diversos assuntos, como a substituição tributária, para quando for monofásico. A LC, que trata da maioria das questões, é a LC nº 87/96, que fixa normas gerais do ICMS.</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;</p><p>§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:</p><p>XII - cabe à lei complementar:</p><p>a) definir seus contribuintes;</p><p>b) dispor sobre substituição tributária;</p><p>c) disciplinar o regime de compensação do imposto;</p><p>d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas à circulação de mercadorias e das prestações de serviços;</p><p>e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a";</p><p>f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias;</p><p>g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.</p><p>h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no inciso X, b; [ICMS monofásico]</p><p>i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço.</p><p>VIII. Imposto sobre serviços: o art. 156, § 3º, CRFB, trata do ISS, que pode prever a possibilidade de não incidência das exportações, além de disposições sobre alíquotas máximas e mínimas. É a LC 116/03.</p><p>Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:</p><p>III -  serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.</p><p>§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:</p><p>I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;</p><p>II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.</p><p>III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.</p><p>IX. Prevenir desequilíbrio de concorrência: o art. 146-A, CRFB, prevê possibilidade de criação de critérios especiais de tributação para prevenir desequilíbrio da concorrência. Essa lei complementar não existe.</p><p>Art. 146-A. Lei complementar poderá estabelecer critérios especiais de tributação, com o objetivo de prevenir desequilíbrios da concorrência, sem prejuízo da competência de a União, por lei, estabelecer normas de igual objetivo.</p><p>X. Remissão e anistia de contribuições sociais: o art. 195, § 11, CRFB, prevê que não será possível conceder remissão ou anistia acima de certo limite previsto em LC para as contribuições sobre folha de salário e contribuições do trabalhador e demais segurados. Essa LC não existe.</p><p>Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:</p><p>I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:</p><p>a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;</p><p>II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;</p><p>§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.</p><p>*(ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>#REFORMATRIBUTÁRIA</p><p>X. Imposto Seletivo: o art. 153, inciso VIII, CRFB, prevê que compete à União instituir impostos sobre produção, extração, comercialização ou importação de bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, nos termos de lei complementar.</p><p>A recente reforma tributária trouxe uma inovação significativa ao introduzir no art. 153 da Constituição o inciso VIII, que cria um novo tipo de imposto sob competência da União. Este imposto é denominado 'imposto seletivo' (IS) ou popularmente conhecido como 'imposto sobre o pecado'.</p><p>Ele é aplicável a bens e serviços que são considerados prejudiciais</p><p>à saúde ou ao meio ambiente.</p><p>A ideia por trás deste imposto é desencorajar o consumo desses produtos por meio de uma tributação específica.</p><p>Essa característica é dotada de 'extrafiscalidade', ou seja, o imposto tem um primordial além da simples arrecadação: influenciar comportamentos.</p><p>2.4. Resolução do Senado</p><p>O Senado representa os estados, por isso suas resoluções somente podem ser referentes a tributos estaduais, não municipais.</p><p>*(ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>I. ITDCM (art. 155, § 1º, IV, CRFB): houve preocupação do constituinte com a ALÍQUOTA MÁXIMA, ou seja, preocupação com o CONFISCO. O Senado editou a Resolução nº 9 de 1992 – a alíquota máxima é de 8%. Lembrando que a alíquota poderia ser pode ser progressiva, com consentimento do STF, mas agora, com a reforma tributária, a progressividade decorre de expressa previsão constitucional.</p><p>ANTES DA EC 132/2023</p><p>DEPOIS DA EC 132/2023</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;</p><p>§ 1º O imposto previsto no inciso I:</p><p>IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>§ 1º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal</p><p>II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde era domiciliado ode cujus, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:</p><p>a) se o doador tiver domicilio ou residência no exterior;</p><p>b) se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu inventário processado no exterior;</p><p>IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado Federal;</p><p>V - não incidirá sobre as doações destinadas, no âmbito do Poder Executivo da União, a projetos socioambientais ou destinados a mitigar os efeitos das mudanças climáticas e às instituições federais de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 126, de 2022)</p><p>VI - será progressivo em razão do valor do quinhão, do legado ou da doação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>VII - não incidirá sobre as transmissões e as doações para as instituições sem fins lucrativos com finalidade de relevância pública e social, inclusive as organizações assistenciais e beneficentes de entidades religiosas e institutos científicos e tecnológicos, e por elas realizadas na consecução dos seus objetivos sociais, observadas as condições estabelecidas em lei complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>II. ICMS (art. 155, § 2º, IV e V, CRFB): são duas previsões, a primeira tratando das (i) ALÍQUOTAS DE OPERAÇÕES INTERESTADUAIS (as alíquotas são FIXADAS por resolução do Senado, não por convênio, que não fixa nenhuma tarifa, salvo o ICMS monofásico), enquanto a segundo trata de (ii) OPERAÇÕES INTERNAS, caso em que os próprios estados fixam por lei, mas obedecidas as ALÍQUOTAS MÍNIMAS E MÁXIMAS do Senado (preocupação com guerra fiscal e confisco). São duas resoluções para operações interestaduais: Resolução nº 22/1989 (fixa como alíquota geral 12%, salvo norte e nordeste) e Resolução nº 13/2012 (fixa alíquota para 4% se o produto for importado).</p><p>Não existe resolução do Senado que fixe as alíquotas mínimas e máximas do ICMS interno dos estados (a resolução é facultativa).</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;</p><p>§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:</p><p>IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações, interestaduais e de exportação;</p><p>V - é facultado ao Senado Federal:</p><p>a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas, mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;</p><p>b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e aprovada por dois terços de seus membros;</p><p>III. IPVA (art. 155, § 6º, I, CRFB): prevê a faculdade de previsão de ALÍQUOTA MÍNIMA do IPVA, preocupando-se com a guerra fiscal entre os estados. Essa resolução não existe.</p><p>*(ATUALIZADO EM 29/01/2024)</p><p>#REFORMATRIBUTÁRIA</p><p>ANTES DA EC 132/2023</p><p>DEPOIS DA EC 132/2023</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>III - terá competência para sua instituição regulada por lei complementar:</p><p>§ 6º O imposto previsto no inciso III:</p><p>I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)</p><p>III - propriedade de veículos automotores;</p><p>§ 6º O imposto previsto no inciso III:         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)</p><p>I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;         (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)</p><p>II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo, do valor, da utilização e do impacto ambiental;     (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>III - incidirá sobre a propriedade de veículos automotores terrestres, aquáticos e aéreos, excetuados:     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>a) aeronaves agrícolas e de operador certificado para prestar serviços aéreos a terceiros;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>b) embarcações de pessoa jurídica que detenha outorga para prestar serviços de transporte aquaviário ou de pessoa física ou jurídica que pratique pesca industrial, artesanal, científica ou de subsistência;      (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>c) plataformas suscetíveis de se locomoverem na água por meios próprios, inclusive aquelas cuja finalidade principal seja a exploração de atividades econômicas em águas territoriais e na zona econômica exclusiva e embarcações que tenham essa mesma finalidade principal;     (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>d) tratores e máquinas agrícolas.       (Incluído pela Emenda Constitucional nº 132, de 2023)</p><p>2.5. Tratados e convenções internacionais</p><p>Os tratados e convenções estão previstas no art. 98, CTN – a primeira parte do dispositivo prevê que os tratados REVOGAM e MODIFICAM a lei interna. A doutrina majoritária entende que não se trata especificamente de revogação ou modificação, mas de SUSPENSÃO DE EFICÁCIA da norma interna. O tratado internacional é aprovado por decreto legislativo (Congresso Nacional), passando a ter status de lei ordinária. No momento de denúncia do tratado, a norma interna volta a produzir os efeitos – se houvesse revogação, a norma anterior não poderia voltar a produzir efeitos (a regra é não ocorrer a repristinação).</p><p>Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.</p><p>A controvérsia imensa que existe até hoje é a segunda parte do dispositivo, porque prevê unicamente para matéria tributária a TEORIA DO PRIMADO DOS TRATADOS, porque lei posterior interna não pode revogá-lo (a lei posterior deve obedecer aos tratados, como se houvesse uma hierarquia superior).</p><p>O STF tem jurisprudência, em mais de um</p><p>precedente, em relação à legislação civil, penal, financeiro e empresarial, de que, no momento em que se ingressa como Lei Ordinária, lei nacional poderia revogá-la, porque é de mesma hierarquia. A única exceção são os tratados que versam sobre direitos humanos (aprovados com status de emenda constitucional ou supralegal). Não há previsão específica para direito tributário.</p><p>Há, contudo, precedentes do STJ diferenciando contratos internacionais em NORMATIVOS (fixam normas gerais, como é o caso da maioria das convenções) e CONTRATUAIS (fixam obrigações e direitos para os estados contratantes – direitos e obrigações específicas). Grande parte dos tratados sobre direito tributário são contratos, com previsão de benefícios fiscais recíprocos. Como ficaria a situação do Brasil se qualquer lei pudesse revogar uma isenção que foi tratada com base no comércio internacional?</p><p>O tratado do Mercosul concede uma série de isenções para ICMS; o tratado do GATT concede outra série que isenções para ICMS. Vários estados editaram leis ordinárias revogando as isenções, com questionamentos acerca da constitucionalidade. A questão chegou ao Supremo, que decidiu não poder o Estado revogar a disposição, entendendo que há um interesse maior, que é o interesse nacional, devendo prevalecer a primazia do tratado (RE 229.096).</p><p>2.6. Convênios interestaduais do ICMS</p><p>Estão previstos no art. 155, § 2º, XII, g, CRFB, que exige LC para regular a CONCESSÃO DE ISENÇÃO, INCENTIVO E BENEFÍCIO FISCAL (incluindo remissão, anistia, crédito presumido e base de cálculo reduzida) – a LC 24/75 regula o dispositivo e trata dos convênios.</p><p>Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:</p><p>II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;</p><p>§ 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:</p><p>XII - cabe à lei complementar:</p><p>g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.</p><p>#FICAADICA Incentivo tem a ver com despesa: o Estado terá um gasto para incentivar o particular; enquanto benefício está no campo da receita: o Estado abrirá mão de determinada receita.</p><p>O art. 150, § 6º, CRFB, prevê que todos os benefícios e incentivos devem ser concedidos mediante LEI ESPECÍFICA, “sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2º, XII, g”.</p><p>Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:</p><p>§ 6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.</p><p>Além dessa espécie de convênio, que trata de benefício ou incentivo tributário, há mais duas: sobre matéria infralegal e sobre normas complementares.</p><p>Convênio de matéria infralegal: são aqueles que regulamentam a FISCALIZAÇÃO (art. 100, IV, e 199 CTN). A única finalidade desse convênio é aumentar a arrecadação. Esse convênio é coberto pelo sigilo fiscal, e suas informações somente podem ser utilizadas para fins de lançamento tributário.</p><p>Além do art. 100, IV, o CTN autoriza a realização de convênio no art. 199.</p><p>Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:</p><p>IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.</p><p>Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestar-se-ão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio.</p><p>Também é possível que convênio verse sobre a delegação da capacidade tributária ativa, como ocorre entre União e municípios quanto ao ITR.</p><p>Convênio sobre normas gerais com status de lei complementar: normalmente, versam sobre NORMAS DE TRANSIÇÃO, quando é exigida lei complementar sobre determinado assunto, mas que não foi editada ainda. O Supremo entende possível essa sistemática.</p><p>O art. 34, § 8º, ADCT, prevê uma espécie desse convênio: os estados poderão celebrar convênios tratando sobre normas gerais ENQUANTO NÃO VIER (norma de transição) a LC exigida. O Decreto Lei 406/68, que fixava regras gerais de ICMS e ISS, mas alguns dispositivos não foram recepcionados, e o STF entendeu que cabia a elaboração desse convênio, por isso foi realizado o Convênio 66/88 (que complementava o DL), revogado com a LC 87/96 (que revogou também o DL).</p><p>Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.</p><p>§ 8º Se, no prazo de sessenta dias contados da promulgação da Constituição, não for editada a lei complementar necessária à instituição do imposto de que trata o art. 155, I, "b", os Estados e o Distrito Federal, mediante convênio celebrado nos termos da Lei Complementar nº 24, de 7 de janeiro de 1975, fixarão normas para regular provisoriamente a matéria.</p><p>O art. 4º, EC 33/01, trata do ICMS monofásico, prevendo que a regulamentação desse tributo deve ser tratada em LC. Enquanto essa lei não vier, os estados poderão regular a matéria através de convênio, que terá status de LC. Esse convênio ainda não existe.</p><p>2.7. Normas complementares (art. 100, CTN)</p><p>São normas infralegais e, inclusive, inferiores ao próprio decreto, que é ato do chefe do Executivo.</p><p>São eles: (i) ATOS NORMATIVOS EXPEDIDOS POR AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS (instruções normativas, portarias, resoluções, ordens de serviço e provimentos); (ii) DECISÕES DE ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS A QUE A LEI CONFIRA EFICÁCIA NORMATIVA (são exemplos o Conselho de Contribuintes e os pareceres normativos, dado por uma procuradoria – ressalte-se que, para haver vinculação da Administração, é necessário que a lei confira essa eficácia normativa), (iii) PRÁTICAS REITERADAMENTE OBSERVADAS PELAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS (costume administrativo – não é aplicado na prática, tendo muito peso o princípio da legalidade), (iv) CONVÊNIOS (tratados no ponto anterior).</p><p>Por conta do princípio da legalidade, muito forte no Direito Tributário, não é possível a dispensa do pagamento do tributo (não pode um ato que é até inferior a decreto permitir o não pagamento de tributo, cuja imposição decorre de lei), contudo haverá exclusão da penalidade, de juros de mora e atualização do VALOR MONETÁRIO DA BASE DE CÁLCULO (será levado em conta o valor histórico). É o único caso que o CTN libera o pagamento dos juros de mora e da correção monetária (até a denúncia espontânea exige o pagamento) – quanto à correção monetária, nem se trata de um adicional, porque não é majoração de tributos.</p><p>Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos:</p><p>I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;</p><p>II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;</p><p>III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;</p><p>IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.</p><p>Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.</p><p>INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E CORREÇÃO DE ANTINOMIAS</p><p>O próprio CTN possui, nos artigos 107 a 112, disposições específicas quanto a interpretação e integração das normas tributárias,</p><p>além da atividade de correção de antinomias. Para concurso público, é de especial importância a leitura desses artigos, que são cobrados em sua literalidade.</p><p>3.1. Interpretação</p><p>Pela interpretação, busca-se obter a compreensão e o alcance do texto normativo da legislação. O limite da interpretação é o sentido possível da letra da lei. É possível aplicar qualquer método de interpretação admitido em Direito.</p><p>O art. 109 trata da utilização de princípio geral ou instituto privado, que deverá seguir as regras do direito privado: os conceitos deverão ser utilizados como são previstos no direito privado, mas os efeitos serão próprios do Direito Tributário.</p><p>Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.</p><p>Exemplo tradicional diz respeito ao pagamento, que possui regra própria do direito privado, mas as consequências estão no art. 158, CTN: o ônus da prova é sempre do sujeito passivo, mesmo que tenha havido o pagamento da última cota, o que difere do Direito Civil – o conceito de pagamento é utilizado do direito privado, mas a consequência foi eleita pelo CTN. O dispositivo será analisado no capítulo referente ao crédito tributário.</p><p>Pelo art. 110, não será possível definir consequências quando houver definição de competência tributária, senão seria possível alterar a própria competência tributária (nesse caso, haverá vinculação total ao conceito do direito privado). Do mesmo modo, não é possível a constituição de direito real ou a transferência de bens por modo diverso do que previsto no Direito Privado, caso contrário, estar-se-ia prevendo hipótese de incidência do ITBI.</p><p>Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.</p><p>O art. 195, I, b, CRFB, possuía grande controvérsia, quando ao conceito de faturamento – no direito privado, significa receita bruta, aquilo que decorre diretamente da venda da mercadoria ou da prestação do serviço – hoje, prevê-se também receita. Renda também é conceito de direito privado.</p><p>Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:</p><p>I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:</p><p>b) a receita ou o faturamento;</p><p>O art. 111 faz menção a interpretação literal e é muito criticado pela doutrina, porque é um tipo de interpretação muito frágil. A interpretação correta é de que não se impede a utilização de outro critério (sistemática, teleológica, finalística), mas que, se houver mais de uma interpretação possível, deve-se adotar aquela que possuir sentido mais próximo ao texto. Há quem sustente que a menção foi feita em referência a “interpretação restritiva”. As causas que suspendem e excluem o crédito tributário são taxativas (art. 141, CTN), por isso haveria violação à lei sendo realizada interpretação outra que não a literal.</p><p>Art. 111. Interpreta-se literalmente a legislação tributária que disponha sobre:</p><p>I - suspensão ou exclusão do crédito tributário;</p><p>II - outorga de isenção;</p><p>III - dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias.</p><p>O art. 112 trata de penalidade tributária – o CTN aplica o raciocínio do Direito Penal, e nesse dispositivo há clara aplicação do princípio do in dubio pro reo. Não há diferença quanto ao tipo de penalidade, por isso aplica-se tanto às multas de ofício quanto às multas moratórias, mas só se aplica a penalidade. A norma tributária, em geral, é fixada no interesse do Fisco, e não há ilegalidade nisso (respeitadas as limitações constitucionais ao poder de tributar).</p><p>Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto:</p><p>I - à capitulação legal do fato;</p><p>II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos;</p><p>III - à autoria, imputabilidade, ou punibilidade;</p><p>IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação.</p><p>3.2. Integração</p><p>No campo da integração, não há lei aplicável; há lacuna da lei, de modo que é preciso ir além do sentido possível da letra da lei.</p><p>É prevista no art. 108, CTN, que traz uma ordem sucessiva para integração.</p><p>Art. 108. Na ausência de disposição expressa, a autoridade competente para aplicar a legislação tributária utilizará sucessivamente, na ordem indicada:</p><p>I - a analogia;</p><p>II - os princípios gerais de direito tributário;</p><p>III - os princípios gerais de direito público;</p><p>IV - a equidade.</p><p>§ 1º O emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei.</p><p>§ 2º O emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido.</p><p>A analogia não pode resultar na exigência de tributo não prevista em lei (analogia gravosa), em função do princípio da legalidade (art. 108, I e § 1º).</p><p>Após a analogia, o dispositivo prevê a aplicação dos princípios gerais de Direito Tributário, e, em seguida, os princípios gerais do Direito Público (exemplos comuns seriam razoabilidade, proporcionalidade, economicidade, celeridade e exigência de licitação).</p><p>Por último, prevê-se a equidade, que é aplicar a justiça ao caso concreto – do mesmo modo, seu emprego não poderá resultar na dispensa de pagamento do tributo devido (art. 108, IV e § 2º). Exemplo é a extensão de isenção (benefício fiscal) sem que haja previsão expressa em lei.</p><p>3.3. Correção de antinomias</p><p>Antinomia nada mais é que erro, incorreção ou contradição entre normas ou princípios de direito. Nada mais é que aplicação da LINDB (conflito de leis no tempo).</p><p>São exemplos de critérios: a republicação de normas que contenham erros materiais, conflito de leis no tempo, ponderação de princípios.</p><p>Há uma forma de corrigir antinomias que possui especial relevância: lei nova que altera jurisprudência consolidada no STF e STJ. Não há nenhum problema nessa alteração por parte do Legislativo, desde que seja para o futuro, não é possível a retroação. São casos de alteração de norma pelo Poder Legislativo: o IPTU progressivo (a EC 29/200 alterou o art. 156, § 1º, CRFB), da Contribuição de Iluminação Pública (após o STF ter decidido não ser possível cobrar taxa de iluminação pública).</p><p>Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:</p><p>I - propriedade predial e territorial urbana;</p><p>§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)</p><p>I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e</p><p>*(Atualizado em 05/08/2020) #DEOLHONAJURIS: São constitucionais as leis municipais anteriores à Emenda Constitucional n° 29/2000, que instituíram alíquotas diferenciadas de IPTU para imóveis edificados e não edificados, residenciais e não residenciais. STF. Plenário. RE 666156, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/05/2020 (Repercussão Geral – Tema 523) (Info 982 – clipping).</p><p>O caso mais importante foi a LC 118/05 alterou a interpretação sobre o prazo inicial de fluência do prazo de repetição de indébito para tributos sujeitos a homologação no STJ. O STJ definiu uma orientação de que o prazo de 5 anos para postular repetição do indébito somente se iniciaria após o transcurso do prazo para homologação do lançamento (tese dos 5 + 5), por isso aplicava o art. 168 após o decurso do art. 150, § 4º. Por isso, o art. 3º, LC 118/05, foi explícito na interpretação.</p><p>Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever</p><p>de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.</p><p>§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.</p><p>Art. 168. O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados:</p><p>Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei.</p><p>DISPOSITIVOS PARA CICLO DE LEGISLAÇÃO</p><p>DIPLOMA</p><p>DISPOSITIVO</p><p>Constituição Federal</p><p>Artigos 24, I e §1º; 61, §1º, II, b; 62, §2º; 146; 146-A; 148; 150, §6º; 153, VII; 154, I; 155; 156, §3º; 195, §§ 4º e 11</p><p>Ato das Disposições Constitucionais Transitórias</p><p>Artigo 34, §8º</p><p>Código Tributário Nacional</p><p>Artigos 32; 96 a 98; 100; 108 a 112 e 199</p><p>BIBLIOGRAFIA</p><p>ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. Editora Juspodivm, 12ª edição, 2018.</p><p>CAVALCANTE, Márcio André Lopes, Informativos esquematizados do Dizer o Direito.</p><p>MOURA, Arthur. Lei De Execução Fiscal Comentada E Anotada Para Concursos. 1º edição, 2016.</p><p>ROCHA, Roberval. Direito Tributário – Coleção Sinopses para Concursos. 4ª edição, 2017.</p><p>FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO</p><p>LEI COMPLEMENTAR</p><p>NORMAS GERAIS</p><p>ITCMD POR MORTOS NO EXTERIOR</p><p>RESOLUÇÕES DO SENADO</p><p>TRATADOS INTERNACIONAIS</p><p>CONVÊNIOS INTERESTADUAIS</p><p>NORMAS COMPLEMENTARES</p><p>SUPER SIMPLES</p><p>INSTITUIÇÃO DE TRIBUTOS</p><p>EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS</p><p>IMPOSTOS RESIDUAIS</p><p>IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS</p><p>ICMS</p><p>ISS</p><p>PREVENIR DESEQUILÍBRIOS NA CONCORRÊNCIA</p><p>CONSTITUIÇÃO FEDERAL</p><p>LEI ORDINÁRIA</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.jpeg</p>

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