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<p>ESTUDOS</p><p>SOCIOANTROPOLÓGICOS</p><p>Profa. Dra. Gisele Silva Lira de Resende</p><p>ESTUDOS</p><p>SOCIOANTROPOLÓGICOS</p><p>Barra do Garças - MT</p><p>UniCathedral</p><p>2018</p><p>Autora</p><p>Profa. Dra. Gisele Silva Lira de Resende</p><p>Leitura Crítica e Sugestões</p><p>Michele Salete Reis</p><p>Revisão Gramatical do Texto</p><p>Roziner Aparecida Guimarães Gonçalves</p><p>Projeto Gráfico</p><p>Atila Cezar Rodrigues Lima e Coelho</p><p>Georgya Politowski Teixeira</p><p>Matheus Antônio dos Santos Abreu</p><p>BARRA DO GARÇAS - MT</p><p>JANEIRO 2018</p><p>Copyright © by Faculdade Cathedral, 2018</p><p>Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,</p><p>armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada,</p><p>reproduzida por meios mecânicos ou outros quaisquer</p><p>sem autorização prévia do(s) autor(es).</p><p>UniCathedral – Centro Universitário</p><p>Av. Antônio Francisco Cortes, 2501</p><p>Cidade Universitária - Barra do Garças / MT</p><p>www.unicathedral.edu.br</p><p>R433e Resende, Gisele Silva Lira de</p><p>Estudos socioantropológicos / Gisele Silva Lira de Resende.</p><p>Barra do Garças: Faculdade Cathedral, 2018.</p><p>140 p. ; il. ; color.</p><p>ISBN: 978-85-54298-04-3</p><p>Conteúdo de disciplina EaD do Núcleo de Ensino a Distância</p><p>(NEaD) da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais Aplicadas do</p><p>Araguaia – Faculdade Cathedral.</p><p>1. Sociologia. 2. Antropologia. 3. Indivíduo. 4. Sociedade. I. Título.</p><p>II. Faculdade Cathedral.</p><p>CDU 316:572.02</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) – Catalogação na Fonte</p><p>Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Roberta M. M. Caetano – CRB-1/2914</p><p>7</p><p>UNIDADE VI..................................................................................................................................... 11</p><p>As Minorias e os Movimentos Sociais ................................................................................................... 11</p><p>A Pluralidade Cultural brasileira ......................................................................................................... 13</p><p>Problemas contemporâneos .................................................................................................................. 16</p><p>A luta das mulheres pela igualdade de gênero .................................................................................. 16</p><p>Falando um pouco sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher ..................................... 18</p><p>Problemas contemporâneos .................................................................................................................. 20</p><p>Violência contra crianças e adolescentes ........................................................................................... 20</p><p>Problemas contemporâneos - Discriminação e Preconceito étnico-Racial........................................ 23</p><p>SUMÁRIO</p><p>8</p><p>9</p><p>10</p><p>Autor(a) da Unidade</p><p>Profa. Dra. Gisele Silva Lira de Resende</p><p>Ao final da unidade, esperamos que você seja capaz de:</p><p> Compreender a importância dos movimentos sociais para a conquista de direitos da população</p><p>que está a margem social;</p><p> Reconhecer a riqueza da pluralidade cultural brasileira e sua importância para a manutenção da</p><p>harmonia social;</p><p> Refletir sobre os prejuízos que a violência contra mulher, crianças e adolescentes trazem ao</p><p>corpo social;</p><p> Problematizar a violência simbólica presente nas questões étnico-raciais, buscando práticas</p><p>cotidianas de alteridade, com vistas a suprimir qualquer forma de discriminação e preconceito.</p><p>11</p><p>UNIDADE VI</p><p>AS MINORIAS E OS</p><p>MOVIMENTOS SOCIAIS</p><p>Em unidades passadas foram explanadas questões que envolvem problemas de ordem social, política,</p><p>racial, econômica, cultural, agravadas em decorrência da própria evolução da sociedade.</p><p>Tais problemas são o mote dos movimentos sociais existentes há séculos, envolvem situações de</p><p>conflito que variam de intensidade e se fazem presentes em toda e qualquer sociedade. Para Ferreira</p><p>(2010),</p><p>Ao se realizar uma retrospectiva do que foi estudado, constata-se que as minorias, marcadas pelas</p><p>injustiças sociais, são aquelas sempre predispostas a exigirem que seus direitos sejam respeitados dentro</p><p>de uma sociedade e, na maioria das vezes, promovem transformações consistentes. Geralmente, são</p><p>“grupos sociais que por apresentarem características que o distinguem do todo social e que por isso sofrem</p><p>manifestações contrárias do restante dos indivíduos: [...]: aqueles que apresentam algum tipo de</p><p>deficiência, diferenças raciais ou étnicas, de gênero, de origem regional, religiosa etc.” (DIAS, 2014, p.247).</p><p>Como características, esses grupos apresentam vulnerabilidade, em relação a sua identidade cultural,</p><p>gênero etc., e, em alguns casos, lutam pelo reconhecimento legal de sua existência. Obviamente, tais</p><p>condições se apresentam de modo mais acentuado ou não, dependendo do país em que o grupo se</p><p>encontra.</p><p>12</p><p>Como exemplo, no Brasil, é possível citar a população negra, que nem sempre tem suas</p><p>tradições culturais e religiosas respeitadas e, por isso, sofrem preconceitos.</p><p>As mulheres, mesmo com maior nível de escolaridade, em grande parte, possuem</p><p>remuneração inferior à do homem.</p><p>Casais não heterossexuais, mesmo amparados por legislação específica, sofrem inúmeras</p><p>discriminações.</p><p>O que esses grupos possuem em comum é a luta contra a discriminação, preconceito e intolerância, e</p><p>pela legitimidade de seus direitos. Em uma sociedade democrática, tais adversidades, pela violência que</p><p>exprimem, causam preocupação e indignação, haja vista que é imprescindível que a liberdade e igualdade</p><p>sejam uma constante. Nessa acepção, os movimentos sociais são de importância vital, pois somam-se os</p><p>esforços de quem se sente oprimido e compartilha das mesmas insatisfações.</p><p>Um movimento social emergente pode fazer surgir uma linguagem especial ou novas palavras</p><p>para termos/expressões familiares. Nos últimos anos, os movimentos sociais vêm sendo</p><p>responsáveis por novos termos/expressões de auto-referência, como negros e afro-</p><p>americanos (para substituir crioulos), [...] e pessoas portadoras de deficiências (para substituir</p><p>deficientes) (SCHAEFER, 2014, p. 431).</p><p>Dessa forma, com organização, liderança e persistência, é possível haver transformação social, formação</p><p>de opinião pública, quebra da manutenção do poder dominante e, por fim, melhor qualidade de vida e</p><p>necessidades atendidas.</p><p>Na contemporaneidade, os movimentos sociais, não só de minorias, mas também, de trabalhadores,</p><p>religiosos, ecologistas, intelectuais, políticos, dentre outros tantos grupos, conseguem expor ao mundo</p><p>ideologias (positivas e negativas), de toda ordem,</p><p>principalmente, tendo a tecnologia que propaga as</p><p>notícias para lugares longínquos, pois “[...] com a</p><p>globalização e a informatização da sociedade, os</p><p>movimentos sociais em muitos países, inclusive no</p><p>Brasil e em outros países da América Latina, tenderam</p><p>a se diversificar e se complexificar” (SCHERER-</p><p>WARREN, 2006, p.109)</p><p>No Brasil, embora já existam há séculos, agora que</p><p>os movimentos sociais vêm ganhando força. Alguns</p><p>movimentos sociais, a partir da década de 70,</p><p>provocaram tantas transformações que seus reflexos</p><p>13</p><p>impactam a sociedade até os dias de hoje, como,</p><p>por exemplo, a conquista da democracia, a partir do</p><p>movimento Diretas Já; a conquista dos direitos sociais, previstos, inclusive na Constituição de 1988; e as</p><p>políticas públicas que, hoje, retiram parte da população da margem social. Além dessas organizações,</p><p>outros grupos, por meio de mobilização social, também ganharam reconhecimento e espaço na sociedade,</p><p>como é o caso dos indígenas, que tiveram sua cultura e direitos reconhecidos, da mesma forma, o</p><p>movimento negro, movimento das mulheres, dentre outros de igual importância.</p><p>Tais movimentos são de suma importância na sociedade, para que haja um planejamento público mais</p><p>includente, para que se possa criar políticas públicas que garantam oportunidades para todos se</p><p>desenvolverem, em mesmo nível de igualdade, pois “políticas que favoreçam a inclusão e a participação de</p><p>todos os cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz” (UNESCO, 2001).</p><p>Nessa perspectiva, há de se desmistificar a ideia de que os que fazem parte de movimentos sociais são</p><p>pessoas ociosas, desordeiras que querem chamar a atenção para fatos não importantes; há de se remover</p><p>o pensamento etnocentrista, uma vez que a</p><p>Em um mundo globalizado, em que a mídia é um instrumento de força, é primordial ter um olhar mais</p><p>crítico, despido de preconceitos acerca das questões, dos ideais e dos valores que movem os grupos, de</p><p>diferentes movimentos sociais, com vistas a “desuniformizar” o pensamento, buscar a equidade, e</p><p>aproximar o que está escrito da realidade; vislumbram-se, assim, a transformação, a participação cidadã e o</p><p>empoderamento das minorias.</p><p>A PLURALIDADE CULTURAL BRASILEIRA</p><p>O Brasil, por suas dimensões continentais, apresenta uma rica diversidade cultural; termo de grande</p><p>amplitude conceitual, que, vez ou outra, provoca situações polêmicas. A multiculturalidade na população</p><p>brasileira, tem-se destacado na mídia mundial e, a cada tempo, se solidifica, tentando se desvencilhar de</p><p>conceitos pré-concebidos.</p><p>Mas, se, no Brasil, a pluralidade cultural é predominante, porque ainda existe tanta discriminação e</p><p>intolerância?</p><p>Nas primeiras unidades, foi discutido a importância da cultura para um povo, e como ela compõe a sua</p><p>identidade. Nesse sentido, cultura deve ser entendida como o</p><p>Obviamente que as práticas culturais, os hábitos variam de uma cultura para outra e devem ser</p><p>compreendidos a partir desse elemento, sem nenhum pré-julgamento. Por exemplo, em alguns países</p><p>14</p><p>orientais, na Índia, a vaca é um animal sagrado, enquanto que, no Brasil, assim como em outros países, é</p><p>um animal que fornece alimento.</p><p>Um ponto a ser sublinhado é que à medida que os valores democráticos estão presentes mais</p><p>particularidades culturais emergem e, portanto, devem ser respeitadas. Gomes (2008) salienta que</p><p>Pensando sob esse prisma, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a</p><p>Ciência e a Cultura), proclamou a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural</p><p>Declaração Universal Sobre A Diversidade Cultural</p><p>http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf</p><p>O Brasil, com uma população maior do que duzentos milhões de habitantes, de acordo com o IBGD de</p><p>2017, é composto por pessoas de diferentes raças, descendências, gêneros orientações sexuais, com</p><p>diferentes hábitos, costumes e crenças que, de uma forma ou de outra, relacionam-se, seja no trabalho, na</p><p>escola, no círculo de amigos, nas instituições religiosas etc. Enfim, tem-se aqui uma sociedade com múltipla</p><p>formação cultural étnica e social, que está muito longe de se vincular, apenas, aos seus colonizadores, os</p><p>portugueses. De acordo com a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural e Plano de Ação – 2001,</p><p>art. 2, da UNESCO,</p><p>A população brasileira incorporou, ao longo dos séculos, hábitos e costumes de diferentes povos. Você</p><p>já parou para pensar: Por que a feijoada e a caipirinha pertencem à culinária brasileira? De onde vem o</p><p>hábito de tomar banho todos os dias? Por que a capoeira e o samba fazem parte da identidade nacional?</p><p>Todos esses hábitos estão cristalizados na cultura brasileira e são considerados bens culturais,</p><p>reconhecidos mundialmente.</p><p>15</p><p>Atualmente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artísticos Nacionais (IPHAN) catalogou 38</p><p>bens culturais, e cinco deles foram declarados Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade</p><p>pela UNESCO.</p><p>Mostra interativa que apresenta Patrimônio Imaterial Brasileiro chega a Brasília</p><p>http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/3458/mostra-interativa-que-apresenta-</p><p>patrimonio-imaterial-brasileiro-chega-a-brasilia</p><p>Diante disso, não se pode conceber que as diferenças, inerentes a cada grupo, sejam elemento que</p><p>promova problemas sociais, que são históricos, e se apresentam de maneira perversa.</p><p>Tais problemas, quando não colocam o homem em uma condição sub-humana e escravizada, negam</p><p>bens sociais importantes e fundamentais como saúde, educação, moradia, igualdade salarial e de</p><p>oportunidades etc. Ademais, criam instrumentos que geram violência, criminalidade, corrupção, dentre</p><p>outras mazelas que se voltam contra a própria sociedade, em maior ou menor intensidade.</p><p>16</p><p>PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS</p><p>A LUTA DAS MULHERES PELA IGUALDADE DE GÊNERO</p><p>Em pleno séc. XXI, a desigualdade de gênero, ainda, se faz presente nas relações organizacionais, e nas</p><p>relações familiares, especialmente, em se tratando de alguns países, onde a cultura machista e patriarcal,</p><p>ainda, prevalece.</p><p>Desde o período antigo, homens e mulheres</p><p>possuíam papéis bem definidos, além de uma</p><p>condição hierárquica. Ao homem cabia o sustento e</p><p>proteção do lar e a mulher os afazeres domésticos,</p><p>cuidado com os filhos, e a submissão ao homem, em</p><p>uma posição vertical. Inicialmente, essa obediência</p><p>era devida ao pai e, posteriormente, ao marido. A</p><p>figura da mulher era invisível diante da sociedade,</p><p>não era considerada capaz de gerir bens, enfim, o</p><p>estado era de dominação e opressão.</p><p>Simone de Beauvoir (2009), ao difundir suas</p><p>ideias em diferentes obras, coloca que os homens,</p><p>mesmo os que se dizem mais “modernos” se valem</p><p>do patamar que foram colocados na história, o de</p><p>soberano, e não renunciam de suas vantagens e, a</p><p>mulher, “[...] condenada a desempenhar o papel do</p><p>outro, estava, também, condenada a possuir,</p><p>apenas, uma força precária: escrava ou ídolo, nunca é ela que escolhe seu destino” (BEAUVOIR, 2009, p.</p><p>91).</p><p>Com as inúmeras transformações no campo social e econômico, sobretudo, após a Revolução Industrial,</p><p>as mulheres, inseriram-se no mundo do trabalho e passaram a contribuir com o sustento familiar. Todavia,</p><p>alguns papéis, ainda, continuam predeterminados: os cuidados da casa e dos filhos permanecem sob sua</p><p>responsabilidade, criando-se, assim, uma jornada dupla. E, embora a evolução tenha ocorrido a olhos</p><p>“Denomina-se patriarcado a forma</p><p>de organização social na qual os</p><p>homens dominam as mulheres e</p><p>sexismo a crença de que um sexo é</p><p>inerentemente superior a outro. O</p><p>sexismo constitui, portanto, a base</p><p>ideológica do patriarcado” (GIL,</p><p>2011, p.149).</p><p>17</p><p>vistos, inclusive no campo legislativo, algumas dessas questões, tais como a desigualdade, continuaram</p><p>arraigadas. Gil (2011) elucida que</p><p>Para se ter uma ideia, no Brasil, somente a partir de 1962 a mulher deixou de pedir</p><p>autorização para trabalhar, porque, até então, no código civil de 1916, sem anuência do</p><p>marido, não lhe era permitido sequer receber uma herança.</p><p>Mesmo com esse avanço, a desigualdade, ainda era evidente e, somente a partir da</p><p>Constituição de 1988, a mulher, no âmbito legal, foi considerada em nível de igualdade ao</p><p>homem.</p><p>Conheça mais sobre o Estatuto da Mulher Casada</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/l4121.htm</p><p>Obviamente, com o passar dos anos, a partir de muitas lutas, algumas conquistas foram alcançadas,</p><p>principalmente sob a ótica legal. Em tese, as mulheres possuem a mesma igualdade</p><p>de direitos. Contudo, a</p><p>realidade é diversa do que se apresenta, inclusive em leis, em várias partes do mundo.</p><p>Embora o Brasil tenha também evoluído, constata-se que a cultura machista, proveniente de um</p><p>modelo patriarcal, ainda impera, haja vista o contraste nas remunerações salariais, nos cargos ocupados, na</p><p>obrigatoriedade dos cuidados do lar.</p><p>Nesse contexto, impulsionar um debate sobre as questões do trabalho, sob a perspectiva de gênero é</p><p>provocar reflexões acerca da desigualdade de</p><p>oportunidade e de remuneração que existe, nos quatro</p><p>cantos do mundo, permeada, inclusive pela</p><p>discriminação e pela violência doméstica, ainda tão</p><p>viva no seio familiar.</p><p>De acordo com a Organização Internacional do</p><p>trabalho (OIT), em relatório publicado em 2018, apenas</p><p>48,5% das mulheres estão empregadas e, a cada 10</p><p>homens, somente 6 se encontram em trabalhos</p><p>formais. Ainda, segundo o informe Perspectivas</p><p>sociales y del empleo en el mundo: Avance global</p><p>18</p><p>sobre las tendencias del empleo feminino - 2018, elaborado pela OIT, nos países desenvolvidos, as taxas de</p><p>desemprego entre homens e mulheres não apresenta tanta divergência; na Europa, essas taxas são</p><p>superiores a dos homens; África e Estados árabes duas vezes mais altas. Outro ponto intrigante desse</p><p>informe é que em países emergentes, como o Brasil, as taxas aumentam a olhos vistos.</p><p>No Brasil, embora a legislação exija um percentual de vagas para mulheres, no mundo do trabalho e,</p><p>também no âmbito político, percebe-se sua ausência nesses campos e a igualdade parece estar distante. De</p><p>acordo com o IBGE (2018), ao realizar as Estatísticas de Gênero - Indicadores sociais das mulheres no Brasil,</p><p>mesmo com um nível de instrução maior do que o dos homens, o que a priori, em tese, confere maior</p><p>preparo, em concorrência, de modo geral, e, em específico, para cargos mais altos, portanto, melhor</p><p>remunerados e mais prestigiados, há grandes desvantagens. Já no trabalho informal, é quase que massiva a</p><p>presença das mulheres, sobretudo em atividades domésticas. Embora as atividades domésticas tenham</p><p>tido seu reconhecimento em lei, as mulheres, em grande parte são as que ocupam esse posto.</p><p>Quais serão os principais motivos para tal fenômeno discriminatório que se recusa a reconhecer a</p><p>igualdade?</p><p>Tal questionamento pode, sim, encontrar resposta no contexto histórico, que coloca a mulher em</p><p>posição inferior e lhe confere responsabilidade com a maternidade; reforçando, dessa forma, o</p><p>conservadorismo de pensamentos retrógrados para a sociedade pós-moderna.</p><p>Ressalta-se ainda, que, no mesmo estudo realizado pelo IBGE (2018), as mulheres negras sofrem</p><p>duplamente tal discriminação e se encontram em situação de desvantagem em relação à mulher branca ou</p><p>parda. Embora o Brasil seja um País de grande miscigenação, não se pode deixar de observar significativa</p><p>discriminação racial e, mais uma vez ao fazer uma retrospectiva, há indícios de que a história de</p><p>subserviência vivenciada pelos negros perdura.</p><p>FALANDO UM POUCO SOBRE A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER</p><p>Ainda que fique escondida, como um segredo que não pode ser revelado, a violência doméstica é um</p><p>fenômeno que, aos poucos, vem sendo alardeado em todo o mundo. Mulheres de diferentes</p><p>nacionalidades, com diferentes costumes e hábitos, possuem em comum a mesma trajetória do ciclo de</p><p>violência.</p><p>A Legislação brasileira, a partir da Lei conhecida</p><p>como Maria da Penha (11.340/2006) coloca no seu Art.</p><p>5º que a violência doméstica é aquela praticada contra</p><p>mulher em uma unidade doméstica, não</p><p>necessariamente a casa onde vive, mas em um espaço</p><p>de convivência frequente, por pessoas que mantém</p><p>vínculo, independente de laços familiares. Já a</p><p>violência familiar, como o próprio nome indica, é</p><p>praticada por alguém que compõe unidade por</p><p>membro da família, observando que a unidade familiar</p><p>pode ser composta por pessoas que são consideradas parentes, pelo vínculo biológico, espontâneo ou pela</p><p>afinidade.</p><p>A Lei Maria da Penha se originou a partir de uma tragédia pessoal da farmacêutica Maria da Penha,</p><p>nordestina, vítima de violência doméstica, praticada por seu marido, um professor universitário que, por</p><p>três vezes, tentou matá-la, e a deixou paraplégica.</p><p>As denúncias foram feitas, mas seu esposo só foi preso muitos anos depois, após a vítima recorrer à</p><p>Comissão Interamericana de Direitos Humanos (OEA), a qual sentenciou o Brasil por omissão. A partir desse</p><p>fato, é que se pensou em uma legislação específica para os casos de violência doméstica e familiar contra a</p><p>mulher.</p><p>19</p><p>Para conhecer um pouco mais a história da farmacêutica Maria da Penha que teve</p><p>repercussão mundial e impulsionou a criação da Lei 11.340/2006, acesse o link:</p><p>STJ Cidadão #256 - A vida de Maria da Penha</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=GBU-nJNlnd0</p><p>O Brasil, conforme o mapa da violência, divulgado em 2015, em notícia divulgada pela Universidade</p><p>Federal de São Paulo (UNIFESP), está entre os países, onde a mulher sofre agressões. Ainda, nesse mesmo</p><p>estudo, a mulher negra vítima de violência doméstica e/ou familiar, aparece em índices crescentes e altos.</p><p>Apesar dos avanços e das conquistas, muitas mulheres permanecem caladas por anos a fio. Assim,</p><p>entende-se que esse problema social</p><p>De acordo com a Declaração de Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira (1988), homem e</p><p>mulher são sujeitos de direitos iguais, logo, não cabe situação de superioridade, tampouco de violência ou</p><p>exploração. Todavia, o que se percebe é que a violência doméstica está tomando proporções tão absurdas,</p><p>que, de caso de polícia, tornou-se um caso de saúde pública. Entende-se como “violência doméstica e</p><p>familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,</p><p>sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial” (BRASIL, 2006).</p><p>Em dados divulgados pelo Anuários Brasileiro de Segurança Pública (2017), no ano passado, 4657</p><p>mulheres foram assassinadas, dentre as quais 533 foram feminicídio, sem contar as que sofreram outros</p><p>tipos de violência: física, moral, psicológica e patrimonial, além daquelas de cunho machista, vivenciada na</p><p>vida cotidiana. Raramente, “na primeira agressão, a mulher procura ajuda. A denúncia só ocorre, na</p><p>maioria dos casos, quando a situação se agrava; isso tudo devido à própria cultura brasileira ser omissa, e</p><p>ter como paradigma que ‘em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher’” (SALES e RESENDE, 2013,</p><p>p.50).</p><p>Desta feita, embora haja legislação específica que coíbe a Violência contra Mulher – 11. 240/ 2006 e</p><p>13.105/2015 - fazem-se necessários ajustes no âmbito legal e políticas públicas que tenham, não só caráter</p><p>punitivo, mas também pedagógico.</p><p>20</p><p>PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS</p><p>VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES</p><p>Até aqui foram abordados temas que se referem à mulher adulta, mas é quando a violência ocorre</p><p>contra crianças e adolescentes, independente se do sexo feminino ou masculino? Esse é um grave</p><p>problema que assola muitos países e que trazem consequências gravíssimas para a própria sociedade.</p><p>Segundo dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em 2017,</p><p>“A cada 7 minutos, em algum lugar do mundo, uma criança ou um adolescente, entre 10 e 19</p><p>anos, é morto, seja vítima de homicídio, ou de alguma forma de conflito armado ou violência</p><p>coletiva. Somente em 2015, a violência vitimou mais de 82 mil meninos e meninas nessa faixa</p><p>etária – 24,5 mil dessas mortes aconteceram na região da América Latina e do Caribe”.</p><p>21</p><p>A violência contra esse público possui raízes</p><p>históricas e acompanha a humanidade em épocas</p><p>diversas, observando, principalmente, seu aspecto</p><p>cultural. Ela se expressa de diferentes formas no seio</p><p>familiar ou doméstico, independe da classe social e</p><p>traz consigo reflexos negativos, muitas vezes,</p><p>irreversíveis, às suas vítimas. “Desde a Antiguidade</p><p>podem-se constatar registros</p><p>de agressões à</p><p>intimidade de crianças e adolescentes. Tal violação</p><p>surgiu como forma de punição, em alguns casos, e, em</p><p>outros, [...] eram ligadas a guerras, dentre demais</p><p>motivos” (FONTENELE JÚNIOR E RESENDE, 2017, p.</p><p>24).</p><p>Atualmente, tal fato desperta indignação em todos</p><p>os setores, porque, assim como a violência contra a</p><p>mulher, é um problema social que envolve, inclusive a saúde pública; não se limita, apenas, aos índices de</p><p>mortalidade, mas também envolve sequelas biopsicossociais.</p><p>Tendo em vista que a atual Constituição Federal do Brasil (1988) fundamenta o conceito de cidadania na</p><p>dignidade da pessoa humana, não é possível conceber atitudes violentas contra crianças, por parte</p><p>daqueles que, a priori, deveriam proteger, oferecer segurança física, afetiva e psicológica. Do mesmo</p><p>modo, o Art. 5°, do Estatuto da Criança e do Adolescente dispõe que “nenhuma criança ou adolescente</p><p>será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão,</p><p>punindo na forma da lei qualquer atentado por ação ou omissão, a seus direitos fundamentais” (BRASIL,</p><p>1990).</p><p>A literatura seja ela da área psicológica, sociológica seja jurídica traz como pontos de convergência que,</p><p>independente da modalidade de violência, deixam efeitos desastrosos na vida da vítima. Esses efeitos se</p><p>manifestam, na maioria das vezes, em forma de retraimento, baixa autoestima, dificuldades de</p><p>relacionamento, agressividade, uso de drogas ilícitas, fobia, reações de medo, vergonha, culpa, depressão,</p><p>ansiedade, transtornos afetivos, distorção da imagem corporal, amadurecimento sexual precoce, tentativa</p><p>de suicídio, problemas de aprendizagem, dentre outras sequelas. Enfim, há um comprometimento no</p><p>projeto de vida da vítima de abuso sexual, podendo, inclusive se tornar um agressor em potencial.</p><p>Inclusive, segundo Castanho (apud SEIXAS; DIAS, 2013, p. 57), “estudos apontam que parece existir um</p><p>padrão na aceitação da violência que mostra que mulheres, que possuem um histórico de violência, estão</p><p>mais propensas a entrar, ou permanecer, em relacionamentos violentos”.</p><p>De modo recorrente, a mídia apresenta casos de abusos sexuais e físicos, inclusive com óbito, cometidos</p><p>por pais, professores, treinadores, ou seja, por pessoas que, em tese, deveriam cuidar, acolher. Roure</p><p>(1996) elucida que</p><p>Embora o abuso sexual e físico, ainda, seja um tabu na sociedade brasileira, e de difícil detecção por</p><p>parte daqueles que não estão envolvidos, muitas vítimas, quando já não suportam mais o sofrimento,</p><p>tornam-no público, permitindo, assim, que seus agressores sejam punidos, que novas formas de proteção</p><p>22</p><p>sejam pensadas pelo poder público e que campanhas de conscientização alcancem o maior número</p><p>possível da população.</p><p>Outro elemento que merece ser amplamente discutido é a exploração sexual de crianças e</p><p>adolescentes, em suas diferentes formas, incluindo o turismo. Do Bem (2005) explica que</p><p>A partir dessa clara explicação do autor, entende-se que esse fenômeno é contumaz, principalmente,</p><p>em regiões turísticas e litorâneas, ou em locais que possuem eventos de grande dimensão, como carnaval,</p><p>por exemplo, nas quais falta assistência do poder público para suprir necessidades que são básicas.</p><p>Geralmente, tem como protagonistas crianças e adolescentes de classes bem carentes que, em troca do</p><p>sexo, recebem comida ou pequena quantia em dinheiro.</p><p>Nesse contexto, não é raro, também, encontrar pais que são coniventes com esse crime e justificam que</p><p>essa é a única forma de sustento da família. São pessoas invisíveis, excluídas, praticamente sem acesso aos</p><p>bens sociais, com quase nenhuma oportunidade de trabalho, e que, muitas vezes, também tiveram sua</p><p>infância roubada, da mesma forma, por pessoas que tiram proveito de uma condição sub-humana. Há</p><p>casos de gerações inteiras que foram exploradas. Não se está sendo cúmplice aqui, dessas motivações. Mas</p><p>é necessário refletir que, onde não há a</p><p>presença do Estado, instaura-se um</p><p>poder paralelo que condiciona a</p><p>sobrevivência humana a inúmeras</p><p>crueldades, como, por exemplo, a</p><p>prostituição infantil, a distribuição de</p><p>drogas por crianças, trabalho infantil,</p><p>dentre outros crimes etc.</p><p>No Brasil, embora o aliciamento (seja</p><p>qual for) de crianças e adolescentes seja</p><p>crime, constata-se que há dificuldades</p><p>em punir os agressores. Não se pode</p><p>negar que houve progressos em relação à</p><p>proteção desse público, porém, ainda, há</p><p>muito o que reajustar.</p><p>Nesse sentido, as redes sociais cumprem papel imprescindível pela proximidade que possuem com</p><p>público de diferentes faixas etárias. Além disso, as redes têm sido instrumento de denúncias de vítimas ou</p><p>que trazem para especialistas elementos que permitem a compreensão da personalidade de diferentes</p><p>agressores, que, em muitos casos, um dia, também foram vítimas.</p><p>Em assim sendo, com vistas a minimizar essas adversidades que acabam se voltando contra a própria</p><p>sociedade, onerando de diferentes maneiras a população, é de grande relevância que não só o poder</p><p>público, mas também toda a sociedade civil assuma a responsabilidade no que se refere à proteção de</p><p>crianças e adolescentes, seja punindo na forma da lei, fiscalizando, mais atentamente, as situações que</p><p>geram desconfiança, discutindo em massa essas questões, que, até então, eram consideradas tabus,</p><p>23</p><p>principalmente, nas instituições de ensino, seja realizando denúncias, pois essas últimas são molas</p><p>propulsoras para que essas modalidades de violência não assumam aspecto epidemiológico. Somente,</p><p>dessa forma, poder-se-á idealizar uma pátria mãe que cuida dos seus.</p><p>PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS - DISCRIMINAÇÃO E PRECONCEITO ÉTNICO-RACIAL</p><p>A escravização de negros e índios aponta para um período histórico perverso no mundo. A construção</p><p>histórica da colonização brasileira não foge à regra: escravizou indígenas e negros, libertou-os, mas</p><p>promove até os dias de hoje a segregação, em diferentes espaços. Embora a discriminação de raça, cor ou</p><p>etnia seja crime, é recorrente na mídia brasileira, e também, em outros países, situações que denotam</p><p>preconceito, de modo explícito ou velado.</p><p>Convém, antes de abrir essa discussão, diferenciar raça e etnia, uma vez que é comum serem tomados</p><p>como se tivessem o mesmo significado.</p><p>Diferenciados os termos, algumas tessituras sobre a população indígena, independente da etnia são de</p><p>extrema importância.</p><p>A questão do indígena no Brasil traz muitas contradições, pois a cada dia se integram a sociedade não</p><p>indígena; todavia, esta última não aprendeu a lidar com as diversidades, para assim, democratizar as</p><p>diferenças. Para que, de fato tenham a sensação de pertencimento, é necessário que todos reconheçam</p><p>como legítima a cultura do outro (RESENDE; MAGALHÃES, 2010).</p><p>Os problemas que envolvem esse grupo são inúmeros e vão desde a questão da terra, ou a falta dela,</p><p>até as condições de extrema pobreza, uma vez que algumas etnias estão abandonadas à própria sorte.</p><p>Embora diversas políticas públicas tenham sido apresentadas, constata-se que a inclusão do indígena é uma</p><p>realidade muito distante, em todo e qualquer segmento social: na política, na educação, no trabalho etc.</p><p>Embora tenha havido crescimento na escolarização desses povos, os números, ainda, são muito baixos, seja</p><p>na Educação Básica seja no Ensino Superior. Além disso, são estereotipados, explicitamente, como pessoas</p><p>avessas ao trabalho, que recebem benefícios</p><p>indiscriminadamente, alcoolistas, que não</p><p>respeitam a legislação, porque possuem um</p><p>estatuto próprio, dentre outros adjetivos</p><p>depreciativos, que só reforçam uma imagem</p><p>negativa, sem nenhum pudor. Observa-se</p><p>aqui, grande falta de informação e uma</p><p>dificuldade imensa, em aceitar a cultura do</p><p>outro que, na verdade, é apenas diferente, e</p><p>não inferior a qualquer outra.</p><p>24</p><p>Conheça o Estatuto dos povos indígenas</p><p>http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/presidencia/pdf/Estatuto-do</p><p>Indio_CNPI/Estatuto_Povos_Indigenas-Proposta_CNPI-2009.pdf</p><p>Benefícios sociais e previdenciários fornecidos aos indígenas</p><p>http://www.funai.gov.br/index.php/todos-ouvidoria/23-perguntas-frequentes/1257-quais-os-</p><p>beneficios-sociais-e-previdenciarios-que-os-indigenas-tem-direito</p><p>Em se tratando da população negra, assim como da indígena, observa-se que enfrenta muitos</p><p>preconceitos e está exposta à violência de todos os tipos. Ao contrário do indígena que não está totalmente</p><p>presente na sociedade não indígena, o negro compõe o corpo social, desde sua construção.</p><p>Se em outros tempos foi escravizado de modo cruel e desumano, hoje possui igualdade em termos</p><p>legais. Apesar desses esforços para propiciar igualdade de oportunidade e de direitos, é habitual episódios</p><p>que se configuram, mesmo que com muita discrição, como racismo. Ressalta-se que, no Brasil, é</p><p>considerado um crime inafiançável.</p><p>Constantemente jovens negros são confundidos com marginais em lojas, em espaços mais luxuosos.</p><p>Por várias vezes, são animalizados, abertamente. Quem não se lembra do caso que se tornou público,</p><p>em que um jogador negro foi chamado de macaco por torcedores, os quais também jogaram, no campo,</p><p>bananas.</p><p>Vamos para uma situação aparentemente inocente: em novelas brasileiras, principalmente em horário</p><p>nobre, os negros dificilmente aparecem como protagonistas; na maioria das vezes, desempenham</p><p>personagem que são empregados domésticos de pessoas brancas.</p><p>Os exemplos acima mencionados só indicam as dificuldades com que o negro se depara para ter sua</p><p>identidade reconhecida e ser tratado com igualdade, além de expor uma falsa democracia racial, pois</p><p>situações de servidão e de subordinação de um grupo a outro fazem parte da essência da ideologia do</p><p>racismo (GIL, 2011).</p><p>O mercado de trabalho, também, é excludente, à medida em que a oportunidade de emprego para os</p><p>negros, mesmo que tenham maior nível de</p><p>escolaridade, é menor do que para homens brancos ou</p><p>pardos</p><p>Logo, estão mais predispostos ao trabalho informal,</p><p>negando-lhes, mais uma vez, direitos sociais</p><p>conquistados ao longo dos anos, pela classe</p><p>trabalhadora.</p><p>De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de</p><p>Domicílios Contínua 2016 (IBGE), 66% das atividades</p><p>domésticas eram ocupadas por trabalhadores pretos e</p><p>pardos, e, no campo agropecuário, na construção civil,</p><p>25</p><p>dentre outros. Outro dado que confirma as ideias discutidas é que mais de 25% da população negra e</p><p>parda, no terceiro trimestre de 2017, estavam na atividade informal como ambulantes.</p><p>Em relação à escolarização, a pesquisa aponta que essa população permanece, em média, apenas, 7</p><p>anos na escola; lembrando que a Educação Básica é de 12 anos, sendo 09 no Ensino Fundamental e 03 no</p><p>Ensino Médio. Da mesma forma, em termos de acesso ao Ensino Superior, principalmente para os cursos</p><p>mais concorridos, como Medicina, Engenharia, etc., mesmo que os índices tenham crescidos, ainda são</p><p>muito tímidos, tendo em vista que a maior parte da população brasileira é composta por negros e pardos.</p><p>Em síntese, em todos os segmentos, a população negra enfrenta desvantagens, logo, na educação não seria</p><p>diferente.</p><p>Diante desse contexto, apesar de a legislação promover maior oportunidade e ter avançado de modo</p><p>considerável, é urgente que o Estado se sensibilize com as questões que promovem a desigualdade social,</p><p>criando mecanismos específicos.</p><p>Contudo, entende-se que uma educação básica, e qualidade para todos, é o primeiro vetor para que</p><p>possa conduzir a emancipação do ser humano, seguida de condições adequadas de moradia, alimentação,</p><p>saneamento, saúde de qualidade, com medidas preventivas, oportunidade de emprego e de qualificação, e</p><p>de uma conscientização de massa acerca de como o racismo pode contribuir para com a proliferação da</p><p>violência, seja ela simbólica seja concreta, no corpo social. Esses são fatores essenciais para minimizar</p><p>desigualdades e construir uma sociedade mais justa.</p><p>26</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.</p><p>BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:</p><p>Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.</p><p>SANTOS, Boaventura de Sousa. Reconhecer para libertar: os caminhos do cosmopolitanismo</p><p>multicultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.</p><p>DIAS, Reinaldo. Sociologia do Direito: a abordagem do fenômeno jurídico como fato social. 2. ed.</p><p>São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>DO BEM, Arim Soares. A Dialética do Turismo Sexual. Campinas: Papirus, 2005.</p><p>FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à sociedade de informação. 2. ed. São</p><p>Paulo: Atlas, 2010.</p><p>FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuários Brasileiro de Segurança Pública (2017).</p><p>Disponível em: . Acesso em: 27 abril</p><p>2018.</p><p>GIL, Antônio Carlos. Sociologia Geral. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial e a Educação Brasileira. In: BARROS, J.M.</p><p>Diversidade cultural: da proteção à promoção. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2008. p. 133-</p><p>145</p><p>INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas de Gênero - Indicadores sociais</p><p>das mulheres no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 26 abril 2018.</p><p>JÚNIOR FONTENELE, Herôdoto Souza; RESENDE, Gisele Silva Lira de Violência Sexual Intrafamiliar e</p><p>Seus Efeitos no Município de Barra Do Garças-Mt. Rev. FACISA ON LINE. Barra do Garças, vol.6,</p><p>n.1, p. 20- 37, jan. - jul. 2017. Disponível em: . Acesso em: 02</p><p>maio. 2018.</p><p>MACEDO, Márcia S. Perspectivas de Gênero: Debates e questões para as ONGs. Recife: Gênero,</p><p>2002.</p><p>ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Perspectivas sociales y del empleo en el mundo:</p><p>Avance global sobre las tendencias del empleo femenino 2018. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 22 abril 2018.</p><p>RESENDE, Gisele silva Lira de; MAGALHÃES, Marly A. Lopes de. A práxis do professor universitário x</p><p>alunos indígenas. In: LAMPERT, Ernani e BAUMGARTEN, Maíra. Universidade e Conhecimento:</p><p>possibilidades e desafios na contemporaneidade. Porto Alegre: Sulina UFRGS, 2010. p. 111-122.</p><p>27</p><p>ROURE, Glacy. Q. de. Vidas silenciadas: a violência com crianças e adolescentes na sociedade</p><p>brasileira. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1996.</p><p>SALES, Morgana. M. Freitas; RESENDE, Gisele. S. Lira de. Lei Maria da Penha: Primeiras impressões</p><p>sobre as recentes modificações. Revista Panorâmica Multidisciplinar, Barra do Garças, v. 11, p.</p><p>39-57, 2013.</p><p>SCHAEFER, Richard T. Sociologia. Porto Alegre: AMGH, 2014.</p><p>SCHERER-WARREN, Ilse. Das mobilizações às redes de Movimentos sociais. Sociedade e Estado,</p><p>Brasília, v. 21, n.1, p. 109-130, jan./abr. 2006. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 22 abril 2018.</p><p>SCHERER-WARREN, Ilse; LUCHMAN, Lígia Helena Hann. Situando o debate sobre movimentos</p><p>sociais e sociedade civil no Brasil. Política & Sociedade, Florianópolis-SC, v. 1, n.5, p. 11-24, 2004.</p><p>Disponível em: .</p><p>Acesso em: 22 abril 2018.</p><p>CASTANHO, Gisela M. Pires. Abuso sexual intrafamiliar e transmissão psíquica. In: SEIXAS, Maria</p><p>Rita D’Angelo; DIAS, Maria Luiza. A violência doméstica e a cultura da paz. São Paulo: Santos,</p><p>2013. p. 53 – 60.</p><p>ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO).</p><p>Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural - 2001. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 02 maio 2018.</p>