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<p>Instituto Federal de Roraima</p><p>Programa de pós – graduação</p><p>Cidadania e educação para o trânsito</p><p>CULTURA SURDA E O TRÂNSITO: A OBSERVAÇÃO B CONTEMPLA A COMUNIDADE SURDA DE BOA VISTA-RR?</p><p>André Silva Soares</p><p>Beatriz Teófilo da Silva</p><p>Marcos Orélio Frota Nogueira</p><p>Boa Vista-RR</p><p>2024</p><p>INTRODUÇÃO</p><p>O estudo sobre a Língua de Sinais começou em 1950 com Wiliam Stokoe que estudava a gramática da língua de sinais americana. No Brasil, a língua brasileira de sinais - libras foi reconhecida pela lei 10.496 de 24 de abril de 2002 “como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.” (BRASIL, 2002)</p><p>Em 2015, a Resolução Nº 558, de 15 de outubro, dispôs sobre realização de cursos e exames nos processos referentes à “Carteira Nacional de Habilitação – CNH no qual garantia órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal que deverão disponibilizar às pessoas com deficiência auditiva, o intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, nas seguintes fases do processo de habilitação”:</p><p>I – avaliação psicológica; II – exame de aptidão física e mental; III – curso teórico técnico; IV – curso de simulação de prática de direção veicular; V - exame teórico técnico; VI - curso de prática de direção veicular; VII – exame de direção veicular; VIII – curso de atualização; IX- curso de reciclagem de condutores infratores; X – cursos de especialização. (CONTRAN/2015)</p><p>Essa resolução esclarece que condutores surdos poderiam investir na candidatura de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação – CNH com garantia de ser assistido por uma equipe de tradutores/intérpretes de libras e disponibilização dos materiais de apoio em libras em todas as etapas do processo de habilitação. No estado de Roraima não existe uma escola pública de trânsito e por esse motivo as CFC’s – Centro de Formação de Condutores que ofertam o curso teórico/prático para obtenção da CNH seriam as responsáveis por arcar com as despesas de financiamento da equipe de acessibilidade.</p><p>Não foi encontrado materiais que informassem sobre a formação de candidatos surdos nas CFC’s de Boa Vista-RR com acompanhamento de intérpretes de libras conforme os dispositivos legais. Em 2022, o Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN de Roraima passou a disponibilizar interpretação de libras para a prova téorica e exame prático (FOLHA DE BOA VISTA/2022) A partir de conversas informais com surdos que já possuem CNH, estes explicavam que não tinha intérprete de libras nas salas de aulas das CFC’s e aulas práticas.</p><p>Na etapa de exame médico, o profissional avaliador se baseia pela tabela disponível no site do Contran, Resolução 598/2016 - anexo II – tabela de abreviaturas a serem impressas na Carteira Nacional de Habilitação no qual a letra B indica que deve ser expedido na CNH a observação: “Obrigatório o uso de prótese auditiva”, neste caso, o condutor que se identifica como surdo e com a cultura surda deve usar prótese auditiva sempre que conduzir um veículo.</p><p>A outra observação ligada à surdez é a letra X que indica “Outras restrições”, não explicadas quais serão essas outras restrições” e onde as informações sobre elas podem ser encontradas. O objetivo desse estudo é compreender como o Contran – órgão máximo normativo e consultivo do Sistema Nacional de Trânsito – reconhece a comunidade surda e quais efeitos da resolução na vida funcional dos surdos condutores.</p><p>A restrição B na CNH de um condutor que se reconhece como surdo implica na esquiva do uso da prótese auditiva e naturalmente o uso da Libras como primeira língua, contrariando o que consta no artigo 162 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB:</p><p>VI - sem usar lentes corretoras de visão, aparelho auxiliar de audição, de prótese física ou as adaptações do veículo impostas por ocasião da concessão ou da renovação da licença para conduzir.</p><p>Sendo uma infração gravíssima com penalidade de multa e medida administrativa de “retenção do veículo até o saneamento da irregularidade ou apresentação de condutor habilitado.” Interpreta-se que o condutor precisa apresentar o uso do aparelho auditivo e é dado como inabilitado pois é necessário que a apresentação de uma outra pessoa habilitada, ou seja, ouvinte ou surdo com prótese auditiva. Quanto à multa, o valor está na faixa de R$ 293, 47.</p><p>Para isso, usaremos da pesquisa de campo com aplicação de questionário semi-estruturado na intenção de saber a proporção de surdos que possuem na CNH as categorias B, X, B;X, B;Y ou Y;X e investigar quais fatores causam a diferença na abordagem policial de surdos que possuem cada observação na CNH.</p><p>Para alcance do público alvo, faremos um vídeo em libras explicando sobre a pesquisa e convidando para uma roda de conversa gravada – em libras – em um local de referência para todos os participantes, a segunda tentativa é enviar a explicação da pesquisa e em seguida convidar para responder um questionário em formato de vídeo – em libras – e recebido pelo whatsApp ou transferência de arquivos grandes as respostas gravadas em libras.</p><p>Por se tratar de uma pesquisa qualitativa do tipo pesquisa de campo, analisaremos as respostas e a partir disso, apresentaremos em forma de proposta-ação ao Detran-RR afim de obter maior proximidade com a comunidade surda, entender sua cultura linguística e prevenir que aconteça aplicação de multas desnecessárias.</p><p>OBJETIVO</p><p>· Compreender como a comunidade surda boa vistense é afetada pela Resolução do Contran que indica multa para o não uso de prótese auditiva na condução de veículo.</p><p>JUSTIFICA</p><p>O artigo 162 do Código de Trânsito Brasileiro – CTB informa que o condutor com deficiência auditiva deve fazer uso obrigatório da prótese auditiva para condução do veículo além disso a multa para condutores que desrespeitarem essa norma está na faixa de R$ 293, 47 e mais retenção do veículo até a chegada de uma pessoa habilitada. Essa observação é indica pelo médico responsável pela avaliação na etapa de “exame médico”.</p><p>Os candidatos que se identificam como surdos não possuem a prerrogativa legal para se esquivar da resolução sendo obrigado a obtenção do aparelho auditiva para uso no caso de condução de veículo. A comunidade surda é compreendida como um grupo minoritário e específico que possui necessidade específica, uma delas é a libras, garantida em Lei.</p><p>A obrigação pelo seu uso indica na lacunas defendidas pela Constituição Federal no que condiz à “dignidade da pessoa humana”, a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e o Decreto nº 5.296/2004 que reconhecem a cultura surda e a Libras como direito do seu uso e difusão. Assim, uma pessoa surda não aceita o uso de aparelho auditivo e tem a língua de sinais como língua materna.</p><p>METODOLOGIA</p><p>Esta pesquisa é de cunho exploratório, com abordagem qualitativa do tipo pesquisa de campo, definida como:</p><p>o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias. (GIL, 2012)</p><p>As entrevistas serão de maneira presencial ou digital com aplicação de 5 perguntas semiestruturadas em libras. O vídeo com a apresentação da pesquisa será enviado pelo WhatsApp e Instagram assim como o convite para participar da roda de conversa. O objetivo da roda de conversa é gerar proximidade com os participantes, deixa-los a vontade para contar suas experiencias sobre as abordagens policiais e o que poderia ser feito para evitar.</p><p>AMOSTRA</p><p>A publicação dos vídeos para convite da comunidade surda será pública, podendo chegar à comunidade surda brasileira ou venezuelana. O limite mínimo para realização da pesquisa será de 10 pessoas, tanto surdos brasileiros</p><p>e venezuelanos que possuem CNH.</p><p>PROCEDIMENTOS</p><p>· Publicação do vídeo no instagram pessoal e whatsApp</p><p>· Enviar email para a associação dos surdos e coede-rr para convite à roda de conversa</p><p>· Montar uma lista de presença para a roda de conversa</p><p>· Aplicar o questionário</p><p>· Revisar a tradução da libras para o português</p><p>· Analisar os dados</p><p>COLETA DE DADOS</p><p>As respostas obtidas por meio da gravação ou dos vídeos em formatos individuais serão armazenados em um HD externo para análise dos dados e posterior revisão da libras para o português.</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 dez. 2000. Disponível em:</p><p>______________. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis n. 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 13 dez. 2004. Disponível em: . Acesso em: 30/07/2024.</p><p>________________ .Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Constituição. República Federativa do Brasil. Brasília, DF: MEC, 1988.</p><p>Intérprete de libras atende público com deficiência auditiva no Detran RR. Disponível em https://www.folhabv.com.br/cotidiano/interprete-de-libras-atende-publico-com-deficiencia-auditiva-no-detran-rr/ Acesso em 19/08/2024</p><p>SÁ, Nídia Limeira. A produção de significados sobre a surdez e sobre os surdos: práticas discursivas em educação. Porto Alegre: UFRGS/FACED/PPGEDU - Tese de Doutorado, 2001.</p>

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