Prévia do material em texto
<p>Efeitos Biológicos das Radiações</p><p>Introdução</p><p>Todo tipo de radiação possui determinada dose de energia, que varia conforme sua frequência. A energia contida nas ondas de rádio, por exemplo, é pequena, mas os raios X e os raios gama são os mais energéticos.</p><p>- Os efeitos biológicos dependem sempre da transferência de energia aos tecidos. Essa energia, incidindo no organismo humano, provocará um efeito em maior ou menor grau, segundo a quantidade de energia contida;</p><p>- Assim, os efeitos serão tão mais danosos quanto maior a frequência da radiação, ou seja, quanto mais energia houver.</p><p>DESSA FORMA, A PARTIR DA EXPOSIÇÃO DE UMA PESSOA A RADIAÇÃO OCORRERÁ UM EFEITO BIOLÓGICO QUE PODERÁ SER DE ORDEM:</p><p>• SOMÁTICA • GENÉTICA</p><p>Mecanismos de ação das radiações ionizantes sobre as células</p><p>- A ação das radiações sobre as células pode ocorrer de duas formas:</p><p>DIRETA - a ação da radiação faz-se diretamente sobre a célula, quebrando ligações químicas de moléculas biológicas, principalmente das macromoléculas.</p><p>INDIRETA - cerca de 70% dos efeitos biológicos que ocorrem nas células por ação da radiação ionizante são do tipo indireta.</p><p>O melhor exemplo da ação indireta explica-se pelo mecanismo da radiólise, mesmo porque a célula é constituída de água em 75% de sua composição.</p><p>* Esses íons produzidos têm características altamente reativas, vindo a produzir uma série de reações com outras moléculas de água, entre si mesmos ou com outras moléculas que se encontrem no meio, originando substâncias altamente tóxicas ao meio, como o peróxido de hidrogênio, conhecido como água oxigenada (H202), ou o gás hidrogênio (H2). Todo esse processo pode ser dividido em quatro fases distintas.</p><p>- FÍSICA : formação dos íons instáveis pela ação dos fótons.</p><p>- FÍSICO-QUÍMICA : formação de radicais livres, produzindo produtos quimicamente instáveis.</p><p>- QUÍMICA : reação dos radicais entre si e com outras moléculas, dando origem a compostos tóxicos.</p><p>- BIOLÓGICA : efeitos provocados nas biomoléculas, gerando os efeitos biológicos.</p><p>Fatores que regulam os efeitos das radiações ionizantes</p><p>1. Dose: é a quantidade de radiação incidente.</p><p>Deve-se sempre considerar que quanto maior a dose, maior o efeito.</p><p>2. Ritmo de aplicação: os efeitos da radiação têm maiores repercussões quando as doses são aplicadas em pequenos intervalos de tempo;</p><p>O período que decorre para que ocorra uma manifestação causada pela exposição a determinado tipo de radiação é chamado período latente.</p><p>3. Tamanho da área irradiada: quanto maior a área irradiada em uma única exposição, mais danosos e mais rápido surgem os efeitos. Assim, os efeitos ocorrerão em função da relação dose e área exposta</p><p>• Grandes quantidades de radiação no corpo todo: denominada exposição aguda. Esses casos são difíceis de serem encontrados no uso de raios X com finalidade diagnóstica. Ocorrem nos acidentes nucleares ou em explosões atômicas.</p><p>• Grandes quantidades de radiação com áreas limitadas do corpo (aguda ou crônica'): nessa categoria estariam incluídos os pacientes portadores de neoplasias malignas e submetidos à radioterapia, que é a aplicação da radiação ionizante de forma terapêutica. Esses pacientes são expostos a grandes doses em um intervalo de 3 a 14 dias.</p><p>Os efeitos provocados por essa situação são reversíveis, provocam a morte das células tumorais e a subsequente substituição por células normais.</p><p>• Pequenas quantidades de radiação no corpo todo por longo período (crônicas): esta é a situação em que se encontra toda a população, recebendo as radiações das fontes naturais, incluindo aqui também os profissionais que trabalham com radiação ionizante. Nesse último caso, na maioria das vezes, a radiação recebida é aquela produzida no ato de radiografar o paciente, que é a radiação secundária que pode alcançar todo o corpo do profissional.</p><p>• Pequenas doses de radiação em áreas limitadas do corpo (agudas e crônicas): manifesta-se pela repetição prolongada de pequenas doses sobre tecidos radiossensíveis.</p><p>4. Tipo de radiação: a radiação alfa é altamente ionizante, sendo 10 vezes mais nociva que os raios X.</p><p>5. Idade: quanto mais jovem o indivíduo, menos resistente.</p><p>6. Tipo do órgão, tecido ou célula irradiada: Em 1906, dois cientistas franceses, Jean Bergonié e Louis Tribondeau, a partir de estudos realizados com testículos de cabritos, estabeleceram a chamada Lei de Bergonié & Tribondeau, que dizia que "a radiossensibilidade dos tecidos e das células é proporcional à sua capacidade de reprodução e inversamente proporcional ao seu grau de diferenciação".</p><p>•Quanto mais diferenciada for a célula, maior é sua resistência à radiação;</p><p>•Quanto mais jovem for o tecido ou órgão, mais radiossensível ele será;</p><p>•Quanto maior a atividade metabólica, maior a radiossensibilidade;</p><p>•Quando a taxa de proliferação celular e a taxa de crescimento tecidual aumentam, a radiossensibilidade também aumenta.</p><p>Dentre as células humanas mais radiossensíveis estão:</p><p>-Células basais da epiderme;</p><p>-Eritroblastos;</p><p>-Células hematopoiéticas da medula óssea;</p><p>-Espermatogônias (precursoras do espermatozóide);</p><p>-Células das criptas nas vilosidades intestinais.</p><p>* Essas células possuem a característica de se reproduzirem muito rápido, sendo indiferenciadas da função desempenhada quando maduras. Da mesma forma se comportam as células neoplásicas, que se reproduzem muito rápida e desordenadamente e são altamente sensíveis à radiação.</p><p>* As células do corpo humano mais resistentes à radiação são as células nervosas e as musculares, que já se apresentam com diferenciação e não se dividem.</p><p>Efeitos Biológicos</p><p>Os efeitos biológicos propriamente ditos, podem ser de ordem somática ou genética e que podem pertencer a duas categorias: DETERMINÍSTICOS OU ESTOCÁSTICOS.</p><p>EFEITOS SOMÁTICOS: afetam apenas o indivíduo que foi exposto. Afetam os organismos atingidos em sua estrutura ou funções imediatamente, podendo ter efeitos precoces, que surgem em 90 dias, e os retardados, que podem levar até mais de 25 anos para serem notados.</p><p>EFEITOS GENÉTICOS: são aqueles que podem ocorrer nos descendentes dos indivíduos irradiados devido à irradiação das células germinativas, levando a mutações em gerações futuras daquele indivíduo irradiado e que sofreu alterações na bagagem genética.</p><p>EFEITOS DETERMINÍSTICOS:</p><p>dizem respeito à relação causa/ efeito imediato entre a exposição ao tecido e o sintoma.</p><p>Ocorrem para doses acima de um determinado nível (limiar), e seu grau de dano (gravidade) aumenta com a dose absorvida.</p><p>Geralmente, as manifestações ocorrem em um período de latência curto, questão de horas a semanas. Um indivíduo exposto em corpo inteiro a uma dose aproximada de 3,5 Sv, durante uma hora, apresentará os seguintes sintomas:</p><p>-Vômitos e diarreia: em poucas horas;</p><p>-Febre, queda de cabelo e perda de peso: algumas semanas;</p><p>-Chance de morte em 50% dos casos: em 60 dias (se não houver tratamento).</p><p>Esses sintomas caracterizam a chamada síndrome aguda de radiação.</p><p>Dentre os efeitos determinísticos causados por irradiação localizada em regiões do corpo humano, podemos relacionar:</p><p>1. ESTERILIDADE (temporária ou permanente) : dependendo da dose recebida, poderá ser temporária ou permanente. O ovário é mais resistente que o testículo, mas as células germinativas do ovário são mais sensíveis;</p><p>2. CATARATA: O cristalino dos olhos é um dos tecidos mais radiossensiveis do corpo humano, e encontra-se desprotegido de barreiras contra fontes externas. O termo catarata relaciona-se a mudanças na transparência do cristalino.</p><p>Há uma opacificação do cristalino causada por doses agudas localizadas, podendo demorar de 5 a 30 anos depois da exposição para se manifestar.</p><p>3. ERITEMA: queimadura de pele, semelhante às queimaduras de sol, que podem surgir entre 4 e 10 dias após a irradiação.</p><p>4. ALOPECIA: ou depilações, em geral provocadas por doses agudas localizadas, que podem ser temporárias ou permanentes.</p><p>* Chegou-se a utilizar os raios X para executar depilações permanentes em mulheres.</p><p>5. OSTEORRADIONECROSE: é uma das complicações</p><p>mais sérias da exposição da região de cabeça e pescoço às radiações. Por sorte, atualmente, são menos frequentes.</p><p>A ação da radiação sobre o tecido ósseo provoca danos permanentes aos osteócitos e ao sistema microvascular.</p><p>EFEITOS ESTOCÁSTICOS:</p><p>São efeitos não aparentes e que dependem de longos períodos de latência, meses ou anos.</p><p>Estão relacionados à exposição a baixas doses, cuja probabilidade de ocorrência aumenta com o aumento da dose absorvida.</p><p>- Os exemplos mais conhecidos de efeitos estocásticos:</p><p>1. RADIODERMITE: inicia-se com o eritema, se houver persistência na exposição à radiação evolui, surgindo coceira, formigamento ou insensibilidade, formação de bolhas muito doloridas e, com seu rompimento, surgem ferimentos de difícil cicatrização, podendo levar à amputação de membros.</p><p>AS RADIODERMITES PODEM SER CLASSIFICADAS DE ACORDO COM O SEU GRAU:</p><p>- RADIODERMITE GRAU I: Semelhante a uma queimadura solar, sendo um simples eritema, com vermelhidão da pele, pela vasodilatação, determinada pela liberação local de histamina, sendo reversível.</p><p>- RADIODERMITE GRAU II: Epidermite, com a destruição das células da epiderme, deixando integro o derma. Há bolhas e vermelhidão, sendo reversível por que o derma não foi lesado.</p><p>- RADIODERMITE GRAU III: Lesão mais profunda, atingindo o derma, com bolhas profundas, necrose e ulceração da pele, que fica coberta por uma serosidade, que evolui para uma cicatriz fibrosa e retrátil.</p><p>2. PROBABILIDADE DE INDUÇÃO DE CÂNCER: é muito difícil de estabelecer valores de estimativa de indução de câncer por radiação, uma vez que é uma doença comum e torna-se difícil determinar que determinado caso foi induzido pela radiação.</p><p>O trato digestório, os pulmões, a medula óssea, a tireoide e as mamas são considerados órgãos críticos quando se considera a indução de tumores como possíveis efeitos das radiações.</p><p>3. EFEITOS GENÉTICOS: são os efeitos provocados pela ação da radiação que podem alterar o conteúdo do DNA das células, podendo ser transmitidos a gerações futuras.</p><p>Efeitos Teratogênicos</p><p>Os efeitos produzidos no feto ou embrião pela exposição durante a gestação são denominados teratogênicos.</p><p>O feto é particularmente sensível aos efeitos da radiação, principalmente na fase de organogênese (2 a 9 semanas após a concepção), podendo ocorrer anormalidades congênitas e deficiência mental, mas em geral nesse período resulta a morte fetal.</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.png</p>