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<p>DesenvolvimentoPsicossocialnaIdadeAdulta</p><p>SegundoErikson, a fase adulta é uma etapa mais prolongada, estendendo-se do final da</p><p>adolescência até aproximadamente 35 anos. Para atender a essa necessidade, um adulto pode</p><p>se tornar um amigo, um amante, esposo, esposa, ou até mesmo as três coisas ao mesmo</p><p>tempo.</p><p>Durante esse período, estabelecemos a nossa independência dos pais e das instituições, como</p><p>a faculdade, e começamos a actuar como adultos maduros e responsáveis; assumimos algum</p><p>tipo de trabalho produtivo e estabelecemos relacionamentos íntimos – amizades íntimas e</p><p>uniões sexuais. (SCHULTZ & SCHULTZ, 2002, p. 212)</p><p>Mudança no Relacionamento na Idade Adulta</p><p>O início da idade adulta começa por volta dos vinte anos e a maioria dos teóricos, cada um</p><p>com sua visão, chegam a mais ou menos a mesma conclusão: os adultos buscam satisfazer</p><p>dois impulsos inatos, que são o amor e a realização de algo por si mesmo.</p><p>Para Freud, o que um adulto realizado quer é ser capaz de “amar e trabalhar”. Enquanto</p><p>paraMaslow, em sua hierarquia das necessidades, o adulto tem necessidade primeiramente de</p><p>amor e pertencimento e depois de sucesso e auto-estima. Por sua vez Jung sustenta que esse é</p><p>um período da vida mais extrovertido, em que a pessoa quer concluir seus estudos, iniciar</p><p>uma carreira, casar, formar uma família, sendo um período de grandes realizações, enfim, um</p><p>“período de emoções e de desafios, repleto de novos horizontes e realizações” (SCHULTZ &</p><p>SCHULTZ, 2002, p. 100).</p><p>É difícil generalizar sobre o significado dos relacionamentos na meia-idade na actualidade.</p><p>Além de esse período abranger 25 anos de desenvolvimento, ele abarca uma multiplicidade</p><p>de trajectórias de vida mais ampla do que nunca. Uma pessoa de 45 anos pode estar casada e</p><p>criando os filhos; outra pode estar pensando em se casar ou estar. Para a maioria das pessoas</p><p>de meia-idade, contudo, os relacionamentos com os outros são muito importantes - talvez de</p><p>um modo diferente do que em períodos anteriores da vida.</p><p>Teorias do Contacto Social</p><p>Segundo a teoria do comboio social, as pessoas passam pela vida cercadas por comboios</p><p>sociais: círculos de amigos próximos e de familiares com os quais elas podem contar</p><p>paraauxílio, para bem-estar e para apoio social e as quais elas, por sua vez, também</p><p>oferecemassistência, interesse e ajuda (Antonucci e Akiyama, 1997; Kahn e Antonucci,1980).</p><p>Embora os comboios geralmente apresentem grande estabilidade, sua composição</p><p>pode mudar. Em certa época, os laços com os irmãos podem ser mais significativos; em</p><p>outra, os laços com os amigos (Paul, 1997).</p><p>Em um estudo, pessoas de uma ampla variedade de idades, de 8 a 93 anos, identificaram três</p><p>círculos concêntricos de comboios sociais, com o círculo interno contendo as pessoas mais</p><p>próximas e mais importantes para elas - normalmente o cônjuge, os filhos e os pais. Os</p><p>entrevistados de meia-idade tinham os comboios mais amplos, em média cerca de 10 a 11</p><p>pessoas e diminuindo ligeiramente após os 50 (tendência que, como veremos no Capítulo 18,</p><p>continua durante a terceira idade). Os comboios das mulheres, particularmente o círculo</p><p>interno, eram maiores do que os dos homens (Antonuccie Akiyama, 1997).</p><p>A teoria de seletividadesocioemocionalde Laura Carstensen (1991, 1995, 1996) oferece</p><p>uma perspectiva abrangente sobre o papel dos comboios sociais na meia-idade.</p><p>Segundo Carstensen, a interação social tem três principaisobjetivos: (1) ela é uma fonte de</p><p>informações; (2) ela ajuda as pessoas a desenvolver e a manter seu senso de identidade; e (3)</p><p>ela é uma fonte de prazer e de conforto ou de bem-estar emocional. No primeiro ano de vida,</p><p>a necessidade de apoio emocional é suprema. Da infância ao início da idade adulta, a busca</p><p>de informações fica em primeiro plano. À medida que os jovens esforçam-se para</p><p>compreender sobre sua sociedade e seu lugar nela, estranhos podem bem ser as melhores</p><p>fontes de conhecimento. Na meia-idade, outros métodos de coleta de informações (tais como</p><p>a leitura) tornam-se mais eficientes, e a função de regulação das emoções dos contatos sociais</p><p>torna-se de novo central. As pessoas tornamsemais seletivas em relação a esses contatos,</p><p>preferindo a companhia de seus 'comboios sociais" - pessoas com as quais podem contar em</p><p>época de necessidade.</p><p>Relacionamentos e Qualidade de Vida</p><p>A maioria dos adultos de meia-idade e mais velhos são optimistas em relação à qualidade de</p><p>suas vida à medida que envelhecem, segundo uma pesquisa postal com 1.384 adultos de 45</p><p>anos ou mais (NFO Research, Inc., 1999). Embora considerem que relacionamentos sexuais</p><p>satisfatórios sejam importantes para a qualidade de vida, os relacionamentos sociais são ainda</p><p>mais importantes. Aproximadamente 90% dos homens e das mulheres dizem que um bom</p><p>relacionamento com um cônjuge ou com um parceiro é importante parasua qualidade de vida,</p><p>assim como laços íntimos com amigos e com a família.</p><p>Como na idade adulta jovem, os relacionamentos parecem ser bons tanto para a saúde física</p><p>como para a saúde mental. Em um estudo longitudinal com 32.624 homens norte-americanos</p><p>saudáveis de 42 a 77 anos, homens socialmente isolados - os que não eram casados, tinham</p><p>menos do que seis amigos e parentes e não pertenciam a grupos religiosos ou comunitários -</p><p>tinham maior probabilidade de morrer de doença cardiovascular, de acidentes ou de suicídio</p><p>durante os quatro anos seguintes do que homens com redes sociais mais amplas (Kawachiet</p><p>ai., 1996).</p><p>Por outro lado, os relacionamentos na meia-idade também apresentam demandas que podem</p><p>ser stressantes e restritivas. Essas demandas e suas repercussões psicológicas tendem a recair</p><p>mais pesadamente sobre as mulheres. O senso de responsabilidade e de preocupação com os</p><p>outros pode prejudicar o bem-estar de uma mulher quando problemas ou infortúnios atingem</p><p>seu parceiro, seus filhos, seus pais, seus amigos e seus colegas de trabalho. Esse "estresse</p><p>vicário" pode ajudar a explicar por que mulheres de meia-idade são especialmente</p><p>susceptíveis à depressão e a outros problemas de saúde mental e por que elas tendem a ser</p><p>mais infelizes com seus casamentos do que os homens (Antonucci e Akiyama, 1997;</p><p>Thomas, 1997).</p><p>Ao estudar os relacionamentos sociais, portanto, não podemos esquecer que seus efeitos</p><p>podem ser tanto positivos como negativos. "Mais" não significa necessariamente "melhor"; o</p><p>que importa é a qualidade de um relacionamento e seu impacto sobre o bem-estar, e esses</p><p>atributos podem mudar de tempos em tempos (Paul, 1997).</p><p>Nas seções restantes deste capítulo, examinaremos como se desenvolvem os</p><p>relacionamentosíntimos durante a meia-idade. Primeiramente,examinaremos os</p><p>relacionamentos com cônjuges, com parceiros homossexuais e com amigos; depois, os laços</p><p>com crianças em amadurecimento; e, por fim, as ligações com os pais já idosos, com os</p><p>irmãos e com os netos.</p><p>Relações Consensuais</p><p>Os casamentos, as uniões homossexuais e as amizadescostumam envolver duas pessoas da</p><p>mesma geração e envolvem escolha mútua. Como são esses relacionamentos na meia-idade?</p><p>Casamento</p><p>O casamento na meia-idade é hoje muito diferente do que costumava ser. Quando as</p><p>expectativas de vida eram mais curtas, os casais que permaneciam juntos por 25,30 ou 40</p><p>anos eram raros. O padrão mais comum era o de os casamentos serem rompidos por morte e</p><p>os sobreviventes terem uma segunda união. As pessoas tinham muitos filhos, e eles deviam</p><p>viver em casa até se casarem. Era incomum que um marido e uma esposa</p><p>de meia-idade ficassem sozinhos juntos. Hoje, mais casamentos terminam em divórcio, mas</p><p>os casais que permanecem juntos podem, com frequência, desfrutar 20 anos ou mais de vida</p><p>conjugai até que o último filho saia de casa.</p><p>O que acontece com a qualidade de um casamento de longa duração? A satisfação conjugue,</p><p>em quase todos os estudos, segue uma curva em forma de U: após os primeiros anos de</p><p>casamento,</p><p>a satisfação parece diminuir e depois, em algum momento da meia-idade, ela</p><p>volta a aumentar durante a primeira parte da terceira idade (Anderson, Russell e Schumm,</p><p>1983; Gilford, 1984; Glenn, 1991; Gruber e Schaie, 1986; Hiedemann, Suhomlinova e</p><p>0'Rand, 1998; Lavee, Sharlin e Katz, 1996; Orbuch, House, Mero e Webster, 1996).</p><p>Embora o padrão em forma de U esteja bem-estabelecido, a pesquisa foi criticada por sua</p><p>metodologia. Muitos dos primeiros estudos investigaram apenas a satisfação do marido ou da</p><p>esposa, e não de ambos. Além disso, a maioria dos estudos são transversais: eles indicam</p><p>diferenças entre casais de coortes diferentes mais do que mudanças nos mesmos casais, e eles</p><p>enfocam a idade, e não a duração do casamento. Ademais, os relatos de aumento da</p><p>satisfação conjugai na terceira idade podem em parte reflectir o fato de que amostras mais</p><p>antigas não incluem casais que se divorciaram durante o período de estudo (Blieszner, 1986;</p><p>Laveeet ai., 1996).</p><p>Uma análise dos dados de duas pesquisas de indivíduos em seus primeiros casamentos,</p><p>realizada em 1986 e 1987-88 (Orbuchetal., 1996), procurou averiguar o momento exato em</p><p>que ocorrem a queda e o aumento na satisfação, e por quê. As amostras eram, por</p><p>necessidade, transversais (não existem dados longitudinais comparáveis que abranjam todo o</p><p>ciclo da idade adulta), mas elas eram amplas (total de 8.929), e uma delas era de</p><p>representatividade nacional. Tanto homens como mulheres foram incluídos, e a satisfação</p><p>conjugai foi medida de acordo com a duração do casamento. Para controlar distorções nos</p><p>dados devido ao término de casamentos insatisfatórios, técnicas estatísticas simularam a</p><p>inclusão desses casais, atribuindo-lhes baixa qualidade conjugai.</p><p>O quadro que surgiu é uma clara confirmação do padrão em forma de U. Durante os</p><p>primeiros 20 a 24 anos de casamento, quanto maior o tempo de matrimônio, menor tendia ser</p><p>a satisfação do casal. Depois a associação entre satisfação conjugai e duração do casamento</p><p>começa a tornar-se positiva. Dos 35 aos 44 anos de casamento, um casal tende a ser ainda</p><p>mais satisfeito do que durante os primeiros quatro anos.</p><p>Os anos de declínio conjugai são aqueles em que as responsabilidades conjugais e</p><p>profissionais tendem a ser maiores (Orbuchet ai., 1996). Doisfatores importantes nas</p><p>demandas sobre os pais são as finanças da família e o número de filhos ainda em casa.</p><p>A pressão de renda muito baixa e muitas bocas para alimentar sobrecarrega um</p><p>relacionamento, especialmente se os fardos não são uniformemente divididos (Laveeetal.,</p><p>1996).</p><p>A curva em forma de U geralmente atinge o mínimo durante a meia-idade, quando muitos</p><p>casais tendem a estar com filhos adolescentes e a ter grande envolvimento com o trabalho. A</p><p>satisfação geralmente atinge o máximo quando os filhos estão crescidos; muitas pessoas estão</p><p>ingressando na aposentadoria ou já estão aposentadas, e o</p><p>acúmulo de recursos durante uma vida inteira ajuda a aliviar as preocupações financeiras</p><p>(Orbuchetal., 1996).</p><p>A satisfação conjugai na meia-idade pode depender fundamentalmente de sua qualidade até</p><p>então. Entre 300 casais que eram felizes no casamento há pelo menos 15 anos, tanto homens</p><p>como mulheres atribuíam isso a uma atitude positiva em relação ao cônjuge como amigo e</p><p>como pessoa, ao comprometimento</p><p>com o casamento e à crença em sua santidade e à convergência de objectivos e de metas.</p><p>Casais felizes no casamento passavam muito tempo juntos e compartilhavam de muitas</p><p>atividades (Lauer e Lauer, 1985).</p><p>Divórcio na Idade Adulta</p><p>A maioria dos divórcios ocorre durante os primeiros 10 anos de matrimónio (Clarke, 1995).</p><p>Assim, para pessoas que, como Madeleine Albright, passam por um divórcio na meia-idade,</p><p>quando talvez achassem que sua vidaestava estabelecida, o rompimento pode ser traumático.</p><p>Isso pode aplicar-se particularmente às mulheres, que são mais adversamente afetadas pelo</p><p>divórcio em qualquer idade do que os homens (Marks e Lambert, 1998)</p><p>O senso de violação de expectativas pode estar diminuindo à medida que o divórcio na meia-</p><p>idade torna-se mais comum (Marks e Lambert, 1998; Norton e Moorman, 1987). Embora as</p><p>taxas de divórcio tenham, em geral, atingido o máximo em 1979-80, elas continuaram</p><p>crescendo para casamentos de mais tempo (NationalCenter for HealthStatistics [NCHS],</p><p>1992). Essa mudança parece dever-se sobretudo à crescente independência econômica das</p><p>mulheres. Entretanto, a condição socioeconômica e omomento de partida dos filhos afetam a</p><p>equação, como foi constatado em um estudo longitudinal de 20 anos com 2.484 mães em seus</p><p>primeiros casamentos, oriundas de uma amostra de representatividade nacional de mulheres</p><p>que tinham entre 30 e 44 anos quando o estudo começou (Hiedemannetal., 1998).</p><p>Casamentos mais antigos podem ser menos propensos a se romper do que casamentos mais</p><p>recentes, sugeriram os pesquisadores, pois, à medida que permanecem juntos, os casais</p><p>acumulam capital conjugai, benefícios financeiros e emocionais do casamento dos quais é</p><p>difícil abrir mão (Becker, 1991; Jones, Tepperman e Wilson 1995). A educação superior</p><p>diminui o risco de separação ou de divórcio após a primeira década de casamento, talvez</p><p>porque mulheres com curso superior e seus maridos tendem a ter acumulado mais bens</p><p>conjugais e podem ter mais a perder com o divórcio do que casais com menor nível de</p><p>instrução (Hiedmannetal., 1998). Para mulheres com menor nível de instrução e com menos</p><p>capital conjugai em jogo, a independência financeira pode ser um estímulo ao divórcio</p><p>(Hiedmannetal., 1998).</p><p>Os efeitos do ninho vazio - a transição que ocorre quando o/a filho/a mais jovem sai de casa -</p><p>dependem da qualidade e da duração de um casamento. Em um bom casamento, a partida dos</p><p>filhos crescidos pode introduzir uma segunda lua-demel(Robinson e Blanton, 1993). Em um</p><p>casamento inseguro, se um casal permaneceu</p><p>junto por causa das crianças, ele pode agora não ver motivo para prolongar sua união. Quanto</p><p>menor o tempo de casamento, maior o risco de rompimento. Um casamento de 30 anos pode</p><p>permitir que um casal acumule mais capital conjugai protector do que um casamento de 20</p><p>anos, afora o investimento nos filhos (Hiedemannetal., 1998).</p><p>Segundo projeções, as taxas de divórcio entre os nascidos logo após a Segunda Guerra</p><p>Mundial, hoje com 50 anos, muitos dos quais casados mais tarde e com menos filhos do que</p><p>nas gerações anteriores, devem continuar crescendo (Hiedemannetal., 1998; Uhlenberg,</p><p>Cooney e Boyd, 1990). Mesmo em casamentos de longa duração, o número cada vez maior</p><p>de anos que as pessoas podem esperar viver com boa saúde depois de concluída a criação dos</p><p>filhos pode tornar a dissolução de um casamento insatisfatório e a perspectiva de um possível</p><p>novo casamento uma opção mais prática e atraente (Hiedemannetal., 1998).</p><p>Além disso, odivórcio hoje pode ser menos umaameaça ao bem-estar na meia-idadedo que no</p><p>início da idade adulta. Essa conclusão provém de um estudo longitudinal de cinco anos que</p><p>comparou as reacções de 6.948 adultos jovens e de meia-idade oriundos de uma amostra de</p><p>representatividade nacional nos Estados Unidos (Marks e Lambert, 1998). Os pesquisadores</p><p>utilizaram a medida de bem-estar psicológico em seis dimensões desenvolvida por Ryff, além</p><p>de outros critérios. Em quase todos os aspectos, pessoas de meia-idade apresentaram mais</p><p>adaptabilidade do que pessoas mais jovens em face da separação ou do divórcio, apesar de</p><p>suas perspectivas mais limitadas para um segundo casamento. Sua maior maturidade e seu</p><p>conhecimento para lidar com os problemas da vida pode ter-lhes dado uma vantagem para</p><p>lidar com a perda de um cônjuge. Mulheres de meia-idade nessa situação apresentaram</p><p>melhores relações sociais e melhor domínio de si mesmas do que mulheres mais jovens,</p><p>assim como menos depressão e hostilidade. Depois de permanecerem separadas ou</p><p>divorciadas por cinco anos, elas também</p><p>apresentavam maior senso de autonomia. Diante do</p><p>término do casamento, homens de meia-idade aceitavam mais sua própria situação do que</p><p>homens mais jovens. Os que permaneceram separados ou divorciados por cinco anos</p><p>descreveram menos depressão e hostilidade, mas também menos crescimento pessoal (Marks</p><p>e Lambert, 1998).</p>

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