Prévia do material em texto
<p>61 AULA 10 17/05/2022</p><p>Lógica jurídica: retórica e conhecimento jurídico.</p><p>Retórica: é um conjunto de técnicas comunicativas pela qual se busca o convencimento do interlocutor</p><p>O profissional de direito busca no seu cotidiano a construção de argumentos convincentes, para convencer o interlocutor que está recebendo as informações.</p><p>CONVENCER: obter a adesão ou na conformação do interlocutor a uma ideia</p><p>Ex. 1. O advogado tem a tarefa profissional de despertar no</p><p>espírito do juiz a convicção de que decidir a demanda em favor de seu cliente é o mais acertado e justo.</p><p>Ex. 2. O Promotor de Justiça em um Tribunal do Júri tem a</p><p>missão de convencer a culpa do réu perante os jurados que irão decidir se o mesmo será culpado ou inocente.</p><p>Ex. 3. O Juiz tem a missão de convencer a sociedade que aquilo</p><p>que decidiu está de acordo com os anseios do povo, na medida em que a decisão prolatada é a mais certa para o caso que lhe foi apresentado.</p><p>TEORIA DO AVESTRUZ: aplicado em quem lava</p><p>dinheiro no brasil</p><p>complementar com os exemplos quando ele mandar</p><p>Processo de convencimento 3 partes:</p><p>1. Identidade ideológica (visão do mundo, ideias correspondentes)</p><p>2. Mobilização ideológica (apelo emotivo e não racional)</p><p>3. Intercambio intelectual (técnica)</p><p>Há situações que o convencimento vem com apenas uma dessas partes expostas já</p><p>Aula 11 31/05/2022</p><p>OBS. Seja qual for a linha de convencimento jurídico, o</p><p>profissional do Direito deverá atuar de maneira ética.</p><p>OBS. Para que exista o convencimento jurídico tanto o orador, como o interlocutor, precisam acreditar no fato realizado. O fato deve ser tido como uma verdade incontestável.</p><p>OBS. Os mais variados métodos poderão ser utilizados para buscar o convencimento jurídico. É justamente aqui, que o profissional do Direito se destaca por suas condutas; quanto mais persuasivo, mais convincente.</p><p>INFANTICIDIO: a mãe mata o filho durante ou depois do parto, por estar sob influência do estado puerperal</p><p>Diferido: protelar/recusar Mandado: ordem</p><p>Deferido: acatar//ganhar Mandato: representatividade</p><p>Jargão: modo de escrita profissional, com conhecimento teórico e sem uso de metáfora (utilizado no Direito para as informações estarem claras e trazer o resultado desejado da causa)</p><p>Gírias: modo de escrita com mudança de acordo com o tempo que utiliza (não utilizado no direito)</p><p>Ex dito em aula que pode estar na prova: uma pessoa quando é demitida sem causa justa pode buscar os seus direitos não pagos anteriormente, agora se for demitido por justa causa não tem esse direito</p><p>Argumentação</p><p>Em palavras singelas pode-se definir a argumentação como a</p><p>conduta do orador de defender seu discurso perante o auditório que o recebe.</p><p>A argumentação deve ser tecida com base no auditório a que o discurso se destina, ou seja, aqueles sobre os quais deve recair a influência argumentativa.</p><p>Dessa forma, a argumentação poderá ensejar variadas formas de sua utilização, desde argumentos mais simples, até argumentos mais complexos.</p><p>Argumentação jurídica</p><p>A argumentação jurídica pode ser entendida como a conduta do operador do Direito (orador) de defender seu discurso perante o auditório (destinatário) que o recebe.</p><p>Como regra, as argumentações jurídicas se valem de condutas técnicas (jargão) quando relacionadas às práticas forenses. Veja-se:</p><p>Ex. 1. O advogado que procura argumentar tecnicamente que seu cliente foi despedido sem justa causa nas relações trabalhistas; para tanto deverá fazer uma argumentação contrária do que está escrito no art. 482 da CLT</p><p>(Consolidação das Leis do Trabalho).</p><p>Ex. 2. O Juiz que aplica a regra técnica da desconsideração da personalidade jurídica da empresa nos casos de condutas lesivas ao direito do consumidor, conforme o disposto no art. 28 do CDC (Código de Defesa do</p><p>Consumidor).</p><p>Ex. 3. A aplicação da regra técnica do reconhecimento da</p><p>maioridade para os menores de 18 anos quando ocorrem as hipóteses constantes no parágrafo único, do art. 5º do CC (Código Civil).</p><p>Ex. 4. A aplicação da regra técnica do tempo máximo de</p><p>cumprimento de pena privativa de liberdade no limite de 40 anos, conforme o disposto no art. 75 do CP (Código Penal).</p><p>Todavia, de maneira excepcional, as argumentações jurídicas poderão dispensar condutas técnicas (jargão) quando relacionadas às práticas forenses. Veja-se:</p><p>Ex. 1. Nos casos dos crimes dolosos contra a vida julgados pelo Tribunal do Júri, o réu poderá ser acusado ou inocentado por meio de argumentações que não sejam tecno-jurídicas, conforme o denominado princípio da plenitude de defesa estabelecido no art. 5º, XXXVIII, “a” da CF (Constituição Federal).</p><p>Ex. 2. Durante a execução da pena do agente condenado por um crime, o mesmo poderá se valer de qualquer mecanismo para discutir a forma de execução daquela, nos termos do art. 41, XIV da LEP (Lei de Execuções</p><p>Penais).</p><p>Ex. 3. Nos Juizados Especiais Cíveis, nos processos que</p><p>envolvam pedidos no valor de até 20 salários mínimos, as partes poderão comparecer sem a representação de um advogado, conforme o disposto no art. 9º da Lei 9.099/1995.</p><p>Argumentação jurídica e Lógica</p><p>Não se pode pensar em argumentação jurídica, sem contudo, pensar em argumentação lógica.</p><p>A construção de uma argumentação (como a jurídica) passa por elementos que constroem uma ideia de maneira organizada.</p><p>Não tem sentido o operador do Direito (orador) para convencer o auditório (ouvinte) se utilizar de argumentação que esteja completamente fora (desorganizada) daquilo que se propõe demonstrar. Por isso, diz-se que a argumentação jurídica é lógica, pois requer uma organização do pensamento.</p><p>Organizar uma ideia não significa apenas apresentá-la de</p><p>maneira estruturada, mas sim compreensível e inteligível para quem a recebe</p><p>Diante disso, a argumentação jurídica, dentre outros modos de execução, poderá ser racional ou emotiva.</p><p>A argumentação jurídica racional é aquela baseada nos fatos que encontram amparo na norma. Veja-se:</p><p>Ex. 1. A pessoa “A” (homem) é casado com a pessoa de “B”</p><p>(mulher), sendo que desta união nasce a pessoa de “C” (filho); diante disso, a pessoa de “C” passará a ser herdeira das pessoas de “A” e “B” (CC, art. 1829).</p><p>Ex. 2. A pessoa de “C” aufere (ganha) rendimentos (valores) com a venda de produtos de informática; logo a pessoa de “C” deverá pagar imposto de renda (CTN, art. 43).</p><p>Ex. 3. A pessoa de “D” quando estava dirigindo seu veículo</p><p>automotor em via pública tem o mesmo imobilizado por falta de combustível; logo a pessoa de “D” deverá ser responsabilizada por infração de trânsito (CTB, art. 180).</p><p>A argumentação jurídica emotiva é aquela baseada nos fatos que nem sempre encontram amparo na norma. Veja-se:</p><p>Ex. 1. A pessoa de “E” comete crime de furto justificando estar desempregada. (poderá ser absorvido, depende do caso)</p><p>Ex. 2. A pessoa de “F” retira a vida da pessoa de “G” justificando abreviar o sofrimento desta última em razão de uma doença incurável. (eutanásia, no brasil é crime, o juiz analisara se sera punido ou absorvido)</p><p>No brasil não é proibido fazer crime, pode cometer mais vai ter punição</p><p>BROCARDOS JURÍDICOS E ARGUMENTAÇÃO JURÍDICA:</p><p>1. Introdução</p><p>Os brocardos jurídicos são conceituados como uma regra de direito em forma concisa. Fixam fatos da experiência decorrente da vida jurídica.</p><p>Diante disso, os brocardos poderão ser utilizados para formar a argumentação jurídica de determinados acontecimentos que possuem implicação no Direito. Foram construídos levando em conta as necessidades</p><p>que se apresentaram.</p><p>Em palavras mais simples, os brocardos jurídicos representam os denominados princípios gerais de direito que se exteriorizam pela ciência jurídica como resultado de centenas e centenas de anos de conhecimentos agregados.</p><p>Os brocardos jurídicos são tratados por meio de expressões latinas. Veja-se:</p><p>Ex. 1. Absolvere debet judex potius in dubio, quam condemnare: “em dúvida, cabe ao juiz absolver e não condenar!”.</p><p>Norma utilizada no direito penal.</p><p>Ex. 2. Accessorium sequitur principale: “o acessório segue</p><p>a sorte do principal”.</p><p>Norma utilizada no direito civil.</p><p>Ex. 3. Actori incumbit onus probanti: “incumbe ao autor o ônus de provar”.</p><p>Norma utilizada no direito processual.</p><p>Ex. 4. Allegare nihil, et allegatum non probare, paria sunt: “nada alegar e não provar o alegado se equivalem”.</p><p>Norma utilizada no direito processual.</p><p>Ex. 5. Confessio est regina probationum: “a confissão é a rainha das provas”.</p><p>Norma utilizada no direito processual.</p><p>Ex. 6. Dolus ubi non adest, non est delictum poena dignum: “onde não há dolo, não há delito digno de pena”.</p><p>Norma utilizada no direito penal.</p><p>Ex. 7. Nullum crimen, nulla poena, sine lege: “não há crime, não há pena, sem lei”.</p><p>Norma utilizada no direito penal.</p><p>Ex. 8. Dormentibus jus non sucurrit: “o direito não socorre aos que dormem”.</p><p>Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 9. Dura lex, sed lex: “dura é a lei, mas é a lei”. Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 10. Jura novit curia: “os juízes conhecem o direito”. Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 11. Poena maior absorvit minorem: “pena maior absorve a menor”. Norma utilizada no direito penal.</p><p>Ex. 12. Aliud pro alio invicto creditore solvi non poptest: “não se pode pagar uma coisa por outra, contra a vontade do credor”.</p><p>Norma utilizada no direito civil.</p><p>Ex. 13. Audiatur et altera pars: “seja ouvida a outra parte”.</p><p>Norma utilizada no direito processual.</p><p>Ex 14. Non bis in idem: “é proibido processar duas ou mais vezes pela mesma coisa”.</p><p>Norma utilizada no direito processual.</p><p>Ex. 15. Gogitationis poenam nemo patitur: “ninguém poderá ser punido pelo pensamento”.</p><p>Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 16. Hereditas viventis non datur: “não há herança de pessoa viva”.</p><p>Norma utilizada no direito civil.</p><p>Ex. 17. Ignorantia legis neminem excusat: “a ignorância da lei não exime ninguém”.</p><p>Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 18. Jus et obligatio sunt correlata: “a todo direito corresponde uma obrigação”.</p><p>Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 19. Lex posteriori derogat priori: “a lei posterior derroga a lei anterior”.</p><p>Norma utilizada no Direito de forma geral.</p><p>Ex. 20. Pacta sunt servanda: “os contratos são para serem cumpridos”.</p><p>Norma utilizada no direito civil.</p><p>INTERPRETAÇÃO JURÍDICA</p><p>1. Introdução</p><p>Há de se observar que nem sempre se permitiu uma</p><p>interpretação do direito, e muito menos a construção científica desta interpretação (hermenêutica). A título de ilustração, no terceiro prefácio ao Digesto, o Imperador Justiniano determinou que quem ousasse tecer comentários interpretativos à sua compilação incorreria em crime de falso e suas obras seriam sequestradas e destruídas.</p><p>A hermenêutica jurídica tem por objeto o estudo e a</p><p>sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do direito.</p><p>As leis são formuladas em termos gerais; fixam regras,</p><p>consolidam princípios, estabelecem normas, em linguagem clara e precisa, porém ampla, sem descer a minúcias.</p><p>É tarefa primordial do operador do direito a pesquisa da</p><p>relação entre o texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurídica e o fato social, isto é, aplicar o direito.</p><p>→ Para se aplicar o direito, se faz mister um trabalho</p><p>preliminar: descobrir e fixar o sentido verdadeiro da regra positiva; e logo depois, o respectivo alcance, a sua extensão.</p><p>O operador extrai da norma tudo o que na mesma se contem: é o que se chama interpretar, isto é, determinar o sentido e o alcance das expressões do direito.</p><p>A interpretação, como as artes em geral, possui a sua técnica, os meios para chegar aos fins colimados.</p><p>Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado do vocábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo o que na mesma se contém.</p><p>2. Hermeneuta</p><p>A atividade do exegeta (hermeneuta) é uma só, na essência, embora desdobrada em uma infinidade de formas diferentes. Entretanto, não prevalece quanto a ela nenhum preceito absoluto: pratica o hermeneuta uma verdadeira arte, guiada cientificamente, porém jamais substituída pela própria ciência. Esta elabora as regras, traça as diretrizes, condiciona o esforço, metodiza as lucubrações; porém, não dispensa o coeficiente pessoal, o valor subjetivo; não reduz a um autômato o investigador esclarecido.</p><p>→ No campo da hermenêutica a teoria de Carlos Jorge Wurzel (teoria da fotografia) encontra aplicação direta.</p><p>Traçar um rumo numa torrente de vocábulos é descobrir um conceito; entre acepções várias e hipóteses divergentes é preciso fixar a solução definitiva, lúcida, coerente; determinar o sentido exato e a extensão da fórmula legal - é a tarefa do intérprete.</p><p>3. In Claris Cessat Interpretatio</p><p>· Lei clara não carece de interpretação</p><p>· Disposições claras não comportam interpretação.</p><p>· Apesar da existência secular desta máxima, não se tem admitida modernamente seu significado ipses literis.</p><p>→ Sem dúvida, quando a frase não é precisa, lúcida, escorreita, aumenta a necessidade de exegese, e aí brilha em todo o seu fulgor o talento do hermeneuta; porém a parte mais nobre e mais fecunda de sua arte de investigar</p><p>é a que examina as leis não defeituosas (não obscuras, nem ambíguas), estuda as normas em conjunto, na variedade das suas relações e na riqueza dos seus desenvolvimentos. É sobretudo com as regras positivas bem feitas que o intérprete desempenha o seu grande papel de renovador consciente, adaptador das fórmulas vetustas às contingências da hora presente, com apreçar e utilizar todos os valores jurídico-sociais, - verdadeiro sociólogo do direito.</p><p>4. Regras de Interpretação</p><p>5.</p><p>A hermenêutica conta com três importantes espécies de regras de interpretação:</p><p>→ Regras legais: a própria lei estabelece normas para interpretação. P.ex. arts. 4° e 5° da LINB (LINDB- Decreto-lei 4.657/1942). Referidos dispositivos legais caminham mais na direção do sistema histórico-evolutivo.</p><p>→ Regras científicas: são normas de interpretação consolidadas pelos doutrinadores (cientistas do direito). P. ex.:lei especial prevalece sobre lei geral (regra de Justiniano - Corpus Iuris Civilis); "no texto da lei se entende não haver frase ou palavra supérflua, inútil ou sem efeito (Carlos de Carvalho – Nova Consolidação das Leis Civis de 1899); a equidade é de direito natural e não permite que alguém se locuplete com jactura alheia (Carlos de Carvalho – Nova Consolidação das Leis Civis de 1899); violentas interpretações constituem fraude da lei (Carlos de Carvalho - Nova Consolidação das Leis Civis de 1899). Apesar destas regras estarem positivadas, quando da promulgação do Código Civil de 1916 passaram a integrar o campo da doutrina, sendo inegável seu valor nos dias de hoje.</p><p>→ Regras da jurisprudência: são normas de interpretação consolidadas pela reiteração de julgamentos. P.ex.: deve-se dar primazia àquilo que ordinariamente sucede no mundo social todas as leis especiais ou excepcionais devem ser interpretadas restritivamente.</p>