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<p>Lei de Okun</p><p>UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ</p><p>Departamento de Ciências Econômicas (DCEC)</p><p>Docente: Andreia Andrade dos Santos</p><p>Ilhéus, 2024.2</p><p>Desemprego x Crescimento do PIB</p><p>O que ocorre com o desemprego quando a economia está em recessão?</p><p>• Uma vez que trabalhadores empregados ajudam na produção de bens e</p><p>serviços, enquanto trabalhadores desempregados não contribuem para essa</p><p>produção, crescimentos na taxa de desemprego deveriam necessariamente</p><p>estar associados a decréscimos no PIB real.</p><p>• A Lei de Okun demonstra a relação negativa entre desemprego e PIB.</p><p>• Essa relação negativa entre desemprego e PIB é conhecida como a Lei de</p><p>Okun</p><p>• Foi nomeada em homenagem a Arthur Okun, analista e chefe do Conselho</p><p>de Assessores Econômicos do Presidente dos EUA Lyndon Johnson (1963 e</p><p>1968) e o primeiro economista a estudá-la.</p><p>Lei de Okun</p><p>• Ele notou que o crescimento econômico aumentava na medida em que</p><p>aumentava a taxa de crescimento de emprego.</p><p>• A intuição sugere que, se o crescimento do produto for elevado, o</p><p>desemprego será reduzido.</p><p>A lei de Okun implica que, com um crescimento suficientemente forte, pode-se</p><p>reduzir o desemprego a níveis muito baixos.</p><p>• Mas não haveria consequências para desemprego muito baixo?</p><p>• Por Phillips, quando o desemprego baixa muito, a economia tende a</p><p>superaquecer, provocando uma pressão sobre a inflação.</p><p>O que fazer, então?</p><p>Uma economia bem-sucedida é aquela que combina alto crescimento do</p><p>produto, baixo desemprego e baixa inflação.</p><p>Mas nem sempre isso é possível ao mesmo tempo.</p><p>Lei de Okun: uma análise dos EUA</p><p>• A figura ao lado mostra a</p><p>variação na taxa de</p><p>desemprego versus</p><p>crescimento do produto nos</p><p>EUA a partir de 1970.</p><p>• O elevado crescimento do</p><p>produto está relacionado a</p><p>uma redução da taxa de</p><p>desemprego;</p><p>• O baixo crescimento do</p><p>produto está relacionado a</p><p>um aumento da taxa de</p><p>desemprego.Produto</p><p>D</p><p>e</p><p>se</p><p>m</p><p>p</p><p>re</p><p>go</p><p>Produto Potencial</p><p>• O que é? indica o nível de produção máximo possível de uma economia,</p><p>condicionado a disponibilidade de todos os fatores de produção, mas</p><p>também a um uso não-inflacionário dos mesmos.</p><p>• Utilizam-se para esse fim os conceitos de NAIRU (Non-Accelerating</p><p>Inflation Rate of Unemployment), que é a taxa de desemprego não</p><p>aceleradora de inflação.</p><p>𝒖𝒕- 𝒖𝒕−𝟏= 𝜷 (𝒈𝒚 - 𝒈ഥ𝒚)</p><p>Com:</p><p>𝒖𝒕= taxa de desemprego corrente (período t)</p><p>𝒖𝒕−𝟏= taxa de desemprego no período anterior (período t-1)</p><p>𝒈𝒚= taxa de crescimento do produto no período corrente (t)</p><p>𝒈ഥ𝒚 = taxa de crescimento do produto potencial</p><p>𝜷= sensibilidade do desemprego aos desvios do Produto. Pela análise</p><p>empírica, seu valor tende a ser negativo.</p><p>Lei de Okun</p><p>• Na análise feita por Okun sobre os EUA, a curva ficaria desta forma:</p><p>𝒖𝒕- 𝒖𝒕−𝟏= −𝟎,𝟒(𝒈𝒚-0,03)</p><p>• A taxa de crescimento do produto potencial 𝑔ഥ𝒚 é 3%. Para manter uma taxa de</p><p>desemprego (variação do desemprego) constante, o crescimento do produto nos EUA</p><p>deve ser de 3% ao ano.</p><p>• Isto se deve a 2 fatores:</p><p>1) crescimento da força de trabalho (L); e</p><p>2) crescimento da produtividade do trabalho.</p><p>• Essa taxa de crescimento do produto é chamada taxa de crescimento normal do</p><p>produto.</p><p>• Portanto, para manter uma taxa de desemprego constante, o nível de emprego 𝑁 deve</p><p>crescer a mesma taxa que a força de trabalho 𝐿 .</p><p>• Além disso, se a produtividade do trabalho crescer, este crescimento deve ser</p><p>somado à necessidade de crescimento do produto.</p><p>Lei de Okun</p><p>Isso ocorre por duas razões:</p><p>• Primeiro: é que a população, e, assim, a força de trabalho, aumenta ao longo do</p><p>tempo, de modo que o emprego deve crescer ao longo do tempo apenas para manter</p><p>constante a taxa de desemprego.</p><p>• Segunda: é que o produto por trabalhador também se eleva com o tempo, o que</p><p>implica que o crescimento do produto é superior ao crescimento do emprego.</p><p>• Exemplo: caso a força de trabalho cresça a 1% e o produto por trabalhador cresça a</p><p>2%. Então, o crescimento do produto deve ser igual a 3% (1% + 2%) apenas para</p><p>manter constante a taxa de desemprego.</p><p>• Ou seja, apenas para manter uma taxa de desemprego constante, o crescimento do</p><p>produto deve ser igual à soma do crescimento da força de trabalho com o</p><p>crescimento da produtividade do trabalho.</p><p>• Assim, para manter constante a taxa de desemprego:</p><p>g = crescimento da força do trabalho +crescimento da produtividade de trabalho</p><p>Lei de Okun</p><p>• A inclinação da curva (𝜷) é -0,4. Essa relação tem uma implicação simples, porém</p><p>importante: a chave para reduzir o desemprego é uma taxa de crescimento</p><p>suficientemente elevada.</p><p>• Em termos econômicos, é necessária uma taxa de crescimento de cerca de 3%</p><p>para manter o desemprego constante.</p><p>• Assim, se a força de trabalho crescer 1,7% a.a., o emprego deve crescer 1,7% a.a.</p><p>• Se, além disso, a produtividade do trabalho crescer 1,3% a.a., isto implica que o</p><p>produto deve crescer 3,0% (1,7% + 1,3%) para manter a taxa de desemprego constante.</p><p>• Na análise feita por Okun, a curva ficaria desta forma:</p><p>𝑢𝑡- 𝑢𝑡−1= −𝟎,𝟒(𝒈𝒚 -0,03)</p><p>Lei de Okun e Curva de Phillips</p><p>• A lei de Okun implica que, com um crescimento suficientemente forte, pode-se</p><p>reduzir o desemprego a níveis muito baixos.</p><p>• Mas a intuição, e que foi reafirmado por Phillips, sugere que, quando o desemprego</p><p>baixa muito, a economia tende a superaquecer, provocando uma pressão ascendente</p><p>sobre a inflação.</p><p>• O desemprego mais elevado leva, em média, a uma diminuição da inflação; menor</p><p>desemprego leva a um aumento da inflação. Mas isso só é verdade na média.</p><p>• Às vezes, uma alta taxa de desemprego está associada a uma elevação da inflação</p><p>(como mostra a nova versão da curva de Phillips).</p><p>Lei de Okun e o crescimento do produto</p><p>• As empresas ajustam o emprego menos que proporcionalmente em resposta aos</p><p>desvios do crescimento do produto.</p><p>• De modo mais específico, um crescimento do produto 1% acima do normal por um</p><p>ano leva a um aumento da taxa de emprego de apenas 0,6%.</p><p>• Um dos motivos está no fato de alguns trabalhadores serem necessários</p><p>independentemente do nível de produto.</p><p>• O departamento de contabilidade de uma empresa, por exemplo, precisa de</p><p>aproximadamente o mesmo número de empregados, esteja a empresa vendendo</p><p>mais ou menos que o normal.</p><p>Lei de Okun e o crescimento do produto</p><p>• Outro motivo: custa caro treinar novos funcionários;</p><p>• As empresas preferem manter os atuais, em vez de suspender temporariamente o</p><p>contrato de trabalho quando o produto está abaixo do normal, e pedir a eles que</p><p>façam horas extras, em vez de contratar novos trabalhadores quando o produto está</p><p>acima do normal.</p><p>• Em tempos difíceis, as empresas mantêm seus trabalhadores — aqueles de que</p><p>necessitarão quando as coisas melhorarem.</p><p>Esse comportamento das empresas é chamado de reserva de mão de obra.</p><p>Lei de Okun e a redução do produto</p><p>• Além disso, um aumento na taxa de emprego não acarreta uma diminuição</p><p>proporcional da taxa de desemprego.</p><p>• Por exemplo, um aumento de 0,6% na taxa de emprego leva a uma redução</p><p>de apenas 0,4% na taxa de desemprego.</p><p>• Quando o emprego aumenta, nem todas as novas vagas são preenchidas</p><p>pelos desempregados.</p><p>• Algumas dessas vagas vão para pessoas classificadas como fora da força de</p><p>trabalho, isto é, pessoas que não procuravam emprego ativamente.</p><p>• Se o desemprego reduz, pode encorajar os desalentados a procurarem</p><p>emprego.</p><p>Lei de Okun e produto potencial</p><p>• Matematicamente, a Lei de Okun pode ser descrita também da seguinte forma:</p><p>∆u = 𝜷𝟏(y - ഥ𝒚)</p><p>∆u = variação na taxa de desemprego em relação a taxa natural</p><p>y= Produto</p><p>ഥ𝒚= Produto potencial- quantidade máxima de bens e serviços que uma economia pode produzir</p><p>de forma sustentável, sem gerar pressões inflacionárias</p><p>𝜷𝟏 = mensura a sensibilidade do desemprego aos desvios do Produto Interno Bruto (PIB)</p><p>frente à tendência de longo prazo. Pela análise empírica, seu valor tende a ser negativo.</p><p>A chamada Lei de Okun verifica essa relação inversa entre os dois fatores,</p><p>desemprego e crescimento econômico. Segundo o autor, o desvio da taxa de</p><p>desemprego</p><p>em relação ao desemprego natural, em determinado período, é</p><p>inversamente proporcional à diferença do produto da economia em relação ao seu</p><p>produto potencial.</p><p>Importante! quando o hiato do produto é positivo (produto está abaixo do produto</p><p>potencial), a taxa de desemprego está acima do seu nível natural.</p><p>Lei de Okun e produto potencial</p><p>• Hiato do Produto:</p><p>• O hiato do produto é calculado subtraindo o crescimento potencial do PIB ao</p><p>crescimento efetivo do PIB.</p><p>Se for positivo- A economia está crescendo abaixo do Produto potencial, implicando</p><p>em mais desemprego (acima da taxa natural).</p><p>Se for negativo- A economia está crescendo acima do Produto potencial, implicando</p><p>em menos desemprego (abaixo da taxa natural).</p><p>Se for zero- a taxa de desemprego será igual a taxa natural.</p><p>∆u = 𝜷𝟏(y - ഥ𝒚)</p><p>Políticas econômicas e Lei de Okun</p><p>• No mundo real, obviamente, os formuladores de política econômica não sabem</p><p>nenhuma dessas coisas com certeza.</p><p>• Não sabe o valor exato da taxa natural de desemprego nem o coeficiente exato</p><p>da lei de Okun, que é o 𝜷𝟏(sensibilidade do desemprego aos desvios do</p><p>Produto).</p><p>• Podemos apenas fazer previsões.</p><p>• Em resumo: existe considerável incerteza sobre os efeitos das políticas</p><p>macroeconômicas, o que pode levar os formuladores de política econômica a</p><p>serem mais cautelosos e a limitar o uso de políticas ativas.</p><p>Políticas econômicas e Lei de Okun</p><p>• As políticas devem destinar-se, de modo geral, a evitar recessões prolongadas,</p><p>desacelerar os crescimentos explosivos e evitar a pressão inflacionária.</p><p>• Quanto maior o desemprego ou maior a inflação, mais ativas devem ser as</p><p>políticas econômicas.</p><p>• Um dos motivos pelos quais os efeitos da política macroeconômica são incertos é a</p><p>interação entre a política econômica e as expectativas.</p><p>• O modo como uma política funciona — e, às vezes, se funciona realmente —</p><p>depende não apenas de como ela afeta as variáveis atuais, mas também de como</p><p>afeta as expectativas sobre o futuro.</p><p>A Lei de Okun no Longo Prazo</p><p>• A lei de Okun é um lembrete de que as forças que norteiam o ciclo</p><p>econômico de curto prazo são significativamente diferentes daquelas que</p><p>modelam o crescimento econômico de longo prazo.</p><p>• O crescimento de longo prazo no PIB é determinado primordialmente pelo</p><p>progresso tecnológico.</p><p>• A tendência de longo prazo que acarreta padrões de vida cada vez mais</p><p>elevados de geração para geração não está associada a qualquer tendência</p><p>de longo prazo no índice de desemprego.</p><p>• Ao contrário, movimentações de curto prazo no PIB estão fortemente</p><p>relacionadas com a utilização da força de trabalho da economia.</p><p>• Os declínios na produção de bens e de serviços que ocorrem durante os</p><p>períodos de recessão estão sempre associados ao aumento do desemprego.</p><p>Atividade</p><p>Seja a lei de Okun dada por:</p><p>𝜇𝑡- 𝜇𝑡−1 = - 0,4 (𝑔𝑦𝑡 – 0,03)</p><p>Considere que t é 2020 e responda:</p><p>a) Sendo a taxa de crescimento do produto em 2020 igual a 2% e a taxa de</p><p>desemprego em 2019, 3%, qual será a taxa de desemprego em 2020?</p><p>b) A taxa de crescimento do produto em 2020 está acima ou abaixo do</p><p>Produto potencial?</p><p>c) Como isso impactou na variação da taxa de desemprego?</p><p>Cápítulo 2</p><p>BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. São Paulo: Prentice Hall, 2004. 3ª ed.</p>