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<p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Otávio Goulart Minatto*</p><p>Erro de tipo</p><p>Conceito: É quando o agente confunde a realidade e por isso toma uma atitude que entende</p><p>ser lícita na situação que imaginava estar. É a confusão quanto à situação do tipo descrito no</p><p>código.</p><p>Exemplos de erro de tipo:</p><p>a) Erro incidente sobre a situação de fato descrita como elementar de tipo incriminador: A</p><p>pessoa pega uma caneta, pensando ser sua, quando na verdade é de terceiro. Para o CP a</p><p>subtração de objeto alheio é característica elementar do furto, entretanto o erro do agente</p><p>descaracteriza toda sua consciência e vontade de realizar o fato típico, o que exclui o dolo e a</p><p>culpa;</p><p>b) Erro incidente sobre relação jurídica descrita como elementar de tipo incriminador:</p><p>Quando alguém se casa com outro sem saber que este já estava casado. Esta relação jurídica</p><p>preexistente é elementar no tipo da bigamia. Não há, da mesma forma, intenção ou</p><p>consciência de realizar tal ato. Entretanto, a parte que estava casada e, evidentemente, sabia</p><p>de sua condição não valer-se-á do erro;</p><p>1 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>c) Erro incidente sobre situação de fato descrita como elementar de tipo permissivo: Ocorre</p><p>quando o agente imagina estar numa situação que normalmente é ilícita, mas que nas suas</p><p>peculiaridades é permitida, ou seja, o agente imagina estar numa situação da exclusão da</p><p>ilicitude. É o caso daquele que ataca outro pensando estar em legítima defesa por ter visto esta</p><p>sacar uma arma quando na verdade era só um lenço;</p><p>d) Erro incidente sobre circunstância de tipo incriminador: Acontece quando o agente</p><p>planeja realizar um tipo criminoso, mas acaba atingindo resultado ínfimo, como o ladrão que</p><p>queria rouba o cofre de uma casa pensando estar cheio de dinheiro, quando na verdade só</p><p>havia fotos. O dolo não é eliminado, mas a circunstância fica descaracterizada. Mesmo assim,</p><p>o agente responde criminalmente pelo o que fez;</p><p>e) Erro sobre dado irrelevante: É o caso da pessoa que deseja matar seu desafeto, mas</p><p>que acaba executando outro por engano. Este erro é irrelevante, sendo o agente</p><p>responsabilizado pelo homicídio como se tivesse matado aquele que pretendia.</p><p>Erro de tipo e erro de direito: O erro de tipo não é um erro de direito porque não incide sobre</p><p>a legislação, mas sim sobre a realidade concreta.</p><p>2 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Erro de tipo e erro de fato: O erro de tipo não se restringe apenas ao fato jurídico. Ele é muito</p><p>mais amplo, podendo recair sobre toda a situação jurídica.</p><p>Erro de tipo e delito putativo: No erro de tipo o agente comete um crime quando pensa não</p><p>esta fazendo nada de mais. Já no delito putativo, o agente quer cometer o delito, mas a sua</p><p>conduta é insignificante. O delito putativo pode ocorrer por erro de tipo, erro de proibição ou</p><p>obra do agente provocador.</p><p>Formas de erro de tipo:</p><p>a) Erro de tipo essencial: É o erro que provoca a existência do delito. Sem ele não haveria</p><p>crime. É o erro que impossibilita a compreensão do caráter criminoso da ação do agente. Ex:</p><p>Subtrair objetos alheios pensando que tais são pertencentes a si é um erro essencial, pois se</p><p>os objetos não fossem alheios não haveria crime;</p><p>Erro essencial invencível: É aquele escusável, que não podia ser impedido de qualquer</p><p>maneira.</p><p>3 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Erro essencial vencível: É aquele que poderia ser evitado pelo uso da prudência mediana.</p><p>Efeitos:</p><p>1) O erro essencial, evitável ou não, sempre exclui o dolo;</p><p>2) O erro invencível exclui também a culpa. Não havendo modo de se evitar o erro por</p><p>conduta mediana, não se pode alegar que a pessoa agiu de forma culposa;</p><p>3) O erro vencível não exclui a culpa, pois ela fica caracterizada na medida em que a</p><p>pessoa não evitou o que podia ser evitado, Entretanto, nos tipos que não admitem a</p><p>modalidade culposa, o erro vencível exclui a ilicitude, já que o dolo é eliminado.</p><p>Descriminante putativa: É aquilo que a pessoa pensa, erroneamente, excluir a ilicitude de</p><p>seu ato típico.</p><p>Espécies:</p><p>4 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>1) Discriminante putativa por erro de proibição: É quando o agente compreende a realidade</p><p>perfeitamente, entretanto imagina estar num estado que justifica sua ação ilícita. O erro esta</p><p>sobre o entendimento da pessoa sobre a extensão desse estado permissivo. Assim como o</p><p>erro de proibição, essa descriminante incide sobre a culpabilidade. Ex: A pessoa que após ter</p><p>sido agredida pensa poder agir ainda em legítima defesa quando seu agressor se distancia;</p><p>2) Descriminante putativa por erro de tipo: É quando a pessoa acredita estar no meio de um</p><p>estado que exclui a ilicitude de seu ato. O erro não está sobre a compreensão do estado, mas</p><p>sim sobre a realidade. Neste caso o dolo é excluído, pois o erro é essencial, já que sem a</p><p>compreensão de tal estado não haveria crime.</p><p>b) Erro do tipo acidental: É o irrelevante para o crime. A sua existência não se incide nas</p><p>características elementares do crime, ou seja, ele seria realizado de qualquer maneira. Este</p><p>erro recai sobre o objeto do crime, por isso ele não causa nenhuma conseqüência jurídica;</p><p>Espécies:</p><p>1) Erro sobre o objeto: É a confusão sobre o objeto a que recai o crime Ex: Ao invés de furtar</p><p>café, o agente furta feijão;</p><p>5 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Obs: Quando o erro sobre o objeto incide sobre a causa elementar do crime, como se ao invés</p><p>de café fosse cocaína, o erro passa a ser essencial.</p><p>2) Erro sobre a pessoa: É quando o agente pretendia efetuar determinado delito contra uma</p><p>pessoa, mas a confunde com outra. O delito será considerado como se houvesse atingido a</p><p>vítima pretendida, observando as peculiaridades dela;</p><p>3) Aberratio ictus: É o erro na execução. O agente visa perfeitamente sua vítima, mas por</p><p>acidente acaba acertando uma terceira. O aberratio ictus pode dar-se das</p><p>seguintes formas:</p><p>a) Com unidade simples ou resultado único: A vítima preterida não é atingida e a terceira é.</p><p>Nesse caso, como no erro sobre a pessoa, o agente responde como se tivesse atingido a</p><p>vítima que pretendia;</p><p>b) Com unidade complexa ou resultado duplo: É quando o agente, além de atingir a vítima</p><p>preterida, atinge terceiros. Dessa forma produz dois resultados (por isso resultado duplo): Um</p><p>na vítima “preexistente” e outro nos demais lesionados. Nesses casos, usa-se a regra do</p><p>concurso formal, podendo ser a pena acrescida de 1/6 até a metade.</p><p>Obs: Não há possibilidade de haver dolo eventual no aberratio ictus, pois o erro de execução</p><p>caracteriza-se sempre como culposo.</p><p>6 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>1) Aberratio criminis: O agente visa atingir um bem jurídico, mas acaba acertando outro.</p><p>Difere-se do aberratio ictus, pois naquele o bem jurídico atingido é o</p><p>mesmo, muda-se a pessoa possuidora de tal bem. Neste, a mudança incide sobre o próprio</p><p>bem jurídico. É o caso da pessoa que taca uma pedra, objetivando acertar a lataria de um</p><p>carro, mas acaba acertando o motorista. O</p><p>aberratio criminis</p><p>pode dar-se das seguintes formas:</p><p>a) Com unidade simples ou resultado único: Quando se atinge apenas um bem jurídico</p><p>diverso. O agente responde pelo resultado produzido nesta;</p><p>b) Com unidade complexa ou resultado duplo: Além de atingir o bem jurídico pretendido,</p><p>atinge-se outro. Ocorre o concurso formal, agravando-se a pena de 1/6 a te a metade.</p><p>Obs: Quando o bem jurídico atingido for de menor importância do que o pretendido não se</p><p>aplica o concurso formal (art. 74)</p><p>2) Aberratio causae ou dolo geral: É quando a pessoa visa um resultado e age para</p><p>atingi-lo, mas acaba alcançando-o de forma diversa da planejada. Esse erro é irrelevante, pois</p><p>o agente tinha como objetivo tal resultado, não importando como o alcançou.</p><p>Crime consumado</p><p>7 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Conceito: É quando foram realizados todos os elementos do crime pertencentes a sua</p><p>definição legal.</p><p>Diferença entre crime consumado e exaurido: A diferença é que o exaurimento é o</p><p>aproveitamento ulterior do bem jurídico, após a consumação de um crime; enquanto a</p><p>consumação é o término do crime. O exaurimento funciona como circunstância judicial na fase</p><p>de aplicação da pena, quando não previsto como causa específica.</p><p>Consumação nas várias espécies de crime:</p><p>a) Materiais: Acontece quando há produção de resultado naturalístico;</p><p>b) Culposos: Também se dá na produção do resultado naturalístico;</p><p>c) De mera conduta: Com a omissão ou ação tipificada;</p><p>8 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>d) Formais: Não há necessidade de resultado naturalístico, a simples atividade já indica</p><p>consumação;</p><p>e) Permanentes: Neste, a consumação se potrai no tempo, pois está sempre acontecendo;</p><p>f) Omissivos próprios: No momento em que a pessoa não exerce o comportamento devido;</p><p>g) Omissivos impróprios: Ocorre na produção do resultado naturalístico;</p><p>h) Qualificados pelo resultado: Na medida em que se produz o resultado agravador;</p><p>i) Complexos: Quando há a total realização de todos os componentes do crime;</p><p>j) Habituais: Sempre que o ato é refeito.</p><p>Iter criminis: São as etapas do crime. Divide-se em:</p><p>a) Cogitação: É a fase do planejamento, idealização mental do crime. Como se dá in foro</p><p>interno, não há como ser punida;</p><p>9 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>b) Preparação: É a fase onde surgem os instrumentos que auxiliam no crime. Dá-se já no</p><p>plano externo. Exceto quando tipificada no CP, a preparação não é punível;</p><p>c) Execução: É a realização do “núcleo” do crime. A partir dessa fase, o crime passa a ser</p><p>punível;</p><p>d) Consumação: Quando todos os elementos já foram executados e o resultado é atingido.</p><p>Tentativa (conatus)</p><p>Conceito: É a não consumação de um crime que já estava em fase de execução.</p><p>Elementos: início da execução, não-consumação e interferência de circunstâncias alheias à</p><p>vontade do agente.</p><p>Início da execução: A passagem entre a preparação e o início da execução é algo muito</p><p>discutido entre os doutrinadores. Entretanto, o CP utiliza-se do critério lógico-formal,</p><p>considerando que o início dá-se a partir do momento que o agente age de forma idônea e</p><p>inequívoca para atingir o resultado.</p><p>10 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Formas:</p><p>a) Imperfeita: Quando há interrupção no processo e o agente não consegue executar todos</p><p>os atos;</p><p>b) Perfeita ou crime falho: Quando toda a execução é feita, mas não há a consumação do</p><p>resultado por circunstâncias alheias;</p><p>c) Branca ou incruenta: Quando a vítima nem chega a sofrer danos;</p><p>d) Cruenta: Quando a vítima sofre danos.</p><p>Obs: Quanto mais próximo da consumação, menos será a redução da pena por tentativa.</p><p>Infrações que não admitem tentativa:</p><p>a) Culposas (exceto a culpa imprópria);</p><p>b) Preterdolosas;</p><p>c) Contravenções penais, pois a tentativa não é punida;</p><p>d) Crimes omissivos próprios (de mera conduta);</p><p>11 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>e) Habituais;</p><p>f) Crimes que a lei só pune se ocorrer o resultado;</p><p>g) Crimes em que a lei pune a tentativa como delito consumado.</p><p>Teoria adotada pelo CP: Usa-se a objetiva, que considera que a tentativa deve ser punida de</p><p>forma mais branda do que a consumação por ter produzido resultado menos grave.</p><p>Redução da pena: A pena é a do crime consumado, diminuído de 1/3 a 2/3 do total, conforme</p><p>a proximidade da consumação.</p><p>Obs: No concurso de pessoas, a tentativa é considerada no mesmo grau para todos os</p><p>envolvidos, não importando o agravamento de um ou a atenuação do outro.</p><p>Desistência voluntária e arrependimento eficaz</p><p>12 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Conceito: É quando o próprio agente, por algum motivo, provoca a interrupção da execução,</p><p>evitando a consumação.</p><p>Natureza jurídica: Gera a atipicidade da conduta. O arrependimento faz com que o agente</p><p>não responda pelo crime tentado, apenas pelos atos ilícitos praticados até então. O crime, a</p><p>título de conatus, ainda existe, mas a punibilidade é extinta.</p><p>Elementos: Início da execução, não-consumação e interferência da vontade do próprio</p><p>agente.</p><p>Conceito de desistência voluntária: É quando, no meio da execução, o agente desiste de</p><p>prosseguir, tendo total condição para tal. Ex: Pessoa que com a arma cheia de balas atira uma</p><p>vez e erra a vítima e desiste de mata-la. O agente ainda tinha a chance de matar a pessoa com</p><p>o resto dos projéteis, mas não o fez.</p><p>Conceito de arrependimento eficaz: É quando o agente encerra a execução, mas impede a</p><p>consumação do resultado. Ex: Pessoa que atira e acerta outra, mas presta socorro</p><p>imediatamente, impedindo que esta morra.</p><p>Obs: Não é necessário que a desistência ou o arrependimento sejam espontâneos, mas sim</p><p>13 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>voluntários. Se o agente só agiu pelo conselho de terceiros, da mesma forma será o crime</p><p>atipificado. Os motivos para tal mudança de conduta tão pouco precisam ser nobres.</p><p>Obs2: Quando o arrependimento ou a desistência ocorre por motivos involuntários, como a</p><p>chegada da polícia, não podem ser assim considerados. O que ocorre nesses casos é a</p><p>simples tentativa perfeita ou imperfeita.</p><p>Arrependimento posterior</p><p>Conceito: É quando o agente, quando comete um delito sem violência e não sendo grave,</p><p>repara o dano ou restitui de alguma forma a coisa de forma voluntária, antes de o delito ter sido</p><p>denunciado. É causa para redução da pena.</p><p>Obs: O arrependimento posterior diferencia-se do eficaz porque este ocorre antes da</p><p>consumação do delito, fazendo com que o agente não responda por ele, enquanto que aquele</p><p>se dá após a consumação, funcionando apenas como diminuidor da pena.</p><p>Obs2: O arrependimento posterior após a denúncia é causa atenuante genérica (CP, art. 65, III,</p><p>b).</p><p>Casos especiais:</p><p>a) Peculato: Se for culposo, a reparação antes da denúncia extingue a punibilidade. Se for</p><p>14 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>doloso, antes da denúncia, a reparação diminui a pena de 1/3 a 2/3;</p><p>b) Emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos: A reparação do dano extingue a</p><p>punibilidade, mas não se trata de arrependimento posterior, pois o crime de estelionato no foi</p><p>consumado, a menos que o cheque tenha sido preenchido de forma fraudulenta.</p><p>Aplicação: O arrependimento posterior pode ser aplicado em qualquer categoria de crime,</p><p>seja ele doloso, culposo, tentado, consumado etc. A redução da pena vai de 1/3 a 2/3. Os</p><p>critérios de avaliação são a espontaneidade e a rapidez na restituição da coisa.</p><p>Obs: O arrependimento posterior tem efeito erga omnes, sendo também aplicado nos</p><p>co-autores e partícipes.</p><p>Delação eficaz ou premiada: É um instituto diverso do arrependimento posterior, mas que</p><p>também diminui a pena do co-autor ou partícipe que denunciar a ação de seus comparsas.</p><p>Obs: A delação premiada está presente nas leis dos crimes hediondos, crime organizado, na lei</p><p>de proteção a testemunhas e na lei das drogas.</p><p>6. Crime Impossível</p><p>15 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Conceito: É aquele que nunca chegará a sua consumação, seja pela ineficiência total do meio</p><p>empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto material. Também é chamado de</p><p>tentativa inidônea, inadequada ou quase-crime.</p><p>Natureza jurídica: É causa de atipicidade do crime, pois este não foi consumado. Não pode</p><p>ser considerado como tentativa porque não há nem a possibilidade de consumação.</p><p>Hipóteses de crime impossível:</p><p>a) Ineficácia absoluta do crime: É quando o crime jamais chegará a sua consumação pelos</p><p>meios usados para atingi-lo. Ex: Uso de uma arma sem balas no homicídio;</p><p>Obs: Quando a ineficácia é relativa, caracteriza-se a tentativa. Ex: (de ineficácia relativa): Uma</p><p>arma sem bala é absolutamente ineficaz num homicídio, mas pode ter eficácia relativa num</p><p>assalto.</p><p>b) Impropriedade absoluta do objeto material: É quando o meio no qual recai a conduta é</p><p>inidôneo para a consumação do resultado, ou seja, não há como produzir tal resultado nesse</p><p>meio. Ex: matar um cadáver ou roubar quem não tem nada.</p><p>16 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Obs: A impropriedade relativa também caracteriza tentativa.</p><p>Obs: A idoneidade deve estar presente desde antes do início da execução. Se somente</p><p>durante a ação o crime tornou-se impossível, fica caracterizada a tentativa.</p><p>Delito putativo por erro de tipo: é o caso do agente que atira num cadáver com a intenção de</p><p>mata-lo. O agente tem a intenção de realizar a conduta, mas por um erro de tipo acaba fazendo</p><p>algo irrelevante penalmente. Diz-se que o sujeito é um criminoso incompetente.</p><p>Delito putativo por obra do agente provocador ou crime de flagrante preparado, delito de</p><p>ensaio ou experiência: é quando a suposta vítima simula uma situação, induzindo o agente a</p><p>praticar o crime. A jurisprudência tem entendido este caso como crime impossível, pois sendo a</p><p>situação armada, nunca haveria a possibilidade do agente consumar o crime. Ex: Delegada</p><p>grávida simula querer abortar para prender o médico em flagrante.</p><p>Obs: Nos crimes que envolvem tráfico de drogas, a simulação não atipifica o crime, pois a</p><p>simples retenção da droga já caracteriza o crime, ou seja, ele já estava consumado antes da</p><p>simulação da venda.</p><p>Obs2: Nos crimes de concussão, aqueles em que funcionários públicos cobram propina em</p><p>troca de prestações, o flagrante preparado não torna o crime impossível, pois este já havia sido</p><p>consumado no momento em que a prestação feita e não no seu pagamento.</p><p>17 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Obs3: O flagrante esperado não causa crime impossível, pois não há interferência na conduta,</p><p>apenas a sua observação.</p><p>Flagrante prorrogado ou retardado: É o caso do policial infiltrado numa máfia que deixa de</p><p>prender os criminosos quando cometem pequenos delitos para efetuar um flagrante de um</p><p>crime muito mais grave. A lei das drogas permite tal flagrante nos casos de tráfico.</p><p>Teoria objetiva temperada quanto a punibilidade do crime impossível: Se preocupa com o</p><p>resultado alcançado. Por isso, mesmo tendo o agente a pior das intenções, sendo a ineficácia</p><p>absoluta, não haverá crime. A ineficácia relativa gera punibilidade, pois havia chance do crime</p><p>ser consumado.</p><p>Classificação dos crimes</p><p>Crime comum: É aquele que pode ser cometido por qualquer um, sem nenhuma</p><p>especificidade exigida pela lei. Ex: Furto.</p><p>18 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime próprio: Só pode ser cometido por determinada categoria de pessoa. Ex: O infanticídio</p><p>só pode ser realizado pela mãe.</p><p>Crime de mão própria: É aquele que só pode ser executado pela própria pessoa. Por isso,</p><p>não admite co-autoria, só participação. Ex: Falso testemunho.</p><p>Crime de dano: Aquele que causa prejuízo a um bem jurídico protegido. Ex: Homicídio (vida).</p><p>Crime de perigo: É aquele que tem sua consumação na ameaça de um bem jurídico. É</p><p>classificado em concreto quando o perigo é real, abstrato quando o perigo é presumido,</p><p>individual quando o número de vítimas é definido, coletivo quando a consumação dá-se ao</p><p>atingir um número indeterminado de bens (ex: incêndio), atual quando o crime o crime está</p><p>acontecendo, iminente quando está para acontecer e futuro quando há a possibilidade do</p><p>perigo advir da conduta.</p><p>Crime material: Só ocorre com a produção de resultado naturalístico, como a morte, para o</p><p>homicídio.</p><p>Crime formal: É aquele que pode causar resultado naturalístico, mas este não é essencial</p><p>para a consumação do crime. Ex: No seqüestro, não importa se o agente recebe ou não o</p><p>resgate. De qualquer forma o crime foi consumado.</p><p>19 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime de mera conduta: É aquele que não possui resultado naturalístico. São os crimes de</p><p>desobediência.</p><p>Crime comissivo: Praticado por uma ação. Ex: Furto.</p><p>Crime omissivo: Quando ocasionado pela omissão do agente. Ex: Não prestação de socorro.</p><p>Crime omissivo próprio: É aquele em que o agente não tem o dever jurídico de agir. Logo,</p><p>ele não responderá pelo resultado causado, somente pela sua omissão em si.</p><p>Crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão: É quando a pessoa tinha o dever</p><p>jurídico de agir e não o fez. Responde, portanto, também pelo resultado. Ex: A mãe que não</p><p>amamenta seu filho recém-nascido é responsável pela morte deste por inanição.</p><p>Crime instantâneo: Consuma-se num determinado instante, sem se prolongar. Ex: Furto.</p><p>20 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime permanente: É aquele em que sua consumação é constante, potraindo-se no tempo.</p><p>Ex: Seqüestro.</p><p>Crime instantâneo de efeitos permanentes: É aquele que se dá num restante do tempo, mas</p><p>provoca efeitos ao longo do tempo, mesmo sem a manutenção da conduta criminosa. Ex:</p><p>Homicídio. A morte da vítima é um efeito permanente.</p><p>Crime de prazo: É aquele que depende de um determinado período para ocorrer a</p><p>consumação. É o que se refere o art. 129, $1, I, do CP.</p><p>Crime principal: Aquele que acontece independentemente da existência de outros.</p><p>Crime acessório: Depende da existência de outro crime (principal) para ocorrer.</p><p>Obs: A extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao acessório (CP, art. 108).</p><p>21 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime simples: É o que apresenta apenas um tipo penal.</p><p>Crime complexo: Origina-se da fusão de duas ou mais condutas criminosas. Ex: Latrocínio, que</p><p>é a junção do furto com o homicídio.</p><p>Crime progressivo: É aquele que para ser consumado passa por outros tipos penais menos</p><p>graves. Ex: O agente que mata alguém após desferir diversas pancadas (lesões).</p><p>Obs: Pelo princípio da consunção, o agente só responderá pelo crime mais grave.</p><p>Progressão criminosa: Após a consumação do resultado pretendido, o agente avança,</p><p>cometendo novas infrações na cadeia de acontecimentos, cada vez mais graves.</p><p>Delito putativo: É aquele que o agente pensa ter cometido, quando na verdade não o fez.</p><p>Pode ser provocado por erro de tipo, de proibição ou por obra do agente provocador.</p><p>22 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime falho: É quando a execução do crime é totalmente feita, mas o resultado não é</p><p>consumado. Ex: Homicida que descarrega toda sua munição na direção da vítima, sem</p><p>conseguir acerta-la.</p><p>Crime unissubsistente: É aquele que é realizado apenas por um ato. Ex: Injúria verbal.</p><p>Crime plurissubsistente: Aquele que exige mais de uma ação para ser praticado. Ex:</p><p>Estelionato.</p><p>Crime de dupla subjetividade passiva: Quando há mais de uma vítima atingida. Ex: A</p><p>violação de correspondência fere o remetente e o destinatário.</p><p>Crime monoofensivo e pluriofensivo: No monoofensivo, lesa-se apenas um bem jurídico,</p><p>enquanto no pluriofensivo, mais de um bem são lesados.</p><p>Crime exaurido: Depois do agente ter consumado o crime ele continua agredindo o bem. Não</p><p>23 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>constitui novo crime, mas influencia na dosagem da pena, agravando-a. Ex: Após matar sua</p><p>vítima, o homicida continua desferindo tiros nela.</p><p>Crime de concurso necessário ou plurissubjetivo: Exige uma pluralidade de agentes para</p><p>ser efetuado. Ex: Quadrilha.</p><p>Crime de concurso eventual ou monossubjetivo: Pode ser efetuado por uma pessoa, assim</p><p>como por mais de uma.</p><p>Crime subsidiário: É aquele que só é penalizado caso a conduta não seja por crime mais</p><p>grave.</p><p>Crime vago: É aquele que não possui sujeito passivo (vítima) definida, sendo esta a</p><p>coletividade. Ex: Atentado ao pudor.</p><p>Crime de mera suspeita: aplica-se somente no art.25 da LCP: posse de instrumento</p><p>24 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>visivelmente empregado para a prática de crime contra o patrimônio, por quem já tenha sido</p><p>condenado por esse motivo.</p><p>Crime multitudinário: Aquele cometido pela influência de multidão em tumulto.</p><p>Crime de opinião: Abuso da liberdade de opinião. É o caso da injúria.</p><p>Crime de ação múltipla ou conteúdo variado: É o crime que apresenta diversas formas de</p><p>ser consumado. Ex: Tráfico de drogas.</p><p>Crime de forma livre: Sua execução dá-se de formas variadas. Ex: Homicídio.</p><p>Crime de forma vinculada: É aquele que tem sua execução descrita no CP. Ex:</p><p>Curandeirismo (CP, art. 284 e incisos).</p><p>25 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime habitual: Constituído na reiteração dos atos que, sozinhos são atípicos, mas na sua</p><p>pluralidade formam o delito. Ex: Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica</p><p>(CP, art 282).</p><p>Crime profissional: É a modalidade do crime habitual que visa o lucro.</p><p>Crime de ímpeto: Quando não há planejamento, a execução dá-se pela impulsividade da</p><p>emoção. Geralmente são crimes passionais.</p><p>Crime funcional: É o crime cometido por funcionário público. É a classificado como próprio</p><p>quando só pode ser cometido por funcionário público e como impróprio quando pode ser feito</p><p>também por funcionário particular (recebendo outro nomem júris). Ex: (de</p><p>crime funcional impróprio): Furto por funcionário particular é apropriação indébita, enquanto por</p><p>funcionário público é peculato.</p><p>Crime à distância, de espaço máximo ou de trânsito: É aquele que tem a execução feita em</p><p>um país e o resultado ocorre em outro. Ex: O agente envia uma carta com anthrax para outro</p><p>país, matando o destinatário.</p><p>26 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime plurilocal: A execução e o resultado dão-se no mesmo país, mas em localidades</p><p>diferentes.</p><p>Delito de intenção: Ocorre nos crimes formais, nos quais o resultado naturalístico não é</p><p>essencial, mas o agente o visa.</p><p>Delito mutilado de dois atos: É quando o agente visa uma finalidade separada do delito, mas</p><p>que só pode ser alcançado com a consumação do resultado deste. A diferença pro delito de</p><p>intenção é que naquele a finalidade é essencial para a consumação do crime, enquanto que no</p><p>delito mutilado o fim não faz parte da estrutura típica do ato ilícito praticado.</p><p>Delito de tendência: Aquele que fica caracterizado apenas pela vontade do agente. Ex: O</p><p>estupro diferencia-se do exame ginecológico pela vontade libidinosa do estuprador.</p><p>Delito de fato permanente (delicta facti pemanentis): É o crime que produz vestígios. São</p><p>todos aqueles em que cabe o instituto do corpo de delito. Ex: Homicídio.</p><p>27 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Delito de fato transeunte (delicta facti transeutis): É aquele que não deixa resquícios, como</p><p>os delitos cometidos verbalmente.</p><p>Crime de ação violenta: Crime em que há emprego de força física ou grave ameaça.</p><p>Crime de ação astuciosa: É o crime praticado pela inteligência e astúcia, como o furto</p><p>mediante fraude ou o estelionato.</p><p>Delito de circulação: Aquele praticado com o uso de automóvel.</p><p>Delito atentado ou de empreendimento: É o crime que o CP pune com a mesma intensidade</p><p>tanto a tentativa quanto a consumação. Ex: Votar ou tentar votar duas vezes.</p><p>Crime condicionado ou incondicionado: O primeiro é aquele que necessita de uma</p><p>condição objetiva de punibilidade, já o segundo, não necessita (é o caso da maioria dos</p><p>crimes).</p><p>28 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Crime internacional ou mundial: É o crime que o Brasil submete-se a punir por determinação</p><p>de tratados ou convenções internacionais.</p><p>Crime militar: É todo o crime definido no Código Penal Militar. É classificado como próprio</p><p>quando só existe na esfera militar (como dormir em serviço) e impróprio quando existe tanto</p><p>militarmente quanto civilmente (como o homicídio).</p><p>Ilicitude</p><p>Conceito: É quando a conduta entra em contradição com o ordenamento jurídico. É o segundo</p><p>passo para a caracterização do crime.</p><p>Obs: Nem todo fato típico é ilícito. O primeiro é pressuposto do segundo e não o contrário. Ex:</p><p>O homicídio em legítima defesa é típico, mas não ilícito.</p><p>Caráter indiciário: Como o fato típico descreve uma conduta que é negativa à sociedade,</p><p>somente em exceções o fato típico não é ilícito.</p><p>29 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Diferença entre ilícito e injusto: Ilícito é aquilo que contraria o ordenamento jurídico,</p><p>enquanto injusto é o que contraria os valores de uma sociedade. Apesar de serem parecidos,</p><p>esses termos devem ser separados. Ex: Matar um estuprador é ilícito, porém justo perante a</p><p>sociedade.</p><p>Espécies:</p><p>a) Ilicitude formal: É a simples contradição entre a conduta e o ordenamento. Não leva em</p><p>conta a periculosidade social;</p><p>b) Ilicitude material: É a análise da conduta levando em conta o caráter social, ou seja, é um</p><p>sinônimo de injustiça;</p><p>Obs: essa ilicitude não é levada em conta pelo CP, que se restringe à ilicitude formal.</p><p>c) Ilicitude subjetiva: Teoria que diz que a ilicitude está na vontade da pessoa de contrariar</p><p>o ordenamento. Seria a razão da não imputabilidade dos incapazes;</p><p>d) Ilicitude objetiva: Aquela que não se baseia em qualquer juízo de valor para dar seu</p><p>veredicto.</p><p>Causas da exclusão da ilicitude: Estado de natureza, legítima defesa, estrito cumprimento do</p><p>30 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>dever legal e exercício regular do direito.</p><p>Obs: Não existem causas supralegais de exclusão da ilicitude.</p><p>Obs: Ficando completamente provada a causa da exclusão da ilicitude, o crime não existe.</p><p>Estado de Necessidade</p><p>Conceito: É uma causa que exclui a ilicitude. Ocorre quando a pessoa decide sacrificar um</p><p>bem jurídico para salvar outro (por questão de proporcionalidade), sendo</p><p>que essa situação</p><p>não foi gerada pela pessoa. Ex: Um motoqueiro colide contra um carro estacionado para evitar</p><p>atropelar uma pessoa que se atirou na rua. O motoqueiro não será responsabilizado pelo dano.</p><p>Teoria adotada no CP: É a unitária, que diz que o estado de necessidade sempre excluirá a</p><p>ilicitude quando houver razoabilidade na destruição de um bem sob a salvação de outro.</p><p>Quando não houver essa razoabilidade, ocorrerá apenas redução de 1/3 a 2/3 da pena.</p><p>Requisitos:</p><p>31 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>a) Situação de perigo:</p><p>1) O perigo deve ser atual: O dano, e não a ameaça, deve ser iminente, sendo que o</p><p>sacrifício do bem seja na hora (atual) desse perigo;</p><p>2) O perigo deve ameaçar direito próprio ou alheio: Só é válido o sacrifício que</p><p>salvaguardar bem que seja acolhido juridicamente, como a vida, o patrimônio etc;</p><p>Obs: Para salvar um bem jurídico de pessoa alheia não é necessário o consentimento desta. É</p><p>o chamado consentimento implícito.</p><p>3) O perigo não pode ter sido causado voluntariamente pelo agente: Para alguns autores,</p><p>somente quando o perigo é causado dolosamente é que não se pode evocar o estado de</p><p>necessidade. Se tal foi provocado culposamente há essa possibilidade, pois não fica</p><p>caracterizado o perigo atual;</p><p>4) Inexistência do dever legal de arrostar o perigo: Acontece quando aquele que tem o</p><p>dever de salvar determinado patrimônio não o faz por saber que o risco que correrá é inútil. Ex:</p><p>Um bombeiro que não salva alguém num prédio em chamas por saber que a tentativa causará,</p><p>provavelmente, sua morte.</p><p>b) Conduta lesiva:</p><p>32 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>1) Inevitabilidade do comportamento: Só é aceito o sacrifício de determinado bem jurídico</p><p>quando se fica provado que não havia outra alternativa. Não havendo, procura-se sempre</p><p>causar o menor dano possível, caso contrário configura-se o excesso doloso, culposo ou</p><p>escusável (dependendo da ocasião). Ex: Num estado de necessidade o homicídio não é</p><p>permitido se lesão corporal já bastava pra cessar o perigo;</p><p>Obs: Para aqueles que têm o dever legal de agira, a inevitabilidade ultrapassa o risco pessoal.</p><p>2) Razoabilidade do sacrifício: Deve-se sacrificar apenas um bem quando o salvaguardado</p><p>for de maior importância;</p><p>3) Conhecimento da situação justificante: A pessoa deve ter como intenção salvar tal bem</p><p>jurídico para se valer do estado de necessidade. Se a pessoa está cometendo um delito e, por</p><p>ventura, sua conduta acaba preservando um bem, este não pode valer-se do estado de</p><p>necessidade.</p><p>Obs: Por ter sido motivo da salvação de um bem jurídico, tais delitos têm pena reduzida de 1/3</p><p>a 2/3.</p><p>Formas de estado de necessidade:</p><p>a) Próprio: Defende direito próprio;</p><p>b) Terceiro: Defende direito de terceiro;</p><p>33 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>c) Real: a situação de perigo é real;</p><p>d) Putativo: O agente imagina situação de perigo que não existe;</p><p>e) Defensivo: A agressão dirige-se contra o provocador dos fatos;</p><p>f) Agressivo: O agente destrói bem de terceiro inocente.</p><p>Obs: Os crimes habituais, permanentes e reiterações criminosas não se valem do estado de</p><p>necessidade.</p><p>Obs2: A miserabilidade não é aceita pela jurisdição dominante como causa excludente.</p><p>Somente em casos extremos.</p><p>Obs3: Não se pode portar armar alegando ser estado de necessidade transitar por áreas</p><p>perigosas.</p><p>Legítima defesa</p><p>34 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Conceito: É uma das causas que excluem a ilicitude da conduta. Consiste em defender-se ao</p><p>repelir agressão injusta atual ou iminente, a direito próprio ou alheio, usando de modo</p><p>moderado os meios necessários.</p><p>Requisitos: Agressão injusta, atual ou iminente; a direito próprio dou de terceiro; repulsa com</p><p>meios necessários; uso moderado de tais meios; conhecimento da situação justificante.</p><p>Obs: Agressão só pode vir de um ser humano. Defender-se de um animal é estado de</p><p>necessidade, a menos que este tenha sido atiçado por uma pessoa a atacar.</p><p>Obs2: Defender-se de inimputáveis (bêbados, menores de 18, etc.) é considerado legítima</p><p>defesa.</p><p>Obs3: A provocação, dependendo da intensidade, pode ser considerada uma agressão.</p><p>Entretanto, nesses casos, a legítima defesa não pode ser de um nível exagerado (como matar).</p><p>Obs4: Aceitar duelo ou briga não caracteriza legítima defesa.</p><p>Hipóteses de cabimento da legítima defesa:</p><p>35 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>a) Legítima defesa contra agressão injusta de inimputável;</p><p>b) Contra agressão acobertada por qualquer outra causa de exclusão da ilicitude, ou seja, o</p><p>agressor não reconhece o caráter criminoso do seu ato;</p><p>c) Real contra legítima defesa putativa: Quando o agressor imagina estar sendo ele a</p><p>vítima de agressão injusta;</p><p>d) Putativa contra putativa: Depende das circunstâncias, podendo haver erro de tipo;</p><p>e) Real contra subjetiva: Ocorre quando o agredido se exalta e extrapola a legítima defesa,</p><p>passando a ser o agressor. O agredido (que antes era i agressor) tem o direito de se defender;</p><p>f) Putativa contra real: Ocorre quando um está se defendendo, mas o outro pensa estar</p><p>sendo agredido ou quando alguém vê uma pessoa sendo agredida e vai defende-la quando na</p><p>verdade esta foi a causadora da agressão.</p><p>Hipóteses de não cabimento da legítima defesa: Ocorrem quando, na verdade, não houve</p><p>agressão injusta.</p><p>36 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>a) Legítima defesa real contra real;</p><p>b) Real contra estado de necessidade real;</p><p>c) Real contra exercício regular de direito;</p><p>d) Real contra estrito cumprimento do dever legal.</p><p>Agressão atual: Aquela que está acontecendo. A defesa é possível a qualquer momento. É a</p><p>agressão dos crimes permanentes, como o seqüestro.</p><p>Agressão iminente: É a agressão que está preste a ser feita. A pessoa tem o direito de se</p><p>defender antes que ela aconteça, pois seria ilógico a pessoa esperar ser agredida para poder</p><p>se defender.</p><p>Agressão futura: É aquela em que uma pessoa ameaça a outra. Não é causa de exclusão da</p><p>ilicitude.</p><p>37 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Agressão passada: É a que já foi executada. O que ocorre nesses casos não é legítima</p><p>defesa, e sim vingança.</p><p>Legítima defesa da honra: Estando a honra tutelada pelo ordenamento jurídico, ela pode</p><p>estar sujeita à figura da legítima defesa. Entretanto, assim como todos os casos de legítima</p><p>defesa, deve haver proporcionalidade entre a ofensa e a repulsa.</p><p>Meios necessários: É o instrumento menos lesivo que a pessoa tem a sua disposição para</p><p>defender uma agressão com eficácia. Ex: Entre uma arma e um bastão de beisebol, o segundo</p><p>é o meio necessário para defender-se de um assalto à arma branca.</p><p>Moderação: É o emprego dos meios necessários na quantidade suficiente para a contenção</p><p>da agressão.</p><p>Conhecimento da situação justificante: O agredido deve pretender se defender quando</p><p>também agredi. Se, na verdade, pretendia cometer um crime, a legítima defesa fica</p><p>descaracterizada.</p><p>38 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Commodus discessus: A CP não determina a obrigatoriedade de não haver nenhum outro</p><p>meio para poder valer-se da legítima defesa, diferentemente do estado de necessidade. Esta</p><p>pode ser utilizada sempre que a pessoa</p><p>for agredida.</p><p>Excesso: É a intensidade desnecessária da legítima defesa.</p><p>Excesso doloso ou consciente: Quando a pessoa aproveita-se da legítima defesa para</p><p>injuriar o agressor. Nesses casos a pessoa responde pelo excesso. Ex: Aquele que mata o</p><p>agressor que lhe desferiu um soco responde por homicídio doloso.</p><p>Excesso exculpante: Ocorre na legítima defesa subjetiva, quando a pessoa acredita ainda</p><p>estar sofrendo agressão após o término dessa. Como não há dolo nem culpa,</p><p>descaracteriza-se o fato típico.</p><p>Aberratio ictus: É quando acontece um erro de execução da</p><p>legítima defesa. Ex: “B”, defendendo-se de “A”, atira com sua</p><p>arma e acaba acertando “C”, um terceiro inocente. “B” responderá</p><p>como se tivesse atingindo “A”.</p><p>39 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Estrito cumprimento do dever legal</p><p>Conceito: Causa excludente da ilicitude. Quando uma pessoa tem o dever de fazer algo que é,</p><p>ao mesmo tempo, tipificado no CP. Ex: Policial que priva a liberdade dos criminosos.</p><p>Obs: A pessoa deve seguir estritamente o dever legal (o definido em lei) para excluir-se da</p><p>ilicitude. Qualquer abuso será respondido criminalmente.</p><p>Obs2: Não existe co-autoria nesses casos por não existir nem mesmo o crime. Somente se o</p><p>co-autor não tiver o conhecimento da situação justificante, isto é, quando atua visando tal fim, é</p><p>que este responderá pelo crime (bem como o autor no mesmo caso).</p><p>Exercício regular de direito</p><p>Conceito: É quando a pessoa tem como exercício, conferido pelo ordenamento jurídico,</p><p>conduta geralmente considerada típica.</p><p>Internação médica ou cirúrgica: O médico tem a liberdade de causar danos (como amputar</p><p>40 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>membros) como parte do tratamento de pacientes.</p><p>Violência desportiva: A agressão é permitida desde que seja cometida “dentro dos limites do</p><p>esporte ou de seus desdobramentos previsíveis”. Um soco no boxe é aceitável; já no futebol,</p><p>não.</p><p>Ofendículos: São os equipamentos colocados para a proteção da posse, como cercas</p><p>elétricas. Quando sinalizadas excluem a ilicitude de quem as colocou caso num acidente.</p><p>Quando não, estando praticamente ocultas, caracteriza-se uma defesa mecânica predisposta,</p><p>o que acarreta num abuso de poder. Nesses casos a pessoa responde por crime doloso,</p><p>mesmo que o ofendículo não atinja o “alvo” planejado.</p><p>Consentimento do ofendido:</p><p>a) Irrelevância penal: em alguns casos, como o homicídio (devido a sua gravidade), o</p><p>consentimento do ofendido é irrelevante;</p><p>b) Causa da exclusão da tipicidade: No caso do furto, só caracterizar-se-á o tipo penal se</p><p>aquele que teve o objeto subtraído manifestar seu consentimento sobre o furto;</p><p>41 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>c) Causa de exclusão da ilicitude: É o caso do dano, no qual o crime existe</p><p>independentemente, mas sua ilicitude só será definida pelo consentimento do ofendido;</p><p>d) Operações cirúrgicas: O consentimento nesses casos é dispensável nas situações de</p><p>emergência. Há a exclusão da ilicitude;</p><p>e) Consentimento da vítima nos casos culposos: Exclui a ilicitude do causador do delito,</p><p>pois a vítima assume toda a responsabilidade. Entretanto, a pessoa continua tendo o dever</p><p>jurídico de socorrer caso seja necessário.</p><p>Obs: Nos crimes de ação penal exclusivamente privada ou pública condicionada à</p><p>representação, o consentimento extingue a punibilidade, causando a persecutio criminis. Nos</p><p>crimes de ordem pública e contra os bons costumes, isso não acontece, pouco importando o</p><p>consentimento.</p><p>*Acadêmico de Direito na UFSC</p><p>Obs.: Esse texto foi produzido baseado em grandes cátedros do Direito Penal, tais como</p><p>42 / 43</p><p>Direito Penal - Parte Geral IV</p><p>Escrito por Otávio Minatto</p><p>Dom, 01 de Junho de 2008 21:03</p><p>Fernando Capez, Mirabete, Damásio de Jesus</p><p>Compare preços de Dicionários Jurídicos , Manuais de Direito e Livros de Direito .</p><p>43 / 43</p><p>http://compare.buscape.com.br/categoria?id=3482&lkout=1&kw=dicionario+juridico&site_origem=1429806</p><p>http://compare.buscape.com.br/categoria?id=3482&lkout=1&kw=manual+de+direito&site_origem=1429806</p><p>http://compare.buscape.com.br/categoria?id=3482&lkout=1&kw=livro+digital&site_origem=1429806</p>