522862437-A-Cicatriz-Ilan-Brenman_240513_213119 (1)

Prévia do material em texto

<p>Brenman PNLD Literário Ensino Fundamental FNDE MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO Ilustrações de lonit Zilberman EDITORA BONIFÁCIO</p><p>Cara leitora, caro leitor, Você tem alguma cicatriz? Já imaginou que uma cicatriz pode deixar outras marcas nas pessoas, além daquelas visíveis na pele? Pois é, a história que Silvinha vai nos contar tem tudo a ver com esse tema. Depois de saber que vai ficar com uma cicatriz no queixo para o resto da vida, Silvinha descobre que podem existir experiências surpreendentes por trás dessas marcas. Ouvindo os relatos de seus familiares - e até de seu médico! - sobre as cicatrizes que ganharam ao longo da vida, ela vai conhecendo melhor a história de sua família e acaba refletindo sobre sua própria origem e identidade. Susto, dor, medo, curiosidade, se sentir cuidado e acolhido... Esses são alguns dos sentimentos e das sensações que se misturam neste conto e que são muito conhecidos das crianças. Afinal, quem nunca caiu e se machucou? Então, ao ler este livro, procure ficar atento tanto ao texto escrito como às imagens, para perceber como esses sentimentos são expressos pela Silvinha - assim você vai poder se inspirar e pensar sobre a sua história e a das pessoas com quem convive. Boa leitura!</p><p>ILAN BRENMAN de lonit Zilberman EDITORA</p><p>Para o monstro que gosta de mágica (e de atravessar paredes). I.Z. Copyright do texto 2018 by llan Brenman Copyright das ilustrações 2018 by lonit Zilberman Grafia atualizada segundo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. COMPOSIÇÃO: Geane Mantovani PREPARAÇÃO: Ana Maria Alvares REVISÃO: Adriana Moreira Pedro Andressa Bezerra da Silva Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica llacqua CRB-8/7057 Brenman, A cicatriz / llan Brenman ; ilustrações de lonit Zilberman. - ed. - São Paulo : Editora Bonifácio, 2018. ISBN 978-85-45553-04-5 1. Literatura infantojuvenil Título. II. Zilberman, lonit. 10-04913 CDD-028.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Literatura infantil 028.5 2. Literatura infantojuvenil 028.5 "Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada." 2019 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA BONIFÁCIO LTDA. Rua Bandeira Paulista, 702 - cj.71 04532-002 - São Paulo - SP Telefone:</p><p>Silvinha foi pegar o travesseiro que havia caído no chão. De repente: - Al! MAMÃE! PAPAI! 5</p><p>Os pais vieram rápido e viram a menina no chão com o queixo sangrando. o pai a pegou no colo e levou-a até a cozinha. Lá estancou o sangramento com uma toalha e pressionou o machucado com gelo. Depois que o sangue parou de sair, os pais perceberam que teriam de ir ao pronto-socorro - o corte era profundo e ela teria de levar alguns pontos no local. 6</p><p>7</p><p>8</p><p>Silvinha estava mais calma, mas, quando ouviu a palavra "hospital", logo começou a perguntar o que ia fazer lá. A mãe respondeu que o queixo dela estava aberto e teria que ser fechado. - Meu queixo vai cair? 9</p><p>- Não, querida. Você vai apenas fechar o corte que fez - disse o pai. - Eu vou ficar feia para sempre! - gritou Silvinha. 10</p><p>11</p><p>A mãe abraçou a filha e mostrou uma cicatriz que tinha na testa. - Quase todo mundo tem uma cicatriz no corpo. Na hora em que machucamos parece o fim do mundo. Depois percebemos que cada marca conta uma história.</p><p>E como aconteceu isso, mãe? - disse mãe. a menina, - passando o dedo na cicatriz da No carro eu te conto. - Os três entraram - no carro e foram em direção ao hospital. 13</p><p>A mãe então contou que, quando era criança, adorava ser girada pelos braços. Um dia, um primo dela a girou com tanta força que ela saiu voando e bateu a cabeça num armário. Foram quatro pontos na testa.</p><p>No hospital, Silvinha foi atendida por um médico alto e gordo, que tinha uma cicatriz na bochecha. A menina não conseguia tirar os olhos daquela marca. Quando ele começou a pegar seus instrumentos, Silvinha desatou a chorar: - Não quero costurar nada! Quero ir embora!</p><p>o pai então se aproximou e mostrou a ela o dedo mindinho da mão direita dele. vendo essa cicatriz? Silvinha parou de chorar. Eu a fiz quando tinha sua idade. Foi quando de um balanço - continuou o pai. 2 4</p><p>- Doeu muito, pai? - perguntou Silvinha. - Na hora doeu, mas nunca deixei de subir num balanço por causa disso.</p><p>médico queria começar a costurar o queixo de Silvinha, mas ela olhou novamente para a bochecha dele e disparou: - E como você fez essa cicatriz? o médico deu um sorriso e contou que, quando era criança, adorava subir nas árvores do sítio do avô. Certa vez, ele tentou pegar uma maçã, se desequilibrou e caiu de uma árvore bem alta. Esta cicatriz é especial, gosto muito dela - disse o médico. - Gosta? Como assim? - perguntou Silvinha. 20</p><p>- É que ela sempre me faz lembrar os momentos maravilhosos que vivi no sítio do meu as brincadeiras, as comidas, os animais. Mas agora vamos costurar esse queixo - disse o médico, que havia gostado de contar a história da sua cicatriz. 2 21</p><p>Silvinha, já mais tranquila, olhou para os pais e disse: - Vocês seguram a minha mão? pai e a mãe se aproximaram e seguraram bem forte as mãos da filha. Na hora em que o médico anestesiou o machucado, Silvinha chorou um pouco, mas depois a dor sumiu, e o médico pôde fazer seu trabalho. Ela ganhou cinco pontos no queixo, um a mais do que a mãe.</p><p>Um enfermeiro fez um curativo no queixo da menina, e antes de ir embora o médico se abaixou e falou pertinho do ouvido dela: - Obrigado por ter me perguntado sobre a minha cicatriz. Assim que eu chegar em casa, vou procurar as fotos do sítio do meu avô. Quando você crescer, sua cicatriz também vai contar uma história. 4 3 . 2 1 5 23</p><p>No dia seguinte, Silvinha pediu à mãe que ligasse para um monte de gente da família. Ela falou com os tios, primos e primas, e para todos fazia a mesma pergunta: - Você tem alguma cicatriz? 24</p><p>25</p><p>Ela descobriu que o avô tinha uma cicatriz na cabeça, da época da guerra: ele havia escapado de uma explosão, mas um estilhaço o atingira. Silvinha nunca ouvira essa história. Ela também descobriu que a tia tinha uma cicatriz no joelho, consequência de um simples jogo de queimada. A menina ficou impressionada que a tia também tivesse jogado queimada. Os primos e as primas contaram várias histórias sobre suas cicatrizes. 26</p><p>Silvinha, então, passou a mão no curativo do seu queixo e disse: - Minha cicatriz também vai contar uma história! 27</p><p>SOBRE o AUTOR Sou pai de duas lindas e sapecas meninas, Lis e Iris, que são fontes inesgotáveis de inspiração. Elas nasceram em São Paulo, eu nasci em Israel, meus pais na Argentina e meus avós na Rússia e na Polônia - que confusão! Mas ainda tem mais: minha linda esposa, Tali, também nasceu em Israel e seus pais nasceram na Bulgária. Acho que é por isso que gosto de contar histórias de todas as par- tes do mundo. Além de contar histórias, fiz mestrado e doutorado na USP e me dedico a falar e a escrever sobre a importância da lite- ratura na vida das pessoas. Publiquei mais de trinta livros (alguns premiados), entre eles Telefone sem fio e Meu filho pato, que orga- nizei. Para saber mais sobre mim, visite meu site: www.ilan.com.br.</p><p>SOBRE A ILUSTRADORA Nasci em Tel Aviv e vim para São Paulo, com meus pais, aos seis anos de idade. Aqui me alfabetizei, fiz amigos, tomei alguns tom- bos, como todo mundo. Mais tarde, me em artes plásticas na FAAP, trabalhei numa livraria, ilustrei revistas e livros infantis. Atualmente, tenho mais de vinte livros publicados, entre eles Zoo zureta, do Fabrício Corsaletti, e Até as princesas soltam pum, também em parceria com o llan Brenman, que escreveu esta histó- ria sobre a Silvinha. Desenhar é meu jeito de contar histórias, mas pode ser também pintar, cortar, colar, costurar. Há alguns anos, andando de bicicleta no parque, tomei um tom- bo, caí de cara no chão. Doeu bastante, depois sarou. Levei muito tempo para tomar coragem e voltar a subir na magrela. Essa cica- triz também faz parte das histórias que eu conto. E ela está aqui, neste livro.</p><p>Cara leitora, caro leitor, Depois da leitura, certamente você também ficou com vontade de investigar entre seus familiares e amigos as muitas histórias que se escondem por trás das cicatrizes, não é mesmo? Como você pode ter notado, o conto narra a primeira experiência de uma menina com um machucado que vai lhe render uma cicatriz para o resto da vida. Essa experiência permite que ela se perceba e questione sobre si e sobre os outros. Apesar de ser uma história ficcional, isto é, uma história inventada, ela foi construída com base em acontecimentos comuns na vida de qualquer criança. Em sua biografia, o autor diz que tem duas filhas e que elas são fontes inesgotáveis de inspiração. Pode ser que Silvinha tenha sido inspirada em uma delas - por vezes os autores se baseiam em pessoas da vida real para criar um personagem. Por narrar um acontecimento tão próximo das crianças, A cicatriz é um conto que pode ser lido por estudantes do ao 3° ano do Ensino Fundamental. Outra característica deste livro é que o trabalho da ilustradora é tão importante e inventivo quanto o de quem escreve a história, pois ambos estão juntos comunicando ideias. No caso do escritor Brenman e da ilustradora lonit Zilberman, essa parceria acontece desde 2007 e se deu também em outras obras. E o curioso é que os dois nasceram em Israel, são descendentes de russos e poloneses e vieram para o Brasil aos seis anos de idade! E eles nem tinham ideia dessas coincidências até começarem a trabalhar juntos. Segundo lonit, é um desafio ilustrar as cenas cotidianas que descreve, pois as imagens devem dialogar com o que o texto diz - observe, por exemplo, a expressão de Silvinha quando imagina que seu queixo vai cair (p. 8). Volte ao livro e aprecie essa relação, percebendo outras passagens em que há essa conversa entre as imagens e as palavras escritas.</p><p>Esta obra foi composta em ATRotis Sans Serif e impressa pela Log Et Print Gráfica e Logística S.A., inscrita no CNPJ sob n° 66.079.609/0001-06, em ofsete sobre papel cuchê fosco da Suzano Papel e Celulose para a Editora Bonifácio em janeiro de 2019 A marca é a garantia de que a madeira utilizada na fabricação do papel deste livro provém de florestas que foram gerenciadas de maneira ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável, além de outras fontes de origem controlada.</p><p>Eu li, gostei e recomendo! Conte para seu amigo e para sua família sobre que você mais gostou no seu livro. Lembre-se, na biblioteca da sua escola tem mais... Boa leitura! Silvinha caiu da cama no meio da noite e se machu- cou feio. Tomou um sustão ao saber que precisaria ir ao hospital para que um médico costurasse seu queixo. Mas como assim? que será que iria acontecer com ela? Conversando com os pais, Silvinha descobre que que vai ganhar é uma CICATRIZ, e para a vida inteira. A novidade deixa a menina tão empolgada que ela re- solve investigar as cicatrizes de toda a família dela. E quanta história interessante ela conheceu! Aliás, você também deve ter a sua... ISBN 978-85-45553-04-5</p>