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<p>Ensaios de</p><p>Antropologia</p><p>Responsável pelo Conteúdo:</p><p>Prof. Dr. Edgar da Silva Gomes</p><p>Revisão Textual:</p><p>Prof. Me. Luciano Vieira Francisco</p><p>Sociedade como Totalidade</p><p>Sociedade como Totalidade</p><p>• Conhecer temas importantes para a reflexão antropológica;</p><p>• Entender o conceito de sociedade no desenvolvimento da Antropologia;</p><p>• Compreender o homem e as suas relações sociais.</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZADO</p><p>• Introdução;</p><p>• Os Dois Sentidos de Sociedade;</p><p>• Os Evolucionistas Culturais.</p><p>UNIDADE Sociedade como Totalidade</p><p>Contextualização</p><p>O impacto das relações sociais, o comportamento humano e o encontro com o outro</p><p>trazem questionamentos desde os tempos mais remotos da vida humana. Essa é uma</p><p>preocupação que remonta à Antiguidade Clássica. Podemos nos certificar disso lendo os</p><p>antigos escritos de gregos como Heródoto e Aristóteles, e de romanos como Lucrécio e</p><p>Tácito, entre outros.</p><p>Alguns filósofos e historiadores da Antiguidade e, assim como outros que vieram</p><p>depois, na Idade Média como, por exemplo, Agostinho, já faziam suas “reflexões antro-</p><p>pológicas”. Agostinho comparava a sociedade pagã ao estilo de vida cristão, colocando</p><p>os cristãos como modelo de sociedade perfeita a ser seguida.</p><p>Com o “boom” da Revolução Industrial e a mudança do paradigma de sociedade,</p><p>que passou a ser menos teocêntrica, isto é, voltada para Deus, tornou-se antropocêntrica,</p><p>ou seja, buscava entender o homem e as sociedades humanas, surgindo, assim, as Ciên-</p><p>cias Humanas e entre elas a Antropologia.</p><p>Ao derrubar o domínio da Igreja sobre os Estados, foram permitidas novas especu-</p><p>lações a respeito dos significados da vida humana e os sentidos do Universo, saberes</p><p>anteriormente proibidos pela religião.</p><p>Figura 1</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>8</p><p>9</p><p>Introdução</p><p>As primeiras formas de se entender o homem e a sociedade, no mundo moderno, par-</p><p>tiam do princípio de que os seres humanos estavam em um longo processo de evolução e</p><p>de que cada sociedade seguia diferentes ritmos de desenvolvimento, começando na selva-</p><p>geria de alguns grupos africanos e indígenas, seguindo até atingir a civilização europeia!</p><p>Foi essa sociedade com princípio único que os primeiros antropólogos adotaram</p><p>como ponto de partida, no início do século XIX. Quer dizer que, para eles, a sociedade</p><p>tem um mesmo começo comum e evoluem a partir dele – da selvageria à civilização.</p><p>No século XIX, aqueles homens que se ocupavam dessa ciência o faziam de suas</p><p>salas de estudos e bibliotecas acadêmicas, informados por documentos das conquistas</p><p>ultramarinas e, posteriormente, pelo relato de cidadãos que imigraram do Continente</p><p>europeu neocolonialista do século XIX, ocupando continentes como a África, Ásia e</p><p>Oceania e, por isso, obtinham informações mais confiáveis do que aquelas dos relatos</p><p>dos viajantes dos séculos precedentes. Essa distância do lugar pesquisado, chamado tam-</p><p>bém de “campo de pesquisa”, ajudou a forjar inúmeros mitos e preconceitos. Segundo a</p><p>professora Claudia Gouveia (2011), da Universidade Federal de Pernambuco:</p><p>Marcando o período da conquista colonial, no século XIX imigrantes</p><p>europeus povoam a África, Austrália, Índia e Nova Zelândia, servindo</p><p>como informantes sobre essas localidades, então o antropólogo passa</p><p>a refletir sobre estes povos a partir dos dados recebidos dessa rede de</p><p>informações, nascendo as primeiras obras. Com objetivos ambiciosos os</p><p>estudiosos pioneiros acreditaram estar produzindo um “corpus etnográ-</p><p>fico da humanidade”, mudando o centro das atenções dos indígenas, no</p><p>século XVIII, para o “primitivo” considerado o ancestral do civilizado,</p><p>propiciando a relação entre a Antropologia e o estudo do primitivo o</p><p>conhecimento sobre a origem da humanidade que teria passado das for-</p><p>mas simples de organização social e de mentalidade para as formas mais</p><p>complexas que seriam as da sociedade “civilizada”.</p><p>Você Sabia?</p><p>De fins do século XIX até o começo do século XX as nações colonizadoras, especialmente</p><p>o Império Britânico, nomeavam jovens linguistas, arqueólogos e, depois, antropólogos</p><p>para estudar a organização política de grupos africanos. Com isso, os britânicos usavam</p><p>esses conhecimentos contra os próprios grupos colonizados, explorando sua força de</p><p>trabalho e suas riquezas naturais com menos riscos de revolta nas colônias.</p><p>A Antropologia, enquanto disciplina, é uma ciência nova. Juntamente com as demais</p><p>“Ciências Humanas”, a Antropologia só encontrou seu lugar no campo acadêmico a</p><p>partir da segunda metade do século XIX.</p><p>A Antropologia é a Ciência que estuda o homem por inteiro, como um todo, pre-</p><p>ocupando-se com os vários aspectos da existência humana (GOUVEIA, 2011). Como</p><p>Foucault nos mostra na obra As palavras e as coisas (1966), foi apenas quando a</p><p>9</p><p>UNIDADE Sociedade como Totalidade</p><p>Europa desenvolveu uma forma específica de pensamento sobre o homem que foi pos-</p><p>sível o surgimento dessas ciências.</p><p>Assim, entender a história da Antropologia é compreender a constituição desse pen-</p><p>samento, que se estabeleceu a partir do contato com grupos humanos de fora da Europa,</p><p>isto é, do contato com outras formas de os homens viverem em sociedade. Da curio-</p><p>sidade e dos relatos dos viajantes europeus que iam a diversas partes do mundo, des-</p><p>crevendo paisagens e formas de se relacionar nas mais diferentes sociedades, passando</p><p>pelo desenvolvimento de muitas Ciências e ao aparecimento do positivismo e darwinismo</p><p>(LAPLANTINE, 1999), é preciso que se perceba o ponto onde se encontram essas di-</p><p>versas formas de conhecimentos para dar origem à disciplina Antropologia e estabelecer</p><p>o rastreamento dos diferentes significados que assumem alguns conceitos importantes</p><p>do pensamento ocidental – tais como homem, cultura e sociedade. Trata-se do desen-</p><p>volvimento de uma ciência que esteja sempre em movimento e para o balanço crítico do</p><p>que temos produzido e para entendermos a importância disso para nos conhecermos um</p><p>pouco mais.</p><p>Assim, nesta oportunidade nos debruçaremos mais especificamente sobre o con-</p><p>ceito de sociedade. Começaremos vendo, a partir do texto intitulado O conceito de</p><p>sociedade em Antropologia, de Eduardo Viveiros de Castro (2002) os dois sentidos</p><p>que se apresentavam tantas vezes de modo controverso. Veremos um sentido mais</p><p>geral de sociedade, ou sociedade como unidade, e um sentido mais particular, ou</p><p>sociedades, no plural.</p><p>Depois, focaremos especificamente no primeiro sentido, buscando compreender</p><p>como aparecia nos primeiros anos da Antropologia enquanto disciplina, fazendo uma</p><p>leitura dos três principais antropólogos da época: Morgan, Tylor e Frazer, todos filiados</p><p>ao evolucionismo cultural.</p><p>Século 19, África-reunião no Congo, disponível em: https://bit.ly/2LxBgkv</p><p>Os Dois Sentidos de Sociedade</p><p>Eduardo Viveiros de Castro (2002), ao escrever sobre as diversas definições do con-</p><p>ceito de sociedade em Antropologia, depara-se com uma diferença fundamental do</p><p>termo para os antropólogos: dois sentidos de “sociedade” teriam sido polarizados ao</p><p>longo do tempo: um presente principalmente nos</p><p>anos de formação da Antropologia e retomado</p><p>muitos anos depois, e um segundo presente com</p><p>maior intensidade nos anos que vieram depois do</p><p>evolucionismo cultural e que permaneceu até as</p><p>décadas de 1940 e 1950.</p><p>No primeiro sentido que o autor atribui ao conceito de sociedade, ela é entendida</p><p>como “[...] condição universal da vida humana [...]”, (CASTRO, 2002, p. 297) isto é, não</p><p>Aqui, fundamental é, ao mesmo</p><p>tempo, o que subjaz a essa disci-</p><p>plina e o que está em seu início.</p><p>10</p><p>11</p><p>apenas a vida em sociedade é uma característica universal dos seres humanos, como é</p><p>o que torna possível a própria vida humana. Para essa definição existiriam pelo menos</p><p>duas interpretações:</p><p>Em uma primeira interpretação, a sociedade seria algo que estaria presente como</p><p>característica evolutiva do Homo Sapiens e, dessa forma, estaria presente em todos os</p><p>seres humanos de todos os lugares, em todos os tempos, desde que passou a existir, ou</p><p>seja, “universalmente”. Assim, essa interpretação</p><p>parecidas com as de Morgan,</p><p>sua importância está na inauguração desse tipo de possibilidade de atuação na Acade-</p><p>mia Inglesa. Por sua influência em sua época e em seu país, foi possível existir o autor</p><p>de que discorreremos agora.</p><p>Frazer, embora um tanto deslocado no tempo – sua fase áurea no desenvolvimento do</p><p>evolucionismo se deu quando esse pensamento começava a ter seu declínio nas Ciências</p><p>Humanas –, foi de importância fundamental para o desenvolvimento dos limites da</p><p>Antropologia de seu tempo. Para o autor, o papel da Antropologia Social (assim deno-</p><p>minada por ele) é, em primeiro lugar, diferenciando-se da Sociologia, estudar apenas</p><p>uma pequena parcela da humanidade, a saber, a primitiva. Em um segundo momento,</p><p>o estudo da Antropologia deve se direcionar à forma como sobrevivem, historicamente,</p><p>conteúdos mais primitivos até sociedades mais avançadas.</p><p>Sobre o primeiro ponto, o estudo da “humanidade primitiva”, trata-se fundamental-</p><p>mente de perceber onde estão os primórdios da humanidade, encontrados nos estágios</p><p>de selvageria e, assim, estabelecer leis que os coloquem em determinado grau de desen-</p><p>volvimento tanto material – por suas capacidades de produzir coisas –, quanto intelectual</p><p>– suas capacidades de representar coisas.</p><p>Assim, a primeira tarefa do antropólogo, para Frazer, é realizar uma espécie de</p><p>arqueologia das sociedades humanas vivas. Buscar no escopo existente de seres huma-</p><p>nos aqueles que se encontram no estágio mais primitivo e estudar lá “[...] a embriologia</p><p>16</p><p>17</p><p>do pensamento e das instituições humanas [... verificando] as crenças e costumes dos</p><p>selvagens” (FRAZER, 2005, p. 106).</p><p>A Arqueologia é uma disciplina que se ocupa da investigação dos indícios, ou vestígios, de</p><p>civilizações e culturas passadas. O termo é composto pelos radicais gregos Arkhé, que signi-</p><p>fica tanto “início/começo” quanto “ordem/organização”, e Logia, que significa, por sua vez,</p><p>“estudo/Ciência”. As investigações arqueológicas têm por objetivo principal fornecer subsí-</p><p>dios materiais, com datação temporal precisa, para a reconstrução do passado humano. Por</p><p>isso essa ciência é tão importante para outras disciplinas, como a História e a Antropologia.</p><p>Fonte: https://bit.ly/38NrK5P</p><p>Acerca do segundo ponto, mantendo a analogia com a Arqueologia, é possível dizer,</p><p>utilizando as palavras mesmas do autor, que se trata de estudar “[...] as relíquias dessas</p><p>crenças e costumes que sobreviveram como fósseis entre povos de cultura mais elevada”</p><p>(FRAZER, 2005, p. 106). Isto é, procura-se entender como algumas práticas passaram</p><p>de geração para geração, de estágio evolutivo para estágio evolutivo, dentro da história</p><p>da civilização, até chegarem no ponto onde estamos da humanidade.</p><p>[...] nessa descrição da esfera da Antropologia Social, está implícito que</p><p>os ancestrais das nações civilizadas um dia foram selvagens, e que trans-</p><p>mitiram – ou podem ter transmitido – a seus descendentes mais cultos</p><p>ideias e instituições que, embora incongruentes com contextos subse-</p><p>quentes, estavam perfeitamente de acordo com os modos de pensamento</p><p>e ação da sociedade mais rude na qual se originaram. Em suma, a defini-</p><p>ção pressupõe que a civilização, sempre e em toda parte, tem evoluído a</p><p>partir da selvageria. (FRAZER, 2005, p. 107)</p><p>A sociedade é apresentada, embora em particularidades locais, como possuindo uma</p><p>unidade evolutiva da espécie humana. Caminha em direção à civilização e provém da</p><p>selvageria. Roberto DaMatta (1987) sintetiza muito bem o evolucionismo com um quadro</p><p>de quatro ideias gerais caras a esses autores. Para ele, primeiramente, os evolucionistas</p><p>tendiam a selecionar arbitrariamente um aspecto do mundo social das culturas examina-</p><p>das e retirá-lo de seu contexto para a melhor análise. Em outras palavras, tratavam uma</p><p>série de eventos interconectados como entidades apartadas da totalidade e “[...] essa se-</p><p>paração do contexto é que vai permitir situar cada costume como sendo uma ilustração</p><p>crítica de momentos (ou estágios) sócio-culturais específicos” ( DAMATTA, 1987, p. 91).</p><p>Portanto, seria através dessa descontextualização que era possível classificar o “local” da</p><p>evolução a que pertenceria àquela cultura.</p><p>Contudo, essa ideia não se manteria se uma segunda ideia não estivesse subjacente a</p><p>ela: a de que os costumes, as práticas, teriam uma origem passível de ser estudada e tendo</p><p>uma origem, seria preciso admitir a existência de uma substância, uma essência desse cos-</p><p>tume ou prática que a individualiza e pode ser encontrada em nossas origens humanas, ou</p><p>estaria presente, em fase de desenvolvimento, nessas sociedades mais primitivas.</p><p>Dessa forma, a ideia de uma prática ou de fenômenos internos à sociedade (como</p><p>direito, religião, o mito etc.) – repare-se: trata-se da sociedade com uma unidade – pas-</p><p>sível de ser isolada e de ser encontrada em sua essência é que permitiu a ideia de sua</p><p>17</p><p>UNIDADE Sociedade como Totalidade</p><p>descontextualização em relação a outras práticas e ofereceu a possibilidade para classi-</p><p>ficar as culturas de acordo com seu estágio na evolução.</p><p>Como dito, e Roberto DaMatta (1987, p. 96) coloca muito bem, “[...] foram as dou-</p><p>trinas evolucionistas quem primeiro trataram de apresentar a sociedade como uma to-</p><p>talidade, uma universalidade”, isso porque – e esta é a terceira ideia – no evolucionismo</p><p>a sociedade se desenvolve em sentido linear e irreversível, onde cada cultura deverá</p><p>passar, necessariamente, pelos mesmos estágios e chegará, assim, até o estágio mais</p><p>avançado: a civilização. Os acontecimentos, dessa forma, são tomados ora como causas,</p><p>ora como consequências, de acordo com os pontos de vistas dos antropólogos.</p><p>Para DaMatta (1987, p. 95) “[...] junto com essa ideia de desenvolvimento linear,</p><p>temos a noção de progresso e a determinação. Assim, os sistemas envolvem do mais</p><p>simples para o mais complexo e do mais indiferente para o mais diferenciado, numa</p><p>escala irreversível”.</p><p>Figura 4</p><p>Fonte: Getty Images</p><p>Por fim, a quarta e última ideia característica do evolucionismo, de acordo com Roberto</p><p>DaMatta (1987, p. 98), diz respeito ao modo pelo qual os evolucionistas lidavam com a</p><p>diferença. Para ele, esses antropólogos usavam “[...] o velho modo de apresentar o que é</p><p>novo e o que é estranho, como se ele fosse velho e conhecido e, por meio disto, dar conta</p><p>de outros universos sociais como se eles fossem parte e parcela do nosso próprio passa-</p><p>do”. Em outras palavras, é colocado que no evolucionismo de Tylor, Morgan e Frazer, as</p><p>diferenças são reduzidas ou recolocadas num sistema onde os termos lhe são familiares ou</p><p>conhecidos. O outro, nesses autores, é visto a partir da lógica de quem vê – ou seja, eles</p><p>próprios –, colocando-se, desta forma, na posição historicamente privilegiada.</p><p>É importante, sobretudo, que não nos enganemos ao julgar os evolucionistas com</p><p>muita pressa. Esses autores eram herdeiros de uma tradição cientificista que não</p><p>tinha encontrado ainda grandes contestações nem dentro da própria Ciência, quem</p><p>dirá externa a ela. A crença de ter chegado num estágio mais avançado no conheci-</p><p>mento e aperfeiçoamento não tinha ainda sofrido o grande baque que foi a Primeira</p><p>Guerra Mundial.</p><p>18</p><p>19</p><p>Ademais, o projeto de tentar constituir uma ciência do homem que possuísse objetos</p><p>empíricos e não incorresse ao transcendentalismo da Filosofia, perseguiu e persegue a</p><p>Antropologia até hoje. Nesse sentido, por mais equivocada que tenha se provado a ex-</p><p>periência evolucionista, nela continha o gérmen de problemáticas ainda não resolvidas</p><p>nem na Antropologia, nem nas Ciências Humanas de modo geral. Contudo, é possível</p><p>dizer com alguma propriedade que muitas coisas mudaram. A própria forma de colocar</p><p>a questão da sociedade mudou muito, mesmo em se tratando da questão da sociedade</p><p>como unidade. Segundo Viveiros de Castro (2002, p. 313),</p><p>[...] a Antropologia Contemporânea tende a recusar posições essencialis-</p><p>tas ou teleológicas da sociedade como agência transcendente aos indiví-</p><p>duos. À sociedade como ordem</p><p>(instintiva ou institucional) dotada de ob-</p><p>jetividade de coisa, preferem-se noções como socialidade, que exprimiria</p><p>melhor o processo intersubjetivamente constituído da vida social.</p><p>Um grande exemplo disso é como Lévi-Strauss retomou, quase quarenta anos de-</p><p>pois, essa tentativa de estabelecer uma ciência que tenha no homem e nas relações so-</p><p>ciais seu objeto. Para isso, o autor recorreu à linguística estruturalista – outra Ciência que</p><p>se desenvolvia e começava influenciar fortemente o pensamento da época –, tentando</p><p>traçar analogias entre ligações de fonemas e relações de parentesco (LÉVI-STRAUSS,</p><p>2008), chegando à conclusão, em outra obra (LÉVI-STRAUSS, 2009), no sentido do</p><p>que unificava a sociedade, ou melhor, o que toda a sociedade tinha em comum seria a</p><p>presença de uma regra fundamental, uma proibição que estaria na origem da passagem</p><p>do homem, da natureza para a cultura: o tabu do incesto.</p><p>Com isso, o autor não quer mostrar que em todas as sociedades há proibição do ca-</p><p>samento entre membros da mesma família, como se poderia supor. Lévi-Strauss aponta</p><p>que independentemente da cultura e dos critérios que são utilizados para a classificação</p><p>e diferenciação interna da sociedade (laços de sangue, por clãs etc.), existe pelo menos</p><p>uma regra que em todas as culturas persiste: os casamentos sempre são regulamentados</p><p>através de critérios que apontam a diversidade de indivíduos com quem os membros de</p><p>determinado grupo podem se casar e, principalmente, com quem não podem.</p><p>Essa proibição original estaria no cerne de tudo o que se construiu como cultura na</p><p>sociedade humana. Embora, é preciso salientar, Lévi-Strauss não trabalhe mais com</p><p>as categorias “primitivo” e “civilizado” e se diferencie radicalmente do evolucionismo.</p><p>Para esse autor e para a esmagadora maioria dos antropólogos que vieram depois de</p><p>Malinowski, mas principalmente de Boas, essa diferença deixou de fazer sentido. Isso</p><p>está intimamente relacionado com a mudança na forma de conceber a sociedade.</p><p>A mudança da concepção de uma sociedade como unidade para sociedades, no plural,</p><p>significa bem mais do que uma modificação terminológica. Corresponde a uma maneira</p><p>toda nova de se pensar o outro e a relação entre antropólogo e grupo estudado. A partir</p><p>de Malinowski – com exceção de alguns poucos posteriormente a ele –, pesquisar outros</p><p>povos significa sair do gabinete e imergir naquela cultura, tentar entender como pensam</p><p>aqueles povos.</p><p>Ao conceito de sociedade, tornou-se central o de cultura. Porém, as especificidades</p><p>dessa mudança, bem como os debates que envolveram e ainda envolvem o conceito de</p><p>cultura em Antropologia é assunto bastante complexo.</p><p>19</p><p>UNIDADE Sociedade como Totalidade</p><p>Material Complementar</p><p>Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:</p><p>Livros</p><p>A expressão das emoções nos homens e nos animais</p><p>DARWIN, C. A expressão das emoções nos homens e nos animais. São Paulo:</p><p>Companhia de Bolso, 2018.</p><p>Filmes</p><p>A Caverna dos Sonhos Esquecidos</p><p>Direção: Werner Herzog, 2010.</p><p>Em 1994, um grupo de cientistas descobriu uma caverna perfeitamente preservada</p><p>por mais de 20 mil anos no sudoeste da França. Poucas pessoas tiveram acesso ao</p><p>local, um deles, o documentarista Werner Herzog, através de questionamentos a</p><p>vários cientistas e historiadores tenta desvendar os mistérios da humanidade. Com</p><p>exibição em 3D. Duração: 90 min.</p><p>https://youtu.be/kKRe6kMuKM8</p><p>Leitura</p><p>Lady Frazer e seu marido. Gênero e anomalia na história da Antropologia</p><p>SOBRAL, L. F. Lady Frazer e seu marido. Gênero e anomalia na história da An-</p><p>tropologia. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 54, nov. 2019.</p><p>https://bit.ly/38F5Kd8</p><p>Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia</p><p>STRATHERN, M. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia São</p><p>Paulo: Terceiro Nome, 2013.</p><p>https://bit.ly/3oLclZd</p><p>20</p><p>21</p><p>Referências</p><p>BENEDICT, R. O crisântemo e a espada. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.</p><p>BOAS, F. Antropologia cultural. Seleção de Celso Castro. 6. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2010.</p><p>CASTRO, C. Apresentação. In: ________. et al. Evolucionismo cultural. Rio de Janeiro:</p><p>Zahar, 2005.</p><p>COMTE, A.; MORAES FILHO, E. (Org.). Auguste Comte: Sociologia. 3. ed. São Paulo:</p><p>Ática, 1989.</p><p>DAMATTA, R. Relativizando: uma introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro:</p><p>Rocco, 1987.</p><p>DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes,</p><p>2007.</p><p>________. A divisão do trabalho social. 2. ed. Lisboa: Presença, 1984.</p><p>________; MAUSS, M. Algumas formas primitivas de classificação. In: DURKHEIM, E.;</p><p>RODRIGUES, J. A. Emile Durkheim: Sociologia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1993.</p><p>ENGELS, F. A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Rio de Janeiro:</p><p>Civilização Brasileira, 1975.</p><p>FOUCAULT, M. Les mots et les choses: une archeologie des Sciences Humaines.</p><p>Paris: Gallimard, 1966.</p><p>FRAZER, J. O escopo da Antropologia Social. In: CASTRO, C. et al. Evolucionismo</p><p>cultural. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.</p><p>GOUVEIA, C. S. C. Antropologia do Direito. [S.l.]: Faculdade de Ciências Humanas</p><p>de Pernambuco; Sopece, 2011.</p><p>LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1999.</p><p>LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. 5. ed. Petrópolis, RJ:</p><p>Vozes, 2009.</p><p>________. Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008.</p><p>________. Antropologia Estrutural dois. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993.</p><p>MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico ocidental. 2. ed. São Paulo: Abril, 1978.</p><p>MEAD, M. Sexo e temperamento. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.</p><p>MORGAN, L. A sociedade antiga. In: CASTRO, C. et al. Evolucionismo cultural. Rio de</p><p>Janeiro: Zahar, 2005.</p><p>TYLOR, E. A Ciência da cultura. In: CASTRO, C. et al. Evolucionismo cultural. Rio de</p><p>Janeiro: Zahar, 2005.</p><p>VIVEIROS DE CASTRO, E. B. O conceito de sociedade em Antropologia. In: A incons-</p><p>tância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2002.</p><p>21</p>parecidas com as de Morgan, 
sua importância está na inauguração desse tipo de possibilidade de atuação na Acade-
mia Inglesa. Por sua influência em sua época e em seu país, foi possível existir o autor 
de que discorreremos agora.
Frazer, embora um tanto deslocado no tempo – sua fase áurea no desenvolvimento do 
evolucionismo se deu quando esse pensamento começava a ter seu declínio nas Ciências 
Humanas –, foi de importância fundamental para o desenvolvimento dos limites da 
Antropologia de seu tempo. Para o autor, o papel da Antropologia Social (assim deno-
minada por ele) é, em primeiro lugar, diferenciando-se da Sociologia, estudar apenas 
uma pequena parcela da humanidade, a saber, a primitiva. Em um segundo momento, 
o estudo da Antropologia deve se direcionar à forma como sobrevivem, historicamente, 
conteúdos mais primitivos até sociedades mais avançadas.
Sobre o primeiro ponto, o estudo da “humanidade primitiva”, trata-se fundamental-
mente de perceber onde estão os primórdios da humanidade, encontrados nos estágios 
de selvageria e, assim, estabelecer leis que os coloquem em determinado grau de desen-
volvimento tanto material – por suas capacidades de produzir coisas –, quanto intelectual 
– suas capacidades de representar coisas. 
Assim, a primeira tarefa do antropólogo, para Frazer, é realizar uma espécie de 
arqueologia das sociedades humanas vivas. Buscar no escopo existente de seres huma-
nos aqueles que se encontram no estágio mais primitivo e estudar lá “[...] a embriologia 
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do pensamento e das instituições humanas [... verificando] as crenças e costumes dos 
selvagens” (FRAZER, 2005, p. 106).
A Arqueologia é uma disciplina que se ocupa da investigação dos indícios, ou vestígios, de 
civilizações e culturas passadas. O termo é composto pelos radicais gregos Arkhé, que signi-
fica tanto “início/começo” quanto “ordem/organização”, e Logia, que significa, por sua vez, 
“estudo/Ciência”. As investigações arqueológicas têm por objetivo principal fornecer subsí-
dios materiais, com datação temporal precisa, para a reconstrução do passado humano. Por 
isso essa ciência é tão importante para outras disciplinas, como a História e a Antropologia.
Fonte: https://bit.ly/38NrK5P
Acerca do segundo ponto, mantendo a analogia com a Arqueologia, é possível dizer, 
utilizando as palavras mesmas do autor, que se trata de estudar “[...] as relíquias dessas 
crenças e costumes que sobreviveram como fósseis entre povos de cultura mais elevada” 
(FRAZER, 2005, p. 106). Isto é, procura-se entender como algumas práticas passaram 
de geração para geração, de estágio evolutivo para estágio evolutivo, dentro da história 
da civilização, até chegarem no ponto onde estamos da humanidade.
[...] nessa descrição da esfera da Antropologia Social, está implícito que 
os ancestrais das nações civilizadas um dia foram selvagens, e que trans-
mitiram – ou podem ter transmitido – a seus descendentes mais cultos 
ideias e instituições que, embora incongruentes com contextos subse-
quentes, estavam perfeitamente de acordo com os modos de pensamento 
e ação da sociedade mais rude na qual se originaram. Em suma, a defini-
ção pressupõe que a civilização, sempre e em toda parte, tem evoluído a 
partir da selvageria. (FRAZER, 2005, p. 107)
A sociedade é apresentada, embora em particularidades locais, como possuindo uma 
unidade evolutiva da espécie humana. Caminha em direção à civilização e provém da 
selvageria. Roberto DaMatta (1987) sintetiza muito bem o evolucionismo com um quadro 
de quatro ideias gerais caras a esses autores. Para ele, primeiramente, os evolucionistas 
tendiam a selecionar arbitrariamente um aspecto do mundo social das culturas examina-
das e retirá-lo de seu contexto para a melhor análise. Em outras palavras, tratavam uma 
série de eventos interconectados como entidades apartadas da totalidade e “[...] essa se-
paração do contexto é que vai permitir situar cada costume como sendo uma ilustração 
crítica de momentos (ou estágios) sócio-culturais específicos” ( DAMATTA, 1987, p. 91). 
Portanto, seria através dessa descontextualização que era possível classificar o “local” da 
evolução a que pertenceria àquela cultura.
 Contudo, essa ideia não se manteria se uma segunda ideia não estivesse subjacente a 
ela: a de que os costumes, as práticas, teriam uma origem passível de ser estudada e tendo 
uma origem, seria preciso admitir a existência de uma substância, uma essência desse cos-
tume ou prática que a individualiza e pode ser encontrada em nossas origens humanas, ou 
estaria presente, em fase de desenvolvimento, nessas sociedades mais primitivas.
Dessa forma, a ideia de uma prática ou de fenômenos internos à sociedade (como 
direito, religião, o mito etc.) – repare-se: trata-se da sociedade com uma unidade – pas-
sível de ser isolada e de ser encontrada em sua essência é que permitiu a ideia de sua 
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UNIDADE Sociedade como Totalidade
descontextualização em relação a outras práticas e ofereceu a possibilidade para classi-
ficar as culturas de acordo com seu estágio na evolução.
Como dito, e Roberto DaMatta (1987, p. 96) coloca muito bem, “[...] foram as dou-
trinas evolucionistas quem primeiro trataram de apresentar a sociedade como uma to-
talidade, uma universalidade”, isso porque – e esta é a terceira ideia – no evolucionismo 
a sociedade se desenvolve em sentido linear e irreversível, onde cada cultura deverá 
passar, necessariamente, pelos mesmos estágios e chegará, assim, até o estágio mais 
avançado: a civilização. Os acontecimentos, dessa forma, são tomados ora como causas, 
ora como consequências, de acordo com os pontos de vistas dos antropólogos.
Para DaMatta (1987, p. 95) “[...] junto com essa ideia de desenvolvimento linear, 
temos a noção de progresso e a determinação. Assim, os sistemas envolvem do mais 
simples para o mais complexo e do mais indiferente para o mais diferenciado, numa 
escala irreversível”. 
Figura 4
Fonte: Getty Images
Por fim, a quarta e última ideia característica do evolucionismo, de acordo com Roberto 
DaMatta (1987, p. 98), diz respeito ao modo pelo qual os evolucionistas lidavam com a 
diferença. Para ele, esses antropólogos usavam “[...] o velho modo de apresentar o que é 
novo e o que é estranho, como se ele fosse velho e conhecido e, por meio disto, dar conta 
de outros universos sociais como se eles fossem parte e parcela do nosso próprio passa-
do”. Em outras palavras, é colocado que no evolucionismo de Tylor, Morgan e Frazer, as 
diferenças são reduzidas ou recolocadas num sistema onde os termos lhe são familiares ou 
conhecidos. O outro, nesses autores, é visto a partir da lógica de quem vê – ou seja, eles 
próprios –, colocando-se, desta forma, na posição historicamente privilegiada.
É importante, sobretudo, que não nos enganemos ao julgar os evolucionistas com 
muita pressa. Esses autores eram herdeiros de uma tradição cientificista que não 
tinha encontrado ainda grandes contestações nem dentro da própria Ciência, quem 
dirá externa a ela. A crença de ter chegado num estágio mais avançado no conheci-
mento e aperfeiçoamento não tinha ainda sofrido o grande baque que foi a Primeira 
Guerra Mundial.
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Ademais, o projeto de tentar constituir uma ciência do homem que possuísse objetos 
empíricos e não incorresse ao transcendentalismo da Filosofia, perseguiu e persegue a 
Antropologia até hoje. Nesse sentido, por mais equivocada que tenha se provado a ex-
periência evolucionista, nela continha o gérmen de problemáticas ainda não resolvidas 
nem na Antropologia, nem nas Ciências Humanas de modo geral. Contudo, é possível 
dizer com alguma propriedade que muitas coisas mudaram. A própria forma de colocar 
a questão da sociedade mudou muito, mesmo em se tratando da questão da sociedade 
como unidade. Segundo Viveiros de Castro (2002, p. 313),
[...] a Antropologia Contemporânea tende a recusar posições essencialis-
tas ou teleológicas da sociedade como agência transcendente aos indiví-
duos. À sociedade como ordem(instintiva ou institucional) dotada de ob-
jetividade de coisa, preferem-se noções como socialidade, que exprimiria 
melhor o processo intersubjetivamente constituído da vida social.
Um grande exemplo disso é como Lévi-Strauss retomou, quase quarenta anos de-
pois, essa tentativa de estabelecer uma ciência que tenha no homem e nas relações so-
ciais seu objeto. Para isso, o autor recorreu à linguística estruturalista – outra Ciência que 
se desenvolvia e começava influenciar fortemente o pensamento da época –, tentando 
traçar analogias entre ligações de fonemas e relações de parentesco (LÉVI-STRAUSS, 
2008), chegando à conclusão, em outra obra (LÉVI-STRAUSS, 2009), no sentido do 
que unificava a sociedade, ou melhor, o que toda a sociedade tinha em comum seria a 
presença de uma regra fundamental, uma proibição que estaria na origem da passagem 
do homem, da natureza para a cultura: o tabu do incesto.
Com isso, o autor não quer mostrar que em todas as sociedades há proibição do ca-
samento entre membros da mesma família, como se poderia supor. Lévi-Strauss aponta 
que independentemente da cultura e dos critérios que são utilizados para a classificação 
e diferenciação interna da sociedade (laços de sangue, por clãs etc.), existe pelo menos 
uma regra que em todas as culturas persiste: os casamentos sempre são regulamentados 
através de critérios que apontam a diversidade de indivíduos com quem os membros de 
determinado grupo podem se casar e, principalmente, com quem não podem.
Essa proibição original estaria no cerne de tudo o que se construiu como cultura na 
sociedade humana. Embora, é preciso salientar, Lévi-Strauss não trabalhe mais com 
as categorias “primitivo” e “civilizado” e se diferencie radicalmente do evolucionismo. 
Para esse autor e para a esmagadora maioria dos antropólogos que vieram depois de 
Malinowski, mas principalmente de Boas, essa diferença deixou de fazer sentido. Isso 
está intimamente relacionado com a mudança na forma de conceber a sociedade.
A mudança da concepção de uma sociedade como unidade para sociedades, no plural, 
significa bem mais do que uma modificação terminológica. Corresponde a uma maneira 
toda nova de se pensar o outro e a relação entre antropólogo e grupo estudado. A partir 
de Malinowski – com exceção de alguns poucos posteriormente a ele –, pesquisar outros 
povos significa sair do gabinete e imergir naquela cultura, tentar entender como pensam 
aqueles povos. 
Ao conceito de sociedade, tornou-se central o de cultura. Porém, as especificidades 
dessa mudança, bem como os debates que envolveram e ainda envolvem o conceito de 
cultura em Antropologia é assunto bastante complexo.
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UNIDADE Sociedade como Totalidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A expressão das emoções nos homens e nos animais
DARWIN, C. A expressão das emoções nos homens e nos animais. São Paulo: 
Companhia de Bolso, 2018.
 Filmes
A Caverna dos Sonhos Esquecidos
Direção: Werner Herzog, 2010.
Em 1994, um grupo de cientistas descobriu uma caverna perfeitamente preservada 
por mais de 20 mil anos no sudoeste da França. Poucas pessoas tiveram acesso ao 
local, um deles, o documentarista Werner Herzog, através de questionamentos a 
vários cientistas e historiadores tenta desvendar os mistérios da humanidade. Com 
exibição em 3D. Duração: 90 min.
https://youtu.be/kKRe6kMuKM8
 Leitura
Lady Frazer e seu marido. Gênero e anomalia na história da Antropologia
SOBRAL, L. F. Lady Frazer e seu marido. Gênero e anomalia na história da An-
tropologia. Cadernos Pagu, Campinas, SP, n. 54, nov. 2019. 
https://bit.ly/38F5Kd8
Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia
STRATHERN, M. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia São 
Paulo: Terceiro Nome, 2013.
https://bit.ly/3oLclZd
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Referências
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BOAS, F. Antropologia cultural. Seleção de Celso Castro. 6. ed. Rio de Janeiro: 
Zahar, 2010. 
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Zahar, 2005. 
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Ática, 1989. 
DAMATTA, R. Relativizando: uma introdução à Antropologia Social. Rio de Janeiro: 
Rocco, 1987. 
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 
2007.
________. A divisão do trabalho social. 2. ed. Lisboa: Presença, 1984.
________; MAUSS, M. Algumas formas primitivas de classificação. In: DURKHEIM, E.; 
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FOUCAULT, M. Les mots et les choses: une archeologie des Sciences Humaines. 
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LAPLANTINE, F. Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 1999. 
LÉVI-STRAUSS, C. As estruturas elementares do parentesco. 5. ed. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2009.
________. Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
________. Antropologia Estrutural dois. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1993. 
MALINOWSKI, B. Argonautas do Pacífico ocidental. 2. ed. São Paulo: Abril, 1978. 
MEAD, M. Sexo e temperamento. 4. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000. 
MORGAN, L. A sociedade antiga. In: CASTRO, C. et al. Evolucionismo cultural. Rio de 
Janeiro: Zahar, 2005. 
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Janeiro: Zahar, 2005. 
VIVEIROS DE CASTRO, E. B. O conceito de sociedade em Antropologia. In: A incons-
tância da alma selvagem. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
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