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<p>3</p><p>com o apêndice</p><p>DERUSH OR HACHAYIM</p><p>do Rabino Israel Lipschitz</p><p>imortalidade.P65 18/6/2003, 12:303</p><p>Preto</p><p>Título original:</p><p>IMMORTALITY, RESURRECTION, AND THE AGE OF</p><p>THE UNIVERSE: A KABBALISTIC VIEW</p><p>Copyright © 1993 by Association of Orthodox Jewish Scientists</p><p>Publicado pela KTAV Publishing House, Inc. – Hoboken, NJ</p><p>Direitos exclusivos de edição desta obra</p><p>em língua portuguesa adquiridos pela</p><p>EXODUS EDITORA</p><p>em parceria com a</p><p>EDITORA E LIVRARIA SÊFER LTDA.</p><p>Alameda Barros, 735 CEP 01232-001 São Paulo SP Brasil</p><p>Tel. 3826-1366 Fax 3826-4508 sefer@sefer.com.br</p><p>Livraria Virtual: www.sefer.com.br</p><p>Tradução Beatriz Telles Rudge</p><p>Edição Final Jairo Fridlin</p><p>Revisão Técnica Engº David Zumerkorn</p><p>Editoração Eletrônica Editora Sêfer</p><p>Digitalização de Imagens Eliana Merlino</p><p>Projeto Gráfico e Capa Dagui Design</p><p>Fotolitos e Impressão OESP Gráfica</p><p>Agradecimento Michael Malogolowkin</p><p>Nota: Nesta obra, as citações da Torá foram extraídas do livro TORÁ –</p><p>A LEI MOISÉS, do Rabino Meir Matzliah Melamed (Editora Sêfer, 2001).</p><p>Observação: Nas palavras transliteradas, adotou-se o “ch”</p><p>para o som de “rr”, como carro em português.</p><p>Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio,</p><p>sem a autorização expressa da Editora e Livraria Sêfer Ltda.</p><p>2003</p><p>2ª impressão: Fevereiro de 2015</p><p>ISBN 85-85583-49-5</p><p>Printed in Brazil</p><p>7ÍNDICE</p><p>ÍNDICE</p><p>Apresentação.....................................................9</p><p>por Judah Mansbach</p><p>Prefácio ............................................................11</p><p>por Pinchas Stolper</p><p>1. A Idade do Universo ...................................17</p><p>2. Longevidade e Imortalidade</p><p>em Fontes Judaicas ...................................35</p><p>3. Sobre a Ressurreição ................................47</p><p>4. Astrologia: Estrelas e Anjos .....................65</p><p>5. Masculino e Feminino ..............................77</p><p>Apêndice .........................................................85</p><p>Derush Or Hachayim do Rabino Israel Lipschitz</p><p>Traduzido e Anotado por Yaakov Elman</p><p>Reprodução da Primeira Edição</p><p>do Derush Or HaChayim ..............................165</p><p>9APRESENTAÇÃO</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Menos de quarenta anos atrás, a própria noção de um cientista</p><p>judeu ortodoxo ainda era considerada uma anomalia no meio</p><p>judaico. Hoje em dia, o rabino, ou autoridade da Torá, requer do</p><p>médico, engenheiro ou psicólogo praticante da observância religiosa,</p><p>que explique os princípios científicos que o guiam na sua tomada de</p><p>decisões haláchicas (concernentes à Halachá, o código de leis</p><p>judaico). Os rabinos, confrontados com a necessidade de aplicar a</p><p>Halachá a um mundo de tecnologia que muda rapidamente, acham</p><p>mais fácil comunicar suas necessidades a estudiosos da Torá que</p><p>sejam igualmente versados nas ciências.</p><p>O cientista judeu ortodoxo realmente evoluiu muito na síntese da</p><p>Torá e da ciência. As teorias geral e especial da relatividade de Einstein,</p><p>cuja confiabilidade foi comprovada pelos experimentos de dilatação</p><p>do tempo dos pesquisadores J. Haefele e R. E. Keating, as teorias do</p><p>“Big Bang” e da seqüência, enfatizaram as palavras dos nossos</p><p>Sábios, de abençoada memória: “Hafoch ba vahafoch ba dechula</p><p>ba” (“Revise-a [a Torá] vezes e mais vezes, pois tudo está nela”).</p><p>A Associação de Cientistas Judeus Ortodoxos (Association of</p><p>Orthodox Jewish Scientists - AOJS) sempre foi um intermediário</p><p>entre a Halachá e as novas tecnologias emergentes, e tem estado na</p><p>linha de frente ao enfrentar o desafio à fé colocado pelas modernas</p><p>descobertas científicas. Com convenções semestrais, conferências e</p><p>palestras, os Proceedings of the Association of Orthodox Jewish</p><p>Scientists, Intercom e seu boletim mensal, a AOJS tem ajudado físicos</p><p>e engenheiros, profissionais da saúde e cientistas comportamentais</p><p>obedientes à Torá a enfrentar as questões haláchicas reais do dia-a-</p><p>dia da comunidade ortodoxa judaica.</p><p>Os cientistas judeus ortodoxos, que trabalham pela AOJS,</p><p>tornaram-se uma importante fonte de informação científica confiável</p><p>11PREFÁCIO</p><p>PREFÁCIO</p><p>Vivemos uma época de ciência sofisticada, na qual muitos judeus</p><p>praticantes da Torá adquiriram proeminência. Portanto, é surpreen-</p><p>dente e decepcionante que relativamente tão poucos tenham usado</p><p>seu conhecimento científico, talento e prestígio para demonstrar e</p><p>defender a ausência de contradição entre suas vidas como cientistas</p><p>e como judeus observantes da Torá. Isto é especialmente verdadeiro</p><p>numa época em que a expansão explosiva do conhecimento</p><p>científico desafiou de tal maneira o modo como os cientistas</p><p>encaravam o universo, que, a cada dia, a barreira entre a ciência e</p><p>a fé se torna menor. Em anos recentes houve muitos físicos, biólogos</p><p>e astrônomos que descobriram a fé, convencidos de que o universo</p><p>é produto de projeto e mente e não do acaso e acontecimentos</p><p>aleatórios. Os novos recursos da ciência revelam um tal grau de</p><p>complexidade e engenhosidade manifestas na concepção do mais</p><p>simples dos organismos que o pensamento de muitos mudou.</p><p>O Rabino Aryeh Kaplan e a AOJS desempenharam ambos uma</p><p>função chave ao chamar a atenção de grandes platéias para o</p><p>legítimo papel que a Torá desempenha no mundo da ciência.</p><p>O Rabino Kaplan foi original, criativo, empreendedor e corajoso.</p><p>Ele estava preparado para expressar pontos de vista que eram</p><p>tentadores e controversos; ele possuía um entendimento único da</p><p>Torá em todas suas facetas e uma espantosa habilidade para descobrir</p><p>textos inéditos escritos pelos grandes de gerações passadas. Ele</p><p>acreditava que o conhecimento científico era o escudeiro da Torá e</p><p>que, pela exploração de ambos, ele poderia revelar a grandeza da</p><p>Torá assim como a sabedoria do Criador e Mestre do universo. De</p><p>maneira otimista, ele previu que os avanços do conhecimento</p><p>científico iriam demolir as opiniões contrárias à Torá de muitas</p><p>pessoas. Às vezes, ao invés de apresentar sua própria visão, ele se</p><p>10 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>para a comunidade observante da Torá em todo o mundo, e são</p><p>reconhecidos como provedores, de maneira muito prática, de</p><p>importantes contribuições ao desenvolvimento da Halachá.</p><p>Em conformidade com esta prática, a Associação dos Cientistas</p><p>Judeus Ortodoxos se orgulha de publicar quatro manuscritos inéditos</p><p>do falecido Rabino Aryeh Kaplan, de abençoada memória.</p><p>O Rabino Kaplan, um escritor e pensador criativo e prolífico, que</p><p>durante sua curta vida tanto contribuiu para a revitalização do</p><p>judaísmo na América e no mundo, interessava-se particularmente</p><p>pelos problemas suscitados pelas modernas teorias cosmológicas. O</p><p>ensaio título desta coleção, “A Idade do Universo”, foi proferido como</p><p>palestra pelo Rabino Kaplan na convenção do inverno de 1979 da</p><p>Associação. Embora entristecidos com a precoce morte do Rabino</p><p>Kaplan, nos alegramos por ajudar a perpetuar sua memória e suas</p><p>idéias através dessa publicação.</p><p>A Associação mostra seu reconhecimento à Sra. Toby Kaplan</p><p>Seidenfeld por nos dar acesso aos manuscritos de seu marido.</p><p>Gostaria de agradecer ao Dr. Yaakov Elman por assumir a tarefa de</p><p>editar os manuscritos e por traduzir e anotar o Derush Or Hachayim</p><p>do Rabino Israel Lipschitz. E, Acharon Acharon Chaviv (“por último,</p><p>o mais querido”), gostaria de agradecer ao Dr. Neil Maron, Presidente</p><p>da Associação dos Cientistas Judeus Ortodoxos, por perceber a</p><p>importância deste projeto. Sinto-me grato por sua confiança em mim</p><p>e por seu incentivo, sem o qual este livro não teria sido finalizado.</p><p>Judah Mansbach</p><p>Editor Chefe</p><p>Comitê de Publicações da</p><p>Associação dos Cientistas Judeus Ortodoxos</p><p>13PREFÁCIO</p><p>pensam e era capaz de expressar pensamentos profundos e compli-</p><p>cados em linguagem do dia-a-dia.</p><p>Encontrei este extraordinário indivíduo pela primeira vez quando</p><p>“por acaso” vi seu artigo sobre “Imortalidade da Alma” no Intercom,</p><p>o jornal da Associação dos Cientistas Judeus Ortodoxos, e me</p><p>surpreendi com sua espantosa capacidade de explicar um tópico</p><p>difícil, normalmente reservado aos eruditos avançados, um tópico</p><p>quase nunca abordado em inglês, com tal simplicidade que poderia</p><p>ser entendido por</p><p>qualquer leitor inteligente. Ficou claro para mim</p><p>que seu talento especial poderia preencher uma importante lacuna</p><p>da vida judaica em idioma inglês.</p><p>Um indivíduo despretensioso, de fala mansa, modesto apesar de</p><p>seu imenso renome e popularidade, Aryeh Kaplan acreditava</p><p>firmemente em apresentar à juventude judaica não afiliada e alienada</p><p>sua herança cultural.</p><p>Ele foi um pioneiro do movimento de Teshuvá, o movimento</p><p>moderno de retorno à observância judaica. “Através da história, os</p><p>judeus sempre foram observantes,” ele ponderou numa entrevista.</p><p>“O movimento de Teshuvá é apenas uma normalização. O povo</p><p>judeu está como que se reajustando novamente. Estamos fazendo o</p><p>que devemos fazer.” Realmente, seus livros refletem uma filosofia</p><p>comum, similar. A mensagem que ele tentava transmitir era que “o</p><p>judaísmo é um assunto vivo, em desenvolvimento. Uma pessoa</p><p>buscando sentido na vida não precisa ir a nenhum outro lugar.”</p><p>O excepcional calor humano, a sinceridade e a dedicação total à</p><p>Torá de Aryeh Kaplan foram uma inspiração para milhares de pessoas</p><p>que ele atingiu pessoalmente. As portas de sua casa estavam sempre</p><p>abertas, sua mesa cheia de convivas de Shabat (o sábado judaico) e</p><p>estudantes. Ele viajou por toda parte para compartilhar seu</p><p>conhecimento e engajamento com jovens em seminários, retiros e</p><p>campi universitários.</p><p>O Rabino Aryeh Moshe Eliyahu ben Shmuel Kaplan abandonou</p><p>12 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>baseava em textos não publicados que havia descoberto em suas</p><p>infindáveis pesquisas.</p><p>Somente uma pessoa de reputação ilibada, elevada erudição e</p><p>estatura excepcional poderia ter se aventurado a escrever sobre</p><p>tópicos tão delicados e controversos. Acima de tudo, Aryeh Kaplan</p><p>era um homem em busca da verdade, que vivia a convicção de que</p><p>no final das contas a verdade é a Torá. Por ser um mestre tanto da</p><p>Torá como da ciência, ele enxergava a harmonia no encontro dos</p><p>dois mundos em contraste com outros que, ou setorizavam suas vidas</p><p>em dois mundos hermeticamente selados, ou vagavam de um mundo</p><p>ao outro, denegrindo um enquanto abandonavam o outro.</p><p>Quem mais senão o Rabino Aryeh Kaplan possuía o toque mágico</p><p>para fazer com que complicados conceitos místicos, filosóficos ou</p><p>religiosos viessem à vida com clareza, força e simplicidade? Somente</p><p>ele foi capaz de mergulhar seu vaso profundamente nas fontes de</p><p>nossa tradição, mais profundamente do que havia sido feito na língua</p><p>inglesa até seu tempo, para nos trazer revigorantes e reveladoras</p><p>abordagens da Torá.</p><p>Pessoa de grande sinceridade, persistência e dedicação, ele tinha</p><p>a rara capacidade de se trancar em sua sala e trabalhar incessante-</p><p>mente por dias a fio até resolver um problema ou produzir um</p><p>manuscrito extremamente original.</p><p>Conceitos religiosos muitas vezes são de difícil entendimento e,</p><p>para muitos, reservados e inatingíveis. O Rabino Kaplan possuía a</p><p>rara habilidade de colocá-los em foco. Ele tinha os dons e talentos</p><p>especiais que tornam possível conectar a ciência à Torá, a filosofia à</p><p>ação e o misticismo à lógica. Ele sabia como tomar conceitos abstratos</p><p>e lhes dar vida. Ele tinha o dom de restabelecer a fé, de trazer a</p><p>mensagem viva de Deus a nossos corações e mentes. Apesar do</p><p>fato de ser um estudioso profundo e prestigiado, um raro Talmid</p><p>Chacham (erudito) que dominava todos os ramos da sabedoria da</p><p>Torá, ele possuía o toque comum; ele entendia como as pessoas</p><p>17A IDADE DO UNIVERSO</p><p>Capítulo 1</p><p>A IDADE DO UNIVERSO</p><p>A questão da idade do universo tem sido discutida em círculos</p><p>de estudo da Torá por mais de um século. A Torá parece ensinar que</p><p>o universo não tem mais que seis mil anos. Na verdade, muitas</p><p>pessoas diriam que qualquer opinião que afirme que o universo</p><p>tem mais de seis mil anos necessariamente contradiz a Torá. Por</p><p>outro lado, parece haver um grande número de provas baseadas</p><p>em observação de que o universo tem muito mais de seis mil anos.</p><p>Uma série de abordagens foram propostas para resolver este</p><p>problema, algumas das quais foram discutidas num livro publicado</p><p>há alguns anos.1 Nossa preocupação, contudo, não é simplesmente</p><p>resolver a questão, mas fazê-lo de uma maneira solidamente baseada</p><p>nos ensinamentos da Torá. Em outras palavras, procuramos uma</p><p>solução que realmente conste na literatura clássica da Torá.</p><p>Princípios Metodológicos</p><p>Antes mesmo de tentarmos começar a resolver este problema,</p><p>devemos estabelecer alguns princípios metodológicos. O primeiro é</p><p>o mais importante. Devemos estar plenamente conscientes do que</p><p>dizem as fontes primordiais a respeito da questão. Infelizmente, as</p><p>pessoas muitas vezes expressam suas próprias idéias como princípios</p><p>da Torá, atribuindo a autoridade de fontes clássicas a noções às</p><p>quais estas são completamente opostas.</p><p>Em segundo lugar, devemos ter em mente que não há nenhuma</p><p>opinião constritiva em assuntos que não envolvam a lei judaica ou</p><p>artigos fundamentais de fé. Deve-se sempre chegar a uma conclusão</p><p>final em questões haláchicas (legais), uma vez que é necessário saber</p><p>como agir, mas no tocante a uma questão não haláchica, como a</p><p>14 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>uma promissora carreira em física, decidindo, ao invés disso, dedicar-</p><p>se totalmente à disseminação da Torá. Ele conseguiu a união de</p><p>muitos elementos numa só personalidade, ele era o sábio talmúdico,</p><p>o homem da Halachá, o mestre da civilização ocidental e o cientista,</p><p>com um entendimento espantoso da Cabalá, do misticismo judaico</p><p>e do pensamento chassídico.</p><p>No processo de levar a Torá às massas, o Rabino Kaplan revelou</p><p>muito do que antes estivera oculto. Sua mente continha bibliotecas</p><p>de livros esperando serem escritos. Foi a vontade do Eterno que ele</p><p>tenha revelado tanto e nada além disso.</p><p>Rabino Pinchas Stolper</p><p>Vice-Presidente Executivo da</p><p>União das Congregações Judaicas Ortodoxas da América</p><p>18 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>idade do universo, qualquer opinião encontrada numa fonte da Torá</p><p>reconhecida é aceitável.</p><p>Este princípio é referido em várias passagens talmúdicas. Por</p><p>exemplo, o Talmud evita proferir uma opinião final sobre questões</p><p>que envolvam os tempos messiânicos e classifica o assunto como</p><p>Hilcheta Lemeshicha, “uma lei pertencente ao Messias.” Onde não</p><p>há conseqüências práticas, um veredicto final não precisa ser</p><p>proferido.</p><p>Outro exemplo é o uso no Talmud da expressão “Ambas são</p><p>palavras do Deus vivo.” Esta frase aparece em dois trechos, uma</p><p>vez em contexto não haláchico e outra no que diz respeito a uma</p><p>discussão haláchica entre a Escola de Hilel e a Escola de Shamai.</p><p>No primeiro caso, o Talmud não profere um veredicto final</p><p>(Pessac), enquanto no último ele conclui: “A lei segue a Escola de</p><p>Hilel”. Novamente, em questões não haláchicas, não há necessidade</p><p>de um veredicto final.</p><p>Pontos de Vista Intelectuais</p><p>Ao tentar resolver uma questão tão básica quanto a idade do</p><p>universo, é importante não se colocar num ponto de vista intelectual.</p><p>Uma vez que a comunidade tenha tomado uma posição a respeito</p><p>de um assunto - mesmo uma posição errada - voltar atrás é difícil.</p><p>Um exemplo que imediatamente vem à mente é o da existência</p><p>de vida extraterrestre. Cerca de dez anos atrás, alguns eminentes</p><p>rabinos expressaram a opinião de que a crença em vida fora da</p><p>Terra era praticamente uma heresia. Lembro-me de ter escrito um</p><p>artigo para o Intercom rejeitando essa idéia e demonstrando que</p><p>gigantes como o filósofo judeu Saádia Gaon acreditavam que a vida</p><p>em outros mundos se conformava totalmente aos ensinamentos da</p><p>Torá. O que muitos contemporâneos alardeavam como heresia, era</p><p>uma opinião baseada na Torá perfeitamente aceitável.</p><p>19A IDADE DO UNIVERSO</p><p>Outro exemplo seria a questão do universo ser geocêntrico ou</p><p>heliocêntrico. Pouquíssimos, mesmo dentre os mais conservadores</p><p>judeus observantes da Torá, diriam, hoje em dia, que a crença num</p><p>universo heliocêntrico contraria os ensinamentos da Torá. Mas num</p><p>passado muito recente, muitos sustentavam a crença de que um</p><p>mundo geocêntrico era essencial ao judaísmo.2</p><p>Eu também me lembro que há cerca de trinta anos,</p><p>quando</p><p>eu estava na Ieshivá (academia de estudos judaicos), houve uma</p><p>discussão a respeito de se mandar um foguete para a lua. Um</p><p>importante rabino defendeu com firmeza que, de acordo com os</p><p>ensinamentos da Torá, não haveria como isso ser possível. Seus</p><p>argumentos eram impecáveis mas, obviamente, errôneos. É muito</p><p>perigoso colocar-se num ponto de vista intelectual.</p><p>Abordagens Possíveis</p><p>O perigo aparece claramente em qualquer discussão sobre a idade</p><p>do universo, uma vez que a questão da idade do mundo é funda-</p><p>mental para qualquer discussão sobre o judaísmo e a ciência. Se</p><p>esta questão não for resolvida, a ciência e o judaísmo continuarão</p><p>em constante confronto.</p><p>A abordagem mais simples é ignorar o problema. Conheço um</p><p>professor ortodoxo de biologia que, na sinagoga, sustenta com</p><p>firmeza que o mundo tem menos de seis mil anos, mas em classe,</p><p>ensina a cronologia científica padrão. É como se ele tivesse um</p><p>sistema de crenças quando está em meio a pessoas ortodoxas e</p><p>outro quando está com seus colegas profissionais. Esta pode ser a</p><p>saída mais fácil, mas obviamente não é uma abordagem satisfatória.</p><p>Outra visão é a de muitos judeus ortodoxos que encaram a ciência</p><p>em geral como uma fraude - principalmente por causa dessa questão</p><p>específica. Para os que mantêm esta visão, as deficiências morais</p><p>dos cientistas são tomadas como provas de sua desonestidade</p><p>20 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>intelectual. Entretanto, esta também é uma abordagem totalmente</p><p>insatisfatória, como fica evidente para qualquer um que tenha alguma</p><p>ligação, mesmo que remota, com a ciência organizada.</p><p>Duas soluções populares enfrentam o problema diretamente:</p><p>A primeira assume que cada dia da Criação durou milhões ou</p><p>até bilhões de anos. Os seis dias da Criação, sob este ponto de vista,</p><p>representam os bilhões de anos que o universo demorou para se</p><p>desenvolver.</p><p>Há uma série de dificuldades com esta teoria, a começar pelo</p><p>fato de não haver nenhuma sugestão dela em qualquer passagem</p><p>da literatura clássica da Torá.</p><p>Outra abordagem é assumir que o universo foi criado com sua</p><p>“história” como um de seus elementos. Assim, quando Deus criou</p><p>as árvores, Ele as criou com anéis de crescimento que parecem indicar</p><p>que elas tiveram uma extensa existência passada. Um cientista</p><p>vivendo nos primeiros séculos da Criação - prossegue o argumento -</p><p>seria capaz de discutir as “condições meteorológicas” existentes antes</p><p>da Criação baseando-se nos anéis das árvores maiores. (Muito similar</p><p>a esta, há a questão de Adão ter ou não umbigo.)</p><p>Se as árvores pudessem ter sido criadas com uma história</p><p>aparente, todo o resto do universo também poderia. Os genes de</p><p>todas as criaturas contêm evidência de seus ancestrais, mas os genes</p><p>teriam sido criados com essa “história”. Fósseis e formações geoló-</p><p>gicas de aparência arcaica também poderiam ter sido criados há</p><p>menos de seis mil anos. Mesmo o urânio usado para a datação</p><p>radiocarbônica poderia ter sido criado com características que o</p><p>fariam parecer ter bilhões de anos.</p><p>Um problema desta abordagem é que ela faz com que o Criador</p><p>pareça ter perpetrado uma fraude. Se é heresia acreditar que o mundo</p><p>tem mais de seis mil anos de idade, por que Deus o criaria de maneira</p><p>a induzir um observador honesto a uma opinião falsa? Isto é tanto</p><p>mais sério à luz do Midrash (literatura rabínica homilética) que afirma:</p><p>21A IDADE DO UNIVERSO</p><p>“Não há falsidade no trabalho da Criação.”3 A teoria acima parece</p><p>fazer de toda a Criação um ato de falsidade.</p><p>Além disso, o argumento é arbitrário. Se Deus pudesse ter criado</p><p>um universo com história há seis mil anos, então Ele também poderia</p><p>tê-lo criado cinco minutos atrás. Não se discute que um Deus</p><p>onisciente poderia ter nos criado com todas nossas lembranças, assim</p><p>como com registros e histórias retrocedendo milhares de anos. Mas</p><p>então, com um Deus onipotente, tudo - não importa quão ilógico -</p><p>é possível. Ainda assim, normalmente assumimos que Deus nos deu</p><p>a razão e criou o mundo de maneira tal que pudesse ser entendido</p><p>pela mente humana.</p><p>É claro que todos sabemos que estas objeções podem ser</p><p>resolvidas. É impossível refutar o argumento de que o mundo foi</p><p>criado com uma história, e se alguém se sente confortável com ele,</p><p>muito bem. Entretanto, muitos devem sentir que este é um argumento</p><p>que beira a desonestidade intelectual e a sofística, e que também é</p><p>um argumento capaz de criar mais problemas do que soluções.</p><p>Mas há uma questão ainda mais séria. Em nenhuma passagem</p><p>da literatura da Torá existe a mais leve sugestão de tal possibilidade.</p><p>Se não fosse pelas descobertas científicas, ninguém teria pensado</p><p>em apresentar tal argumento. Assim, ele é ex post facto e desprovido</p><p>de base na Torá.</p><p>Na verdade, esta abordagem foi postulada primeiramente por</p><p>um cientista gentio, alguns anos antes de Darwin publicar sua Teoria</p><p>da Evolução. Na época, os cientistas o encararam como um argu-</p><p>mento tolo, mesmo antes de Darwin. Atualmente, ele não parece</p><p>nem um pouco mais convincente.</p><p>Há outra questão que deve ser tratada diretamente. Muitos grupos</p><p>cristãos fundamentalistas adotaram a idéia do criacionismo, um</p><p>ensinamento baseado na interpretação literal da Bíblia. Naturalmente,</p><p>uma vez que os gentios não levam em consideração a Torá Oral, sua</p><p>abordagem certamente será muito diferente da nossa. Além disso,</p><p>22 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>muitos de seus argumentos, foram refutados muito convincentemente</p><p>por algumas das melhores mentes científicas. Para judeus ortodoxos,</p><p>alinhar-se com tais grupos é tanto perigoso quanto anti-Torá.</p><p>Ciclos Sabáticos</p><p>A única alternativa remanescente é pesquisar a literatura clássica</p><p>da Torá e determinar se há qualquer afirmação pertinente relativa à</p><p>idade do universo. Significativamente, há um conceito muito</p><p>importante, apesar de pouco conhecido, que é discutido no Sêfer</p><p>ha-Temuná, um antigo trabalho cabalístico atribuído ao tanaíta</p><p>(mestre do Talmud) do primeiro século, Rabi Nechunia ben ha-Cana.</p><p>O trabalho discute as formas das letras hebraicas e é fonte de muitas</p><p>das opiniões mais citadas sobre o assunto na literatura haláchica.</p><p>Portanto, o Sêfer ha-Temuná não é uma obra obscura, sem</p><p>importância, mas sim uma obra em que a maioria das autoridades</p><p>haláchicas confia.</p><p>O Sêfer ha-Temuná fala sobre ciclos sabáticos (Shemitot). Isto se</p><p>baseia no ensinamento talmúdico de que “o mundo existirá por seis</p><p>mil anos e, no sétimo milésimo ano, será destruído.” 4 O Sêfer ha-</p><p>Temuná afirma que este ciclo de sete mil anos é apenas um ciclo</p><p>sabático. Contudo, como há sete ciclos sabáticos em um jubileu, o</p><p>mundo está destinado a existir por quarenta e nove mil anos.</p><p>Há uma dúvida a respeito de qual ciclo estamos vivendo hoje.</p><p>Algumas autoridades opinam que estamos atualmente no segundo</p><p>ciclo sabático.5 Outros defendem a opinião de que estamos atual-</p><p>mente no sétimo ciclo.6 De acordo com esta opinião, o universo</p><p>teria 42 mil anos de idade quando Adão foi criado. Como veremos,</p><p>as implicações disso são muito importantes.</p><p>Antes de prosseguir, deve ser mencionado que a maioria dos</p><p>textos cabalísticos mais recentes não mencionam esses ensinamentos.</p><p>Isto porque dois dos maiores cabalistas recentes – o Rabino Moisés</p><p>23A IDADE DO UNIVERSO</p><p>Cordovero (o “Ramac”) e o Rabino Isaac Luria (o “ARI”) rejeitavam</p><p>este conceito em geral. Assim, o autor de Vaiac’hel Moshe escreve:</p><p>“Podemos ver a grandeza do Ari, pois havia uma opinião (relativa a</p><p>ciclos sabáticos) que havia sido aceita por todos os antigos cabalistas,</p><p>mas que foi rejeitada pelo ‘Ari’.” 7</p><p>Aqui, contudo, o segundo princípio discutido anteriormente entra</p><p>em ação. Uma vez que isto não é assunto para a lei, não há opinião</p><p>constritiva. Embora o “Ari” possa ter sido o maior dos cabalistas,</p><p>sua opinião sobre o assunto de maneira alguma é absolutamente</p><p>restritiva. Uma vez que havia muitos cabalistas importantes que</p><p>defendiam o conceito de ciclos sabáticos, esta é uma opinião válida</p><p>e aceitável.8</p><p>De acordo com o Sêfer ha-Temuná, portanto, houve outros</p><p>mundos antes de Adão ter sido criado. Estes eram</p><p>os mundo de</p><p>ciclos sabáticos anteriores.</p><p>Significativamente, há uma série de referências a esta abordagem</p><p>no Midrash. Assim, comentando o versículo “E foi tarde e foi manhã:</p><p>dia um” (Gênesis1:5), o Midrash Rabá afirma: “Isso ensina que houve</p><p>ordens de tempo antes desta.” 9</p><p>Outro ensinamento do Midrash bastante conhecido também</p><p>parece apoiar o conceito de ciclos sabáticos. O Midrash declara que</p><p>“Deus criou universos e os destruiu.”10 Um dos importantes trabalhos</p><p>cabalísticos clássicos, Maaréchet Elocut, declara explicitamente que</p><p>esta passagem se refere a mundos que existiram nos ciclos sabáticos</p><p>anteriores à criação de Adão. A mesma fonte afirma explicitamente</p><p>que o ensinamento midráshico de que “houve ordens de tempo antes</p><p>desta [Criação]” também está falando de ciclos sabáticos anteriores.11</p><p>Um trecho talmúdico parece substanciar esta visão de ciclos</p><p>sabáticos. De acordo com o Talmud - e alguns Midrashim também-</p><p>houve 974 gerações antes de Adão.12 Este número deriva do versículo</p><p>“Ele se lembra da Sua aliança para sempre, a palavra empenhada</p><p>para mil gerações” (Salmo 105:8). Isto indicaria que a Torá estava</p><p>24 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>destinada a ser revelada depois de mil gerações. Como Moisés era</p><p>da 26ª geração depois de Adão, deve ter havido 974 gerações antes</p><p>de Adão. O Maaréchet Elocut afirma explicitamente que estas</p><p>gerações existiram nos ciclos sabáticos anteriores à criação de Adão.</p><p>O conceito de ciclos pré-adâmicos era bastante conhecido entre</p><p>os Rishonim (antigas autoridades), e é citado em fontes como Bahya,</p><p>Recanati, Tsiyoni e Sêfer ha-Chinuch.13 Ele também é mencionado</p><p>no livro O Cuzarí e nos comentários de Ramban e Ibn Ezra.14</p><p>Tiféret Yisrael</p><p>Uma das mais recentes autoridades a falar sobre o conceito de</p><p>ciclos sabáticos é o Rabino Israel Lipschitz, autor de Tiféret Yisrael,</p><p>um comentário sobre a Mishná, a compilação da Lei Oral. No fim</p><p>da seção talmúdica de Nezikin (“Danos”), ele inclui um ensaio</p><p>intitulado Derush Or Hachayim. Como esta obra fala de criações</p><p>anteriores e de seres humanos existentes antes de Adão, ela foi</p><p>extremamente polêmica. Na verdade, ela foi omitida de algumas</p><p>edições do comentário (e teve suas páginas arrancadas de outras!).</p><p>Além disso, por causa do Derush, uma série de grupos chassídicos</p><p>não usam nada do Tiféret Yisrael.15</p><p>Um dos problemas com o Derush é que o autor não cita todas as</p><p>fontes. As mais importantes são Ibn Ezra, o Ramban e Bahya, que</p><p>estão entre as mais ambíguas, especialmente para quem não viu a</p><p>apresentação na fonte original, o Sêfer ha-Temuná.</p><p>A abordagem do Rabino Lipschitz é muito interessante. Ele cita a</p><p>idéia cabalística de universos existentes antes de Adão e depois</p><p>conclui: “Vejam como os ensinamentos de nossa Torá foram</p><p>justificados pelas descobertas modernas!”16 Depois ele cita achados</p><p>como o de um mamute encontrado perto de Baltimore, assim como</p><p>os dinossauros. Como estas criaturas não existem mais, obviamente</p><p>viveram em ciclos sabáticos anteriores. Ele prossegue dizendo que</p><p>25A IDADE DO UNIVERSO</p><p>cordilheiras como o Himalaia (citado nominalmente) foram</p><p>obviamente formadas por grandes abalos sísmicos.</p><p>Ele conclui que estes eram os abalos especificamente mencio-</p><p>nados no Sêfer ha-Temuná, e que esta é uma nova comprovação</p><p>dos ensinamentos da Torá. Esta declaração é muito significativa.</p><p>Hoje em dia, muitas pessoas no mundo da Torá se sentem</p><p>ameaçados pelas descobertas geológicas e paleontológicas. Elas</p><p>encaram dinossauros e outros fósseis como problemas de difícil</p><p>solução. Aqui, por outro lado, um dos mais destacados estudiosos</p><p>da Torá do século passado tem uma visão completamente diferente,</p><p>encarando essas descobertas como confirmatórias de um importante</p><p>ensinamento da Torá. Enquanto muitos judeus ortodoxos de hoje</p><p>se sentem na obrigação de desafiar toda declaração científica</p><p>referente à paleontologia ou geologia, o autor de Tiféret Yisrael</p><p>achava que essas descobertas ratificam conceitos da Torá.</p><p>Rabino Isaac de Aco</p><p>O Sêfer ha-Temuná estabelece que a idade do mundo, pelo menos</p><p>de acordo com algumas interpretações clássicas, é de 42 mil anos.</p><p>Ou seja, o mundo tinha 42 mil anos quando Adão foi criado. Este</p><p>ensinamento foi matéria de uma interpretação muito significativa</p><p>do Rabino Isaac de Aco (1250-1350). Ele era um estudioso e colega</p><p>do Ramban (Nachmânides), e um dos mais importantes cabalistas</p><p>de seu tempo. Ele é muito citado no grande livro clássico do Rabino</p><p>Eliáhu de Vidas, o Reshit Chochmá. O Zôhar foi publicado em sua</p><p>época e ele é conhecido como o indivíduo que investigou (e ratificou)</p><p>sua autenticidade.</p><p>Muitos anos atrás, como parte de um projeto de pesquisa, obtive</p><p>uma fotocópia de um dos importantes trabalhos do Rabino Isaac: o</p><p>Otsar ha-Chayim.17 Nele descobri uma interpretação inteiramente</p><p>nova do conceito de ciclos sabáticos.18</p><p>26 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>O Rabino Isaac de Aco escreve que, uma vez que os ciclos</p><p>sabáticos existiam antes de Adão, sua cronologia deve ser medida</p><p>não em anos humanos, mas em anos Divinos. Assim, o Sêfer ha-</p><p>Temuná está falando de anos Divinos quando declara que o mundo</p><p>tem 42 mil anos de idade. Isso tem conseqüências espantosas, pois</p><p>de acordo com muitas fontes do Midrash, um dia Divino dura mil</p><p>anos terrestres e um ano Divino, consistindo de 365 ¼ dias, equivale</p><p>a 365.250 anos terrestres.</p><p>Assim, de acordo com o Rabino Isaac de Aco, o universo teria</p><p>42.000 x 365.250 anos de idade. Isto vem a ser 15.340.500.000</p><p>anos, um número muito significativo. Partindo de cálculos baseados</p><p>na expansão do universo e outros observações cosmológicas, a</p><p>ciência moderna concluiu que o Big Bang ocorreu há aproxima-</p><p>damente 15 bilhões de anos. Mas aqui vemos o mesmo número</p><p>apresentado numa fonte da Torá escrita há mais de setecentos anos!</p><p>Estou certo de que muitos vão achar que isto é objeto de muita</p><p>controvérsia. Contudo, é importante saber que esta opinião existia</p><p>em nossa literatura clássica; além disso, que um dos mais importantes</p><p>cabalistas de sete séculos atrás calculou a idade do universo e chegou</p><p>à mesma conclusão que a ciência moderna. Assim, como diria o</p><p>autor de Tiféret Yisrael, os estudos cosmológicos modernos confir-</p><p>mam nossa abordagem da Torá (em oposição, por exemplo, à</p><p>abordagem fundamentalista).</p><p>Situando isso na Torá</p><p>Agora devemos nos perguntar onde isso se situa no texto da Torá.</p><p>Onde encontramos na Torá qualquer sugestão desses 15 bilhões de</p><p>anos ou, na verdade, algum lugar onde possamos encaixá-los?</p><p>Basicamente há duas abordagens. A primeira é a do Maaréchet</p><p>Elocut, uma obra que citamos anteriormente. De acordo com esta</p><p>fonte, a Torá se cala a respeito de eventos que ocorreram durante o</p><p>27A IDADE DO UNIVERSO</p><p>período em que a Terra era “vã e vazia” (Tôhu va-vôhu). Assim, o</p><p>período “vão e vazio” mencionado na Torá durou 15 bilhões de</p><p>anos.</p><p>A dificuldade com esta abordagem é que os sete dias da Criação</p><p>teriam então ocorrido há menos de seis mil anos. Isso recolocaria as</p><p>mesmas questões originalmente suscitadas.</p><p>Há, contudo, uma outra abordagem, referida no Talmud e no</p><p>Midrash.</p><p>Um dos mistérios da Torá envolve os dois relatos da Criação. O</p><p>primeiro relato está registrado em Gênesis 1:1 – 2:3, o segundo em</p><p>Gênesis 2:4-23. Várias discrepâncias entre essas duas versões estão</p><p>anotadas no Talmud e no Midrash.</p><p>Assim, na primeira versão, a Torá diz: “E criou Deus o homem à</p><p>sua imagem, à imagem de Deus o criou; macho e fêmea criou-os.”</p><p>(Gênesis 1:27). Isto parece indicar que o homem e a mulher foram</p><p>criados simultaneamente. Por outro lado, a segunda versão afirma</p><p>explicitamente que Eva foi criada a partir da costela de Adão. O</p><p>Talmud levanta esta questão e depois explica que Deus criou o</p><p>homem e a mulher simultaneamente em pensamento, mas de fato</p><p>criou Adão primeiro e Eva a partir da costela de Adão. Os dois relatos</p><p>do Gênesis se referem a esses dois atos de criação.19</p><p>Um antigo comentário emprega este conceito para resolver uma</p><p>contradição haláchica (legal). No Talmud existe a questão do mundo</p><p>ter sido criado no mês hebraico de Tishrei</p><p>ou Nissan. O Talmud</p><p>afirma que, no tocante a assuntos legais, devemos nos guiar pela</p><p>opinião de que o mundo foi criado em Nissan.20 Isto tem conse-</p><p>qüências práticas, tais como o fato da Bircat ha-Chamá (a Bênção</p><p>do Sol) ser recitada em Nissan, ao invés de Tishrei. Ainda assim, o</p><p>Talmud cita explicitamente que em Rosh Hashaná (Ano Novo)</p><p>dizemos: “Este dia é o início da Tua obra,” porque seguimos a opinião</p><p>de que o mundo foi criado em Tishrei.</p><p>A dificuldade é notada pelos Tossafót, que afirmam (em nome</p><p>28 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>de Rabênu Tam) que em Tishrei o mundo foi criado em pensamento,</p><p>enquanto em Nissan ele foi criado de fato.21 Significativamente, até</p><p>o “Ari” defende o conceito de que houve duas Criações: uma em</p><p>pensamento e uma de fato.22</p><p>Pareceria, então, que os sete dias da Criação descritos na Torá</p><p>ocorreram em pensamento e não na realidade. É claro que os</p><p>pensamentos de Deus não são os mesmos que os nossos, e é possível</p><p>dizer que a Criação em pensamento, na verdade, se refere à criação</p><p>dos correspondentes espirituais do mundo físico. Esta visão se</p><p>encontra em várias fontes chassídicas.23</p><p>Assim, pode ser que os sete dias da Criação tenham ocorrido há</p><p>mais de 15 bilhões de anos, antes do Big Bang. Isso representou a</p><p>criação da infra-estrutura espiritual do universo, a que o Talmud se</p><p>refere como “criação em pensamento”. Depois, o universo se</p><p>desenvolveu de acordo com o plano de Deus, guiado pela infra-</p><p>estrutura espiritual que Ele havia criado. Finalmente, menos de seis</p><p>mil anos atrás, Deus criou Adão como o primeiro de um novo tipo</p><p>de ser. Embora os seres humanos existissem antes de Adão, ele foi o</p><p>primeiro a adquirir uma sensibilidade espiritual especial e a ser capaz</p><p>de comunicar-se com Deus.</p><p>Num comentário de Rashi (Rabino Shelomo Yits’chaki) há uma</p><p>alusão a uma criação em pensamento separada. Rashi afirma que o</p><p>nome Divino ‘Elokim’ é usado no primeiro relato da Criação porque</p><p>Deus se elevou em pensamento para criar o mundo com o atributo</p><p>da Justiça. Só mais tarde Deus empregou o Tetragrama (nome Divino</p><p>composto pelas letras Iud-Hê-Vav-Hê), indicando que o atributo da</p><p>Misericórdia também estava em ação. É significativo, contudo, que</p><p>o nome Elokim seja usado durante todo o primeiro relato da Criação.</p><p>Algumas fontes chassídicas também associam a “criação com justiça”</p><p>aos mundos que foram “criados e destruídos”.24 O Sêfer ha-Temuná</p><p>afirma claramente que o primeiro ciclo sabático foi de justiça</p><p>inflexível.</p><p>29A IDADE DO UNIVERSO</p><p>Há um outro ensinamento midráshico pertinente, baseado na</p><p>tradição de que sempre que uma seção da Torá começa com a</p><p>expressão “E estas” (ve-Êle), ela é uma continuação da seção</p><p>anterior, ao passo que quando ela começa somente com “Estas”</p><p>(Êle), ela representa uma quebra em relação à seção anterior.</p><p>O Midrash nota que o segundo relato da Criação (Gênesis 2:4)</p><p>começa com a expressão “Esta” ao invés de “E esta”. Portanto, diz</p><p>o Midrash, esse relato não deve ser associado ao que é descrito nos</p><p>versículos que o precedem, pois o relato anterior trata de “vão e</p><p>vazio”.25 O Midrash inequivocamente trata os sete dias da Criação</p><p>como sendo de “vão e vazio”.</p><p>Conclusão</p><p>Como demonstra esta discussão, fontes clássicas da Torá não só</p><p>mantêm que o universo tem bilhões de anos de idade, como também</p><p>apresentam o número exato proposto pela ciência moderna. Há</p><p>dois relatos da Criação na Torá, o primeiro falando da infra-estrutura</p><p>espiritual do universo, que se completou em sete dias. Isso ocorreu</p><p>há cerca de 15 bilhões de anos, antes do Big Bang. O segundo</p><p>relato fala da criação de Adão, que ocorreu há menos de seis mil</p><p>anos.</p><p>O que é mais importante é que não há um conflito real entre a</p><p>Torá e a ciência a respeito dessa questão tão crucial. Só se pode</p><p>dizer que os ensinamentos da Torá foram ratificados pelas modernas</p><p>descobertas científicas.</p><p>30 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>APÊNDICE</p><p>Trechos selecionados de Otsar ha-Chayim,</p><p>páginas 86b-87b</p><p>Eu, o insignificante Isaac de Aco, achei por bem registrar um</p><p>grande mistério que deveria ser mantido muito bem escondido. Um</p><p>dia de Deus dura mil anos, pois está escrito: “Pois mil anos são aos</p><p>teus olhos como o dia de ontem” (Salmo 90:4). Como um de nossos</p><p>anos tem 365 ¼ dias, um ano das Alturas equivale a 365.250 de</p><p>nossos anos. Dois anos das Alturas são mais de 730 mil dos nossos</p><p>anos. A partir daí, continue multiplicando por 49.000 anos, cada</p><p>ano consistindo de 365 ¼ dias, e cada dia sobrenatural sendo mil</p><p>de nossos anos, pois está escrito: “Naquele dia só Deus será exaltado”</p><p>(Isaías 2:11). “Quem poderá contar as proezas de Deus?” (Salmos</p><p>106:2). Abençoado seja o nome Daquele cujo glorioso reino dura</p><p>para todo o sempre!</p><p>Tudo isso se refere ao que dizem as Escrituras. Contudo, não</p><p>importa quantas vezes este número seja dobrado, não chegaria a</p><p>ser um segundo para [Deus]… Entretanto, no tocante ao Ser Infinito,</p><p>basta que Ele seja chamado Infinito.</p><p>31A IDADE DO UNIVERSO</p><p>Há prova evidente de que o mundo existiu por muitos anos a</p><p>partir do versículo de Isaías: “O menino morrerá com cem anos”</p><p>(Isaías 65:20). Hoje, se uma criança com menos de três anos morre,</p><p>dizemos que um bebê morreu. No futuro derradeiro, se um homem</p><p>de cem anos de idade morrer, diremos que um bebê morreu, por</p><p>causa da extrema longevidade que as pessoas gozarão. Se pessoas</p><p>de pouca fé rejeitarem essa estranha questão, diga-lhes que isto já</p><p>aconteceu, pois Matusalém viveu trinta anos menos que um milênio.</p><p>Certamente, no tempo de Matusalém considerava-se uma pessoa</p><p>que morresse aos cem anos de idade como tendo morrido muito</p><p>prematuramente.</p><p>Observem: nossos olhos vêm que o mundo existiu por um tempo</p><p>muito longo. Isto é para rejeitar a opinião daqueles que dizem que o</p><p>mundo não existiu mais de quarenta e nove mil anos, que seriam</p><p>sete ciclos sabáticos.</p><p>32 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>NOTAS</p><p>1. Ver Aryeh Carmell e Cyril Domb, editores, “Challenge: Torah Views on Science</p><p>and Its Problems” (Nova York, Associação de Cientistas Judeus Ortodoxos,</p><p>1976, págs. 132-135).</p><p>2. Ver Maamar Mevo ha-Shémesh, impresso em conjunto com o Sêfer ha-Techuná</p><p>do Rabino Chayim Vital.</p><p>3. Tana deve Eliyahu Zuta 3, e ver Ialcut Shimoni I, r. 1.</p><p>4. San'hedrin 97a.</p><p>5. Ver Derush Or Hachayim, traduzido e anotado neste apêndice.</p><p>6. Ver Livnat ha-Sapir.</p><p>7. Vaiac’hel Moshe, introdução.</p><p>8. É significativo que o Radbaz (Rabino David ibn Zimra) esteve entre os que</p><p>defenderam o conceito de ciclos sabáticos. Ele também escreveu o Maguen</p><p>David como comentário sobre o Sêfer ha-Temuná. Embora o Radbaz tenha se</p><p>notabilizado por suas responsas (Sheelot uteshuvot), ele também foi um</p><p>importante cabalista. Na verdade, numa passagem, o discípulo mais</p><p>proeminente do “Ari”, o Rabino Chayim Vital, indica que o Radbaz foi o mestre</p><p>do “Ari”.</p><p>9. Algumas autoridades, como Maimônides em seu “Guia dos Perplexos” e no</p><p>“Sêfer ha-Icarim”, dão uma interpretação diferente a este Midrash, mas ele é</p><p>certamente mais facilmente entendido à luz do princípio exposto pela Sêfer</p><p>ha-Temuná.</p><p>10. Sêfer ha-Temuná 314.</p><p>11. Aqui também é importante notar que o “Ari” apresenta uma interpretação</p><p>totalmente diferente do ensinamento “Deus criou mundos e os destruiu”,</p><p>dizendo que isto se refere a universos espirituais, e não físicos. Isto se enquadra</p><p>à oposição geral do “Ari” ao conceito de ciclos sabáticos antes da Criação.</p><p>Muitos dos maiores cabalistas antigos se opunham ao “Ari” neste aspecto.</p><p>12. Chaguigá 13b.</p><p>13. Bahya, Tsiyoni e Recanati sobre Levítico 25:8.</p><p>14. Ver Cuzarí 1:67, Ramban sobre Gênesis 2:3, Ibn Ezra sobre Gênesis 8:22.</p><p>15. O texto completo do Derush do Rabino Lipschitz se encontra no apêndice</p><p>deste volume.</p><p>16. Derush Or Hachayim 4a (veja adiante).</p><p>17. O único manuscrito completo encontra-se na Biblioteca Estatal Lenin, Moscou</p><p>(Coleção Guenzburg, nº 775).</p><p>33</p><p>18. Otsar ha-Chayim, página 86b. Ver texto completo no apêndice deste artigo.</p><p>19. Eruvin 18a, Berachót 61a.</p><p>20. Rosh Hashaná 11b-12a.</p><p>21. Tossafót sobre Rosh Hashaná 27a, s.v. kemaan. Ver também</p><p>Or ha-Chayim</p><p>sobre Gênesis 1:1, nº 16.</p><p>22. Peri Ets Chayim sobre o serviço de Rosh Hashaná.</p><p>23. Ver Nôam Elimélech, Chaiê Sara.</p><p>24. Ver Nôam Elimélech, Bo.</p><p>25. Bereshit Rabá 12.2.</p><p>A IDADE DO UNIVERSO</p><p>35</p><p>Capítulo 2</p><p>LONGEVIDADE E IMORTALIDADE</p><p>NAS FONTES JUDAICAS</p><p>Com o rápido progresso na descoberta das causas do envelheci-</p><p>mento e morte, a ciência está hoje à beira de eliminar estas fraquezas,</p><p>que até agora têm sido consideradas partes inevitáveis do ciclo de</p><p>vida humano. Ao mesmo tempo, a discussão de problemas éticos e</p><p>teológicos, suscitados pela perspectiva de extrema longevidade,</p><p>tornou-se muito mais importante. Se a ciência conseguir prolongar</p><p>a vida humana e eliminar a morte, surgirão questões sobre se isso é</p><p>desejável e sobre as conseqüências morais desses atos.</p><p>Nos ensinamentos clássicos judaicos, discute-se consideravel-</p><p>mente sobre as razões do envelhecimento e da morte, assim como</p><p>sobre a possibilidade deles serem eliminados.</p><p>De acordo com a Torá, o homem foi criado originalmente como</p><p>uma criatura imortal.1 Deus, então, ordenou a Adão que não comesse</p><p>da Árvore do Conhecimento, dizendo: “...no dia em que comeres</p><p>dela, morrerás” (Gênesis 2:17). Isso não queria dizer que ele fosse</p><p>morrer imediatamente, uma vez que a Torá diz claramente que,</p><p>subseqüentemente, Adão viveu 930 anos. O significado era que um</p><p>processo seria iniciado através do qual a morte acabaria por subjugá-</p><p>lo.2 Em termos modernos, isso significa que um relógio biológico,</p><p>através do qual o corpo acabaria por encerrar seus próprios processos</p><p>vitais, entrou em ação.</p><p>Ainda assim, como relata a Torá, as gerações seguintes a Adão</p><p>gozaram do que atualmente seria considerado uma longevidade</p><p>extrema (veja a tabela que contém os números exatos na página</p><p>seguinte). Nas gerações entre Adão e Noé, a maior idade foi atingida</p><p>por Matusalém, que chegou aos 969 anos de idade. A idade média</p><p>LONGEVIDADE E IMORTALIDADE</p><p>37</p><p>Os comentaristas judeus clássicos tomaram esses números com</p><p>muita seriedade. A possibilidade dos anos mencionados na Torá</p><p>serem menores que o ano do calendário atual foi discutida em impor-</p><p>tantes comentários, mas é universalmente rejeitada.4 Há razões</p><p>exegéticas para tanto.</p><p>Em primeiro lugar, a Torá afirma que Mahalalel tinha 65 anos de</p><p>idade quando teve seu filho Iared. Se aceitarmos que o ano bíblico</p><p>era só um quinto do ano atual, então Mahalalel teria 13 anos na</p><p>ocasião. Mas, nesta mesma escala, Matusalém ainda teria vivido até</p><p>os 194 anos de idade e a idade média de morte teria sido 186 anos.</p><p>Para ajustar a extensão do ano bíblico de modo que a idade</p><p>média de morte fosse de 120 anos - um número alto, mas possível -,</p><p>teríamos que dizer que um ano atual equivale a 7,74 anos bíblicos.</p><p>Na mesma escala, contudo, teríamos que assumir que Mahalalel</p><p>tivesse pouco mais de oito anos ao ter seu primeiro filho. É óbvio,</p><p>portanto, que é impossível reconciliar os números ajustando a</p><p>extensão do ano bíblico.</p><p>Além disso, a partir do relato do Dilúvio, é óbvio que o ano</p><p>mencionado na Torá é um ano normal, consistindo de doze meses</p><p>normais.5 Ainda assim, seguindo esse relato, a Torá afirma claramente</p><p>que Noé viveu 950 desses anos. De qualquer maneira que se</p><p>interprete o significado disso, é claro que a Torá afirma literalmente</p><p>que estas gerações viveram além dos 900 anos de idade.</p><p>O primeiro comentarista conhecido a fornecer uma interpretação</p><p>desse padrão de longevidade foi Flávio Josefo, um historiador judeu</p><p>que viveu no primeiro século.6 Ele aponta diversas razões para as</p><p>longas vidas que estes indivíduos gozaram. Em primeiro lugar, eles</p><p>estavam próximos da Criação inicial e eram “amados por Deus”.</p><p>Além disso, a dieta deles contribuía para sua longevidade, o que</p><p>indica que mesmo tempos de vida extremamente longos estão dentro</p><p>das possibilidades físicas. Finalmente, vidas longas lhes foram</p><p>concedidas para que pudessem fazer observações astronômicas de</p><p>LONGEVIDADE E IMORTALIDADE36 IMORTALIDADE, RESSURREIÇÃO E IDADE DO UNIVERSO</p><p>de morte para estas dez gerações foi de 857,5 anos. Se descontarmos</p><p>as vidas anormalmente curtas de Enoc e Lemech, a média seria de</p><p>929 anos.</p><p>Também são importantes as idades em que estes indivíduos</p><p>geraram filhos. Noé foi o mais velho, tornando-se pai aos 500 anos,</p><p>enquanto os mais jovens foram Mahalalel e Enoc, sendo que ambos</p><p>tiveram seus primeiros filhos com a idade de 65 anos. A idade média</p><p>de paternidade era de 117 anos.3</p><p>Relação</p><p>7,15</p><p>8,69</p><p>10,06</p><p>13,0</p><p>13,77</p><p>5,94</p><p>5,62</p><p>5,18</p><p>4,27</p><p>1,9</p><p>6,0</p><p>13,69</p><p>14,43</p><p>13,65</p><p>7,97</p><p>7,47</p><p>7,67</p><p>5,10</p><p>2,93</p><p>Idade da</p><p>Morte</p><p>930</p><p>912</p><p>905</p><p>910</p><p>895</p><p>962</p><p>365</p><p>969</p><p>777</p><p>950</p><p>600</p><p>438</p><p>433</p><p>464</p><p>239</p><p>239</p><p>230</p><p>148</p><p>205</p><p>Nome Idade de</p><p>Paternidade</p><p>Adão 130</p><p>Set 105</p><p>Enosh 90</p><p>Kenan 70</p><p>Mahalalel 65</p><p>Iared 162</p><p>Enoc 65</p><p>Matusalém 187</p><p>Lémech 182</p><p>Noé (Dilúvio) 500</p><p>Sem 100</p><p>Arpach’shad 35</p><p>Shela 30</p><p>Éber 34</p><p>Peleg (Torre de Babel) 30</p><p>Reu 32</p><p>Serug 30</p><p>Nachor 29</p><p>Terach 70</p><p>LONGEVIDADE DAS PRIMEIRAS GERAÇÕES BÍBLICAS</p>