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<p>Parecer Jurídico</p><p>1 – Dos fatos</p><p>Na noite do dia 19 de julho de 2024, sexta-feira, por volta de 20:17, no supermercado Pão</p><p>de Açúcar, situado na Praça Panamericana, n° 217, bairro Alto de Pinheiros, nesta cidade</p><p>e comarca, Jorge Gonçalves estava fazendo compras para um churrasco.</p><p>Após sair da loja, Jorge foi abordado por Alexandre Franco em sua bicicleta. Alexandre</p><p>aproximou-se em alta velocidade e tomou uma das sacolas que Jorge segurava. Um</p><p>popular, após ver a cena, interceptou Alexandre. Uma viatura com policiais que circulava</p><p>na região naquele momento teve sua atenção chamada para a cena e os policiais</p><p>realizaram a prisão de Alexandre em flagrante.</p><p>2 – Do direito</p><p>Alexandre Franco, doravante tratado como “acusado”, jovem de apenas 20 anos, sem</p><p>antecedentes criminais, desempregado, casado e pai de uma criança de 2 anos, denunciado</p><p>pelo Ministério Público pelo crime de roubo, tipificado no Art. 157, caput, do Código</p><p>Penal.</p><p>O acusado concorda com a imputação que lhe é endereçada, reiterando, porém, que as</p><p>condições infelizmente deterioradas de sua vida não são de sua responsabilidade, haja</p><p>vista a crescente deterioração do poder de compra brasileiro, as escassas condições e</p><p>oportunidades de emprego e o fato de que não há moradia na zona central da cidade de</p><p>São Paulo, o que obriga pessoas como o acusado a se deslocarem diariamente por várias</p><p>horas em buscas de oportunidades que sequer existem.</p><p>O roubo praticado e admitido pelo acusado, de fato, ocorre as vésperas do aniversário de</p><p>seu filho. Uma criança prestes a completar 3 anos de idade passando fome pelas más</p><p>condições da economia paulista deveria ser suficiente para que as bases jurídicas do Brasil</p><p>se abalassem, o que não ocorre.</p><p>3 – Do Mérito</p><p>Dadas as provas, os fatos e a declaração do acusado, bem como sua primariedade, esta</p><p>defesa pede que a pena seja convertida em pena restritiva de direitos com prestação de</p><p>serviço à comunidade ou a entidades públicas, como previsto no parágrafo IV do Art. 43</p><p>do Código Penal, correndo o risco esse juizado, em caso de decisão contrária e de privação</p><p>da liberdade do acusado, de direcionar e condicionar o filho do acusado para uma vida</p><p>futura de crimes, destruindo toda uma família por pertences de baixo valor que foram</p><p>imediatamente recuperados, uma atitude que seria incompatível com o espírito da justiça</p><p>brasileira.</p>