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<p>Relatório</p><p>de Atividades</p><p>2023</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>Índice</p><p>1. APRESENTAÇÃO</p><p>Brasil na luta por uma vida livre e digna para todos os animais</p><p>(Mensagem da diretora executiva Lisa Gunn)</p><p>2. ESTRATÉGIA GLOBAL 2021-2023</p><p>Um novo mundo para os animais: um resumo da nossa estratégia</p><p>3. ANIMAIS DE FAZENDA</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Lançamento de relatórios</p><p>Realização de campanhas</p><p>4. ANIMAIS SILVESTRES</p><p>Protegendo os animais para que sejam livres na natureza</p><p>Lançamento de relatórios</p><p>Realização de campanhas</p><p>5. ENGAJAMENTO E CAPTAÇÃO DE RECURSOS</p><p>Juntos, mobilizamos e sensibilizamos o mundo pelos animais</p><p>Campanhas para captação de recursos e voluntários</p><p>Campanhas educativas de conscientização</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>7. BALANÇO FINANCEIRO</p><p>8. ENCERRAMENTO</p><p>9. AGRADECIMENTOS</p><p>03</p><p>04</p><p>05</p><p>06</p><p>08</p><p>09</p><p>11</p><p>18</p><p>23</p><p>24</p><p>25</p><p>30</p><p>40</p><p>41</p><p>43</p><p>45</p><p>54</p><p>63</p><p>65</p><p>68</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>Mensagem da nossa diretora executiva</p><p>3</p><p>1. APRESENTAÇÃO</p><p>Mensagem da nossa diretora executiva</p><p>Brasil na luta por uma vida livre</p><p>e digna para todos os animais</p><p>“A senciência animal está no centro de tudo o que fazemos.</p><p>A capacidade dos animais de sentirem estados e emoções positivas e</p><p>negativas já é comprovada cientificamente. Mas reconhecer a senciência</p><p>animal não é um conceito puramente teórico ou abstrato. Se entendemos</p><p>que os animais podem sentir dor e angústia, é nossa responsabilidade</p><p>minimizar experiências que os façam sofrer, como a pecuária industrial, o</p><p>comércio de vida selvagem e a indústria de turismo e entretenimento.</p><p>Este é um compromisso fundamental da Proteção Animal Mundial,</p><p>que aposta em maior conscientização sobre esse conceito-chave em</p><p>nosso planejamento estratégico. Mecanismos de proteção básica dos</p><p>animais podem proibir os maus-tratos físicos ou a violência, mas os seres</p><p>sencientes exigem mais do que apenas estarem livres da dor física. Por isso,</p><p>compreender a senciência animal também muda as nossas prioridades em</p><p>relação à legislação sobre bem-estar animal. Vários países já reconhecem</p><p>a senciência animal por leis e outros ainda precisam avançar neste sentido,</p><p>como é o caso do Brasil.</p><p>Portanto, temos o enorme desafio de contribuir para a proteção dos animais</p><p>e livrá-los da crueldade humana e de todo tipo de sofrimento. Infelizmente,</p><p>o Brasil tem a maior diversidade de animais, mas também é o país que mais</p><p>tem ameaçado os biomas que abrigam as casas dos animais silvestres,</p><p>devido ao desmatamento associado à produção de gado, soja e milho -</p><p>estes dois largamente produzidos para ração animal.</p><p>Trabalhamos para garantir que os animais de produção vivam bem,</p><p>transformando o sistema alimentar global e as atitudes em relação ao bem-</p><p>estar dos animais de produção. Temos a responsabilidade conjunta junto aos</p><p>nossos parceiros de trabalhar por um mundo onde o respeito pelos animais</p><p>e pela natureza esteja no centro de nosso sistema alimentar, que seja</p><p>equitativo, sustentável e resiliente.</p><p>Acreditamos que os animais silvestres têm direito à vida selvagem, como</p><p>animais livres de qualquer forma de exploração cruel e prosperando em</p><p>um habitat natural abundante que deve ser protegido. Estamos trabalhando</p><p>para ampliar e fortalecer a reabilitação de animais silvestres no Brasil e</p><p>a reintrodução das espécies em seus habitats, incluindo a discussão na</p><p>propositura de leis e projetos públicos e privados sobre biodiversidade,</p><p>bioeconomia e restauração florestal.</p><p>Há mais de sete décadas, atuamos em vários países, defendendo a vida dos</p><p>animais, e acreditamos que é urgente transformar os sistemas alimentares,</p><p>que atualmente compõem um modelo agrícola que visa prioritariamente o</p><p>lucro, impondo sofrimento aos animais. Defendemos a urgência da adoção</p><p>de medidas para enfrentar o problema do sofrimento animal, da devastação</p><p>da biodiversidade, da fome e insegurança nutricional e da redução</p><p>dos gases de efeito estufa. Vamos continuar a trabalhar com governos,</p><p>instituições, sociedade civil e setor privado pela transformação nos</p><p>sistemas alimentares.</p><p>Todos os animais - silvestres ou de fazenda - merecem uma vida livre de</p><p>crueldade, digna de ser vivida. Em 2024, continuaremos sendo a voz dos</p><p>que não podem falar. Juntos mudaremos as vidas de animais para sempre”.</p><p>Lisa Gunn - Diretora Executiva da</p><p>Proteção Animal Mundial no Brasil</p><p>4</p><p>Foto: shutterstock.com</p><p>ESTRATÉGIA</p><p>GLOBAL 2021-2030</p><p>5</p><p>2. ESTRATÉGIA GLOBAL 2021-2030</p><p>Um novo mundo para os animais:</p><p>um resumo da nossa estratégia simplificada</p><p>Não há dúvidas de que esse é o único meio de eliminar</p><p>as causas-raiz do sofrimento animal. E para atender a esse</p><p>enorme desafio, nossa estratégia ficou mais simples.</p><p>A mudança começa conosco.</p><p>Nossa visão 2030</p><p>Um mundo onde os animais vivem livres de crueldade e</p><p>sofrimento. Esta é a visão para os próximos 10 anos da</p><p>nossa Estratégia Global 2021-2030.</p><p>Nosso propósito</p><p>Movemos o mundo para proteger os animais.</p><p>Metas</p><p>Para gerar o maior impacto para os animais, vamos nos</p><p>dedicar totalmente para atingir duas metas estratégicas</p><p>ao longo dos próximos 10 anos. Não vamos parar até</p><p>alcançar o nosso objetivo. São elas:</p><p>1. Garantir o bem-estar dos animais de produção</p><p>transformando o sistema alimentar global;</p><p>2. Acabar com a exploração cruel dos animais silvestres</p><p>mudando os sistemas que permitem que sejam tratados</p><p>como commodities.</p><p>O desafio</p><p>Nosso desafio para os próximos anos é imenso. Há uma crise</p><p>cada vez mais profunda que os animais enfrentam em todo o</p><p>mundo. Sua escala é alarmante.</p><p>Pelo menos 1,6 trilhão de animais selvagens</p><p>são mortos e sofrem com as ações humanas</p><p>todos os anos.</p><p>Mais de 80 bilhões de animais de criação</p><p>são consumidos anualmente. A maioria está</p><p>cruelmente confinada a sistemas industriais</p><p>e de baixo nível de bem-estar.</p><p>Sob pressão</p><p>A crescente população, a urbanização, o aumento da</p><p>prosperidade econômica e o vício em carne impulsionam uma</p><p>demanda cada vez maior por produtos de origem animal</p><p>e colocam mais pressão sobre os habitats animais. Se não</p><p>for controlada, esta procura por animais e a sua escala de</p><p>sofrimento continuarão a acelerar.</p><p>Diante desses desafios, precisamos transformar os</p><p>sistemas globais que incitam os abusos contra os animais.</p><p>1,6</p><p>trilhão</p><p>80</p><p>bilhões</p><p>6</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>2. ESTRATÉGIA GLOBAL 2021-2030</p><p>Um novo mundo para os animais: um resumo da nossa estratégia simplificada</p><p>Escala - Nós dedicamos esforços para transformar as vidas</p><p>de muitos animais, tanto hoje como no futuro. Nós priorizamos</p><p>os animais que enfrentam os sofrimentos mais severos e</p><p>duradouros, incluindo bilhões de animais de produção</p><p>confinados no sistema alimentar industrial e trilhões de</p><p>animais silvestres que são explorados no lucrativo comércio</p><p>global de vida selvagem.</p><p>Sustentabilidade - O nosso mundo está mudando</p><p>rapidamente e o tema da proteção animal é frequentemente</p><p>deixado de lado. Mas ele é fundamental para o bem-estar</p><p>humano e ambos estão intimamente ligados. Nosso trabalho</p><p>de proteção animal deve ajudar a resolver questões urgentes,</p><p>como a emergência climática, a crise da saúde pública, a</p><p>rápida urbanização e o esgotamento constante dos recursos</p><p>naturais. As nossas soluções devem estar alinhadas com a</p><p>agenda global sustentável e beneficiar os animais, as pessoas</p><p>e o nosso planeta.</p><p>Confira a estratégia global aqui.</p><p>Pilares</p><p>A Estratégia Global 2021-2030 é definida por quatro</p><p>elementos críticos e conectados: Sistemas, Escala, Senciência e</p><p>Sustentabilidade. Vejamos:</p><p>Sistemas - Para viabilizar essa mudança ousada e</p><p>transformadora, focamos na reversão dos sistemas que</p><p>promovem os piores abusos animais, incluindo o cruel sistema</p><p>alimentar industrial e a extração prejudicial de animais da</p><p>natureza. Como são sistemas intimamente interligados, projetos</p><p>e intervenções individuais não são suficientes, nem eficientes.</p><p>Assim, devemos mudar todos os sistemas para romper a cadeia</p><p>da crueldade que mercantiliza os animais visando lucro.</p><p>deve agir de forma proativa</p><p>removendo posts que retratam maus-tratos animais,</p><p>expandindo as hashtags que acionam o aviso e, além disso,</p><p>aplicando avanços tecnológicos para evitar que conteúdo</p><p>sensível seja carregado e visualizado em primeiro lugar.</p><p>Nota de repúdio a ex-ministro da</p><p>Justiça por comércio ilegal de aves</p><p>Em abril de 2023, publicamos uma nota de repúdio a</p><p>Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública do</p><p>Governo Bolsonaro, após a acusação de comércio ilegal de</p><p>aves silvestres. Agentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio</p><p>Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e do Ibram</p><p>(Instituto Brasília Ambiental) encontraram 55 aves silvestres em</p><p>sua residência, uma delas com a pata mutilada. Por ocasião</p><p>da apreensão, Torres se encontrava preso por suspeita de</p><p>omissão no caso dos ataques antidemocráticos de 8 de</p><p>janeiro em Brasília.</p><p>Entre as espécies encontradas na casa de Anderson Torres</p><p>havia curiós, um casal de tiê-sangue, azulão e bicudo-</p><p>verdadeiro. Espécie rara que está criticamente ameaçada</p><p>de extinção, o bicudo é um dos principais alvos do tráfico de</p><p>animais no Brasil, ocupando o primeiro lugar no ranking de</p><p>aves cantoras mais procuradas.</p><p>31</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>A Proteção Animal Mundial repudia veementemente a prática</p><p>constatada pelo Ibama e reforça que nenhum animal selvagem</p><p>nasceu para viver longe da natureza. Defendemos que o</p><p>lugar de silvestres é livre, na natureza. Por mais dedicado que</p><p>um tutor seja, ele jamais será capaz de oferecer aos animais</p><p>selvagens tudo o que eles encontram (e precisam!) na natureza.</p><p>Afinal, é impossível reproduzir o espaço e a liberdade que eles</p><p>teriam em seus habitats naturais.</p><p>Em dezembro de 2023, o ex-ministro acabou sendo indiciado</p><p>pela Polícia Federal por crimes de maus-tratos e criação</p><p>irregular de animais silvestres. De acordo com as investigações,</p><p>além das mutilações nas aves, ele não respeitou a autorização</p><p>obtida para a criação de animais e inseriu dados falsos no</p><p>Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação</p><p>Amadora de Pássaros (SisPass). O Ibama já aplicou multa de</p><p>R$ 34 mil a Anderson Torres por criação ilegal.</p><p>Xamã: filhote de onça-pintada</p><p>salvo de queimada se prepara</p><p>para retorno à Amazônia</p><p>Um marco do enfrentamento às pressões de desmatamento</p><p>e incêndios florestais impulsionados pela expansão</p><p>agropecuária, do avanço desordenado da urbanização,</p><p>além de atividades ilegais de mineração, caça e tráfico de</p><p>vida silvestre. No início de 2023, um filhote de onça-pintada</p><p>(Panthera onca, espécie vulnerável no Brasil, ICMBio 2018)</p><p>que ajudamos a resgatar em agosto de 2022 no Mato</p><p>Grosso - foi transferido para um recinto de reabilitação no</p><p>Estado do Pará. Xamã, como foi batizado, permanecerá</p><p>usufruindo um espaço de 15 mil m2 por até dois anos.</p><p>Após todo esse processo, ele deverá se tornar o primeiro</p><p>macho da espécie a voltar para a Amazônia - outras três</p><p>fêmeas de onça-pintada já haviam sido reintroduzidas. A</p><p>experiência com Xamã deverá gerar conhecimentos científicos</p><p>para a conservação de onças-pintadas em liberdade neste</p><p>bioma. O Brasil hoje é considerado um país-chave para a</p><p>conservação da espécie, uma vez que ainda concentra as</p><p>maiores populações de onças-pintadas do mundo. Por possuir</p><p>a área mais extensa de habitat adequado e não-fragmentado</p><p>para este felino, a Amazônia é o território mais importante</p><p>para a conservação da onça-pintada em longo prazo.</p><p>A presença das onças-pintadas é estratégica para a</p><p>preservação ambiental na região porque estes animais são</p><p>muito sensíveis a perturbações ambientais e, por isso, são</p><p>úteis no monitoramento da qualidade do habitat (espécie</p><p>bioindicadora). Durante todo esse processo, Xamã gerará</p><p>dados que indicarão a sua adaptação e que irão ajudar na</p><p>reabilitação futura de outros machos da espécie, amparando,</p><p>inclusive, decisões para novas políticas públicas voltadas à</p><p>preservação da espécie.</p><p>Como é feita a reabilitação de Xamã?</p><p>Sob assistência permanente de uma equipe de biólogos, Xamã</p><p>recebe apoio no aprendizado dos comportamentos básicos da</p><p>espécie, como caça e defesa, os quais não teve oportunidade</p><p>de receber da mãe. Quando atingir a maturidade, por volta</p><p>de 17 meses de idade, e estiver apto para a reintrodução na</p><p>natureza, será liberado em uma área adequada e segura para</p><p>voltar a viver uma vida selvagem.</p><p>Até lá, ele terá todo o recinto de floresta amazônica nativa</p><p>densa e rica exclusivamente para ele. No dia a dia, o contato 32</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>com humanos será mínimo e ele terá as movimentações</p><p>essencialmente acompanhadas por câmeras. Quando alcançar</p><p>a autonomia para viver novamente na floresta e exercer seu</p><p>papel ecológico, inclusive como macho saudável e fértil,</p><p>podendo contribuir para o aumento populacional da espécie,</p><p>Xamã será solto, mas seguirá ainda sob monitoramento remoto</p><p>por algum tempo. Esse acompanhamento acontecerá por meio</p><p>de um rádio colar que permitirá aos especialistas monitorar</p><p>remotamente, por pelo menos um ano, aspectos como a sua</p><p>movimentação, a atividade de delimitação de espaço e a</p><p>marcação de território.</p><p>“Xamã é mais uma vítima de uma marcha que está pulverizando</p><p>as florestas brasileiras e, junto com elas, nossa vida silvestre</p><p>diversa e seus habitats. Esse animal, símbolo da nossa fauna,</p><p>foi separado da família depois de um incêndio florestal. Teve</p><p>a vida transformada para que as pessoas em todo o mundo</p><p>possam comer carne em quantidades crescentes e pelo</p><p>menor preço possível”, diz Julia Trevisan, Coordenadora de</p><p>Campanhas de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.</p><p>Para ela, empreender todos os esforços possíveis para tratar,</p><p>reabilitar e devolver o Xamã ao seu ambiente de origem, onde</p><p>ele poderá desempenhar na plenitude os seus comportamentos</p><p>naturais, é “uma questão de responsabilidade coletiva e um</p><p>ato de resistência contra o sistema alimentar e econômico</p><p>insustentável que ameaça a existência de animais silvestres e</p><p>humanos igualmente”.</p><p>Força-tarefa para salvar Xamã</p><p>A operação de resgate e reintrodução de Xamã é viabilizada</p><p>por uma força-tarefa em que a Proteção Animal Mundial</p><p>atuou diretamente, como patrocinadora e consultora.</p><p>Em colaboração com o Instituto Ecótono (IEco),</p><p>acompanhamos toda a fase de recuperação de Xamã no Setor</p><p>de Atendimento de Animais Silvestres do Hospital Veterinário</p><p>(Hovet) da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT),</p><p>em Sinop, com acompanhamento da Secretaria de Estado de</p><p>Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema-MT).</p><p>O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos</p><p>Recursos Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes</p><p>de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do</p><p>Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de</p><p>Mamíferos Carnívoros (Cenap), atuaram na supervisão</p><p>técnica e na gestão administrativa como autoridades públicas.</p><p>O Onçafari, entidade especialista em reintrodução de</p><p>felinos no país, foi envolvido para viabilizar a reintrodução e</p><p>assumiu a nova etapa iniciada em janeiro, também aportando</p><p>recursos, como parceiro no manejo de Xamã até a sua soltura</p><p>e posterior monitoramento remoto na natureza.</p><p>“O que difere o Xamã do caso de outras onças-pintadas</p><p>que nós recebemos e tratamos ao longo do tempo foi a</p><p>concretização dessas parcerias, no momento e da maneira</p><p>pela qual isso aconteceu. A grande lição de todo esse</p><p>processo é que proteção animal e conservação ambiental</p><p>não se fazem de forma solitária: é algo que se faz de mãos</p><p>dadas”, afirma a médica-veterinária Elaine Dione Venêga da</p><p>Conceição, professora da UFMT e responsável pelo Setor de</p><p>Atendimento de Animais Silvestres do Hovet.</p><p>“Os parceiros realmente fizeram a diferença ao reconhecer</p><p>a importância do animal, a condição dele e a possibilidade</p><p>de sucesso para reabilitação e soltura. Para além do 33</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>https://www.institutoecotono.com.br/</p><p>https://www.gov.br/ibama/pt-br</p><p>https://www.gov.br/ibama/pt-br</p><p>https://www.icmbio.gov.br/cenap/</p><p>https://www.icmbio.gov.br/cenap/</p><p>https://oncafari.org/</p><p>suporte financeiro, que é sim fundamental, a presença, o</p><p>acompanhamento, a troca de ideias trouxeram segurança e</p><p>amparo para a equipe”, acrescenta a médica-veterinária.</p><p>O biólogo Leonardo Sartorello, coordenador do Programa</p><p>de Reintrodução do Onçafari e atual supervisor do projeto</p><p>envolvendo Xamã, avaliou o pioneirismo da iniciativa. “O Xamã</p><p>representa um desafio, pois será o primeiro macho reintroduzido</p><p>na Amazônia, com todo treinamento e o monitoramento</p><p>adequado para avaliarmos o sucesso do processo. Outras</p><p>tentativas já foram feitas, mas não com essa abordagem</p><p>desenvolvida com sucesso ao longo dos anos. Isso pode ser um</p><p>grande divisor de águas para a conservação da espécie”.</p><p>Xamã no início era Juma</p><p>Xamã foi resgatado na região de Sinop, a 500 km ao norte</p><p>de Cuiabá (MT), em 17 de agosto de 2022, quando tinha</p><p>cerca de dois meses de idade e pouco mais de 10kg. Ele</p><p>estava sozinho, desidratado e assustado em uma propriedade</p><p>privada próxima do Rio Teles Pires, uma área impactada</p><p>pelas queimadas. A suspeita é que ele tenha se separado de</p><p>sua mãe ao fugir de um grande incêndio florestal ocorrido</p><p>nas imediações pouco antes. Havia sido acuado por cães e</p><p>apresentava um estado geral de desnutrição e desidratação.</p><p>As autoridades foram comunicadas e Xamã foi capturado no</p><p>mesmo dia e levado ao Hovet. Nos primeiros dias, até que os</p><p>veterinários pudessem fazer a sexagem do animal, acreditava-</p><p>se que o filhote era uma fêmea: Xamã era Juma. O animal</p><p>foi submetido a uma bateria de exames para averiguar sua</p><p>condição de saúde, a existência de quaisquer doenças e para</p><p>orientar o tratamento de recuperação.</p><p>O filhote de onça-pintada foi transferido do hospital e chegou</p><p>no dia 20 de janeiro ao recinto de reabilitação no estado</p><p>do Pará. Atualmente, ele se alimenta normalmente e tem</p><p>explorado ativamente a nova casa. Na avaliação das equipes</p><p>do Onçafari e do Hovet, o filhote foi bem-sucedido.</p><p>“Eu costumo dizer que a gente só faz uma parte do trabalho,</p><p>o animal é que faz todo o resto. O comportamento inicial de</p><p>Xamã foi excelente. Ele é um animal arredio e no futuro não</p><p>irá se aproximar de nenhuma propriedade e de nenhuma</p><p>pessoa. Ele não tem medo de pessoas, mas respeito. Isso</p><p>é bom para ele, uma vez que significa que irá se virar bem</p><p>sozinho. Aprendendo a executar os comportamentos da</p><p>espécie e a disputar o território dele, o ser humano não será</p><p>um problema”, comenta o biólogo Leonardo Sartorello.</p><p>Vítimas do fogo</p><p>O local de resgate, a época e as condições gerais do animal</p><p>indicam a possível história de Xamã, que não é muito diferente</p><p>daquela de tantos animais que habitam o norte do Mato</p><p>Grosso – uma zona de imensa biodiversidade na transição</p><p>entre o Cerrado e a Amazônia – e que acabam precisando de</p><p>atendimento veterinário de urgência. Entre diversos fatores, na</p><p>região de Sinop a vida silvestre local ainda sofre os reflexos da</p><p>inundação de áreas em razão da instalação de quatro usinas</p><p>hidrelétricas no Rio Teles Pires e da substituição de floresta por</p><p>imensas áreas de plantação de soja e pastagens. Somando-</p><p>se a isso, anualmente no período de maio a outubro há um</p><p>aumento de episódios de incêndios florestais, principalmente</p><p>causados por atividade humana. 34</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>Em 2022, observando dados do Instituto Nacional de</p><p>Pesquisas Espaciais (Inpe), a quantidade de focos e de</p><p>enormes e duradouros incêndios foi particularmente grande</p><p>na região entre meados de agosto e setembro, quando Xamã</p><p>precisou ser resgatado. Para as onças-pintadas, predadores</p><p>de topo da cadeia alimentar e que necessitam de áreas</p><p>de vida muito vastas (até 170 km2), a degradação de sua</p><p>morada é gravíssima.</p><p>Esse quadro de perda de habitats e queimadas se traduz para</p><p>os animais em impactos diretos principalmente de queimaduras,</p><p>desidratação e asfixia por fumaça. No momento da fuga, a</p><p>desorientação costuma levar a traumas diversos, como choques</p><p>contra edificações, atropelamentos ao cruzar estradas ou</p><p>encontros com animais domésticos. No pós-fogo, a perda de</p><p>ninhos, a falta de alimento (pela morte de presas, queima da</p><p>vegetação, de frutos e sementes) ou de água aparecem como</p><p>impactos indiretos ligados aos fogos sobre a vida silvestre.</p><p>A separação dos filhotes de suas famílias soma-se a tudo isso.</p><p>Para os jovens animais que conseguem se recuperar, mas que</p><p>não aprenderam os comportamentos básicos de sobrevivência,</p><p>isso surge como um novo obstáculo para o retorno aos seus</p><p>locais adequados de vida: na natureza de origem.</p><p>Dois tamanduás resgatados em 2021</p><p>são reintroduzidos na natureza</p><p>A Proteção Animal Mundial atuou na reintrodução de dois</p><p>tamanduás-bandeira, Cecília e Darlan, que foram resgatados</p><p>pela Polícia Ambiental em 2021 e levados ao Instituto</p><p>Tamanduá, quando ainda tinham pouco tempo de vida, nos</p><p>incêndios no Pantanal. No início de fevereiro de 2023, nossa</p><p>equipe foi até o Pantanal acompanhar a reintrodução. Ao</p><p>longo de vários meses, compartilhamos, nas redes sociais,</p><p>imagens da fase de adaptação dos tamanduás ao ambiente</p><p>natural que encantaram nossos apoiadores.</p><p>“No recinto de adaptação, os tamanduás apresentaram</p><p>comportamentos bem diferentes. Cecília sempre teve</p><p>um instinto mais exploratório, enquanto Darlan era mais</p><p>desconfiado e medroso. Esse comportamento foi totalmente</p><p>diferente no momento da soltura, Darlan logo se aventurou na</p><p>vegetação fechada, já Cecília demorou algum tempo para</p><p>começar a se expressar com mais naturalidade”, conta Júlia</p><p>Trevisan, Coordenadora de Campanhas de Vida Silvestre.</p><p>“Entender que cada animal tem uma personalidade única é a</p><p>base do trabalho da Proteção Animal Mundial, a senciência</p><p>animal norteia todas as nossas ações, campanhas, projetos e</p><p>parcerias”, completa.</p><p>Cecília - que foi eleita a Personalidade Silvestre Única em</p><p>premiação criada por nossa organização em 2022 - foi</p><p>encontrada ao lado de sua mãe, vítima de um atropelamento.</p><p>Provavelmente, fugiu do incêndio e de uma área devastada</p><p>pelo fogo, à procura de um local mais adequado para viver</p><p>com os recursos necessários. Já Darlan foi localizado em junho</p><p>de 2021, sozinho, em uma área rural próxima a um incêndio,</p><p>com apenas 20 dias de vida.</p><p>Cecília e Darlan ficaram mais de um ano no Centro de</p><p>Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), em Campo</p><p>Grande. Depois de receberem o atendimento necessário,</p><p>eles passaram a ser cuidados em um recinto de adaptação</p><p>do Instituto Tamanduá, aprendendo os comportamentos da 35</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/cecilia-vencedora-do-premio-personalidade-silvestre-unica-de-2022/</p><p>espécie, para voltar à natureza em segurança. No local, foram</p><p>estimulados a aprender comportamentos naturais da espécie</p><p>até atingir a maturidade. Agora, com quase dois anos, estão</p><p>seguros para voltar a viver uma vida selvagem.</p><p>Cecília e Darlan serão monitorados com o auxílio de rádio-</p><p>colete por dois anos. Dessa forma, as equipes conseguirão</p><p>avaliar o sucesso da reabilitação e se Cecília procriou. Além de</p><p>olhar para o indivíduo, o equipamento serve como instrumento</p><p>de pesquisa, ajudando a entender os comportamentos naturais</p><p>e deslocamento em vida livre.</p><p>“A soltura é uma oportunidade para alertarmos a população</p><p>sobre o impacto dos incêndios no habitat de milhões de</p><p>animais silvestres. Muitas vezes, as queimadas são originárias</p><p>da plantação de grãos para produzir ração para animais de</p><p>produção, ou seja, estão diretamente ligadas à alta demanda</p><p>pelo consumo de carne e às escolhas individuais que fazemos</p><p>todos os dias”, conta Roberto Vieto, Conselheiro Global de</p><p>Bem-Estar Animal da Proteção Animal Mundial.</p><p>Projeto Órfãos do Fogo</p><p>Graças a nossos apoiadores, a Proteção Animal Mundial atua</p><p>como patrocinadora e consultora do projeto Órfãos do</p><p>Fogo, criado para assistir os animais resgatados dos incêndios</p><p>e realizado pelo Instituto Tamanduá. Com nossa ajuda, eles</p><p>conseguiram aumentar a capacidade de reabilitação com a</p><p>construção de mais um recinto de imersão,</p><p>viabilizar a compra</p><p>de seis rádios-coletes, custear a alimentação dos animais, além</p><p>de arcar com parte dos gastos veterinários.</p><p>“A parceria com a Proteção Animal Mundial começou em</p><p>2021 e veio em um momento muito importante, quando a</p><p>gente recebeu um volume muito grande de animais logo após</p><p>os incêndios que ocorreram aqui no Pantanal. Essa parceria</p><p>fez com que a gente pudesse trazer os animais do CRAS e</p><p>começar esse projeto a longo prazo”, declara Flávia Miranda,</p><p>presidente e fundadora do Instituto Tamanduá.</p><p>O projeto surgiu no começo de 2021, uma iniciativa do</p><p>Instituto Tamanduá em parceria com a Pousada Aguapé, em</p><p>Aquidauana, que recebeu e cuidou de 16 animais que ficaram</p><p>órfãos em decorrência dos incêndios que atingiram o Pantanal</p><p>em 2020. A iniciativa visa um processo longo e trabalhoso de</p><p>reabilitação de filhotes resgatados.</p><p>“O projeto Órfãos do Fogo surgiu com uma necessidade após</p><p>os grandes incêndios de 2019 e 2020. Houve uma grande</p><p>mortalidade da nossa fauna, principalmente do tamanduá-</p><p>bandeira, que é um dos animais mais acometidos pelos</p><p>incêndios. O CRAS de Campo Grande passou a receber</p><p>muitos filhotes por atropelamento das mães, queimadas e</p><p>perda de habitat”, finaliza Flávia.</p><p>Denúncia sobre morte de animais</p><p>em canais de irrigação na Bahia</p><p>No dia 28 de setembro, denunciamos que parte do estado da</p><p>Bahia está sendo dominada pelo agronegócio e transformada</p><p>em um verdadeiro campo de extermínio de animais selvagens.</p><p>Além da perda de seus habitats pelo desmatamento, eles estão</p><p>morrendo afogados em canais de irrigação voltados para a</p><p>36</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Instituto-reabilita-filhotes-de-tamandua-vitimas-das-queimadas-no-Pantanal/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Instituto-reabilita-filhotes-de-tamandua-vitimas-das-queimadas-no-Pantanal/</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>Áreas de Patrimônio da Vida</p><p>Selvagem: programa global</p><p>incentiva o turismo responsável</p><p>Intitulado “Áreas de Patrimônio da Vida Selvagem”</p><p>(Wildlife Heritage Areas, em inglês), o programa lançado pela</p><p>Proteção Animal Mundial e World Cetacean Alliance em</p><p>setembro de 2023 tem como objetivo incentivar o turismo de</p><p>forma correta e responsável, permitindo que os viajantes tenham</p><p>experiências e conexões com a natureza de forma genuína.</p><p>No Brasil, comemoramos o reconhecimento de uma região</p><p>como candidata a integrar o programa, a Reserva de</p><p>Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A unidade</p><p>de conservação estadual, situada no coração da Amazônia,</p><p>entre os rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná, é a maior</p><p>reserva em ecossistema de várzea na Amazônia brasileira.</p><p>“A participação no programa Área Patrimônio da Vida</p><p>Selvagem colabora no reconhecimento do trabalho de</p><p>conservação na Reserva Mamirauá e na proteção da fauna</p><p>e ecossistemas aliados com a promoção da qualidade de</p><p>vida das comunidades tradicionais locais. Mostra, também,</p><p>que o turismo realizado de forma sustentável é uma excelente</p><p>ferramenta de conservação”, avalia Pedro Meloni Nassar,</p><p>coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária no</p><p>Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá.</p><p>Turistas em busca de experiências únicas</p><p>Desenhado para oferecer encontros responsáveis com animais</p><p>selvagens, o programa Áreas de Patrimônio da Vida Selvagem</p><p>foi desenvolvido em resposta à crescente demanda de turistas</p><p>que buscam experiências únicas com a vida selvagem e que</p><p>cada vez mais se preocupam com a ética em relação ao</p><p>tratamento dos animais.</p><p>Em parceria com empresas de viagens responsáveis e</p><p>instituições do terceiro setor, o programa Wildlife Heritage</p><p>Areas busca mudar a forma como as pessoas viajam para</p><p>interagir com animais silvestres. Além disso, a iniciativa ajudará</p><p>toda a indústria do turismo a identificar destinos onde as</p><p>comunidades locais protegem a vida selvagem. 37</p><p>produção de grãos na Bahia. A escassez de água os atrai para</p><p>o canal, de onde não conseguem sair depois que entram.</p><p>De junho a agosto, três lobos-guará morreram afogados</p><p>(uma fêmea adulta e dois de seus três filhotes juvenis).</p><p>Eles representam de 30% a 40% da população da espécie</p><p>naquela área. Também já foram encontrados mortos um tatu-</p><p>peba, um gato-palheiro, roedores e uma coruja, segundo dados</p><p>do site ‘O Eco’.</p><p>Esta é mais uma consequência dramática da pecuária industrial</p><p>e de um modelo agrícola exterminador do futuro. Além das</p><p>comunidades locais serem ameaçadas e impedidas de usar</p><p>seus próprios territórios, os animais silvestres estão sendo mortos</p><p>das mais diferentes formas. Tudo isso para que o agronegócio</p><p>possa colher toneladas de grãos que irão entupir os animais</p><p>de fazenda condenados a uma vida de sofrimento, já que</p><p>conseguem comer, mas mal conseguem se mover ou expressar</p><p>seus comportamentos naturais. Por situações como esta é que</p><p>precisamos acabar com a pecuária industrial.</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Novo-programa-global-incentiva-o-turismo-responsavel-com-animais-selvagens/</p><p>https://worldcetaceanalliance.org/</p><p>https://mamiraua.org.br/areas-de-atuacao</p><p>https://mamiraua.org.br/areas-de-atuacao</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>Para o Diretor da Campanha de Vida Selvagem da Proteção</p><p>Animal Mundial, Nick Stewart, é possível manter e incentivar o</p><p>turismo de maneira responsável e ajudar as comunidades locais</p><p>levando em consideração o bem-estar animal.</p><p>“Estamos muito satisfeitos em apresentar o programa Áreas de</p><p>Patrimônio da Vida Selvagem como uma solução para o turismo</p><p>de exploração da vida selvagem. Nossa expectativa é que as</p><p>empresas de viagens de todo o mundo enxerguem que passeios</p><p>em elefantes, espetáculos com golfinhos ou interações muito</p><p>próximas com animais selvagens podem ser extremamente</p><p>nocivos às espécies”, explica Nick.</p><p>As Áreas Patrimônio da Vida Selvagem também criarão novas</p><p>oportunidades para os turistas se envolverem com a cultura</p><p>e biodiversidades únicas que sustentam a vida selvagem de</p><p>cada comunidade local. Isso ajudará a gerar um sentimento de</p><p>orgulho e renda para a proteção responsável da vida selvagem</p><p>e dos habitats. Essas áreas também vão</p><p>identificar destinos onde as comunidades locais protegem</p><p>a vida selvagem.</p><p>Programa de Capacitação Técnica</p><p>em Desastres</p><p>Lançamos em setembro de 2023 um curso de Capacitação</p><p>Técnica em Desastres para habilitar biólogos, médicos-</p><p>veterinários, zootecnistas e interessados em atuar diretamente</p><p>no resgate e assistência de animais vítimas de desastres</p><p>ambientais. Realizado na modalidade EAD (Ensino à</p><p>Distância), o programa é resultado da parceria com o</p><p>Instituto Homem Pantaneiro (IHP), a Universidade</p><p>Católica Dom Bosco e o Conselho Regional de Medicina</p><p>Veterinária do Mato Grosso do Sul.</p><p>“Estamos comprometidos em ampliar a capacidade de</p><p>resposta a desastres, fortalecendo a rede de especialistas</p><p>e voluntários preparados para enfrentar os desafios de</p><p>proteção à fauna e ao meio ambiente. Neste momento</p><p>crítico, com eventos extremos e as queimadas no Norte e</p><p>Centro Oeste, nossa iniciativa ganha uma relevância ainda</p><p>maior”, afirma Julia Trevisan, Coordenadora de Campanhas</p><p>de Vida Silvestre da Proteção Animal Mundial.</p><p>A atuação estratégica e bem coordenada desempenha um</p><p>papel fundamental na eficácia dos esforços de resgate e na</p><p>segurança dos profissionais envolvidos. O Pantanal, foco</p><p>principal do treinamento, é um bioma que tem sofrido com</p><p>secas severas e incêndios florestais. A Capacitação Técnica</p><p>em Desastres é uma ferramenta crucial para a proteção</p><p>não apenas da fauna silvestre, mas também desse</p><p>ecossistema único.</p><p>“Vimos uma tragédia sem precedentes no Pantanal, com uma</p><p>perda terrível da fauna. Ter profissionais capacitados para</p><p>atuar em momentos de desastre como o que presenciamos</p><p>representa uma resposta mais eficaz para podermos lutar</p><p>por vidas”, comenta Ângelo Rabelo, presidente do Instituto</p><p>Homem Pantaneiro.</p><p>Para Thiago Leite Fraga, presidente do Conselho Regional</p><p>de Medicina Veterinária</p><p>do Mato Grosso do Sul, a parceria</p><p>é “um passo importante para a construção de uma rede de</p><p>pessoas altamente capacitadas para enfrentar os desafios 38</p><p>https://crmvms.org.br/capacitacao-tecnica-em-desastres/</p><p>https://crmvms.org.br/capacitacao-tecnica-em-desastres/</p><p>https://institutohomempantaneiro.org.br/</p><p>https://site.ucdb.br/</p><p>https://site.ucdb.br/</p><p>39</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>que nosso país enfrenta em relação à preservação da fauna</p><p>e da natureza em geral. Estamos animados em apoiar a</p><p>iniciativa e contribuir para um futuro mais seguro para nossa</p><p>biodiversidade”, ressalta.</p><p>Programa de capacitação</p><p>O treinamento estará disponível para participantes de todo o</p><p>território nacional. A inscrição e a conclusão das atividades</p><p>ocorrerão por meio da plataforma do CRMV-MS,</p><p>proporcionando comodidade de acordo com a disponibilidade</p><p>de tempo e agenda dos interessados.</p><p>O programa é composto por introduções dos parceiros</p><p>envolvidos na iniciativa e 15 módulos de conteúdo. Cada</p><p>módulo é acompanhado de uma verificação de aprendizado.</p><p>Os alunos têm até 90 dias para concluir o curso e aqueles</p><p>que conseguirem desempenho suficiente receberão certificado</p><p>digital de conclusão.</p><p>https://crmvms.eadplataforma.app/login/aHR0cHM6Ly9jcm12bXMuZWFkcGxhdGFmb3JtYS5hcHAv</p><p>ENGAJAMENTO E</p><p>CAPTAÇÃO DE RECURSOS</p><p>40</p><p>5. ENGAJAMENTO E CAPTAÇÃO DE RECURSOS</p><p>“Em 2023 atuamos para expandir a presença da Proteção</p><p>Animal Mundial na vida dos nossos apoiadores e ampliar o</p><p>alcance das nossas atividades de campanhas. Nosso foco foi</p><p>direcionado para a mobilização e engajamento da audiência</p><p>para criar senso de pertencimento à causa e o envolvimento com</p><p>as atividades da organização. Tivemos como objetivo tornar a</p><p>comunidade de apoiadores mais envolvida nos diferentes canais</p><p>de comunicação e promover uma conexão duradoura entre a</p><p>Proteção Animal Mundial e o nosso público-alvo, contribuindo</p><p>assim para um maior envolvimento no entendimento dos desafios</p><p>na Proteção Animal no Brasil e no mundo.</p><p>Estruturamos nossas atividades para começar a captar recursos</p><p>para nosso trabalho no Brasil. Abrimos uma campanha de</p><p>crowdfunding do nosso ‘Calendário Anual 2024’ para atrair</p><p>nossos doadores. Mediante uma contribuição que partia de</p><p>R$ 45, eles receberam os calendários a partir do início de</p><p>2024 e a captação para doadores individuais, tanto únicos</p><p>como regulares.</p><p>Ampliamos nossa capacidade de monitoramento e resposta</p><p>rápida para os diferentes canais de comunicação. Lançamos</p><p>também nosso Programa de Voluntariado para expandir a</p><p>atuação da Proteção Animal Mundial para diferentes partes do</p><p>país e trazendo mais diversidade para nossa atuação.</p><p>Trabalhamos para transformar nosso trabalho no digital</p><p>como novas estratégias para conectar as diferentes áreas de</p><p>engajamento para mobilizar nossas audiências potenciais</p><p>e trazer um público maior para nossa base de dados de</p><p>apoiadores. Demos continuidade a grandes campanhas de</p><p>mobilização como Desmatamento no Prato, Reis da Mesa e Haja</p><p>Estômago, e atuamos em diversas outras frentes para ampliar a</p><p>divulgação do nosso trabalho em defesa ao bem-estar animal.</p><p>Em 2023, prosseguimos com a campanha de conscientização</p><p>sobre Senciência Animal, com divulgação maciça em nossas</p><p>redes sociais. Dentro deste mesmo conceito, lançamos a</p><p>campanha ‘A Porquinha Pensante’, além de embarcarmos</p><p>na coalizão ‘Brasil Sem Gaiolas’. Também potencializamos</p><p>as ações alavancadas pelas hashtags #SilvestreNãoéPet,</p><p>#FimAoComércioDeSilvestres e #SilvestreNãoéEntretenimento</p><p>- esta última, dentro de uma ampla mobilização para incentivo</p><p>ao turismo responsável, que teve várias frentes.</p><p>Aumentamos nossa presença digital, com novas estratégias</p><p>de crescimento nas redes sociais. No Instagram, por exemplo,</p><p>criamos o Desafio #AindaDáTempo, uma ação inédita em</p><p>colaboração com três influencers na área de alimentação</p><p>para incentivar a redução no consumo de proteína animal,</p><p>ainda como desdobramento da bem-sucedida campanha</p><p>‘Reis da Mesa’, lançada em 2021. Publicado no dia 5 de</p><p>dezembro, o carrossel em collab com a coalizão do ‘Brasil</p><p>Sem Gaiolas’ teve o melhor desempenho no Instagram.</p><p>O engajamento do post foi de 30,98% e o da página em</p><p>dezembro foi de 13,84%. 41</p><p>Por Elcio Figueiredo, Head de Engajamento e Captação de Recursos</p><p>Juntos, mobilizamos e sensibilizamos o mundo pelos animais</p><p>5. ENGAJAMENTO E CAPTAÇÃO DE RECURSOS</p><p>Também estreamos com sucesso no TikTok, alcançando mais</p><p>de 1 milhão de pessoas e 6.820 visualizações do nosso perfil.</p><p>Foram mais de 100 mil curtidas, 1439 compartilhamentos e</p><p>1577 comentários em nossas campanhas de mídia.</p><p>42</p><p>Conquistamos mais de 50 mil seguidores e perdemos apenas 423.</p><p>Com criatividade, entusiasmo e muita coragem, prosseguimos nossas</p><p>atividades online para motivar mais pessoas a se juntarem a nós na</p><p>missão de transformar positivamente a vida dos animais. Para sempre.”</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>5.1 Campanhas para captação de recursos e voluntários</p><p>Mais do que apenas uma coleção de datas e imagens, nosso</p><p>calendário 2024 é um convite diário para as pessoas se</p><p>juntarem a nós na missão inspiradora de proteger os animais</p><p>durante todo o ano. Cada página celebra a beleza, a força</p><p>e a resiliência dos animais que tanto amamos e trabalhamos</p><p>para proteger.</p><p>Em um mundo que enfrenta constantes desafios ambientais,</p><p>selecionamos espécies que vêm sendo covardemente atingidas</p><p>pelo crescimento desenfreado do agronegócio. Dentre estas,</p><p>destacamos a Onça-Pintada, o Zogue-Zogue do Mato Grosso</p><p>e a Ararinha Azul, que emergem como símbolos de resistência,</p><p>determinação e esperança.</p><p>As histórias que contamos em nosso calendário não são</p><p>meramente inspiradoras; elas são um chamado à ação. Ao</p><p>adquirir o calendário Todo dia é Animal, cada pessoa</p><p>contribui diretamente para a proteção dessas e de outras</p><p>espécies e para a continuidade do nosso trabalho.</p><p>Comecemos pelo maior felino das Américas: a onça-pintada.</p><p>Terceira maior espécie de felino do mundo, ela está no topo da</p><p>cadeia alimentar e precisa de grandes áreas preservadas para</p><p>sobreviver. Sua presença é sentida em quase todos os biomas</p><p>brasileiros. Contudo, enfrenta ameaças crescentes.</p><p>Sua presença está diminuindo, principalmente pela perda</p><p>de seu habitat e a matança ilegal. O Pantanal, um de seus</p><p>habitats, tem sido assolado por incêndios. Entre as chamas,</p><p>encontramos Xamã, um filhote assustado e vulnerável. Graças</p><p>à Proteção Animal Mundial, Xamã foi resgatado e está em 43</p><p>reabilitação. Cada rugido seu é um lembrete da batalha que</p><p>ainda precisamos travar.</p><p>Já o Zogue-Zogue do Mato Grosso, um simpático macaquinho,</p><p>enfrenta inimigos de proporções gigantes: a expansão da</p><p>agricultura, a pecuária e o crescimento urbano. Habitante da</p><p>região conhecida como Arco do Desmatamento, este pequeno</p><p>primata vê seu lar ser transformado em campos de soja. Mas</p><p>a esperança reside na preservação das nossas florestas,</p><p>demarcação de terras indígenas e no turismo sustentável, que</p><p>prometem ser o refúgio para a sobrevivência desta espécie.</p><p>Por último, mas não menos importante, temos a Ararinha Azul.</p><p>Após a extinção de sua presença selvagem em 2002, o mundo</p><p>assistiu, duas décadas depois, a uma emocionante revoada</p><p>de esperança. Oito destas aves, vindas da Alemanha, foram</p><p>soltas na Bahia. E, em 2023, celebramos o nascimento de dois</p><p>filhotes no ambiente selvagem, um verdadeiro marco para a</p><p>biodiversidade brasileira.</p><p>Infelizmente, na contramão dos ‘finais felizes’ das histórias</p><p>desses animais, destacadas em nosso calendário anual,</p><p>diversas espécies tipicamente brasileiras correm riscos. É o caso</p><p>dos tamanduás-bandeira, que estão entre os mamíferos mais</p><p>ameaçados de extinção nas Américas do Sul e Central. Esses</p><p>animais gostam de áreas com florestas onde há abundância de</p><p>formigas, fundamentais para sua alimentação, mas vêm sendo</p><p>alvos constantes da destruição de seu habitat causada pelo</p><p>desmatamento e pelas queimadas.</p><p>A conversão de terras para a agricultura e a caça ainda</p><p>frequente</p><p>estão entre as ameaças ao cervo-do-pantanal, o maior</p><p>Calendário 2024 - todo dia é animal: campanha para captar recursos</p><p>https://www.kickante.com.br/vaquinha-online/exclusivo-calendario-protecao-animal-mundial-2024-todo-dia-e-animal?utm_campaign=br_brand&utm_source=site&utm_medium=blogpost&utm_content=copy1</p><p>5.1 Campanhas para captação de recursos e voluntários</p><p>44</p><p>cervídeo da América do Sul, que já perdeu significativamente</p><p>sua área de distribuição.</p><p>Pelo menos nove espécies de tatu que ocorrem nos biomas</p><p>brasileiros estão em situação de vulnerabilidade, como o tatu-</p><p>canastra, que vive no Cerrado. Ele atua como um importante</p><p>“engenheiro do ecossistema” porque outros animais usam as</p><p>tocas que ele cava como abrigo.</p><p>Outro que corre perigo é o lobo-guará, espécie endêmica da</p><p>América do Sul e muito comum no Cerrado, onde tem papel</p><p>significativo na disseminação de sementes das frutas que come.</p><p>É tímido e solitário, preferindo manter distância de</p><p>populações humanas.</p><p>Lançamento do programa</p><p>de voluntariado</p><p>Em maio, anunciamos a criação de um programa de</p><p>voluntariado para potencializar o alcance de nossas</p><p>campanhas pela Proteção Animal Mundial no Brasil. Para</p><p>estruturar esse processo, criamos uma pesquisa online para</p><p>conhecer melhor nossos potenciais voluntários e entender como</p><p>podemos oferecer a melhor experiência possível aos nossos</p><p>colaboradores, apoiadores e futuros voluntários.</p><p>No dia 30 de agosto, lançamos nosso novo Programa de</p><p>Voluntários, abrindo inscrições para quem quer fazer parte</p><p>de um grupo comprometido diretamente em acabar com a</p><p>crueldade animal no mundo.</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>45</p><p>Collab com o_capirotinho: o agro</p><p>não é pop, o agro é caro e cruel</p><p>O agro não é pop, o agro é caro e cruel. Com este gancho,</p><p>realizamos uma collab nas redes sociais com o_capirotinho,</p><p>gerando o maior engajamento do mês no Instagram</p><p>(30,46%). Na ação em parceria com o pefil para alavancar</p><p>mais audiência, revelamos que o setor da soja é o que</p><p>mais recebe subsídios no país, mas quem paga a conta é</p><p>a população, que fica sem acesso à comida de verdade e</p><p>enfrenta cada vez mais a desigualdade. E mostramos alguns</p><p>dados que corroboram isso.</p><p>Em 2022, o governo deixou de receber 57 bilhões de reais</p><p>do setor de grãos, que quase não paga imposto. Com esse</p><p>valor seria possível alimentar milhares de pessoas que hoje</p><p>passam fome, conter o desmatamento que avança em áreas</p><p>de preservação e proteger muitos animais silvestres que hoje</p><p>sofrem e são explorados com diversos fins. Também daria</p><p>para plantar sem o uso de venenos, redistribuir muitas terras,</p><p>estruturar programas de educação, saúde e muito mais.</p><p>No entanto, este valor em dinheiro público foi destinado</p><p>à plantação de soja somente em 2022. Esses grãos são</p><p>produzidos para virar ração e alimentar animais que são</p><p>criados em sistemas crueis e que desrespeitam todas as suas</p><p>necessidades. São 57 bilhões de reais liberados para que</p><p>poucos continuem enriquecendo enquanto mais da metade</p><p>(58,7%) da população brasileira convive com a insegurança</p><p>alimentar em algum grau (leve, moderado ou grave).</p><p>Porcos também pensam:</p><p>campanha conscientiza</p><p>sobre sofrimento dos suínos</p><p>Em linha com o conceito da senciência animal, que está no</p><p>centro de boa parte da nossa estratégia global, estudos</p><p>apontam que os porcos são classificados como um dos cinco</p><p>animais mais inteligentes do planeta, ao lado dos chimpanzés,</p><p>golfinhos e elefantes. Pesquisas provam que os suínos são</p><p>sociais, empáticos, sensíveis e que, assim como os humanos,</p><p>também sentem dor.</p><p>No entanto, o sofrimento das porcas na pecuária industrial -</p><p>amplamente revelado ao longo do ano por meio de imagens</p><p>perturbadoras em nossas redes sociais - é uma questão</p><p>amplamente ignorada. Para chamar a atenção sobre a</p><p>crueldade na produção industrial de suínos, a Proteção Animal</p><p>Mundial lançou “A Porquinha Pensante”.</p><p>Com foco na senciência animal, essa campanha institucional</p><p>coloca na peça principal a ideia de que as porcas também</p><p>pensam. Além de amplamente divulgada nas redes sociais, a</p><p>campanha foi veiculada em Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ)</p><p>com mobiliário urbano; Campinas (SP) com outdoor e Fortaleza</p><p>(CE) em elevadores residenciais e comerciais. A peça principal</p><p>também marcou presença em cinemas na cidade de São Paulo.</p><p>A crescente demanda por carne mostra que é mais fácil ignorar</p><p>a verdade: a pecuária industrial é a maior causa de crueldade e</p><p>sofrimento animal no planeta. Hoje, mais de um bilhão de porcas</p><p>são mantidas em condições cruéis em fazendas industriais em</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=HPxMC_U6XDg</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>46</p><p>todo o mundo. Suas vidas curtas e turbulentas são cheias de</p><p>medo, dor e sofrimento - muitas vezes terminando em desespero.</p><p>Fim à exploração de silvestres</p><p>A campanha promovida pela hashtag #SilvestreNãoéPet em</p><p>nossas redes sociais focou nos motivos para não comprar</p><p>aves silvestres, já que esses animais sofrem quando estão em</p><p>cativeiros por não terem suas necessidades naturais plenamente</p><p>atendidas. Também destacamos a exploração de animais</p><p>silvestres como se fossem pets apenas para obter curtidas nas</p><p>redes sociais.</p><p>3 motivos para não comprar um pássaro - no Brasil,</p><p>sabemos que não é tão difícil, infelizmente, encontrar aves</p><p>criadas como se fossem animais de estimação. Isso porque</p><p>milhões de aves são criadas em cativeiro ou capturadas da</p><p>natureza para servirem como pets. Algumas são vendidas</p><p>online por milhares de dólares, outras são comercializadas em</p><p>petshops. Mas a lógica é simples: se não estão na natureza,</p><p>eles estão em sofrimento.</p><p>3 formas de combater a exploração de silvestres</p><p>na internet - há uma tendência perturbadora de animais</p><p>selvagens mantidos como animais de estimação, sendo</p><p>torturados psicológica e fisicamente, apenas para que as</p><p>pessoas ganhem mais curtidas.</p><p>Manter animais selvagens longe de seus habitats é crueldade.</p><p>Portanto, orientamos que as pessoas não engajem vídeo ou foto</p><p>de silvestres com fraldas, roupas de bebê ou sendo alimentados</p><p>com mamadeiras e denunciem o conteúdo.</p><p>Campanha estimula turismo</p><p>responsável entre empresas</p><p>e visitantes</p><p>Divertido? Pra quem? Para elefantes, macacos, golfinhos e outros</p><p>animais não é. Entretenimento com silvestres é crueldade animal.</p><p>Provamos que animais apenas realizam truques por medo do</p><p>que aconteceria se não o fizessem. Por isso, é importante que os</p><p>visitantes sejam críticos e conscientes ao escolherem participar</p><p>de atividades que envolvam animais em cativeiro, observando as</p><p>práticas do local, condições e políticas de bem-estar.</p><p>Mais de 550 mil animais são mantidos em cativeiro em todo o</p><p>mundo para servir de entretenimento na indústria do turismo. Mas</p><p>há meios de apreciar esses animais sem comprometer o seu bem-</p><p>estar. Ao escolher atrações para visitar, os turistas podem optar</p><p>sempre por locais que não exploram animais selvagens. É possível</p><p>participar de avistagens de baleias no litoral, por exemplo.</p><p>Por isso, ao longo de todo o ano, realizamos inúmeras ações</p><p>para estimular o turismo responsável. Além dos relatórios</p><p>que lançamos em 2023 e da petição para que Decolar e</p><p>CVC parem de promover atrações que exploram silvestres,</p><p>promovemos diversas ações de sensibilização, inclusive</p><p>aproveitando algumas datas temáticas para reforçar nossa</p><p>campanha nas redes sociais. Atração legal é atração com</p><p>silvestres no seu habitat natural.</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>47</p><p>Veja algumas das nossas iniciativas:</p><p>Petição para CVC e Decolar - o turismo responsável</p><p>começa com quem fazemos nossas reservas de viagem.</p><p>Com essa mensagem, mobilizamos as pessoas para pedirem</p><p>à Decolar e à CVC que parem de promover a exploração</p><p>de animais selvagens para entretenimento. Até setembro já</p><p>tínhamos 6 mil assinaturas e nossa meta é chegar a 10 mil.</p><p>Pedimos que as empresas de turismo parem de vender ingressos</p><p>para atrações cruéis.</p><p>Vitória junto à Klook - celebramos a nova política de bem-</p><p>estar animal da Klook - uma das principais empresas de viagens</p><p>online - que a partir de outubro de 2023 deixou de vender</p><p>ingressos para atrações circenses com elefantes, golfinhos e</p><p>tigres. O post anunciando a medida da empresa em setembro</p><p>gerou um dos maiores engajamentos do ano: 30,85%.</p><p>6 atrações legais para visitar nas férias - mostramos</p><p>que, sobretudo nas férias, é importante ter cuidado com</p><p>atrações turísticas que maltratam os animais. Para identificar se</p><p>um local é legal e cuida dos animais, é preciso prestar atenção</p><p>no que ele não deve:</p><p>• Permitir que as pessoas toquem nos silvestres;</p><p>• Promover espetáculos com animais (como macacos,</p><p>golfinhos, elefantes…);</p><p>• Oferecer passeios em cima de animais selvagens (como</p><p>elefantes);</p><p>• Ter como programação lutas com ou entre animais (como</p><p>rinhas de galo, touradas e lutas com crocodilos);</p><p>• Permitir interações com os animais, como nadar com</p><p>golfinhos ou botos-cor-de-rosa;</p><p>• Ter interações de alimentar os animais.</p><p>10 atrações cruéis para evitar nas férias -</p><p>apesar de algumas atrações não existirem no Brasil,</p><p>temos a responsabilidade de não financiá-las quando viajamos</p><p>para fora do país. Empresas que vendem esse tipo de atração</p><p>inventam argumentos para esconder o sofrimento de milhares</p><p>de animais.</p><p>5 dicas para observar animais aquáticos de maneira</p><p>segura e responsável - divulgamos orientações para</p><p>combater a exploração de baleias, golfinhos e outras espécies</p><p>aquáticas para entretenimento, como evitar maior aproximação</p><p>ao observar, nadar ou mergulhar, não tocar nem alimentar</p><p>esses animais e evitar selfies e fotos com flash, em respeito ao</p><p>seu habitat natural.</p><p>5 razões para não nadar com golfinhos nas férias -</p><p>golfinhos que vivem em cativeiro estão sofrendo silenciosamente</p><p>para entreter pessoas. Se nadar com golfinhos estava na lista de</p><p>coisas a fazer durante as férias, listamos cinco razões pelas quais</p><p>essa decisão deve ser reconsiderada nas viagens.</p><p>Alerta para atrações com grandes felinos - em diversos</p><p>posts ao longo do ano, destacamos os riscos que leões, tigres</p><p>e outros grandes felinos correm no Brasil, onde é comum</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>48</p><p>encontrar estes animais em zoológicos e parques temáticos</p><p>como forma de entretenimento. Em uma delas, lembramos que</p><p>a atividade não deve ser incentivada e somente com ações</p><p>concretas podemos restaurar a representação do país como</p><p>líder em conservação e proteção animal.</p><p>Aconselhamos que turistas e visitantes evitem locais e</p><p>atrações que explorem leões e outros grandes felinos para</p><p>entretenimento, como acariciar filhotes e caminhar com leões.</p><p>Essa conscientização é essencial para garantir o bem-estar</p><p>dos leões cativos do país e proteger esses animais de</p><p>práticas inaceitáveis.</p><p>Leões são seres sencientes, além de terem personalidades</p><p>únicas, como os humanos. Ou seja, são capazes de sentir</p><p>emoções complexas (positivas e negativas) e constroem sua</p><p>própria personalidade. Leões tímidos não lidam bem com a vida</p><p>em cativeiro e acabam realizando comportamentos anormais e</p><p>estereotipados, diferentes dos leões mais ousados.</p><p>Tigres são animais inteligentes e capazes de sentir emoções.</p><p>Eles podem ficar estressados com a presença de turistas e cada</p><p>animal tem sua própria personalidade.</p><p>Preguiças exploradas na Amazônia - revelamos em</p><p>diversas postagens nas redes sociais que as preguiças estão</p><p>no topo da lista dos animais silvestres explorados para selfies</p><p>na Amazônia. Por causa de seus movimentos lentos e de uma</p><p>expressão facial que dá a impressão de que estão sempre</p><p>sorrindo, os bichos-preguiça se tornaram alvo fácil das atrações</p><p>turísticas que têm como único objetivo: o lucro. Nenhuma</p><p>crueldade justifica retirar animais da natureza para serem</p><p>usados como acessórios para selfies.</p><p>Crueldade com macaco-barrigudo - em novembro,</p><p>publicamos um vídeo sensível nas redes sociais. Enquanto é</p><p>mantido preso por cordas, sem poder sequer subir nos galhos,</p><p>turistas pagam para fotografar macacos-barrigudos em evidente</p><p>sofrimento. A indústria do turismo chama isso de entretenimento.</p><p>Nós chamamos de crueldade.</p><p>Dia Nacional do Turismo (8 de maio) - mostramos quatro</p><p>dicas para ser um turista consciente e amigo dos animais.</p><p>Lembramos que não devemos visitar atrações com animais</p><p>em cativeiro; pagar para ter contato direto ou tirar fotos com</p><p>animais selvagens; alimentar animais silvestres - estejam eles em</p><p>seu habitat ou não.</p><p>Dia do Turista (13 de junho) - lembramos que, ao comprar</p><p>um pacote de viagens, é importante se atentar que atração</p><p>legal é atração com silvestres no seu habitat natural. Quem ama</p><p>os animais deve ficar atento para não assistir a espetáculos com</p><p>animais nem participar de atividades em que possa tocar ou</p><p>alimentar silvestres ou fazer passeios de elefante (ou qualquer</p><p>outro animal silvestre), além de não assistir a lutas com ou entre</p><p>animais (como rinhas de galo, touradas e lutas com crocodilos).</p><p>Dia Mundial do Turismo (27 de setembro) - pedimos</p><p>apoio para acabar de uma vez por todas com a exploração</p><p>animal no turismo.</p><p>Campanhas de esclarecimento</p><p>Febre maculosa - capivaras não transmitem a doença.</p><p>Casos de febre maculosa no Brasil chamaram atenção nas</p><p>redes sociais, gerando muitas dúvidas das pessoas. Por isso,</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>49</p><p>lançamos uma ação de conscientização, esclarecendo que</p><p>capivaras, assim como cavalos, vacas, roedores e outros</p><p>animais, podem conter o carrapato-estrela, vetor da febre</p><p>maculosa, mas eles não são os responsáveis por transmitir a</p><p>doença. Alertamos as pessoas para que mantenham distância</p><p>segura dos animais silvestres e não os maltrate.</p><p>A transmissão da febre maculosa ocorre pela picada do</p><p>carrapato-estrela infectado pelas espécies de bactérias R.</p><p>rickettsii, com alto índice de letalidade, e R. parkeri. Esta é uma</p><p>doença grave e que, se não for tratada precocemente, pode</p><p>levar a óbito em poucos dias após o início dos sintomas.</p><p>Por isso, destacamos que a população preste atenção aos</p><p>sintomas, que são febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos,</p><p>diarreia e dor abdominal, dor no corpo e inchaço, cansaço</p><p>e manchas avermelhadas pelo corpo. Se sentir algum dos</p><p>sintomas, a orientação das autoridades sanitárias é procurar um</p><p>serviço médico imediatamente e informar se esteve em locais</p><p>com matas, florestas, fazendas, parques e trilhas.</p><p>É igualmente importante evitar regiões onde há casos</p><p>confirmados, principalmente áreas com grama ou vegetação</p><p>alta. Quem tiver que ir até esses locais deve usar calças, botas</p><p>e blusas com mangas compridas e optar por roupas claras</p><p>para identificar o carrapato com mais facilidade. Ao final do</p><p>“passeio”, deve procurar fazer um autoexame a fim de verificar</p><p>se algum carrapato está pelo corpo. Em caso positivo, retirá-lo</p><p>com uma pinça e higienizar a área com álcool ou sabão.</p><p>#AbrilLaranja: combate aos maus-tratos</p><p>aos animais</p><p>No Brasil, praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar</p><p>animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou</p><p>exóticos tem como pena detenção de três meses a um ano e</p><p>multa. Apesar de já serem considerados crimes pela Lei Federal</p><p>9605/98, as pessoas ainda praticam atos extremamente cruéis</p><p>contra os animais. Mais uma vez, abraçamos a campanha</p><p>criada pela Sociedade Americana para a Prevenção da</p><p>Crueldade a Animais (ASPCA) para alertar a população em</p><p>nossas redes sociais.</p><p>Datas temáticas dos animais</p><p>Dia internacional da zebra (1 de fevereiro) -</p><p>para comemorar este dia separamos algumas curiosidades</p><p>sobre este animal maravilhoso. Muita gente não sabe,</p><p>mas as listras das zebras são únicas, como as impressões</p><p>digitais dos seres humanos.</p><p>Dia mundial do hipopótamo (15 de fevereiro) -</p><p>nativos da África, os hipopótamos são os terceiros maiores</p><p>mamíferos terrestres, ficando atrás apenas dos elefantes e</p><p>rinocerontes brancos.</p><p>Dia mundial da baleia (19 de fevereiro) - as baleias são</p><p>animais</p><p>magníficos. Elas definitivamente não nasceram para</p><p>viver em piscinas e nos entreter. Elas pertencem ao mar.</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>50</p><p>Dia mundial da vida selvagem (3 de março) - lugar</p><p>de silvestre é livre, na natureza. Reforçamos que animais</p><p>selvagens NÃO são pets, mercadoria, entretenimento</p><p>nem medicina tradicional.</p><p>Dia nacional dos animais (14 de março) - convidamos</p><p>os seguidores a fazer um print para descobrir qual animal</p><p>fantástico da nossa fauna os representa. Pedimos que deixassem</p><p>nos comentários os seus resultados e marcassem alguém para</p><p>participar da brincadeira.</p><p>Dia mundial do urso (23 de março) - inteligentíssimos e</p><p>empáticos, os ursos são seres sencientes capazes de experienciar</p><p>emoções positivas e negativas. Mostramos quatro fatos que</p><p>reforçam que os ursos têm capacidade de sentir emoções</p><p>positivas e negativas.</p><p>Dia internacional da anta (27 de abril) - superinteligentes,</p><p>as antas têm um importante papel na preservação de biomas</p><p>como a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado e a Mata Atlântica.</p><p>Elas são grandes o bastante para se alimentar de frutas inteiras</p><p>(com o caroço) e depois andar por um amplo território. Ao final</p><p>da digestão, elas depositam as sementes já “adubadas”.</p><p>Dia mundial do coala (3 de maio) - eles não bebem</p><p>água e podem dormir até 20 horas? Para celebrar o dia</p><p>desse mamífero marsupial encantador, separamos algumas</p><p>curiosidades sobre eles.</p><p>Dia mundial da tartaruga (23 de maio) - estas testudines</p><p>são um dos animais mais antigos da Terra. A tartaruga-marinha,</p><p>por exemplo, existe há cerca de 150 milhões de anos.</p><p>Dia mundial da lontra (27 de maio) - ao invés</p><p>de compartilhar vídeos “fofos” de lontras sendo exploradas</p><p>como animais de estimação, compartilhe imagens delas</p><p>livres, na natureza.</p><p>Dia mundial do papagaio (31 de maio) - com</p><p>capacidade de voar quilômetros por dia, eles definitivamente</p><p>não nasceram para viver em uma gaiola. Lembramos que o</p><p>comércio legalizado não combate o tráfico. 60% das espécies</p><p>mais traficadas em São Paulo, por exemplo, são as mesmas</p><p>encontradas na criação legal.</p><p>Dia mundial da girafa (21 de junho) - as girafas</p><p>encantam as pessoas ao redor do mundo, especialmente as</p><p>imagens de filhotes aprendendo a andar.</p><p>Dia mundial da orca (14 de julho) - acredita-se</p><p>que pescadores e marinheiros europeus encontraram orcas,</p><p>há centenas de anos, caçando baleias. Como resultado,</p><p>eles chamaram a espécie de “assassina de baleias”, mas</p><p>quando o nome foi traduzido para o inglês, ele se tornou</p><p>“baleias assassinas”.</p><p>Dia mundial das baleias e golfinhos (27 de julho) -</p><p>nesta data, relembramos a importância de defender que</p><p>esses animais precisam estar em seu habitat. Dentro da nossa</p><p>campanha de incentivo ao turismo responsável, destacamos a</p><p>importância do turismo de observação de baleias e golfinhos.</p><p>Dia mundial do tigre (29 de julho) - assim como as</p><p>nossas impressões digitais, as listras dos tigres também</p><p>são únicas, assim como suas vozes. Eles são capazes de</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>51</p><p>se identificar pelo rugido, que pode ser ouvido a até três</p><p>quilômetros de distância.</p><p>Dia mundial da baleia franca (31 de julho) - de julho</p><p>a novembro, a baleia-franca migra para o litoral sul brasileiro</p><p>para reprodução. Elas costumam ficar bem perto da costa</p><p>no período inicial de vida dos filhotes, por ser uma área mais</p><p>protegida. Este hábito torna possível observá-las com mais</p><p>facilidade. Para celebrar esse dia, trouxemos um vídeo do projeto</p><p>ProFRANCA, do Instituto Australis, com uma mãe e seu filhote</p><p>recém-nascido na praia de Itapirubá Sul, em Laguna (SC).</p><p>Dia mundial do leão (10 de agosto) - lançamos o relatório</p><p>“Putting a Stop to Cruelty” (“Colocando um ponto final na</p><p>crueldade”, em português) que expõe como a indústria da</p><p>criação de leões em cativeiro da África do Sul está conectada</p><p>com sindicatos do crime internacional. O estudo apresenta</p><p>evidências angustiantes de fontes anônimas sobre fazendas</p><p>de leões “off grid”, que operam sem regulamentação e são</p><p>responsáveis por uma série de práticas antiéticas.</p><p>Entre as evidências, estão cenas de leões em condições</p><p>deploráveis, em recintos sujos e estéreis; falta de cuidados e</p><p>alimentação adequada; práticas desumanas de abate, pelas</p><p>quais os leões são processados no local em condições chocantes;</p><p>e falta de higiene e segurança. O governo sul-africado precisa</p><p>acabar com isso. Em parceria com a Blood Lions, entregamos as</p><p>descobertas ao governo sul-africano e estamos pedindo que</p><p>eles coloquem um fim definitivo à indústria de criação</p><p>de leões em cativeiro.</p><p>Dia mundial do elefante (12 de agosto) - elefantes</p><p>formam fortes laços com outros da espécie e preferem descansar</p><p>em grupo. Nesta data, aproveitamos para reforçar nossa</p><p>campanha pelo turismo responsável, lembrando que os elefantes</p><p>não nasceram para entreter turistas. Eles são animais selvagens e</p><p>pertencem à natureza.</p><p>Dia mundial do orangotango (19 de agosto) -</p><p>eles são os maiores mamíferos que vivem em árvores. Os</p><p>orangotangos podem atingir até 1,5m quando ficam de pé. Esses</p><p>animais só se reproduzem a cada 8 anos. Com isso, as mães têm</p><p>mais tempo para formar laços com os filhotes. As fêmeas chegam</p><p>a visitar a mãe até os 15 ou 16 anos.</p><p>Dia mundial do rinoceronte (22 de setembro) -</p><p>lembramos que as cinco espécies correm risco de extinção,</p><p>principalmente por serem vítimas da caça. Com o seu</p><p>apoio, acabaremos com o comércio de animais silvestres</p><p>e protegeremos os rinocerontes - e tantas outras espécies</p><p>que são exploradas.</p><p>Dia mundial dos animais (4 de outubro) - destacamos</p><p>nas redes sociais algumas histórias de animais que conseguimos</p><p>resgatar graças aos nossos apoiadores, como o filhote de onça-</p><p>pintada Xamã, a filhote de tamanduá-bandeira Cecília, a fêmea</p><p>do macaco-aranha-de-cara-branca Cigarra e o filhote de veado</p><p>Nauru. Infelizmente, nem todos os animais têm um final feliz em</p><p>meio à devastação de habitats causada pela pecuária industrial.</p><p>Como Tupã, um filhote de veado que resgatamos, mas não</p><p>conseguiu sobreviver e morreu em dezembro de 2022. Por isso,</p><p>precisamos de apoio para impedir que a destruição dos lares dos</p><p>animais selvagens continue. E reforçamos a petição para que a JBS</p><p>pare de financiar o desmatamento que destrói os habitats naturais</p><p>de milhares de espécies. As imagens em carrossel publicadas no</p><p>Instagram geraram uma taxa de engajamento de 25,37%.</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>52</p><p>Dia internacional da onça-pintada (29 de novembro) -</p><p>aproveitamos a data para mostrar novas imagens de Xamã.</p><p>Resgatado em agosto de 2022, o filhote de onça-pintada foi mais</p><p>uma vítima das queimadas em Mato Grosso. Agora com quase</p><p>dois anos de idade, ele está desde janeiro em um recinto de</p><p>15 mil m² do Onçafari, onde está sendo reabilitado</p><p>para poder voltar à natureza.</p><p>Dia internacional dos direitos dos animais (10 de</p><p>dezembro) - participamos da mobilização organizada pela</p><p>Animal Equality Brasil, que tem como objetivo reconhecer os</p><p>animais como sujeitos de direito e sensibilizar a sociedade para</p><p>esta causa, buscando minimizar a exploração animal no futuro.</p><p>Datas ambientais,</p><p>de saúde e alimentação</p><p>Dia da conscientização sobre as mudanças climáticas</p><p>(16 de março) - quando falamos em crise climática, a conversa</p><p>gira em torno dos combustíveis fósseis e transporte, mas o sistema</p><p>industrial também é responsável pelas mudanças climáticas, como</p><p>mostramos em nossos relatórios e estudos.</p><p>Dia mundial sem carne (20 de março) - muita gente não</p><p>sabe os impactos positivos que reduzir o consumo de carne</p><p>pode ter na vida das pessoas, no bem-estar dos animais e na</p><p>sustentabilidade do planeta. A partir de um vídeo do vocalista</p><p>Chris, da banda Coldplay, sobre a ‘Segunda Sem Carne’,</p><p>nossa coordenadora de campanhas de Sistemas Alimentares</p><p>da Proteção Animal Mundial, Karina Ishida, explicou os</p><p>inúmeros benefícios que a redução no consumo de proteínas</p><p>animais pode proporcionar.</p><p>Dia mundial</p><p>da saúde (7 de abril) - a resistência</p><p>antimicrobiana é uma ameaça à saúde pública e a pecuária</p><p>industrial agrava ainda mais essa crise mundial. Nesses sistemas,</p><p>os animais recebem doses elevadas de antibióticos para mascarar</p><p>as condições em que são mantidos, acelerar o seu crescimento e</p><p>prevenir doenças. Mobilizamos as pessoas a assinar nossa petição</p><p>para que o Governo Federal pare com o uso irresponsável de</p><p>antibióticos e adote melhores práticas de bem-estar animal.</p><p>Dia mundial da terra (22 de abril) - não existe Planeta B.</p><p>Com esta mensagem, trabalhamos para estimular a consciência</p><p>para um futuro melhor para as pessoas e o planeta. Precisamos</p><p>acabar com o comércio global de animais silvestres, a pecuária</p><p>industrial e a devastação de milhares de habitats.</p><p>Dia internacional da biodiversidade (22 de maio) -</p><p>lembramos que para garantir um futuro para as pessoas e o nosso</p><p>planeta, precisamos acabar com o comércio global de animais</p><p>silvestres, a pecuária industrial e a devastação de milhares de</p><p>habitats. Protegendo os animais e a natureza, protegemos a Terra.</p><p>Dia mundial do meio ambiente (5 de junho) - destacamos</p><p>que acabar com o comércio de silvestres, significa preservar</p><p>a biodiversidade, proteger milhares de espécies em risco de</p><p>extinção, garantir que os animais selvagens tenham uma casa,</p><p>impedir que espécies invasoras sejam inseridas em novos habitats,</p><p>e acabar com a poluição ambiental associada à criação industrial</p><p>de vida selvagem - como fazendas de peles de animais. Juntos,</p><p>podemos salvar os animais, a Terra e as pessoas.</p><p>Dia mundial do oceano (8 de junho) - aproveitamos a</p><p>data para reforçar nossa campanha #EsvazieOsTanques, pela</p><p>liberdade dos golfinhos. Estes animais podem nadar mais de 128</p><p>5.2 - Campanhas educativas de conscientização</p><p>53</p><p>quilômetros por dia em velocidade de até mais de 30 quilômetros</p><p>por hora. Portanto, viver em um tanque definitivamente não é a</p><p>vida que os golfinhos merecem.</p><p>Dia mundial do vegetarianismo (1 de outubro) - não</p><p>precisamos consumir alimentos de origem animal para ingerir</p><p>proteína. Uma dieta diversificada à base de plantas pode</p><p>fornecer os mesmos nutrientes essenciais presentes na carne,</p><p>como ferro, vitaminas A e B e zinco. Além disso, a carne vegetal</p><p>(produtos de nova geração) usa de 47% a 99% menos terra;</p><p>emite de 30% a 90% menos gases de efeito estufa; usa de</p><p>72% a 99% menos água e não traz nenhum risco à resistência</p><p>antimicrobiana. Portanto, reduzir o consumo de carne faz bem</p><p>para os animais, para a saúde das pessoas e para o planeta.</p><p>Destacamos ainda que as pessoas que seguem uma dieta</p><p>estritamente baseada em vegetais, como os veganos, devem ter</p><p>atenção à suplementação da vitamina B12, que é encontrada</p><p>somente em alimentos de origem animal.</p><p>Dia mundial da alimentação (16 de outubro) -</p><p>a pecuária industrial não está acabando com a fome no mundo</p><p>e muito menos no Brasil. Por que 15% das famílias (mais de</p><p>33 milhões de pessoas) não têm o que comer num país que</p><p>é líder de exportações de carnes e grãos? O atual modelo</p><p>agroalimentar transformou a comida em produto do mercado</p><p>financeiro e sua produção visa atender, primeiramente, o lucro</p><p>das empresas e não sanar a questão da insegurança alimentar.</p><p>Gigantes como a JBS estão preocupadas em alimentar esse</p><p>sistema e não as pessoas. Por isso, voltamos a pedir que as</p><p>pessoas se juntem a nós na luta pelo fim da pecuária industrial.</p><p>Outras ações de engajamento</p><p>5 formas de ajudar os animais em 2023 - em fevereiro,</p><p>mostramos 5 pequenas escolhas diárias para ajudar os animais no</p><p>mundo todo neste ano.</p><p>Mais Disso, Não Disso - produzimos uma série de postagens</p><p>com fotos de animais livres na natureza em contraponto a imagens</p><p>de animais enjaulados em gaiolas, transformados em animais de</p><p>estimação ou sofrendo maus-tratos em fazendas industriais.</p><p>Curiosidade Animal - produzimos diversos ciclos de postagens</p><p>sensibilizando nossos seguidores sobre algumas curiosidades do</p><p>reino animal. Entre eles, destaque para: 7 fatos sobre os porcos,</p><p>6 fatos sobre as vacas e 7 fatos sobre as onças.</p><p>Inteligência Artificial - entramos na trend da</p><p>#InteligênciaArtificial e criamos uma realidade da #Disney e</p><p>#Pixar onde filhotes de onças podem nascer e viver em segurança</p><p>na natureza; e porcas podem ter uma vida digna e feliz, sem ser</p><p>exploradas pela pecuária industrial. Enfim, um mundo em que</p><p>os animais, as pessoas e o planeta vivem em harmonia, sem a</p><p>destruição de habitats.</p><p>Para saber mais sobre ações da nossa organização em outros países,</p><p>acesse nosso site www.worldanimalprotection.org.br.</p><p>http://www.worldanimalprotection.org.br</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>54</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>55</p><p>Ao longo de 2023, nosso trabalho de advocacy junto a</p><p>organismos governamentais para construção, cumprimento</p><p>e ampliação de políticas públicas que impactam direta ou</p><p>indiretamente na proteção da vida animal no Brasil ganhou mais</p><p>robustez. Assim, destacamos algumas das principais iniciativas,</p><p>na certeza de que, junto a outros importantes parceiros,</p><p>poderemos potencializar nossos resultados e alcançar novas</p><p>conquistas que favoreçam a melhoria do bem-estar e o respeito a</p><p>todos os animais no país.</p><p>Lançamento da Frente Parlamentar</p><p>em Defesa dos Animais</p><p>Nos últimos anos, tivemos alguns avanços legais na</p><p>proteção de cães e gatos no Brasil, como o aumento da pena</p><p>para maus-tratos. Mas, infelizmente, o bem-estar dos animais de</p><p>fazenda e a defesa da vida dos animais silvestres permanecem</p><p>fora do debate público e principalmente legislativo. A expectativa</p><p>é que a causa animal conquiste avanços nos próximos anos e</p><p>que organizações de proteção animal sejam mais atuantes no</p><p>Congresso Nacional com a Frente Parlamentar em Defesa</p><p>dos Animais, instalada em 22 de março de 2023.</p><p>O colegiado contou com apoio de mais de 210 deputados e</p><p>deputadas federais para ser aprovado. Entre as atribuições da</p><p>Frente Parlamentar estão as discussões de pautas que priorizem</p><p>a proteção dos animais e responsabilize a prática de maus-tratos</p><p>praticados contra animais domésticos. Além disso, discussões</p><p>sobre controle populacional dos animais e aprimoramento da</p><p>legislação também serão discutidos.</p><p>A Frente Parlamentar em Defesa dos Animais tem como objetivo</p><p>unificar as agendas empenhadas na luta por leis mais severas,</p><p>destinação de emendas parlamentares e reforçar o coro da</p><p>urgência de uma demanda exigida pela sociedade. Além de</p><p>aprimorar e propor inovações na legislação voltada à criação,</p><p>implementação, promoção, divulgação e acompanhamento, a</p><p>Frente prevê o fomento e ampliação do apoio político à causa.</p><p>O evento de lançamento da Frente teve a participação de</p><p>organizações ambientalistas e da causa animal. Nossa</p><p>Coordenadora de Campanhas de Sistemas Alimentares, Karina</p><p>Rie Ishida, esteve presente na Câmara dos Deputados, em Brasília,</p><p>representando a Proteção Animal Mundial. Também participaram</p><p>do lançamento, entre outros convidados, representantes da Animal</p><p>Equality Brasil, Alianima e Mercy for Animals, dentre outras,</p><p>a ativista Luisa Mell e a representante do Ministério do Meio</p><p>Ambiente, Vanessa Negrini.</p><p>Composição - a Frente é presidida pelo deputado Célio Studart</p><p>(PSD-CE) e tem em sua composição os deputados Duarte (PSB-</p><p>MA) - Vice-presidente; Delegado Matheus Laiola (União Brasil-</p><p>PR) - Secretário-geral; Marcelo Queiroz (PP-RJ) - Coordenador de</p><p>Relações Institucionais; Bruno Ganem (Podemos-SP) - Coordenador</p><p>de Assuntos Legislativos; e Felipe Becari (União Brasil-SP) -</p><p>Coordenador de Comunicação Social.</p><p>Participação na Virada</p><p>Parlamentar Sustentável</p><p>Preocupada com os impactos da pecuária industrial na saúde</p><p>e bem-estar humano, animal e ambiental, a Proteção Animal</p><p>https://www.podemos.org.br/bruno-ganem-comemora-instalacao-da-frente-parlamentar-em-defesa-dos-animais/</p><p>https://www.podemos.org.br/bruno-ganem-comemora-instalacao-da-frente-parlamentar-em-defesa-dos-animais/</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>56</p><p>Mundial participou da audiência pública da Virada</p><p>Parlamentar Sustentável,</p><p>um movimento que reúne mais</p><p>de 30 organizações da sociedade civil. Realizado na Câmara</p><p>dos Deputados e no Senado, em Brasília, o evento foi aberto no</p><p>Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), com encerramento</p><p>em 29 junho. Entre atos, debates, seminários, exposições,</p><p>audiências públicas e mesas redondas, a Virada põe em pauta a</p><p>política socioambiental brasileira e uma nova visão de futuro que</p><p>coloque efetivamente o país na liderança mundial dos temas da</p><p>sustentabilidade.</p><p>A audiência contou com a participação de especialistas</p><p>para discutir como os sistemas de produção industrial geram</p><p>problemas de saúde de proporções globais, como zoonoses e</p><p>resistência antimicrobiana, além de demonstrar a relevância da</p><p>ciência do bem-estar animal para alcançar sistemas de produção</p><p>de alimentos comprometidos com a agenda socioambiental.</p><p>Por meio de uma perspectiva transversal, na audiência</p><p>foram discutidos pontos que demonstram como os pilares da</p><p>sustentabilidade podem – e devem – ser incluídos no sistema de</p><p>produção animal.</p><p>“Dentro dos galpões fechados, os frangos crescem tão rápido</p><p>que têm dificuldade para caminhar ou permanecer em pé</p><p>por longos períodos. Já os porquinhos são desmamados</p><p>precocemente e rotineiramente submetidos a práticas de</p><p>mutilação. Bilhões de animais nascidos em fazendas industriais</p><p>atravessam a vida nessas condições e nós também já estamos</p><p>pagando o preço com nossa saúde”, afirma Daniel Cruz,</p><p>Coordenador de Agropecuária Sustentável da Proteção</p><p>Animal Mundial.</p><p>Presença destacada no</p><p>evento Diálogos Amazônicos</p><p>Entre os dias 4 e 6 de agosto, a Proteção Animal Mundial esteve</p><p>presente no evento “Diálogos Amazônicos”, em Belém do Pará.</p><p>O evento, que integra a programação da Cúpula da Amazônia,</p><p>teve atividades divididas em plenárias organizadas pelo Governo</p><p>Federal, com ampla participação social e atividades auto-</p><p>organizadas por entidades da sociedade civil, academia, centros</p><p>de pesquisa e agências governamentais.</p><p>No último dia do evento, levamos para discussão a relação entre</p><p>o desmatamento e o avanço do agronegócio, destacando o</p><p>impacto para a fauna silvestre, o clima e a saúde única. A plenária</p><p>foi realizada em parceria com a Mighty Earth. Os resultados do</p><p>evento foram apresentados por representantes da sociedade civil</p><p>aos líderes reunidos na Cúpula da Amazônia, que aconteceu nos</p><p>dias 8 e 9 de agosto de 2023 em Belém.</p><p>Além de proporcionar um espaço de discussão sobre os animais</p><p>e os impactos ambientais causados pelo desmatamento, nossa</p><p>equipe procurou ouvir, aprender e entender as demandas</p><p>dos diferentes atores locais quanto ao desenvolvimento</p><p>sociobioeconômico na região amazônica, a fim de entender a</p><p>dinâmica local e pensar como a Proteção Animal Mundial pode ter</p><p>incidência na região.</p><p>Ao longo dos três dias de evento, nossas equipes de Sistemas</p><p>Alimentares, Vida Silvestre e Políticas Públicas participaram de</p><p>palestras sobre sistemas agroflorestais e agricultura orgânica,</p><p>familiar e agroecológica, buscando entender os desafios e</p><p>oportunidades de implementação.</p><p>https://www.camara.leg.br/evento-legislativo/68414</p><p>https://viradaparlamentar.org.br/</p><p>https://viradaparlamentar.org.br/</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>57</p><p>“Fiquei surpresa de não encontrar outras palestras destacando</p><p>os impactos do desmatamento na fauna silvestre. Também foi</p><p>pouco mencionada ao longo do evento a responsabilização das</p><p>empresas que impulsionam o desmatamento. Acredito que isso</p><p>reforça a importância da Proteção Animal Mundial ser a voz e</p><p>representar esses animais em espaços de discussão”, comenta</p><p>Julia Daumas Trevisan, Coordenadora de Campanhas de Vida</p><p>Silvestre na Proteção Animal Mundial.</p><p>“Fica evidente a dificuldade de escoamento da produção, diante</p><p>da complexa logística do bioma amazônico. Além disso, há uma</p><p>grande preocupação das comunidades tradicionais em relação</p><p>ao avanço do agronegócio e garimpo ilegal, por conta da</p><p>contaminação e impacto ambiental que essas atividades geram.</p><p>Outro ponto em destaque foi a necessidade de tecnologias</p><p>focadas na realidade local e extensão rural das produções</p><p>agroflorestais, para otimização do manejo”, acrescenta Julia.</p><p>“Outro ponto bastante discutido foi a demanda por legislações</p><p>inclusivas para que produtores pequenos alcancem mercados</p><p>como as grandes empresas, que recebem subsídios e operam</p><p>com menor custo de produção. O atual modelo afasta a</p><p>produção em pequena escala e impossibilita que o pequeno</p><p>produtor consiga a regulamentação da sua produção”, declara</p><p>Karina Rie Ishida, Coordenadora de Campanhas de Sistemas</p><p>Alimentares da Proteção Animal Mundial.</p><p>“Apesar da rica experiência dos diálogos amazônicos e os vários</p><p>eventos da sociedade civil, há um grande caminho a percorrer</p><p>quando falamos de participação social. Cada vez mais teremos</p><p>a oportunidade de demonstrar para os governos a importância</p><p>da pauta animal em todas as frentes”, avalia Natália Figueiredo,</p><p>Gerente de Políticas Públicas da Proteção Animal Mundial.</p><p>Vitória para os botos:</p><p>proibição de pesca de piracatinga</p><p>agora é permanente</p><p>No dia 3 de julho, comemoramos uma vitória importante para</p><p>a preservação dos botos no Brasil. O Diário Oficial da União</p><p>publicou a Portaria Interministerial MPA/MMA Nº 4, assinada</p><p>pelos ministérios do Meio Ambiente e da Pesca, que determina</p><p>a proibição da pesca e comércio da piracatinga por tempo</p><p>indeterminado. Além disso, um fórum será criado para evoluir em</p><p>conhecimentos científicos sobre o tema.</p><p>Estudos apontam que as populações de botos da Amazônia</p><p>diminuem pela metade a cada 10 anos. Uma de suas grandes</p><p>ameaças é justamente a matança para que eles sejam usados</p><p>como isca na pesca de piracatinga. Este peixe bagre não é de</p><p>consumo típico de amazonense e não possui valor comercial</p><p>no Brasil por ser altamente contaminante, devido às altas</p><p>concentrações de mercúrio e outros tóxicos.</p><p>No entanto, a piracatinga é exportada para a Colômbia, onde o</p><p>consumo é ilegal, ou vendida no Brasil, também ilegalmente, com</p><p>nomes falsos. Em 2015, uma moratória temporária foi estabelecida</p><p>para proibir a pesca e comercialização desse peixe no Brasil. A</p><p>última moratória estava prevista para acabar em julho de 2023.</p><p>Especialistas alertavam que, se a lei que protege os botos não mais</p><p>existisse, a espécie seria extinta em apenas algumas décadas.</p><p>“Após três anos arrastando uma moratória temporária por</p><p>extensões curtas, que deixavam incerto o destino dos botos,</p><p>finalmente o Governo tomou uma atitude pela proteção desses</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>58</p><p>animais. Em nome dos botos, agradecemos as mais de 77 mil</p><p>pessoas que assinaram a petição da Sea Shepherd Brasil para</p><p>não deixar o boto virar lenda, tornando essa lei permanente.</p><p>Agora é fiscalizar o cumprimento da proibição”, disse Julia</p><p>Trevisan, Coodenadora de Campanhas de Vida Silvestre.</p><p>Audiência pública discute</p><p>bem-estar animal e relação</p><p>com meio ambiente</p><p>A Proteção Animal Mundial participou, em agosto de 2023,</p><p>de uma audiência pública promovida pela Comissão de Meio</p><p>Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, na Câmara dos</p><p>Deputados, em Brasília. O objetivo foi debater a resolução do</p><p>Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma),</p><p>aprovada em março de 2022, que trata da relação entre o bem-</p><p>estar animal, o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.</p><p>Representando nossa ONG, a médica-veterinária Karina Rie</p><p>Ishida, Coordenadora de Campanhas de Sistemas Alimentares,</p><p>fez um alerta sobre o uso excessivo de antibióticos sem finalidade</p><p>terapêutica nos animais criados no sistema de pecuária intensiva:</p><p>“A estimativa, segundo estudo que realizamos recentemente</p><p>em parceria com a Universidade de Bolonha, é que 80%</p><p>dos antibióticos utilizados em animais criados nesse tipo de</p><p>ambiente é para fins de engorda e também para evitar que o</p><p>estresse causado pelas condições aos quais são submetidos</p><p>não comprometa a imunidade deles. É importante destacar que</p><p>animais criados em ambientes nos quais o bem-estar é priorizado,</p><p>o antibiótico só é aplicado em</p><p>caso de doença, o que é o</p><p>recomendado”, explica Karina.</p><p>A médica-veterinária chama a atenção sobre os danos para a</p><p>saúde humana como consequência dessa prática. “A resistência</p><p>aos antibióticos será a principal causa de morte no mundo em</p><p>2050, superando câncer, diabetes, doenças do coração e até</p><p>acidentes de trânsito. Por isso, é necessário rever urgentemente</p><p>essa prática”, afirma.</p><p>Outro ponto de atenção destacado por Karina na audiência</p><p>pública “Nexus entre bem-estar animal, ambiente e</p><p>desenvolvimento sustentável” é a perda da biodiversidade no</p><p>Brasil relacionada à exploração animal e às mudanças do uso do</p><p>solo, com finalidade de cultivo de grãos para a produção de ração</p><p>animal. Ao exibir fotos de queimadas, Karina comentou: “É de</p><p>cortar o coração”.</p><p>A audiência contou também com a participação da diretora</p><p>do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais do</p><p>Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Vanessa</p><p>Negrini; do pesquisador da Universidade Federal do Rio de</p><p>Janeiro (UFRJ) Celso Funcia Lemme; da diretora-executiva da</p><p>Mercy for Animals no Brasil, Cristina Mendonça e do especialista</p><p>em Políticas Públicas da The Good Food Institute Brasil, Alysson</p><p>Soares. A audiência pública foi presidida pelo deputado federal</p><p>Bruno Ganem (Pode- SP).</p><p>COP 28 fracassa ao deixar</p><p>pecuária industrial de fora</p><p>das negociações</p><p>Há mais de 70 anos atuando em dezenas de países a favor da</p><p>causa animal, a Proteção Animal Mundial avalia que a COP 28 -</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>59</p><p>realizada de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai,</p><p>nos Emirados Árabes - falhou ao não incluir a pecuária</p><p>industrial na pauta de sistemas alimentares. A “Declaração pela</p><p>Sustentabilidade na Agricultura, Sistemas Alimentares e Ação</p><p>Climática”, assinada por lideranças de 134 países, incluindo</p><p>o Brasil, não menciona a atividade que mais devasta o meio</p><p>ambiente e que contribui significativamente para o</p><p>aquecimento global.</p><p>Considerado histórico ao refletir a importância dos sistemas</p><p>alimentares e da agricultura como foco das negociações</p><p>climáticas, o documento assinado na COP 28 deixou de fora</p><p>o impacto da pecuária industrial no clima. A declaração não</p><p>inclui nada sobre uma transição justa para sistemas alimentares</p><p>que reduziria as emissões prejudiciais de gases de efeito estufa</p><p>produzidos pela pecuária industrial. Para a Proteção Animal</p><p>Mundial, o agronegócio compromete seriamente a meta do</p><p>governo brasileiro de zerar o desmatamento até 2030 e de</p><p>cumprir os acordos climáticos internacionais.</p><p>“Lamentamos que os líderes mundiais não tenham dado a devida</p><p>atenção para a pecuária industrial, atividade que é uma das</p><p>principais causas do aquecimento climático. Apesar do avanço</p><p>na discussão que essa declaração – liderada pelos Emirados</p><p>Árabes – representa, as negociações continuam bloqueadas em</p><p>razão de desacordos entre os países signatários sobre quem vai</p><p>conduzir a implementação dessa agenda no grupo de trabalho</p><p>sobre agricultura. Não há mais tempo para esse assunto tão sério</p><p>ficar apenas no papel”, defende Natália Figueiredo, Gerente de</p><p>Políticas Públicas na Proteção Animal Mundial.</p><p>Destacamos que a declaração deveria refletir o entendimento</p><p>de que os sistemas alimentares e a agricultura precisam estar no</p><p>centro das negociações climáticas, como defendemos há anos.</p><p>Porém, o texto é raso ao deixar de aprofundar questões que já</p><p>são explícitas, como o impacto da agricultura convencional e da</p><p>pecuária industrial no clima, além de não apontar as alternativas</p><p>para esses modelos.</p><p>Moratória na pecuária industrial</p><p>Na COP 28, o time da Proteção Animal Mundial defendeu a</p><p>implantação da moratória da pecuária industrial para combater os</p><p>gases do efeito estufa. Preocupados com os impactos da atividade</p><p>no meio ambiente, nossos representantes pediram às autoridades</p><p>presentes a imposição de uma trégua de dez anos, impedindo</p><p>temporariamente a expansão dessa atividade e a paralisação da</p><p>criação de novas fazendas industriais.</p><p>“Lamentamos profundamente que o lobby desta indústria tenha</p><p>conseguido, mais uma vez, dar as cartas na principal conferência</p><p>climática do mundo. O agronegócio mandou para COP um</p><p>verdadeiro exército de representantes para defender os próprios</p><p>interesses, ou seja, embora escandaloso, não é surpresa o setor</p><p>apresentar falsas soluções para o problema e com ainda mais</p><p>impactos no bem-estar animal”, critica Marina Lacôrte.</p><p>A Gerente de Sistemas Alimentares destaca que as propostas de</p><p>modificação genética de animais e o uso de aditivos alimentares</p><p>para redução de metano são alarmantes. “Essas medidas não</p><p>contribuem efetivamente para solucionar a questão da produção</p><p>alimentar no clima e são ineficazes”, ressalta.</p><p>A Proteção Animal Mundial considera também preocupante que o</p><p>roteiro da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>60</p><p>a Agricultura (FAO) exclua a agroecologia. Defendemos que os</p><p>governos parem de dar subsídios cada vez maiores às atividades</p><p>do setor do agronegócio, como crédito rural, isenção fiscal e</p><p>outros mecanismos – e que esses sejam destinados em maior</p><p>volume para produções em menor escala e para a agricultura</p><p>familiar. “O que vimos na COP 28 foram incentivos que acabam</p><p>sendo destinados para os mesmos grandes atores de sempre,</p><p>mais interessados em lucrar do que contribuir positivamente com</p><p>a pauta climática”, destaca a gerente.</p><p>Impactos no Brasil</p><p>Na avaliação da Proteção Animal Mundial, o agronegócio</p><p>compromete seriamente a meta do governo brasileiro de zerar</p><p>o desmatamento até 2030 e de cumprir os acordos climáticos</p><p>internacionais. Por isso, na COP 28, defendemos que a saída</p><p>para diminuir esses impactos é mudar radicalmente a atual</p><p>pecuária industrial, principal responsável pela maior parte</p><p>do desmatamento em importantes biomas brasileiros, como a</p><p>Amazônia e o Cerrado.</p><p>Esse evento é relevante para que as lideranças brasileiras possam</p><p>dialogar e analisar a melhor forma de cumprirem as suas metas</p><p>de redução de emissões de gases do efeito estufa. Sobretudo, no</p><p>setor da pecuária industrial, que afeta diversos biomas brasileiros</p><p>e impacta os habitats de vários animais silvestres. O atual sistema</p><p>alimentar, voltado à produção industrial, é destrutivo e causa</p><p>diversos impactos negativos, que podem, inclusive, colocar em</p><p>risco a futura produção de alimentos.</p><p>“Quando observamos a política brasileira, vemos a força do</p><p>setor agropecuário. Apesar de ser o maior responsável pelas</p><p>emissões brasileiras, levando em consideração o uso da terra,</p><p>o setor conseguiu no curso de um importante Projeto de Lei que</p><p>visa regulamentar o Mercado de Carbono, uma exclusão das suas</p><p>emissões”, afirma Natália Figueiredo, Gerente de Políticas Públicas</p><p>da Proteção Animal Mundial.</p><p>COP 30 em Belém do Pará em 2025</p><p>Durante a COP 28 foi anunciada a mobilização de mais de</p><p>US$ 2,5 bilhões em recursos para apoiar a segurança alimentar no</p><p>combate às mudanças climáticas. Um compromisso estratégico na</p><p>declaração de Dubai é que os países precisarão incluir alimentos</p><p>e agricultura em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas</p><p>(NDCs, em inglês) até a COP 30, que será realizada no Brasil em</p><p>2025, na cidade de Belém, no Pará, no coração da Amazônia.</p><p>“É importante que a COP 30 seja uma COP de compromissos</p><p>ousados, o que pode ser frustrado por NDC aquém do esperado.</p><p>Quando falamos de sistemas alimentares e compromissos para</p><p>o setor agropecuário, é indispensável que o Brasil lidere pelo</p><p>exemplo, zere o desmatamento e reconheça o papel que a</p><p>pecuária industrial tem nas emissões”, explica Natália Figueiredo.</p><p>Em parceria com a ProVeg International e a Upfield, a Proteção</p><p>Animal Mundial participou da programação no Pavilhão</p><p>Food4Climate (Comida pelo Clima), onde uma ampla gama</p><p>de representantes das sociedades privadas e civis se uniram em</p><p>defesa da transformação dos sistemas alimentares. Além de lançar</p><p>um relatório internacional sobre o impacto da pecuária industrial</p><p>no clima, participamos de um debate</p><p>Senciência - Nós acreditamos que cada animal conta.</p><p>Enxergamos o mundo com os olhos deles, damos voz a eles e</p><p>garantimos que vivam bem, com todas as suas necessidades</p><p>satisfeitas. Nós somos movidos pela mais recente ciência sobre</p><p>a senciência; que os animais podem sentir dor e prazer. Este é o</p><p>princípio básico de todo o nosso trabalho.</p><p>7</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/institucional/estrategia-global-protecao-animal-mundial-2021-2030.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/institucional/estrategia-global-protecao-animal-mundial-2021-2030.pdf</p><p>ANIMAIS DE FAZENDA</p><p>8</p><p>3. ANIMAIS DE FAZENDA</p><p>Uma prática que causa danos irreparáveis ao meio</p><p>ambiente é a chamada “lavagem de grãos”, que envolve o</p><p>direcionamento de terras destinadas à preservação para o</p><p>cultivo de grãos como milho e soja, contaminando toda a</p><p>cadeia de produção de ração utilizada na pecuária</p><p>industrial. Isso, por sua vez, compromete a qualidade</p><p>ambiental e climática.</p><p>Para burlar a legislação, agricultores têm destinado terras</p><p>que deveriam ser preservadas, segundo o Código Florestal,</p><p>para o plantio de grãos como milho e soja. Esses grãos são</p><p>direcionados para as fábricas de ração, onde se misturam com</p><p>outros cultivados legalmente, causando a contaminação de</p><p>toda a cadeia. Posteriormente, essa ração é comprada pelos</p><p>grandes frigoríficos.</p><p>As gigantes do setor deveriam se responsabilizar por toda sua</p><p>cadeia de produção, desde os grãos. Ao contrário, fecham</p><p>os olhos para a origem desse insumo tão importante para</p><p>o seu negócio. É obrigação dos frigoríficos, que enaltecem</p><p>iniciativas de compromisso com o ambiente, não comprar</p><p>ração contaminada por grãos de origem suspeita ou não</p><p>devidamente comprovada.</p><p>“Estudo recente do Observatório do Clima revelou que os</p><p>sistemas alimentares representam 74% das emissões de gases de</p><p>efeito estufa no Brasil. Neste contexto, é importante lembrar que</p><p>a pecuária industrial é o setor que mais impacta nesse resultado,</p><p>não apenas por causa das emissões do próprio rebanho - que em</p><p>outros países é uma parcela muito significativa. Aqui, os danos</p><p>gerados ao clima incluem, principalmente, o desmatamento</p><p>no território brasileiro, fazendo da pecuária industrial uma das</p><p>grandes vilãs do aquecimento global.</p><p>O plantio de soja para produção de ração promove o</p><p>desmatamento em biomas importantíssimos como o Cerrado</p><p>e a Amazônia, impactando o habitat da vida selvagem.</p><p>A devastação em curso do tão biodiverso Cerrado para a</p><p>produção de grãos tem dizimado os lares de animais silvestres,</p><p>fomentado o sofrimento de inúmeros animais de criação</p><p>industrial e agravado as mudanças climáticas.</p><p>A produção de soja que devasta a vida silvestre no Brasil é</p><p>direcionada, principalmente, para compor a ração de porcos,</p><p>galinhas e bois, que levam uma vida miserável e são tratados</p><p>como meras mercadorias. Animais de granja e fazenda são</p><p>seres vivos que sentem e merecem uma vida digna, algo</p><p>impossível na pecuária industrial.</p><p>9</p><p>Por Marina Lacôrte, Gerente da Campanha de Sistemas Alimentares na Proteção Animal Mundial</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>3. ANIMAIS DE FAZENDA</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>As indústrias de criação animal têm a responsabilidade de</p><p>rastrear a origem da ração. Se não conseguem garantir uma</p><p>produção livre de desmatamento e proteção da biodiversidade,</p><p>oferecendo mecanismos eficazes de rastreabilidade, como</p><p>pretendem cumprir com a promessa do carbono zero que deve</p><p>ser alcançado daqui alguns anos? Por isso, acreditamos que a</p><p>pecuária industrial não pode continuar e precisa ser limitada.</p><p>É fundamental que todos os atores dessa cadeia sejam</p><p>cobrados e corresponsabilizados por suas práticas e que</p><p>os consumidores saibam quem são as empresas e marcas</p><p>envolvidas com sofrimento animal e devastação de florestas.</p><p>Assim, eles podem fazer melhores escolhas quando há</p><p>essa possibilidade.</p><p>Nos últimos 50 anos as superfícies de terras dedicadas à</p><p>monocultura de soja cresceram a uma taxa muito maior do que</p><p>a da expansão da população global. O que é pior, cerca de</p><p>75% dessa produção acabam virando ração para alimentar</p><p>animais confinados em sistemas intensivos, que em geral não</p><p>respeitam padrões mínimos de bem-estar animal.</p><p>Ademais, se a agricultura industrial fosse realmente eficiente</p><p>não teríamos mais de 20 milhões de pessoas passando</p><p>fome no país às custas de muitos incentivos do governo. Boa</p><p>parte da proteína produzida nem fica no Brasil. Por tudo isso,</p><p>defendemos na COP 28, em Dubai, a redução de subsídios ao</p><p>agronegócio e a realocação desses recursos para produções</p><p>em menor escala e para a agricultura familiar. Os governos</p><p>devem subsidiar a agroecologia, sistema com potencial de</p><p>alimentar de verdade as pessoas, de garantir o bem-estar</p><p>animal e de produzir em muito mais harmonia com a natureza”. 10</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Ranking dos vilões da pecuária: JBS é a principal</p><p>responsável pelas mudanças climáticas</p><p>Como indicado no ranking, a pegada da cadeia de produção</p><p>de grãos para ração animal da JBS equivale a 7,8 milhões de</p><p>carros em circulação a cada ano. Além de posicionar a JBS</p><p>como líder dentre os maiores poluidores do setor, revelamos</p><p>que o grupo ainda não divulgou seu plano estratégico Net</p><p>Zero, para lidar com as emissões de sua produção intensiva de</p><p>ração animal para fazendas industriais e nem detalhou como</p><p>pretende frear a destruição dos habitats dos animais silvestres.</p><p>Rumo à emissão zero</p><p>O “Ranking dos vilões da pecuária” também mostra como</p><p>algumas empresas se preparam para submeter suas metas</p><p>à iniciativa Science-Based Targets Initiative (SBTi),</p><p>apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), que</p><p>valida os planos apresentados pelas corporações para seu</p><p>objetivo de Net Zero climático.</p><p>A Proteção Animal Mundial tem receio de que a JBS tente</p><p>explorar lacunas nas diretrizes do SBTi quando submeter seus</p><p>planos em 2023. Como a produção de ração animal é tão</p><p>intensiva em emissões, a iniciativa permite que as empresas</p><p>de carne registrem níveis reduzidos de emissões para cada</p><p>quilograma de carne. Entretanto, esses ganhos climáticos serão</p><p>compensados por grandes aumentos no impacto geral sobre o</p><p>clima à medida que o volume de produção de carne aumentar.</p><p>A JBS, maior produtora de carne do Brasil e uma das maiores</p><p>do mundo, é a campeã do “Ranking dos vilões da</p><p>pecuária”, novo relatório que a Proteção Animal Mundial</p><p>lançou em março de 2023. Dona da Seara, Friboi e Swift, a</p><p>gigante do setor de alimentos é responsável por emissões de</p><p>gases de efeito estufa equivalentes a 14 milhões de carros em</p><p>circulação a cada ano, o equivalente ao volume de carros em</p><p>Nova York ou o dobro do estado do Rio de Janeiro.</p><p>No estudo, classificamos as cinco gigantes mundiais da</p><p>pecuária industrial intensiva pela quantidade de emissões</p><p>nocivas liberadas de sua cadeia de produção de carne suína</p><p>e de frango. O ranking se baseia em dados do nosso relatório</p><p>“Mudança climática e crueldade”, estudo encomendado</p><p>e conduzido pela Blonk Consultants.</p><p>“É importante lembrar que, para manter o atual sistema de</p><p>criação animal, é necessária uma ampla produção de grãos</p><p>para alimentar os animais de fazenda e que, infelizmente,</p><p>tem ocorrido em áreas de desmatamento. Com isso, o bem-</p><p>estar de milhares de animais silvestres também é impactado,</p><p>pela perda do habitat, mortes nos incêndios ou até mesmo em</p><p>decorrência do fogo (atropelamentos)”, explica Karina Rie</p><p>Ishida, Coordenadora de Campanhas de Sistemas</p><p>Alimentares da Proteção Animal Mundial.</p><p>11</p><p>https://sciencebasedtargets.org/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao_animal_mundial_ranking_dos_cinco_principais_viloes_pelas_mudancas_climaticas_na_pecuaria_industrial.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao_animal_mundial_ranking_dos_cinco_principais_viloes_pelas_mudancas_climaticas_na_pecuaria_industrial.pdf</p><p>a respeito da importância da</p><p>redução do desmatamento oriunda da agropecuária industrial e o</p><p>quanto isso irá favorecer o clima, o planeta e os animais.</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>61</p><p>Incentivo a leis que reconhecem</p><p>emoções dos animais</p><p>Incentivar projetos de lei sobre a senciência animal e</p><p>incorporar os princípios da senciência animal na legislação</p><p>sobre bem-estar animal é importante para garantir que os animais</p><p>sejam tratados com cuidado, respeito e dignidade. É também um</p><p>simples reconhecimento de evidências e fatos científicos.</p><p>O conhecimento científico sobre a senciência animal tem avançado</p><p>nos últimos 20 anos, reforçando que os animais possuem</p><p>sentimentos mais complexos. Eles são capazes de experienciar</p><p>emoções positivas e negativas, como ansiedade, alegria, empatia,</p><p>mágoa, medo e prazer. As vacas, por exemplo, demonstram</p><p>facialmente quando estão com dor - o que significa que suas</p><p>expressões microfaciais podem mudar quando estão com dor.</p><p>Alguns países tomaram medidas significativas no sentido de</p><p>incorporar a senciência animal na sua legislação, exigindo</p><p>que consideremos o bem-estar mental e emocional dos animais</p><p>com quem partilhamos o nosso mundo. Reino Unido, Espanha,</p><p>Dinamarca, Austrália, Suécia, Colômbia, Peru, Canadá, Nova</p><p>Zelândia, França, Estados Unidos e Países Baixos já possuem leis</p><p>que priorizam a pauta do valor do bem-estar animal.</p><p>Apesar de extremamente importante, infelizmente, esta questão</p><p>ainda está longe de ser universal. Alguns países estagnaram</p><p>no reconhecimento da senciência animal e muitos nem sequer</p><p>começaram. No Brasil temos avançado nesse quesito e</p><p>lutamos incansavelmente para garantir uma vida saudável e</p><p>livre aos animais. Embora as leis brasileiras não reconheçam</p><p>explicitamente a senciência, alguns aspectos essenciais são</p><p>considerados, como garantir as necessidades fisiológicas, uso</p><p>de ambientes onde possam respirar, mover-se ou descansar</p><p>adequadamente ou que tenham acesso à luz natural.</p><p>“Apesar de estarmos caminhando para um país que reconheça</p><p>cada vez mais o papel dos animais na proteção dos ecossistemas</p><p>e o necessário reconhecimento da senciência, o Congresso</p><p>Nacional se recusa a analisar este tema. A forte resistência do</p><p>setor agropecuário é um dos principais entraves aos direitos dos</p><p>animais”, avalia Natália Figueiredo, Gerente de Políticas Públicas</p><p>da Proteção Animal Mundial.</p><p>A legislação brasileira para animais de criação também</p><p>reconhece sua capacidade de sentir dor e sofrimento, além</p><p>de algumas necessidades comportamentais. Por exemplo, a</p><p>Instrução Normativa 3/2000 exige um manejo humanitário</p><p>dos animais para reduzir o estresse e evitar excitação, desconforto,</p><p>dor e sofrimento.</p><p>Embora não haja reconhecimento formal da senciência animal</p><p>na legislação, os princípios humanos relativos aos animais estão</p><p>incorporados na Constituição Federal do Brasil. O Capítulo VI,</p><p>Artigo 225 da Constituição (de 1988) estabelece que o</p><p>governo deve proteger a flora e a fauna de todas as práticas que</p><p>submetam os animais a crueldades proibidas por lei. O governo,</p><p>portanto, tem autoridade para lidar com questões de crueldade</p><p>envolvendo qualquer categoria de animal.</p><p>A Lei Federal 11.794/08 que cria o Conselho Nacional</p><p>de Controle Regulatório de Experimentação Animal (Concea),</p><p>representa uma mudança de paradigma no uso de animais</p><p>para ensino e pesquisa no país. A lei prevê a análise crítica das</p><p>reais necessidades dos animais de laboratório em situações</p><p>experimentais e o exame ético pela sociedade da justificativa</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11794.htm</p><p>6. POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>62</p><p>para o uso de animais. Cada instituição de pesquisa deve ter um</p><p>comitê de ética para funcionar.</p><p>Campanha de conscientização</p><p>sobre a senciência animal</p><p>Nosso Índice Global de Proteção Animal traz mais</p><p>informações sobre as leis sobre senciência animal em cada</p><p>país. Classificamos os países com base em suas leis de proteção</p><p>animal. Também oferecemos informações detalhadas sobre como</p><p>avaliamos cada país e como eles podem progredir melhor.</p><p>Promover legislação sobre a senciência animal em todo o</p><p>mundo não é uma tarefa fácil e por isso convidamos as pessoas</p><p>a se juntar à nossa comunidade e ajudar a acabar com o</p><p>sofrimento de todos os animais sencientes e inteligentes. Como</p><p>parte da nossa campanha para divulgar a senciência animal,</p><p>apresentamos alguns dos melhores exemplos até agora e também</p><p>países com um longo caminho a percorrer. Saiba mais aqui.</p><p>Brasil Sem Gaiolas: campanha</p><p>apoia proibição de confinamento</p><p>de animais</p><p>Em parceria com a Animal Equality Brasil e o Fórum Animal,</p><p>realizamos no dia 30 de novembro o lançamento da campanha</p><p>‘Brasil Sem Gaiolas’ na sede da Assembleia Legislativa de São</p><p>Paulo (Alesp). Um dos seus principais objetivos é apoiar o Projeto</p><p>de Lei 5091/2023, de autoria da deputada federal Professora</p><p>Luciene Cavalcante (Psol), que propõe a proibição da utilização</p><p>de gaiolas e sistemas de confinamento extremo de animais</p><p>destinados à alimentação humana, extração de penas e peles,</p><p>entre outras providências.</p><p>Em pouco mais de uma semana, a campanha atingiu mais de</p><p>10 mil assinaturas no site da petição brasilsemgaiolas.org.</p><p>Nosso objetivo é alcançar 15 mil assinaturas. A iniciativa tem</p><p>apoio institucional do Movimento Altruísmo Eficaz no Brasil e</p><p>do The Pollination Project. Publicado no dia 5 de dezembro, o</p><p>carrossel em collab com a coalizão do Brasil Sem Gaiolas teve o</p><p>melhor engajamento no Instagram: 30,98%, contra 13,84% de</p><p>engajamento da página em dezembro. Aproveitamos o movimento</p><p>também para incentivar as pessoas a experimentar reduzir o</p><p>consumo de carne, leite e ovos.</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>https://api.worldanimalprotection.org/?_ga=2.263845516.1257654746.1699896628-1332906294.1699896628</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/blogs/incentivando-leis-sobre-a-senciencia-animal-em-todo-o-mundo/</p><p>https://brasilsemgaiolas.org/</p><p>BALANÇO FINANCEIRO</p><p>63</p><p>7. BALANÇO FINANCEIRO</p><p>64</p><p>Sociedade Mundial de Proteção Animal - WPA Brasil</p><p>(CNPJ 01.004.691/0001-64)</p><p>Demonstrações do resultado</p><p>Exercícios findos em 31 de dezembro de 2023 e 2022</p><p>(Em milhares de Reais)</p><p>Receitas operacionais</p><p>Doações</p><p>Despesas operacionais</p><p>Despesas administrativas e tributárias</p><p>Despesas com pessoal</p><p>Depreciação</p><p>Total das despesas</p><p>Receitas financeiras</p><p>(Despesas) financeiras</p><p>Resultado financeiro líquido</p><p>(Déficit)/superávit do exercício</p><p>2023 2022</p><p>7.020 4.982</p><p>(3.820)</p><p>(3.460)</p><p>(54)</p><p>(7.334)</p><p>1</p><p>(12)</p><p>11</p><p>(325)</p><p>(2.495)</p><p>(2.900)</p><p>(54)</p><p>(5.447)</p><p>1</p><p>(12)</p><p>11</p><p>(476)</p><p>ENCERRAMENTO</p><p>65</p><p>8. ENCERRAMENTO</p><p>66</p><p>Infelizmente, bilhões de animais de fazenda passam a vida</p><p>em agonia diariamente em todo o mundo. Todos os animais</p><p>merecem uma vida digna de ser vivida e livre de crueldade.</p><p>Por isso, continuamos a pedir às pessoas que sejam a voz dos</p><p>que não podem falar e denunciem qualquer ato de crueldade</p><p>contra animais.</p><p>Precisamos mudar a forma como produzimos nossos alimentos,</p><p>pelos animais, pelas pessoas e pelo futuro do próprio planeta. É</p><p>necessário iniciar uma transição do atual modelo para sistemas</p><p>alimentares saudáveis, justos e sustentáveis, capazes de alimentar</p><p>pessoas, em vez de empresas, evitando que animais sejam</p><p>tratados como meras mercadorias.</p><p>É necessário e urgente ampliar o modelo de produção que</p><p>efetivamente respeite e valorize a diversidade e a cultura</p><p>alimentar de cada região. As vantagens são a preservação de</p><p>territórios, que deixam de ser transformados em desertos de</p><p>grãos, e a valorização da agricultura familiar e da agroecologia,</p><p>que têm como pilares os princípios da economia solidária e a</p><p>conservação da natureza.</p><p>O agronegócio contamina nossos rios, destroi as florestas, acaba</p><p>com o habitat dos animais silvestres. Tudo com um único objetivo:</p><p>enriquecer apenas alguns poucos que estão no comando. Um</p><p>desperdício que poderia alimentar a população, acabar com</p><p>o</p><p>desmatamento e proteger nossos animais.</p><p>Também é urgente mudar a forma como nos relacionamos com os</p><p>animais silvestres, respeitando seu direito fundamental de viverem</p><p>livres na natureza e não em jaulas, gaiolas ou performando truques</p><p>para que a indústria do turismo e do entretenimento possa auferir</p><p>lucros. Animais selvagens não podem ser tratados como pets.</p><p>A vida silvestre desempenha papel estratégico na manutenção</p><p>e no equilíbrio das florestas e da vegetação nativa. Os animais</p><p>promovem funções importantes, como a dispersão de sementes,</p><p>a polinização, a predação, entre outras. Portanto, sempre que um</p><p>animal silvestre morre, parte do bioma que ele habita morre junto.</p><p>Fora os impactos demonstrados sobre a vida silvestre, essa</p><p>realidade está relacionada à segurança alimentar. As terras</p><p>destinadas à produção de grãos para a fabricação de ração</p><p>animal poderiam gerar alimentos destinados diretamente ao</p><p>consumo humano, com um uso mais racional de recursos.</p><p>Entendemos que o turismo é uma atividade econômica importante,</p><p>mas precisamos criar uma legião de viajantes responsáveis, que</p><p>promovam mudanças reais para os animais. Dentro do conceito</p><p>de turismo responsável, toda a cadeia produtiva do setor deve</p><p>se preocupar com impactos das atividades e produtos que</p><p>comercializa, aprimorando a oferta, também os consumidores</p><p>podem e devem assumir uma postura verdadeiramente consciente</p><p>em relação a suas escolhas e comportamentos, freando a</p><p>demanda que sustenta práticas inadequadas.</p><p>Temos focado nosso trabalho no Brasil no enfrentamento e</p><p>mitigação dos impactos da pecuária industrial no bem-estar e</p><p>na própria sobrevivência dos animais silvestres. É extremamente</p><p>necessário zerar o desmatamento e a perda de vegetação nativa e</p><p>8. ENCERRAMENTO</p><p>67</p><p>promover a restauração florestal, visto que o Brasil é um país com</p><p>enorme biodiversidade e um dos lugares prioritários para</p><p>a proteção da fauna mundial.</p><p>Avançamos ao longo de 2023 em muitas ações e</p><p>frentes, fortalecendo o papel da Proteção Animal</p><p>Mundial, e alcançamos números expressivos no Brasil,</p><p>com destaque para:</p><p>• 15.411 mil assinaturas em petições;</p><p>• 2.303 novos inscritos em nossa newsletter;</p><p>• 569 novos inscritos no cadastro para voluntários;</p><p>• 761 inscrições no curso de Capacitação</p><p>em Desastres.</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>68</p><p>9. AGRADECIMENTOS</p><p>69</p><p>Foram muitas conquistas e avanços na defesa e proteção dos</p><p>animais no Brasil ao longo de 2023. E ao fim de mais um ano,</p><p>agradecemos a todos os nossos funcionários, que nos ajudam</p><p>a alcançar nossas metas, e especialmente nossos parceiros e</p><p>apoiadores, que compreendem e multiplicam nosso trabalho.</p><p>Graças a cada um, este ano foi incrível!</p><p>Em 2023, você:</p><p>• Ajudou a aumentar a conscientização sobre a</p><p>exploração animal;</p><p>• Defendeu o fim da crueldade que os animais de</p><p>fazenda sofrem;</p><p>• Apoiou o resgate a reabilitação de animais selvagens;</p><p>• Foi a voz dos animais que sofrem em cativeiro;</p><p>• Se manifestou contra o sofrimento dos animais nas</p><p>redes sociais;</p><p>• Destacou práticas retrógradas com animais que</p><p>precisam mudar;</p><p>• Pressionou líderes globais a mudarem as leis a favor</p><p>dos animais.</p><p>Ainda são muitos desafios, mas temos a certeza de que</p><p>estamos no caminho certo. Em 2024, vamos continuar sendo</p><p>a voz dos que não podem falar e lutar. Juntos, mudaremos</p><p>a forma como produzimos nossos alimentos - pelos animais,</p><p>pelas pessoas, pelo planeta.</p><p>Quem ama de verdade os animais não apoia a exploração de</p><p>selvagens, nem os maus-tratos a animais de fazenda. Todos os</p><p>animais precisam de nós.</p><p>Esperamos poder contar com o apoio fundamental de todos</p><p>esses parceiros em 2024. Garantimos que a sua parte - não</p><p>importa o tamanho - pode fazer toda a diferença nessa história.</p><p>Vamos mudar as vidas dos animais para sempre.</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>Nossa equipe</p><p>Todas as atividades desenvolvidas no Brasil</p><p>em 2023 foram fruto do trabalho desta equipe:</p><p>Direção Executiva</p><p>Lisa Gunn</p><p>Campanhas</p><p>Renata Nitta</p><p>Marina Cobra Lacôrte</p><p>Daniel Cruz</p><p>Karina Rie Ishida</p><p>Julia Daumas Trevisan</p><p>Engajamento e</p><p>Captação de Recursos</p><p>Elcio Figueiredo</p><p>Filipe Peduzzi</p><p>Carla Oliveira</p><p>Aline Santos</p><p>Renata Busch</p><p>Juliana Modaneze</p><p>Grabrielly Freire</p><p>Políticas Públicas</p><p>Natália Figueiredo</p><p>Administrativo</p><p>e Financeiro</p><p>Telpa Gaspar</p><p>Luana Tainá Felis</p><p>Vanessa Perini</p><p>Julia Oliveira</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/noticia/Novo-relatorio-expoe-como-a-pecuaria-industrial-intensiva-esta-impulsionando-a-crise-climatica</p><p>https://blonksustainability.nl/</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Prática atrasada, Terra arrasada: relatório</p><p>revela relação da JBS com lavagem de grãos</p><p>• Segue fornecendo produtos contaminados pela destruição</p><p>de habitats de animais silvestres, para diversas outras</p><p>marcas e redes internacionais, como McDonalds, Burger</p><p>King e Carrefour, por meio da Seara;</p><p>• Põe em risco os esforços do Brasil para atingir o</p><p>desmatamento zero até 2030, bem como seus</p><p>compromissos climáticos e de segurança alimentar.</p><p>Exportação deixa rastro doloroso</p><p>para os animais</p><p>A investigação rastreou a soja cultivada por um fazendeiro que</p><p>se apropria de terras de uso de uma comunidade tradicional</p><p>no Cerrado, dentro da região conhecida como Matopiba</p><p>(acrônimo formado pelas siglas dos estados Maranhão,</p><p>Tocantins, Piauí e Bahia). Estas fazendas fizeram negócios com</p><p>uma comercializadora de grãos que envia seu farelo para uma</p><p>das plantas de processamento de ração da JBS Seara.</p><p>A ração é distribuída para as fazendas industriais da JBS,</p><p>nas quais milhões de animais, como porcos e galinhas, são</p><p>mantidos em condições que desrespeitam suas necessidades</p><p>básicas, além de receberem doses excessivas e desnecessárias</p><p>de antibióticos. Tudo isso para evitar que eles fiquem doentes</p><p>devido às condições estressantes em que são mantidos. A</p><p>carne produzida por esses métodos é exportada para diversos</p><p>países, deixando um rastro doloroso para os animais de</p><p>fazenda e para os animais silvestres, que perdem cada vez</p><p>mais seus habitats.</p><p>Produzido em parceria com a Repórter Brasil, o relatório</p><p>“Prática atrasada, Terra arrasada”, lançado em</p><p>setembro de 2023, revela que consumidores desavisados estão</p><p>comprando alimentos sem levar em conta o bem-estar animal,</p><p>os impactos nos habitats de animais silvestres e na mudança</p><p>do clima. A investigação aponta como o Grupo JBS está</p><p>relacionado com lavagem de grãos e invasão de territórios de</p><p>comunidades tradicionais.</p><p>A empresa conta com uma complexa rede de intermediários</p><p>que omite parte da origem de seus grãos adquiridos para</p><p>a fabricação de ração animal, cultivados por agricultores</p><p>envolvidos em desmatamento e grilagem verde. Ou seja,</p><p>grandes produtores rurais se apossam das terras preservadas</p><p>de comunidades tradicionais e as registram como áreas de</p><p>reserva legal de suas propriedades, motivando conflitos</p><p>violentos contra comunidades tradicionais.</p><p>O relatório detalha como a cadeia produtiva da JBS:</p><p>• Compra grãos para produção de ração animal que podem</p><p>ter como origem fazendas cuja produção está localizada</p><p>em áreas embargadas por desmate ilegal, por plantio sem</p><p>licença e em áreas que deveriam ser preservadas;</p><p>• Greenwashing, já que se compromete publicamente com</p><p>a sustentabilidade de sua produção, enfrentamento do seu</p><p>impacto nas mudanças climáticas e o bem-estar animal, mas</p><p>se esquiva de sua responsabilidade sobre os diversos níveis</p><p>de sua cadeia;</p><p>12</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/relatorio_pratica-atrasadaterra-arrasada_foodsystem.pdf</p><p>https://idec.org.br/greenwashing</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Floresta Racionada: minidoc</p><p>aponta impacto da soja em</p><p>animais silvestres e de criação</p><p>Gravado em Sinop (MT), um dos principais polos do país</p><p>na produção de grãos, o curta-metragem “Floresta</p><p>Racionada” evidencia como a atividade abastece,</p><p>primordialmente, a indústria da carne e impacta a fauna</p><p>brasileira. Lançado em 24 de abril de 2023, dia da</p><p>Assembleia Geral dos Acionistas (Annual General Meeting)</p><p>da JBS, o minidocumentário de 13 minutos tem como objetivo</p><p>ampliar a discussão sobre o avanço da pecuária industrial e</p><p>a responsabilidade da empresa que mais impacta com sua</p><p>cadeia de produção nos dias atuais.</p><p>O documentário pretende mostrar como a pujante produção</p><p>brasileira de grãos serve, primordialmente, para abastecer a</p><p>indústria da carne. O Mato Grosso é o maior estado produtor</p><p>de grãos do Brasil - com uma safra superior a 44 milhões de</p><p>toneladas por ano - e o único a ter três dos principais biomas</p><p>do país: Amazônia, Cerrado e Pantanal. Apesar da sua força</p><p>econômica no país, a atividade agrícola ainda é o principal</p><p>vetor de devastação da Amazônia e do Cerrado. O curta-</p><p>metragem denuncia o impacto na pecuária industrial na vida</p><p>dos animais silvestres - que são afetados pelas queimadas e o</p><p>desmatamento - e de produção (como aves, suínos e bovinos),</p><p>criados em condições contestáveis, que desrespeitam suas</p><p>vidas. O projeto contou com uma pesquisa de campo de sete</p><p>dias para registro de imagens e entrevistas com especialistas</p><p>renomados, como Ricardo Abramovay (sociólogo/USP),</p><p>Marcos Rosa (Mapbiomas), Elaine Dione (professora médica-</p><p>veterinária da UFMT) e Gustavo Canale (Instituto Ecótono).</p><p>O impacto ambiental causado</p><p>pela pecuária industrial</p><p>Embora as questões de desmatamento relacionadas à</p><p>produção de soja e milho nas cadeias de fornecimento dos</p><p>produtores de carne já tenham sido relatadas para as próprias</p><p>empresas, sejam reconhecidas pela academia, órgãos de</p><p>fiscalização e até pela sociedade civil, a JBS desconsidera</p><p>esse risco.</p><p>Estudos indicam que 22% da produção de soja no Cerrado</p><p>ocorre em imóveis com desmatamento ilegal pós 2001.</p><p>No entanto, a empresa tem ignorado o risco material de</p><p>contaminação por desmatamento na produção de grãos,</p><p>reconhecendo apenas o risco na compra de gado, considerando</p><p>apenas a pecuária como única fonte de risco de desmatamento.</p><p>Petição para pressionar a JBS</p><p>Estamos vivendo uma emergência climática e o setor</p><p>agropecuário é um dos principais responsáveis pela emissão</p><p>de gases de efeito estufa. Por isso estamos pedindo que</p><p>a JBS assuma a sua responsabilidade que há tempos está</p><p>contaminada pela devastação de habitats e que está</p><p>condenando nossa fauna à morte. O futuro dos animais,</p><p>de nosso planeta e das pessoas está em jogo. Lançamos</p><p>uma petição para pressionar a JBS a parar de financiar o</p><p>desmatamento que causa a morte e o sofrimento de milhões</p><p>de animais.</p><p>13</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=d15Smjr5itc</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=d15Smjr5itc</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Pratica-atrasada-Terra-arrasada-investigacao-aponta-que-JBS-esta-relacionada-com-lavagem-de-graos/#peticao</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Coalizão pede rebaixamento</p><p>da JBS em classificação climática</p><p>A Proteção Animal Mundial faz parte de uma coalizão global</p><p>de quase 20 grupos da sociedade civil para pedir ao CDP</p><p>(conhecido anteriormente como Carbon Disclosure Project) que</p><p>revogue a pontuação “A-” e o status de “Liderança” concedido</p><p>à JBS por seu desempenho no enfrentamento das mudanças</p><p>climáticas. Liderados pela organização Mighty Earth, alguns</p><p>dos maiores e mais atuantes grupos - incluindo o Instituto de</p><p>Agricultura e Política Comercial (IATP), a Compassion in World</p><p>Farming, a Soil Association e a Rainforest Foundation Norway -</p><p>uniram forças para chamar a atenção para a alta classificação</p><p>da gigante do processamento de carne no Brasil.</p><p>Para a Mighty Earth, a JBS está longe de ser uma liderança</p><p>no combate às mudanças do clima, a classificação concedida</p><p>pelo CDP é errada e enganosa. Ainda assim, a JBS vem</p><p>promovendo essa desacreditada pontuação como forma de</p><p>atrair novos investidores.</p><p>Em carta enviada ao fundador do CDP, Paul Dickson, as</p><p>organizações signatárias listam uma série de fatores que</p><p>justificam o rebaixamento da JBS. Entre eles, está a falta</p><p>de um plano significativo de descarbonização, apesar do</p><p>comprometimento da empresa em zerar as suas emissões</p><p>líquidas até 2040. Pela falta de transparência da JBS, a</p><p>Divisão Nacional de Publicidade do Better Business Bureau</p><p>(BBB), nos Estados Unidos, considerou que</p><p>as promessas da</p><p>empresa são infundadas.</p><p>Produção expõe resultados de</p><p>relatório lançado em 2022</p><p>O minidocumentário é fruto do relatório de mesmo nome,</p><p>que lançamos no fim de 2022, em parceria com a Repórter</p><p>Brasil, uma premiada organização não-governamental de</p><p>jornalismo investigativo. Por meio de extensas pesquisas de</p><p>dados e entrevistas com especialistas, o documento trouxe para</p><p>discussão uma investigação sobre os impactos da produção de</p><p>grãos na fronteira agrícola do país.</p><p>Mostramos no relatório como fornecedores de soja da Bunge</p><p>e da Amaggi – que vendem grãos para a JBS fabricar ração</p><p>para os frangos da Seara – desmataram áreas na Amazônia e</p><p>no Cerrado. Também há evidências de fornecedores de milho</p><p>que vendem diretamente para a JSB, plantando em fazendas</p><p>irregulares.</p><p>O relatório “Floresta Racionada” revelou como alguns</p><p>empresários do agronegócio driblam os mecanismos de</p><p>controle e legislações ambientais para produzir grãos em</p><p>áreas recém-desmatadas. O foco do trabalho são os animais</p><p>silvestres e animais em confinamento para a indústria da</p><p>carne. O lançamendo do relatório faz parte da campanha</p><p>Desmatamento no Prato, que compila relatórios e estudos</p><p>sobre os impactos da indústria de carne na crise climática e na</p><p>vida dos animais de fazenda e silvestres. No site da campanha,</p><p>é possível conferir a investigação completa.</p><p>14</p><p>https://reporterbrasil.org.br/wp-content/uploads/2022/10/220926-Monitor-Racao-Animal-PT-07.pdf</p><p>https://desmatamentonoprato.org.br/</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>Além disso, inúmeros relatórios - incluindo o que realizamos</p><p>em parceria com a Repórter Brasil (disponível aqui)</p><p>e de organizações como Global Witness, Greenpeace,</p><p>Environmental Investigation Agency, entre outras - relatam</p><p>as contínuas ligações da JBS com o desmatamento ilegal na</p><p>Amazônia e no Cerrado, operações ilegais em Terras Indígenas</p><p>(TI) e compras ligadas a abusos de direitos humanos. Veja</p><p>aqui todas as alegações contidas na carta.</p><p>Para a Proteção Animal Mundial, as mudanças climáticas</p><p>devem ser combatidas com a diminuição da produção animal</p><p>e a criação com alto nível de bem-estar. Pontos que claramente</p><p>não são adotados pela JBS. Enquanto isso, a JBS promove a</p><p>melhora da sua nota de mudanças climáticas no CDP para</p><p>investidores e outras partes interessadas.</p><p>Sistema de divulgação global usado por investidores, empresas</p><p>e governos para medir e agir sobre seus impactos climáticos</p><p>e ambientais, o CDP é amplamente reconhecido pelo seu alto</p><p>padrão em relatórios ambientais, mas sua abordagem depende</p><p>de respostas autodeclaradas, levantando preocupações sobre a</p><p>precisão das pontuações concedidas às empresas.</p><p>De acordo com o CDP, as empresas que obtêm pontuação</p><p>nível de “Liderança” devem “demonstrar liderança ambiental,</p><p>divulgando ações sobre mudanças climáticas, desmatamento</p><p>ou segurança hídrica” e as empresas premiadas com A- estão</p><p>“implementando as melhores práticas atuais”.</p><p>No caso da JBS, isso não poderia estar mais longe da verdade.</p><p>Diferentes análises mostram que a JBS é a empresa que mais</p><p>emite gases de efeito estufa no setor de pecuária e a</p><p>maior impulsionadora do desmatamento no Brasil. Assim, a</p><p>classificação equivocada dada pelo CDP, que não reflete com</p><p>precisão o impacto ambiental e climático da JBS, coloca em</p><p>risco a própria reputação do grupo, além de implicações mais</p><p>amplas dessas pontuações desacreditadas para investidores e</p><p>outras partes interessadas.</p><p>Relatório calcula custo do</p><p>excesso de antibióticos na</p><p>pecuária para a saúde pública</p><p>Nosso novo relatório, “Custo global de saúde pública</p><p>da resistência antimicrobiana na pecuária industrial</p><p>intensiva”, lançado em agosto de 2023, revela que o uso</p><p>excessivo de antibióticos na pecuária industrial está causando</p><p>a morte de quase um milhão de pessoas todos os anos.</p><p>Realizado em parceria com a Universidade de Bolonha, o</p><p>estudo calcula, pela primeira vez, o impacto mortal do uso</p><p>excessivo de antibióticos por produtores de carne e laticínios e</p><p>aponta a parcela de culpa desse sistema pela crise de saúde</p><p>pública causada pelas bactérias multirresistentes.</p><p>A pesquisa foi realizada em sete regiões geográficas - América</p><p>do Norte, América Latina e Caribe, Europa e Ásia Central,</p><p>Oriente Médio e Norte da África, Sul Asiático e África</p><p>Subsaariana, Leste Asiático e Pacífico. O uso indiscriminado</p><p>de antimicrobianos em animais de criação tem ultrapassado</p><p>em grande medida o consumo na medicina humana,</p><p>representando cerca de 75% do uso global de antibióticos.</p><p>Isso é motivo de preocupação para a saúde pública, uma vez</p><p>que a resistência antimicrobiana (RAM) torna-se cada vez mais 15</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/press-release/novo-relatorio-vincula-jbs-aquisicao-de-graos-de-areas-desmatadas-para-producao-de</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/comunicados-de-imprensa/sociedade-civil-pede-que-jbs-seja-rebaixada-da-classificacao-climatica/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/comunicados-de-imprensa/sociedade-civil-pede-que-jbs-seja-rebaixada-da-classificacao-climatica/</p><p>https://changingmarkets.org/report/emissions-impossible-how-emissions-from-big-meat-and-dairy-are-heating-up-the-planet-methane-edition/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao_animal_muncial_relatorio_custo_global_de_saude_amr.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao_animal_muncial_relatorio_custo_global_de_saude_amr.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao_animal_muncial_relatorio_custo_global_de_saude_amr.pdf</p><p>difícil de tratar, causando um aumento significativo do custo</p><p>global de saúde e, em muitos casos, fatalidades evitáveis.</p><p>Para mascarar as condições em que são mantidos e evitar</p><p>que fiquem doentes, os animais recebem doses excessivas de</p><p>antibióticos. O levantamento se concentrou nas três principais</p><p>espécies terrestres (bovinos, suínos e aves) e nas seis principais</p><p>espécies aquáticas (carpa, bagre, salmão, camarão, tilápia e</p><p>truta) criadas em fazendas industriais, com base nas estatísticas</p><p>da Organização das Nações Unidas para Alimentação e</p><p>Agricultura (FAO).</p><p>“Os resultados desse estudo são um alerta urgente para a</p><p>problemática do uso de antibióticos na pecuária industrial.</p><p>A resistência antimicrobiana é uma ameaça à saúde pública</p><p>e precisa ser enfrentada com ações concretas e imediatas”,</p><p>enfatiza Karina Ishida, Coordenadora de Campanhas de</p><p>Sistemas Alimentares da Proteção Animal Mundial.</p><p>Ameaça crescente à saúde humana</p><p>e animal</p><p>O material aponta que a grande maioria dos antibióticos</p><p>utilizados em animais de criação é administrada em</p><p>concentrações não terapêuticas. “A disseminação da RAM</p><p>pode ser diretamente atribuída ao uso não terapêutico de</p><p>antibióticos em animais, como promotores de crescimento e</p><p>de forma preventiva. Isso coloca em risco não apenas a saúde</p><p>humana, mas também o bem-estar animal e o meio ambiente”,</p><p>completa Karina.</p><p>O levantamento revelou ainda que, entre 2018 e 2020, as</p><p>fazendas industriais foram responsáveis pela produção global</p><p>de aves (74,4%), suínos (66,9%) e bovinos (41,9%),</p><p>com consumo anual de 80.541 toneladas de antibióticos,</p><p>sendo que 58,5% (47.156 toneladas) foram utilizadas</p><p>nessas fazendas.</p><p>A resistência antimicrobiana causou em 2019, a nível global,</p><p>403 mil mortes atribuíveis e 1,6 milhão de mortes associadas,</p><p>gerando uma carga de 13,65 milhões de DALYs (Disability</p><p>Adjusted Life Years, indica o número de mortes e anos de</p><p>vida ajustados à deficiência) atribuíveis e 56,84 milhões de</p><p>DALYs associados. A pecuária industrial foi quantificada como</p><p>principal contribuinte, associada a 975 mil mortes e 33,5</p><p>milhões de DALYs.</p><p>Juntos, podemos mudar essa realidade</p><p>O estudo conclui que é possível reduzir significativamente</p><p>o uso excessivo de antibióticos em fazendas industriais</p><p>globalmente nas próximas décadas, mesmo após o</p><p>crescimento populacional e</p><p>do comércio internacional</p><p>de produtos de origem animal. A experiência europeia</p><p>demonstra que essa redução é viável e o cenário mais</p><p>racional de uso de antibióticos pode levar a economias</p><p>globais de até 17,7 trilhões de dólares entre 2019 e 2050,</p><p>considerando menores perdas de produtividade e custos</p><p>associados à resistência antimicrobiana (RAM).</p><p>Para combater o uso excessivo de antibióticos na produção</p><p>animal, as medidas recomendadas pelo Plano de Ação</p><p>Global podem trazer resultados efetivos. É essencial</p><p>investir em novos antimicrobianos e explorar alternativas</p><p>aos antibióticos em risco de obsolescência devido à RAM</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>16</p><p>3.1 - Lançamentos de Relatórios</p><p>A estreita conexão entre o bem-estar animal e o clima</p><p>nas fazendas, como vacinas, prebióticos, probióticos e</p><p>outras soluções inovadoras. O uso de antibióticos como</p><p>promotores de crescimento e tratamentos preventivos deve ser</p><p>gradualmente eliminado, enquanto a restrição estrita deve</p><p>ser imposta ao uso de antibióticos de importância crítica e</p><p>antibióticos altamente importantes.</p><p>A melhoria do bem-estar animal, a biossegurança pecuária e</p><p>outras práticas de prevenção de doenças são fundamentais</p><p>para reduzir o uso excessivo de antibióticos na pecuária</p><p>industrial e experiências de países que adotaram medidas mais</p><p>rigorosas indicam que isso é possível sem sintomas negativos.</p><p>Além disso, é importante estabelecer regulamentações e</p><p>métricas harmonizadas para monitorar e rastrear o uso de</p><p>antibióticos nas fazendas, garantindo a transparência da</p><p>cadeia de abastecimento de alimentos em relação a essa</p><p>questão. Isso permitirá que os consumidores façam escolhas</p><p>conscientes ao adquirir produtos de origem animal.</p><p>A cooperação entre o governo, a indústria farmacêutica e</p><p>o pesquisador é fundamental para combater a resistência</p><p>antimicrobiana e proteger a saúde humana, animal e</p><p>ambiental a longo prazo.</p><p>17</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>Promovemos em 2023 diversas ações para divulgar a</p><p>petição que responsabiliza a JBS pela destruição de habitats,</p><p>pelo desmatamento para a produção de grãos, com fins de</p><p>alimentação para animais de fazenda cruelmente tratados, e</p><p>pela promoção de mudanças climáticas que causam graves</p><p>danos aos biomas brasileiros.</p><p>Desmatamento no Cerrado e Amazônia - Prosseguimos</p><p>com as denúncias extraídas de nossos relatórios que destacam</p><p>como fornecedores da JBS estão desmatando o Cerrado</p><p>e a Amazônia. O plantio de milho e soja para produção</p><p>de ração animal está ameaçando a existência de diversas</p><p>espécies. Reportagens publicadas pela Repórter Brasil e pelo</p><p>jornal britânico The Guardian mostram como o desmatamento</p><p>causado por fornecedores de ração para a cadeia de</p><p>produção de carne da JBS no Mato Grosso tem colocado</p><p>animais silvestres em risco.</p><p>Destruição de florestas - No início de novembro, mostramos</p><p>um vídeo de Alter do Chão (PA) em chamas. Infelizmente,</p><p>cenas como essa têm se tornado comuns em diversas regiões</p><p>da Amazônia e do Cerrado. Em reportagem do The Intercept</p><p>Brasil, o Ibama revela que a destruição da floresta por</p><p>agropecuaristas na região metropolitana de Manaus ao longo</p><p>de décadas é uma das explicações para a fumaça que cobre</p><p>a cidade desde outubro. Não podemos mais ignorar os efeitos</p><p>devastadores da pecuária industrial e precisamos urgentemente</p><p>acabar com isso.</p><p>#HajaEstômago</p><p>Petição para acabar com</p><p>o uso de antibióticos</p><p>Dentro da nossa campanha ‘Haja Estômago’, lançada em</p><p>2021, retomamos em janeiro de 2023 uma ampla divulgação</p><p>da nossa petição para que o Governo Federal acabe de vez</p><p>com o uso irresponsável de antibióticos e adote melhores</p><p>práticas de bem-estar animal. Convidamos as pessoas a se</p><p>juntarem a nós para pôr fim a essa crueldade e evitar que a</p><p>crise mundial de bactérias multirresistentes se torne ainda pior,</p><p>assinando nossa petição.</p><p>Reforçamos que 75% de toda a produção mundial</p><p>de antibióticos são usadas em animais de produção,</p><p>principalmente suínos e frangos, o que leva ao surgimento de</p><p>bactérias multirresistentes. Para cada pessoa, existem 9 animais</p><p>de fazenda criados em um sistema que desrespeita suas</p><p>necessidades básicas.</p><p>Mesmo quando não estão doentes, eles são obrigados a se</p><p>“prevenir” com antibióticos para continuarem seu ciclo de</p><p>reprodução e crescimento. A pecuária industrial mantém os</p><p>animais em condições que desrespeitam suas necessidades e</p><p>comportamentos naturais, mascarando todo esse sofrimento</p><p>com o uso excessivo de antibióticos.</p><p>3.2 - Realização de Campanhas</p><p>18</p><p>Campanha para responsabilizar</p><p>a JBS ganha força na internet</p><p>Indústria da carne x resistência</p><p>aos antibióticos</p><p>Em uma collab com o Idec - Instituto de Defesa do Consumidor,</p><p>refletimos sobre a relação entre a indústria de carnes e a</p><p>resistência aos antibióticos. Nas últimas décadas, com o</p><p>crescimento da indústria de carnes, surgiu um modelo de</p><p>criação de animais no qual o confinamento e a aglomeração</p><p>é a norma. Esse modelo faz com que o criador use antibióticos</p><p>não somente para tratar doenças, mas para prevenir futuras</p><p>infecções e promover o crescimento do animal.</p><p>Mundialmente, o Brasil é o líder na indústria de criação de</p><p>animais. E mesmo assim está longe de agir pelo uso responsável</p><p>de antibióticos na indústria da carne: apenas o uso como</p><p>estimulador do crescimento é proibido em nosso país, resolução</p><p>feita pelo MAPA, em 2020. Nem nós, nem os animais de</p><p>criação sairão imunes à superexposição aos antibióticos!</p><p>O aumento da resistência antimicrobiana pode causar 10</p><p>milhões de mortes por ano até 2050. Precisamos exigir o uso</p><p>responsável de antibióticos, começando pela comida que vai</p><p>para nosso prato!</p><p>Simpósio discute resistência</p><p>antimicrobiana</p><p>No dia 3 de agosto, reunimos especialistas e profissionais da</p><p>área da saúde em um simpósio na Faculdade de Saúde Pública</p><p>da USP para discutir os conceitos e desafios relacionados à</p><p>resistência antimicrobiana - uma questão crucial que afeta a</p><p>eficácia dos tratamentos médicos e representa uma ameaça</p><p>global à saúde pública. O evento foi aberto ao público,</p><p>gratuito e teve transmissão ao vivo pelo YouTube.</p><p>#AindaDáTempo - Influencers</p><p>se juntam ao desafio das metas</p><p>de ano novo</p><p>O número de pessoas interessadas e dispostas a repensar</p><p>a base de suas dietas e a diminuir o consumo de carne e</p><p>produtos de origem animal vem crescendo no Brasil e no</p><p>mundo. Mas a falsa percepção de que é difícil preparar uma</p><p>refeição saborosa e equilibrada apenas com alimentos de</p><p>origem vegetal muitas vezes paralisa mesmo os mais animados</p><p>em transformar sua alimentação.</p><p>No Brasil, o ano novo só começa depois do Carnaval. É</p><p>quando muita gente decide resgatar as famosas “metas de</p><p>ano novo”, aquelas promessas ou compromissos assumidos</p><p>antes da virada. Como muitas vezes “melhorar a alimentação”</p><p>e “praticar o consumo consciente” estão no topo das listas, a</p><p>Proteção Animal Mundial criou a ação #AindaDáTempo, que</p><p>faz parte da campanha #ReisdaMesa, lançada em 2021.</p><p>Para inspirar as pessoas a começarem uma jornada saborosa</p><p>de transformação na sua alimentação no novo ano, convidamos</p><p>Irina Cordeiro, Aline Matulja e Léo Kazuya (Rolê de Vegano) a</p><p>compartilhar receitas deliciosas e livres de sofrimento animal. As</p><p>collabs alcançaram os quase 1 milhão de seguidores dos três</p><p>perfis, atraindo mais seguidores para nosso perfil no Instagram,</p><p>ampliando a nossa visibilidade nas redes sociais.</p><p>3.2 - Realização de Campanhas</p><p>19</p><p>Conquista: bancos negam</p><p>crédito a frigoríficos para compra</p><p>de gado de áreas desmatadas</p><p>Em anúncio oficial realizado no dia 30 de maio, os</p><p>principais bancos brasileiros declararam que só oferecerão</p><p>crédito a frigoríficos que comprovarem não comprar gado</p><p>criado em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia Legal e</p><p>no Maranhão. Aprovada pela Federação Brasileira de Bancos</p><p>(Febraban), essa determinação vem de um protocolo comum de</p><p>autorregulação para a cadeia de carne bovina no país e valerá</p><p>tanto</p><p>para fornecedores diretos quanto indiretos. A iniciativa tem</p><p>como objetivo combater o desmatamento na região, já que o</p><p>rastreio de gado é apontado por especialistas como a principal</p><p>ferramenta para reduzir as derrubadas de florestas no Brasil.</p><p>Até o momento, o acordo conta com a adesão de 21</p><p>instituições financeiras brasileiras. Entre elas estão Bradesco,</p><p>Itaú, Banco do Brasil, Caixa, Santander e BTG, que passarão</p><p>a exigir dos frigoríficos que implementem um sistema de</p><p>monitoramento e rastreabilidade até dezembro de 2025.</p><p>Os empréstimos só serão concedidos às empresas que</p><p>cumprirem a exigência.</p><p>“Do ponto de vista de preservação de habitats e de proteção</p><p>da vida silvestre, essa parece ser uma medida na direção</p><p>certa. Mas por enquanto são apenas boas intenções</p><p>anunciadas. Queremos ver na prática os resultados. Combate</p><p>ao desmatamento, rastreio completo do gado e bem-estar na</p><p>produção já deveriam ser realidade hoje”, declara Karina Rie</p><p>Ishida, Coordenadora de Campanhas de Sistemas Alimentares</p><p>da Proteção Animal Mundial.</p><p>Para Karina, o protocolo também poderia ser mais</p><p>ambicioso, incluindo desde já outros biomas brasileiros muito</p><p>impactados pelo desmatamento, como o Cerrado. “A perda</p><p>de biodiversidade é um processo que ocorre hoje e em ritmo</p><p>acelerado. Mais do que frear isso, precisamos reverter para</p><p>não sofrermos as consequências”, acrescenta.</p><p>“Nas granjas, a ciência do bem-estar animal garante os</p><p>direitos mínimos de saúde, alojamento, alimentação e</p><p>manejo adequados dos animais, provendo ambientes com</p><p>enriquecimento ambiental, piso e condições sanitárias</p><p>adequadas que os protejam do uso abusivo de medicamentos.</p><p>No Brasil, os bancos nacionais representam 74% dos</p><p>investimentos na produção de carne e soja, que é usada</p><p>majoritariamente para ração animal. Ou seja, os bancos</p><p>possuem grande responsabilidade em exigir que seus</p><p>investimentos não financiem produções insustentáveis e</p><p>cruéis”, comenta Karina.</p><p>Pecuária industrial é responsável</p><p>por surto de gripe aviária no Brasil</p><p>Maior exportador mundial de carne de frango do mundo, o</p><p>Brasil entrou em alerta no ano de 2023 devido à detecção</p><p>de casos de gripe aviária em aves silvestres. Para nós, da</p><p>Proteção Animal Mundial, a pecuária industrial desempenha</p><p>um papel chave no crescimento do H1N5 - o vírus da Influenza</p><p>Aviária - por criar aves em ambientes confinados e estressantes.</p><p>3.2 - Realização de Campanhas</p><p>20</p><p>https://portal.febraban.org.br/noticia/3934/pt-br/</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/05/rastreio-de-gado-para-conter-desmatamento-na-pecuaria-pressiona-governo-e-produtores.shtml</p><p>https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/05/rastreio-de-gado-para-conter-desmatamento-na-pecuaria-pressiona-governo-e-produtores.shtml</p><p>3.2 - Realização de Campanhas</p><p>Elas são impossibilitadas de expressar seus comportamentos</p><p>naturais e submetidas a seleção genética que prioriza animais</p><p>de crescimento rápido. Essas condições contribuem para o</p><p>comprometimento do sistema imunológico dos animais e facilitam</p><p>o surgimento de doenças, colocando em risco não apenas</p><p>os animais, mas também os profissionais da granja que estão</p><p>vulneráveis ao vírus e podem transmitir para outras pessoas.</p><p>A influenza aviária, também conhecida como gripe aviária,</p><p>é uma doença causada por um vírus altamente patogênico</p><p>que pode infectar aves e mamíferos, incluindo seres humanos.</p><p>A transmissão do vírus entre as aves se propaga a partir de</p><p>contato prolongado com animais infectados, suas secreções ou</p><p>excreções. Seres humanos podem eventualmente ser afetados</p><p>pelo vírus, que pode ser difundido por meio de equipamentos,</p><p>vestimentas, ração, água e outros objetos contaminados.</p><p>Em um estudo da Fiocruz, vários autores já chamaram a</p><p>atenção para o risco de um patógeno mortal emergir do nosso</p><p>país. Mudanças nos padrões de uso da terra, que aumentam</p><p>a vulnerabilidade social e perturbam o funcionamento do</p><p>ecossistema, afetam os ciclos de transmissão de patógenos,</p><p>ampliando o risco de contato entre humanos e animais</p><p>selvagens anteriormente isolados que representam reservatórios</p><p>e vetores de patógenos.</p><p>De acordo com a pesquisadora da Embrapa,</p><p>Janice Zanella, 75% das doenças emergentes e</p><p>reemergentes do último século são zoonoses.</p><p>Para manter a segurança alimentar, especialistas reforçam</p><p>a importância das boas práticas sanitárias e de manejo que</p><p>garantam o bem-estar animal nas granjas. Outro ponto de</p><p>atenção é a expansão da produção de monoculturas de</p><p>soja e milho, cuja maior porcentagem de consumo é animal,</p><p>principalmente em criações de aves e suínos, que é vetor do</p><p>desmatamento e mudança do uso de terras no Brasil.</p><p>Marcha da juventude pela terra,</p><p>contra a fome e a crise ambiental</p><p>A Proteção Animal Mundial acompanhou a marcha potente</p><p>e diversa em defesa da permanência da juventude em seus</p><p>territórios e contra a fome e a crise ambiental, que marcou a</p><p>semana dedicada ao Dia Mundial da Alimentação (16 de</p><p>outubro) em Brasília. A atividade encerrou o Acampamento</p><p>Nacional “Juventude em Luta: por Terra e Soberania</p><p>Popular”, realizado entre os dias 13 e 17 de outubro.</p><p>Neste período, mais de dois mil jovens organizados nos</p><p>movimentos populares que constroem a Via Campesina no</p><p>Brasil realizaram uma série de debates e listaram reivindicações</p><p>para apresentar a autoridades públicas que estiveram presentes</p><p>nesses diálogos, como os ministros do Desenvolvimento Agrário,</p><p>Paulo Teixeira, e do Meio Ambiente, Marina Silva.</p><p>“A juventude, mais do que ninguém, sabe e sente que é</p><p>necessário e urgente iniciar uma transição do atual modelo</p><p>para sistemas alimentares, transformando-os em um modelo</p><p>saudável, justo e sustentável, capaz de alimentar pessoas, que</p><p>não esteja voltado para beneficiar ainda mais as empresas</p><p>e que não trate animais como meras mercadorias. A Via</p><p>Campesina entende que o modelo de produção de alimentos</p><p>é a solução para o combate à fome e desigualdade, e a</p><p>garantia da soberania alimentar”, diz Marina Lacôrte,</p><p>Gerente de Campanhas de Sistemas Alimentares na</p><p>Proteção Animal Mundial. 21</p><p>https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-aponta-niveis-de-risco-de-surgimento-de-epidemia-ou-pandemia-partir-do-brasil</p><p>https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/51558865/pandemia-reforca-importancia-dos-cuidados-sanitarios-na-producao-animal</p><p>https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/51558865/pandemia-reforca-importancia-dos-cuidados-sanitarios-na-producao-animal</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/blogs/no-prato-de-quem-a-pecuaria-industrial-nao-esta-acabando-com-a-fome/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/blogs/no-prato-de-quem-a-pecuaria-industrial-nao-esta-acabando-com-a-fome/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/blogs/no-prato-de-quem-a-pecuaria-industrial-nao-esta-acabando-com-a-fome/</p><p>https://viacampesina.org/en/</p><p>3.2 - Realização de Campanhas</p><p>Os jovens ativistas entregaram o documento “Plataforma da</p><p>Juventude” que reúne demandas como a retomada do Programa</p><p>Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), a</p><p>contrariedade à aprovação do Marco Temporal, do ‘PL do</p><p>Veneno’ e a necessidade de ampliação do orçamento para</p><p>políticas públicas ligadas à agricultura familiar. Além dessas</p><p>questões concretas, outros temas como o fortalecimento da</p><p>produção de alimentos de verdade e saudáveis, o abastecimento,</p><p>o direito à terra e território e a conquista de direitos sociais, como</p><p>educação, cultura, acesso à crédito, foram abordados.</p><p>A Via Campesina Brasil representa trabalhadores do campo, da</p><p>floresta e das águas. Reúne quilombolas, indígenas e movimentos</p><p>sociais como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra</p><p>(MST), Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento</p><p>dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento pela Soberania</p><p>Popular na Mineração (MAM), Movimento de Mulheres</p><p>Camponesas (MMC), Coordenação Nacional de Articulação</p><p>de Quilombos (Conaq), Movimento de Pescadores e Pescadoras</p><p>Artesanais do Brasil (MPP), Pastoral da Juventude</p><p>Rural (PJR).</p><p>Simpósio discute futuro do bem-estar</p><p>animal na América Latina</p><p>O ano de 2023 foi marcado pela urgência de adotar melhores</p><p>padrões de bem-estar animal com técnicas de manejo mais</p><p>sustentáveis na avicultura da América Latina. Com o cenário</p><p>sanitário exigindo muitos esforços na prevenção da Influenza</p><p>Aviária, aumentaram os debates em torno das exigências de</p><p>mercado e consumo e das constantes mudanças regulatórias.</p><p>Neste contexto, a Proteção Animal Mundial apoiou a realização</p><p>do Simpósio “Definindo o futuro do bem-estar animal</p><p>na América Latina”, promovido pela startup brasileira</p><p>Produtor do Bem em abril, em São Paulo. O evento reuniu</p><p>organizações de defesa da causa animal, empresas do setor de</p><p>alimentação, universidades, órgãos governamentais e sociedade</p><p>civil organizada para discutir as tendências e iniciativas para um</p><p>novo patamar de bem-estar para os frangos de corte.</p><p>“Por anos, as práticas cruéis de produção animal prosperaram</p><p>e contribuíram para baixos índices de bem-estar animal, danos</p><p>à saúde pública e prejuízos ao meio ambiente. Muitos impactos</p><p>antes estavam invisíveis à maioria dos consumidores, como o</p><p>desmatamento causado pelas plantações de soja para produzir</p><p>ração ou o uso exagerado de antibióticos nas produções</p><p>pecuárias intensivas. Hoje, esses impactos são vistos como</p><p>riscos à saúde única (pessoas, animais e ambiente), mas essa</p><p>conscientização precisa ser ampliada”, comentou Karina Ishida,</p><p>coordenadora de Bem-Estar Animal na Proteção Animal no Brasil.</p><p>O evento também discutiu estratégias</p><p>de sustentabilidade ambiental,</p><p>social e de governança</p><p>corporativa (ESG), ações</p><p>corporativas e as iniciativas</p><p>e colaboração da indústria</p><p>no bem-estar de frangos</p><p>de corte, promovendo</p><p>debates saudáveis entre</p><p>todos os elos da cadeia</p><p>produtiva da avicultura. 22</p><p>Fo</p><p>to</p><p>: s</p><p>hu</p><p>tte</p><p>rst</p><p>oc</p><p>k.</p><p>co</p><p>m</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Protecao-Animal-Mundial-apoia-simposio-sobre-bem-estar-animal-na-America-Latina/</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/Protecao-Animal-Mundial-apoia-simposio-sobre-bem-estar-animal-na-America-Latina/</p><p>ANIMAIS SILVESTRES</p><p>23</p><p>Ao longo de 2023, focamos nosso trabalho no</p><p>enfrentamento e mitigação dos impactos da</p><p>pecuária industrial no bem-estar e na própria</p><p>sobrevivência dos animais silvestres. É extremamente necessário</p><p>zerar o desmatamento e a perda de vegetação nativa e</p><p>promover a restauração florestal, visto que o Brasil é um país</p><p>com alta diversidade de animais e um dos lugares prioritários</p><p>para a proteção da fauna mundial.</p><p>Em uma visão integrada com o trabalho desenvolvido em nível</p><p>global pela Proteção Animal Mundial, focamos nosso esforço</p><p>em mostrar à sociedade como a produção agropecuária</p><p>industrial destrói o habitat da vida silvestre, tanto para</p><p>produção de ração quanto de proteína animal. Ao invés de</p><p>alimentar os brasileiros, a produção expressiva de grãos como</p><p>a soja serve meramente para fazer ração e alimentar animais</p><p>criados em confinamento, sem os parâmetros adequados de</p><p>bem-estar animal no sistema de pecuária industrial.</p><p>Assim, atuamos em várias linhas de frente para quebrar esse</p><p>ciclo vicioso que contribui para a ameaça e eliminação de</p><p>centenas de espécies de animais silvestres em biomas de</p><p>grande diversidade e riqueza, como a Floresta Amazônica,</p><p>o Cerrado e o Pantanal. Um exemplo são as atividades para</p><p>resgate de animais impactados pelo fogo utilizado com a</p><p>finalidade de desmatar.</p><p>Na Proteção Animal Mundial também trabalhamos</p><p>globalmente para impedir a abertura de novas fazendas</p><p>industriais como forma de combater a causa raiz do</p><p>desmatamento e eliminar o sofrimento de bilhões de animais</p><p>silvestres e de produção.</p><p>Temos atuado ainda no fim à exploração animal na</p><p>indústria do turismo, hoje mascarada em forma de atrações</p><p>aparentemente lúdicas e inocentes. Por isso, trabalhamos junto</p><p>à população e aos viajantes para que pressionem as empresas</p><p>de viagens por experiências turisticas responsáveis e sem</p><p>sofrimento aos animais.</p><p>4. ANIMAIS SILVESTRES</p><p>24</p><p>Por Renata Nitta, Head de Campanhas da Proteção Animal Mundial</p><p>Juntos, estamos mudando a vida dos animais silvestres</p><p>Encomendado pela Proteção Animal Mundial à Universidade</p><p>de Surrey, no Reino Unido, o relatório “De Olho na</p><p>Indústria do Turismo – Responsabilidade com a Vida</p><p>Silvestre: Brasil” selecionou e examinou oito empresas de</p><p>viagens que comercializam produtos turísticos como pacotes,</p><p>passeios e experiências no país, pelo seu alcance internacional</p><p>e por país/operações regionais.</p><p>No Brasil, a avaliação identificou quatro empresas de viagens –</p><p>CVC, Decolar.com, GetYourGuide e Trip.com – que continuam</p><p>falhando severamente com animais selvagens, vendendo e</p><p>promovendo performances e interações nocivas e exploradoras</p><p>no estilo circense. Os roteiros comercializados incluem passeios</p><p>e banhos de elefantes, selfies com filhotes de tigre, macacos ou</p><p>araras e atividades de nado com golfinhos ou alimentação de</p><p>botos amazônicos.</p><p>Airbnb e Booking.com reforçaram a proteção à vida selvagem ao</p><p>removerem proativamente de suas plataformas o entretenimento de</p><p>vida selvagem em cativeiro. Expedia, por sua vez, se comprometeu</p><p>em 2021 a encerrar a venda de atrações com golfinhos em</p><p>cativeiro, mas foram encontradas ofertas para outras atrações com</p><p>vida silvestre, o que contraria suas políticas.</p><p>Já o Tripadvisor/Viator removeu a venda de ingressos para</p><p>entretenimento de animais selvagens em cativeiro, mas continua</p><p>a promover o turismo de exploração por meio de imagens</p><p>e avaliações em seu site. Todas essas empresas pediram</p><p>à Proteção Animal Mundial orientação para melhorar seu</p><p>comprometimento junto à vida silvestre.</p><p>Vamos continuar lutando para que as grandes empresas do</p><p>turismo, como CVC e Decolar, tornem-se amigas dos animais</p><p>e parem de vender outras atrações que oferecem interações</p><p>com os animais, como passeio de elefantes, nadar com botos e</p><p>tirar selfies com bichos-preguiça. Lançamos uma petição para</p><p>acabar com a venda de ingressos para locais onde os animais</p><p>selvagens são explorados para entreter as pessoas.</p><p>Nosso esforço continuado</p><p>A Proteção Animal Mundial tem mobilizado a indústria de</p><p>viagens a encerrar as vendas de entretenimento de vida</p><p>silvestre há mais de uma década. O foco inicial esteve em</p><p>interromper as ofertas para passeios e shows de elefantes, e</p><p>resultou na bem-sucedida mudança de práticas do Tripadvisor</p><p>e outras grandes marcas. Em 2019, ampliamos o foco para</p><p>incluir o tema dos golfinhos em cativeiro e, desde então,</p><p>sensibilizamos Expedia, Virgin Holidays, Booking.com e outras</p><p>para abandonarem as vendas de golfinhos e/ou elefantes em</p><p>cativeiro e se tornarem amigas da vida silvestre.</p><p>Em julho de 2023, a britânica Thomas Cook, umas das mais</p><p>tradicionais marcas do turismo internacional e repaginada como</p><p>agências de viagens online (OTA), anunciou que irá cessar</p><p>a comercialização de ingressos para interações com</p><p>golfinhos e baleias em cativeiro, dando continuidade</p><p>ao que já havia adotado em relação às atrações com orcas.</p><p>A empresa optou por relançar suas ofertas, focando em</p><p>experiências de observação de baleias e golfinhos, permitindo</p><p>que as pessoas admirem esses animais em seu próprio habitat.</p><p>4.1 - Lançamento de Relatórios</p><p>25</p><p>De Olho na Indústria do Turismo - empresas</p><p>do Brasil exploram atrações com animais silvestres</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao-animal-mundial-animais-silvestres-relatorio-de-olho-na-industria-do-turismo.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao-animal-mundial-animais-silvestres-relatorio-de-olho-na-industria-do-turismo.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/protecao-animal-mundial-animais-silvestres-relatorio-de-olho-na-industria-do-turismo.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/fim-ao-turismo-com-animais?utm_campaign=br_wildlife&utm_source=site&utm_medium=none&utm_content=notao_assine_noticia_klook#slice-1</p><p>https://www.ttgmedia.com/news/thomas-cook-ends-sale-of-all-attractions-with-captive-cetaceans-41154</p><p>https://www.ttgmedia.com/news/thomas-cook-ends-sale-of-all-attractions-with-captive-cetaceans-41154</p><p>https://www.ttgmedia.com/news/thomas-cook-ends-sale-of-all-attractions-with-captive-cetaceans-41154</p><p>4.1 - Lançamento de Relatórios</p><p>A Proteção Animal Mundial encoraja as organizações do</p><p>turismo a terem informações completas sobre suas cadeias de</p><p>suprimentos, incluindo experiências com animais, para que</p><p>possam se tornar verdadeiras defensoras dos animais. Nossa</p><p>intenção é ajudar as empresas a elevarem suas credenciais de</p><p>sustentabilidade ética, identificando e implementando soluções</p><p>que garantam o bem-estar e a proteção dos animais envolvidos.</p><p>Com a chegada da temporada de férias de inverno, a Proteção</p><p>Animal Mundial pede aos turistas para que fiquem atentos</p><p>antes de fazerem suas reservas e para que se certifiquem</p><p>de que a agência ou plataforma de viagens escolhida não</p><p>esteja promovendo e comercializando atrativos que envolvam</p><p>a exploração dos animais, no Brasil ou no exterior. Também</p><p>trabalhamos com informações sobre as melhores práticas do</p><p>setor e como os viajantes podem fazer a diferença, por meio do</p><p>nosso Guia do Turista Amigo dos Animais.</p><p>Mais sobre a avaliação</p><p>O estudo analisa de forma independente os compromissos</p><p>que as empresas de viagens assumiram ou não publicamente.</p><p>Em nível global, são avaliados 22 grandes grupos do merca-</p><p>do de turismo. As empresas foram pontuadas em quatro áreas</p><p>principais:</p><p>1. Comprometimento: disponibilidade e qualidade das políticas</p><p>de bem-estar animal publicadas e sua aplicabilidade a todas</p><p>as suas marcas.</p><p>2. Metas e desempenho: disponibilidade e escopo das metas</p><p>publicadas com limite de tempo e relatórios sobre os</p><p>progressos realizados no cumprimento dos compromissos</p><p>de bem-estar animal.</p><p>3. Mobilização da cadeia de fornecimento: disponibilidade e</p><p>qualidade do envolvimento com fornecedores e a indústria</p><p>em geral, para implementar mudanças amigáveis</p><p>à vida silvestre.</p><p>4. Mobilização da demanda de consumo: disponibilidade e</p><p>qualidade de conteúdo educacional sobre bem-estar animal</p><p>e ferramentas para capacitar os consumidores a fazer</p><p>escolhas de viagem favoráveis à vida silvestre.</p><p>A Proteção Animal Mundial então verificou se eles ofereciam</p><p>cinco grupos de “atrações com animais” exploratórias comuns:</p><p>• Atrações de elefantes, como passeios, shows ou</p><p>experiências de banho ou lavagem dos animais;</p><p>• Atrações de primatas, como experiências de acariciar ou</p><p>oportunidades de alimentação com as próprias mãos;</p><p>• Atrações de grandes felinos, como selfies, passeios, shows</p><p>ou experiências de acariciar;</p><p>• Atrações com golfinhos, como performances ou</p><p>experiências de nado em conjunto;</p><p>• Atrações da vida silvestre em geral, como shows, passeios</p><p>ou quaisquer experiências interativas diretas com outras</p><p>espécies de animais selvagens.</p><p>26</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/comunicados-de-imprensa/relatorio-revela-atrasos-na-responsabilidade-com-silvestres-entre-grandes-nomes-do/Guia%20do%20Turista%20Amigo%20dos%20Animais</p><p>4.1 - Lançamento de Relatórios</p><p>Baleia à Vista: como</p><p>observar animais aquáticos</p><p>de maneira responsável</p><p>Lançado em agosto, nosso novo relatório “Baleia à vista,</p><p>turismo responsável com animais aquáticos no Brasil”</p><p>alerta para ações de entretenimento com mamíferos aquáticos.</p><p>Apesar das proibições quanto às atrações com espécies em</p><p>cativeiro, os animais selvagens ainda são vítimas de abusos e</p><p>exploração mesmo em liberdade, nos seus próprios habitats.</p><p>O ideal, conforme aponta a publicação, é que esse tipo de</p><p>atividade ocorra sempre e somente como uma observação</p><p>respeitosa. Infelizmente, práticas comerciais abusivas ainda</p><p>têm sido encontradas. Na Amazônia, flutuantes e plataformas</p><p>turísticas nas proximidades de Manaus oferecem opções que</p><p>permitem aos turistas nadar, tocar e tirar selfies com botos,</p><p>agravando o estresse dos animais.</p><p>No Sul, Sudeste ou Nordeste do Brasil, baleias em rota</p><p>de migração e reprodução estão sujeitas a atividades que</p><p>desrespeitam os protocolos de observação, ocorrendo</p><p>aproximação exagerada, com motor ligado, interferência no</p><p>curso de deslocamento do animal, perseguição, oferta de</p><p>alimento etc. Problemas semelhantes em outras localidades</p><p>podem acontecer em atividades turísticas que envolvem</p><p>peixes-bois e golfinhos, que acabam tendo seus</p><p>comportamentos naturais e o bem-estar geral afetados.</p><p>Por um turismo de observação responsável</p><p>“Baleia à vista” destaca a necessidade de conscientização</p><p>tanto dos turistas quanto dos líderes empresariais e funcionários</p><p>do setor de turismo. A adoção de práticas responsáveis é</p><p>essencial para garantir que o turismo de observação de</p><p>animais aquáticos contribua para a preservação do meio</p><p>ambiente, a proteção animal e a saúde humana.</p><p>Contatos inadequados com animais selvagens aumentam os</p><p>riscos de transmissão de doenças entre animais e humanos.</p><p>As más práticas devem ser substituídas por alternativas</p><p>ambientalmente responsáveis, colaborando para um impacto</p><p>positivo no ecossistema e na qualidade de vida dos animais.</p><p>O Brasil, com sua extensa costa de mais de 8.500 km, abriga</p><p>uma riqueza de ambientes naturais propícios para o turismo de</p><p>observação de animais aquáticos. Uma variedade de ambientes</p><p>marinhos e de água doce sustenta uma biodiversidade</p><p>impressionante, incluindo diversas espécies de cetáceos, como</p><p>baleias, golfinhos e botos. A depender da região, os turistas</p><p>podem avistar estes animais em terra ou embarcados.</p><p>Novo Patrimônio das Baleias</p><p>Em setembro, anunciamos que o Golfo Dulce, na Costa Rica,</p><p>é o mais novo Sítio Patrimônio das Baleias e o primeiro a</p><p>ser reconhecido na América Latina como local seguro para</p><p>observação de baleias-jubarte, falsas orcas e golfinhos. O</p><p>local é uma baía curva de aproximadamente 50 quilômetros</p><p>de extensão e uma área de 750 quilômetros quadrados,</p><p>cercada pela Península de Osa.</p><p>A certificação é concedida pelo programa Whale Heritage</p><p>Site, uma iniciativa criada pela World Cetacean Alliance</p><p>e apoiada pela Proteção Animal Mundial. O objetivo da</p><p>acreditação é reconhecer destinos excepcionais que oferecem</p><p>27</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/vida-silvestre/relatorio-baleia-a-vista-2023.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/vida-silvestre/relatorio-baleia-a-vista-2023.pdf</p><p>4.1 - Lançamento de Relatórios</p><p>e celebram a observação responsável e sustentável de baleias</p><p>e golfinhos selvagens. No Brasil, Salvador e Santa Catarina são</p><p>candidatas à certificação.</p><p>A crueldade que você não vê:</p><p>o sofrimento de macacos</p><p>explorados nas redes sociais</p><p>Em coalizão com mais de 20 organizações, lançamos em</p><p>setembro de 2023 o relatório “A crueldade que você</p><p>não vê: o sofrimento dos macacos de estimação</p><p>explorados nas redes sociais” que documenta</p><p>evidências de abusos praticados por criadores de conteúdo</p><p>em plataformas digitais. Mostramos que macacos mantidos</p><p>como animais de estimação sofrem simplesmente por serem</p><p>explorados com esta finalidade. Eles não são espécies</p><p>domesticadas como cães ou gatos, são animais selvagens e</p><p>suas necessidades não podem ser satisfeitas longe da natureza.</p><p>A Coalizão de Crueldade Animal nas Redes Sociais (Social</p><p>Media Animal Cruelty Coalition - SMACC, em inglês),</p><p>criada por integrantes da entidade Asia for Animals Coalition</p><p>(Coalizão Ásia para os Animais), registrou de setembro de</p><p>2021 a março de 2023 um total de 1.226 links de conteúdo</p><p>do Facebook, Instagram, TikTok e YouTube em que macacos</p><p>são mantidos como animais de estimação. Todo esse conteúdo</p><p>– que variou desde o tratamento aparentemente “inocente”</p><p>até a tortura violenta de macacos – gerou mais de</p><p>12 bilhões de visualizações.</p><p>Principais resultados da pesquisa:</p><p>• 13% do conteúdo apresenta tortura psicológica deliberada:</p><p>macacos foram intencionalmente obrigados a sentir medo</p><p>e angústia em resposta a sustos, provocações</p><p>e negação</p><p>de comida;</p><p>• 12% mostraram macacos sendo torturados fisicamente,</p><p>inclusive sendo espancados, queimados vivos, com</p><p>membros amputados e muitos deles torturados até a morte;</p><p>• 60% dos links mostraram macacos de estimação sendo</p><p>abusados fisicamente;</p><p>• Todos os macacos exibidos nas redes sociais,</p><p>provavelmente, experimentaram sofrimento psicológico</p><p>devido ao tratamento;</p><p>• As três principais plataformas que apresentaram mais</p><p>conteúdos de macacos como animais de estimação foram</p><p>Facebook (60%), YouTube (24%) e TikTok (13%).</p><p>A crueldade que as pessoas</p><p>não enxergam</p><p>Especialistas apontam que o tratamento de macacos como</p><p>animais de estimação, popularizado por vídeos virais nas</p><p>redes sociais, esconde problemas sérios. Essas gravações</p><p>mostram os animais vestidos com roupas, usando fraldas e</p><p>realizando atividades humanas, aparentemente “fofas” e</p><p>engraçadas. No entanto, esse tratamento causa danos físicos e</p><p>psicológicos duradouros. 28</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/vida-silvestre/relatorio-smacc-spotlight-report-macaques-as-pets-2023.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/vida-silvestre/relatorio-smacc-spotlight-report-macaques-as-pets-2023.pdf</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/siteassets/documents/vida-silvestre/relatorio-smacc-spotlight-report-macaques-as-pets-2023.pdf</p><p>https://www.smaccoalition.com/macaque-report</p><p>https://www.smaccoalition.com/macaque-report</p><p>4.1 - Lançamento de Relatórios</p><p>Frequentemente, os macacos são retirados ainda bebês de</p><p>suas mães e sofrem com desconforto físico ao usarem roupas</p><p>e calçados, limitando seus movimentos naturais. Longe de seu</p><p>habitat natural, eles vivem constantemente em sofrimento.</p><p>“Alguns conteúdos compartilhados nas redes sociais são</p><p>incrivelmente difíceis de assistir. Eu vou ser claro: isso não é</p><p>entretenimento, para curtir e compartilhar. Isso é abuso animal”,</p><p>afirma Dr. Neil D’Cruze, Head Global de Pesquisa com Vida</p><p>Silvestre na Proteção Animal Mundial.</p><p>Além disso, a privação materna e social pode levar a sérios</p><p>problemas nutricionais devido a dietas inadequadas. À medida</p><p>que crescem, esses animais tornam-se difíceis de manusear e</p><p>podem se tornar agressivos, resultando frequentemente em seu</p><p>realojamento em santuários ou na natureza, onde suas chances</p><p>de sobrevivência são mínimas.</p><p>Por trás do jeito “fofo” dos vídeos de macacos de estimação,</p><p>há uma realidade psicológica perturbadora, incluindo estresse,</p><p>comportamentos estereotipados e até deficiências decorrentes</p><p>de danos físicos e emocionais para esses animais.</p><p>“As redes sociais estão normalizando o tratamento cruel dos</p><p>macacos ao permitir que esses vídeos permaneçam em suas</p><p>plataformas. Eles têm a responsabilidade de banir esses</p><p>criadores de conteúdo e enviar uma mensagem de que a</p><p>crueldade contra os animais não deve ser tolerada”, explica</p><p>Dr. Neil D’Cruze.</p><p>A Coalizão SMACC adverte que, ao curtir, comentar e</p><p>compartilhar este conteúdo, os espectadores estão apoiando</p><p>seu abuso. Isso porque, à medida que o engajamento cresce,</p><p>o conteúdo popular é ainda mais promovido, motivando os</p><p>criadores a produzir mais. Alguns podem até ganhar dinheiro</p><p>com essas imagens, por meio da monetização da plataforma.</p><p>Por isso, pedimos que, ao ver esse tipo de conteúdo, as</p><p>pessoas denunciem, não curtam, comentem ou compartilhem.</p><p>Também pedimos que as plataformas de redes sociais</p><p>restrinjam conteúdos que mostrem macacos como animais</p><p>de estimação e que tomem medidas proativas para remover</p><p>conteúdos que mostrem esse abuso.</p><p>29</p><p>Um estudo científico de pesquisadores da Proteção Animal</p><p>Mundial, em parceria com a Unidade de Pesquisa em</p><p>Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford</p><p>(WildCRU), constatou que o “alerta de selfie com a vida</p><p>selvagem”, implementado em 2017 pelo Instagram, não</p><p>impediu a proliferação de selfies e interações com animais</p><p>silvestres na plataforma. O aviso de pop-up apareceu em</p><p>apenas 2% das utilizações das 244 hashtags analisadas.</p><p>Os outros 98% dos posts mostrando selfies com elefantes</p><p>seguem sem aviso ao usuário.</p><p>Em 2017, o Instagram colocou em prática a iniciativa</p><p>contra selfies cruéis, com o objetivo de alertar os turistas</p><p>sobre como interações indevidas com animais selvagens</p><p>podem impactar na vida e no bem-estar dessas espécies.</p><p>Para aumentar a conscientização, a plataforma introduziu um</p><p>alerta pop-up, que é acionado quando os usuários pesquisam</p><p>por hashtags como #elephantselfie. Embora claramente bem</p><p>intencionada, nossa pesquisa constatou que esse sistema de</p><p>alerta é limitado, inconsistente e, muitas vezes, incompatível com</p><p>o tipo de conteúdo que pretende destacar. Os pesquisadores</p><p>descobriram que as diferenças entre hashtags que acionaram</p><p>e não acionaram o alerta eram pequenas. Por exemplo, a</p><p>hashtag #elephantselfie acionou o aviso, mas #elephantselfies</p><p>não, embora ambas tenham sido usadas em postagens sobre</p><p>selfies com a vida selvagem. Além disso, o sistema de alerta</p><p>pop-up só é visto pelos usuários ao procurar por uma hashtag</p><p>da iniciativa, não ao postar ou ao visualizar uma postagem.</p><p>Selfies com animais selvagens</p><p>é crueldade animal</p><p>O fenômeno das “selfies com a vida selvagem” compartilhadas</p><p>nas redes sociais pode parecer inofensivo, mas geralmente</p><p>envolve uma ou mais formas de maus-tratos. Os animais</p><p>usados em muitas atrações turísticas de vida selvagem</p><p>são frequentemente capturados ilegalmente ou de forma</p><p>insustentável na natureza, mantidos em condições precárias</p><p>ou sujeitos a tratamento agressivo para treiná-los para serem</p><p>submissos o suficiente para interagir com o público.</p><p>O chefe global de pesquisa de vida selvagem da Proteção</p><p>Animal Mundial, Dr. Neil D’Cruze, reforça que a tendência de</p><p>postar selfies com a vida selvagem nas mídias sociais envolve</p><p>o sofrimento e a exploração de alguns dos animais selvagens</p><p>mais emblemáticos do mundo. Nessas situações, os animais</p><p>sofrem tanto na frente quanto atrás da câmera.</p><p>“As pessoas precisam estar cientes do horror que normalmente</p><p>está por trás das experiências de turismo que oferecem</p><p>interações diretas com animais selvagens. Precisamos mudar a</p><p>aceitabilidade social de visitar atrações turísticas irresponsáveis</p><p>com a vida selvagem, que oferecem de tudo, desde passeios</p><p>de elefante, caminhar com leões e nadar com golfinhos em</p><p>cativeiro – e então espalhar isso por toda a mídia social”,</p><p>comenta Dr. Neil. 30</p><p>Alerta de selfie: Instagram falha em</p><p>prevenir maus-tratos contra animais</p><p>4.2 - Realização de Campanhas</p><p>https://www.worldanimalprotection.org.br/mais-recente/noticias/sucesso-instagram-se-junta-nossa-campanha-contra-selfies-crueis/</p><p>“A triste realidade é que muitos desses locais e atividades</p><p>envolvem a retirada de animais selvagens de suas mães quando</p><p>bebês, mantendo-os acorrentados, em condições inadequadas</p><p>e apertadas, ou atraindo-os repetidamente com comida,</p><p>causando traumas psicológicos graves – apenas para que os</p><p>visitantes possam tirar fotos”, complementa.</p><p>Lauren Harrington, pesquisadora associada da Unidade de</p><p>Pesquisa de Conservação da Vida Selvagem da Universidade</p><p>de Oxford, comenta ainda que o Instagram e outras grandes</p><p>redes sociais, sem dúvida, têm recursos necessários e</p><p>conhecimento tecnológico à sua disposição. Portanto, eles</p><p>podem e precisam fazer muito mais em termos de assumir a</p><p>responsabilidade pelo conteúdo inapropriado de animais</p><p>selvagens que hospedam em suas plataformas.</p><p>O estudo recomenda que o alerta do Instagram deve ser</p><p>implementado de forma mais ampla e consistente, sendo</p><p>acionado em diferentes pontos do processo do usuário para</p><p>que funcione como pretendido.</p><p>Segundo o estudo, para ser mais eficaz, o aviso deve ser</p><p>acionado quando:</p><p>• Um usuário publica uma imagem com uma</p><p>hashtag sinalizada;</p><p>• Uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada</p><p>é visualizada;</p><p>• Uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada é curtida</p><p>ou comentada;</p><p>• Quando uma postagem que inclui uma hashtag sinalizada</p><p>é pesquisada.</p><p>Além disso, o Instagram</p>