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<p>INTRODUÇÃO AO DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>PODER JURISDICIONAL</p><p>O art. 1.º, parágrafo único, da Magna Carta, ao estabelecer que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”, adotou o entendimento de que o Estado não é um poder institucionalizado, mas sim o titular de um poder, que decorre da sociedade, pertence a esta e em seu benefício deverá ser exercido.</p><p>Esse poder, que é inerente ao ente estatal, contudo, não é absoluto, encontrando limitações no direito, considerado lato sensu como o conjunto de normas jurídicas que compõem o ordenamento. O direito limita e disciplina o poder do Estado, evitando a prática de atos arbitrários ou atentatórios às liberdades e garantias individuais consagradas no próprio texto da Constituição.</p><p>Neste contexto é que surge o processo, como o instrumento determinado pelo direito por meio do qual o Estado poderá exercer o poder jurisdicional que lhe foi conferido.</p><p>O PROCESSO PENAL</p><p>Na esfera penal, a trilogia composta pelos elementos poder-direito-processo apresenta direta relação com o exercício do direito de punir do Estado. O jus puniendi, enfim, será ao mesmo tempo a decorrência lógica e o objetivo principal do poder estatal, exercido por meio de um processo disciplinado por normas e princípios jurídicos.</p><p>Aqui surge, então, o processo penal, como instrumento destinado à realização do jus puniendi do Estado e cujo desenvolvimento será regido por um conjunto de normas, preceitos e princípios que compõem o direito processual.</p><p>PROCESSO</p><p>É o instrumento de atuação da jurisdição. É a principal ferramenta para solucionar os conflitos de interesse que se apresentam. Contempla um elemento constitutivo objetivo, qual seja, o procedimento, que é a sequência de atos concatenados a um objetivo final, é dizer, o provimento jurisdicional, e um elemento constitutivo subjetivo, que é a relação jurídica processual entre os sujeitos que integram o processo.</p><p>PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO</p><p>RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL</p><p>PROCESSO</p><p>PROCEDIMENTO (aspecto objetivo do processo)</p><p>É a sequência de atos praticados no processo.</p><p>RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL (aspecto subjetivo do processo)</p><p>É o nexo que une e disciplina a conduta dos sujeitos processuais em suas ligações recíprocas durante o desenrolar do procedimento, sendo seus elementos identificadores:</p><p>Os sujeitos processuais:</p><p>Partes: autor, réu e assistente.</p><p>Juiz ou tribunal</p><p>Objeto da relação:</p><p>Aspecto material: bem da vida;</p><p>Aspecto processual: provimento jurisdicional desejado.</p><p>PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS SUBJETIVOS</p><p>Relativos ao juiz</p><p>Investidura: é a necessidade de estar investido no cargo em conformidade com a Constituição e a legislação em vigor;</p><p>Competência: é a medida da jurisdição. É o limite legal dentro do qual o órgão jurisdicional poderá atuar;</p><p>Ausência de suspeição: é a imparcialidade necessária para o exercício da jurisdição. As hipóteses que levam a suspeição e ao impedimento do magistrado estão listadas nos artigos 252, 253 e 254 do CPP.</p><p>Relativos às partes</p><p>Capacidade de ser parte: é a capacidade de contrair obrigações e exercer direitos. A capacidade de ser parte refere-se a todas as pessoas, salientando-se que para haver capacidade de ser parte passiva no processo penal, é preciso que o agente tenha idade igual ou superior a dezoito anos, considerada à época da ocorrência dos fatos narrados na denúncia;</p><p>Capacidade de estar em juízo "sozinho": refere-se à necessidade de assistência e representação daqueles que não gozam da plena capacidade;</p><p>Capacidade postulatória: necessária para o pleito judicial, afinal, como consagra a Carta Magna em seu art. 133, o advogado é peça essencial à administração da justiça.</p><p>PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS OBJETIVOS</p><p>Extrínsecos: ausência de fatos impeditivos para o regular tramitar procedecimental, a exemplo da inexistência de coisa julgada ou de litispendência;</p><p>Intrínsecos: regularidade formal, ou melhor, respeito à disciplina normativa do processo ao devido processo legal ou ao chamado processo tipificado, isto é, aquele previsto em lei.</p><p>CONTEÚDO DO PROCESSO PENAL</p><p>Instauração de uma relação jurídica processual triangularizada pelo juiz (como sujeito processual imparcial a quem compete a solução da lide) e pelas partes (acusação no polo ativo e defesa no polo passivo). Define-se, assim, relação jurídica como o vínculo que se estabelece entre os sujeitos que, no processo, ocupam posições distintas e aos quais assistem faculdades, direitos e obrigações.</p><p>A realização de uma sequência ordenada de atos, chamada de procedimento, a qual abrange, necessariamente, a formulação de uma acusação (pública ou privada), o exercício do direito de defesa, a produção das provas requeridas pelos polos acusatório e defensivo e a decisão final.</p><p>Importante ter em vista que, tanto na relação jurídica estabelecida entre os sujeitos distintos quanto no procedimento propriamente dito, deverão incidir os princípios processuais penais constitucionais, assecuratórios de garantias como a do contraditório, da ampla defesa, do devido processo legal, da publicidade dos atos, de ser julgado o réu por juiz com competência previamente definida, etc.</p><p>FONTES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>Por fontes do direito entende-se a origem e a forma como se exteriorizam as normas, os preceitos e os princípios jurídicos que informam o processo penal e cuja observância é condição para o seu desenvolvimento regular. Segundo a concepção mais aceita, classificam-se em fontes materiais e fontes formais.</p><p>FONTES MATERIAIS, também chamadas de fontes substanciais ou fontes de produção, correspondem às entidades ou sujeitos aos quais incumbe a geração de normas jurídicas sobre determinadas matérias. Trata-se de quem tem competência para produzir a norma.</p><p>No âmbito do direito processual penal, fonte material por excelência é a União, já que o art. 22, I, da CF estabelece a ela competir, privativamente, a disciplina dessa ordem de matéria.</p><p>Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:</p><p>I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;</p><p>Além disso, também os Estados, excepcionalmente, poderão criar leis que tratem de questões específicas de processo penal, desde que haja autorização da União por meio de Lei Complementar, conforme dispõe o art. 22, §º único, da CF/88.</p><p>Art. 22 (...)</p><p>Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.</p><p>Reforçando a afirmação de que a União Federal não é a única fonte material de direito processual penal, estabelece, ainda, o art. 24 da CF que lhe compete, bem como aos Estados e ao Distrito Federal, legislar, concorrentemente, entre outras vertentes, sobre:</p><p>Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:</p><p>I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;</p><p>IV - custas dos serviços forenses;</p><p>X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas;</p><p>XI - procedimentos em matéria processual;</p><p>FONTES FORMAIS, rotuladas, ainda, de fontes de revelação, de cognição ou de conhecimento, traduzem as formas pelas quais o direito se exterioriza. Classificam-se em fontes formais imediatas ou diretas e fontes formais mediatas ou indiretas.</p><p>fontes formais imediatas ou diretas fontes formais mediatas ou indiretas</p><p>Constituição Federal</p><p>A legislação infraconstitucional</p><p>Os tratados, convenções e regras de direito internacional A doutrina</p><p>Os princípios gerais do Direito</p><p>O direito comparado</p><p>A analogia</p><p>Os costumes</p><p>A jurisprudência</p><p>Súmulas vinculantes</p><p>NATUREZA JURÍDICA DO PROCESSO PENAL</p><p>PROCESSO COMO RELAÇÃO JURÍDICA – Oscar Von Bülow</p><p>O processo penal é uma relação jurídica pública, autônoma e complexa, pois existem, entre as três partes, verdadeiros direitos e obrigações recíprocos. Somente assim estaremos admitindo que o acusado não é um mero objeto do processo, tampouco</p><p>que o processo é um simples instrumento para a aplicação do jus puniendi estatal.</p><p>O acusado é parte integrante do processo, em igualdade de armas com a acusação (seja ela estatal ou não), e, como tal, possuidor de um conjunto de direitos subjetivos dotados de eficácia em relação ao juiz e à acusação.</p><p>PROCESSO COMO SITUAÇÃO JURÍDICA – James Goldschmidt</p><p>Para o autor, o processo é visto como um conjunto de situações processuais pelas quais as partes atravessam, caminham, em direção a uma sentença definitiva favorável.</p><p>O processo é uma complexa situação jurídica, no qual a sucessão de atos vai gerando chances, que bem aproveitadas permitem que a parte se libere das cargas (por exemplo, probatórias) e caminhe em direção a uma sentença favorável (expectativas). O não aproveitamento de uma chance e a não liberação de uma carga, gera uma situação processual desvantajosa, conduzindo a uma perspectiva de sentença desfavorável.</p><p>Às partes não incumbem obrigações, mas cargas processuais, sendo que, no processo penal, não existe distribuição de cargas probatórias, na medida em que toda a carga de provar o alegado está nas mãos do acusador, não só porque a primeira afirmação é feita por ele na peça acusatória (denúncia ou queixa), mas também porque o réu está protegido pela presunção de inocência.</p><p>Carga é um conceito vinculado à noção de unilateralidade, logo, não passível de distribuição, mas sim de atribuição. A defesa assume riscos pela perda de uma chance probatória. Assim, quando facultado ao réu fazer prova de determinado fato por ele alegado e não há o aproveitamento dessa chance, assume a defesa o risco inerente à perda de uma chance, logo, assunção do risco de uma sentença desfavorável.</p><p>O processo – assim como a guerra – está envolto por uma nuvem de incerteza. A expectativa de uma sentença favorável ou a perspectiva de uma sentença desfavorável está sempre pendente do aproveitamento das chances e liberação da carga. Em nenhum momento tem-se a certeza de que a sentença será procedente. A acusação e a defesa podem ser verdadeiras ou não; uma testemunha pode ou não dizer a verdade, assim como a decisão pode ser acertada ou não (justa ou injusta), o que evidencia sobremaneira o risco no processo.</p><p>16</p><p>PROCESSO COMO PROCEDIMENTO EM CONTRADITÓRIO – Elio Fazzalari</p><p>A teoria do processo como procedimento em contraditório pode ser considerada como uma continuidade dos estudos de James GOLDSCHMIDT (processo como situação jurídica).</p><p>Supera a visão formalista-burocrática da concepção de procedimento até então vigente, resgatando a importância do contraditório que deve orientar todos os atos do procedimento até o provimento final (sentença), construído em contraditório (núcleo imantador e legitimador do poder jurisdicional).</p><p>O contraditório é visto em duas dimensões (informazione e reazione), como direito a informação e reação (igualdade de tratamento e oportunidades). Todos os atos do procedimento são pressupostos para o provimento final, no qual são chamados a participar todos os interessados (partes).</p><p>SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS</p><p>No direito comparado, são encontradas três espécies de sistemas processuais (tipos de processo penal): sistema acusatório, sistema inquisitivo e sistema misto.</p><p>SISTEMA ACUSATÓRIO</p><p>Próprio dos regimes democráticos, o sistema acusatório caracteriza-se pela distinção absoluta entre as funções de acusar, defender e julgar, que deverão ficar a cargo de pessoas distintas. Chama-se “acusatório” porque, à luz deste sistema ninguém poderá ser chamado a juízo sem que haja uma acusação, por meio da qual o fato imputado seja narrado com todas as suas circunstâncias.</p><p>Asseguram-se ao acusado o contraditório e a ampla defesa. Como decorrência destes postulados, garante-se à defesa o direito de manifestar-se apenas depois da acusação, exceto quando quiser e puder abrir mão desse direito.</p><p>A tramitação da ação penal ocorre em estrita observância do modelo (procedimento) consagrado em lei. Como regra, serão públicos os atos processuais, o que apenas é ressalvado em hipóteses expressamente previstas.</p><p>Quanto à produção probatória, é de incumbência das partes, descabendo ao juiz substituir-se a elas no intuito de buscar a comprovação de fatos que, apesar de articulados, não tenham sido demonstrados pelos interessados.</p><p>Outra nota importante refere-se à garantia da isonomia processual, significando que acusação e defesa devem estar em posição de equilíbrio no processo, sendo-lhes asseguradas idênticas oportunidades de intervenção e igual possibilidade de acesso aos meios pelos quais poderão demonstrar a verdade do que alegam.</p><p>Considerando que as bases do sistema acusatório incluem a rigorosa observância das garantias constitucionais do acusado, este, como regra, responderá ao processo em liberdade, exceto na hipótese em que atos, fatos ou circunstâncias relacionados ao seu comportamento e à natureza do delito imputado demonstrarem a necessidade de sua segregação provisória.</p><p>SISTEMA INQUISITIVO</p><p>Típico dos sistemas ditatoriais, contempla um processo judicial em que podem estar reunidas na pessoa do juiz as funções de acusar, defender e julgar.</p><p>No sistema inquisitivo, não existe a obrigatoriedade de que haja uma acusação realizada por órgão público ou pelo ofendido, sendo lícito ao juiz desencadear o processo criminal ex officio. Nesta mesma linha, faculta-se ao magistrado substituir-se às partes e, no lugar destas, determinar, também por sua conta, a produção das provas que reputar necessárias para elucidar o fato.</p><p>O acusado, praticamente, não possui garantias no decorrer do processo criminal (ampla defesa, contraditório, devido processo legal etc.), o que dá margem a excessos processuais. Exatamente por isso, em regra, o processo não é público, sendo caráter sigiloso atribuído pelo juiz por meio de ato discricionário seu e à margem de fundamentação adequada.</p><p>Não se fala em paridade de armas, sendo nítida a posição de desigualdade entre as partes. Na verdade, a própria defesa do réu é bastante restrita, não lhe sendo assegurado, ao contrário do que ocorre no modelo acusatório, o direito de manifestar-se depois da acusação para refutar provas e argumentos trazidos ao processo pelo acusador.</p><p>Como não há a presunção de inocência, apresenta-se menos complexa, em termos de requisitos e pressupostos legais, a decretação da prisão provisória do réu no curso da ação penal, circunstância esta que faz com que, em grande parte dos casos, permaneça o réu preso durante o sumário da culpa.</p><p>SISTEMA MISTO OU INQUISITIVO GARANTISTA</p><p>Classicamente, define-se sistema processual misto como um modelo processual intermediário entre o sistema acusatório e o sistema inquisitivo.</p><p>Há divisão entre as funções de acusar, defender e julgar. Entretanto, ao juiz é lícito, em determinadas situações, substituir-se às partes, ora praticando atos próprios de acusador, ora incorporando postura de defensor.</p><p>Há contraditório e direito à defesa. A maior ou menor intensidade destas garantias, porém, depende das peculiaridades legais e constitucionais de cada País.</p><p>Em linhas gerais, há isonomia processual. Entretanto, essa isonomia é relativizada, detectando-se, em alguns casos, a ocorrência de privilégios processuais, ora em relação à acusação, ora em relação à defesa.</p><p>Em regra, os atos processuais são públicos. Todavia, eventualmente poderão ser praticados em segredo de justiça, por ato motivado do juiz, não sendo imprescindível a existência de previsão legal neste sentido.</p><p>À defesa deve ser oportunizado o direito de manifestar-se após a acusação, a fim de poder contrapor-se aos argumentos e elementos de convicção que aquela trouxer ao processo.</p><p>Às partes incumbe, em tese, a produção de provas quanto aos fatos que alegam. Contudo, o juiz também possui essa liberdade, podendo substituí-las nessa função sempre que julgar adequado ou necessário assim proceder.</p><p>Não se presume a culpa, embora isto não signifique, necessariamente, que haja uma presunção de inocência. No sistema misto, tudo depende da realidade de cada</p><p>País e da respectiva legislação. Em regra, o réu deverá responder ao processo em liberdade. Não obstante, admite-se a sua segregação provisória, o que pode ocorrer tanto em face do surgimento dos respectivos pressupostos como, simplesmente, a título de efeito de determinadas decisões judiciais.</p><p>Na medida em que resulta de uma fusão entre as características dos outros dois modelos, o sistema misto, na atualidade, vem sendo chamado também de inquisitivo garantista.</p><p>SISTEMA PROCESSUAL PENAL ADOTADO NO BRASIL</p><p>O tema relativo ao sistema processual penal adotado no Brasil sempre foi controvertido na doutrina e na jurisprudência, a maioria apontando o sistema acusatório, sem embargo de outros defenderem a incidência do sistema misto ou inquisitivo garantista.</p><p>Para os adeptos da 1º corrente, a consagração do modelo acusatório está clara em várias disposições da CF/88, em especial aquelas que referem a obrigatoriedade de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX) e as garantias da isonomia processual (art. 5.º, I), do juiz natural (art. 5.º, XXXVII e LIII), do devido processo legal (art. 5.º, LIV), do contraditório, da ampla defesa (art. 5.º, LV) e da presunção de inocência (art. 5.º, LVII).</p><p>Já os defensores do 2º entendimento aduzem que, muito embora a CF/88 tenha incorporado regras pertinentes ao sistema acusatório, o direito brasileiro agasalhou resquícios do sistema inquisitivo na legislação infraconstitucional, do que é exemplo a faculdade conferida ao juiz de produzir provas ex officio, prevista genericamente no art. 156 do CPP e ratificada em várias outras disposições do mesmo Código e da legislação complementar.</p><p>DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>De acordo com a lição de Frederico Marques, o direito processual penal "é o conjunto de princípios e normas que regulam a aplicação jurisdicional do direito penal, bem como as atividades persecutórias da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e respectivos auxiliares”.</p><p>No que tange à finalidade do direito processual penal, ela pode ser dividida em mediata e imediata: aquela diz respeito à própria pacificação social obtida com a solução do conflito, enquanto a última está ligada ao fato de que o direito processual penal viabiliza a aplicação do direito penal, concretizando-o.</p><p>Acima de ambas, temos a finalidade de sobreposição: o processo criminal tem o propósito de tutelar a liberdade, pois somente seguindo o seu devido procedimento será possível cerceá-la. O processo penal é condição indispensável à punição, sem a observância de seus trilhos rígidos, toda aplicação de penal será arbitrária.</p><p>CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL</p><p>A doutrina costuma discorrer sobre três características do direito processual penal.</p><p>Autonomia: o direito processual não é submisso ao direito material, isto porque tem princípios e regras próprias e especializantes.</p><p>Instrumentalidade: é o meio para fazer atuar o direito material penal, consubstanciando o caminho a ser seguido para a obtenção de um provimento jurisdicional válido.</p><p>Normatividade: é uma disciplina normativa, de caráter dogmático, inclusive com codificação própria (Código de Processo Penal: Dec-Lei n° 3.689/1941).</p><p>O direito processual penal é reconhecido como um dos ramos do direito público. O fundamento é que um dos sujeitos é o Estado e a finalidade das normas é obter a repressão dos delitos, através do exercício do jus puniendi, intrínseco àquele.</p><p>OBJETO DO PROCESSO PENAL</p><p>O objeto do processo penal é uma pretensão acusatória, vista como a faculdade de solicitar a tutela jurisdicional, afirmando a existência de um delito, para ver ao final concretizado o poder punitivo estatal pelo juiz através de uma pena ou medida de segurança.</p><p>O titular da pretensão acusatória será o Ministério Público ou o particular. Ao acusador (público ou privado) corresponde apenas o poder de invocação (acusação), pois o Estado é o titular soberano do poder de punir, que será exercido no processo penal através do juiz, e não do Ministério Público (e muito menos do acusador privado).</p><p>image1.jpeg</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p>