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<p>DATA: 04/03/2024</p><p>DIREITO</p><p>EXECUÇÕES PENAIS</p><p>Prof.ª Jéssica Correia</p><p>UNIDADE 1</p><p>Execuções Penais</p><p>Objetivos desta aula:</p><p>Apresentar as características introdutórias do direito da execução penal, tais como jurisdição, natureza jurídica e princípios, além do objeto e da aplicabilidade da Lei de Execução Penal;</p><p>Mostrar a evolução histórica da pena e o seu conceito atual;</p><p>Explicar a diferença e a aplicabilidade da execução definitiva e execução provisória.</p><p>Vamos aos estudos!!!</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>A execução da pena no Brasil é regulada pela Lei 7.210/84, chamada Lei de Execuções Penais (LEP).</p><p>Praticada uma infração penal, surge para o Estado o chamado jus puniendi, que significa o direito de punir o autor do fato ilícito. Para que se chegue até a efetiva punição do autor do crime ou aplicação da medida de segurança, necessário o devido processo legal, onde sejam resguardados os direitos e garantias processuais do sujeito passivo desta relação.</p><p>Para tanto, instaura-se o processo criminal, no qual o Poder Judiciário conhece a acusação, a defesa e, ao final, forma sua convicção para condenar ou absolver o réu.</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Ao final de um processo criminal poderá o juiz tomar uma das seguintes decisões de mérito:</p><p>Absolver o réu;</p><p>Condenar o réu;</p><p>Absolver o réu, mas aplicar medida de segurança (absolvição imprópria);</p><p>Na primeira situação o jus puniendi se esvaziará porque, uma vez declarada a absolvição, não há mais direito de punir do Estado.</p><p>Já nas duas últimas situações, ao réu é imposta uma pena (no caso de condenação) ou medida de segurança (no caso de absolvição imprópria).</p><p>Absolvição Imprópria: São os casos em que o juiz insenta o réu da pena, no entanto aplica-lhe medida de segurança de internação ou tratamento ambulatorial. Acontece na primeira fase do procedimento do júri, quando o réu utiliza como forma de defesa a sua inimputabilidade.</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Não basta ao Estado apenas impor a pena ou medida de segurança, pois o direito de punir só estará completo após a integral execução destas sanções.</p><p>É imprescindível que se instaure um processo para executar a sentença prolatada pelo juiz que conheceu e julgou o caso criminal. Este é o chamado processo de execução penal.</p><p>Justifica a instauração de um novo processo para executar a sentença porque, além de efetivar as disposições da sentença, deverá o Estado proporcionar condições para a harmônica integração social do sentenciado (LEP, art. 1º).</p><p>Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Não basta ao Estado apenas impor a pena ou medida de segurança, pois o direito de punir só estará completo após a integral execução destas sanções.</p><p>É imprescindível que se instaure um processo para executar a sentença prolatada pelo juiz que conheceu e julgou o caso criminal. Este é o chamado processo de execução penal.</p><p>Justifica a instauração de um novo processo para executar a sentença porque, além de efetivar as disposições da sentença, deverá o Estado proporcionar condições para a harmônica integração social do sentenciado (LEP, art. 1º).</p><p>Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>A Lei de Execução Penal adotou a teoria mista (eclética), visto que, de um lado visa punir o agente com a execução da sentença para prevenir novos crimes e proteger bens jurídicos, de outro, a pena deve ter um caráter humanizado, para garantir o harmônico retorno do sentenciado à sociedade.</p><p>Atenção!</p><p>O título executivo (sentença) é o limite do juízo das execuções penais.</p><p>Consoante o art. 2º da LEP “a jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal”.</p><p>Por jurisdição ordinária deve-se compreender Justiça Estadual e Federal comum.</p><p>O dispositivo em questão denota a autonomia do Direito da Execução Penal, manifestado pelo exercício de uma jurisdição especializada.</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Todo o ramo do direito precisa de apoio constitucional, em especial os relacionados às ciências criminais, por lidarem com a liberdade do indivíduo. Nesse sentido, o art. 5º da Constituição Federal traz as seguintes orientações quanto à execução penal:</p><p>Art. 5º (...)</p><p>XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:</p><p>a) privação ou restrição da liberdade;</p><p>b) perda de bens;</p><p>c) multa;</p><p>d) prestação social alternativa;</p><p>e) suspensão ou interdição de direitos;</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Art. 5º (...)</p><p>XLVII - não haverá penas:</p><p>a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;</p><p>b) de caráter perpétuo;</p><p>c) de trabalhos forçados;</p><p>d) de banimento;</p><p>e) cruéis;</p><p>XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;</p><p>XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;</p><p>L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;</p><p>DIREITO DA EXECUÇÃO PENAL: INTRODUÇÃO</p><p>Por meio das indicações constitucionais, conclui-se que a pena deve ser individualizada, ou seja, para todo crime deve haver uma pena prévia descrita, que deve ser individualizada e pormenorizada quando da sua aplicação na sentença. No que se refere à execução penal, a pena que o sentenciado cumpre deve ser aquela descrita na sentença.</p><p>Além disso, ao impedir as penas de morte, perpétua, de trabalho forçado, de banimento e cruéis, a Constituição mostra o caráter humanitário da pena, ou seja, o objetivo da execução da pena não é a vingança, mas a reinserção social do apenado.</p><p>Ademais, a aplicação subsidiária do Código de Processo Penal ao Direito de Execução Penal, expressamente apontado pelo legislador (art. 2º da LEP), evidencia a imperiosa incidência dos princípios e regras do Direito Processual Penal.</p><p>FINALIDADES DA PENA</p><p>A pena tem duas finalidades principais, que são a retribuição e a prevenção. A prevenção divide-se em duas:</p><p>1. Prevenção geral: subdividida em positiva, que tem a finalidade de reiterar para a sociedade a existência e força do direito penal; e negativa, que tem a finalidade de reforçar o poder intimidativo estatal, servindo de alerta para toda a sociedade, que é destinatária da norma penal;</p><p>2. Prevenção especial: subdividida em positiva, que demonstra o caráter educativo e ressocializador da pena, buscando reabilitar o condenado para o convívio social e para respeitar as regras impostas pelo ordenamento jurídico; e negativa, que significa que a pena serve como advertência ao autor da infração penal para que não torne a cometer crime. Além disso, tem o objetivo de afastar o criminoso do convívio social, evitando cometimento de crimes, ao menos enquanto estiver preso.</p><p>FINALIDADES DA PENA</p><p>Em relação a retribuição, está prevista em lei conforme exposto no art. 59 do Código Penal. Segundo esse artigo, a pena estabelecida é a necessária e suficiente para a reprovação e prevenção do crime. Isso significa que a pena tem o condão de dar ao infrator da lei uma resposta à altura do abalo que ele causou na estrutura jurídica da sociedade.</p><p>Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:</p><p>I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;</p><p>II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;</p><p>III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;</p><p>IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Antiga (ou Antiguidade)</p><p>Durante a Idade Antiga, houve diversos sistemas jurídicos e sociais com os mais diversos níveis de evolução. Suas vidam eram regidas por meio dos costumes, com grande influência da crença religiosa. Os povos ágrafos já possuíam um sistema jurídico rudimentar, se utilizavam de meios de coação para que suas regras fossem respeitadas e tais regras tinham como objetivo manter o interesse do coletivo e a união.</p><p>As penas mais comuns nesse período eram a morte, as penas corporais, as sanções sobrenaturais ou o banimento, que consistia na expulsão do indivíduo daquele grupo, sendo uma das penas mais graves, pois significava a perda da proteção do grupo.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Antiga (ou Antiguidade)</p><p>Esse período de vingança teve três fases, sendo elas: a vingança pública, a vingança divina e vingança privada.</p><p>A fase da vingança pública era firmada pela prevalência do mais forte, por meio da autotutela ou da submissão. Aqui o próprio ofendido tinha o direito de revidar a injúria sofrida, e o objetivo da pena era demonstrar poder e restaurar a honra violada.</p><p>Na fase da vingança divina, a religião mantinha um domínio absoluto sobre as situações humanas, por isso exercia grande influência nas decisões sociais, penais e culturais. Nesse período, a justiça era delegada pela vontade das divindades, sendo a religião que dava as interpretações necessárias para os problemas que atingisse os interesses da comunidade.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Antiga (ou Antiguidade)</p><p>Na fase da vingança divina, quem aplicava as penas eram os sacerdotes, por serem vistos como mediadores entre os homens e os deuses. O crime era um pecado cometido contra certo deus, e a sua punição era o castigo dado pelos deuses para purgação e salvação da alma do infrator.</p><p>Na fase da vingança pública, a pena passa a perder o seu caráter divino e se torna uma punição aplicada a partir da determinação de uma autoridade pública, que representava a vontade geral da comunidade. A pena nesse período, transpassava a figura da vítima, pois tinha como principal objetivo a intimidação. Por isso, a execução da pena era realizada em praça pública e com a presença do povo.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Moderna</p><p>Esse período vai do século XV ao XVIII, é reconhecido como um período de transição. Depois de inúmeras guerras religiosas, a Europa estava devastada; com o aumento da pobreza, aumentou o número de delinquentes. Diante dessa situação, o Direito Penal passou a ser manejado como ferramenta de segregação social, passando a utilizar como pena, dentre outras, o trabalho forçado do condenado.</p><p>Foi na idade moderna que a pena começou a dar os primeiros passos no sentido de ser meio de ressocialização, passando-se a pensar e buscar o desenvolvimento e o bem-estar do criminoso.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Contemporânea</p><p>A idade contemporânea foi marcada pela modernização do Direito Penal e da humanização da pena, baseados nas ideias do iluminismo e a partir das contribuições de grandes pensadores iluministas, tais como: Bentham (Inglaterra), Montesquieu (França), Beccaria (Itália), entre outros, os quais elaboraram diversos princípios substanciados numa proposta de sociedade baseada na razão.</p><p>Aqui surgiram as grandes ideias a respeito da soberania da lei, da defesa dos direitos subjetivos, da necessidade de garantias no processo penal e da racionalização da pena por meio de relação objetiva entre a gravidade do delito e o dano imposto à sociedade.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Contemporânea</p><p>A escola clássica do Direito Penal, baseada na concepção de livre-arbítrio do ser humano, afasta-se do caráter cruel e irracional das penas e se alinha à ideia de uma punição racional e humanitária, fundamentada na proporcionalidade entre o crime e a possível sanção.</p><p>Nessa fase, entendia-se que eram as leis que teriam competência de fixar penas, cabendo aos juízes aplicá-las e não interpretá-las. Assim sendo, a sociedade abandonava e rejeitava o terrorismo punitivo, passando a limitar o direito de punir do Estado.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Contemporânea</p><p>A escola positiva ou antropológica surgiu com a obra O homem delinquente (1876), de Cesare Lombroso. O centro das ideias desta escola estava na concepção de que o homem poderia ser delinquente nato, imerso em atributos próprios, originários de suas anormalidades físico-psíquicas.</p><p>Isso significava que o ser humano nasceria delinquente, cometendo crimes não por vontade própria, mas por sua condição natural, por isso deveria ser mantido preso para não cometer mais crimes. Embora essa escola tivesse uma posição bastante questionável e preconceituosa, contribuiu ao elaborar o conceito de individualização da pena, levando em consideração a personalidade e a conduta do agente para dar-lhe uma justa sanção.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Contemporânea</p><p>As escolas críticas ou ecléticas permaneceram na ideia de que a pena seria um meio de defesa social, contudo, algo diferente do que defendia a escola positiva ou antropológica. Elas admitiam pessoas com distúrbios mentais como passíveis de mudanças drásticas de atitude, caso se utilizam castigos ou recompensas. Os ditos loucos passaram a ser tidos como responsáveis e a loucura vistas como uma doença qualquer.</p><p>Para essa escola, a responsabilidade moral não se baseava no livre-arbítrio, e sim no determinismo psicológico, isto é, o indivíduo determinava as suas ações pelo motivo mais forte, devendo ser penalizado aquele que tivesse capacidade de se deixar guiar por esses motivos.</p><p>EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PENA</p><p>Idade Contemporânea</p><p>Após a segunda guerra mundial, surgiu um novo movimento doutrinário denominado de Nova Defesa Social, que voltou a ter o livre-arbítrio como justificativa da impunidade, apontando que o crime era expressão de uma personalidade única, impossível de haver padronização.</p><p>Esse movimento reconhecia a prisão como um mal necessário, já que inexistia um substituto para ela. Reconhecia, ainda, que se devia banir a pena de morte e descriminalizar algumas condutas, como aquelas consideradas crimes de bagatela (irrelevantes), para que se evitasse o encarceramento indiscriminado.</p><p>OBJETO E APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL</p><p>A Lei de Execuções Penais, em seu art. 1º, estabelece como objetivo da execução penal “efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”. Assim, pode-se determinar que a execução penal, no Brasil, tem como premissa esclarecer questões quanto ao cárcere e aquelas ligadas à reabilitação do condenado.</p><p>O Estado é o sujeito ativo no processo de execução de pena, sendo o detentor do jus puniendi, isto é, o direito de aplicação da pena, Por isso, o processo de execução inicia-se de ofício, não sendo necessário requerimento ao juiz pelo Ministério Público ou por quem quer que seja. Por outro lado, o condenado é o sujeito passivo no processo de execução da pena, ou seja, o sujeito passivo é o indivíduo ao qual foi determinada uma pena ou medida de segurança.</p><p>OBJETO E APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL</p><p>Autonomia</p><p>A execução penal é uma ciência autônoma, a qual, mesmo que se socorra, em alguns casos, de princípios constitucionais penais e não desvincule do direito penal e processual penal, tem regras e princípios próprios.</p><p>É possível destacar várias evidências da autonomia deste direito, começando pela existência de legislação específica que regula tanto a questão material quanto a processual da execução da pena, além da existência de varas especializadas para processar a execução e a diferenciação dos papéis do juiz que atua nesta área, já que na execução da pena, ao contrário</p><p>do processo de conhecimento, o papel do juiz é fazer cumprir a pena imposta e não julgar; o Membro do Ministério Público não acusa, mas fiscaliza o cumprimento da pena e o antes acusado não se defende da acusação, mas passa a ser o executado.</p><p>OBJETO E APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL</p><p>Jurisdição</p><p>A jurisdição pode ser ordinária ou especial. A jurisdição ordinária é a comum federal ou estadual, que não está ligada a nenhuma matéria específica, fixada pela Constituição. A jurisdição especial é aquela que a Constituição determinou para algumas matérias específicas, como a Justiça Eleitoral ou a Justiça Militar. Entretanto, a Lei de Execuções Penais garante que caso o condenado por crime eleitoral ou por crime militar venha a cumprir sua pena no presídio sob a jurisdição ordinária, a este devem ser aplicadas as mesmas regras condutoras da execução penal dos demais detentos.</p><p>Súmula 192 do STJ: Compete ao Juízo das Execuções do estado a execução das penas impostas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual.</p><p>OBJETO E APLICAÇÃO DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL</p><p>Natureza Jurídica</p><p>Não há consenso na doutrina acerca da natureza jurídica da execução penal. A doutrina majoritária reconhece que a execução penal tem natureza jurídica mista, pois é dotada de viés administrativo e jurisdicional.</p><p>Em determinados momentos, a execução cuida de providências exclusivamente administrativas, como as que ficam sob a responsabilidade da administração do estabelecimento prisional, a exemplo a permissão de saída e da autorização para o trabalho externo.</p><p>Mas em outras situações, tem natureza exclusivamente jurisdicional, como no processamento de incidentes processuais, nas revisões das decisões administrativas; apreciação de excesso ou desvio de execução; modificações da pena privativa de liberdade; unificação de penas, etc.</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>1. Princípio da personalidade</p><p>Também chamado de princípio da intranscedência da pena, princípio da pessoalidade ou princípio da intransmissibilidade da pena. Este princípio está previsto no inciso XLV da Constituição. Ele impede que qualquer pessoa, que não tenha participação no crime, venha a ser responsabilizada por atos criminosos cometidos por outras pessoas. Assim, a pena não pode ir além da pessoa que cometeu o ato criminoso, conforme previsão constitucional.</p><p>XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;</p><p>O referido princípio tem aplicação a todos os tipos de pena: pena privativa de liberdade, penas restritivas de direito e penas de multa, conforme reconhecido pelo STF.</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>2. Princípio da Legalidade</p><p>Este princípio encontra fundamento nos arts. 2º e 3º da Lei de Execuções Penais e na Constituição Federal, em seu inciso II, do art. 5º, já que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Importante frisar que, considerando o caráter misto da execução penal, tanto o judiciário quanto todos os agentes da administração pública que estejam ligados a execução penal devem respeitar esse princípio.</p><p>Por força deste princípio, o sentenciado tem direito que a execução de sua pena ocorra conforme dispuser a lei. Considerando que a nenhum cidadão é permitida a privação de liberdade sem que se observe o devido processo legal, também não se pode impedir a liberdade do preso, quando houver permissão legal. Assim, caso o sentenciado fique preso além do tempo permitido, a prisão se torna ilegal.</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>3. Princípio da Igualdade</p><p>O princípio da igualdade se aplica ao processo de execução, na medida que todos os sentenciados deverão receber o mesmo tratamento, independentemente de ser preso provisório, condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeito a jurisdição ordinária, proibindo-se qualquer discriminação de natureza racial, social, religiosa ou política.</p><p>Art. 3º (...)</p><p>Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política.</p><p>A igualdade prevista em diversos dispositivos da LEP é decorrência da isonomia preceituada na Constituição Federal, especialmente a que prevê punição a qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais e a prática do racismo. (CR, art. 5º, inc. XLI e XLII).</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>4. Princípio da Jurisdicionalidade</p><p>A jurisdicionalidade da execução decorre não só da estruturação da Lei de Execução Penal, como de seu art. 2º, que estabelece que a aplicação das normas do Código de Processo Penal.</p><p>O art. 66 da LEP reforça a jurisdicionalidade da execução ao elencar a competência do juízo da execução. Do mesmo modo, o art. 194, estabelece que “o procedimento correspondente às situações previstas nesta Lei será judicial, desenvolvendo-se perante o Juízo da execução”.</p><p>É no juízo das execuções que serão discutidos todos os atos praticados por qualquer autoridade durante a execução da pena e da medida de segurança. Cumpre ressaltar que a competência do juízo das execuções criminais se inicia com a autuação da guia de recolhimento.</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>5. Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa</p><p>Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (CR, art. 5º, inciso LV).</p><p>O dispositivo constitucional se aplica integralmente à execução penal, pois, trata-se de procedimento jurisdicional que envolve restrição à liberdade do sentenciado. Nesse sentido, não só a defesa, como a acusação deverão ser sempre ouvidas antes de qualquer decisão judicial, sob pena de nulidade.</p><p>Significa que ao sentenciado deve ser garantido o prévio conhecimento da acusação, com tempo hábil para apresentar a sua defesa, pessoalmente ou por meio de advogado/defensor público, com reais possibilidades de influenciar o julgador no seu livre convencimento motivado.</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>6. Princípio da Humanização da Pena</p><p>O princípio da humanidade das penas deve orientar toda execução penal. Trata-se de vetor para o legislador na criação de leis regulamentadoras da execução penal, para o julgador na interpretação e aplicação das leis, assim como para os agentes administrativos que atuam na execução das penas.</p><p>É o princípio da humanidade das penas que obriga o Estado a encarar o sentenciado como sujeito de direitos e não mero objeto da execução, e como sujeito, merece tratamento digno. Este princípio é baseado na dignidade da pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil (CR, art. 1º, inc. III).</p><p>A humanidade das penas está prevista expressamente no texto constitucional (art. 5º, inciso XLIX, art. 5º, inc. L e art. 5º, inc. XLVII da CF).</p><p>PRINCÍPIOS QUE REGEM A EXECUÇÃO DA PENA</p><p>7. Princípio da Proporcionalidade</p><p>O princípio da proporcionalidade exige que haja alguma ligação equidosa entre o crime e sua consequência jurídica. A referida proporcionalidade deve ser considerada não só no momento da cominação ou da aplicação da pena, mas também no momento de sua execução.</p><p>8. Princípio da Individualização da Pena</p><p>O princípio da individualização da pena está previsto constitucionalmente e deve ser respeitado em três momentos: na elaboração da pena abstrata pelo legislador, na fixação da pena concreta pela sentença penal condenatória e na execução da pena imposta.</p><p>Somente por meio da execução da pena individualizada é que se poderá alcançar o harmônico retorno do sentenciado à sociedade. Quis o legislador evitar que todos os sentenciados fossem tratados como meros objetos da execução penal, mas como sujeitos de direitos detentores de dignidade humana.</p><p>PRESSUPOSTOS PARA O INÍCIO DA EXECUÇÃO DA PENA E DA MEDIDA DE SEGURANÇA</p><p>A execução penal é a fase do processo penal que visa efetivar a ordem contida na sentença condenatória penal, impondo-se, com efeito, pena privativa de liberdade, pena restritiva de direitos ou pecuniária. Assim, o pressuposto para o início da execução da pena é a existência de uma sentença criminal que tenha aplicado uma pena privativa de liberdade ou não, ou medida de segurança, consistente em tratamento ambulatorial ou internação em hospital de custódia ou psiquiátrico.</p><p>Desse modo, a sentença condenatória é o principal título a ser executado pelo juízo da execução. Entretanto, há decisões criminais proferidas durante a execução da pena, que devem ser cumpridas, como aquela que determina a transferência de preso para regime menos gravoso (progressão de regime) ou concedendo qualquer outro benefício, como o livramento condicional.</p><p>EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA</p><p>Execução definitiva</p><p>É a execução que tem início após o trânsito em julgado da sentença penal que condena ou impõe medida de segurança (absolvição imprópria) ao réu. Assim, é uma execução baseada no caráter definitivo da sentença, ou seja, fundada em uma pena ou medida de segurança que é definitiva e não pode sofrer alteração por qualquer recurso nos mesmo processo.</p><p>Execução provisória</p><p>É uma execução fundada na pena imposta ao réu, baseada em uma sentença que ainda não transitou em julgado, passível de recurso, isto é, o juiz que preside o processo de conhecimento determina o cumprimento da sentença condenatória antes do trânsito em julgado, enquanto espera julgamento de recursos e se chega à pena definitiva do réu. No popular, significa dizer que “o juiz não deixou o réu recorrer em liberdade”.</p><p>EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA</p><p>Execução provisória</p><p>Na atualidade, a doutrina de forma pacífica concorda apenas com uma hipótese de execução provisória, desde que preencha os seguintes requisitos:</p><p>A pena provisória é privativa de liberdade;</p><p>Só há interposição de recurso pelo réu;</p><p>Haver o trânsito em julgado para o Ministério Público ou;</p><p>Réu encontrar-se preso preventivamente.</p><p>O objetivo da execução provisória é beneficiar o réu, por isso, tanto o tempo de prisão preventiva quanto o da execução provisória devem ser considerados como se fossem cumprimento de pena, sendo possível, inclusive, a progressão de regime, remição da pena e se descontar o tempo preso da pena final.</p><p>Tal entendimento é pacificado pelo STF na Súmula 716:</p><p>EXECUÇÃO DEFINITIVA E PROVISÓRIA</p><p>Execução provisória</p><p>Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória.</p><p>Por fim, é importante salientar que não é possível a execução provisória da pena restritiva de direito, de multa ou de medida de segurança, devendo ser executadas apenas em caráter definitivo e nunca antes do trânsito em julgado da condenação.</p><p>OBRIGADA E ATÉ A PRÓXIMA AULA!</p><p>image1.png</p><p>image2.png</p><p>image3.png</p><p>image4.png</p><p>image5.png</p><p>image6.png</p><p>image7.png</p><p>image8.jpg</p><p>image9.jpeg</p><p>image10.jpeg</p><p>image11.jpg</p><p>image12.png</p><p>image13.jpeg</p><p>image14.jpg</p><p>image15.JPG</p><p>image16.png</p><p>image17.png</p><p>image18.png</p>

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