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<p>UNIVERSIDADE DA AAMZÔNIA</p><p>CURSO DE DIREITO</p><p>AULA 1</p><p>1. CONCEITO: O contrato é a mais comum e a mais importante fonte de obrigação compreendida como o fato que lhe dá origem. Os fatos humanos que o nosso Código Civil considera geradores de obrigação são;</p><p>a) Os contratos.</p><p>b) As declarações unilaterais de vontade;</p><p>c) Os atos ilícitos dolosos e culposos.</p><p>O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de pelo menos duas partes. Seu fundamento ético é a vontade humana, desde que atue na conformidade da ordem jurídica e o seu efeito é a criação de direitos e obrigações.</p><p>Assim, entende-se por contrato o negócio jurídico, baseado em um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a finalidade de adquirir, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos.</p><p>2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA: Para o direito romano, convenção era o gênero, do qual o contrato e o pacto eram espécies. Atualmente, a convenção, o pacto e o contrato são utilizados como sinônimos.</p><p>No Código de Napoleão, o contrato era um mero instrumento para a aquisição da propriedade, no qual a declaração da vontade passava a ser requisito da transferência de bens.</p><p>Foi o Código Civil Alemão que considerou o contrato uma espécie de negócio jurídico, que, por si só, não transfere a propriedade, entendimento que o Brasil adotou.</p><p>A ideia de um contrato em que as partes discutam livremente suas condições, em situação de igualdade representa, hoje, uma pequena parcela do mundo negocial. A economia de massa exige contratos impessoais e padronizados e que limitam cada vez mais a autonomia da vontade. Razão pela qual o Estado intervém, constantemente nessa relação contratual privada, movimento que se chama de dirigismo contratual.</p><p>Lucas, um estudante universitário em Belém, precisa contratar um serviço de internet para estudar e trabalhar remotamente. Ele entra em contato com a maior provedora de internet da região, a "ConectaNet", que oferece diferentes pacotes de velocidade de internet.</p><p>Lucas tem a possibilidade de negociar livremente as cláusulas do contrato?</p><p>Nesta situação, embora o contrato seja impessoal e padronizado, limitando a autonomia da vontade de Lucas, a intervenção do Estado por meio do dirigismo contratual visa equilibrar a relação entre as partes. O Estado impõe regras que limitam o poder das empresas de impor condições desfavoráveis e protegem os direitos dos consumidores, garantindo que mesmo em contratos de adesão, os princípios de justiça e equilíbrio contratual sejam observados.</p><p>Nesse contexto, pode-se afirmar que a força obrigatória dos contratos não se afere mais sob a ótica do dever moral de manutenção da palavra empenhada, mas da realização do bem comum.</p><p>3. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO: de acordo com os art 441 e 442 do CC, a liberdade de contratar só pode ser exercida em consonância com os fins sociais do contrato, implicando os valores primordiais da boa-fé e da probidade.</p><p>O art. 421, por sua vez, ensina que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato, sendo essa concepção um dos pilares da teoria contratual contemporânea.</p><p>A função social do contrato objetiva a realização de uma justiça comutativa, minorando desigualdades substanciais entre os contraentes. Serve para limitar a autonomia da vontade quando esta esteja em confronto com o interesse social que deve prevalecer ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não contratar.</p><p>Uma empresa privada de saneamento, "Águas do Norte", obtém a concessão para fornecer água potável a uma comunidade rural no interior do Pará. A empresa, visando maximizar seus lucros, decide impor tarifas elevadas e estabelece que o fornecimento de água será cortado imediatamente em caso de atraso no pagamento das contas. Essa comunidade, composta majoritariamente por agricultores de subsistência, possui uma renda baixa e irregular, o que torna difícil o pagamento das tarifas exigidas.</p><p>Nesta hipótese, a função social do contrato atua para garantir que a relação entre a empresa fornecedora de água e a comunidade rural seja justa e equitativa. O Estado intervém para impedir que a autonomia da empresa resulte em prejuízo para o interesse social, especialmente quando se trata de garantir o acesso a um recurso vital como a água. Dessa forma, a função social do contrato assegura que os direitos básicos da comunidade sejam protegidos, promovendo uma justiça que beneficia os mais vulneráveis.</p><p>O atendimento à função social deve enfocar dois aspectos:</p><p>a) um individual: relativo aos contratantes, que se valem dos contratos para satisfazer interesses próprios, e</p><p>b) outro público: que é o interesse da coletividade sobre o contrato.</p><p>Nessa medida, a função social do contrato estará cumprida quando a sua finalidade – distribuição de riquezas – for atingida de forma justa, ou seja, quando o contrato representar uma fonte de equilíbrio social.</p><p>4. CONTRATO NO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR: O art. 5º, XXXII, determina que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor, e em março de 1991, entrou em vigor o Código de Defesa do Consumidor estabelecendo um conjunto sistemático de normas diversificadas para dar suporte a relação de consumo.</p><p>Partindo da premissa básica de que o consumidor é a parte vulnerável das relações de consumo, o CDC pretende restabelecer o equilíbrio entre os sujeitos dessa relação, estabelecendo normas de ordem pública e de interesse social, de proteção e defesa do consumidor.</p><p>Ana, uma professora que reside em Belém, decide comprar uma geladeira nova em uma grande loja de eletrodomésticos, "EletroMais". Ela opta por um modelo mais caro e moderno, utilizando o crediário oferecido pela própria loja. Ao assinar o contrato, Ana não percebe que há cláusulas que a colocam em desvantagem, como a inclusão de seguros não solicitados, uma taxa de juros excessiva e a impossibilidade de cancelar o contrato sem o pagamento de uma multa elevada.</p><p>Ana, como consumidora, é considerada a parte vulnerável na relação de consumo. Ela não tem conhecimento técnico ou jurídico suficiente para avaliar a complexidade do contrato e, muitas vezes, é pressionada a assinar rapidamente para garantir a compra e o financiamento.</p><p>O Código de Defesa do Consumidor (CDC), ao reconhecer essa vulnerabilidade, estabelece normas de ordem pública para restabelecer o equilíbrio nessa relação. Por exemplo, o CDC proíbe cláusulas abusivas que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, como a inclusão de produtos ou serviços não solicitados e a imposição de multas excessivas em caso de rescisão contratual.</p><p>Se Ana perceber a existência dessas cláusulas abusivas após a assinatura do contrato, ela pode buscar proteção legal. O CDC permite que ela entre em contato com a loja para solicitar a revisão ou a anulação das cláusulas abusivas. Caso a loja se recuse a ajustar o contrato, Ana pode recorrer ao Procon ou à Justiça para garantir seus direitos.</p><p>Neste exemplo, o contrato de compra e financiamento de um eletrodoméstico, que inicialmente colocava Ana em uma posição de desvantagem, é regulado pelas normas do CDC, que visam proteger o consumidor vulnerável. As regras de ordem pública estabelecidas pelo CDC servem para restabelecer o equilíbrio na relação contratual, garantindo que o consumidor não seja lesado por práticas abusivas e que seus direitos sejam preservados, promovendo uma relação de consumo justa e equilibrada.</p><p>Ao estabelecer princípios gerais de proteção, o CDC, passou a ser aplicado também aos contratos em geral e não apenas aos que envolvam relação de consumo, destacando-se os princípios da boa-fé, da abusividade da cláusula prejudicial, da onerosidade excessiva, lesão ao enriquecimento sem causa, etc.</p><p>5. CONDIÇÕES DE VALIDADE DO CONTRATO: Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos abaixo apresentados.</p><p>5.1. REQUISITOS SUBJETIVOS: relaciona-se com aspectos dos sujeitos do contrato.</p><p>5.1.1. CAPACIDADE GENÉRICA</p><p>- é a capacidade de agir em geral. Os contratos serão nulos quando firmados por pessoa física absolutamente incapaz (art. 166, I) e anuláveis quando por relativamente incapaz (art 171, I). Os vícios de capacidade podem ser sanados para a pessoa capaz de contratar.</p><p>As pessoas jurídicas deverão firmar contratos na pessoas de seus representantes legais ativa e passivamente, judicial ou extrajudicialmente.</p><p>Pedro, uma criança de 10 anos, pega o celular de sua mãe enquanto ela está ocupada e acessa um aplicativo de compras online que já está logado e com as informações de pagamento salvas. Pedro, sem o conhecimento ou consentimento da mãe, utiliza o aplicativo para comprar um brinquedo caro ou um item eletrônico, como um videogame.</p><p>Pedro, sendo uma criança de 10 anos, é absolutamente incapaz de realizar atos jurídicos por conta própria, conforme o Código Civil Brasileiro. Ele não tem a capacidade legal para firmar contratos de compra e venda, mesmo utilizando os meios de pagamento de um adulto.</p><p>A compra realizada por Pedro através do aplicativo é nula de pleno direito, pois foi feita por uma pessoa absolutamente incapaz. A loja ou a plataforma de vendas, ao processar a transação, pode não ter como saber que foi uma criança que realizou a compra, mas o contrato ainda é considerado inexistente desde o início (ex tunc).</p><p>Ao descobrir a compra, a mãe de Pedro pode entrar em contato com a loja ou plataforma de vendas para cancelar a transação e solicitar o reembolso. A loja é obrigada a estornar o valor cobrado e aceitar a devolução do produto. Além disso, a situação pode levar a uma revisão de políticas de segurança e autenticação nas contas dos pais para evitar que isso ocorra novamente.</p><p>5.1.2. APTIDÃO ESPECÍFICA PARA CONTRATAR – Na celebração de certos contratos, exige-se capacidade especial de dispor das coisas ou dos direitos que são objetos do contrato, como na doação, na locação, na outorga uxória (recai sobre a propriedade marital).</p><p>5.1.3. CONSENTIMENTO: Todo contrato exige consentimento recíproco ou acordo de vontades no que se refere a sua existência e natureza, seu objeto e sobre as cláusulas que o compõe.</p><p>O consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter sua validade afetada pelos vícios do negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. Pode ser tácito (baseada na conduta do sujeito, como por exemplo na doação: aquele que recebe não declara expressamente seu aceite do bem), quando a lei não exigir expresso (art. 111 CC).</p><p>Maria vai ao shopping em Belém e estaciona seu carro no estacionamento do local. Ao retirar o ticket na entrada do estacionamento e deixar o veículo em uma das vagas disponíveis, Maria não assina nenhum contrato formal nem discute as cláusulas com o shopping. No entanto, ao retirar o ticket e utilizar o serviço, ela está aceitando tacitamente as condições do contrato de estacionamento, que incluem o pagamento de uma taxa por hora de permanência e a aceitação das regras e limitações de responsabilidade do estacionamento.</p><p>Algumas vezes a lei exige que o consentimento seja escrito para sua validade, como no caso do contrato de locação para permitir a sublocação do objeto.</p><p>5.2. REQUISITOS OBJETIVOS: Dizem respeito ao objeto do contrato.</p><p>5.2.1. LICITUDE DE SEU OBJETO – Objeto lícito é o que não atente contra a lei, a moral ou os bons costumes. Portanto, ninguém deve valer-se da própria torpeza. (art 150 CC)</p><p>O objeto imediato do negócio é sempre uma conduta humana e se denomina prestação: dar, fazer ou não fazer. O mediato são os bens ou prestações sobre os quais incide a relação jurídica obrigacional.</p><p>João contrata Pedro, um pedreiro, para realizar a reforma do banheiro de sua casa em Belém. Eles firmam um contrato onde João se compromete a pagar R$ 10.000,00 a Pedro pela execução do serviço, que inclui a instalação de novos azulejos, troca de louças e pintura das paredes.</p><p>O objeto imediato do negócio jurídico é a conduta humana, ou seja, a prestação que Pedro se compromete a realizar, que é fazer a reforma do banheiro na casa de João. A prestação aqui envolve atividades como assentar os azulejos, instalar as novas louças e pintar as paredes.</p><p>O objeto mediato são os bens ou resultados sobre os quais a prestação de Pedro incide, ou seja, o banheiro de João e os materiais utilizados na reforma (azulejos, louças, tinta, etc.). Esses bens são o foco da relação jurídica obrigacional entre João e Pedro.</p><p>5.2.2. POSSIBILIDADE FISICA OU JURIDICA DO OBJETO – Quando o objeto for impossível o contrato é nulo (art. 166, II)</p><p>A impossibilidade pode ser física (natural) exemplo, tocar a Lua com as pontas do dedo, ou jurídica (contratual) exemplo, a herança de pessoa vida, absoluta, alcançando a todos, indistintamente.</p><p>5.2.3. DETERMINAÇÃO DE SEU OBJETO – O contrato deve ser determinado (Ana compra um carro específico, um modelo 2024 da marca XYZ, em uma concessionária), ou determinável, relativamente indeterminado ou suscetível de determinação no momento da execução. Exemplo a venda de coisa incerta. Ou, Maria contrata um prestador de serviços de jardinagem para cuidar do seu jardim durante um ano. O contrato estabelece que o prestador deve realizar serviços de manutenção no jardim, mas não especifica o número exato de visitas ou o detalhamento de cada serviço.</p><p>IMPORTANTE: Embora não seja um requisito legal, se compreende como objetivo de validade dos contratos que seu objeto tenha algum valor econômico. Vez que a irrisoriedade não interessa ao mundo jurídico.</p><p>5.3. REQUISITOS FORMAIS: posto que relacionado à forma, tem-se como meio de revelação da vontade. No direito brasileiro, a forma, em regra, é livre. As partes podem celebrar contrato por escrito, público ou particular, verbal, etc. Assim, a regra é o consensualismo, o formalismo, a exceção. (art.107 CC).</p><p>Assim, é nulo o negócio jurídico quando não se revestir da forma prescrita em lei ou for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade (art. 166, IV e V, CC).</p><p>Existem, assim, três espécies de forma:</p><p>a) a Livre – predominante no Direito brasileiro (art. 107 CC), sendo aceito qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei.</p><p>b) a Especial ou solene – exigida pela lei e tem por finalidade assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar seriedade do ato e facilitar sua prova.</p><p>c) a Contratual – é a convencionada pelas partes. Os contratantes podem mediante convenção, determinar que o instrumento público torne-se necessário para a validade do negócio jurídico.</p><p>6. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: O direito contratual rege-se por diversos princípios</p><p>6.1. AUTONOMIA DA VONTADE: se alicerça na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. (art. 421. CC)</p><p>As partes tem a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado, podendo celebrar contratos nominados e os inominados ou atípicos, quando as partes assumem o poder de autorregulamentação de seus interesses (art. 425 CC), gerado pelas necessidades e interesses das partes.</p><p>LIMITAÇÕES: se observa relativizações importantes à liberdade contratual pois a vida em sociedade obriga as pessoas a realizar, frequentemente contratos de toda espécie como transporte, alimentação, fornecimento de bens e serviços públicos, automóveis, etc.</p><p>6.2. SUPREMACIA DA ORDEM PÚBLICA: A liberdade contratual encontrou sempre limitação na ideia de ordem pública, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual.</p><p>A ideia de ordem pública é constituída por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe à sociedade preservar, assim, os princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares. Seu conceito corresponde ao da ordem considerada indispensável à organização estatal, constituindo-se no estado de coisas sem o qual não existiria a sociedade,</p><p>assim como normatizada pelo sistema jurídico.</p><p>Exemplos: normas do direito de família, sucessão, organização política e administrativa do Estado, direito do trabalho, etc.</p><p>6.3. CONSENSUALISMO: para o aperfeiçoamento do contrato basta o acordo de vontades, independente da entrega das coisas. Exemplo: compra e venda (art. 482 CC)</p><p>Como já vimos acima, as partes podem celebrar contrato por escrito, público ou particular, verbal, etc. Assim, a regra é o consensualismo, o formalismo, a exceção. (art.107 CC).</p><p>6.4. OBRIGATORIEDADE DOS CONTRATOS: Também conhecido como princípio da intangibilidade dos contratos, representa a força vinculante das convenções pactuadas.</p><p>Significa, em essência, a irrevogabilidade da palavra empenhada, entendendo que a liberdade contratual está vinculada à autonomia da vontade em celebrar contratos e definir o objeto e termos da avença. Sendo firmados, porém, válido e eficaz, devem cumpri-lo em sua integralidade, de acordo com as obrigações assumidas. Se baseia nos seguinte fundamentos:</p><p>a) A necessidade de segurança nos negócios, que deixaria de existir se os contratantes pudessem descumprir com as obrigações.</p><p>b) A intangibilidade ou imutabilidade do contrato, decorrente de que o acordo de vontades faz lei entre as partes, personificada na máxima pacta sunt servanda (os pactos devem ser cumpridos).</p><p>Seu inadimplemento confere à parte lesada o direito de fazer uso dos instrumentos judiciários para obrigar a outra a cumpri-lo, ou a indenizar pelas perdas e danos, sob pena de execução patrimonial, (art. 389 CC), além de juros, multas, etc.</p><p>O princípio será relativizado nos casos de Caso Fortuito ou Força Maior, e naqueles em que haja desigualdades entre os contratantes, quando se encontrarem em patamares diversos e dessa disparidade ocorra proveito injustificado de uma parte sobre a outra.</p><p>6.5.REVISÃO DOS CONTRATOS OU ONEROSIDADE EXCESSIVA: Permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário para obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas situações.</p><p>A teoria recebeu o nome de rebus sic stantibus, ou Teoria da Imprevisão, que consiste basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência implícita de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu adimplemento, poderá este, requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente.</p><p>Esse princípio consiste na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes, tornar-se exageradamente onerosa. (art. 317 e 479 CC)</p><p>6.6. BOA – FÉ E PROBIDADE: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e de boa-fé. (art. 422 CC)</p><p>Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. A boa-fé é resumida, a má-fé, portanto, deve ser comprovada por quem a alegar.</p><p>A probidade é um dos aspectos objetivos do princípio da boa-fé, podendo ser entendida como a honestidade de proceder ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa.</p><p>Exemplos: artigos 113 e 187 CC.</p><p>7. INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS: Toda manifestação da vontade necessita de interpretação para que se saiba o seu significado e alcance. Não só a lei deve ser interpretada, mas também os negócios jurídicos em geral. Busca-se apurar a vontade concreta das partes, a vontade objetiva, o conteúdo, as normas que nascem de sua declaração.</p><p>As regras de interpretação dos contratos dirigem-se primeiramente às partes, que são as principais interessadas em seu cumprimento. Não havendo entendimento entre elas a respeito do exato alcance da avença e do sentido do texto por elas assinado, a interpretação deverá ser realizada pelo juiz, como representante do Poder Judiciário.</p><p>Pode ser declaratória quando tem por finalidade a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato; e construtiva ou integrativa, quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixados pelas partes.</p><p>A integração contratual preenche assim, as lacunas encontradas nos contratos, complementando-os por meio de normas supletivas, especialmente as que dizem respeito à sua função social, a boa-fé (art. 113 CC), usos e costumes locais, verdadeira intenção das partes. (art. 112 CC)</p>

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