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Thiago Coelho (@taj_studies) CADERNO – DIREITO DOS CONTRATOS – VICENTE PASSOS – FBDG AULA 01 – APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA E INTRODUÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONTRATUAIS 1. Aspectos gerais: Contrato, histórico do contrato, a importância e consequências do contrato, teoria geral do contrato, princípios, características e extinção do contrato; Resgatar conceitos de Direito das Obrigações; Avaliações: 06/04 e 25/05; 1ª avaliação: prova presencial; 2ª avaliação: prova presencial + trabalho a ser enviado pelo Ágata; 2. Contratos: noções gerais Contrato “é um acordo de vontades na conformidade da lei e com a finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir direitos” (Caio Mário da Silva Pereira). Todo contrato é um negócio jurídico, mas nem todo negócio jurídico é um contrato (vide os testamentos, uma vez que o beneficiário não pode estar presente no momento da sua eficácia). É válido um contrato verbal/oral, apesar de difícil a sua prova, o que faz com que não seja recomendável. A título exemplificativo pode-se citar o acordo verbal envolvendo o percentual de faturamento na venda do MC Donalds, o que culminou para que os irmãos inventores saíssem lesados, deixando de receber milhões de dólares. Art. 107 – CC: A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Art. 108 – CC: Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. Observa-se que o art. 108 do Código Civil é uma exceção à regra. Caso não ocorra a escritura pública, tal negócio jurídico é nulo, uma vez que não há o respeito à forma prescrita em lei. Thiago Coelho (@taj_studies) Há obrigações que não apresentam cunho patrimonial, tais como o respeito aos direitos de personalidade e determinadas obrigações no Direito de Família (como o dever de auxílio dos pais em relação aos filhos). 3. Funções e efeitos econômicos dos contratos: Promover a circulação de riquezas: O contrato é uma representação jurídica de uma atividade econômica. Ex: Contrato de compra e venda, contrato de seguro, contrato de transporte, contrato de doação, contrato de prestação de serviço, etc. Basicamente as nossas atividades econômicas são disciplinadas por contratos. A nossa vida é regida por diversos contratos, mesmo que imperceptíveis. Ao pegar um ônibus, não estamos pensando em firmar um contrato de transporte, mas apenas nos deslocarmos de X a Y; Prevenção de riscos (contrato de seguro, inserção de cláusula penal e de cláusulas relativas à responsabilidade dos contratantes): Busca por afirmar que haverá consequências caso não haja o cumprimento do contrato. A cláusula penal é uma prevenção de risco (serve para prevenir uma conduta contrária) e, caso incida, pode ensejar uma indenização. Vale ressaltar que a cláusula penal pode se referir ao inadimplemento absoluto (compensatória) ou ao inadimplemento relativo (moratória); Colaboração entre as partes: O princípio da boa-fé objetiva apresenta deveres anexos, entre os quais se encontram os deveres de informação, de cuidado, de assistência e de proteção. O contrato permite o diálogo colaborativo entre as partes; Criação de normas processuais (negócios jurídicos processuais): Adaptação de normas às peculiaridades do caso concreto – como nas situações envolvendo o pagamento de aluguel e despejo. A outro título exemplificativo pode-se citar os contratos de seguro – ex: A (loja) e B (shopping) firmam em um contrato que, caso A não pague o seguro por X meses, haverá o despejo da loja. Os contratos de seguros de estabelecimentos em shoppings são caros, tendo em vista que o incêndio em uma loja pode comprometer o shopping como um todo, além da arrecadação deste (lucros cessantes). É lícito às partes, portanto, alegar negócios jurídicos processuais perante o juiz; Prevenção de controvérsia com uma cláusula arbitral ou por meio dos “dispute boards”: As partes se submetem, desde a assinatura, a resolverem eventuais litígios por meio de arbitragem e não através do Poder Judiciário; Concessão de crédito: A concessão de crédito foi contemplada em Direito das Obrigações e também é regida por meio de contratos; Criação de direitos reais: Pode-se criar direitos reais mediante contratos (tais como a cláusula de usufruto e os contratos de hospedagem); Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 425 – CC: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. O Código Civil concede às partes a oportunidade de celebrar contratos atípicos, tais como o contrato de hospedagem. A eficácia de um contrato pode se submeter a um evento futuro e incerto (condição), a um evento futuro e certo (termo) ou a um ônus (encargo). 4. Elementos da existência: previsão doutrinária Manifestação da vontade: Exteriorização da cogitação. Assim como no Direito Penal, a fase de cogitação é um irrelevante jurídico; Sujeito/agente; Objeto; Forma; 5. Requisitos da validade (previsão contida na doutrina e no art. 104, CC): Manifestação de vontade livre e de boa-fé (vícios do negócio jurídico que geram sua nulidade ou anulabilidade). O agente deve ser capaz. O objeto deve ser lícito, possível, determinado ou determinável. Em geral vigora o princípio da liberdade de forma. Há, contudo, situações em que a forma deve ser a prescrita ou não defesa (proibida) em lei. Art. 51 – CDC: São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; Art. 104 – CC: A validade do negócio jurídico requer: I- Agente capaz; II- Objeto lícito, possível, determinado ou determinável; Thiago Coelho (@taj_studies) III- forma prescrita ou não defesa em lei 6. Princípios liberais clássicos: Autonomia: Desdobramentos: Liberdade de contratar e liberdade contratual propriamente dita. Efeitos: a) Possibilidade de não se aplicar certas normas legais, aplicando-se normas decorrentes da vontade (ex: Lei n. 8.245/91 – Lei de locação imobiliária). Art. 22 – Lei n. 8245/91 (Lei de Locação): O locador é obrigado a: VIII – pagar os impostos e taxas, e ainda o prêmio de seguro complementar contra fogo, que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, salvo disposição expressa em contrário no contrato. (Grifos nossos) Essa autonomia não é plena, uma vez que há situações cujos efeitos são previstos em lei. Ex: Um indivíduo não pode impor condições para reconhecer a paternidade (como, por exemplo, impedir o direito de herança). Há a liberdade de contratar (celebrar contratos), a liberdade de estabelecer o conteúdo contratual e a liberdade de escolher com quem contratar. Os contratos de adesão (plano de saúde, plano de internet...) mitigam a liberdade de estabelecer o conteúdo contratual. A liberdade de escolher com quem contratar também é mitigada pelos monopólios (vide a EMBASA no que tange ao fornecimento de água em Salvador). A lei estabelece que o proprietário deve pagar a taxa condominial, todavia a própria lei admite a autonomia das partes para deliberar sobre quem vai pagar. Geralmente, na prática, o inquilino acaba pagando as taxas e não o proprietário. Art. 35 – Lei de Locação: Salvo disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, são indenizáveis e permitem o exercício do direito deretenção. Thiago Coelho (@taj_studies) As partes, nos limites da sua autonomia, podem alterar disposições contratuais expressa ou tacitamente. Essa alteração tácita do contrato é pautada em um padrão reiterado de conduta que gera uma expectativa legítima na parte contrária, vide, por exemplo, os casos de supressio e surrectio, bem como venire contra factum propium abordados em IED Privado II. Ex: A assumiu a obrigação de entregar, mensalmente, um produto na residência de B situada em Salvador. Só que A entrega durante um ano a mercadoria na residência de B situada em Lauro de Freitas. B, de repente, resolve alegar que A está descumprindo o contrato. Isso configura abuso de direito – mais especificamente da categoria supressio e surrectio (inação + ação) – por parte de B, uma vez que as partes modificaram, tacitamente, o contrato. Nesse contexto, faz-se de suma importância resgatar o art. 330 do Código Civil. Art. 330 – CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. É aconselhável que os efeitos sejam escritos em prol da segurança jurídica. b) Possibilidade de criação de contratos atípicos (ex: contrato de hospedagem): Art. 425 – CC: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Não se pode ter objeto ilícito, indeterminado ou indeterminável. Não se pode ter incapaz celebrando contrato. Há limites impostos pelo próprio código. Hoje se fala em autonomia privada e não autonomia da vontade. Não são sinônimos. Autonomia privada trata-se do poder que o particular tem de criar, nos limites legais, normas jurídicas. Há, aqui, uma maior participação estatal. Princípio da obrigatoriedade (força obrigatória – “pacta sunt servanda”): O contrato tem força de lei entre as partes; A obrigatoriedade do contrato e a possibilidade de sanção no caso de descumprimento; AULA 02 – PRINCÍPIOS (CONTINUAÇÃO) 1. Princípios liberais clássicos (continuação): Thiago Coelho (@taj_studies) Princípio da obrigatoriedade (força obrigatória – “pacta sunt servanda”) O contrato tem força de lei entre as partes, devendo ser cumprido caso não haja nenhum evento patológico. Tem-se a obrigatoriedade do contrato e há a possibilidade de sanção no caso de descumprimento. Faculta-se ao credor prejudicado exigir o cumprimento da obrigação juntamente com perdas e danos ou, eventualmente, não havendo mais sentido ou não mais sendo possível o cumprimento (inadimplemento absoluto), substitui-se a obrigação por uma indenização em dinheiro. O contrato promove segurança jurídica e confiança às partes envolvidas. As partes não podem alterar o conteúdo do contrato sem a concordância do outro contratante, a qual pode se dar de forma expressa ou tácita. Podem ocorrer, contudo, alterações implícitas provenientes de um padrão reiterado de condutas devido ao consentimento tácito da outra parte (vide os casos de supressio e surrectio). Autonomia e força obrigatória estão interligadas, de forma que ambas não são absolutas. A autonomia deliberada geraria insegurança jurídica. Por outro lado, em muitas ocasiões as partes não estão em paridade de armas, o que poderá impactar no cumprimento do contrato. Os contratos de adesão não permitem flexibilização ou negociação acerca de suas disposições: ou a pessoa aceita, ou não (ex: contrato de fornecimento de internet, plano de saúde, etc). Há uma exceção pautada na Teoria da imprevisão – permissão da revisão do contrato em virtude de eventos novos e/ou imprevisíveis às partes, sem que estas tenham contribuído para a situação. Princípio da relatividade do efeitos dos contratos (res inter alios acta): Os efeitos do contrato se produzem apenas em relação às partes que manifestaram a sua vontade, não afetando terceiros estranhos ao negócio jurídico. Há, contudo, efeitos fora da regra normal: a) O contrato pode afetar um terceiro, mesmo que ele não faça parte do contrato. Ex: Negócio jurídico que beneficie terceiros (vide a figura do fideicomisso* no Direito de Família); Thiago Coelho (@taj_studies) b) As relações contratuais são protegidas contra interferência nociva de terceiros (tutela externa do crédito – Teoria do terceiro ofensor ou terceiro cúmplice). Ex: Assédio a empregado/contratado por parte de terceiro, o que interfere de forma negativa na relação entre patrão e empregado. Pode-se ingressar com uma ação contra o terceiro, para que este pare de interferir negativamente no contrato; *Fideicomisso: Entrega-se um bem a uma pessoa (A) e caso outra (B) nasça ou haja determinado fato, ocorrerá a transferência da posse ao terceiro (B). Ex: C entrega um relógio a A, o qual deve ser entregue a B (filho de C) após o seu nascimento; Ex: C entrega um livro jurídico a A, o qual deve ser entregue a B após A finalizar o curso de direito; No que tange à coação, quando o terceiro pratica o ato, como regra geral, ele responde (o coator responde pela coação praticada contra o coacto). Se o beneficiado tiver ou devesse ter conhecimento do ato praticado, ele responde solidariamente por perdas e danos. Neste caso, o negócio jurídico é viciado e não subsiste. Art. 154 – CC: Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art. 155 – CC: Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. 2. Princípios liberais modernos: Princípio da boa-fé objetiva: Art. 422 – CC: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé. A boa-fé se vincula aos deveres anexos – transparência, informação, cuidado, assistência, lealdade e proteção. Tais deveres decorrem da perspectiva da obrigação como processo. Thiago Coelho (@taj_studies) A boa-fé subjetiva não é um princípio, e sim um estado psicológico em que a pessoa possui a crença de ser titular de um direito que, em verdade, só existe na aparência. A boa-fé que norteia o Direito Civil trata-se da boa-fé objetiva. É possível que a boa-fé objetiva seja violada sem que a boa-fé subjetiva seja. A boa-fé objetiva é um princípio defendido por Miguel Reale como um dos norteadores do Código Civil. Existe um modo que se espera que as partes ajam conforme. A boa-fé só é atendida se esse padrão ideal (se essa exigência) for atendido. A boa-fé objetiva “se traduz de forma mais perceptível como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com determinados padrões sociais estabelecidos e reconhecidos” (Silvio Venosa). “Como boa-fé suprime-se a máscara abstratizante da ‘pessoa’, que a todos iguala, entrando em cena a categoria em que o sujeito está inserido (inquilino, consumidor, segurado, turista) e as práticas negociais aplicáveis àqueles que executam esta posição econômica” (Judith Martins Costa). É necessário analisar no caso concreto se a postura da parte gerou uma expectativa legítima na parte contrária. Tem comportamentos que são esperados de forma legítima, mas não necessariamente expressos no contrato. Daí o papel exercido pela boa-fé objetiva na análise do cumprimento contratual. Cada situação concreta é examinada isoladamente – e não em abstrato – a fim de se compreender as suas peculiaridades. Ex: A prestação de um serviço associada à publicidade gera a expectativa legítima da propaganda atingir o maior número de pessoas, afinal para que se realizar campanhas senão para atingir pessoas? Funções: Norma hermenêutica (função interpretativa): Critério de interpretação,tendo como nortes o adimplemento e as expectativas que ele gera nas partes; Art. 113 – CC: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. Thiago Coelho (@taj_studies) Função integrativa: Criação de deveres gerais de condutas (nebenpflichten). Os deveres principais (primários) da prestação e os respectivos direitos constituem o núcleo dominante do contrato, definindo o tipo contratual. É necessário compreender o tipo de contrato para compreender os direitos e deveres a ele relacionados. Os deveres de conduta não dependem da vontade das partes e se destinam a resguardar o fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. Limitação da autonomia (função de controle): A violação da boa-fé gera a possibilidade de alteração do contrato. Teoria do adimplemento substancial, venire contra factum propium, responsabilidade pós contratual, “duty to mitigate the loss”, etc. Deveres de conduta: a) Proteção: Proteção da contraparte contra os riscos de danos à sua pessoa e ao seu patrimônio; b) Cooperação: Impõe às partes a abstenção sobre qualquer conduta capaz de falsear o objetivo do negócio ou desequilibrar o jogo das prestações por elas ajustado. O dever de cooperação não se limita a uma atuação omissiva, englobando condutas ativas, tais como a entrega de documentos e a execução de serviços relevantes para o adimplemento da obrigação; c) Informação (esclarecimento): São correlatos à relação obrigacional desde a sua origem até o fim, envolvendo as fases pré e pós-contratual. Nasce da assimetria informacional entre os contratantes; Os enunciados das jornadas são interpretações doutrinárias sobre decisões jurisprudenciais. Tais enunciados podem virar jurisprudência, uma vez que determinadas decisões usam tais argumentos como base. Thiago Coelho (@taj_studies) (exemplo) Sugestão de leitura: Texto de Paulo Luiz Netto Lobo – Deveres gerais nas obrigações civis. Princípio da função social do contrato: Art. 421 – CC: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato (redação original). Art. 421 – CC: A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato (redação atual – Lei 13.874/2019). Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima e excepcionalidade da revisão contratual. Para que se modifique um contrato, isso deve acontecer excepcionalmente. Qualquer norma que violar a função social do contrato será nula. Art. 2.035, parágrafo único – CC: Nenhuma convenção prevalecerá, se contrair preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este código para assegurar a função social da propriedade e contratos. “Regramento contratual de ordem pública (2.035, parágrafo único), pelo qual o contrato deve ser, necessariamente, analisado e interpretado de acordo com o contexto da sociedade. Tem fundamento constitucional, pois está intimamente ligado à dignidade da pessoa humana” – Flávio Tartuce. Thiago Coelho (@taj_studies) Enunciado 23 da I Jornada: Art. 421: a função social do contrato, prevista no artigo 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. Em suma, a autonomia contratual não é absoluta, devendo atender a uma finalidade social e respeitar a dignidade da pessoa humana. Divergências sobre extensão e interpretação do princípio: Há uma divergência no que tange à interpretação da função social. De um lado, se tem um direito dualista e pensando no capital; do outro, a solidariedade social prevista inclusive na Constituição e em diversos códigos – como o CC e o CDC. Há na doutrina dois pensamentos opostos: Ideais de mínima interferência e segurança jurídica contra a intervenção do Estado na dinâmica do contrato X conteúdo original de matriz solidarista e intervencionista (busca por equidade nas relações contratuais). Adepto da 1ª corrente: “A solidariedade é valor constitucionalmente tutelado, mas o contrato não é o instrumento jurídico adequado à sua realização. A função social deve ser realizada na ‘dimensão singular’ do contrato. a sociedade não é parte da relação contratual, e o ‘interesse social’ presente em todos os contratos não pode ser confundido com o ‘interesse público’” (Gerson Branco); Adepto da 2ª corrente: “A função social faz com que o intérprete seja convidado a deixar a leitura individualista do direito civil para migrar para os valores sociais presentes no ordenamento jurídico, como a solidariedade, a justiça, a igualdade, e outros valores essenciais à dignidade humana no âmbito da ordem econômica” (Terese Negreiros). Thiago Coelho (@taj_studies) FUNÇÃO SOCIAL INTERNA FUNÇÃO SOCIAL EXTERNA Limitar os contratos através das trocas de informações entre as partes – e uma função social. Cláudio Luiz Bueno de Godoy: “ela atua “primeiro entre as partes, de maneira a assegurar contratos mais equilibrados e, assim, envolventes de partes substancialmente mais iguais, com o que se garanta uma igual dignidade social aos indivíduos”. Logo, quando a prestação de uma das partes for exagerada, desproporcional, ou gerar vantagens exageradas para uma das partes, haverá o desrespeito à função social do contrato. Exemplos da função social interna: I) Na revisão do contrato por onerosidade excessiva (arts. 317 e 478, CC); II) Nas situações de adimplemento substancial; III) Na frustração do fim (finalidade) do contrato. Jorge Cesa Ferreira da Silva: “ela enseja a inclusão de preocupações com terceiros não membros da relação”. Exemplos: I) Contrato empresarial que ameace a criação de oligopólio requer atuação do CADE; II) Negócio jurídico interempresarial envolvendo a edificação de empreendimento em área de preservação ambiental requer atuação do MP. AULA 03 – PRINCÍPIOS CONTRATUAIS (CONT.) 1. Princípios liberais modernos (continuação): Princípio do equilíbrio econômico e da justiça contratual: A justiça contratual constitui expressão do princípio consagrado no art. 3º, III, CF: o princípio da igualdade substancial. Thiago Coelho (@taj_studies) Preocupação da teoria contratual atual com o contratante vulnerável, em virtude da disparidade de poder negocial, recorrente na sociedade de massas. Há uma assimetria informacional entre o consumidor e aquele que é contratado. Comparação entre os benefícios e os sacrifícios das partes, das vantagens e encargos a eles impostos. Os contratos geralmente são sinalagmáticos e, na ordem econômica, busca-se o equilíbrio. Busca-se a função social interna (as trocas equilibradas entre os contratantes). Almeja-se à equivalência das prestações contratuais (objetivo pretendido pelo princípio do equilíbrio econômico). Art. 170 – CF: A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: O art. 170 da CF contém limites à autonomia contratual, tais como a justiça social, a função social da propriedade e a dignidade da pessoa humana. 2. A revisão judicial do contrato: Noções introdutórias: A ideia de revisão do contrato sempre será uma excepcionalidade. Em virtude da obrigatoriedade do contrato, as partes devem adimplir suas obrigações e o contrato não pode ser modificado unilateralmente (pacta sunt servanda). A mudança do paradigma acerca da autonomia da vontade permitiu a alteração judicial no contrato para adequá-lo aos ditames legais. Aintervenção judicial tem sido permitida em situações excepcionais, em que o contrato tenha sofrido abalo em sua estrutura, gerando a excessiva onerosidade para uma ou ambas as partes, mesmo que não cause excessivo benefício em prol do credor. Para Pietro Perlingieri, o princípio da proporcionalidade não objetiva impor uma equivalência entre as prestações, mas impedir uma desproporção injustificada entre elas. O sistema capitalista é pautado na obtenção do lucro, todavia, esse lucro não pode ser abusivo. Thiago Coelho (@taj_studies) Recorte histórico: A ideia de revisão contratual não é nova. Ela tem suas raízes no Código de Hamurabi – havendo eventos imprevisíveis, as partes ficariam liberadas de pagar os juros. Essa perspectiva se consolidou na Idade Média (admitia-se a modificação contratual a luz do direito canônico). Com a ascensão do liberalismo, tem-se a ideia da força obrigatória do contrato e a mínima intervenção do Estado. Com o advento da 1ª Guerra Mundial, tem-se problemas de cumprir contrato a longo prazo (os juros dispararam em virtude das dificuldades econômicas trazidas pelo conflito mundial). A França resgatou a Lei Failliot (1918), pautado na possibilidade de resolução contratual para contratos de trato sucessivo, em que os prejuízos fossem maiores que os que poderiam ser razoavelmente previstos. A ideia inicial da lei era extinguir o contrato para estancar o prejuízo que o contratante tinha. Teorias: De caráter subjetivo (Windescheid): Quando alguém manifesta sua vontade em um contrato, o faz sob um determinado conjunto de pressuposições que, se mantidas, conservam a vontade, e, se alteradas, exoneram o contratante. Essa teoria, contudo, gera uma insegurança muito grande. No dia-dia, não é necessário manifestar os motivos que levaram uma parte a participar da relação contratual (algo muito interno/íntimo/subjetivo), salvo se tratar de uma razão determinante para o contrato (lógica do Direito das Obrigações); De caráter objetivo: Complementou a teoria de caráter subjetivo. Reciprocidade ou equivalência das condições nos contratos bilaterais onerosos a justificar a sua revisão quando a comutatividade for comprometida substancialmente, quanto na função social e econômica do contrato, como ocorre no abuso de direito; Contribuição de Karl Larenz – teoria da base do negócio jurídico: a) Como base subjetiva, ligada à vontade das partes, consubstanciada na representação mental existente ao se concluir o negócio que tenha influenciado na formação dos motivo; b) Como base objetiva, conjunto de circunstâncias cuja existência ou persistência pressupõe o contrato para que possa ser alcançado seu fim; Thiago Coelho (@taj_studies) No direito brasileiro, emerge a teoria da imprevisão: Art. 317 – CC: Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. Art. 478 – CC: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Análise do art. 478 do Código Civil: Art. 478 – CC: Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. Crítica da doutrina: A exigência da imprevisibilidade torna praticamente impossível rever um contrato por fato superveniente. Imprecisão dos conceitos de “imprevisível” e “extraordinário”. Hoje, para Vicente Passos, só pandemias, que tendem a ser, cada vez mais, recorrentes a medida que o homem expande seu objetivo explorador. Levando a rigor o dispositivo acima, ele nunca será aplicado. Flávio Tartuce: “Se o desequilíbrio do contrato é exorbitante, isso por si só deve fazer presumir a imprevisibilidade e extraordinariedade dos antecedentes causais que conduziram ao desequilíbrio”. Visão mais tradicional no que tange à revisão contratual. Anderson Schreiber: “O foco da análise deve se deslocar da questão da imprevisibilidade e extraordinariedade (do acontecimento apontado como ‘causa’) para o desequilíbrio contratual em concreto”. Trata-se de uma posição mais relutante à revisão contratual. Deve- se pensar menos para o imprevisível/extraordinário e mais no equilíbrio contratual. Qual a teoria adotada pelo Código Civil? Há divergências: Teoria da imprevisão: Maria Helena Diniz, Álvaro Villaça Azevedo, Renan Lotufo, Paulo Lôbo; Teoria da onerosidade excessiva: Judith Martins-Costa e Antonio Junqueira de Azevedo; Híbrida: Imprevisibilidade somada à onerosidade excessiva (Flávio Tartuce); Thiago Coelho (@taj_studies) Critérios para a revisão: I – Incidência apenas para os contratos de execução diferida e de execução continuada. O futuro só impacta nos contratos de execução diferida e de execução continuada. Contratos de execução diferida: Contratos cujo momento da realização da prestação (ou início da prestação, se fracionada) é adiada no tempo, havendo um intervalo entre o momento da constituição do contrato e o momento do efetivo adimplemento da prestação; Contratos de execução continuada: São os que se cumprem por meio de atos reiterados, ou seja, há uma pluralidade de prestações; Súmula 286, STJ: A renegociação de contrato bancário ou a confissão da dívida não impede a possibilidade de discussão sobre eventuais ilegalidades dos contratos anteriores. É prática dos bancos a novação – criar uma nova obrigação (com o animus de novar), extinguindo a anterior. Os bancos tendem a buscar a unificação dos contratos para clientes endividados. Começa-se o novo contrato com uma confissão de dívida. O STJ adota a ideia de que a renegociação não impede a discussão sobre ilegalidades dos contratos anteriores. O contrato atual estaria defeituoso em virtude dos defeitos contidos nos contratos que o ensejaram. II – Apenas para os contratos bilaterais ou sinalagmáticos (em regra). O art. 480 do Código Civil possibilita a revisão dos contratos unilaterais (que geram deveres a uma só parte), desde que onerosos. Art. 480 – CC: Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva. III – Apenas para os contratos comutativos. Há um equilíbrio entre prestação e contraprestação. Thiago Coelho (@taj_studies) A revisão por imprevisibilidade e onerosidade excessiva não poderá ocorrer caso o contrato seja aleatório, em regra. Em regra, não se aplica a revisão contratual para contratos aleatórios (contratos que há um risco). Em um contrato de plano de saúde, não é admissível a devolução do dinheiro caso os exames anuais não apontem irregularidades de saúde. O que admite a revisão contratual é o aumento repentino do valor sem fundamento. Enunciado 440 da V Jornada: É possível a revisão ou resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios, desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a álea assumida no contrato. Em regra não se aplica a lesão para contratos aleatórios. a) Não há necessidade de provar que uma das partes auferiu vantagens, bastando a prova do prejuízo e do desequilíbrio negocial. Enunciado 365 da IV Jornada: “a extrema vantagem do art. 478 deve ser interpretadacomo elemento acidental da alteração de circunstâncias, que comporta a incidência da resolução ou revisão do negócio por onerosidade excessiva, independentemente de sua demonstração plena”. b) Se a onerosidade excessiva decorre da álea normal e não de acontecimento imprevisível, bem como no contratos aleatórios, em regra, é incabível a revisão contratual. Neste caso, o indivíduo assumiu o risco e foi prejudicado, nada podendo fazer. Contratar e desenvolver atividade econômica é risco. Enunciado 366 da IV Jornada: O fato extraordinário e imprevisível causador de onerosidade excessiva é aquele que não está coberto objetivamente pelos riscos próprios da contratação. OBS: Crítica da doutrina sobre este enunciado: necessidade de análise casuística, pois uma pequena oscilação de preço pode trazer extrema onerosidade a uma parte que seja vulnerável. Enunciado 439 da V Jornada: A revisão do contrato por onerosidade excessiva fundada no Código Civil deve levar em conta a natureza do objeto do contrato. Nas relações empresariais, observar-se-á a sofisticação dos contratantes e a alocação de riscos por eles assumidas com o contrato. Thiago Coelho (@taj_studies) Distingue-se contratos cíveis e empresariais. Nos contratos cíveis, tem-se maior chance de aplicação da teoria; já no mundo empresarial tem-se a assimetria entre os contratantes. c) Possibilidade de revisão judicial. Enunciado 176 da III Jornada: Em atenção ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à resolução contratual. O art. 478 do Código Civil foi mal elaborado e uma interpretação literal culmina na possibilidade de resolução do contrato (extinção). A revisão pautada no art. 478 trata-se de uma criação doutrinária. O enunciado acima busca “salvar” o artigo mencionado. O art. 479 do referido diploma foi ainda pior redigido. Os enunciados têm sido aplicados jurisprudencialmente a fim de esclarecer os artigos envolvidos. Art. 479 – CC: A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar eqüitativamente as condições do contrato. d) Enunciados importantes para uma solução plausível para a questão da imprevisibilidade. Enunciado 17 da I Jornada: A interpretação da expressão ‘motivos imprevisíveis’, constante do art. 317 do Código Civil, deve abarcar tanto causas de desproporção não previsíveis como também causas previsíveis, mas de resultado imprevisíveis. Enunciado 175 da III Jornada: A menção à imprevisibilidade e à extraordinariedade, insertas no art. 478 do Código Civil, deve ser interpretada não somente em relação ao fato que gere o desequilíbrio, mas também em relação às consequências que ele produz. A revisão no contrato de locação (art. 19 da Lei 8.245/1991): Art. 19 – Lei 8.245/91: Não havendo acordo, o locador ou locatário, após três anos de vigência do contrato ou do acordo anteriormente realizado, poderão pedir revisão judicial do aluguel, a fim de ajustá-lo ao preço de mercado. Há um requisito: temporal (3 anos). A revisão na aplicação do CDC: Thiago Coelho (@taj_studies) Não fala em extinção, mas em modificação das cláusulas contratuais. Art. 6º - CDC: São direitos básicos do consumidor: V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas Art. 51 – CDC: § 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a vantagem que: III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e outras circunstâncias peculiares ao caso. § 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das partes. Para Paula Greco Bandeira, “as cláusulas de hardship consistem em previsões apostas nos contratos que determinam a renegociação pelos contratantes, dos termos contratuais originários, em razão da configuração do que se convencionou denominar hardship, com vistas à manutenção do negócio em novas bases”. Usada habitualmente nos contratos internacionais, mas pode ser aplicada nos contratos de direito interno. Permite que os contratantes estabeleçam quais os eventos que caracterizam sua incidência, podendo, inclusive, excluir expressamente alguns. Possibilita, ainda, estabelecer a constatação do evento e os procedimentos para a revisão do contrato. Exemplo de decisão judicial: Thiago Coelho (@taj_studies) O STJ entendeu pela não aplicação da teoria da imprevisibilidade pelas seguintes razões: Os contratos em discussão não eram de execução continuada ou diferida; A alta do preço da soja não tornou a prestação excessivamente onerosa, mas apenas reduziu o lucro; Ambas as partes contratantes conhecem o mercado em que atuam e sabem que flutuações cambiais são possíveis; A posição de 2011, hoje, se mantém. AULA 04 – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS: 1. Classificação dos contratos: Quanto à declaração de vontades para a produção de efeitos: Bilaterais: Quando os contratantes são simultânea e reciprocamente credores e devedores uns dos outros, produzindo o negócio direito e deveres para ambos (há uma correspectividade de direitos e deveres). O contrato bilateral também é chamado de sinalagmático. O sinalagma é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e deveres entre si (relação obrigacional complexa). Thiago Coelho (@taj_studies) No que tange à obrigação de dar coisa certa, se por acaso, a coisa se perder sem culpa do devedor, antes de efetuada a tradição, resolve-se a obrigação sem pagamento de perdas e danos. A coisa, antes da tradição, pertence ao devedor. Unilaterais: Aqueles que geram exigibilidade apenas para uma das partes. A título exemplificativo pode-se citar doação pura, depósito, mútuo, comodato, mandato, fiança. Apesar da presença de duas vontades, apenas uma delas será devedora, não havendo contraprestação (“partes” não se confunde com “pessoas”). Segundo Karl Larenz, existe contrato bilateral quando ambas as partes contraem obrigações em que, ao menos, alguns dos deveres recíprocos de prestação estão vinculados entre si, de modo que a prestação de um representa a contraprestação, a compensação pela outra. Contudo, não há necessidade de que todas as prestações tenham esse nexo de equivalência e reciprocidade, pois há obrigações acessórias (devolver coisas ao fim do contrato) e deveres de conduta (informação) que existem apenas para uma das partes. O contrato bilateral imperfeito é originalmente unilateral e, posteriormente, na sua execução, gera uma obrigação para aquele contratante que não a tinha (ressarcir a contraparte por alguma despesa efetuada >> mudança de circunstância). Todavia, este tipo de contrato não deixa de ser unilateral, porque o problema surge na execução e não na sua origem. Plurilaterais: Parte da doutrina considera que tal classificação não existe, tratando os contratos plurilaterais como acordos, atos coletivos. Partindo do pressuposto que existem, os contratos plurilaterais são aqueles em que há várias partes, todas elas na busca da mesma finalidade, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos na mesma proporção. A título exemplificativo pode-se citar o seguro de vida em grupo, o contrato de consórcio e o contrato de sociedade. Efeitos da classificação: a) Só nos contratos bilaterais é possível a exceção do contrato não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), em razão do sinalagma (art. 476, CC). Art. 476 – CC: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigiro implemento da do outro. Thiago Coelho (@taj_studies) Não se admite cobrar do outro sem fazer a própria parte, sob pena de configurar abuso de direito. b) Só nos contratos bilaterais é possível aplicar-se a teoria da condição resolutiva tácita, posto que, se uma obrigação está vinculada à outra, o não cumprimento de uma delas faz com que perca o sentido do cumprimento da outra parte; Não é possível, por exemplo, resolver um contrato pois a outra parte não está agindo da forma que lhe cabe. O contrato de comodato é unilateral. c) Só nos contratos bilaterais (e comutativos) é possível a aplicação da sistemática dos vícios redibitórios (art. 441, CC). Art. 441 – CC: A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo único - É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. Em uma doação pura de coisa usada, por exemplo, aquele que se beneficiou da doação não pode contestar o estado da prestação. A doação pura consiste em um contrato unilateral. Ex: A doa, sem cobrar nada, um carro usado para B. B começa, após usar, que o carro não está funcionando bem e resolve reclamar com A. Nada poderá ser feito. Ex: A compra um produto e posteriormente contata que este não serve para utilização. Há, neste caso, a possibilidade de redibir (devolver o bem e receber a quantia) ou pedir o abatimento do preço. Quanto às vantagens patrimoniais: Gratuitos: Aqueles que oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem sem qualquer contraprestação (doação pura, comodato, mútuo sem pagamento de juros, o depósito e o mandato gratuitos). Onerosos: Aqueles que trazem vantagens (benefícios) para ambos os contratantes, pois ambos sofrem o mencionado sacrifício patrimonial (ideia de proveito alcançado). Ambos sacrificam o seu patrimônio para obter benefícios (ex: contrato de compra e venda). Thiago Coelho (@taj_studies) Bifrontes: Podem ser onerosos ou gratuitos, a depender da vontade das partes (depósito, mandato). É importante se atentar a essa classificação devido aos efeitos resultantes – como a possibilidade de modificação contratual. Ex: A pede para estacionar o seu veículo na garagem de B. B nada cobra. >> Contrato de depósito gratuito; Ex: B cobra um valor para que A estacione o seu veículo na garagem >> Contrato de depósito oneroso; Ex: A vai viajar e pede para que B o represente em uma negociação. B não cobra nada >> Contrato de mandato gratuito; Ex: A vai viajar e pede para que B o represente em uma negociação. B cobra uma quantia a A em virtude do deslocamento e da alta no preço dos combustíveis >> Contrato de mandato oneroso; A imposição de alguns deveres no contrato gratuito não modifica a sua natureza. Não há estrita correlação entre contratos onerosos e bilaterais, bem como unilaterais e gratuitos. Podem existir contratos onerosos e unilaterais, assim como bilaterais e gratuitos. Entretanto, na prática, é o mais comum. O único contrato unilateral e oneroso é o mútuo redibitório – empresta-se algo, recebendo ele mais outro bem. Ex: Banco empresta e recebe o equivalente + juros. Reflexos: a) Na interpretação: Os gratuitos são interpretados estritamente para não prejudicar aquele que fez a liberalidade (art. 114, CC). b) A questão da responsabilidade: Art. 392 – CC: Nos contratos benéficos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por culpa, salvo as exceções previstas em lei. O art. 392 mitiga o art. 186 do Código Civil (este fala em culpa em sentido lato – culpa em sentido estrito e dolo). O contrato benéfico aproveita quem usufrui do bem de forma gratuita (este responde por culpa e, a outra parte, por dolo). Thiago Coelho (@taj_studies) Nos contratos onerosos responde cada uma das partes por culpa. OBS: Ressalva referente às situações específicas de responsabilidade objetiva (não se analisa dolo/culpa). c) A questão da evicção: Os riscos da evicção só são suportados por aquele que adquire bens em contratos onerosos. A evicção é constatada quando a pessoa que transferiu o bem não tinha legitimidade. Ex: A transferiu um bem de B a C. Quando B descobre isso, B, na condição de proprietário pode reaver o bem (art. 1228, CC). Art. 1.228 – CC: O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. d) Os vícios redibitórios: A sistemática dos vícios redibitórios só é aplicada nos contratos onerosos. Art. 441 – CC: A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso o que é destinada, ou lhe diminuam o valor. Parágrafo Único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. e) Situações de fraude contra credores são analisadas mais severamente nos contratos benéficos. Quanto aos riscos envolvidos: Comutativos: Para Maria Helena Diniz, “contrato comutativo é, pois, o oneroso e bilateral, em que cada contraente, além de receber do outro prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar, de imediato, essa equivalência”. Não há o fator risco em relação às prestações, pois serão certas e determinadas. Aleatórios: De acordo com Carlos Roberto Gonçalves, contrato aleatório “é aquele bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida”. Há uma Thiago Coelho (@taj_studies) assunção do risco de não receber a contraprestação. A título exemplificativo pode-se citar a aposta, como a mega-sena, e o contrato de plano de saúde, o qual pode ser utilizado ou não). Os contratos aleatórios são regulados nos arts. 458 a 461 do Código Civil e se subdividem em: Aleatórios pela própria natureza: Seguro, jogo e aposta, etc; Acidentalmente aleatórios: São comutativos, mas viram aleatórios por vontade das partes; Art. 458 – CC: Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir. O art. 458 discorre sobre a possibilidade de contrato aleatório voltado para o futuro e o contratante assume o risco de nada receber. A parte que prometeu o valor tem que pagá-lo, mesmo que não se concretize a condição (ex: contratos de safra – o devedor tem que pagar independentemente da safra ter rendido ou não). Art. 459 – CC: Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido. Trata-se do contrato de compra de coisa futura, sem assunção de risco pela existência (emptio rei speratae). Aqui o alienante se compromete a entregar algo, ainda que, em quantidade inferior à pretendida. Se nada vier a existir, a alienação não haverá e o valor será restituído. Art. 460 – CC: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 461 – CC: Aalienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no contrato se considerava exposta a coisa. A última possibilidade trata-se do contrato de compra de coisa presente, mas já exposta a risco assumido pelo contratante. Tal hipótese é expressa no art. 460 do CC. Neste caso, o bem já existente, mas pode sofrer algum tipo de risco no seu transporte. Se o contratante vendedor souber da consumação do risco, o contrato pode ser anulado em virtude do dolo (art. 461, CC). Ex: Um brasileiro comprou o produto X que vem da China e não há informações durante o seu deslocamento. Antes da entrega o navio de transporte foi saqueado. Em regra, a China tem que pagar ao brasileiro. Observações: Para saber se o contrato é sem ou com risco deve-se analisar o conteúdo contratual; Na dúvida, deve-se aplicar a ideia de que o adquirente firmou o contrato sem assumir o risco (presunção da putatividade); Doutrina majoritária entende que não há possibilidade de se falar em lesão em contratos aleatórios, salvo pequena divergência (Venosa, Varela,...). O contrato de lesão é pautado na desproporcionalidade (ausência de comutatividade) e como não há essa proporcionalidade no contrato aleatório (sorte ou azar), então não se pode falar em lesão; Em regra, não é possível rever judicialmente um contrato aleatório, salvo na parte comutativa – que não for aleatória (a qual admite lesão); A evicção e os vícios redibitórios só existem nos contratos comutativos. Ratifica-se a ideia do equilíbrio; Quanto à forma: Informais: Regra – vide o princípio da liberdade de forma. Ex: contrato de transporte; Formais (solenes): Aqueles que exigem escritura pública. Além de ser por escrito, deve-se ser efetuado de forma pública. Ex: doação (art. 541, CC), fiança (art. 819, CC) e contratos de adesão (art. 54, § 3º, CDC); Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 54, § 4º - CDC: As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão. Deve-se chamar a atenção (dever anexo de informação combinado com o princípio da transparência) do consumidor. Quanto ao momento de execução: instantâneo, diferido e de trato sucessivo: Instantâneos, de execução única ou imediata: Que se consumam em um só ato, cumpridos após a conclusão do negócio jurídico. Ex: A vende um notebook a B à vista e B leva o notebook logo no momento da efetuação do pagamento; De execução diferida: Que se cumprem em um só ato, mas em momento futuro (a termo). Ex: A e B pactuam a compra e venda de um notebook para a semana seguinte. Na semana seguinte, A vende o notebook a B e B leva o notebook; De execução continuada ou trato sucessivo: Que são cumpridos por meio de atos reiterados (a obrigação se sustenta ao longo do tempo). Ex: Contratos de empreitada, contratos de distribuição, contratos de locação, etc; Efeitos: a) A teoria da imprevisão que enseja a resolução por onerosidade excessiva pode ser aplicada nos contratos de duração e nos instantâneos de execução diferida. O futuro não afeta os contratos instantâneos; b) Nos contratos de execução instantânea (compra e venda) a nulidade ou a resolução por inadimplemento leva as partes ao status quo ante, já nos contratos de execução continuada respeitam-se os efeitos passados (locação, prestação de serviços). Não se admite retornar ao estado inicial pré-contrato nos contratos de execução continuada, o que é admissível nos contratos de execução instantânea (constatar um defeito na prestação e resolver o contrato, devolvendo a mercadoria); c) A prescrição da pretensão para exigir o cumprimento das prestações começa a fluir a partir do vencimento de cada prestação inadimplida (trato sucessivo). Se o contrato é continuativo, a prescrição se opera parcela por parcela. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 189 – CC: Violado o direito, nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. AULA 05 – FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 1. Classificação dos contratos (continuação): Quanto à existência em si mesmo: principais e acessórios: Principais ou independentes: Que existem por si só, não havendo qualquer relação de dependência em relação ao outro pacto; Acessórios: Cuja validade depende de outro negócio, o contrato principal (penhor, hipoteca, convencional, franquia), do qual dependem juridicamente (princípio da gravitação jurídica); Efeitos: a) A sorte do contrato acessório segue o principal; porém o contrário não ocorre; Art. 184 – CC: Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal. Se se conseguir destacar a “parte podre” do contrato e este possa ser mantido, o contrato pode se manter, retirado o que não pode ser aproveitado. b) A prescrição da pretensão do contrato acessório é idêntica a do principal. Quanto à pessoalidade: Pessoais (intuito personae, personalíssimos): Firmados em razão de uma qualidade de uma pessoa. Ex: Contrato de fiança, pois a condição de fiador não se transmite aos herdeiros, mas somente as obrigações vencidas e não pagas, enquanto era vivo o fiador e até os limites da herança (art. 836 – CC); Thiago Coelho (@taj_studies) Impessoais: Aqueles em que a pessoa do contratante não é juridicamente relevante para a conclusão do negócio. Não se tem a restrição a apenas uma pessoa; Quanto à duração: Por prazo determinado: Contratos que se esgotam em determinado momento; Por prazo indeterminado: Contratos que não apresentam prazo para esgotar. São contratos que se perpetuam ao longo do tempo, uma vez que a relação é continuativa e essencial (contratos que envolvam serviços essenciais: planos de saúde, banco, energia, água, etc). Via de regra, precisa-se de uma motivação (uma causa) para extinguir e o dever de informar a parte contrária. Ex: A presta serviços para B. A deve comunicar previamente que se aposentará a B. B deve comunicar caso não queira mais os serviços prestados por A. Art. 473 – CC: A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. Parágrafo único. Se porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. O poder de extinguir o contrato por prazo determinado ou indeterminado está vinculado a determinadas situações. Quanto ao momento do aperfeiçoamento do contrato: Consensuais: Aqueles que se aperfeiçoam com o mero consentimento. Ex: Contrato de compra e venda; Reais: Só se aperfeiçoam com a entrega da coisa (tradição). A entrega da coisa é o motivo do negócio. Quanto à previsão legal: Típicos: Apresentam previsão legal.; Atípicos (art. 425, CC): Não apresentam previsão legal. Podem as partes, contudo, estipular contratos atípicos, desde que respeitem as normas do Código Civil. Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 425 – CC: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código. Quanto à natureza do objeto: A relação será civil, empresarial ou de consumo conforme a sua função, consoante a característica finalística da relação obrigacional. Empresariais: Aqueles em que o intuito dos contratantes ou de pelo menos um deles é o lucro. Serão contratos B2B. Neles,há o privilégio da autonomia das partes, sendo possível cláusula de não indenizar (o que seria nulo em um contrato de consumo). Há maior liberdade, ocorrendo menor tutela do Estado. Ex: Contratos de compra e venda mercantil, representação comercial, distribuição, trepasse de estabelecimento, integração, venda de ações, acordo de sócios, faturização, know how, dentre outros; Civis: Aqueles tidos por exclusão aos empresariais e os de consumo. Presumem a paridade e simetria entre as partes, mas que não se enquadram nos empresariais; De consumo: Aqueles em que, de um lado, há um consumidor e do outro, existe um fornecedor; O conceito de consumidor é interpretado de forma distinta por duas correntes. Para a teoria finalista/minimalista (subjetiva), consumidor é o destinatário fático e econômico do produto. Para a teoria maximalista (objetiva), o consumidor é o destinatário fático, pouco importando o que fará com o produto (basta apenas retirá-lo daquela cadeia produtiva/retira de circulação). Hoje prevalece um finalismo mitigado. 2. Formação de contratos: Para Caio Mário da Silva Pereira, o contrato não nasce todo pronto. É ao revés, o resultado de uma série de momentos ou fases, que às vezes se interpenetram, mas que em detida análise perfeitamente se destacam: negociações, preliminares; proposta, aceitação. A formação progressiva do contrato é típica do modelo clássico de contratação. (maior espaço para o indivíduo concluir ou não o contrato ou estabelecer seu conteúdo). Aplicável aos contratos paritários nas relações entre contratantes privados. Thiago Coelho (@taj_studies) O período pré-contratual: A doutrina chama de puntuação, tratativas que se dividem em dois momentos: Negociações: Há maior maleabilidade, flexibilidade, discricionariedade; Proposta: Elemento mais vinculativo, geralmente discorrendo sobre valores; Fase de negociação: As negociações preliminares (fase de puntuação). Analisa-se acerca da conveniência de celebrar o contrato. Na tratativa não há vontade definitiva e nem a imposição de critérios vinculativos. Não se confunde com oferta – aqui já está certo o acordo, ocorrendo a proposta e a contraproposta do preço. A oferta gera a exigibilidade, é um passo além da negociação, gerando impactos. Tratativa não se confunde com contrato preliminar. Embora ambas sejam antecedentes ao contrato definitivo, aquelas não vinculam necessariamente, pois não se sabe se as partes irão concluir o negócio jurídico. Romper uma relação sem motivo aparente e de forma repentina pode ensejar uma indenização. Há uma condição: caso gerada uma expectativa legítima na parte contrária. Ex: A sinaliza que vai alugar o imóvel de B. B sai do imóvel. Do nada, A resolve mudar de ideia. Pode-se elaborar uma carta de intenções, que garante o estabelecimento de certas premissas a que chegaram. Não é um documento vinculante. Embora estes documentos não sejam vinculantes, isso não enseja necessariamente garantia absoluta de exclusão de responsabilidade dos envolvidos. Admite-se a possibilidade de as partes serem compelidas a indenizar a contraparte (tutela reparatória) ou, até mesmo, a concluir a operação (tutela jurídica específica). Podem também ser firmados, durante o processo de diligência prévia*, cláusulas de confidencialidade. Assim, o vendedor tem o dever de revelar ao potencial comprador, mas não ao público em geral, todos os riscos envolvidos no seu negócio. *Diligência prévia: processo de investigação de informações de determinada empresa. Fase de oferta (proposta): Fase vinculante. Uma vez feita, o sujeito se vincula à oferta. Thiago Coelho (@taj_studies) A oferta (policitação ou oblação) é uma declaração unilateral de vontade onde o proponente (ofertante, proponente ou policitante) informa ao aceitante (oblato) os elementos essenciais do negócio jurídico, que, caso seja aceito por este, ocorrerá a conclusão do contrato. Assim como a proposta, a aceitação é unilateral. Ambos produzem efeitos próprios, sendo o principal a vinculatividade. Quando ambas são feitas, surge o negócio jurídico bilateral: o contrato. Caso ocorra uma contraproposta, os papéis se invertem – o proponente passa a ser oblato e vice-versa. Perante o CDC, a proposta tem grande relevância em razão dos seus princípios, especialmente por causa da necessidade de esclarecimento acerca do preço, das características do produto, quantidade, segurança, etc. (art. 6º, III c/c art. 30 c/c art. 31, CDC). 3. A vinculatividade das tratativas: Art. 427 – CC: A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do caso. Há a possibilidade da retratação em algumas situações: a) Se o proponente informa que poderá retratar-se ou desistir da conclusão do contrato (vedado no CDC); se o estoque do produto oferecido terminar, ou se circunstâncias advindas do próprio caso permitirem a retratação; b) Natureza do negócio: No seguro, a proposta parte da pessoa do segurado, não da seguradora (art. 759), pois aquele deverá declarar os elementos essenciais do interesse a ser garantido e do risco, para que a seguradora possa avaliar se aceitará ou não o contrato de seguro; c) Circunstâncias do caso: A teor do art. 428, há outras hipóteses que retiram a obrigatoriedade da proposta Até que momento a proposta é obrigatória: Se o contrato for entre presentes – art. 428, I, CC. Se o contrato for feito entre ausentes: art. 428, II e III, CC. Art. 428 – CC: Deixa de ser obrigatória a proposta: Thiago Coelho (@taj_studies) I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante; II - se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente; III - se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado; O parágrafo único do art. 429 dispõe que, para haver a revogação da oferta, deverá tal hipótese estar prevista, e quando manifestada, deverá ocorrer pela mesma via de sua divulgação. A oferta perante o CDC gera a força obrigatória da proposta, vinculando o fornecedor de produtos ou serviços aos seus termos, até o fim da sua validade (art. 35, CDC): Art. 35 – CDC: Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha: I – exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou publicidade; II – aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente; III – rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos. Duração da proposta: Como não se eterniza, a oferta vale até o prazo determinado (ou determinável) fixado ou até a realização do contrato. A aceitação sob condição ou com elementos distintos da oferta original corresponde a uma nova proposta (art. 431 – CC). Art. 431 – CC: A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 4. Teorias sobre a formação dos contratos: Apesar de ter perdido o sentido, seguem cobradas em concursos públicos. Thiago Coelho (@taj_studies) Sistema de cognição ou informação: O contrato seria concluído quando o proponente tomasse conhecimento da aceitação do oblato. Critica: a conclusão do negócio ficaria à mercê do proponente, que poderia ou não abrir a correspondência; Sistema da agnação ou declaração em geral: O negócio jurídico se concretiza pela declaração do oblato. Há subteorias: Declaração propriamente dita (agnição): O contrato conclui-se no momento em que o oblato começa a redigir a resposta.Como essa vontade não foi manifestada, não surge qualquer efeito jurídico; Teoria da expedição: O contrato se consuma no momento em que é expedida a aceitação pelo oblato; Teoria da recepção: A consumação se dá quando o proponente recebe a comunicação, ainda que não a leia; Teoria da informação ou cognição: Formado o contrato quando o proponente é cientificado da aceitação OBS: As exceções previstas no art. 434 ensejam a percepção que o sistema é o da recepção, apesar dele fazer expressa menção à expedição. Art. 433 – CC: Considera-se inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante. Ex: A envia uma correspondência para B. No dia seguinte, antes que a correspondência chegue, A resolve consertar determinados tópicos e envia outra correspondência para B, pedindo-lhe que desconsidere a primeira. O contrato existe e está concluído desde o dia anterior, logo, agora se fala em resolução contratual, necessitando do consentimento de B (não é um ato unilateral de A). O que importa não é o momento em que foi enviado, mas o momento em que B tomou conhecimento. Art. 434 – CC: Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. OBS: O proponente é obrigado a informar o aceitante, caso sua adesão, chegar ao conhecimento do proponente, após o prazo fixado (teoria da recepção). Thiago Coelho (@taj_studies) Art. 430 – CC: Se a aceitação, por circunstância imprevista, chegar tarde ao conhecimento do proponente, este comunicá-lo-á imediatamente ao aceitante, sob pena de responder por perdas e danos. Se se fixa um prazo para a comunicação, mas por circunstâncias imprevisíveis, a comunicação ocorre fora do prazo, é necessária a informação à outra parte. Ex: D envia, no prazo fixado, uma carta para B (que mora em Salvador) e uma carta para C (que mora em São Paulo). A carta diz respeito a uma oferta de compra de imóvel. A carta de B vai parar em El Salvador por erro da transportadora. A carta de C é entregue em São Paulo no prazo. D resolve negociar com C, pois como B não se manifestou, imaginou que este não havia demonstrado interesse. D comunica a B o ocorrido, ou seja, que a não entrega não se deu por sua culpa. AULA 06 – RESPONSABILIDADE CIVIL 1. Responsabilidade civil pré-contratual: Art. 422 – CC: Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. A quebra imotivada e danosa das conversações pode gerar responsabilidade se criou a expectativa legítima de que o contrato seria realizado. É um direito não contratar, mas há um abuso quando não há a possibilidade de não contratar em virtude de uma sinalização feita anteriormente. Ex: Contrato de locação que foi quebrado de forma infundada após promover uma justa e razoável expectativa de sua conclusão na parte contrária. A doutrina fala em “dano à confiança”, verificado em decorrência das tratativas frustradas. Geram danos emergentes em razão das despesas efetuadas pelo lesado durante as negociações preliminares, e lucros cessantes pelas oportunidades de negócios que a parte perdeu no período em que estava entabulando as tratativas. Ex: A comprou um imóvel em um bairro nobre, tendo a legítima expectativa de que as peças lá inseridas (como um vaso sanitário) sejam de alta qualidade. Tal expectativa não ocorreria caso adquirisse um imóvel em um bairro popular (sem, aqui, qualquer viés discriminatório). Na responsabilidade subjetiva engloba quatro elementos: Conduta; Thiago Coelho (@taj_studies) Dano sofrido; Nexo de causalidade (elo entre conduta e dano); Dolo/culpa (desnecessário na responsabilidade objetiva); Enunciado 25 da I Jornada: O art. 422 do Código Civil não inviabiliza a aplicação pelo julgador do princípio da boa-fé nas fases pré-contratual e pós-contratual. Conclui-se, portanto, que a lei disse menos do que pretendia dizer. Enunciado 170 da III Jornada: A boa-fé objetiva deve ser observada pelas partes na fase de negociações preliminares e após a execução do contrato, quando tal exigência decorrer da natureza do contrato. Quando se tem abuso de direito na responsabilidade civil pré-contratual, essa seria independentemente de culpa, bastando que o ofendido prove o nexo de causalidade entre conduta e dano sofrido. A mera abdicação da contratação, por si só, não caracteriza abuso de direito. Há uma divergência doutrinária acerca da natureza dessa responsabilidade civil pré- contratual: a) Responsabilidade objetiva: Flávio Tartuce, amparando-se no abuso de direito. Enunciado 37 da I Jornada: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-finalístico. Enunciado 363 da IV Jornada: Os princípios da probidade e da confiança são de ordem pública, estando a parte lesada somente obrigada a demonstrar a existência da violação; b) Responsabilidade subjetiva: Antonio Junqueira de Azevedo, Carlos Alberto Bittar, Caio Mário da Silva Pereira e Maria Helena Diniz, com base na responsabilidade extracontratual; Ver anotações feitas no PDF “RECURSO ESPECIAL Nº 1.367.955 - SP (2011/0262391-7)”. 2. Contrato preliminar – arts. 462 a 466, CC: Para Silvio Rodrigues, “o contrato preliminar (pacto de contrahendo) é uma espécie de convenção, cujo objeto é sempre o mesmo, ou seja, a realização de um contrato definitivo”. A título exemplificativo pode-se citar a promessa de compra e venda, necessitando de escritura pública no caso de valores superiores a 30 salários mínimos. Sem escritura pública, não se consegue transferir a propriedade do bem. Thiago Coelho (@taj_studies) O contrato preliminar pode se aplicar a todo e a qualquer tipo de negociação. O objeto é o mesmo: assumir que elaborará um contrato definitivo em um momento oportuno. É necessário se comprometer não somente pela palavra, por isso se elaboram os chamados contratos preliminares. Há o interesse de concluir, no futuro, o contrato definitivo e, com isso, realizar efetivamente a operação econômica. Tem-se um compromisso futuro como consequência deste contrato preliminar. São as seguintes utilidades práticas do contrato preliminar: Conveniência ou necessidade de criação de várias figuras contratuais para alcance dos objetivos pretendidos pelas partes; Ausência de documentação ou de verba suficiente no momento da contratação; Ausência de informações adequadas sobre o objeto do contrato ou sobre o contratante (necessidade de realização de due dilligence); Impedimento eventual incidindo sobre o objeto do contrato; O regramento legal trata-se do art. 462 do Código Civil, o qual diz: Art. 462 – CC: O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. Vige o princípio da liberdade da forma. Não podem existir cláusulas que ofendam direitos de personalidade (“se você não mudar de religião, não farei a doação”). Seria uma cláusula válida, por exemplo, “se você se casar, não farei a doação”. Não se pode, destarte, ofender a moral e a ordem pública. Vejamos um exemplo de decisão judicial: “É por esta razão que se afigura juridicamente possível o ajuizamento de ação de adjudicação compulsória pautada em compromisso de compra e venda verbal, sendo viável a realização de prova testemunhal para a sua comprovação” (TJSP, Apelação 0002070- 53.2014.8.26.0372, 2.ª Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Rosangela Telles, j. 20.09.2016). No caso anterior, as partes fizeram uma promessa verbal (válida pois não é exigida em lei uma forma específica) de compra e venda, comprovada por testemunhas (não exigência deuma prova específica). O contrato verbal tem validade, embora não seja recomendado, uma vez que gera insegurança jurídica (dificuldade em provar a sua existência). O Direito não prova o fato, mas as consequências jurídicas deste. A execução do contrato preliminar dependerá da retratabilidade pactuada: Thiago Coelho (@taj_studies) Se retratável: Resolve-se pela perda do sinal (arras) ou devolução das arras + pagamento de quantia equivalente, sem perdas e danos. Há, aqui, um direito potestativo (gera o estado de sujeição para outra parte) de arrependimento. Observa-se que não enseja perdas e danos, uma vez que não houve descumprimento, mas um exercício regular do direito. As arras já foram pactuadas como indenização, não sendo admitida indenização suplementar; Se irretratável: Comporta a execução específica da obrigação, daí a necessidade de o contrato preliminar demandar a existência de todos os elementos constantes no contrato definitivo. Aqui se fala em inadimplemento, podendo-se exigir (I) o cumprimento específico da obrigação ou (II) a resolução contratual. Na irretratabilidade gera uma expectativa distinta caso o contrato seja retratável. Referências: Acórdão de 15 páginas - RECURSO ESPECIAL Nº 1.367.955 - SP (2011/0262391-7) AULA 07 – CONTRATO DE ADESÃO 1. Contrato preliminar (continuação): A promessa é, geralmente, bilateral, ou seja, ambas as partes se comprometem, porém, nada impede que haja uma promessa unilateral de contratação futura. Trata-se de uma ocasião menos comum que o habitual. 2. A promessa de compra e venda: Para os bens móveis, basta a tradição para transferir a propriedade; para os bens imóveis, é necessário escritura pública (contrato) e registro no Cartório de Registro de Imóveis. A escritura deve estar devidamente correta. “A promessa de compra e venda nada mais é que um contrato preliminar, mediante o qual o promitente comprador do imóvel se obriga a pagar o preço e o promitente vendedor, após receber o que avençou, se compromete a outorgar a escritura hábil à transferência da propriedade” (Luiz Antônio Scavone Jr). A promessa de compra e venda exige uma formatação: uma parte promete comprar e paga, já a outra faz a escritura efetivando a transferência. Havia o problema de que credores não cediam a escritura e preferiam pagar multa pelo não adimplemento do contrato – preferiam Thiago Coelho (@taj_studies) isso pois lucrariam com venda futura após a supervalorização do imóvel. O Estado passou a regular a promessa de compra e venda, observando a supervalorização futura de imóveis em eixos como São Paulo. Tem-se os seguintes efeitos do registro da promessa: a) Atribuição de direito real de aquisição (art. 1.417, CC): Art. 1.417 – CC: Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel. b) Vedação da faculdade de arrependimento pelo promitente vendedor de imóveis loteados (art. 15 Decreto-lei 58/1937) e nos contratos regidos pelo CDC (art. 51, IV), Súmula 166 STF. c) Permite a adjudicação compulsória (art. 1.418, CC): Art. 1.418 – CC: O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel. O não registro gera apenas efeitos obrigacionais – perdas e danos. 3. A adjudicação compulsória: Conceito: Ricardo Arcoverde Credie: “Ação pessoal que pertence ao compromissário comprador, ou ao cessionário de seus direitos à aquisição, ajuizada com relação ao titular do domínio do imóvel - (que tenha prometido vendê-lo através do contrato de compromisso de venda e compra e se omitiu quanto à escritura definitiva) - tendente ao suprimento judicial desta outorga, mediante sentença constitutiva com a mesma eficácia do ato não praticado". A adjudicação compulsória corresponde a uma ação que visa ao registro da propriedade de um imóvel (ou ato substitutivo) em favor de alguém que possui o direito real adquirido, mas não tem a documentação correta exigida em lei. Thiago Coelho (@taj_studies) Pode-se exigir do proprietário que não entregou a escritura ou a substituição do ato que não foi praticado. Lei 14.382/2022: A Lei n. 14.382/2022 criou a adjudicação compulsória por via extrajudicial (tendo em vista o excesso de demandas do Judiciário), desde que atendidos os seguintes requisitos: Existência de promessa de compra e venda de bem imóvel; Ausência de arrependimento; Pagamento integral das parcelas; Algumas hipóteses de incidência: Se o vendedor se recusar a outorga da escritura pública; Se o vendedor falecer em realizar a outorga da escritura definitiva; Se o vendedor não puder ser localizado para realizar a outorga; Exceção: Ação de adjudicação não é o meio processual adequado para o caso de imóveis vendidos por lotes, e não individualizados no Registro de Imóveis; Solução: Perdas e danos. Imprescritibilidade: REsp nº 1.584.461/GO (Rel. Ricardo Villas Bôas Cueva): "a pretensão de adjudicação compulsória não se sujeita a prazo prescricional (artigo 177 do CC/1916, atual artigo 205), somente se extinguido por meio de usucapião exercida por terceiro”. Casos de não adjudicação (promessa não registrada): Consoante Ermiro Neto, admite-se a não adjudicação nas seguintes hipóteses: Se o imóvel não estiver mais na propriedade do promitente vendedor: prioridade para o terceiro adquirente de boa-fé; Se o imóvel que se pretende adjudicar, com base em promessa não registrada, ainda estiver na propriedade do promitente vendedor, mas, já na posse de outro promissário comprador de boa-fé, que tenha celebrado uma segunda promessa de compra e venda também sem registro; Thiago Coelho (@taj_studies) Se os dois promissários não estiverem na posse do bem, o primeiro contrato torna ineficaz o segundo; 4. Contratos de adesão: Art. 54, CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidos unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Tal artigo do CDC é adaptado ao Código Civil através do uso dos termos “contratante” e “contratado”. O contrato de adesão, muitas vezes demonizado, tem o benefício de baratear os custos e promover a celeridade das transações. É desnecessário uma grande empresa discutir com cada cliente um contrato específico. Tal desgaste subiria significativamente o preço fixado nos contratos. Exemplos: Contratos de plano de saúde, internet, crédito, streaming, aplicativos ou serviços on-line, operadora telefônica, etc. Há vontade no contrato de adesão, uma vez que o consumidor tem a faculdade de aderi-lo ou não. São características básicas do contrato de adesão: Formação unilateral: Obrigações vinculam apenas uma parte do contrato; Rigidez das cláusulas: Impossibilidade de modificação (estabilidade contratual e isonomia); Art. 423 – CC: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. Trata-se de uma adaptação do “in dubio pro consumidor”. Presentes figuras dentro do contrato de adesão que podem se contradizer, a interpretação mais favorável ao aderente (consumidor) deve prevalecer. Art. 424 – CC: Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio. O CC almeja a evitar abusos. Thiago
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