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<p>Metodologia</p><p>Científica</p><p>Lucas Serra Borba Fonseca</p><p>U N I D A D E 1</p><p>Fonseca, Lucas Serra Borba</p><p>Metodologia Científica [e-book]. / Lucas Serra Borba</p><p>Fonseca. – São Luís: UEMAnet, 2023.</p><p>63 p.</p><p>ISBN: 978-65-85022-16-3</p><p>1. Metodologia científica. 2. Pesquisa. 3. Trabalho</p><p>acadêmico. I. Título</p><p>CDU: 001.8</p><p>Reitor</p><p>Prof. Dr. Walter Canales Sant’Ana</p><p>Vice-Reitor</p><p>Prof. Dr. Paulo Henrique Aragão Catunda</p><p>Pró-Reitora de Graduação</p><p>Profa. Dra. Mônica Piccolo Almeida Chaves</p><p>Núcleo de Tecnologias para Educação</p><p>Profa. Dra. Lígia Tchaicka</p><p>Coordenadora Geral</p><p>Setor de Divisão de Design Educacional</p><p>Cristiane Peixoto - Coord. Administrativa</p><p>Danielle Martins Leite Fernandes Lima - Coord. Pedagógica</p><p>Professor Conteudista</p><p>Lucas Serra Borba Fonseca</p><p>Designer de Linguagem</p><p>Rita de Cássia Santos do Nascimento</p><p>Designer Pedagógico</p><p>Kelly Regina Dias da Silva</p><p>Normalização</p><p>José Marcelino Nascimento Veiga Júnior</p><p>Projeto Gráfico e Diagramação</p><p>Josimar de Jesus Costa Almeida</p><p>Capa</p><p>Rômulo Santos Coelho</p><p>UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA</p><p>Este material NÃO pode ser disponibilizado, transmitido, exibido, vendido, licenciado, alterado, modificado ou</p><p>utilizado por quaisquer outras instituições e alunos(as), exceto se autorizado de forma expressa, mediante a</p><p>permissão prévia da própria instituição detentora dos direitos da obra.</p><p>SUMÁRIO</p><p>CONHECIMENTO .............................................................................................................. 5</p><p>1.1 Tipos de Conhecimento.......................................................................................... 6</p><p>1.2 Cientificidade .......................................................................................................... 10</p><p>1.3 Ciência, tecnologia e inovação ............................................................................. 14</p><p>UNIDADE 1</p><p>4Metodologia Científica</p><p>Ola, estudante!</p><p>Desejo boas-vindas ao e-book da disciplina de Metodologia Científica.</p><p>Ao longo desta experiência de aprendizado, temos o objetivo de</p><p>compreender o processo de investigação científica, a partir dos fundamentos</p><p>teórico-metodológicos.</p><p>Nossa intenção é tratar das noções elementares e conceitos</p><p>fundamentais para a produção de textos científicos. Por esta razão, com a</p><p>finalidade de sistematizar tais conhecimentos, o presente material está dividido</p><p>em 3 Unidades, sendo respectivamente: Unidade 1: Conhecimento; Unidade</p><p>2: Estratégias e desenho da pesquisa; e Unidade 3: Estrutura do trabalho</p><p>acadêmico.</p><p>Vamos iniciar nossa caminhada?</p><p>APRESENTAÇÃO</p><p>5Metodologia Científica</p><p>1 CONHECIMENTO</p><p>De início, sobre a temática, duas perguntas são pertinentes: O que é</p><p>conhecer? Será que só podemos conhecer o mundo a partir de um paradigma</p><p>científico?</p><p>De modo sintético, o conhecimento é a elaboração, por um indivíduo ou</p><p>grupo de indivíduos, de um modelo de realidade. Ou seja, se observa, interpreta</p><p>e elabora um sentido para aquilo que se está observando. Neste sentido, existem</p><p>três elementos necessários para que haja o conhecimento:</p><p>1) Sujeito (cognoscente*): aquele que conhece. Se relaciona com</p><p>objetos.</p><p>2) Objeto1: aquilo que o sujeito vai investigar para conhecer. A realidade</p><p>contém objetos.</p><p>3) Conhecimento: conjunto de relações cognoscitivas. Conceito que</p><p>resulta da relação sujeito-objeto.</p><p>Apenas o ser humano tem a capacidade de produzir conhecimento por</p><p>meio do seu raciocínio abstrato e problematizar o seu entorno, físico/cultural/</p><p>natural. É justamente a capacidade de problematização que diferencia o homem</p><p>dos demais animais.</p><p>1Para saber mais leia a segunda parte do livro “A profissão de sociólogo: preliminares epistemológicas” de Pierre Bourdieu, Jean-</p><p>Claude Chamboredon, Jean-Claude Passeron, sobre a construção do objeto. Para os autores, tal construção é feita no campo das</p><p>ciências e não do empirismo e para isso é necessária uma ruptura com as opiniões.</p><p>Cognoscente é um adjetivo usado para descrever alguém que busca</p><p>ou adquire conhecimento de algo. É alguém capaz de aprender. É</p><p>também usado para se referir a alguém que tem a capacidade de</p><p>conhecer e absorver conhecimento. O sujeito cognoscente tem a</p><p>capacidade de conhecer a sua realidade (real/concreta). O ser humano</p><p>é cognoscente por natureza.</p><p>6Metodologia Científica</p><p>A partir do momento que ele problematiza o seu entorno, ele passa a</p><p>conhecer/perceber o que está em sua volta. O homem pode interferir/transformar</p><p>sua realidade natural/cultural e modificá-la. Os outros animais apenas se</p><p>adaptam ao meio ambiente para sobreviver2. O João-de-Barro (Furnarius rufus),</p><p>por exemplo, constrói a “casinha” dele. Os abrigos construídos por este pássaro</p><p>podem ser considerados como um padrão. São parecidos uns com os outros.</p><p>Mas, tal construção resulta de uma inteligência simbólica, uma programação</p><p>instintiva. Já o ser humano, desenvolveu a ciência da engenharia civil, métodos</p><p>e técnicas de construção (Figura 1). O homem pensa e questiona a forma de</p><p>construir. Assim, o objetivo do conhecimento é alcançar o estatuto de ciência.</p><p>Para alcançar o conhecimento perfeito - o conhecimento racional - é necessário</p><p>um caminho adequado: um método, como sugere a união de dois radicais</p><p>gregos: Metá = finalidade; odos = pé, passo.</p><p>Figura 1 - João-de-Barro e engenheiros</p><p>Fonte: Fonseca e Coelho (2022).</p><p>1.1 Tipos de conhecimento</p><p>Existem formas diversas de se conhecer o mundo e interpretá-lo. A</p><p>tendência é imaginar que apenas a ciência seria a forma padrão aceita, mas</p><p>esta trata-se apenas de uma delas. A ciência do século XIX, principalmente, vai</p><p>2 Nesse aspecto, lembra-se da teoria da evolução do naturalista britânico Charles Darwin com a publicação do livro “A origem das</p><p>espécies’” (1859). A obra representou uma verdadeira revolução, uma vez que, até meados do século XIX, a maioria dos cientistas</p><p>ocidentais compartilhava do conhecimento religioso com a teoria criacionista.</p><p>7Metodologia Científica</p><p>tomar para si o discurso da verdade da produção e difusão de conhecimento.</p><p>Existem, basicamente, quatro tipos de formas de conhecer o mundo, cada uma</p><p>com suas características específicas, peculiaridades e importância:</p><p>1) conhecimento popular (senso comum): é aquele conhecimento</p><p>ligado ao dia a dia das pessoas. É o conhecimento da vivência, da</p><p>observação, da experiência, da transmissão cultural e da tradição.</p><p>O conhecimento popular não necessariamente é aquele que se</p><p>aprende na escola e nos livros como ciência. Por exemplo, um</p><p>agricultor camponês sabe exatamente quando tem que plantar,</p><p>quais são os adubos melhores para determinados tipo de planta</p><p>etc. Provavelmente ele não estudou para obter este conhecimento,</p><p>mas sabe pela vivência e experiência. Isso é conhecimento popular.</p><p>Inclusive, a observação é uma técnica muito utilizada para tal</p><p>conhecimento. Pela observação também se passou a dominar o</p><p>fogo, grande salto tecnológico experimentado pela humanidade</p><p>na pré-história. Com a utilização do fogo de maneira consciente e</p><p>organizada, surgiram outras necessidades como, por exemplo, a</p><p>cocção de alimentos e utilização de utensílios para cozinhar. Então,</p><p>um grande salto de separação do homem natural para o homem</p><p>cultural foi fruto de observação, de empiria*.</p><p>2) conhecimento religioso (teológico): as religiões têm uma forma</p><p>específica de entender e interpretar o mundo por meio de dogmas. A</p><p>propósito, conhecer é interpretar o mundo. Para alguns estudiosos,</p><p>as religiões são a evolução da mitologia. As religiões utilizam-</p><p>se de metáforas, parábolas e narrativas mitológicas para explicar</p><p>*Empiria é um conjunto de dados ou eventos conhecidos pela</p><p>experiência, experimentos práticos e observação, e não por</p><p>teorias ou por qualquer necessidade lógica/racional como base</p><p>para o conhecimento.</p><p>8Metodologia Científica</p><p>determinadas coisas. A nível de exemplo, podemos citar as narrativas</p><p>como a vinda de um Salvador, a existência de um Paraíso para a qual</p><p>as pessoas não pecadoras vão, a existência de uma possibilidade de</p><p>quebra de contrato</p><p>entre os homens e os deuses. Neste sentido, todos</p><p>os conceitos aparecem em inúmeras religiões como monoteístas do</p><p>ocidente, judaísmo, cristianismo, islamismo etc. Cabe enfatizar que</p><p>é a partir do dogma, da crença imutável, que as religiões explicam e</p><p>conhecem a realidade. Diferente de outras formas de conhecimento,</p><p>o conhecimento religioso, como são baseados em dogmas, não são</p><p>questionáveis.</p><p>3) conhecimento filosófico: filosofia é a mãe das ciências, é um</p><p>conhecimento sistematizado. As perguntas que a filosofia e a</p><p>ciência querem responder são diferentes. A ciência é baseada em</p><p>fatos, comprovação, experimentos etc., para tentar estabelecer leis,</p><p>padrões de repetições. A filosofia é baseada em argumentação, não</p><p>divagação. Por exemplo, enquanto a ciência quer saber como os</p><p>seres vivos morrem, a filosofia indaga até que ponto a eutanásia é</p><p>um procedimento ético.</p><p>4) conhecimento científico: A ciência toma para si o status do conheci-</p><p>mento socialmente aceito a partir do século XIX, e torna-se, na ordem</p><p>do discurso, mais importante que a filosofia e a religião. Diferente do</p><p>conhecimento religioso e filosófico, o conhecimento científico é factu-</p><p>al. A ciência é calcada na experimentação, na produção de provas, de</p><p>contraprovas e no estabelecimento de hipóteses. Para que algo seja</p><p>considerado ciência, precisa da existência de um método. É o método</p><p>científico que estabelece a cientificidade para as várias formas de co-</p><p>nhecimento. O método é o caminho traçado para chegar ao objetivo.</p><p>É este caminho que vai comprovar ou não a hipótese estabelecida</p><p>a priori. O método científico deve ser aproximadamente exato, mas</p><p>pode ser falível. No contexto da pandemia da Covid-19, por exemplo,</p><p>percebeu-se como é importante não apenas a prática científica no de-</p><p>senvolvimento de vacinas, mas do próprio discurso científico. Entre-</p><p>tanto, no desenvolvimento de vacinas, foram realizados vários testes</p><p>9Metodologia Científica</p><p>até chegar na fórmula exata e fármacos necessários para a eficiência,</p><p>eficácia e efetividade do produto. Então, para se chegar aos resulta-</p><p>dos minimamente satisfatórios, houve muitos erros. Assim, o conheci-</p><p>mento científico também é falível. A ciência é um produto humano e,</p><p>para bem ou para o mal, está passível de erros (Figura 2).</p><p>Figura 2 - DNA</p><p>Fonte: Fonseca e Coelho (2022).</p><p>É importante destacar que os tipos de conhecimentos podem andar pari</p><p>passu. Por exemplo, o camponês e o agrônomo conhecem a terra (Figura 3). O</p><p>primeiro a conhece empiricamente, o segundo conhece pelos estudos/ciência.</p><p>Os dois, inclusive, podem chegar ao mesmo resultado: excelentes tratamentos</p><p>para o solo. O que muda aqui são os métodos utilizados. O método científico do</p><p>engenheiro agrônomo foi verificado e validado. O do camponês foi provavelmente</p><p>geracional. Assim, a ciência é diferente do senso comum. Porém, como no</p><p>senso comum, as grandes descobertas surgiram com a valorização das ideias e</p><p>observação/experimentação.</p><p>Figura 3 - Camponês e agrônomo</p><p>10Metodologia Científica</p><p>Fonte: Fonseca e Coelho (2022).</p><p>Kuhn (1997) reconhece que nos diversos ramos da ciência há um</p><p>conjunto de crenças, visões de mundo e processos de trabalhos em pesquisa</p><p>reconhecidos pela comunidade científica, formando os paradigmas. O autor, no</p><p>entanto, afirma que o progresso da ciência se faz pela quebra dos paradigmas,</p><p>por meio de uma verdadeira revolução científica3.</p><p>1.2 Cientificidade</p><p>O conhecimento científico é baseado no desenvolvimento de elementos</p><p>que constituem o alicerce de conhecimento de uma determinada área. Pesquisar</p><p>significa tentar sanar uma dúvida. Mas, uma simples pesquisa pode obter</p><p>inúmeras respostas. Pesquisar por pesquisar provavelmente não se chegará</p><p>a lugar algum, pois não se tem um caminho a ser seguido. Este caminho é</p><p>denominado de metodologia. Então, o desejo de conhecer sem determinação</p><p>metódica de nada vale. Entretanto, se for estabelecido um método científico</p><p>para isso, as respostas tendem a alcançar os objetivos propostos. Ao invés de</p><p>inúmeras respostas inconclusivas, se tem uma única resposta concreta.</p><p>3 Thomas Kunh escreveu a obra “A Estrutura da Revoluções Científicas” (1962), desencadeando um processo de rediscussão acerca</p><p>das relações entre ciência e sociedade. A obra possibilitou o surgimento de questões extremamente técnicas e acirrou os ânimos</p><p>acerca do lugar que a ciência ocupa, ou deveria ocupar, na sociedade.</p><p>11Metodologia Científica</p><p>A estrutura lógica é fundamental para a existência da ciência. De igual</p><p>modo, no “fazer” ciência são necessários rigor e lógica científica. A lógica, con-</p><p>forme aponta Castro (2006), é condição universal indispensável de qualquer dis-</p><p>curso inteligente de problemas filosóficos, éticos ou sociais. Mas a originalidade</p><p>deve se fazer presente, em termo de justificativa acadêmica, social, profissional</p><p>e pessoal.</p><p>A analogia mais representativa do conceito de conhecimento científico</p><p>são as camadas de uma cebola (Figura 4). Para que se possa conseguir atingir</p><p>a camada seguinte, se deve primeiro reconhecer o conhecimento da camada</p><p>anterior.</p><p>Figura 4 - Cebola ilustrando o conceito de conhecimento científico</p><p>Fonte: Fonseca e Coelho (2022).</p><p>No conhecimento científico, o movimento de uma camada para outra</p><p>necessita um teste de hipótese de uma camada anterior. Entretanto, faz-se</p><p>uma ressalva: nem todas as pesquisas científicas envolvem teste de hipóteses.</p><p>Teste de hipóteses necessitam de dados quantitativos e, algumas vezes, não</p><p>estão disponíveis/acessíveis no momento. Quando não há dados quantitativos,</p><p>se pode, ao invés de testar hipóteses, testar proposições, que necessitam de</p><p>dados qualitativos.</p><p>12Metodologia Científica</p><p>Basicamente, existem 3 elementos fundamentais do conhecimento</p><p>científico:</p><p>1) Razão;</p><p>2) Empiria;</p><p>3) Metodologia.</p><p>De modo geral, a primeira ideia fundamental em todo conhecimento</p><p>científico é a racionalidade. A razão é uma característica de todo o pensamento</p><p>científico. Ou seja, a ciência não tem como base a fé. Toda ciência, independente</p><p>da época, está fundamentada em explicações racionais do mundo.</p><p>A segunda característica é a empiria. Empiria é um conceito grego que</p><p>vem da ideia de experiência. Então, todo conhecimento científico deve ser evi-</p><p>denciado por meio de dados, fatos e documentos que comprovam determinada</p><p>realidade.</p><p>Uma terceira característica é a existência de uma metodologia. Os</p><p>métodos, em síntese, são as escolhas procedimentais dos cientistas.</p><p>Ainda, existem 2 pretensões da ciência enquanto conhecimento:</p><p>1) Objetividade;</p><p>2) Neutralidade.</p><p>Nesse sentido, o rigor científico prega o distanciamento por completo</p><p>da atividade científica dos valores morais do cientista. Esse afastamento não</p><p>é absoluto. Inclusive, é utópico conceber isto. O distanciamento é feito na</p><p>heurística*. A neutralidade, na verdade, acaba quando já se escolheu um objeto</p><p>de pesquisa. Por isso, a objetividade e neutralidade nas ciências são trazidas</p><p>aqui como pretensões.</p><p>Ex.:</p><p>Hipótese: Em uma sala de aula, a média da altura do sexo masculino</p><p>é 30% maior que a da população feminina.</p><p>Proposição: No maranhão, não existe uma diferença média de altura</p><p>entre os sexos masculinos e femininos.</p><p>13Metodologia Científica</p><p>Conforme Demo (2000), os critérios de cientificidade são:</p><p>1) Objeto de estudo bem definido e de natureza empírica: descrição</p><p>de uma atuação prática para comprovar uma pesquisa;</p><p>2) Objetivação: agir sobre uma determinada realidade sem que tanto</p><p>uma pesquisa quanto uma atuação prática sejam imparciais, não</p><p>influenciada;</p><p>3) Discutibilidade: saber argumentar uma crítica e autocrítica, prezando</p><p>a coerência do assunto;</p><p>4) Observação controlada dos fenômenos: controle dos dados e da</p><p>operação para chegar no resultado mais preciso possível;</p><p>5) Originalidade: apresentar características próprias, expectativa de</p><p>algo novo, criativo e único para obter a inovação;</p><p>6) Coerência: saber discursar um tema científico ou não, sem atropelos</p><p>nas ideias, transparência e fluidez do</p><p>conteúdo para não deixar</p><p>ambiguidade;</p><p>7) Sistematicidade: pesquisar mais a fundo, transmitindo o maior</p><p>número de informações com clareza e exatidão de um fundamento</p><p>amplo;</p><p>8) Consistência: argumento convicto, com base sólida e confiável;</p><p>9) Linguagem precisa: escrever com uma linguagem formal, utilizando</p><p>palavras corretas e evitando adjetivos;</p><p>10) Autoridade por mérito: posição de perito, atribuição de prestígio,</p><p>agrega enorme respeitabilidade ao estudo elaborado, o fazer científico</p><p>não se delimita sem o argumento de autoridade;</p><p>*Heurística: o termo é derivado da palavra grega para “descobrir”.</p><p>É um método ou estratégia de pesquisa baseado na aproximação</p><p>gradual de um determinado problema, mas não tem garantia de</p><p>sucesso. São estruturas cognitivas gerais nas quais os humanos</p><p>confiam regularmente para chegar rapidamente a uma solução.</p><p>14Metodologia Científica</p><p>11) Relevância social: buscar temas para estudo com mais benefícios</p><p>para a sociedade;</p><p>12) Ética: não usar ou manipular o resultado de um estudo científico em</p><p>benefício próprio e/ou de outrem, levar o bem maior a outras pessoas;</p><p>13) Intersubjetividade: importante relação entre indivíduos, equiparando</p><p>a relevância da opinião4 de ambos.</p><p>A intersubjetividade refere-se a uma percepção compartilhada da</p><p>realidade entre dois ou mais indivíduos: sujeito e sujeito e/ou sujeito e objeto.</p><p>O termo pressupõe que os seres humanos não podem conhecer a realidade</p><p>exceto por meio dos próprios sentidos: visão, audição, olfato, paladar ou tato.</p><p>A intersubjetividade, além de outros critérios derivantes, permite que a ciência</p><p>desempenhe sua função de aperfeiçoamento diante do crescente corpo de</p><p>conhecimentos sobre a relação homem-natureza.</p><p>1.3 Ciência, tecnologia e inovação</p><p>Ciência é um conjunto organizado de conhecimentos relativos a</p><p>determinada área do saber, caracterizado por metodologia científica. A ciência</p><p>trabalha com a realidade (fenômenos observados). Não é, portanto, nem</p><p>ideologia, nem senso comum. A ciência envolve um estudo do método. Sendo</p><p>assim, ciência é a aquisição do conhecimento baseado no método científico.</p><p>Negar a ciência traz danos coletivos. Quando a ciência se distancia de</p><p>interesses coletivos pode-se trazer problemas sociais. Entretanto, muitas vezes,</p><p>o fazer científico na academia se afasta da população alvo por alguns fatores:</p><p>linguagem muito técnica; falta de divulgação de resultados; escrita apenas para</p><p>pares, etc. O Brasil, portanto, precisa avançar nesse processo de aculturamento*</p><p>e do acesso à ciência.</p><p>4 Opinião é algo externo a ciência, por mais que venha de cientistas ou especialistas da área. Opinião é uma declaração que descreve</p><p>uma crença ou pensamento pessoal que não pode ser testado (ou não foi testado) e não é suportado por evidências. Uma hipótese</p><p>é geralmente uma previsão baseada em alguma observação ou evidência. As hipóteses devem ser testáveis e, uma</p><p>vez testadas, podem ser apoiadas por evidências.</p><p>15Metodologia Científica</p><p>Os estudos científicos, ao responder perguntas e enfrentar desafios do</p><p>cotidiano, contribuem para a produção do conhecimento, melhoria da qualidade</p><p>de vida da população e enriquecimento (intelectual, social e cultural) das</p><p>sociedades. A pesquisa científica auxilia para o avanço de áreas como: saúde,</p><p>alimentação, meio ambiente, tecnologia, energia, gestão, engenharia, etc.</p><p>Nesse sentido, para ter acesso a uma melhor qualidade de vida, deve-</p><p>se melhorar os conhecimentos. A ciência impõe respeito e traz credibilidade a</p><p>qualquer assunto (CASTRO, 2006). Sendo assim, Castro (2006) afirma que as</p><p>pesquisas científicas reduzem a área de incerteza e desconhecimento. O selo</p><p>da universidade tem um “peso” na pesquisa e na relação com a sociedade.</p><p>Hoje, o termo inovação está atrelado à ciência que, consequentemente, está</p><p>vinculado à pesquisa que, objetiva a difusão do conhecimento, a produção de</p><p>saber e de novas tecnologias, promovendo interação com a comunidade, para o</p><p>desenvolvimento socioespacial, regional, econômico e político.</p><p>A ciência faz parte dos avanços tecnológicos e inovações na sociedade.</p><p>Sem a ciência e seus devidos sujeitos, a evolução da humanidade não seria</p><p>possível. A pesquisa e o ensino são dois elementos que devem manter uma</p><p>articulação para que a pesquisa científica possa ser reconhecida e efetivamente</p><p>realizada a partir de sua prática e incentivo nas Instituições de Ensino Superior</p><p>(IES). Desse modo, a pesquisa passa a ser entendida enquanto uma prática</p><p>social que também se constitui no interior das práticas pedagógicas.</p><p>Tecnologia consiste no emprego do saber científico para solução de pro-</p><p>blemas apresentados pela aplicação das técnicas. Assim, a tecnologia é a sim-</p><p>biose entre o saber teórico da ciência com a técnica, em busca de uma verdade</p><p>*Aculturamento é o processo de adaptação, aprendizagem e</p><p>incorporação de valores, crenças, costumes, tradições, linguagem</p><p>a um novo ambiente cultural, mantendo seus valores e tradições</p><p>culturais originários. Como a inculturação é usada para descrever</p><p>o processo de aprendizado da primeira cultura, a aculturação</p><p>pode ser considerada como o aprendizado da segunda cultura.</p><p>16Metodologia Científica</p><p>útil (BASTOS, 1998). Para Bastos (1998), a tecnologia pode ser entendida como</p><p>a capacidade de perceber, compreender, criar, adaptar, organizar e produzir in-</p><p>sumos, produtos e serviços. Dessa forma, tecnologia é tempo, espaço, custo e</p><p>venda, pois não é apenas fabricada no recinto dos laboratórios e usinas, mas</p><p>recriada pela maneira como foi aplicada e metodologicamente organizada.</p><p>Outro aspecto que ganha força com a pesquisa científica é a inovação.</p><p>Inovação é a introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo</p><p>e social que resulte em novos produtos, serviços ou processos ou que compre-</p><p>enda a agregação de novas funcionalidades ou características a produto, servi-</p><p>ço ou processo já existente que possa resultar em melhorias e em efetivo ganho</p><p>de qualidade ou desempenho (BRASIL, 2016).</p><p>A inovação traz um avanço científico e técnico para uma determinada</p><p>realidade. Vale destacar que a inovação sempre é muito associada as novas</p><p>tecnologias e aos ambientes computacionais, mas também existe inovação na</p><p>compreensão de políticas públicas, nas áreas das ciências sociais, biológicas e</p><p>químicas.</p><p>O conhecimento tecnológico é gerado por firmas ou instituições esta-</p><p>belecidas no mercado. Enquanto algumas são especializadas no desenvolvi-</p><p>mento da ciência básica, a qual corresponde aos conhecimentos fundamen-</p><p>tais para a compreensão de fenômenos naturais, outras priorizam na criação</p><p>de conhecimentos específicos, ou aplicados a certos usos e problemas indus-</p><p>triais. Sendo assim, o ambiente das universidades, dos grandes centros de</p><p>pesquisa, prepara uma base científica inicial que depois vai se transformar em</p><p>tecnologia e inovação.</p>

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