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<p>1</p><p>UNIVERSIDADE TIRADENTES</p><p>GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO</p><p>ALEXIA SANTOS GOMES</p><p>NEUROARQUITETURA E BEM-ESTAR ANIMAL: PROPOSTA ARQUITETÔNICA</p><p>DE UM CENTRO DE ACOLHIMENTO PARA PETS ABANDONADOS EM</p><p>ARACAJU/SE</p><p>ARACAJU/SE</p><p>2023</p><p>ALEXIA SANTOS GOMES</p><p>NEUROARQUITETURA E BEM-ESTAR ANIMAL: PROPOSTA ARQUITETÔNICA</p><p>DE UM CENTRO DE ACOLHIMENTO PARA PETS ABANDONADOS EM</p><p>ARACAJU/SE</p><p>Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao</p><p>curso de Arquitetura e Urbanismo da</p><p>Universidade Tiradentes como requisito parcial</p><p>para a obtenção do título de Bacharel(a) em</p><p>Arquitetura e Urbanismo.</p><p>Orientador (a): INGRID CARVALHO SANTOS OLIVEIRA</p><p>ARACAJU/SE</p><p>2023</p><p>DEDICATÓRIA</p><p>À Nick (in memoriam), que iluminou nossos</p><p>dias desde o momento em que foi adotado, esta</p><p>dedicatória se estende a todos os animais que</p><p>enfrentam o abandono e/ou maus-tratos.</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Inicio meus agradecimentos a Deus por estar sempre ao meu lado, me norteando e me</p><p>dando forças para enfrentar as dificuldades e os momentos difíceis. Sigo com muita gratidão e</p><p>determinação, permitindo-me viver tantas experiências incríveis ao longo de todos esses anos</p><p>acadêmicos.</p><p>Agradeço a mim mesma por toda dedicação, trabalho árduo e determinação ao longo</p><p>desses 5 anos de graduação. Minha gratidão se estende à minha família, começando pela minha</p><p>mãe Zuleide, por sempre me apoiar, ser minha base e despertar o amor pelos animais. Aos meus</p><p>irmãos Alexandre e, especialmente, Alexsandro, por compartilhar comigo o notebook que foi</p><p>fundamental para desenvolver o projeto e meu crescimento profissional.</p><p>Expresso meu agradecimento aos amigos: Alano, Aline, Carlos, Fabíola, Fanny,</p><p>Grasiela, Marck, Pedro, Raphael e Renysson. A vida me presenteou com essas amizades, e</p><p>mesmo à distância, sempre me apoiaram nos momentos em que mais precisei. Aos amigos que</p><p>a faculdade e o trabalho me presentearam, como Daciane e Lívia, que estão comigo desde o</p><p>primeiro período acadêmico. Agradeço também a Daniel, Danielle e Laís, amigos que conheci</p><p>no estágio e proporcionaram momentos descontraídos.</p><p>Meus sinceros agradecimentos a todos os cachorros e gatos que passaram pela minha</p><p>vida, cada um com sua individualidade, ensinando-me o amor puro e genuíno aos animais.</p><p>Destaco Sultão, que diariamente reforça a relação de amor, e Nick, resgatado de maus tratos,</p><p>que em vida foi cuidado e acolhido, alegrando nossos dias.</p><p>Agradeço também às oportunidades de estágio que tive durante este período acadêmico,</p><p>especialmente a Evelinne Evangelista e Marília Sá, arquitetas e sócias do Versa Arquitetos.</p><p>Agradeço pela oportunidade de estagiar e aprender com mulheres incríveis, agradáveis, pela</p><p>paciência e pelas experiências que foram um divisor de águas na minha vida. Um</p><p>agradecimento especial ao Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe pela oportunidade e pelos</p><p>ensinamentos. Conviver com pessoas maravilhosas, em especial o Sargento Aderbal Costa,</p><p>Major Cleiton Dias, Major Eduardo Moura e a Lili Contagiante, foi uma experiência</p><p>enriquecedora.</p><p>Expresso meu agradecimento especial ao programa PROUNI - Programa Universidade</p><p>para Todos, que me permitiu ter essa experiência incrível, realizando um sonho de infância em</p><p>fazer faculdade de arquitetura de forma gratuita e dentro da minha realidade. Agradeço aos</p><p>professores do meio acadêmico que tanto admiro e tive a honra de aprender, como Colette</p><p>Dantas, Magno Rangel, Leonardo Maia, Raquel Cabral, Rogério Freire, Rosany Matos, Rayane</p><p>Oliveira, Pedrianne Dantas, Rooseman Oliveira e, especialmente, à minha orientadora Ingrid</p><p>Oliveira, por ser um exemplo de mulher forte, dedicada e inspiradora, que tornou esse processo</p><p>mais leve.</p><p>Por fim, agradeço à professora e coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da</p><p>UNIT, Millena Moreira, pela colaboração em pesquisas acadêmicas, auxílio em dúvidas</p><p>referentes ao curso, disponibilidade, dedicação e comprometimento. Também agradeço à</p><p>Universidade Tiradentes (UNIT) pelo espaço agradável e de qualidade, contribuindo para o</p><p>meu desenvolvimento acadêmico.</p><p>EPÍGRAFE</p><p>"Quando você olha nos olhos de um animal</p><p>resgatado, você não pode deixar de se</p><p>apaixonar", Paul Shaffer.</p><p>RESUMO</p><p>Os animais de estimação, conhecidos como pets, estão cada vez mais integrados nas famílias</p><p>brasileiras, sendo considerados membros essenciais. No entanto, essa realidade coexiste com o</p><p>preocupante aumento do abandono animal nas ruas. Diante desse cenário, surge a necessidade</p><p>premente de espaços adequados, de qualidade, capazes de influenciar positivamente animais</p><p>que foram vítimas de maus-tratos e abandono. Assim, o objetivo geral deste trabalho consistiu</p><p>em desenvolver uma proposta arquitetônica para um centro de acolhimento e bem-estar animal</p><p>destinado a pets abandonados, integrando os princípios da neuroarquitetura e considerando as</p><p>particularidades e necessidades desses animais na cidade de Aracaju/SE. Neste estudo, os</p><p>procedimentos metodológicos foram divididos nas seguintes etapas: Etapa 01 - pesquisas</p><p>documental e bibliográfica (análise dos materiais para compor o referencial teórico a exemplo</p><p>de pesquisas na legislação, em artigos, livros, dissertações, revistas, entre outros); Etapa 02 -</p><p>Análise dos estudos de caso (busca por locais que serviram como referenciais projetuais para a</p><p>proposta desta pesquisa); Etapa 03 - Desenvolvimento da proposta projetual (foi realizada visita</p><p>técnica a um abrigo de animais em Aracaju/SE; entrevistas informais com pessoas responsáveis</p><p>por abrigos de animais e pessoas do poder público que trabalha para a causa animal;</p><p>questionários com a população; e elaboração do projeto proposto). O trabalho foi estruturado</p><p>da seguinte maneira: introdução, capítulos teóricos, considerações finais e apêndices. Espera-</p><p>se que a proposta apresentada neste Trabalho de Conclusão de Curso contribua com pesquisas</p><p>acadêmicas que envolvam a temática, e que possa ser apresentada ao poder público e que</p><p>contribua com o sistema educacional do município de Aracaju/SE.</p><p>Palavras-chaves: Abandono animal. Bem-estar animal. Neuroarquitetura, Pets.</p><p>ABSTRACT</p><p>Pets are becoming increasingly integrated into Brazilian families and are considered essential</p><p>members. However, this reality coexists with a worrying increase in animal abandonment on</p><p>the streets. Faced with this scenario, there is a pressing need for suitable, high-quality spaces</p><p>that can positively influence animals that have been victims of mistreatment and abandonment.</p><p>Thus, the general objective of this work was to develop an architectural proposal for a shelter</p><p>and animal welfare center for abandoned pets, integrating the principles of neuroarchitecture</p><p>and considering the particularities and needs of these animals in the city of Aracaju/SE. The</p><p>methodological procedures of this study were divided into: the documentary stage (analysis of</p><p>materials to make up the theoretical framework, such as research in articles, dissertations,</p><p>magazines, among others); the site diagnosis stage (analysis of the study area); and the stage of</p><p>proposing the project for the animal shelter and welfare center for abandoned pets. It is hoped</p><p>that the proposal presented in this Final Paper will contribute to academic research on the</p><p>subject, and that it can be presented to public authorities and contribute to the educational</p><p>system in the municipality of Aracaju/SE.</p><p>Keywords: Animal abandonment. Animal welfare. Neuroarchitecture. Pets.</p><p>foi muito agressiva com os veterinários, que não</p><p>conseguiam examinar sem sedar. Ela ficava muito irritada com isso de</p><p>estar sempre indo na clínica e voltava pra casa muito estressada (Patas</p><p>da Casa, 2022).</p><p>Segundo Apipapiaui (2021), a aromaterapia em ambientes para animais pode ser</p><p>aplicada de diversas formas, com borrifação, através de sprays ou inalação indireta, em</p><p>difusores para aromatizar o ambiente. De acordo com Seres Vet (2022), os óleos essenciais para</p><p>animais são borrifados em caminhas e arranhadores, por exemplo, para que a inalação do odor</p><p>ocorra indiretamente.</p><p>Assim, a fim de gerar bem-estar canino e tranquilidade, o hotel de luxo Dear Mutt</p><p>(Querido Vira-lata) na Singapura, utilizou-se da combinação de aromaterapia e músicas</p><p>ambiente para gerar estímulos olfativos e sensação de aconchego nos dormitórios dos pets,</p><p>como pode ser visto na figura 08.</p><p>35</p><p>Figura 08 – Dear Mutt: Aromaterapia para animais.</p><p>Fonte: Timeout, 2018.</p><p>Dessa forma, utilizando da aromaterapia combinado a outras variáveis ambientais, como</p><p>as cores a seguir, é possível proporcionar ao animal experiências e memórias positivas que o</p><p>levarão a longo prazo.</p><p>Cores</p><p>A visão possui grande importância para o entendimento da influência das cores no</p><p>ambiente. Segundo Crízel (2020), dentro de todos os sentidos a visão é que possui maior alcance</p><p>espacial, sendo que 80% da percepção de um ambiente é realizada pela visão.</p><p>Ademais, a cor, neste contexto, é a informação do meio que mais rapidamente é captada</p><p>pelo indivíduo quando comparada à forma do objeto (Dondis, 2007; Eyesenckey, 2007). Nesse</p><p>sentido, a cor nada mais é do que a presença de luz em um determinado local ou objeto, como</p><p>menciona Pedrosa (2010, p. 20) no trecho a seguir:</p><p>A cor não tem existência material: é apenas sensação produzida por certas</p><p>organizações nervosas sob a ação da luz-mais precisamente, é a sensação</p><p>provocada pela luz sobre o órgão da visão. Seu aparecimento está</p><p>condicionado, portanto, à existência de dois elementos: a luz (objeto físico,</p><p>agindo como estímulo) e o olho (aparelho receptor, funcionando como</p><p>decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou altamente através da função</p><p>seletora da retina) (Pedrosa, 2010, p.20).</p><p>De acordo com Paiva (2019), a identificação das cores está diretamente ligada à</p><p>sobrevivência da nossa espécie, “por exemplo, a cor do céu podia orientar quando procurar</p><p>abrigo antes de uma tempestade, as cores das plantas podiam indicar quais eram comestíveis, o</p><p>vermelho podia alertar alguém ferido” (Paiva, 2019). Em contraponto, se vê que as cores foram</p><p>36</p><p>ganhando novos significados, de cultura para cultura, em que muitos lugares, o vermelho é</p><p>associado à ideologia comunista, por exemplo, ou, em algumas regiões orientais, o branco é a</p><p>cor do luto (Paiva, 2019).</p><p>Assim, uma mesma cor pode apresentar sensações diferentes, atuando de um modo</p><p>diferente dependendo do seu contexto de aplicação, conforme menciona Eva Heller, autora do</p><p>livro “A psicologia das cores – como as cores afetam a razão e a emoção” (2000, p. 23) no</p><p>trecho a seguir:</p><p>Não existe cor destituída de significado. A impressão causada por cada cor é</p><p>determinada por seu contexto, ou seja, pelo entrelaçamento de significados em</p><p>que a percebemos. A cor num traje será avaliada de modo diferente do que a</p><p>cor num ambiente, num alimento, ou na arte (Heller, 2000, p. 23).</p><p>Dessa forma, segundo Paiva (2019), a neuroarquitetura busca entender como o cérebro</p><p>é afetado pelas cores ao nosso redor e, para compreender melhor esse efeito, a autora relata uma</p><p>pesquisa realizada em 2002 para entender a influência da cor na memória visual, no qual de 5</p><p>a 10% dos participantes tiveram melhores resultados quando mostrado imagens coloridas,</p><p>sendo essas imagens no padrão, concluindo assim, que a memorização e o reconhecimento estão</p><p>ligados a percepção de cores e luz, como pode ser visto na figura 9.</p><p>Figura 9 – Imagem com cores semelhantes às da natureza.</p><p>Fonte: Neuroau, 2019.</p><p>Diante disso, surge o estudo sobre as cores conhecido como a Teoria das Cores que,</p><p>segundo Domestika (2022), pode ser definida como uma série de regras aplicáveis à cor, cujo</p><p>funcionamento é independente da forma como estejam representadas e serve para compreender</p><p>a maneira como são criadas e se complementam umas às outras. Ratifica-se esta informação</p><p>através do seguinte trecho informado por Heller (2000, p. 58):</p><p>Generalidades sobre a Teoria das Cores: existem três cores primárias –</p><p>vermelho, amarelo e o azul. Todas as demais cores podem ser</p><p>produzidas a partir dessas três cores básicas. Uma cor que resulte da</p><p>mistura de duas cores primárias é chamada de cor secundária ou “cor</p><p>37</p><p>mista pura”. O verde, o laranja e o violeta são as cores secundárias.</p><p>Uma cor que se produza pela mistura de três cores primárias é chamada</p><p>de cor terciária ou “cor mista impura”. Pode-se dar um tom mais escuro</p><p>a todas as cores, misturando-se preto a elas, ou clareá-las, misturando-</p><p>se branco (Heller, 2000, p. 58).</p><p>Nesse sentido, uma ferramenta utilizada por arquitetos, designers, entre outros, para</p><p>aplicação das cores no ambiente é o círculo cromático que, segundo Predilects Plus (2022), é</p><p>uma concepção básica das cores captadas pelo cérebro humano, composto por um círculo</p><p>dividido e ordenado em 12 partes, cada uma representando as principais tonalidades de cores,</p><p>como pode ser observado na figura 10.</p><p>Figura 10 – Círculo cromático.</p><p>Fonte: Gestao Educacional, 2023.</p><p>Além disso, podem ser definidas como cores frias e quentes que, de acordo com Viana</p><p>Franco (2021), enquanto as cores frias criam percepção de tranquilidade, serenidade, limpeza e</p><p>frieza, as cores quentes influenciam na sensação de vitalidade, energia, criatividade, esperança</p><p>e amor. Nesse contexto, cabe ao profissional escolher as cores a serem utilizadas para</p><p>concepção do espaço, baseado em tais comprovações científicas.</p><p>Além das cores primárias, secundárias e terciárias, existem as cores complementares,</p><p>como pode ser observado na figura 11. São aquelas que se localizam em posições opostas na</p><p>roda das cores, se completam ou realçam uma à outra. O uso mais eficaz é deixar um deles</p><p>dominar, dando-lhe uma área maior ou uma saturação mais completa, enquanto usa o outro</p><p>como acento (Pantone, 2021).</p><p>38</p><p>Figura 11 – Cores complementares.</p><p>Fonte: Grafica Cartex, 2018.</p><p>Ainda segundo o autor, podem ser classificadas também como cores análogas aquelas</p><p>cores adjacentes na roda que possuem matizes semelhantes, como pode ser visto na figura 13.</p><p>Consiste em utilizar as cores que estão próximas no círculo cromático, permitindo criar um</p><p>pouco mais de contraste entre as cores e por consequência mais diversidade (Gdartes, 2020).</p><p>Figura 12 – Cores análogas.</p><p>Fonte: Grafica Cartex, 2018.</p><p>Ademais, pode ser utilizado também a harmonia monocromática, que segundo</p><p>Marketsplash (2022), descreve-se como uma imagem ou cenário tendo um esquema de cor</p><p>monocromático, que estaria a referir-se a ele como uma única tonalidade (ou cor) repetida em</p><p>39</p><p>tonalidades mais claras, sombras mais escuras e/ou tons mais cinzentos, como pode ser visto na</p><p>figura 14.</p><p>Figura 13 – Harmonia monocromática.</p><p>Fonte: Gdartes, 2020.</p><p>À vista disso, a partir da Teoria das Cores e com o intuito de compreender a influência</p><p>das cores nas emoções e nos sentidos de quem a percebe deriva a Psicologia das cores. Segundo</p><p>Aliviamente (2021), trata de um estudo aprofundado sobre como o cérebro humano identifica</p><p>as cores existentes e as transforma em sensações e sentimentos, conforme pode ser observado</p><p>no quadro 3.</p><p>Quadro 3 – Psicologia das cores.</p><p>COR SENSAÇÃO</p><p>Azul É considerada a principal cor das virtudes intelectuais como</p><p>a inteligência, a ciência e a concentração. Aumenta a</p><p>produtividade e é ideal para pintar ambientes de trabalho</p><p>como escritórios e fábricas. Também</p><p>pode se referir ao</p><p>mérito, a paz, o prático, o técnico, a independência, a</p><p>esportividade, o frio, o passivo, o tranquilo e o confiável, o</p><p>bem estar, a qualidade de vida biopsicossocial e, para muitas</p><p>religiões, os deuses.</p><p>Vermelho Duas associações principais são feitas com o vermelho -</p><p>vermelho como fogo e vermelho como sangue. Também é</p><p>considerada a cor da paixão, da irritação, do estresse, da</p><p>vergonha e excitação.</p><p>Verde O verde está relacionado à consciência ambiental, ao amor à</p><p>natureza e à recusa de uma sociedade dominada pela</p><p>tecnologia. Além disso, é considerado uma cor agradável</p><p>que simboliza a natureza, a saúde e o símbolo da vida em</p><p>seu mais amplo sentido, não apenas relacionado aos seres</p><p>humanos, mas a tudo o que vive e cresce.</p><p>40</p><p>Rosa Simboliza a força dos fracos, o charme, a cortesia e a</p><p>amabilidade.</p><p>Roxo Cor de sentimentos ambivalentes, muito rejeitada pelas</p><p>pessoas. É considerada a união entre o masculino e o</p><p>feminino, da sensualidade e da espiritualidade.</p><p>Amarelo Simboliza o sol, a luz e o outro, sendo a cor do otimismo, da</p><p>iluminação e do entendimento.</p><p>Preto Mais utilizado por jovens do que idosos, o preto representa</p><p>o fim, a ausência de luz e também pode ser considerada a</p><p>cor do luto.</p><p>Branco Dentro da simbologia, o branco é a mais perfeita das cores</p><p>pois não existem concepções com significado negativo</p><p>associadas a ela. Representa o bem, a verdade, a perfeição, o</p><p>ideal e a honestidade.</p><p>Fonte: Aliviamente, 2021.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo Heller (2000), em seu estudo realizado foram consultados 2 mil homens e</p><p>mulheres com idades entre os 14 e os 97 anos na Alemanha. Todos conseguiram relacionar as</p><p>cores com sentimentos, qualidade e, dentre todas as cores, o azul é a preferida de 46% dos</p><p>homens e 44% das mulheres, seja para automóveis, roupas ou ambientes, como pode ser</p><p>observado na figura 14.</p><p>Figura 14 – As cores preferidas.</p><p>Fonte: Heller, 2000.</p><p>Ainda segundo a autora, entre as cores mais rejeitadas está o marrom, tido como feio e</p><p>vulgar para muitos, contudo, é uma das cores preferidas no âmbito residencial. A autora ainda</p><p>traz as cores que trazem efeitos opostos, como pode ser visto na figura 15.</p><p>Figura 15 – As cores menos apreciadas.</p><p>41</p><p>Fonte: Heller, 2000.</p><p>Nos ambientes, as cores podem ser utilizadas para influenciar de forma positiva o</p><p>comportamento dos usuários, como pode ser visto no abrigo de animais de Palm Springs, onde</p><p>as cores utilizadas, como o amarelo que remete energia, luminosidade e alegria, e o branco,</p><p>sendo uma cor neutra, remetendo amplitude e claridade, diferentemente dos abrigos</p><p>tradicionais, como pode ser observado na figura 16.</p><p>Figura 16 – Palm Springs: as cores no ambiente.</p><p>Fonte: Archdaily, 2020.</p><p>42</p><p>Além disso, pode ser utilizada junção de várias cores, utilizando os princípios citados,</p><p>nos mobiliários também, agregando novos significados, além de deixar o ambiente mais</p><p>descontraído e lúdico, como pode ser visto no centro de adoção de animais de estimação da</p><p>Annenberg Petspace (Figura 17).</p><p>Figura 17 – Annenberg Petspace: as cores nos mobiliários.</p><p>Fonte: Labibfunk, [s.d.].</p><p>Além da Teoria e da Psicologia das Cores, como foi abordado, outro estudo sobre os</p><p>benefícios das cores é no tratamento de diversas doenças, chamado de Cromoterapia. De acordo</p><p>com Amber (1983), a cor pode ser utilizada para acalmar e relaxar as pessoas, o que é</p><p>preconizado pela cromoterapia, que utiliza as cores na busca da cura de doenças.</p><p>Conforme Ativita (2019), a cromoterapia pode ser aplicada de diversas formas como em</p><p>banhos de luz, uso de bastões luminosos, cores do ambiente, colchões terapêuticos, e até a</p><p>escolha de roupas. No caso do ambiente, é possível usar a cromoterapia na hora de pintar as</p><p>paredes do ambiente, decorar ou iluminar o local em questão.</p><p>Segundo Moovipet (2022), empresa especialista em Transporte Rodoviário de Cães e</p><p>Gatos, a cromoterapia pode ser utilizada como um tratamento integrativo que utiliza o poder da</p><p>luz e suas diferentes cores para reduzir os stress, ansiedade, falta de sono e perda de apetite,</p><p>como pode ser observado na figura 18. Essa variação de cor produz reações físicas e mentais</p><p>nos animais, estimulando diferentes aspectos do organismo – e como consequência, auxilia no</p><p>controle de ordem física ou emocional, fazendo com que as viagens se tornem mais confortáveis</p><p>e seguras (Moovipet, 2022).</p><p>43</p><p>Figura 18 – Cromoterapia pet durante viagens.</p><p>Fonte: Moovipet, 2022.</p><p>Dessa forma, o autor menciona como cada cor destina-se a uma função específica a fim</p><p>de proporcionar bem-estar aos pets nas viagens, conforme pode ser observado no quadro 4.</p><p>Quadro 4 – Cromoterapia para animais.</p><p>COR SENSAÇÃO</p><p>Branco Na maior parte da viagem a cabine permanece totalmente</p><p>iluminada com iluminação branca. Juntamente com a</p><p>playlist personalizada, permitem que os animais possam</p><p>enxergar o ambiente interno, aumentando a sensação de</p><p>segurança e relaxamento.</p><p>Amarelo É uma cor quente, que remete ao sol, calor e energia.</p><p>Considerada estimulante, ela é utilizada com a intenção de</p><p>melhorar a percepção e estimular o sistema nervoso central,</p><p>aliviando sintomas de desespero ou tristeza. A cor é muito</p><p>utilizada no ramo alimentar como estimulante para o apetite,</p><p>frequentemente associada ao vermelho.</p><p>Azul Na cromoterapia, a cor azul é utilizada como calmante,</p><p>auxiliando no relaxamento do sistema nervoso e da</p><p>musculatura. Afirma-se que seu efeito é analgésico,</p><p>induzindo ao sono.</p><p>Verde Remete à vegetação e à natureza, contribuindo para o alívio</p><p>da tensão corporal. Supostamente estimula a glândula</p><p>pituitária, sendo a cor indicada para problemas crônicos ou</p><p>agudos, além de colaborar para o alívio dos sintomas de</p><p>gripes e infecções.</p><p>Fonte: Moovipet, 2022.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Contudo, é necessário usar com cautela pois nem todas doenças a cromoterapia pode</p><p>auxiliar, como menciona Heller (2000, p. 375) no trecho a seguir:</p><p>44</p><p>Uma terapia cromática poderá fazer sentido em alguns transtornos</p><p>psíquicos, que não tenham causa orgânica e que podem também ser</p><p>curados com repouso e meditação. Nesse caso, a concentração de uma</p><p>determinada cor poderia servir de auxílio à meditação (Heller, 2000, p.</p><p>375).</p><p>Nesse sentido, saber trabalhar as cores como elemento condicionante ora de estímulo,</p><p>ora de relaxamento e bem estar permite ao projeto proporcionar a sua plena função e melhor</p><p>aproveitamento do usuário nos espaços (Crízel, 2020). Portanto, visto os benefícios</p><p>proporcionados pelo uso assertivo das cores, podemos observar que sua aplicação é de suma</p><p>importância para criação de espaços que influenciam de forma positiva no comportamento dos</p><p>usuários.</p><p>Iluminação</p><p>Tratando-se de projetar ambientes com o intuito de enaltecer a arquitetura do espaço é</p><p>imprescindível uma iluminação adequada, que influencie positivamente a saúde dos indivíduos</p><p>e seus comportamentos. Segundo Grandjean (1991), a iluminação adequada é refletida na saúde</p><p>e produtividade das pessoas, além da decoração, clima e cenografia desejados.</p><p>A iluminação classifica-se em iluminação natural e artificial e, segundo Pinheiro e</p><p>Crivelaro (2014), a luz natural oferece grandes vantagens e pode ser utilizada para gerar maior</p><p>qualidade ambiental, já que a qualidade de iluminação é melhor, gerando iluminação necessária</p><p>durante 80% a 90% das horas de luz diária. Ratifica-se esta informação através do seguinte</p><p>trecho informado por Paiva (2018), no trecho a seguir:</p><p>A iluminação natural é essencial para a organização temporal da</p><p>fisiologia dos organismos. É ela que permite a sincronização do ritmo</p><p>circadiano com os períodos de dia e noite do ambiente. O ritmo</p><p>circadiano (ou ciclo circadiano) é chamado de relógio biológico. Ele</p><p>abrange o período de um dia (24 horas) no qual se completam as</p><p>atividades do ciclo biológico dos seres</p><p>vivos e regula tanto ritmos</p><p>fisiológicos como psicológicos, com impactos diretos no estado de</p><p>vigília e de sono, na secreção de hormônios, função celular e expressão</p><p>genética. Ou seja, é através da luz que nosso cérebro sincroniza grande</p><p>parte do seu funcionamento com o mundo exterior (Paiva, 2018).</p><p>Nesse sentido, visto a importância do ciclo circadiano um aspecto da neuroarquitetura</p><p>que estuda o impacto da iluminação no cérebro denomina-se neuroiluminação e está sendo</p><p>aplicada nos diversos ambientes. De acordo com Mingrone Iluminaçao (2021), é a aplicação de</p><p>45</p><p>específicas técnicas que visam proporcionar ao usuário uma leitura cognitiva condizente com a</p><p>experiência que se pretende transmitir por meio de pressupostos que pertencem à iluminação.</p><p>Projetado com eficiência, a iluminação natural é uma técnica que aproveita a</p><p>luminosidade das áreas externas, proporcionando claridade dentro dos ambientes, ao mesmo</p><p>tempo que evita a entrada direta dos raios solares. Para isso, é comum que as edificações sejam</p><p>projetadas com vidros externos (janelas, clarabóias, entre outras), reduzindo assim o uso da</p><p>iluminação artificial (Ipog, 2022).</p><p>Nesse sentido, com o intuito de utilizar ao máximo os benefícios da iluminação natural</p><p>no projeto, o Centro de Cuidados com animais de Staten Island revestiu toda edificação com</p><p>um material translúcido altamente isolante que maximiza a luz natural no projeto em todas as</p><p>direções, criando um caminho para a ventilação natural, conforme pode ser visto na figura 19.</p><p>Figura 19 – Centro de Cuidados com Animais de Staten Island: iluminação natural.</p><p>Fonte: Archdaily, 2023.</p><p>Para que haja um maior aproveitamento máximo da iluminação natural, de acordo com</p><p>Arquitetura em Passos (2020), deve ser analisado o clima da região, quantidade de luz,</p><p>orientação solar e quantidade de horas de luz por dia. Dessa forma, pode ser utilizado diferentes</p><p>tipos de iluminação em um ambiente, como pode ser visto na figura 20.</p><p>Figura 20 – Tipos de iluminação natural.</p><p>46</p><p>Fonte: Ecoeficientes, s.d.</p><p>Entre os principais benefícios da iluminação natural no ambiente, segundo Ipog (2022),</p><p>destacam-se: 1) Conservação de energia: o uso adequado da iluminação natural pode reduzir o</p><p>custo do consumo de energia em até 40%, além de contribuir para o controle de temperatura e</p><p>a substituição ou a redução da necessidade de ar-condicionado. 2) Melhora a qualidade dos</p><p>espaços: A luz natural agrega valor aos ambientes, visto que proporciona uma sensação de que</p><p>os espaços são maiores. 3) Previne fungos: Isso porque os cômodos sem luz solar adequada</p><p>podem ter fungos, o que resulta em um ambiente com cheiro desagradável, causando também</p><p>alergias. 4) Melhora o bem-estar fisiológico: A iluminação natural tem importância biológica,</p><p>pois a luz solar desencadeia a produção de vitamina D no organismo humano, proporcionando</p><p>uma série de benefícios para a saúde. 5) Melhora o bem-estar psicológico: os raios solares</p><p>melhoram o humor, aumentam os níveis de energia (devido à supressão da melatonina),</p><p>diminuem as taxas de doenças relacionadas ao estresse, previnem o transtorno afetivo sazonal</p><p>(tipo de depressão) e melhoram a qualidade do sono.</p><p>Ratifica-se este último item na fala do arquiteto Dimas Bertolotti, especialista em</p><p>conforto ambiental e professor, em entrevista concedida ao Arquitetura em Passos (2020), relata</p><p>que pesquisas realizadas no norte europeu, onde os dias são curtos e as noites mais longas, foi</p><p>identificado que habitantes desses países sofrem de um tipo de depressão chamada SAD –</p><p>Seasonal Affective Disorder, causada pela falta de luz natural.</p><p>Já a iluminação artificial se faz necessária em ambientes com baixa claridade, para</p><p>destacar algum elemento ou criar determinadas sensações, como menciona Ana Lúcia Siciliano,</p><p>CEO da ALS Arquitetura, em entrevista concedida para o Bh Eventos (2020), no trecho a</p><p>seguir:</p><p>47</p><p>Luzes quentes, amareladas, lembram o pôr do sol e, automaticamente,</p><p>nosso cérebro transmite sinais para o corpo de que é hora de descansar.</p><p>Luzes brancas e claras são comuns em hospitais e escritórios, por</p><p>exemplo, que trazem ao corpo um estado de concentração maior.</p><p>Iluminar com um tom azul proporciona relaxamento, e é interessante</p><p>estar ao lado de poltronas de amamentação, banheiros e spas (Bh</p><p>Eventos, 2020).</p><p>De acordo com Plugdesign (2019), no início e no fim do dia o sol proporciona uma luz</p><p>amarelada que geralmente causa relaxamento e ao longo do dia temos um aumento da</p><p>temperatura de cor da luz solar, o que aumenta nossa concentração e apura o estado de</p><p>performance nas atividades, como pode ser observado na figura 21. Nesse contexto, juntamente</p><p>com a neuroiluminação, é possível manipular a luz artificial a fim de explorar o ciclo circadiano</p><p>e gerar benefícios para cada usuário.</p><p>Figura 21 – Temperatura de cor.</p><p>Fonte: Plugdesign, 2019.</p><p>Ainda assim, segundo Mais Engenharia (2016), é necessário definir o modo como as</p><p>luminárias serão dispostas no ambiente para gerar efeito pretendido, escolhendo o tipo mais</p><p>adequado para o ambiente, como pode ser observado na figura 22.</p><p>Figura 22 – Tipos de luz.</p><p>48</p><p>Fonte: Casa Prosa De Cor, 2021.</p><p>Nos animais, como cães e gatos, de acordo com Cod Lux (2018), a iluminação artificial</p><p>e o ruído emitido por lâmpadas fluorescentes, podem afetar negativamente os níveis de estresse,</p><p>sendo recomendado utilizar iluminação em Led. Ainda segundo o autor, tetos brancos</p><p>iluminados de maneira indireta e difusa tornam as superfícies aconchegantes e criam uma</p><p>reflexão sutil de luz, ideal para os pets, diminuindo a percepção de existência de teto e piso e</p><p>aumentando a espacialidade, como pode ser visto no centro de bem-estar animal RSPCA</p><p>Victoria (Figura 23).</p><p>Figura 23 – Centro de bem-estar animal RSPCA Victoria: iluminação artificial indireta.</p><p>Fonte: Bamford-architects, [s.d.].</p><p>49</p><p>Portanto, um projeto que se utiliza da iluminação natural e artificial de forma eficiente</p><p>consegue projetar espaços funcionais que promovem bem-estar para os usuários de forma</p><p>saudável.</p><p>Sons</p><p>Segundo Liberta Arq (2022), os estímulos sonoros estão diretamente ligados ao bem</p><p>estar das pessoas, pois podem influenciar nas ondas cerebrais, na respiração, no ciclo circadiano</p><p>e até mesmo nos batimentos cardíacos. Ainda segundo o autor, os sons podem influenciar na</p><p>capacidade de concentração, no humor, nas emoções, mas, por outro lado, a poluição sonora</p><p>(excesso de ruído ou em volumes altos) pode causar danos à saúde física e mental das pessoas.</p><p>Com os animais isto não é diferente, de acordo com Canal do Pet (2021), cães e gatos,</p><p>por exemplo, podem se sentir mais relaxados, ansiosos e até irritados com determinados estilos</p><p>de música, frequência de sons e volume. Como já abordado, a audição dos cães, e especialmente</p><p>dos gatos, são mais sensíveis e apuradas do que dos humanos, dessa forma, é necessário</p><p>compreender quais estímulos sensoriais devem ser adotados nos ambientes, com o intuito de</p><p>melhorar o bem-estar dos usuários.</p><p>Nesse sentido, uma estratégia que está sendo utilizada e expandida com fins terapêuticos</p><p>e relaxantes é chamada de musicoterapia. Segundo Pet Love (2013), a musicoterapia é o</p><p>emprego dos componentes musicais (melodia, som, harmonia e ritmo) com o objetivo de</p><p>promover melhoras nos estados físico, psicológico e cognitivo dos indivíduos. Para Gazeta do</p><p>Povo (2021), a música age reforçando o efeito positivo, enriquecendo o ambiente e diminuindo</p><p>os níveis de estresse dos animais durante o manejo.</p><p>Ainda segundo o autor, pesquisadores da Universidade do Canadá atestaram que sessões</p><p>de música podem tornar cães e gatos mais dóceis do que os demais animais que não receberam</p><p>tratamento com música. De acordo com o Canal do Pet (2021), os cães costumam ficar mais</p><p>calmos e até dormir quando expostos a algumas músicas clássicas e o oposto acontece quando</p><p>ouvem músicas com batidas mais pesadas e agitadas, como o heavy metal, que deixam os cães</p><p>mais ansiosos. Já nos gatos, segundo Encrenquinhas (2020), os sons suaves, volumes amenos e</p><p>harmoniosos da melodia clássica, sons naturais (como as ondas do mar) e sons conectados a</p><p>experiências positivas da infância auxiliam no relaxamento.</p><p>De acordo com Vida de Bicho (2022), a análise feita pela Universidade de Glasgow,</p><p>utiliza desses princípios da musicoterapia ao apontar que o reggae resgata a tranquilidade para</p><p>os cães de abrigo, que provavelmente passaram por situações de abandono e veem na calma do</p><p>50</p><p>ritmo um bem-estar. Como visto, os abrigos são locais estressantes, devido aos diversos ruídos,</p><p>contudo, utilizando do enriquecimento sonoro é possível acalmar os animais, como pode ser</p><p>visto no abrigo New Hanover County, com o projeto MP3 Rescue Animal, na figura 24.</p><p>Figura 24 – Abrigo New Hanover County: música ajuda a acalmar os animais.</p><p>Fonte: Star News Online, 2018.</p><p>Segundo Nancy Ryan, supervisora do abrigo New Hanover County, em entrevista</p><p>concedida para o Wect (2013), o programa está fazendo uma grande diferença, a música tem</p><p>ajudado a distraí-los e beneficiado também as pessoas que trabalham no abrigo, tornando as</p><p>coisas mais tranquilas. Outro exemplo da musicoterapia em abrigos é no San Clemente-Dana</p><p>Point Animal Shelter, que estabelece um programa musical semanal para ajudar a acalmar os</p><p>animais de estimação, como pode ser visto na figura 25.</p><p>51</p><p>Figura 25 – San Clemente-Dana Point Animal Shelter: música clássica em abrigo.</p><p>Fonte: Sanclemente Times, 2023.</p><p>De acordo com Nancy Koritz, diretora do abrigo, em entrevista concedida para o</p><p>Sanclemente Times (2023), depois de ler estudos que afirmavam que a música clássica pode</p><p>ajudar a reduzir a ansiedade em animais de abrigo, ela procurou vários abrigos que já o faziam</p><p>e que verificavam a eficácia da música. Ainda segundo o autor, o programa do concerto é</p><p>benéfico tanto para os animais, que precisam de socialização, quanto para os músicos que</p><p>precisam praticar. Além disso, o mais novo programa também será semelhante aos programas</p><p>Calming Tales e Senior Tales do abrigo, nos quais crianças e adultos mais velhos,</p><p>respectivamente, vêm ler para os animais (Sanclemente Times, 2023).</p><p>Portanto, a utilização do enriquecimento sonoro como visto pode ser benéfico tanto para</p><p>o bem-estar animal quanto para a sociedade, assim, a utilização da musicoterapia aliada com os</p><p>outros aspectos da neuroarquitetura abordados, podem potencializar uma qualidade de vida</p><p>melhor para estes indivíduos.</p><p>Formas</p><p>Outro aspecto importante a ser trabalhado na neuroarquitetura trata-se das formas.</p><p>Segundo Crízel (2022, p. 191), “Heinrich Wolfflin, importante nome para a história da arte e</p><p>da filosofia, construiu sua tese de doutorado sobre como é possível que formas arquitetônicas</p><p>possam ser a expressão de uma emoção ou um estado de espírito”. Segundo Gonçalves (2021),</p><p>temos preferência por formas curvas, quando um espaço tem quinas isso nos causam estresse e</p><p>52</p><p>dificuldade de concentração, pois o cérebro interpreta como perigo, desse modo as formas</p><p>arredondadas e curvas traz despreocupação e relaxamento.</p><p>Segundo Neuroau (2020), uma vertente que articula empatia com a prática projetual</p><p>dentro da arquitetura e auxilia na percepção das formas é a Teoria de Einfühlung, como</p><p>mencionado por Zevi (1996, p. 161), no trecho a seguir:</p><p>De diferente valor, aliás fundamental na história das interpretações</p><p>arquitetônicas, é a teoria de Einfühlung, segundo a qual a emoção artística</p><p>consiste na identificação do espectador com as formas, e por isso no fato de a</p><p>arquitetura transcrever os estados de espírito nas formas da construção,</p><p>humanizando-as e animando-as. Olhando as formas arquitetônicas, nós</p><p>vibramos em simpatia simbólica com elas, porque suscitam reações em nosso</p><p>corpo e em nosso espírito. Partindo dessas considerações, a simpatia simbolista</p><p>tentou reduzir a arte a uma ciência: um edifício não seria mais do que uma</p><p>máquina apta a produzir certas reações humanas predeterminadas (Zevi, 1996,</p><p>p. 161).</p><p>Ainda segundo Paiva (2020), foi por meio dos avanços conquistados por essa corrente</p><p>teórica que conseguiu-se trazer para dentro do campo projetual ferramentas através do estudo</p><p>das emoções que podemos traduzir das linhas e formas (linhas retas verticais e horizontais,</p><p>linhas curvas, a helicoidal, o círculo, a elipse, o cubo e a esfera). Mallgrave (2009) descreve</p><p>que Friedrich Theodor Vischer, considerado um dos primeiros teóricos de Einfühlung, entendia</p><p>a arquitetura como uma “arte simbólica” e que, por meio dela, o papel do arquiteto é imprimir</p><p>vivacidade com recursos lineares e planos suspensos, como mencionado por Paiva (2020), no</p><p>trecho a seguir:</p><p>Vischer observa que linhas verticais trazem a sensação de elevar o espírito</p><p>humano, linhas horizontais o ampliam e linhas curvas se movimentam com</p><p>mais energia do que linhas retas. Seu sucessor, Robert Vischer, aprimora a</p><p>proposição ao afirmar que uma linha horizontal pode parecer agradável porque</p><p>está em conformidade com a estrutura do nosso aparelho visual, em</p><p>contrapartida, uma linha diagonal não traria uma sensação tão aprazível porque</p><p>requer um movimento menos usual do globo ocular. O similar acontece entre</p><p>uma linha em forma de arco e outra em formato irregular. Uma forma que</p><p>apresenta regularidade é mais interessante porque é similar à nossa regularidade</p><p>corporal (Paiva, 2020).</p><p>Nesse sentido, na arquitetura tem se utilizado de formas orgânicas para representar</p><p>movimento e tornar os espaços mais agradáveis. De acordo com Somos Anama (2017), formas</p><p>arredondadas, como espirais, círculos e curvas são muito utilizadas nos projetos de arquitetura</p><p>orgânica, assim como as referências aos elementos da natureza, com representações da fauna e</p><p>da flora, como pode ser visto na figura 26.</p><p>53</p><p>Figura 26 – Arquitetura Orgânica.</p><p>Fonte: Somos Anama, 2017.</p><p>Além disso, segundo Roca Ceramica (2022), o uso de formas e movimentos na</p><p>decoração podem ser aliados na ativação da aprendizagem e memória, como pode ser visto na</p><p>figura 27, no Hotel Petaholic, que de acordo com Archdaily (2014), a diversão e alegria trazem</p><p>à tona as memórias da infância quando se vaga pelo espaço.</p><p>Figura 27 – Hotel Petaholic: uso das formas para memória.</p><p>Fonte: Somos Anama, 2017.</p><p>Ainda segundo o autor, o hotel é baseado no conceito de jogos e geometria, os blocos</p><p>poligonais são habilmente espalhados no espaço, criando um parque infantil para os animais de</p><p>estimação brincarem e andarem livremente entre a esfera privada e pública. Além disso, o</p><p>54</p><p>projeto utiliza-se das formas orgânicas, com formas mais arredondadas e cores nos mobiliários</p><p>dos pets, remetendo uma sensação agradável, divertida e suave, como pode ser visto na figura</p><p>28.</p><p>Figura 28 – Hotel Petaholic: mobiliários orgânicos.</p><p>Fonte: Yellowtrace, 2015.</p><p>Portanto, como visto, pode ser eficiente aplicar formas geométricas tanto na decoração,</p><p>mobiliários quanto em toda edificação, visto o benefício nas emoções promovendo bem-estar</p><p>nos usuários.</p><p>Personalização</p><p>Por fim, uma variável a ser considerada na neuroarquitetura diz respeito à</p><p>personalização dos espaços. Segundo Andréa Rêgo, especialista em neuroarquitetura e membro</p><p>da ANFA, em entrevista concedida a Revista ABM (2022), no caso da personalização, nada</p><p>mais é do que escolher cada variável de forma individualizada para alinhar as necessidades dos</p><p>usuários, tornando os ambientes não só estéticos e funcionais, como verdadeiros locais de</p><p>promoção de saúde. De acordo com Roca Ceramica (2022), a experiência pessoal interfere</p><p>diretamente em como o ambiente será percebido e, portanto, quanto mais personalizado e</p><p>pensado de acordo com a memória particular e briefing individual, maior o aconchego.</p><p>55</p><p>Segundo Archtrends (2019), entre os benefícios da personalização dos espaços</p><p>destacam-se: 1) Criação de um resultado único: é preciso ponderar as necessidades específicas</p><p>de quem vai utilizar o local. Isso faz com que cada projeto leve em consideração elementos</p><p>únicos: personalidade, objetivos, preferências e assim por diante. 2) Garantia do senso de</p><p>exclusividade: Como nenhuma pessoa é igual à outra, o resultado é um projeto diferenciado e</p><p>que chama a atenção por reunir qualidades de um modo especial. 3) Aproveitamento máximo</p><p>do espaço: São consideradas todas as questões específicas sobre o lugar, o resultado é que cada</p><p>centímetro quadrado é usado da melhor forma. 4) Valorizar o ambiente: A escolha de</p><p>revestimentos, móveis e disposições específicas faz com que cada pedaço cumpra o papel para</p><p>atender a certas funções. Tudo isso deixa o ambiente mais valorizado. 5) Transmitir</p><p>características dos ocupantes: O processo faz com que o lugar tenha a cara de quem o ocupa.</p><p>Isso ajuda a construir uma experiência consistente, autêntica e que realmente conversa com os</p><p>principais interesses de quem aproveita o local.</p><p>Sendo assim, é possível personalizar diferentes ambientes através dos mobiliários,</p><p>decoração, layout combinado com outras variáveis da neuroarquitetura, como pode ser</p><p>observado no Annenberg Petspace, o qual utiliza expositores coloridos, dispostos em um layout</p><p>personalizado para mostrar a história, identidade e características dos pets a serem adotados,</p><p>em estilo de museu, criando um sentimento de valorização, conforme visto na figura 29.</p><p>Figura 29 – Annenberg Petspace: espaços personalizados.</p><p>Fonte: Today, 2017.</p><p>Outra forma de aplicar a personalização no Annenberg Petspace foi utilizar mobiliários</p><p>coloridos e orgânicos que atendem as necessidades dos felinos com o "poste para arranhar",</p><p>56</p><p>segundo Today (2017), os gatos podem escalar e explorar, e até pescar em um tanque de peixes</p><p>digital, o que cria sentimento de pertencimento, como pode ser observado na figura 30.</p><p>Figura 30 – Annenberg Petspace: mobiliários personalizados.</p><p>Fonte: Today, 2017.</p><p>Somado a isso, a personalização enriquece o ambiente animal, aplicado no Dogs Hotel,</p><p>o qual proporciona aos cães contato com a natureza, escala personalizada nas aberturas e espaço</p><p>de socialização, remetendo a suas origens e necessidades comportamentais, como pode ser visto</p><p>na figura 31.</p><p>Figura 31 – Dogs hotel: personalização nas necessidades.</p><p>Fonte: Yellowtrace, 2015.</p><p>57</p><p>Assim, personalizar o ambiente é ver o projeto com o olhar alheio, colocar-se, na</p><p>posição de quem vai usufruir desse espaço, conforme menciona Vasconcelos (2004, p. 23), no</p><p>trecho a seguir:</p><p>É preciso ter consciência de que a pessoa que utiliza o espaço é a peça</p><p>fundamental na definição de como deve ser o ambiente. É só conhecendo as</p><p>necessidades e expectativas do usuário que será possível proporcionar-lhe um</p><p>ambiente capaz de supri-las e superá-las, tornando-o mais próximo de sua</p><p>natureza, de seus sentimentos, pensamentos e valores pessoais (Vasconcelos,</p><p>2004, p. 23).</p><p>Portanto, através das variáveis abordadas da neuroarquitetura e seus eficazes benefícios</p><p>é possível aplicar em diretrizes projetuais voltadas ao âmbito animal de forma assertiva,</p><p>empática e responsável tanto para os animais quanto a sociedade, respeitando e promovendo</p><p>uma melhor qualidade de vida.</p><p>58</p><p>4. ESTUDOS DE CASO</p><p>4.1 County of Santa Clara Animal Services Center - Califórnia, Estados Unidos (Dreyfuss +</p><p>Blackford Architecture)</p><p>O County of Santa Clara Animal Services Center (Centro de Serviços de Animais do</p><p>Condado de Santa Clara), como pode ser visto na figura 32, é uma combinação de abrigo aberto</p><p>e clínica que também serve como um centro comunitário focado em animais para a zona rural</p><p>de San Martin, Califórnia, projetado pela empresa de design Dreyfuss + Blackford Architecture</p><p>(ARCHPAPER, 2021). Segundo o Dreyfuss Blackford (2022), o novo prédio foi inaugurado</p><p>em fevereiro de 2021, substituindo o abrigo anterior, uma casa reformada de quase 70 anos. O</p><p>novo Centro de Serviços Animais do Concelho tem capacidade para 54 cães e 90 gatos, com</p><p>espaços para outras tipologias incluindo pequenos animais como coelhos, porquinhos-da-índia</p><p>e aves (Dreyfuss Blackford, 2022).</p><p>Figura 32 – County of Santa Clara Animal Services Center.</p><p>Fonte: Dreyfuss Blackford, 2022.</p><p>Conforme este mesmo autor, a nova instalação fica próxima a uma rodovia, em uma</p><p>área rural entre comunidades em rápido crescimento ao norte e ao sul, como pode ser visto na</p><p>figura 33. O site “não era um lugar que seria um destino para alguém visitar”, diz Jason Silva,</p><p>diretor de projeto da Dreyfuss + Blackford, “Estamos deixando de chamá-lo de abrigo, só</p><p>porque é muito mais do que isso”, diz o designer do projeto, Chris Avanzino (Dreyfuss</p><p>Blackford, 2022).</p><p>59</p><p>Figura 33 – Localização do abrigo.</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>De acordo com Archpaper (2021), o Animal Services Center não é apenas um abrigo</p><p>para animais. Ele também possui uma clínica veterinária completa com duas salas de cirurgia</p><p>para esterilização/castração e procedimentos de emergência, uma “sala de reflexão” onde os</p><p>donos de animais podem se despedir de seus companheiros, como pode ser visto na figura 34.</p><p>Figura 34 – Planta baixa do projeto.</p><p>Fonte:Scc Gov, 2018.</p><p>60</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo Archpaper (2021), no interior, as áreas centrais do canil são organizadas de</p><p>forma circular em torno de um pátio interno coberto por grama artificial apelidado de “O</p><p>Parque”. Esse esquema organizacional em loop, em vez do arranjo linear da frente da casa para</p><p>os fundos encontrado na maioria dos abrigos, dá a todos os residentes caninos uma chance igual</p><p>de serem vistos. De acordo com Architect Magazine (2021), as proeminentes paredes internas</p><p>de vidro e um pátio central no edifício de última geração de 36.000 pés quadrados destacam os</p><p>animais e os espaços de envolvimento da comunidade, como pode ser visto na figura 35.</p><p>Figura 35 – Parque ao ar livre.</p><p>Fonte: Dreyfuss Blackford, 2022.</p><p>Segundo Architect Magazine (2021), como pode ser visto na figura 36, outra solução</p><p>importante que este projeto fornece é sua grande instalação para reuniões educacionais para até</p><p>150 ocupantes. Para Kyle Jeffers, em entrevista concedida para Dreyfuss Blackford (2022), o</p><p>espaço pode hospedar treinamentos humanitários, bem como grupos comunitários não</p><p>relacionados ao bem-estar animal, o que pode ajudar a atrair novos visitantes que se tornem</p><p>possíveis adotantes.</p><p>Figura 36 – Espaço de reunião polivalente.</p><p>61</p><p>Fonte: Dreyfuss Blackford, 2022.</p><p>De acordo com Archpaper (2021), três salas de “conhecimento” flanqueiam o pátio, uma</p><p>para cada um dos 12 “dormitórios para cães” de 12 canis. Os quartos, todos com acesso direto</p><p>ao The Park, são cobertos por janelas, mas têm paredes baixas para que os filhotes não se</p><p>distraiam enquanto se familiarizam com possíveis novos proprietários em um ambiente interno</p><p>íntimo (Figura 37).</p><p>Figura 37 – Dormitórios para cães.</p><p>Fonte: Architect Magazine (2021).</p><p>62</p><p>Ainda segundo o autor, quanto aos gatos, sua zona designada está localizada na</p><p>extremidade oposta da área principal de recepção do County of Santa Clara Animal Services</p><p>Center. A zona tem três “Cat Condos” complementados por três espaços sociais onde os</p><p>visitantes podem interagir com os hóspedes felinos. Estes quartos são equipados com móveis</p><p>de gato projetados sob medida e acesso a espaços fechados ao ar livre (Figura 38).</p><p>Figura 38 – Dormitórios para gatos.</p><p>Fonte: Architect Magazine (2021).</p><p>Ainda segundo Avanzino, para Archpaper (2021), o grande diferencial deste projeto foi</p><p>de trabalhar com um escritório</p><p>especializado em instalações de cuidados com animais, na</p><p>função de consultor de cuidados, no trecho a seguir:</p><p>Ter um consultor de cuidados com animais foi fundamental para o</p><p>sucesso do projeto porque o foco deles é o bem-estar dos animais e o</p><p>uso das melhores práticas em design de cuidados com animais.</p><p>Trabalhamos em estreita colaboração com eles durante todo o processo</p><p>de design para desenvolver as melhores soluções para cada um dos</p><p>problemas que encontramos, especialmente coisas como durabilidade</p><p>e seleção de materiais, seleção de equipamentos e planejamento de</p><p>espaço (Archpaper, 2021).</p><p>Dessa forma, percebe-se a aplicação dos princípios da neuroarquitetura para o âmbito</p><p>animal no projeto, como a priorização da iluminação e dos elementos naturais, como pode ser</p><p>visto na figura 39. De acordo com o arquiteto do projeto, Gary Lewis, em entrevista concedida</p><p>para Archpaper (2021), as janelas com vidros duplos e sistemas de teto ACT diminuem</p><p>drasticamente a quantidade de transmissão de som e refletividade dentro e fora dos canis, assim,</p><p>63</p><p>a luz natural lava o interior e fornece níveis de iluminação naturais e uniformes e ajuda a reduzir</p><p>o uso de iluminação artificial.</p><p>Figura 39 – Iluminação natural.</p><p>Fonte: Architect Magazine (2021).</p><p>Ainda segundo Archpaper (2021), as principais considerações na criação do projeto era</p><p>de evitar certos gatilhos sensoriais que poderiam causar ansiedade aos residentes de quatro patas</p><p>da instalação (Figura 40). Muitos elementos sensoriais relacionados ao design foram</p><p>pesquisados desde cor, som, iluminação, acesso interno e externo. As cores foram</p><p>cuidadosamente escolhidas para garantir que nenhum estresse adicional fosse criado para os</p><p>animais. Vermelhos e laranjas foram proibidas nas zonas de cães e gatos (Archpaper, 2021).</p><p>Figura 40 – Elementos sensoriais.</p><p>64</p><p>Fonte: Architect Magazine (2021).</p><p>Além disso, segundo Architect Magazine (2021), o County of Santa Clara Animal</p><p>Services Center foi projetado para obter a certificação LEED Silver, uma certificação americana</p><p>para empreendimentos sustentáveis. “Queríamos criar algo totalmente exclusivo para a</p><p>tipologia e melhorar o modelo desatualizado de abrigos de animais para tornar a instalação</p><p>voltada tanto para os residentes quanto para os visitantes”, explicou Chris Avanzino, designer</p><p>de projetos da Dreyfuss + Blackford (Archpaper, 2021).</p><p>A fachada do pavilhão de entrada inclui entradas separadas para o Centro de Serviços</p><p>de Animais, Clínica Animal pública e Centro Comunitário, como pode ser visto na figura 41.</p><p>De acordo com Jason A. Silva, diretor de design da Dreyfuss + Blackford, em entrevista</p><p>concedida para Archpaper (2021), “Somos gratos pelo condado de Santa Clara ter aproveitado</p><p>a oportunidade de apresentar uma arquitetura transformadora, criando um impacto para atender</p><p>a uma necessidade social e abrindo as portas para algo completamente diferente”.</p><p>Figura 41 – Fachada.</p><p>65</p><p>Fonte: Architect Magazine (2021).</p><p>Em sua percepção geral, a edificação utiliza-se de alguns mecanismos da</p><p>neuroarquitetura como o uso diversificado de cores, personalização animal, aberturas para</p><p>iluminação natural, conexão com a natureza e formas fluidas. Contudo, o projeto não traz</p><p>utilização de sons e aromas, que como abordado, podem ser benéficos para a saúde dos animais.</p><p>Além disso, poderia ter sido mais trabalhada a vegetação no entorno e nas áreas internas, visto</p><p>que auxiliaria no conforto térmico além de melhorar a conexão com a natureza, como também,</p><p>a materialidade através da madeira, criando sensação de aconchego (Quadro 5).</p><p>Quadro 5 – Pontos Positivos e Negativos do County of Santa Clara Animal Services Center.</p><p>PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS</p><p>Diversidade de cores: as cores foram</p><p>trabalhadas de modo intencional, trazendo</p><p>sensações específicas, além de direcionar os</p><p>usuários ao local específico.</p><p>Pouco uso da vegetação: o projeto utiliza pouco uso da</p><p>vegetação, tanto na parte externa quanto interna, o que</p><p>poderia ser melhor aproveitado.</p><p>Personalização animal: foi pensado na escala</p><p>animal, nas aberturas, projetando mobiliários</p><p>sob medida.</p><p>Ausência de sons e aromas: o projeto não se utiliza de sons</p><p>e aromas que estimulam o bem-estar animal,</p><p>potencializando sua qualidade de vida, ponto este trabalhado</p><p>pela neuroarquitetura.</p><p>Aberturas: a utilização de várias aberturas</p><p>que proporcionam a entrada de iluminação e</p><p>ventilação natural em toda edificação.</p><p>Pouco uso da materialidade: em sua materialidade</p><p>encontram-se poucos elementos que proporcionem conforto</p><p>como a madeira, bambu, couro, palha que auxilia também</p><p>no conforto térmico.</p><p>Conexão com a natureza: a criação de um</p><p>pátio central com os elementos naturais em</p><p>sintonia com o entorno rural.</p><p>-</p><p>Formas fluídas: a volumetria faz referência</p><p>ao terreno ondulado da paisagem trazendo</p><p>leveza e se integrando com o entorno</p><p>-</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>66</p><p>4.2 Palm Springs Animal Care Facility - Palm Springs, Estados Unidos (Swatt | Miers</p><p>Architects)</p><p>De acordo com PS Animal Shelter (2023), o Friends of the Palm Springs Animal Shelter</p><p>é uma organização sem fins lucrativos que opera o abrigo de animais da cidade, o Palm Springs</p><p>Animal Care Facility, com programas para animais e seus donos, como pode ser visto na figura</p><p>42.</p><p>Figura 42 – Palm Springs Animal Care Facility.</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>Ainda conforme o autor, o abrigo original foi construído em 1961 e estava inadequado</p><p>para atender a crescente população de animais em Palm Springs. Em 2009, a cidade alocou 5</p><p>milhões de dólares para um novo projeto de abrigo, no entanto, devido aos altos custos, os</p><p>Friends iniciaram uma campanha de arrecadação de fundos iniciando a construção em 2010.</p><p>Segundo World Architects (2010), a nova instalação fica localizado em um terreno de 3</p><p>acres (equivalente a 1,21 hectares) em frente ao Demuth Park, como também fica próximo a</p><p>uma rodovia facilitando o acesso ao local, o projeto de 1.900 m² apresenta um projeto de canil</p><p>interno/externo centralizado com acesso público para adoção fornecido dentro de um</p><p>pátio/jardim aberto, como pode ser visto na figura 43.</p><p>Figura 43 – Localização do abrigo.</p><p>67</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo Archdaily (2012), o abrigo possui três entradas públicas principais, - o Lobby</p><p>Principal de Adoção Pública, o Lobby de Admissão e o Centro de Educação - cada uma com</p><p>vista para o Parque Demuth, usado ativamente pela cidade.</p><p>Conforme esse mesmo autor, os fluxos na edificação se dão em momentos diferentes: a</p><p>circulação do público em geral, que é atraída para atendimento animal e para a entrega de</p><p>animais; a circulação para o público de adoção, que realiza visita para conhecer os animais</p><p>abrigados; de acesso após as aulas de incentivo ao cuidado animal, o que proporciona maior</p><p>privacidade e higiene para os atendimentos dos animais, conforme indicado na imagem 44.</p><p>Figura 44 – Planta baixa circulações e acessos.</p><p>68</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo Archdaily (2012), a setorização do abrigo é dividida em alas de acordo com o</p><p>tipo do animal, caracterizando-se em ala canina, felina e animais de pequeno porte. Assim, é</p><p>setorizado em: as áreas suporte aos animais, área clínica de atendimentos e procedimentos, salas</p><p>de aula onde são dadas instruções no cuidado animal e incentivo ao bem-estar, a área onde são</p><p>realizadas as entregas dos animais, às áreas administrativas e lounge, e a área de adoção dos</p><p>animais.</p><p>Ainda conforme o autor, a distribuição dos abrigos e demais áreas de cada tipo de animal</p><p>é separada através da retenção dos gatos e animais menores ou de cães, que estão em tratamento</p><p>ou observação, a área de assistência de gatos ou de cães, onde são realizados procedimentos</p><p>necessários, e a área de adoção dos gatos</p><p>e animais menores e cães, onde recebem visitação</p><p>para posterior adoção, como apresentado na imagem 45.</p><p>Figura 45 – Planta baixa setorizações.</p><p>69</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>De acordo com World Architects (2010), o projeto foi concebido como uma certificação</p><p>LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) "prata", com ênfase especial na</p><p>conservação de água, onde a água reciclada da estação de tratamento de esgoto adjacente é</p><p>usada para limpeza de todas as áreas de animais e para irrigação paisagística, como visto na</p><p>figura 46. De acordo com a GBC Brasil (2020), projetos certificados pelo LEED reduzem em</p><p>média 40% do consumo de água, 30% do consumo de energia elétrica, emitem 35% menos de</p><p>CO2 e produzem 65% menos resíduos.</p><p>Figura 46 – Classificação da pontuação em selos LEED.</p><p>Fonte: GBC Brasil, 2020.</p><p>70</p><p>Além disso, outra alternativa foi a definição dos recursos verdes essenciais para o design</p><p>inicial do projeto, estipulando em etapas: etapa 1 abordando o sistema de reciclagem da água,</p><p>considerando o fluxo intenso de limpeza e a economia e em etapa 2 com o uso fotovoltaico</p><p>(Archdaily, 2012).</p><p>De acordo com Swatt Miers Architects (s.d), em relação a implantação do abrigo o eixo</p><p>linear das baias nas faces frontais são voltadas para o pátio central que além do uso recreativo</p><p>para os animais, proporciona iluminação e ventilação natural para as estadias, as mesmas são</p><p>sombreadas por uma camada de tecido removível, como pode ser observado na figura 47.</p><p>Figura 47 – Área animal e eixo de circulação.</p><p>Fonte: Swattmiers, s.d.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>O edifício foi projetado com a intenção de refletir a identidade regional da comunidade,</p><p>conforme afirmado pelo escritório responsável, Swatt Miers Architects (s.d). Sua arquitetura</p><p>incorpora elementos como cores regionais, linhas horizontais e um estilo contemporâneo. A</p><p>volumetria do edifício estabelece uma conexão harmoniosa entre o espaço interior e o entorno</p><p>exterior. A cobertura apresenta uma diversidade de formas, com beirais alongados que</p><p>contribuem para proporcionar sombreamento e melhorias na eficiência energética, como pode</p><p>ser observado na figura 48.</p><p>71</p><p>Figura 48 – Projeto se integra com o entorno.</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>Conforme explicado pelo autor, o edifício possui recortes que funcionam como abrigos</p><p>para palmeiras nativas da região. Esses elementos adicionam um toque de natureza à</p><p>arquitetura. Além disso, as formas geométricas, ressaltos coloridos e aberturas nas esquadrias</p><p>foram estrategicamente incorporados, criando oportunidades para que os animais possam</p><p>interagir com o público na área externa. Essas características arquitetônicas proporcionam um</p><p>ambiente enriquecedor tanto para os visitantes quanto para os animais, conforme figura 49.</p><p>Figura 49 – Cobertura com recortes.</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>72</p><p>Segundo Archdaily (2012), o projeto foi concebido para facilitar a adoção de animais,</p><p>tendo em mente a localização estratégica da entrada publica, que fica adjacente à área de</p><p>adoção. Essa disposição visa a diminuição do risco de transmissão de doenças e, ao mesmo</p><p>tempo, cria uma maior proximidade entre a comunidade e os animais. O espaço designado para</p><p>os gatos, denominado "Cool Cats", fica situado no interior da edificação e possui aberturas no</p><p>nível dos animais, facilitando sua visualização com o exterior, conforme visto na figura 50.</p><p>Figura 50– Gatil (aberturas no nível dos animais).</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>Conforme mencionado pelo autor, os canis foram estrategicamente projetados para</p><p>proporcionar contato direto com as áreas ajardinadas e as zonas de socialização. Devido à</p><p>necessidade de espaço adicional, alguns deles estão localizados tanto dentro quanto fora do</p><p>edifício, próximos aos jardins (figura 51).</p><p>Figura 51 – Canil (áreas livres).</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>73</p><p>Além disso, cada canil possui acessos individuais, garantindo uma abordagem segura e</p><p>individualizada. O design também inclui aberturas ao nível dos animais, facilitando a interação</p><p>e a visualização, bem como quadros com a identificação dos animais que estão disponíveis para</p><p>adoção, e assim, auxiliar na conscientização e na escolha informada por parte dos potenciais</p><p>adotantes, conforme visto na figura 52.</p><p>Figura 52 – Canil (identificação dos animais para doação).</p><p>Fonte: Archdaily, 2012.</p><p>De acordo com Archdaily (2012), a materialidade do abrigo foi pensada exclusivamente</p><p>para garantir a resistência e durabilidade as constantes limpezas e sujeiras dos animais, assim,</p><p>na área dos animais, esses materiais incluem pisos e paredes de resina epóxi, tetos acústicos</p><p>não absorventes e extensas caixas de aço inoxidável e outros dispositivos de proteção. Ademais,</p><p>as áreas públicas internas incluem concreto manchado e drywall pintado com isolamento de</p><p>teto envolto em lamtec preto exposto.</p><p>Em uma visão geral, a edificação incorpora diversos princípios da neuroarquitetura,</p><p>incluindo a personalização para os animais, aberturas que promovem a iluminação e ventilação</p><p>naturais, uma conexão com a natureza local e uma abordagem de design com formas fluidas,</p><p>além de estratégias sustentáveis, contribuindo assim para um baixo consumo de energia.</p><p>Entretanto, o projeto carece de uma diversidade de cores que, como mencionado, poderiam ter</p><p>benefícios para a saúde dos animais. Adicionalmente, a vegetação tanto nos espaços</p><p>circundantes como internos poderia ter sido planejada com mais detalhe, visando aprimorar o</p><p>conforto térmico, especialmente dado o contexto de uma região desértica. Também seria</p><p>74</p><p>vantajoso considerar a incorporação de aromas e sons que contribuíssem para o bem-estar dos</p><p>animais (Quadro 6).</p><p>Quadro 6 – Pontos Positivos e Negativos do Palm Springs Animal Care Facility.</p><p>PONTOS POSITIVOS PONTOS NEGATIVOS</p><p>Personalização animal: foi elaborado com</p><p>foco na escala dos animais, considerando</p><p>aberturas adequadas, mobiliário sob medida e</p><p>sistemas de identificação dos animais</p><p>disponíveis para adoção.</p><p>Pouco uso das cores: algumas cores foram incorporadas no</p><p>interior, no entanto, haveria a possibilidade de explorar</p><p>diferentes paletas de cores em diferentes alas, criando um</p><p>ambiente mais acolhedor e estimulante em todo o abrigo.</p><p>Aberturas: incorpora várias aberturas que não</p><p>apenas permitem a entrada de luz natural e</p><p>ventilação em todo o edifício, mas também</p><p>possibilitam o contato direto entre o público e</p><p>os animais.</p><p>Pouco uso da vegetação: é notável a falta de vegetação</p><p>interna, especialmente nas alas próximas aos cachorros, que</p><p>necessitam de áreas ao ar livre. Seria benéfico considerar</p><p>um aumento na arborização interna para proporcionar um</p><p>ambiente mais natural e confortável para esses animais.</p><p>Conexão com a natureza: inclui a integração</p><p>da vegetação nativa no abrigo.</p><p>Ausência de sons e aromas: o projeto carece da</p><p>incorporação de sons e aromas que são conhecidos por</p><p>promover o bem-estar dos animais, uma abordagem que a</p><p>neuroarquitetura tem focado para melhorar a qualidade de</p><p>vida dos residentes. Isso poderia ser uma valiosa adição para</p><p>aumentar o conforto e a satisfação dos animais no espaço.</p><p>Formas fluídas: a volumetria se harmoniza</p><p>com o ambiente circundante, enfatizando sua</p><p>horizontalidade e incorporando formas</p><p>geométricas e cores que evocam a vida</p><p>animal.</p><p>-</p><p>Estratégias sustentáveis: utilização de</p><p>sistemas de reaproveitamento de água e</p><p>fotovoltaicos, promovendo menor consumo</p><p>energético.</p><p>-</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>75</p><p>5. APROXIMAÇÕES PROJETUAIS</p><p>5.1 Contextualização</p><p>A cidade de Aracaju é a capital do estado de Sergipe (Figura 53), na costa nordeste do</p><p>Brasil. É conhecida pelas praias, incluindo a Praia de Atalaia, ao centro. Junto à praia, o</p><p>Oceanário de Aracaju,</p><p>em forma de tartaruga, possui arraias, tubarões, enguias e tartarugas</p><p>marinhas, além de exposições práticas. O município tem, de acordo com o IBGE (Instituto</p><p>Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2022, uma área da unidade territorial de 182,16 km²,</p><p>densidade demográfica de 3.308,89 hab/km², população estimada de 602.757 pessoas. Esse</p><p>crescimento populacional foi notável, com o terceiro maior aumento percentual na região</p><p>Nordeste.</p><p>Figura 53 – Mapa do Brasil, Sergipe e Aracaju.</p><p>Fonte: Google Maps, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Nesse sentido, em decorrência do notável aumento da população, houve um aumento</p><p>correspondente no número de animais, tanto nas famílias quanto nas ruas. Embora os números</p><p>atualizados de animais abandonados no município não tenham sido divulgados, é evidente que</p><p>a quantidade de organizações não governamentais (ONGs), abrigos e campanhas dedicadas ao</p><p>cuidado dos animais também cresceu significativamente nos últimos anos.</p><p>Segundo Solutudo (2022), algumas dessas Ongs são abrigos que cuidam de animais em</p><p>Aracaju, entre elas: a Ong das patinhas Aracaju, a ADASFA (Associação Defensora dos</p><p>Animais São Francisco de Assis) e o Anjos de Resgate, que é um centro de Reabilitação animal</p><p>que cuida de casos graves e após saudáveis e castrados, são colocados para adoção. Dessa</p><p>76</p><p>forma, a ONG tem como missão dar uma nova chance a animais cuja oportunidade de ter uma</p><p>vida feliz, ou ao menos digna, foi retirada pela maldade e descaso humano.</p><p>É lamentável que a maioria dos abrigos não esteja registrada no Google Maps (Figura</p><p>54), tornando difícil a localização e prejudicando aqueles que desejam oferecer ajuda. Apenas</p><p>alguns (ADASFA e ASPA) aparecem no site para busca, isso destaca a importância de uma</p><p>maior divulgação e coordenação das iniciativas de abrigo de animais na região, para que as</p><p>pessoas interessadas em contribuir possam encontrar essas organizações de forma mais eficaz</p><p>e direta.</p><p>Figura 54 – Abrigos em Aracaju.</p><p>Fonte: Google Maps, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Contudo, à medida que cresce o número de ONGs e abrigos no cuidados de animais</p><p>abandonados, de acordo com f5news (2016), a Secretaria Municipal do Meio Ambiente</p><p>77</p><p>(SEMA) alerta sobre um problema do acúmulo de animais em residências que vem crescendo</p><p>na capital. Aparentemente um gesto de compaixão, contudo, o acúmulo de animais é</p><p>considerado um distúrbio mental e pode causar vários problemas, tanto para os próprios animais</p><p>como também para os humanos.</p><p>Ainda segundo o autor, no Bairro Siqueira Campos, a Sema fiscalizou uma residência</p><p>com mais de 30 gatos sobrevivendo em condições precárias (Figura 55), o que se enquadra</p><p>como maus tratos. Segundo G1 (2018), em Aracaju, existe a Lei Municipal nº 2.380/96 que</p><p>restringe a 10 animais em residência particular, para criação, guarda e manutenção das espécies</p><p>caninas ou felinas. Acima disso é caracterizado como catil ou canil, que deve ter licença</p><p>ambiental junto a Sema, para que todas as medidas de segurança e de proteção ao meio ambiente</p><p>sejam cumpridas.</p><p>Figura 55 – Acumuladores de animais.</p><p>Fonte: G1, 2018.</p><p>Contudo, de acordo com Prefeitura de Aracaju (2023), nesses casos as pessoas</p><p>interessadas em acolher, temporariamente, animais em situação de vulnerabilidade, podem se</p><p>cadastrar para participar do Aju Animal, o programa de proteção animal desenvolvido pela</p><p>Prefeitura de Aracaju, por meio da SEMA e assim ter auxílio financeiro de R$60 mensais por</p><p>animal cadastrado, no período de 12 meses, a partir do momento em que acontece o</p><p>acolhimento. Logo, as pessoas podem oferecer um lar temporário para esses animais,</p><p>garantindo que eles recebam os cuidados necessários e a assistência de que precisam.</p><p>Ademais, outra campanha que visa prevenir a crueldade contra animais de todas as</p><p>espécies e conscientizar a população em Aracaju é conhecida como Abril Laranja, mês que foi</p><p>escolhido em comemoração à criação da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, em</p><p>78</p><p>1952. Assim, a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por meio do Departamento de Gestão</p><p>Ambiental e Segurança do Trabalho (DGASET), uma série de ações foram pensadas</p><p>especificamente para reforçar a relevância deste mês; além das iniciativas já realizadas durante</p><p>todo o ano (UFS, 2023).</p><p>Como também, foi criada a campanha Dezembro Verde, voltada à conscientização da</p><p>população sobre o abandono de animais no estado de Sergipe. De acordo com Assembléia</p><p>Legislativa do estado de Sergipe (2020), de autoria da deputada estadual Kitty Lima, o mês de</p><p>dezembro foi escolhido por conta dos altos índices de abandono de animais que são registrados</p><p>no período.</p><p>Outro órgão de suma importância em Aracaju, atuando na prevenção e controle das</p><p>doenças adquiridas pelo homem através de animais, é o Centro de Zoonoses (CCZ), como pode</p><p>ser visto na figura 56. Segundo o F5news (2021), no CCZ o serviço de castração de animais</p><p>(cães e gatos) realizou cerca de 1,7 mil procedimentos em 2020. Além disso, segundo a</p><p>Prefeitura de Aracaju (2017), no CCZ tem um posto fixo para atendimento de consultas e</p><p>exames, como também para aplicação de vacinas contra a raiva em cães e gatos durante o ano</p><p>todo.</p><p>Figura 56 – Centro de Zoonoses de Aracaju.</p><p>Fonte: Prefeitura de Aracaju, 2022.</p><p>Somado a isso, fixado no Centro de Zoonose possui o castramóvel (Figura 57), um</p><p>programa de controle populacional de cães e gatos oferecendo castração gratuita. De acordo</p><p>com Cintia Freire, coordenadora do Castramóvel, em entrevista concedida para o Infonet (2020)</p><p>no trecho a seguir:</p><p>79</p><p>Antes, a gente tinha o projeto de atender bairros específicos de Aracaju</p><p>de acordo com os dados das últimas campanhas de vacinação de</p><p>animais. Agora estamos com o objetivo de atender todos os bairros da</p><p>capital. Aqui conseguiremos atender a todos de maneira</p><p>indiscriminada. Assim, o Centro de Zoonoses tem como objetivo, a</p><p>partir da castração, fazer o controle populacional e diminuir a</p><p>quantidade de animais que possam vir a ser abandonados (Infonet,</p><p>2020).</p><p>Figura 57 – Castramóvel.</p><p>Fonte: Prefeitura de Aracaju, 2022.</p><p>Portanto, é evidente que há diversas iniciativas em Aracaju, incluindo ações da</p><p>prefeitura, órgãos públicos, ONGs e abrigos, que buscam conscientizar e implementar medidas</p><p>para controlar a população de animais e combater o abandono de animais na cidade. Dessa</p><p>forma, é igualmente importante saber se a população está ciente dos abrigos e das iniciativas</p><p>em andamento na cidade e assim a divulgação e o engajamento comunitário podem contribuir</p><p>significativamente para o sucesso das ações relacionadas aos animais em Aracaju.</p><p>5.2 Pesquisa sobre os abrigos em Aracaju/SE</p><p>Foi conduzida uma pesquisa abrangendo métodos quantitativos e qualitativos (Apêndice</p><p>A) com o objetivo de aprofundar a compreensão sobre a relação da população com os abrigos</p><p>em Aracaju. Foram elaboradas oito perguntas por meio do Google Forms, resultando em 43</p><p>respostas coletadas. Essa pesquisa visa criar um perfil do usuário e identificar as demandas e</p><p>opiniões da comunidade em relação aos abrigos existentes na região.</p><p>Foi questionado se é observado muitos animais abandonados (Figura 58) e a maioria</p><p>(95,3%) respondeu que sim.</p><p>80</p><p>Figura 58 – Pergunta 1 do questionário.</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Em seguida foi perguntado se essas pessoas já resgataram algum animal abandonado e</p><p>a maioria (53,5%) respondeu que sim conforme a figura 59.</p><p>Figura 59 – Pergunta 2 do questionário.</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Foi indagado se essas pessoas possuem algum animal de estimação e em caso positivo</p><p>se ele foi adotado, 29 responderam que sim e 15 responderam que não, entre eles 7 informaram</p><p>que possuem mas não foi adotado, 11 informaram que possuem e foi adotado e 2 não possuem</p><p>mas adotariam, conforme</p><p>a figura 60.</p><p>81</p><p>Figura 60 – Pergunta 3 do questionário.</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Foi questionado se essas pessoas adotariam um animal e a maioria (88,4%) respondeu</p><p>que sim conforme a figura 61.</p><p>Figura 61 – Pergunta 4 do questionário.</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Em relação a conhecer a situação dos abrigos existentes em Aracaju, a maioria</p><p>(81,4%) respondeu que não conforme a figura 62.</p><p>Figura 62 – Pergunta 5 do questionário.</p><p>82</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Foi realizada uma pergunta aberta sobre o que essas pessoas acham dos abrigos de</p><p>animais existentes em Aracaju, a maioria não conhece e outras que conhecem algumas</p><p>iniciativas em alguns pontos da cidade, dentre as 14 obtidas, foram selecionadas as 3 que mais</p><p>se destacaram:</p><p>Resposta 01</p><p>“Acho que falta muito recurso para ajudar esses lugares a se manterem.”.</p><p>Resposta 02</p><p>“Já vi alguns, na Avenida Beira Mar, mas não conheço a situação. Eu conheço uma iniciativa no</p><p>Parque dos Cajueiros que resgata e cuida de gatos abandonados. O que vejo acontecendo com</p><p>frequência são pessoas que abandonam animais propositalmente no parque dos Cajueiros com a</p><p>intenção de deixar esses animais sob responsabilidade do abrigo. Contudo, vejo que eles estão sempre</p><p>divulgando e ajudando animais a encontrarem lares”.</p><p>Resposta 03</p><p>“A situação dos abrigos é complicada, principalmente pela falta de recursos dos mesmos, o que</p><p>ocasiona em problemas como a falta de alimentos, falta de cuidados veterinários e problemas de</p><p>higiene. Isso tudo se dá não pela falta de preparo da equipe das ongs, mas por falta de política pública</p><p>sobre o assunto e falta de conscientização da população”.</p><p>Em seguida foi questionado se essas pessoas acreditam que criando abrigos para animais</p><p>melhoraria a realidade dos animais abandonados, a maioria (76,7%) respondeu que sim e</p><p>(18,6%) responderam que talvez, conforme a figura 63.</p><p>Figura 63 – Pergunta 7 do questionário.</p><p>83</p><p>Fonte: Adaptado de Google Forms, 2023.</p><p>Por fim, foi realizada uma pergunta aberta se essas pessoas acreditam, que a arquitetura</p><p>(neuroarquitetura) é um caminho para melhorar a vida desses animais e como, dentre as 43</p><p>obtidas, foram selecionadas as 3 que mais acrescentariam no estudo:</p><p>Resposta 01</p><p>“Evitaria deles estarem comendo lixo, melhoraria a situação de vida deles, iria ser um espaço voltado</p><p>para eles”.</p><p>Resposta 02</p><p>“Com certeza, através da neuroarquitetura os animais abandonados poderiam ter uma maior</p><p>oportunidade de vida digna, acesso a abrigo e a alimentação, além de receber cuidados e atenção. Além</p><p>disso, diminuiria consideravelmente a violência contra esses animais que se encontram em maior</p><p>vulnerabilidade nas ruas”.</p><p>Resposta 03</p><p>“Acredito sim, porque a maioria desses animais já sofreram muito e a maioria dos abrigos não</p><p>fornecem o devido conforto para esses animais, a neuroarquitetura iria trazer mais conforto e qualidade</p><p>de vida para esses animais”.</p><p>84</p><p>5.3 Compreendendo a realidade</p><p>O abrigo escolhido como estudo de caso, para mostrar a realidade de Aracaju/SE, é a</p><p>ADASFA (Associação Defensora dos Animais São Francisco de Assis (Figura 64), que é uma</p><p>entidade sem fins lucrativos fundada em 2004 em Aracaju, que segundo Solidários-SE(2020),</p><p>oferece abrigo, alimentação e tratamento veterinário a animais abandonados, com foco em cães</p><p>e gatos em estado crítico de saúde e nutrição.</p><p>Figura 64 – Abrigo de animais abandonados ADASFA.</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>O abrigo está situado no bairro Santa Maria, na zona sul da cidade. O acesso ao local</p><p>por transporte público é desafiador devido à frequência reduzida de ônibus, com apenas uma</p><p>linha a cada hora, além da distância considerável entre o ponto de ônibus e o abrigo, o que torna</p><p>o acesso direto difícil, como pode ser observado na figura 65.</p><p>85</p><p>Figura 65 – Localização do abrigo em vermelho.</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Ao chegar ao abrigo, é imediatamente perceptível o som dos latidos de muitos cães, bem</p><p>como a presença de alguns gatos do lado de fora. A edificação não possui campainha; é</p><p>necessário se aproximar do portão e bater para chamar a atenção, e os cães, ao perceberem um</p><p>barulho externo, alertam quem está dentro. A visita foi conduzida pela voluntária, que optou</p><p>por não conceder uma entrevista pois informou que não era a dona do abrigo, mas gentilmente</p><p>mostrou as instalações do abrigo e compartilhou sua história de mais de 20 anos de trabalho</p><p>voluntário, motivado pelo amor aos animais.</p><p>Na entrada principal, encontra-se o gatil, embora alguns cães e pombos também estejam</p><p>presentes. O amplo pátio central abriga duas árvores plantadas pela própria fundadora, com os</p><p>gatis dispostos nos lados esquerdo e direito. É notável a condição precária do piso de cimento,</p><p>que se encontra desalinhado e danificado, como pode ser visto na Figura 66.</p><p>86</p><p>Figura 66 – Gatil (primeira ala).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No interior, em direção à entrada/saída principal, é evidente a presença de portões</p><p>enferrujados e alguns materiais desgastados, ao lado de um único depósito que compõe as</p><p>instalações do abrigo (Figura 67).</p><p>Figura 67 – Gatil (entrada principal).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No lado direito, no primeiro gatil, encontram-se os gatos filhotes e as gatas fêmeas</p><p>grávidas em espaços reduzidos, alojados em gaiolas em condições precárias. O ambiente</p><p>também é compartilhado com caixas e medicamentos dispostos de forma desorganizada. Além</p><p>disso, há um sofá antigo onde alguns animais feridos e doentes encontram descanso (Figura</p><p>68).</p><p>87</p><p>Figura 68 – 1º gatil da ADASFA.</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Depois do 1º gatil, possui uma caixa de areia onde os animais fazem as fezes, essa caixa</p><p>possui odor forte e é muito próximo onde os animais dormem. É possível notar algumas</p><p>casinhas pelo pátio onde os cachorros repousam, mas a maioria prefere ficar deitados na área</p><p>livre, como pode ser observado na figura 69.</p><p>Figura 69 – Gatil (caixa de areia).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No 2º gatil, o espaço é limitado, e algumas áreas possuem apenas um gradil para entrada</p><p>de luz e ventilação, mas permanecem fechadas devido à separação dos filhotes destinados à</p><p>feira de adoção. Os gatos são mantidos em gaiolas enferrujadas e isoladas dos demais animais.</p><p>Além disso, durante a tarde, é evidente uma alta exposição solar na área onde eles descansam</p><p>(Figura 70).</p><p>88</p><p>Figura 70 – 2º gatil da ADASFA.</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No lado esquerdo, ficam os banheiros, cozinha, acesso para a ala dos cachorros, alguns</p><p>eletrodomésticos fios, lâmpadas e móveis antigos, gatos e comidas espalhados, contudo, é</p><p>possível observar pintura colorida verde nas paredes, que contribui para tornar o espaço menos</p><p>austero, como pode ser visto na figura 71.</p><p>Figura 71 – Gatil (outras dependências).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>89</p><p>Nos fundos, encontra-se uma área de serviço com uma máquina de lavar usada para</p><p>higienizar todos os lençóis dos animais. À esquerda, há um canil com 1 cachorro gravemente</p><p>debilitado e incapaz de andar. À direita, estão dispostos equipamentos para auxiliar na</p><p>recuperação desse animal. É evidente a presença de ferrugem nos portões, bem como toda a</p><p>fiação exposta em condições precárias, representando um risco para a vida desses animais</p><p>(Figura 72).</p><p>Figura 72 – Gatil (área de serviço).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Antes de chegar à cozinha e à ala dos cachorros, há móveis adaptados às necessidades</p><p>dos gatos, como arranhadores e caixas altas, juntamente com alimentos e água espalhados pela</p><p>área. É evidente a variação na altura dos pisos e o desgaste visível nos portões e móveis, como</p><p>visto na figura 73.</p><p>90</p><p>Figura 73 – Gatil (área de descanso).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Na cozinha, as condições são igualmente precárias. Há poucos armários, os quais estão</p><p>em estado de deterioração, e apenas alguns eletrodomésticos, incluindo um fogão industrial</p><p>antigo. O espaço é de tamanho médio e carece de iluminação adequada, como é possível</p><p>observar na figura 74.</p><p>Figura 74 – Gatil (cozinha).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Em outra ala destinada aos gatos, existe uma área aberta com uma caixa de areia, porém,</p><p>há uma intensa exposição solar afetando as áreas de descanso dos gatos. Algumas lonas foram</p><p>colocadas em algumas partes para proporcionar alguma proteção, embora isso acabe tornando</p><p>91</p><p>o ambiente mais quente. É evidente a ausência de árvores e a escassez de áreas sombreadas</p><p>disponíveis para os gatos, ver figura 75.</p><p>Figura 75 – Gatil (2ª ala).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Na área de descanso, há prateleiras e móveis adaptados para os gatos, porém, eles se</p><p>encontram em um estado significativamente desgastado e sujo. Não foi possível identificar a</p><p>presença de lâmpadas para iluminar o local durante a noite. Além disso, é notável que as paredes</p><p>apresentam sinais de mofo e infiltração, como pode ser visto na figura 76.</p><p>Figura 76 – Gatil (área de descanso).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No canil, a situação é ainda mais crítica, com muitos animais confinados em um espaço</p><p>reduzido. O odor é extremamente intenso, tornando difícil permanecer por muito tempo, pois</p><p>92</p><p>se torna desconfortável. Muitos dos animais ficam amontoados dentro dos canis internos. Além</p><p>disso, as paredes apresentam infiltrações e mofo, longe de criar um ambiente acolhedor, como</p><p>pode ser visto na figura 77.</p><p>Figura 77 – Canil (área de permanência).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Em outra ala do canil, destinada para deficientes ou animais feridos. Destaca-se uma</p><p>cena que chamou a atenção da autora deste estudo: um cachorro com deficiência se esforçando</p><p>para se aproximar e receber um pouco de atenção. Foi visível a tristeza em seus olhos, mas</p><p>também a determinação em lutar pela vida.</p><p>O piso irregular e completamente cimentado, sujo e a falta de arborização destacam a</p><p>difícil realidade que esses animais enfrentam diariamente. Na parte posterior, há outra ala para</p><p>os cães, com aglomeração e um espaço inadequado, como podemos observar na figura 78.</p><p>Figura 78 – Canil (área de permanência).</p><p>93</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Em outra ala do canil, há um espaço destinado às cadelas que recentemente tiveram</p><p>filhotes e precisam de isolamento. No entanto, o local é pequeno, com ventilação limitada,</p><p>paredes infiltradas e os cachorros ficam isolados, sem a possibilidade de acesso à área ao ar</p><p>livre (Figura 79).</p><p>Figura 79 – Canil (ala cadelas grávidas).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Em outra entrada, que leva ao ambulatório e à sala de castração, fica evidente o péssimo</p><p>estado da estrutura física do local, com poucos móveis e os existentes estão enferrujados e sujos.</p><p>A voluntária relatou que o local é frequentemente visitado por ratos e é uma área que necessita</p><p>de reforma urgente, como visto na figura 80.</p><p>Figura 80 – Canil (sala para acesso ao ambulatório).</p><p>94</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Em seguida, há outro canil separado onde possui alguns cachorros e para acessar o</p><p>ambulatório, é necessário passar entre eles, já que há apenas uma entrada e uma saída</p><p>disponíveis. De acordo com a voluntária Altair, a proprietária do abrigo, Antônia, tem planos</p><p>de criar três canis adicionais, porém, a falta de recursos financeiros está limitando essa</p><p>expansão. Quando os cães chegam ao abrigo, eles são inicialmente separados em uma ala</p><p>específica para evitar reprodução indesejada e, em seguida, são encaminhados para castração,</p><p>como visto na figura 81.</p><p>Figura 81 – Canil (canil para acesso ao ambulatório).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>95</p><p>No ambulatório (Figura 82), é notável o considerável estoque de vacinas, medicamentos</p><p>e equipamentos que eles possuem, além da organização na disposição desses recursos, mesmo</p><p>enfrentando limitações de espaço para armazenamento. A voluntária também destacou que, em</p><p>comparação com outros abrigos que visitou, o ADASFA se destaca por sua organização,</p><p>embora sua expansão seja prejudicada pela falta de financiamento adequado.</p><p>Figura 82 – Canil (ambulatório).</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Logo após o ambulatório, há uma pequena sala de cirurgia onde a castração de animais</p><p>machos é realizada. O ambiente é quente e carece de ventilação natural, pois não possui janelas,</p><p>dependendo apenas de um antigo sistema de ar-condicionado. A sala e os equipamentos são</p><p>bastante simples e atendem apenas às necessidades básicas. Em casos mais graves, os animais</p><p>são encaminhados para uma clínica, conforme mencionado pela voluntária, como observado na</p><p>figura 83.</p><p>Figura 83 – Canil (sala de cirurgia).</p><p>96</p><p>Fonte: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Portanto, a visita tornou-se fundamental para uma compreensão mais completa da</p><p>situação do abrigo, contribuindo de maneira significativa para o desenvolvimento de estudos e</p><p>do projeto. Um abrigo não deve ser encarado como um local de descarte para esses animais,</p><p>mas sim como um espaço temporário de recuperação e reintegração na sociedade. Logo, é</p><p>crucial desenvolver um projeto que atenda às necessidades desses animais, além de protegê-los,</p><p>e que possa servir como referência para promover projetos educativos em prol dos direitos dos</p><p>animais, buscando, assim, uma relação mais harmoniosa entre seres humanos e animais.</p><p>Além da visita técnica, também foi realizada uma entrevista informal (Apêndice B) com</p><p>a fundadora, uma das primeiras fundadoras do Adasfa, na qual foram apresentadas algumas</p><p>perguntas pontuais para compreender como é a realidade e necessidades do abrigo, foram</p><p>selecionadas as 3 perguntas que mais se destacaram:</p><p>Pergunta 1 - Como surgiu o abrigo Adasfa?</p><p>Em 1998, quando eu tinha 35 gatos, sendo que 5 fêmeas estavam prenhas, precisei encontrar</p><p>uma casa para alugar por causa das reclamações dos vizinhos. Encontrei uma senhora</p><p>chamada Isabel que também tinha muitos cachorros e estava enfrentando o mesmo problema.</p><p>Alugamos uma casa juntas, mas em 2003, essa senhora falou que um casal de amigos dela, que</p><p>eram engenheiros da FAFEN (Fábrica de Fertilizantes do Nordeste), queria doar um terreno</p><p>para nós. No entanto, as pessoas começaram a jogar gatos na porta de nossa casa quando</p><p>souberam que tínhamos gatos. Quatro anos depois, conseguimos o terreno e pedimos ajuda</p><p>para construir canis, dividindo o espaço entre gatos e cachorros. No início, tínhamos um</p><p>espaço pequeno e sem muros, apenas mato. Ao longo dos anos, expandimos gradualmente,</p><p>construindo canis com a ajuda de alguns pedreiros e pessoas da comunidade. Visitamos lojas</p><p>em busca de doações de blocos e cimento, e até mesmo a senhora idosa, que tinha mais de 80</p><p>anos e estava acamada, continuou a apoiar. Um dia visitei Isabel, que está com alzheimer, não</p><p>conheçe ninguém e enquanto conversava mencionei que ainda estava cuidando de seus</p><p>97</p><p>cachorros, nesse momento, vi uma lágrima escorrendo de seu olho, fiquei impressionada,</p><p>porque veio uma lembrança na mente dela.</p><p>Pergunta 15 - Quais as dificuldades atuais em relação ao espaço com os animais?</p><p>A elétrica tá dando problema porque é antiga, além de mesmo tendo 2 freezeres porque</p><p>ganhamos bastante carne, nunca faltou comida, o espaço não ta sendo suficiente. Não temos</p><p>um espaço para separar os animais na hora de alimentá-los, acredito que nem todos</p><p>conseguem comer. Temos dois portões nos canis e outros que estão enferrujando e quebrando</p><p>e precisamos refazer a chaparia, porque se alguns animais escaparem para a ala dos cães pode</p><p>não voltar.</p><p>LISTA DE FIGURAS</p><p>Figura 1 - ONGs e grupos de protetores. .................................................................................. 17</p><p>Figura 2 - Os motivos que levam ao abandono. ....................................................................... 20</p><p>Figura 3– As 5 liberdades animal. ............................................................................................ 22</p><p>Figura 4 - Visão dos humanos e pets. ....................................................................................... 25</p><p>Figura 5– Audição animal. ....................................................................................................... 26</p><p>Figura 6– Variáveis na neuroarquitetura. ................................................................................. 31</p><p>Figura 7– Casa e Hotel Canino: Biofilia residencial para animais. .......................................... 33</p><p>Figura 8– Dear Mutt: Aromaterapia para animais. ................................................................... 35</p><p>Figura 9– Imagem com cores semelhantes às da natureza. ...................................................... 36</p><p>Figura 10 - Círculo cromático. ................................................................................................. 37</p><p>Figura 11– Cores complementares. .......................................................................................... 38</p><p>Figura 12 - Cores análogas. ...................................................................................................... 38</p><p>Figura 13– Harmonia monocromática. ..................................................................................... 39</p><p>Figura 14– As cores preferidas. ................................................................................................ 40</p><p>Figura 15 - As cores menos apreciadas. ................................................................................... 41</p><p>Figura 16– Palm Springs: as cores no ambiente. ...................................................................... 41</p><p>Figura 17– Annenberg Petspace: as cores nos mobiliários. ..................................................... 42</p><p>Figura 18– Cromoterapia pet durante viagens. ......................................................................... 43</p><p>Figura 19 - Centro de Cuidados com Animais de Staten Island: iluminação natural. .............. 45</p><p>Figura 20– Tipos de iluminação natural. .................................................................................. 46</p><p>Figura 21– Temperatura de cor. ............................................................................................... 47</p><p>Figura 22– Tipos de luz. ........................................................................................................... 48</p><p>Figura 23– Centro de bem-estar animal RSPCA Victoria: iluminação artificial indireta. ....... 48</p><p>Figura 24– Abrigo New Hanover County: música ajuda a acalmar os animais. ...................... 50</p><p>Figura 25– San Clemente-Dana Point Animal Shelter: música clássica em abrigo. ................ 51</p><p>Figura 26– Arquitetura Orgânica. ............................................................................................. 53</p><p>Figura 27– Hotel Petaholic: uso das formas para memória. ..................................................... 53</p><p>Figura 28– Hotel Petaholic: mobiliários orgânicos. ................................................................. 54</p><p>Figura 29– Annenberg Petspace: espaços personalizados. ....................................................... 55</p><p>Figura 30– Annenberg Petspace: mobiliários personalizados. ................................................. 56</p><p>Figura 31– Dogs hotel: personalização nas necessidades. ....................................................... 56</p><p>Figura 32– County of Santa Clara Animal Services Center. .................................................... 58</p><p>Figura 33– Localização do abrigo. ........................................................................................... 59</p><p>Figura 34– Planta baixa do projeto. .......................................................................................... 59</p><p>Figura 35– Parque ao ar livre. .................................................................................................. 60</p><p>Figura 36– Espaço de reunião polivalente. ............................................................................... 61</p><p>Figura 37– Dormitórios para cães. ........................................................................................... 61</p><p>Figura 38– Dormitórios para gatos. .......................................................................................... 62</p><p>Figura 39– Iluminação natural. ................................................................................................. 63</p><p>Figura 40– Elementos sensoriais. ............................................................................................. 64</p><p>Figura 41– Fachada. ................................................................................................................. 65</p><p>Figura 42– Palm Springs Animal Care Facility........................................................................ 66</p><p>Figura 43– Localização do abrigo. ........................................................................................... 67</p><p>Figura 44– Planta baixa circulações e acessos. ........................................................................ 68</p><p>Figura 45– Planta baixa setorizações. ...................................................................................... 69</p><p>Figura 46 - Classificação da pontuação em selos LEED. ......................................................... 69</p><p>Figura 47– Área animal e eixo de circulação. .......................................................................... 70</p><p>Figura 48– Projeto se integra com o entorno. ........................................................................... 71</p><p>Figura 49– Cobertura com recortes. ......................................................................................... 71</p><p>Figura 50– Gatil (aberturas no nível dos animais). .................................................................. 72</p><p>Figura 51– Canil (áreas livres). ................................................................................................ 72</p><p>Figura 52– Canil (identificação dos animais para doação). ...................................................... 73</p><p>Figura 53– Mapa do Brasil, Sergipe e Aracaju. ....................................................................... 75</p><p>Figura 54– Abrigos em Aracaju. .............................................................................................. 76</p><p>Figura 55– Acumuladores de animais. ..................................................................................... 77</p><p>Figura 56– Centro de Zoonoses de Aracaju. ............................................................................ 78</p><p>Figura 57– Castramóvel. .......................................................................................................... 79</p><p>Figura 58– Pergunta 1 do questionário. .................................................................................... 80</p><p>Figura 59– Pergunta 2 do questionário. .................................................................................... 80</p><p>Figura 60– Pergunta 3 do questionário. .................................................................................... 81</p><p>Figura 61– Pergunta 4 do questionário. .................................................................................... 81</p><p>Figura 62– Pergunta 5 do questionário ..................................................................................... 82</p><p>Figura 63– Pergunta 7 do questionário. .................................................................................... 83</p><p>Figura 64– Abrigo de animais abandonados ADASFA. .......................................................... 84</p><p>Figura 65–</p><p>Temos mais espaço para construir mais canis, mas não temos verba suficiente. Não</p><p>temos um canil fechado para os animais que chegam feridos então eles ficam juntos com os</p><p>outros e podem passar doenças. Por isso precisamos de verba para a manutenção também. o</p><p>nosso depósito é pequeno então não conseguimos pegar muita ração de uma vez.</p><p>Pergunta 25 - O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos</p><p>animais?</p><p>Espaço, área livre, comida.</p><p>Além disso, foi realizada também uma entrevista informal com a ex-deputada estadual,</p><p>fundadora da ONG Anjos, Atual Superintendente da Proteção Animal no Estado, Kitty Lima</p><p>(Apêndice B), a qual compartilhou sua experiência e os resultados alcançados durante sua</p><p>atuação na política em prol da causa animal, foram selecionadas as 3 perguntas que mais se</p><p>destacaram:</p><p>Pergunta 3- Quais as dificuldades atuais em relação aos abrigos de animais?</p><p>A maior dificuldade é fazer a população ver que abrigo não é solução ou depósito, porque gera</p><p>superlotação e não tem alimentação sempre. Então o abrigo é um local onde a gente deixa os</p><p>animais temporariamente, porque para manter um abrigo da forma correta não é barato.</p><p>Pergunta 4 - Quais as dificuldades atuais em relação ao poder público?</p><p>A gente já está buscando licitar rações para ajudar esses abrigos. O que dificulta muito também</p><p>é que a grande maioria dessas ONGs não são regulamentadas, então o estado não pode fazer</p><p>parceria com as que não estejam regulares e são poucos os que têm esses documentos em</p><p>ordem.</p><p>Pergunta 9 - O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos</p><p>animais?</p><p>Primeiro precisa haver separação entre cães e gatos. Outra coisa que precisa ter é local</p><p>adequado para animais deficientes, com o piso adequado para eles não se machucarem mais.</p><p>Como também uma área de quarentena para animais doentes. É interessante ter consultórios</p><p>dentro dos abrigos porque sempre tem veterinários e o próprio responsável técnico do abrigo</p><p>que pode estar frequentemente marcando horários e indo lá cuidar dos animais.</p><p>Por fim, também foi realizada uma entrevista informal (Apêndice B) com o Dr. João</p><p>Victor, um médico veterinário que trabalha diretamente com esses animais, a fim de obter uma</p><p>98</p><p>perspectiva profissional sobre sua experiência e as formas de aprimorar o bem-estar animal com</p><p>uma abordagem mais técnica, foram selecionadas as 3 perguntas que mais se destacaram:</p><p>Pergunta 4 - Quais os ambientes que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida</p><p>melhor aos animais?</p><p>O abrigo necessita de algumas estruturas para melhor conforto dos animais, a começar por</p><p>uma área ampla onde os mesmos possam passear e brincar, baias individuais para o descanso,</p><p>um local de quarentena, onde os animais resgatados fiquem de quarentena, evitando</p><p>proliferação de doença para o resto do abrigo e um local para a administração do local.</p><p>Pergunta 5 - Dos animais que chegam até o abrigo, o que eles mais necessitam?</p><p>Animais que chegam aos abrigos são em suma animais de ruas, com problemas de pele e</p><p>verminose. Então, quase sempre necessitam de uma avaliação veterinária para recuperar sua</p><p>saúde plena.</p><p>Pergunta 7 - O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos</p><p>animais?</p><p>O abrigo deve fornecer um ambiente seguro e confortável para os animais, com espaço</p><p>suficiente para se movimentarem e brincarem. O enriquecimento ambiental também é de suma</p><p>importância, já que com ele diminuímos o estresse dos animais. É importante separarmos</p><p>animais doentes dos sadios, para não haver proliferação de doenças. É importante que o abrigo</p><p>seja limpo regularmente para garantir a saúde dos animais e evitar a propagação de doenças.</p><p>Desta forma, a partir desses condicionantes, fora pensado na elaboração do diagnóstico</p><p>urbano local que será apresentado no item a seguir.</p><p>5.4 Diagnóstico urbano local</p><p>Com base na visita ao abrigo Adasfa e na entrevista realizada, parece evidente que a</p><p>reforma do abrigo atual pode não ser viável, dado o grande número de animais, o</p><p>distanciamento de pontos centrais da cidade e as condições precárias do espaço. Uma proposta</p><p>mais adequada foi a criação de uma nova edificação em um local mais acessível, localizado na</p><p>região central da cidade, próximo a vias principais e pontos de referência. Esse novo abrigo</p><p>pode oferecer capacidade para abrigar um número maior de animais e proporcionar melhores</p><p>condições para o seu bem-estar.</p><p>A área escolhida para a intervenção (Figura 84) é um terreno localizado no bairro</p><p>Capucho, mais precisamente no bairro da Zona Oeste de Aracaju, limita-se, ao norte, com o</p><p>bairro Olaria, visto o seu pouco uso durante todo esse tempo. Os principais fatores para a</p><p>escolha desse lote foram a sua inserção dentro de uma zona urbana consolidada, variada</p><p>demanda viária e o seu grande potencial urbano.</p><p>Figura 84 – Delimitação bairro Capucho.</p><p>99</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Aracaju – diagnóstico</p><p>municipal (2015), o processo de transformação do Bairro Capucho foi iniciado para atender às</p><p>necessidades da época, que envolviam a realocação de órgãos públicos do centro da cidade com</p><p>o propósito de reduzir o congestionamento de tráfego na área central. Assim, o bairro está</p><p>estrategicamente localizado próximo à entrada da cidade, ao Terminal Rodoviário</p><p>Interestadual, à Universidade Federal de Sergipe (UFS) e ao Hospital João Alves (HUSE), o</p><p>principal centro de saúde do estado de Sergipe.</p><p>Com isso, Capucho destaca-se pela sua morfologia singular em comparação com o</p><p>restante da cidade, devido aos grandes vazios urbanos e suas construções apresentando</p><p>tipologias distintas, com predominância de edifícios governamentais e institucionais.</p><p>O Bairro Capucho apresenta uma notável característica de espaços urbanos vazios</p><p>(Figura 85), mesmo estando situado em uma área bem provida de infraestrutura. É evidente o</p><p>surgimento de residências e apartamentos, indicando um potencial crescimento a médio e longo</p><p>prazo, impulsionado pelo investimento do setor imobiliário na região. Além disso, destaca-se a</p><p>proximidade com órgãos públicos de cunho animal, como o Centro de Zoonoses e o IBAMA.</p><p>A localização estratégica do bairro, nas imediações do Terminal Rodoviário e das</p><p>importantes avenidas Chanceler Osvaldo Aranha e Presidente Tancredo Neves, facilita a</p><p>circulação de diversos meios de transporte. A proximidade com a Universidade Federal de</p><p>Sergipe e a Faculdade Pio décimo, a qual possui Hospital Veterinário Dr. Vicente Borelli,</p><p>100</p><p>também abre oportunidades para o desenvolvimento de projetos de extensão e pesquisa, bem</p><p>como a promoção de atividades que podem contribuir para o bem-estar da comunidade local.</p><p>Todas essas características desempenham um papel fundamental na viabilidade do</p><p>projeto, permitindo uma integração eficaz com o ambiente circundante e oferecendo potenciais</p><p>benefícios para os moradores do bairro.</p><p>Figura 85 – Mapeamento de vazios urbanos.</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>O fato de esta área ter sido planejada anteriormente, com uma predominância de</p><p>edifícios governamentais e institucionais em detrimento de residências, resultou na persistência</p><p>de lotes vazios por muitos anos, acarretando várias questões problemáticas para a região. A</p><p>ausência de ocupação nessas áreas tem contribuído para a falta de segurança para os pedestres,</p><p>devido à falta de vizinhança e à ausência de residentes e estabelecimentos comerciais.</p><p>A escolha do lote também levou em consideração a sua inserção dentro de uma zona</p><p>urbana já consolidada e que não demandaria grandes esforços para a sua viabilização. Estruturas</p><p>básicas, como água, esgoto, energia e principalmente um sistema viário e de transporte público</p><p>já consolidado e com demanda para o porte da edificação foram essenciais para a afirmação</p><p>da</p><p>escolha, (Figura 86).</p><p>101</p><p>Figura 86 – Fotos do terreno escolhido.</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Dessa forma, a potencialidade urbanística deste local desempenhou um papel</p><p>fundamental na tomada desta decisão. Ao analisar a sua localização em uma área atualmente</p><p>caracterizada por espaços urbanos subutilizados, percebe-se que a inclusão de equipamentos</p><p>comunitários, como é o caso do projeto, irá proporcionar às pessoas uma experiência mais</p><p>gratificante nesta localidade, incentivando uma maior frequência e contribuindo para o</p><p>desenvolvimento desta região.</p><p>O diagnóstico foi criado de forma a analisar a área de estudo com o propósito de utilizar</p><p>as informações essenciais para a proposta do abrigo para pets. A fim de ilustrar as observações,</p><p>foram utilizados mapas de macrozoneamento, delimitação da área, usos e ocupação do solo,</p><p>gabarito de altura, orientação solar, análise dos ventos e principais pontos de interesses.</p><p>O lote de estudo encontra-se no bairro Capucho (Figura 87) e localiza-se na Av. Dr.</p><p>Carlos Rodrigues da Cruz, 1511, com cerca de 7.082,79 m²</p><p>Figura 87 – Localização lote do projeto.</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>102</p><p>De acordo com o mapa de zoneamento e macrozoneamento (Figura 88) ofertado pela</p><p>Prefeitura de Aracaju (2011) é possível constatar que o lote em questão está dentro da ZAB,</p><p>Zona de Adensamento Básico 2, fazendo divisa ao leste com um corredor comercial que</p><p>também faz parte da zona de paisagens notáveis.</p><p>Figura 88 – Macrozoneamento.</p><p>Fonte: Prefeitura de Aracaju, 2011.</p><p>Ao analisar o uso e a ocupação do solo nas proximidades do terreno do projeto (Figura</p><p>89), pode-se observar uma predominância de espaços urbanos vazios, instalações institucionais</p><p>e a construção de edifícios residenciais multifamiliares, enquanto na direção leste, predominam</p><p>edifícios residenciais térreas, o que caracteriza a área como um bairro de natureza</p><p>predominantemente institucional.</p><p>Figura 89 – Mapa de uso e ocupação do solo e gabarito de altura.</p><p>103</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Ao adotar uma perspectiva mais abrangente, surgem alguns pontos de destaque e</p><p>interesses importantes (Figura 90), como o Centro de Controle de Zoonoses, IBAMA (Instituto</p><p>Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Terminal Rodoviário,</p><p>Universidade Federal de Sergipe, Faculdade Pio Décimo com Hospital Veterinário Dr. Vicente</p><p>Borelli.</p><p>Figura 90 – Mapa com principais pontos de interesse.</p><p>104</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Estudando os fluxos das vias, como já relatado, a região tem uma malha viária já</p><p>consolidada, com grandes vias, ruas asfaltadas e transporte público em toda região. No seu</p><p>entorno imediato as ruas são de baixo fluxo por serem áreas residenciais, quando vamos nos</p><p>aproximando ao norte do lote os comércios e serviços, esses fluxos vão se intensificando (</p><p>Figura 91). A localidade também é um ponto de ligação importante, de entrada e saída da cidade</p><p>para as demais regiões, fazendo com que a Av. Chanceler Oswaldo Aranha tenha um fluxo</p><p>intenso.</p><p>Figura 91 – Mapa indicando o fluxo das vias em horário de pico.</p><p>105</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Para embasar as escolhas arquitetônicas relacionadas ao conforto ambiental no projeto</p><p>proposto, é fundamental realizar um estudo climático do local onde a construção será</p><p>construída. Isso possibilitará a análise de aspectos como a exposição solar e a circulação de</p><p>ventos, e como esses fatores podem influenciar diretamente no projeto, como pode ser visto na</p><p>figura 92.</p><p>A partir da análise de insolação e sombreamento, foi feito um estudo de como se</p><p>comportavam durante o solstício de verão e inverno em três horários diferentes, às 10h , 12h e</p><p>15h. Como não possui edificações vizinhas, o lote escolhido recebe insolação durante todos os</p><p>horários, como visto na figura 92.</p><p>Figura 92 – Projeção de sombras no lote.</p><p>106</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No que diz respeito à ventilação natural, é possível observar uma predominância dos</p><p>ventos provenientes do leste ao longo de todo o ano, com ventos menos intensos vindos das</p><p>direções nordeste e sudeste. Conforme mencionado anteriormente, devido à ausência de</p><p>barreiras verticais, a ventilação natural não será prejudicada. (Figura 93).</p><p>Figura 93 – Indicação dos ventos predominantes no lote.</p><p>107</p><p>Fonte: Google Earth, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Considerando as condições climáticas locais, é fundamental priorizar a atenção às</p><p>elevadas temperaturas e à exposição direta ao sol. Deve-se desenvolver estratégias</p><p>bioclimáticas (Figura 94) e selecionar materiais de construção com o objetivo de prevenir ou</p><p>reduzir a necessidade de utilizar dispositivos artificiais para resfriar o ambiente. A ideia é</p><p>aproveitar de maneira passiva os métodos de resfriamento natural do local, evitando assim o</p><p>uso excessivo de equipamentos de climatização.</p><p>Figura 94 – Estudo de conforto ambiental: estratégias bioclimáticas.</p><p>Fonte: Projeteee, 2023.</p><p>Em relação aos ruídos, o terreno não sofre muitos impactos por se tratar de uma área</p><p>institucional, com significantes vazios urbanos. Apesar de ter uma área comercial próxima, os</p><p>sons provenientes da mesma, não impactam na área do projeto.</p><p>108</p><p>A partir das informações apresentadas, foi elaborado o Quadro 7 com as potencialidades</p><p>e fragilidades do local.</p><p>Quadro 7 – Potencialidades X fragilidades.</p><p>POTENCIALIDADES FRAGILIDADES</p><p>Dentro da Zona Urbana consolidada Falta de segurança</p><p>Proximidade com órgãos públicos Carência de equipamentos públicos na região</p><p>Malha Viária já Consolidada Vazios Urbanos</p><p>Potencialidade Urbana</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>109</p><p>6. PATINHAS: CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR PARA PETS</p><p>ABANDONADOS</p><p>6.1. Conceito e partido arquitetônico</p><p>O projeto tem como conceito criar um ambiente acolhedor e reconfortante para pets</p><p>abandonados, ressignificando a concepção tradicional de abrigos, vistos como depósitos de</p><p>animais, proporcionando serviços gratuitos focados no acolhimento e cuidado de cães e gatos</p><p>de pequeno porte.</p><p>Assim, buscou-se projetar um centro de acolhimento e bem-estar, para receber animais</p><p>resgatados de situações de rua, vulnerabilidade e maus-tratos, oferecendo assistência médica,</p><p>apoio emocional e preparação para a reintegração na sociedade por meio de processos de adoção</p><p>e que também atendesse a comunidade de forma gratuita. Desse modo, a abordagem</p><p>arquitetônica, humanizada e baseada na Neuroarquitetura, contribuiu para criar um ambiente</p><p>de conforto que considerasse além dos aspectos funcionais e estéticos as necessidades</p><p>emocionais e comportamentais dos animais resgatados, facilitando sua transição para uma nova</p><p>fase de vida.</p><p>Assim, pensou-se na divisão do terreno inicialmente (Figura 95), levando em</p><p>consideração a ventilação predominante e a insolação, inserindo a edificação de forma</p><p>horizontal e centralizada no terreno, de modo que a ventilação cruzasse todo terreno, sem</p><p>barreiras, e assim, realizando o estudo de zoneamento, foi elaborado 5 blocos de forma</p><p>estratégica.</p><p>Figura 95 – Diagrama de zoneamento.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>110</p><p>Para o estudo do partido arquitetônico buscou-se criar um ambiente de recuperação,</p><p>lúdico, confortável levando em consideração estratégias bioclimáticas e espaços humanizados</p><p>utilizados, como referência no Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek Lago Norte, projetado</p><p>pelo arquiteto João da Gama Filgueiras Lima (lelé), utilizando a ventilação natural</p><p>predominante, sombreamento nas aberturas, contato com espaços verdes, orgânicos e coloridos</p><p>para auxiliar na recuperação dos usuários, conforme figura 96.</p><p>Figura 96 – Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek Lago Norte.</p><p>Fonte: Nelsonkon, s.d.</p><p>No intuito de criar ambientes humanizados, uma característica essencial nas diretrizes</p><p>do projeto foi garantir o conforto térmico. Para isso, foram propostas grandes aberturas em</p><p>paredes opostas ou adjacentes, utilizando esquadrias e elementos vazados, como o cobogó,</p><p>especialmente na fachada leste. Essas aberturas permitem a entrada da ventilação predominante.</p><p>Ademais, foi empregado o lanternim para a retirada do ar mais quente, com aberturas na face</p><p>norte para saída de ventilação e entrada de iluminação, e na face sul apenas aberturas para</p><p>iluminação.</p><p>Para proteger as fachadas mais expostas ao sol, como a fachada norte, foram propostos</p><p>brises horizontais metálicos amarelos, oferecendo sombreamento, privacidade e contribuindo</p><p>com cores nas fachadas. Além disso, foram incorporados beirais maiores com vegetação e áreas</p><p>verdes abundantes, como praças e jardins, para auxiliar no conforto térmico, aumento da</p><p>permeabilidade e integrar a arquitetura humanizada com a natureza, criando um ambiente</p><p>acolhedor e de bem-estar tanto para animais quanto para humanos.</p><p>Aproveitando a localização do terreno em uma esquina, a proposta visou criar benefícios</p><p>para o entorno urbano, oferecendo espaços de convivência e lazer para a comunidade local.</p><p>111</p><p>Foram incluídos mobiliários de academia ao ar livre e áreas designadas para passear com os</p><p>pets, promovendo um ambiente de interação e atividades físicas tanto para os moradores da</p><p>região quanto para os animais.</p><p>Com o objetivo de agilizar a construção e assegurar resistência e durabilidade sem</p><p>comprometer a qualidade, o projeto optou pelo sistema construtivo Light Steel Frame (Figura</p><p>96), conhecido como estrutura metálica. Este método, cada vez mais presente na construção</p><p>civil, é sustentável devido ao planejamento das peças, reduzindo resíduos, mantendo o canteiro</p><p>de obras mais limpo e organizado, além de oferecer um tempo de execução mais rápido em</p><p>comparação a outras técnicas construtivas. Ele também permite vãos mais amplos, resultando</p><p>em um layout mais flexível e limpo.</p><p>Entretanto, nas áreas dos canis, foi necessária a utilização da alvenaria, dada a</p><p>independência desses espaços e a demanda por limpeza constante. Para a laje, foi escolhido o</p><p>sistema steel deck (Figura 97), que combina telhas de aço galvanizado e concreto, por ser mais</p><p>prático e econômico, além da aplicação de forro de gesso para garantir um acabamento de</p><p>melhor qualidade.</p><p>Figura 97 - Estrutura em Light steel frame com laje steel deck.</p><p>Fonte: Visual estruturas, s.d.</p><p>As placas cimentícias foram escolhidas para as vedações da construção devido ao seu</p><p>melhor desempenho térmico e acústico e impermeabilidade. Essas placas são leves, fáceis de</p><p>instalar e garantem uma montagem rápida. Além disso, contribuem para a redução de resíduos</p><p>durante o processo de construção, como ilustrado na Figura 98.</p><p>112</p><p>Figura 98 - Estrutura em Light steel frame com placa cimentícia.</p><p>Fonte: Isofort, 2023.</p><p>A cobertura do projeto adotou o estilo de cobertura embutida com platibanda, o que</p><p>complementa a horizontalidade da edificação, exceto nas áreas dos canis. Para manter a</p><p>continuidade estética com a linguagem metálica do projeto, foi selecionada telha de alumínio</p><p>trapezoidal termoacústica, composta por lã de rocha, em toda a estrutura. Essa escolha contribui</p><p>significativamente para o conforto térmico e acústico do ambiente construído.</p><p>Foi escolhido o piso cerâmico para áreas molhadas como canis, banheiros, lavanderias</p><p>e áreas de higienização devido à necessidade de frequentes lavagens. Para as áreas internas em</p><p>geral, buscando um acabamento superior e facilidade de limpeza, foi adotada a manta vinílica.</p><p>Esta manta desempenha um papel crucial na ala médica, controlando microrganismos,</p><p>proporcionando conforto térmico e acústico, e aumentando a segurança do local, além de</p><p>proporcionar ideia de continuidade nos espaços de toda edificação.</p><p>No contexto da biofilia, a interação entre a natureza e os usuários foi aprimorada ao</p><p>incorporar elementos da vegetação local (Figura 99). Dentre esses elementos, destacam-se a</p><p>palmeira real (Archontophoenix cunninghamiana), a samambaia (Tracheophyta), a helicônia</p><p>Papagaio (Heliconia psittacorum) e a grama esmeralda (Zoysia Japônica). Essa sinergia não se</p><p>limita apenas à escolha da vegetação, estendendo-se à utilização da madeira em mobiliários,</p><p>portas, proporcionando uma experiência integrada e harmoniosa com a natureza circundante.</p><p>113</p><p>Figura 99 - Vegetação escolhida no projeto.</p><p>Fonte: Google Imagens, 2023.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Seguindo os princípios da Neuroarquitetura, optou-se por empregar cores e formas</p><p>orgânicas na concepção dos espaços. Mesmo com uma planta retangular, priorizando a</p><p>otimização funcional dos espaços, foram propostas formas orgânicas que suavizam e</p><p>introduzem elementos divertidos nos caminhos, mobiliários, forros e praças. Essa abordagem</p><p>visa criar ambientes que ofereçam uma sensação acolhedora e agradável, facilitando a</p><p>identificação visual e intuitiva dos diferentes setores dentro da edificação.</p><p>A escolha das cores no projeto (Figura 100) foi baseada em estudos da psicologia das</p><p>cores, cromoterapia e no espectro visual de cães e gatos, sendo estrategicamente aplicadas para</p><p>otimizar os ambientes. No setor de saúde, a clínica veterinária adotou a cor verde, conhecida</p><p>por reduzir o estresse, promover o bem-estar físico e mental, e trazer uma sensação refrescante</p><p>e calmante, conectando-se à natureza. Na área educacional e comercial, o uso do rosa está</p><p>associado a sentimentos de delicadeza, afeto e ternura, ideal para criar um ambiente receptivo</p><p>para visitantes.</p><p>O hall principal foi decorado com a cor lilás, transmitindo calma, serenidade e</p><p>inteligência. Para o gatil, optou-se pelo amarelo, já que é uma das cores que os gatos conseguem</p><p>distinguir e está relacionada à alegria e à energia, podendo impactar positivamente seus estados</p><p>emocionais. Já para o setor da administração, apoio e canil, a cor escolhida foi o azul,</p><p>reconhecida por sua capacidade de acalmar, reduzir ansiedade e estresse, oferecendo um efeito</p><p>relaxante, especialmente benéfico para animais que passaram por situações estressantes.</p><p>114</p><p>Os caminhos externos receberam a cor laranja, que evoca alegria e vitalidade, tornando</p><p>os espaços mais divertidos. O branco, presente em todos os setores, foi utilizado por sua</p><p>natureza universal, simbolizando paz e tranquilidade. Essa cuidadosa seleção de cores busca</p><p>promover um ambiente harmonioso e acolhedor para todos os habitantes do local, sejam eles</p><p>humanos ou animais.</p><p>Figura 100 - Cores escolhidas no projeto.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>6.2 Programa de necessidades</p><p>A escolha do programa de necessidades se deu com base em toda a pesquisa</p><p>bibliográfica e documental realizada, a fim aliar os pontos positivos encontrados nos estudos</p><p>de caso, além dos pré-dimensionamentos, requisitos e orientações estabelecidos através do</p><p>Manual de Diretrizes para Projetos Físicos de Unidades de Controle de Zoonoses e Fatores</p><p>Biológicos de Risco - FUNASA (2003), o guia Técnico para a Construção e Manutenção de</p><p>Abrigos e Canis - CRMV/PR (2016) e a Resolução nº 1015 de 09 de novembro de 2012- CFMV.</p><p>Assim, mediante a setorização dos ambientes segundo a FUNASA (2003), o local deve conter</p><p>bloco técnico administrativo e bloco de controle animal, abordando também as recomendações</p><p>da resolução nº105 da CFMV, o projeto irá dispor também de um bloco para tratamento</p><p>veterinário, como pode ser visto na figura 101.</p><p>115</p><p>Figura 101 - Tabela de áreas úteis para um canil.</p><p>Fonte: FUNASA, 2003.</p><p>Para melhor entendimento, o programa de necessidades</p><p>foi dividido em sete grupos de</p><p>ambientes com finalidades semelhantes organizados por cores que se mantém, apresentado e</p><p>acompanhando nas demais representações visuais desta seção, como pode ser visto na figura</p><p>102.</p><p>116</p><p>Figura 102 – Programa de necessidades do projeto.</p><p>117</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 202</p><p>118</p><p>Através da análise do programa de necessidades, embasado no referencial teórico e no</p><p>estudo do terreno, foi desenvolvido o fluxograma (Figura 103) para compreender como essas</p><p>conexões e circulações ocorreriam da melhor forma no lote. Essa fase foi crucial para a posterior</p><p>elaboração da planta baixa, pois otimizou os fluxos, desde o acesso principal que interliga os</p><p>setores comercial, administrativo e clínica, até a facilitação do fluxo interno, permitindo acesso</p><p>direto do setor de apoio ao setor do abrigo, e garantindo que o abrigo possua acessos</p><p>simplificados à clínica veterinária.</p><p>119</p><p>Figura 103 - Fluxograma.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 202</p><p>120</p><p>6.3 Legislação aplicada ao local</p><p>Para a análise da legislação aplicada ao local, foram consideradas as diretrizes do Plano</p><p>Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) do município de Aracaju, datado do ano 2000 e</p><p>vigente durante a elaboração deste trabalho e os seus anexos, datado do ano 2000 e vigente no</p><p>momento da elaboração deste trabalho, a cartilha de Divisão De Licenciamento Não</p><p>Residencial da Empresa Municipal de Obras e Urbanização – EMURB e dados obtidos pela</p><p>Superintendência Municipal De Transportes E Trânsito – SMTT. Com os dados obtidos,</p><p>obteve-se o Quadro 8 abaixo apresentado:</p><p>Quadro 8 – Normativo construtivo para o local do projeto.</p><p>Normativo aplicado ao local do projeto</p><p>Taxa de ocupação:</p><p>Térreo até o 2º pavimento</p><p>Máximo 90 %</p><p>Taxa de Permeabilidade 5%</p><p>Recuos Laterais/ Fundo</p><p>Térreo Sem abertura: Isento / Com abertura: 1,50</p><p>metro mínimo</p><p>2º pavimento Mínimo 1,50 metro</p><p>A partir do 3º</p><p>pavimento</p><p>1,5 + 0,2 × (NP - 5)</p><p>NP = Número de Pavimentos</p><p>Coeficiente de</p><p>Aproveitamento</p><p>Máximo 3,00</p><p>Gabarito de</p><p>altura</p><p>Limitado pelo coeficiente de aproveitamento, desde que não</p><p>ultrapasse 30 metros. Caso passe, será necessária a aprovação</p><p>especial do Comando Aéreo Regional – COMAR</p><p>Vagas de estacionamento</p><p>AC</p><p>e o conforto ambiental dessas</p><p>instalações.</p><p>O setor de apoio/serviços, identificado em amarelo, foi estrategicamente colocado</p><p>próximo ao setor do abrigo, considerando a necessidade dos serviços essenciais destinados aos</p><p>animais no cotidiano, como alimentação, banho e supervisão. Entre os espaços internos, foram</p><p>incorporados espaços compartilhados, funcionando como praças internas, com o intuito de</p><p>124</p><p>aprimorar o fluxo interno entre os blocos, promover a ventilação cruzada em todo o terreno e</p><p>otimizar a utilização dos espaços. Destacam-se áreas específicas, como o espaço</p><p>"instagramável", a área para eventos e o acesso interno para a ala médica da clínica veterinária.</p><p>Por fim, o setor saúde, destacado em verde, teve a clínica veterinária posicionada na</p><p>fachada leste para facilitar o acesso pela rua de menor fluxo, enquanto a posição ao sul</p><p>proporciona maior isolamento, atendendo à necessidade de espaços médicos demandarem mais</p><p>privacidade. A orientação para a fachada oeste, sujeita a insolação direta apenas em horários</p><p>específicos da tarde, levou à implementação de beirais mais amplos na fachada da recepção e</p><p>ao uso estratégico de vegetação, visando amenizar e melhorar a sensação de conforto térmico.</p><p>A disposição detalhada de cada ambiente, juntamente com seu respectivo layout, é</p><p>apresentada de forma mais elucidativa na figura 106 abaixo e em uma escala ampliada no</p><p>Apêndice C deste documento.</p><p>Figura 106 - Planta de layout.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>6.6 Composição arquitetônica</p><p>Como delineado nos estudos previamente apresentados, o primeiro contato com o</p><p>público se estabelece por meio da fachada do projeto, sendo crucial que ela se revele atrativa</p><p>aos usuários. A fachada do Patinhas - Centro de Acolhimento e Bem-Estar Animal para Pets</p><p>125</p><p>Abandonados (Figura 107) foi concebida de maneira orgânica, colorida e lúdica. Destaca-se</p><p>uma estrutura curva em concreto na tonalidade laranja, com formas vazadas que remetem a</p><p>“patinhas”. Essas formas, dispostas de maneira a criar um "caminho de patinhas" até o nome</p><p>do centro, geram uma sensação de movimento, capturando a atenção de quem passa e visita a</p><p>edificação. Além disso, essa estrutura proporciona sombra para o acesso à entrada principal e à</p><p>entrada da adoção.</p><p>A continuidade da ideia de caminhos é mantida nas praças de acesso à edificação, onde</p><p>foi inserido um piso cimentício na cor laranja na calçada, orientando o acesso às entradas do</p><p>centro e conectando-se com a praça da clínica. Essa escolha cria a impressão de que as praças</p><p>acolhem a edificação. Para complementar essa abordagem, foram propostos bancos cimentícios</p><p>em formato orgânico, coloridos, e vegetação local para compor a praça. Formas geométricas</p><p>coloridas, brises metálicos amarelos e as edificações dos setores facilitam a identificação.</p><p>Figura 107 - Patinhas: Fachada Norte.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>A fachada da clínica veterinária, situada na fachada oeste, segue o mesmo estilo da</p><p>fachada norte. Além disso, ela incorpora elementos como equipamentos de academia ao ar livre,</p><p>destinados ao uso da população, áreas verdes para vegetação e interação com os pets, além de</p><p>imagens coloridas dos animais para cultivar uma sensação de pertencimento. Os cobogós</p><p>vazados são elementos que compõem a fachada e ao mesmo tempo delineiam as praças internas,</p><p>separando-as da praça externa, conforme ilustrado na Figura 108. Esses detalhes não apenas</p><p>enriquecem a estética da clínica veterinária, mas também promovem a interação e o</p><p>envolvimento da comunidade, reforçando a ideia de um espaço acolhedor e integrado.</p><p>126</p><p>Figura 108 - Patinhas: Fachada Oeste.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No primeiro setor, o comercial (Figura 109), a recepção na entrada principal funciona</p><p>como um ponto de partida eficiente para orientar os visitantes na exploração do centro. A</p><p>proposta inclui a instalação de expositores contendo fotos e a história do abrigo, buscando</p><p>otimizar o tempo dos visitantes e estimular o interesse em conhecer a edificação e valorização</p><p>na causa animal. A partir da recepção, é possível visualizar as praças internas com seus espaços</p><p>verdes, despertando o interesse em explorar os ambientes internos.</p><p>Para manter a continuidade do estilo da edificação, foram preservadas as formas</p><p>orgânicas, o uso da madeira nos móveis e a escolha da cor lilás, cor análoga ao rosa, como</p><p>estudado no círculo cromático. Os expositores apresentam formas curvas, e os móveis se</p><p>integram de maneira harmoniosa ao gesso iluminado, contribuindo para criar uma atmosfera</p><p>acolhedora e informativa.</p><p>127</p><p>Figura 109- Recepção principal.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No lado esquerdo, encontra-se o pet shop, com sua entrada integrada à recepção</p><p>principal. Essa integração visa fomentar a ideia de explorar o espaço interno, concebido para</p><p>servir tanto como local de compra após a adoção dos animais quanto para atender às</p><p>necessidades da população local. Como mencionado anteriormente, a escassez de</p><p>estabelecimentos voltados para a venda de produtos para pets na região destaca a importância</p><p>dessa iniciativa. Além de suprir uma demanda local, a presença do pet shop contribui para gerar</p><p>receitas para o centro de acolhimento, conforme ilustrado na Figura 110.</p><p>128</p><p>Figura 110- Pet shop.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Para complementar o setor comercial, foi sugerida a adição de um café (Figura 111)</p><p>destinado aos visitantes, proporcionando um local de encontro, espera e contemplação. O café</p><p>possui aberturas tanto para a rua principal na fachada quanto para a praça interna, reforçando a</p><p>ideia de interação com a natureza e a fluidez entre os ambientes interno e externo. Além disso,</p><p>foram propostas formas orgânicas tanto no gesso, com iluminação embutida, quanto nos</p><p>"caminhos", utilizando manta vinílica na cor do setor para interagir com a tonalidade dos</p><p>mobiliários, esses caminhos que conduzem para a sala de aula. A predominância da cor branca</p><p>transmite uma sensação de paz e contribui para a iluminação natural do espaço, enquanto a</p><p>presença da cor rosa cria uma atmosfera delicada, a madeira sensação de aconchego.</p><p>129</p><p>Figura 111- Café.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Após a recepção principal, foi proposto uma praça interna, fazendo parte dos espaços</p><p>compartilhados, como um local ao ar livre com contato direto com a natureza, destinado aos</p><p>humanos e os pets, para brincadeiras, interação e socialização, especialmente para os cães, que</p><p>são animais ativos e beneficiam-se do convívio em grupo, proporcionando um enriquecimento</p><p>ambiental. Este espaço estratégico é observado tanto por quem está no café quanto por quem</p><p>está a caminho da recepção 2 da clínica veterinária, conforme ilustrado na Figura 112. Essa</p><p>proposta visa criar um ambiente dinâmico e estimulante, promovendo a integração entre os</p><p>visitantes, animais e a natureza circundante.</p><p>130</p><p>Figura 112- Praça interna.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Outro espaço proposto na área compartilhada é a "Área para Eventos" (Figura 113),</p><p>criada para atender às demandas de eventos do abrigo, como feiras de adoção e eventos</p><p>beneficentes. Essa área não apenas contribui para o centro de acolhimento, mas também busca</p><p>interagir com a comunidade, atraindo visitantes. O acesso a esse espaço mantém o padrão do</p><p>"caminho" na cor laranja, preservando a coesão estilística adotada em todo o projeto. Além</p><p>disso, foi pensado em um toldo retrátil para proporcionar versatilidade, permitindo o uso tanto</p><p>como área aberta quanto fechada para sombreamento ou proteção contra chuvas.</p><p>A localização estratégica próxima à praça interna do canil, vedada por cobogós, permite</p><p>a visualização e ventilação natural. Essa área também possui dois acessos diretos, um para o</p><p>canil e outro para a clínica veterinária, melhorando o fluxo para o atendimento médico dos</p><p>animais do abrigo.</p><p>131</p><p>Figura 113- Área para eventos.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Internamente, no setor do abrigo, há uma recepção (Figura 114) destinada a adoções e</p><p>acesso às instalações do abrigo. Foi adotada uma abordagem que incorpora aberturas para</p><p>facilitar a visualização interna-externa, mantendo a linguagem orgânica nos assentos e no</p><p>design do gesso. No ambiente, foi aplicada uma harmonia cromática com a cor azul em</p><p>diferentes tons. A iluminação foi cuidadosamente trabalhada com a incorporação de luz de</p><p>reflexão, tanto no recorte de gesso no teto quanto nos spots, utilizando uma cor quente</p><p>amarelada. Essa escolha de iluminação, combinada com a cor azul, proporciona uma sensação</p><p>de relaxamento e aconchego, ideal para animais que podem passar por situações de estresse.</p><p>132</p><p>Figura 114- Recepção do abrigo.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No geral, os corredores do centro de acolhimento são extensos. Para torná-los mais</p><p>humanizados, mantendo a linguagem consistente com os demais espaços, optou-se por utilizar</p><p>dois tipos de cores no piso, de forma a quebrar o branco das paredes e tetos. Essa escolha visa</p><p>não apenas estética, mas também a funcionalidade, já que as cores ajudam a refletir a luz e</p><p>contribuem para a iluminação natural.</p><p>Adicionalmente, grandes aberturas foram criadas na fachada leste para favorecer a</p><p>ventilação predominante e a entrada de luz. Para melhorar ainda mais esse processo, instalou-</p><p>se um lanternim para proporcionar luz zenital. Nas salas de gatil, foram incorporadas esquadrias</p><p>que vão do chão ao teto, permitindo uma melhor visualização dos pets do lado de fora das salas.</p><p>Para facilitar a identificação dos espaços, cada sala recebeu identificadores na mesma cor do</p><p>setor onde estão alocadas, como pode ser visto na figura 115.</p><p>133</p><p>Figura 115- Corredor do abrigo.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Os espaços que ficam os animais, por serem de longa permanência, são providos de</p><p>ventilação e iluminação durante todo o dia, com vistas para a vegetação externa. A composição,</p><p>junto aos tetos brancos iluminados de forma indireta e difusa, cria superfícies aconchegantes e</p><p>uma reflexão suave de luz. Isso se mostra ideal para os pets, reduzindo a percepção de limites</p><p>entre teto e piso, ampliando a sensação de espaço, como evidenciado na figura 116.</p><p>Figura 116- Canil adoção.</p><p>134</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Nas áreas dos canis de adoção, isolamento e gatis, todas as baias foram uniformizadas</p><p>com estruturas de alvenaria. As destinadas aos cães receberam pintura azul, enquanto as</p><p>designadas para os gatos foram coloridas de amarelo. Com aberturas curvas, essas estruturas</p><p>permitem a entrada de ar, suavizando a rigidez da aparência e conferindo uma sensação mais</p><p>acolhedora ao ambiente. Essas áreas internas foram pensadas para acomodar de forma</p><p>confortável os animais de pequeno e médio porte. Na figura 117 abaixo apresenta-se melhor o</p><p>funcionamento do equipamento proposto.</p><p>Figura 117- Detalhamento das baias.</p><p>135</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No gatil coletivo (Figura 118), grandes aberturas foram estrategicamente criadas para</p><p>oferecer uma visão ampla do espaço, beneficiando tanto as pessoas quanto os animais.</p><p>Mantendo a linguagem de formas orgânicas já mencionada, o ambiente foi projetado visando</p><p>ser um espaço de entretenimento especialmente pensado para os felinos. Isso inclui mobiliário</p><p>que estimula seus instintos naturais, como prateleiras elevadas, nichos vazados, arranhadores e</p><p>tapetes de grama sintética.</p><p>Além disso, o acesso direto ao solário permite que os animais desfrutem dos benefícios</p><p>da luz solar matinal. Outros aspectos da neuroarquitetura, como a combinação de aromaterapia</p><p>e músicas ambiente, são incorporados nos dormitórios dos pets, proporcionando estímulos</p><p>olfativos e uma sensação reconfortante.</p><p>Figura 118- Gatil Coletivo.</p><p>136</p><p>Figura 118- Gatil Coletivo.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Conforme mencionado anteriormente, o solário foi estrategicamente posicionado a leste,</p><p>aproveitando a iluminação e a ventilação naturais. Para filtrar a intensidade solar sem bloquear</p><p>completamente o ambiente, uma parede de cobogós na cor laranja foi inserida. Além de criar</p><p>um belo contraste no início do dia, essa estrutura gera sombras, servindo tanto a propósitos</p><p>estéticos quanto funcionais. Essa solução permite a integração harmoniosa do espaço,</p><p>conectando-o tanto ao gatil coletivo quanto ao gatil individual, conforme ilustrado na figura</p><p>119.</p><p>Figura 119- Solário gatil coletivo.</p><p>137</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>No canil, o último espaço do setor de abrigo, optou-se por usar cobogós nas fachadas</p><p>leste e sul para permitir a passagem parcial de ventilação e iluminação natural. Esse design</p><p>possibilitou a criação de 85 canis individuais, cada um com seu próprio solário. Além disso,</p><p>foram desenvolvidos solários coletivos com áreas destinadas a atividades essenciais para os</p><p>cães. Essa disposição proporciona aos cães a oportunidade de interagir com a natureza,</p><p>oferecendo aberturas dimensionadas de acordo com suas necessidades e espaço para interação</p><p>social. Essa abordagem é fundamentada em suas origens e necessidades comportamentais,</p><p>como ilustrado na figura 120.</p><p>Figura 120- Canis.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>138</p><p>No setor de saúde, onde está localizada a clínica veterinária, optou-se pela cor verde por</p><p>seus benefícios em promover o equilíbrio interno e reduzir o estresse. A cor verde, aliada ao</p><p>contato com a natureza e à presença de vegetação, desempenha um papel crucial na</p><p>recuperação, proporcionando aos animais um ambiente menos estressante durante o uso da ala</p><p>médica, escolha essa que foi inspirada nos projetos do arquiteto Lelé para os Centros de</p><p>Reabilitação da rede Sarah Kubitschek. Na área da recepção1 clínica (Figura 121), o projeto</p><p>contempla duas salas de espera distintas, uma para cães e outra para gatos, visando diminuir</p><p>possíveis atritos entre os animais e facilitar o fluxo de atendimento.</p><p>Figura 121- Recepção 1 clínica veterinária.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Para atender à necessidade de integrar os espaços de saúde com áreas verdes visando</p><p>uma recuperação mais eficaz, as salas de uso prolongado, como consultórios, salas de</p><p>tratamento e fisioterapia, foram projetadas com vistas diretas para os jardins. Grandes aberturas</p><p>foram estrategicamente posicionadas para permitir a entrada abundante de ventilação e</p><p>iluminação natural.</p><p>Além disso, foi adotada uma abordagem de design que incorpora cores, formas e</p><p>iluminação suave e direcionada, conforme mencionado anteriormente, proporcionando um</p><p>ambiente mais acolhedor e propício à recuperação, conforme visto na figura 122.</p><p>139</p><p>Figura 122- Consultório.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Visando uma convivência mais integrada, o centro de acolhimento decidiu não ter um</p><p>espaço separado exclusivo para o canil coletivo. Em vez disso, optou-se por utilizar as áreas</p><p>verdes, praça interna (Figura 123), para proporcionar uma socialização mais eficiente,</p><p>integrando-se harmoniosamente com as demais áreas de convivência, permitindo interações</p><p>tanto com visitantes quanto com possíveis adotantes.</p><p>Surgiu então a proposta de um amplo e aberto espaço verde, concebido como um</p><p>ambiente lúdico de lazer para os animais. Este espaço conta com uma piscina e brinquedos</p><p>dedicados ao entretenimento dos pets. Além disso, a parede dos canis foi aproveitada, sendo</p><p>pintada com cores vibrantes,</p><p>formas e imagens que refletem identidade e personalização para</p><p>os usuários.</p><p>140</p><p>Figura 123- Praça interna.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Além disso, foi pensado em proporcionar identidade e completar esse espaço de lazer e</p><p>convívio social com um elemento adicional: um espaço 'instagramável'. Esse espaço é coberto</p><p>por um pergolado em madeira e vegetação, complementado por um banco também em madeira,</p><p>no formato de um osso. Esse local foi idealizado para que as pessoas possam registrar momentos</p><p>especiais com seus melhores amigos de quatro patas, seja durante a adoção ou para os próprios</p><p>animais do abrigo, proporcionando a sensação de acolhimento e amor, conforme visto na figura</p><p>124.</p><p>141</p><p>Figura 124- Espaço Instagramável.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>142</p><p>7. CONSIDERAÇÕES FINAIS</p><p>Ao longo deste trabalho, a compreensão sobre animais, especialmente cães e gatos em</p><p>situações de abandono e/ou maus-tratos, foi aprimorada por meio da análise realizada a partir</p><p>do referencial teórico. Especificamente, esse estudo expandiu o entendimento sobre a questão,</p><p>evidenciando sua natureza como um problema de relevância pública.</p><p>Este trabalho proporcionou uma oportunidade incrível para aprofundar meu</p><p>conhecimento sobre neuroarquitetura e sua aplicação em projetos voltados para o bem-estar dos</p><p>animais. A compreensão obtida destaca a vantagem de integrar a neuroarquitetura e suas</p><p>variáveis em ambientes projetados para melhorar a qualidade de vida dos animais, ressaltando</p><p>a importância de espaços mais humanizados e adaptados às necessidades específicas, indo além</p><p>das demandas humanas.</p><p>Destaca-se a compreensão da aplicação desse conceito na prática do enriquecimento</p><p>ambiental, aliado a uma arquitetura lúdica e humanizada. Essa combinação oferece soluções</p><p>impactantes para o espaço animal, influenciando positivamente o desenvolvimento e a</p><p>qualidade de vida dos cães e gatos.</p><p>A compreensão e desenvolvimento do tema escolhido foram extremamente valiosos. As</p><p>referências projetuais analisadas não só enriqueceram as orientações do projeto, mas também</p><p>proporcionaram uma visão mais ampla do espaço animal em diferentes contextos ao redor do</p><p>mundo. A fase de diagnóstico do terreno foi fundamental para compreender o ambiente em que</p><p>o Centro de Acolhimento e Bem-Estar para Pets Abandonados estará inserido. Isso permitiu a</p><p>proposição de soluções mais alinhadas com a região específica e a comunidade vizinha, com a</p><p>qual o centro estará conectado.</p><p>Por meio de todas as etapas deste trabalho, foi possível desenvolver uma proposta</p><p>conceitual sólida para o projeto arquitetônico. Esta proposta integra os conceitos fundamentais,</p><p>o programa de necessidades e soluções adequadas para atingir os objetivos delineados. Tais</p><p>objetivos são alcançados considerando aspectos como o terreno, a volumetria e as decisões</p><p>tomadas, que incluem também a definição dos ambientes internos de acordo com as sensações</p><p>desejadas para o espaço.</p><p>É fundamental ressaltar que os estudos realizados neste trabalho foram essenciais para</p><p>alcançar os objetivos específicos propostos, evidenciando a relevância da neuroarquitetura no</p><p>bem-estar dos animais em todas as fases de suas vidas. Há várias perspectivas que podem dar</p><p>continuidade a essa pesquisa, ampliando as contribuições para a causa animal. Espera-se que a</p><p>proposta apresentada neste Trabalho de Conclusão de Curso possa enriquecer pesquisas</p><p>143</p><p>acadêmicas nessa área, além de ser apresentada às autoridades públicas para colaborar com o</p><p>sistema de proteção animal e combate aos maus-tratos no município de Aracaju/SE.</p><p>144</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>2.CAMARA. DECRETO Nº 24.645, DE 10 DE JULHO DE 1934. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 26 mar. 2023.</p><p>ABINPET. Informações gerais do setor Pet. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 17 mar. 2023.</p><p>ABRIL, Saude. Ambientes que curam: a importância da arquitetura na nossa saúde.</p><p>2022. Disponível em: . Acesso em: 26 mar. 2023.</p><p>ALIVIAMENTE. Psicologia das cores. 2021. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 29 maio 2023.</p><p>AMBER, Reuben. Cromoterapia. Editora Pensamento-Cultrix Ltda, São Paulo,</p><p>ANDERSEN, M. L. et all. Princípios éticos e práticos do uso de animais de</p><p>experimentação. Ed. Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. 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Acesso</p><p>Localização do abrigo em vermelho. ..................................................................... 85</p><p>Figura 66– Gatil (primeira ala). ................................................................................................ 86</p><p>Figura 67– Gatil (entrada principal). ........................................................................................ 86</p><p>Figura 68– 1º gatil da ADASFA. .............................................................................................. 87</p><p>Figura 69– Gatil (caixa de areia). ............................................................................................. 87</p><p>Figura 70– 2º gatil da ADASFA. .............................................................................................. 88</p><p>Figura 71– Gatil (outras dependências). ................................................................................... 88</p><p>Figura 72– Gatil (área de serviço). ........................................................................................... 89</p><p>Figura 73– Gatil (área de descanso). ........................................................................................ 90</p><p>Figura 74– Gatil (cozinha). ....................................................................................................... 90</p><p>Figura 75– Gatil (2ª ala). .......................................................................................................... 91</p><p>Figura 76– Gatil (área de descanso). ........................................................................................ 91</p><p>Figura 77– Canil (área de permanência)................................................................................... 92</p><p>Figura 78– Canil (área de permanência)................................................................................... 93</p><p>Figura 79– Canil (ala cadelas grávidas). .................................................................................. 93</p><p>Figura 80– Canil (sala para acesso ao ambulatório). ................................................................ 94</p><p>Figura 81– Canil (canil para acesso ao ambulatório). .............................................................. 94</p><p>Figura 82– Canil (ambulatório). ............................................................................................... 95</p><p>Figura 83– Canil (sala de cirurgia). .......................................................................................... 96</p><p>Figura 84– Delimitação bairro Capucho. ................................................................................. 99</p><p>Figura 85– Mapeamento de vazios urbanos. .......................................................................... 100</p><p>Figura 86– Fotos do terreno escolhido. .................................................................................. 101</p><p>Figura 87– Localização lote do projeto. ................................................................................. 101</p><p>Figura 88– Macrozoneamento. ............................................................................................... 102</p><p>Figura 89– Mapa de uso e ocupação do solo e gabarito de altura. ......................................... 103</p><p>Figura 90– Mapa com principais pontos de interesse............................................................. 104</p><p>Figura 91– Mapa indicando o fluxo das vias em horário de pico........................................... 105</p><p>Figura 92– Projeção de sombras no lote. ................................................................................ 106</p><p>Figura 93– Indicação dos ventos predominantes no lote. ....................................................... 107</p><p>Figura 94– Estudo de conforto ambiental: estratégias bioclimáticas. .................................... 107</p><p>Figura 95– Diagrama de zoneamento. .................................................................................... 109</p><p>Figura 96– Centro de Reabilitação Sarah Kubitschek Lago Norte. ....................................... 110</p><p>Figura 97- Estrutura em Light steel frame com laje steel deck. ............................................. 111</p><p>Figura 98- Estrutura em Light steel frame com placa cimentícia........................................... 112</p><p>Figura 99- Vegetação escolhida no projeto. ........................................................................... 113</p><p>Figura 100- Cores escolhidas no projeto. ............................................................................... 114</p><p>Figura 101- Tabela de áreas úteis para um canil. ................................................................... 115</p><p>Figura 102– Programa de necessidades do projeto . .............................................................. 117</p><p>Figura 103- Fluxograma. .......................................................................................................... 14</p><p>Figura 104- Planta de Implantação. ........................................................................................ 121</p><p>Figura 105- Setorização. ......................................................................................................... 122</p><p>Figura 106- Planta de layout. .................................................................................................. 124</p><p>Figura 107- Patinhas: Fachada Norte. .................................................................................... 125</p><p>Figura 108- Patinhas: Fachada Oeste. .................................................................................... 126</p><p>Figura 109- Recepção principal. ............................................................................................. 127</p><p>Figura 110- Pet shop. .............................................................................................................. 128</p><p>Figura 111- Café. .................................................................................................................... 129</p><p>Figura 112- Praça interna. ...................................................................................................... 130</p><p>Figura 113- Área para eventos................................................................................................ 131</p><p>Figura 114- Recepção do abrigo. ............................................................................................ 132</p><p>Figura 115- Corredor do abrigo. ............................................................................................. 133</p><p>Figura 116- Canil adoção. ...................................................................................................... 134</p><p>Figura 117- Detalhamento das baias. ..................................................................................... 135</p><p>Figura 118- Gatil Coletivo. ..................................................................................................... 136</p><p>Figura 119- Solário gatil coletivo. .......................................................................................... 137</p><p>Figura 120- Canis. .................................................................................................................. 137</p><p>Figura 121- Recepção 1 clínica veterinária. ........................................................................... 138</p><p>Figura 122- Consultório. ........................................................................................................ 139</p><p>Figura 123- Praça interna. ...................................................................................................... 140</p><p>Figura 124- Espaço Instagramável. ........................................................................................ 141</p><p>Figura 125– Neuroarquitetura aplicada em abrigos de animais. ............................................ 157</p><p>LISTA DE QUADROS</p><p>Quadro 01 – A evolução dos Direitos dos Animais no Brasil 18</p><p>Quadro 02 – Linha do tempo da neuroarquitetura</p><p>em: 8 jun. 2023.</p><p>TALAN, Tainá. 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STORIES ON DESIGN // PRODUCT DESIGN & ARCHITECTURE</p><p>FOR PETS. 2015. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 8 jun. 2023.</p><p>ZEVI, Bruno. Saber Ver a Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1996.</p><p>157</p><p>APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO A POPULAÇÃO SOBRE OS</p><p>ABRIGOS EM ARACAJU</p><p>Figura 125 – Neuroarquitetura aplicada em abrigos de animais.</p><p>Figura 125– Neuroarquitetura aplicada em abrigos de animais.</p><p>Fonte: Google Forms, 2023.</p><p>Pergunta 1 - Você observa muitos animais abandonados?</p><p>● Sim</p><p>● Não</p><p>Pergunta 2 - Você já resgatou algum animal abandonado?</p><p>● Sim</p><p>● Não</p><p>Pergunta 3 - Você possui algum animal de estimação? Se sim, ele foi adotado?</p><p>Pergunta 4 - Você adotaria um animal?</p><p>● Sim</p><p>158</p><p>● Não</p><p>Pergunta 5 - Você conhece a situação dos abrigos existentes em Aracaju?</p><p>● Sim</p><p>● Não</p><p>Pergunta 6 - Se sim, o que você acha dos abrigos para animais existentes em Aracaju?</p><p>Pergunta 7 - Você acredita que criando abrigos para animais, melhoraria a realidade</p><p>dos animais abandonados?</p><p>● Sim</p><p>● Não</p><p>Pergunta 8 - Você acredita que a arquitetura (neuroarquitetura) é um caminho para</p><p>melhorar a vida desses animais? Como?</p><p>159</p><p>APÊNDICE B – ENTREVISTAS</p><p>Entrevista com responsável da ADASFA</p><p>1- Como surgiu o abrigo Adasfa?</p><p>Em 1998, quando eu tinha 35 gatos, sendo que 5 fêmeas estavam prenhas, precisei encontrar</p><p>uma casa para alugar por causa das reclamações dos vizinhos. Encontrei uma senhora chamada</p><p>Isabel que também tinha muitos cachorros e estava enfrentando o mesmo problema. Alugamos</p><p>uma casa juntas, mas em 2003, essa senhora falou que um casal de amigos dela, que eram</p><p>engenheiros da FAFEN (Fábrica de Fertilizantes do Nordeste), queria doar um terreno para nós.</p><p>No entanto, as pessoas começaram a jogar gatos na porta de nossa casa quando souberam que</p><p>tínhamos gatos. Quatro anos depois, conseguimos o terreno e pedimos ajuda para construir</p><p>canis, dividindo o espaço entre gatos e cachorros. No início, tínhamos um espaço pequeno e</p><p>sem muros, apenas mato. Ao longo dos anos, expandimos gradualmente, construindo canis com</p><p>a ajuda de alguns pedreiros e pessoas da comunidade. Visitamos lojas em busca de doações de</p><p>blocos e cimento, e até mesmo a senhora idosa, que tinha mais de 80 anos e estava acamada,</p><p>continuou a apoiar. Um dia visitei Isabel, que está com alzheimer, não conhece ninguém e</p><p>enquanto conversava mencionei que ainda estava cuidando de seus cachorros, nesse momento,</p><p>vi uma lágrima escorrendo de seu olho, fiquei impressionada, porque veio uma lembrança na</p><p>mente dela.</p><p>2- Quantos animais chegam ao abrigo por semana/dia/mês?</p><p>É difícil saber, porque abandonam muito no lado de fora do abrigo, mas todo dia não.</p><p>3- Como funciona o abrigo - processo de chegada até adoção?</p><p>São separados em ala de gatos e ala dos cachorros, mas quando chega cachorro doente ele</p><p>permanece um pouco na ala dos gatos porque é mais tranquilo e cuidamos mais de perto para</p><p>depois castrar e colocar no canil junto com os outros. As cadelas castradas que são mais antigas</p><p>ficam na ala dos gatos também.</p><p>4- Como funciona nos casos de procedimentos médicos?</p><p>A gente tem veterinário que vem aqui e castra macho, porque é uma cirurgia mais simples.</p><p>Temos uma salinha de cirurgia que não é muito equipada, então preferimos não castrar fêmea</p><p>porque se precisar de uma necessidade maior, acontecer uma parada cardíaca, é mais</p><p>complicado e nos casos mais graves mandamos para clínica. Quando é para aplicar uma</p><p>medicação mais simples e as pessoas trazem seus animais fazemos aqui.</p><p>5- Quantos animais existem atualmente?</p><p>Eu acho que uns 450 por aí.</p><p>6- Quantidade de cães e gatos? Há mais adultos e filhotes?</p><p>É mais cachorro, em torno de 250 e 200 para gatos.</p><p>7- Qual é o processo de separação dos animais para adoção?</p><p>Eu costumo manter eles separados e seguros, principalmente aqueles que estamos preparando</p><p>para a feira de adoção, após terem sido castrados e vacinados. Além disso, utilizamos gaiolas</p><p>para abrigar os animais doentes ou aqueles que precisam de cuidados adicionais, como os que</p><p>estão se recuperando de algum problema de saúde.</p><p>160</p><p>8- Há uma preferência por certos tipos de animais?</p><p>Geralmente os filhotes, os adultos são mais difíceis. Hoje em dia nas feirinhas levo mais</p><p>filhotes. Mas essa semana foram doados, foram adotados dois adultos, mas foi aqui, já castrado</p><p>e vacinado.</p><p>9- Em média, por quanto tempo os animais ficam até serem adotados?</p><p>Não tem uma média, é mais rápido os filhotes serem adotados e os adultos ficam por mais</p><p>tempo, meses ou anos até.</p><p>10- Depois que os animais são adotados, alguns deles retornam ao abrigo?</p><p>Sim, às vezes adotam e depois devolvem, mas é pouco.</p><p>11- Dos animais que chegam até o abrigo, o que eles mais necessitam?</p><p>A vida inteira é comida.</p><p>12- Em relação ao barulho e ruídos no abrigo, os vizinhos se incomodam?</p><p>Não, porque chegamos primeiro. Antes era tudo mato e por se tratar de animais eles sabem que</p><p>os cães vão latir mas não reclamam.</p><p>13- Vocês recebem doações de alimentos, ajuda financeira?</p><p>Recebemos ajuda financeira pelo</p><p>Instagram, recebemos voluntários aqui que vem tirar foto,</p><p>postar vídeo do abrigo. Vamos receber uma doação do Colégio Master que foi arrecadado da</p><p>última vez duas caminhonetes cheias de ração e de boa qualidade. recebemos vacinas, algumas</p><p>vencidas que aplicamos, pois até 6 meses não oferece risco só se não tiver eficácia aí não damos.</p><p>14- Quais as dificuldades atuais em relação ao poder público?</p><p>A gente não tem verba da prefeitura nem do Estado, a gente tem ajuda do povo. Fui à prefeitura</p><p>para receber as verbas para melhorar a parte elétrica, mas disseram que não pode porque é de</p><p>construção, apenas pode ser ração, medicamentos e insumos. Tem alguns políticos que ajudam,</p><p>três vereadores que vão botar verba de vinte mil. A ex-deputada Kitty Lima também ajudou</p><p>com uma verba de vinte mil ainda quando estava no seu mandato.</p><p>15- Quais as dificuldades atuais em relação ao espaço com os animais?</p><p>A elétrica tá dando problema porque é antiga, além de mesmo tendo 2 freezers porque</p><p>ganhamos bastante carne, nunca faltou comida, o espaço não está sendo suficiente. Não temos</p><p>um espaço para separar os animais na hora de alimentá-los, acredito que nem todos conseguem</p><p>comer. Temos dois portões nos canis e outros que estão enferrujando e quebrando e precisamos</p><p>refazer a chaparia, porque se alguns animais escapar para a ala dos cães pode não voltar. Temos</p><p>mais espaço para construir mais canis mas não temos verba suficiente. Não temos um canil</p><p>fechado para os animais que chegam feridos então eles ficam juntos com os outros e podem</p><p>passar doenças. Por isso precisamos de verba para a manutenção também. o nosso depósito é</p><p>pequeno então não conseguimos pegar muita ração de uma vez.</p><p>16- Quais as dificuldades atuais em relação ao espaço com os funcionários?</p><p>Temos 3 pessoas que nos ajudam, dois funcionários que são registrados e recebem salário e</p><p>uma moça que é voluntária, passa o dia todo trabalhando por amor porque não temos verba</p><p>suficiente para pagar um salário. Tínhamos uma funcionária que aplicava as injeções nos</p><p>animais, ela é técnica veterinária (Cida), mas pediu para sair porque não aguentava mais, então</p><p>hoje não temos ninguém aqui para fazer só aplicamos medicação oral ou subcutânea.</p><p>161</p><p>17- Os animais possuem alguma rotina?</p><p>Às 12:00 comem arroz, carne e cuscuz e às 16:30 ração. Usamos dois sacos de ração, um fardo</p><p>de arroz por dia, um fardo de massa de milho que misturamos com ração.</p><p>18- Quais os horários de funcionamento?</p><p>Funciona todos os dias, abrimos das 08:00hrs até as 18:00 horas da tarde.</p><p>19- Como é a frequência de visitantes aqui? As pessoas costumam vir para conhecer com</p><p>facilidade, ou acham que o local é afastado e difícil de acessar?</p><p>Tem muita gente que vem conhecer, porque não é como antes que não tinha pontos de</p><p>referência, hoje em dia é mais tranquilo.</p><p>20- Existem campanhas realizadas no abrigo?</p><p>Tem as feirinhas de adoção que acontece por mês, vai ter uma nesse mês, levamos eles castrados</p><p>e vacinados e vai ter um mutirão de banho nos cachorros aqui. Vem um grupo, quarenta pessoas,</p><p>jovens também para dar banho. Ajuda porque os funcionários não têm tempo de dar banho em</p><p>todos, são muitos.</p><p>21- O espaço consegue atender a demanda?</p><p>No momento sim, não tenho como aumentar muito. Esse terreno que ganhamos tem um espaço</p><p>grande, temos um terreno atrás com mais ou menos dez metros de largura por trinta de</p><p>comprimento e esse terreno foi uma parte que a Deso não usou e então aproveitei para construir</p><p>uma parte do canil. Sobrou um beco que usamos como caminho para facilitar colocar os novatos</p><p>e depois coloquei um portão. Conseguimos com que a AC Engenharia fizesse o muro todo e</p><p>depois aos poucos começamos a construir.</p><p>22- Existe algum projeto para o futuro?</p><p>Por agora não, só se for necessário porque precisamos de dinheiro. Seria bom uma manutenção</p><p>em alguns espaços do que já tem aqui. Quero futuramente fazer uma sala de entrada para as</p><p>pessoas que vem aqui, vem muita gente de fora e a gente ajuda, porque o que tem hoje telhado</p><p>está todo quebrado, ratos aparecem e não tem assentos. Fazer uma sala para o veterinário porque</p><p>hoje em dia ele fica atendendo os animais em lugares improvisados. Fazer uma salinha bem</p><p>arrumadinha</p><p>23- Vocês prestam assistência à comunidade local?</p><p>Sim, tem gente que traz o animal em um carrinho de mão, uma carroça, gente que não tem</p><p>condições de levar num veterinário. A gente vê o que pode fazer, se for caso grave a gente</p><p>manda para a clínica a gente se encarrega de pagar e se for uma coisa simples a gente mesmo</p><p>dá uma medicação aqui.</p><p>24- Na sua perspectiva, por que as pessoas optam por abandonar esses animais?</p><p>Grande parte das vezes abandona por preguiça, quer se ver livre do animal. A gente só recebe</p><p>animais que estão na rua e que estão doentes. Se eu ver um doentinho, um gato cheio de sarna,</p><p>jogado na rua, eu trago ou um cachorro cheio de ferida.</p><p>25- O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos animais?</p><p>Espaço, área livre, comida</p><p>162</p><p>26- Você acredita que a arquitetura (neuroarquitetura) é um caminho para melhorar a</p><p>vida desses animais? Como?</p><p>Sim, claro. É importante uma área livre para eles, não é só viver trancado. Os projetos são muito</p><p>bonitos, coloridos, mas é coisa que precisa de muito dinheiro, que pra realidade hoje demora,</p><p>mas eu acho que o espaço assim pode ajudar eles pelo menos o pouco tempo que eles têm de</p><p>vida, então acho importante isso.</p><p>163</p><p>Entrevista com Kitty Lima, ex-deputada estadual e atual Superintendente da Proteção</p><p>Animal no Estado de Sergipe</p><p>1- O que te levou a escolher trabalhar com a causa animal?</p><p>Eu já nasci gostando de salvar os animais, então desde criança eu sabia que a minha missão era</p><p>essa.</p><p>2- Qual o número de animais abandonados em Sergipe?</p><p>A gente só sabe a do Brasil que da última vez que vi estava 50 milhões, em Sergipe a gente vai</p><p>tentar fazer um censo conjunto com os municípios.</p><p>3- Quais as dificuldades atuais em relação aos abrigos de animais?</p><p>A maior dificuldade é fazer a população ver que abrigo não é solução ou depósito, porque gera</p><p>superlotação e não tem alimentação sempre. Então o abrigo é um local onde a gente deixa os</p><p>animais temporariamente, porque para manter um abrigo da forma correta não é barato.</p><p>4- Quais as dificuldades atuais em relação ao poder público?</p><p>A gente já está buscando licitar rações para ajudar esses abrigos. O que dificulta muito também</p><p>é que a grande maioria dessas ONGs não são regulamentadas, então o estado não pode fazer</p><p>parceria com as que não estejam regulares e são poucos os que têm esses documentos em ordem.</p><p>5- Quais foram suas propostas para melhorar a situação dos animais abandonados?</p><p>Castração, antigamente, os abrigos não tinham capacidade para lidar com o grande número de</p><p>animais nas ruas. Durante o meu mandato como parlamentar, consegui implementar a iniciativa</p><p>dos castramóveis, que foi um passo importante para controlar a população de animais de rua.</p><p>Como líder, pude direcionar recursos para a castração de mais de um milhão de animais,</p><p>contribuindo para a mudança da cultura em nosso estado em relação a esse problema recente.</p><p>Além disso, enfatizei a importância da educação na conscientização das pessoas sobre os</p><p>cuidados com os animais. Historicamente, faltou uma abordagem educativa nas escolas para</p><p>ensinar às pessoas que não se deve maltratar ou abusar dos animais. Agora, estamos reforçando</p><p>essa educação para construir um futuro com menos maus-tratos, controle populacional e</p><p>redução das doenças zoonóticas, bem como para diminuir os crimes contra os animais.</p><p>6- Existe algum projeto para o futuro?</p><p>Estamos avançando em nosso projeto com parcerias firmadas com arquitetos, que estão</p><p>desenhando o modelo ideal, incluindo as áreas necessárias. Neste estágio, estamos concentrados</p><p>na fase de orçamentação, com o objetivo de avaliar os custos e determinar</p><p>o financiamento</p><p>necessário para buscar recursos e assistência financeira.</p><p>7- Quais os resultados que você considera positivos?</p><p>Primeiro foi a criação da Depama (Delegacia de Proteção Animal e Meio Ambiente), em que</p><p>Sergipe foi um dos primeiros estados a ter uma delegacia especializada na proteção animal. A</p><p>segunda foi ter mais órgãos de proteção animal, inferindo o código de proteção animal pois</p><p>antes não tinha. Outra iniciativa são as campanhas de conscientização como dezembro verde</p><p>que combate o abandono e abril laranja que combate a crueldade animal. Contudo, as pessoas</p><p>ainda não entenderam que ter um animal trancado em um abrigo além dele correr risco de brigar</p><p>entre os outros e acabar machucado ainda pode transmitir doenças e ficar estressado. Além</p><p>disso, a gente conseguiu identificar nas escolas onde os pais além de bater nos animais batiam</p><p>164</p><p>muito nos próprios filhos, comprovando a teoria do elo, onde você tem crime com animais,</p><p>você tem basicamente crimes com as pessoas no meio familiar.</p><p>8- Com base em sua experiência, qual seria uma forma mais interessante para diminuir</p><p>os casos de abandono de animais?</p><p>Mais denúncias, muitas pessoas têm medo de denunciar porque tem conhecidos e assim ficam</p><p>impunes. Além disso, ter mais castrações, pois castrando você evita mais abandonos e</p><p>consequentemente maus-tratos.</p><p>9- O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos animais?</p><p>Primeiro precisa haver separação entre cães e gatos. Outra coisa que precisa ter é local adequado</p><p>para animais deficientes, com o piso adequado para eles não se machucarem mais. Como</p><p>também uma área de quarentena para animais doentes. É interessante ter consultórios dentro</p><p>dos abrigos porque sempre tem veterinários e o próprio responsável técnico do abrigo que pode</p><p>estar frequentemente marcando horários e indo lá cuidar dos animais.</p><p>10- Você acredita que a arquitetura (neuroarquitetura) é um caminho para melhorar a</p><p>vida desses animais? Como?</p><p>Com certeza, é um caminho para melhorar a vida desses animais. Na verdade, é preciso mudar</p><p>a visão do abrigo. Pesquisar bastante o que é que acalma os felinos e cães pois são diferentes.</p><p>É necessário ter prateleiras, ter essas bolinhas, esses buracos, brinquedos para os animais,</p><p>unindo essa questão de cores e de formatos vai ajudar bastante.</p><p>165</p><p>Entrevista com João Victor (médico veterinário)</p><p>1- Com base em sua experiência, qual seria uma forma mais interessante nos casos de</p><p>abandono de animais?</p><p>Segundo nossa constituição, na Lei nº 9.605/98 Art. 32. O ato de abandono é considerado maus</p><p>tratos, cabível de punição e multa. Então se não tem condições de cuidar de seu pet ou por</p><p>outros motivos pessoais, tenta doar o mesmo, sempre vai ter alguém disposto a dar carinho para</p><p>seu animal.</p><p>2- Quais as dificuldades atuais em relação aos abrigos de animais?</p><p>A maior dificuldade nos abrigos infelizmente são as condições financeiras, um abrigo necessita</p><p>de muitos recursos para funcionar de forma adequada, afinal ração e o tratamentos para os pets</p><p>acabam demandando muita verba, fora a manutenção do local.</p><p>3- Quais as dificuldades atuais em relação ao poder público?</p><p>Quase todos os abrigos são idealizados por ONGs, onde na maioria deles sobrevivem de</p><p>doações. Existem algumas políticas públicas voltadas para essa área, mas são em poucas</p><p>quantidades e com verbas pequenas, não suprindo a necessidade do estado por um todo.</p><p>4- Quais os ambientes que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos</p><p>animais?</p><p>O abrigo necessita de algumas estruturas para melhor conforto dos animais, a começar por uma</p><p>área ampla onde os mesmos possam passear e brincar, baias individuais para o descanso, um</p><p>local de quarentena, onde os animais resgatados fiquem de quarentena, evitando proliferação</p><p>de doença para o resto do abrigo e um local para a administração do local.</p><p>5- Dos animais que chegam até o abrigo, o que eles mais necessitam?</p><p>Animais que chegam aos abrigos são em suma animais de ruas, com problemas de pele e</p><p>verminose. Então, quase sempre necessitam de uma avaliação veterinária para recuperar sua</p><p>saúde plena.</p><p>6- Qual é o processo de atendimento dos animais que chegam abandonados?</p><p>O processo de atendimento dos animais que chegam abandonados pode variar, primeiro o</p><p>animal passa por uma avaliação para saber como está a saúde do animal, fazer controle de</p><p>parasitas (tratamento e prevenção – verminoses, sarna e outros), cuidados clínicos, coleta de</p><p>material para vigilância de zoonoses, castra-lo e posterior bota-lo para adoção.</p><p>7- O que o abrigo precisaria ter para proporcionar uma vida melhor aos animais?</p><p>O abrigo deve fornecer um ambiente seguro e confortável para os animais, com espaço</p><p>suficiente para se movimentarem e brincarem. O enriquecimento ambiental também é de suma</p><p>importância, já que com ele diminuímos o estresse dos animais. É importante separarmos</p><p>animais doentes dos sadios, para não haver proliferação de doenças. É importante que o abrigo</p><p>seja limpo regularmente para garantir a saúde dos animais e evitar a propagação de doenças.</p><p>8- Você acredita que a arquitetura (neuroarquitetura) é um caminho para melhorar a</p><p>vida desses animais? Como?</p><p>Claro, a neuroarquitetura juntamente com um enriquecimento ambiental pode ser de suma</p><p>importância para abrigos, diminuindo o estresse que esses animais passam por esta nesse</p><p>ambiente desconhecido e com outros animais estranhos para ele.</p><p>166</p><p>APÊNDICE C– PLANTAS TÉCNICAS</p><p>Seguem as plantas técnicas na seguinte ordem:</p><p>• Localização</p><p>• Situação</p><p>• Implantação</p><p>• Planta Baixa Layout</p><p>• Planta Baixa</p><p>• Planta de Cobertura</p><p>• Corte A, B, C e D</p><p>• Fachadas</p><p>• Layout e vista detalhados Gatil coletivo</p><p>• Imagens 3D</p><p>28</p><p>Quadro 3 – Psicologia das cores 39</p><p>Quadro 4 – Cromoterapia para animais</p><p>Quadro 5 – Pontos Positivos e Negativos do County of Santa Clara Animal Services Center.</p><p>43</p><p>Quadro 6 – Pontos Positivos e Negativos do Palm Springs Animal Care Facility. 65</p><p>Quadro 7 – Potencialidades X fragilidades 108</p><p>LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS</p><p>ACV - Animais em Condição de Vulnerabilidade</p><p>ADASFA - Associação Defensora dos Animais São Francisco de Assis</p><p>ANFA - Academy of Neuroscience for Architecture (Academia de Neurociências para</p><p>Arquitetura)</p><p>CCZ – Centro de Controle de Zoonoses</p><p>CFMV – Conselho Federal de Medicina Veterinária</p><p>CRMV/PR - Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado do Paraná</p><p>DEPAMA - Delegacia de Proteção Animal e Meio Ambiente</p><p>DGASET - Departamento de Gestão Ambiental e Segurança do Trabalho</p><p>EA - Enriquecimento Ambiental</p><p>EMURB- Empresa Municipal de Obras e Urbanização</p><p>FUNASA - Fundação Nacional de Saúde</p><p>HUSE - Hospital João Alves</p><p>IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis</p><p>IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística</p><p>IBP - Instituto Pet Brasil</p><p>IPB - Instituto Pet Brasil</p><p>LEED – Leadership in Energy and Environmental Design (Liderança em Energia e Design</p><p>Ambiental)</p><p>OMS – Organização Mundial de Saúde</p><p>ONG – Organização Não-Governamental</p><p>SEMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Aracaju</p><p>SMTT - Superintendência Municipal De Transportes E Trânsito</p><p>UFS - Universidade Federal de Sergipe</p><p>ZAB - Zona de Adensamento Básico 2</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14</p><p>2. ARQUITETURA E ANIMAIS ......................................................................................... 16</p><p>2.1 Os animais e o abandono .................................................................................................... 16</p><p>2.2 Bem-estar animal ................................................................................................................ 21</p><p>2.3 Enriquecimento Ambiental ................................................................................................. 23</p><p>2.4 Arquitetura Animal ............................................................................................................. 25</p><p>3. NEUROARQUITETURA PARA ANIMAIS ................................................................... 28</p><p>3.1 O que é neuroarquitetura?................................................................................................... 28</p><p>3.2 Aplicação da neuroarquitetura no ambiente construído ..................................................... 29</p><p>4. ESTUDOS DE CASO ....................................................................................................... 58</p><p>4.1 County of Santa Clara Animal Services Center - Califórnia, Estados Unidos (Dreyfuss +</p><p>Blackford Architecture) ............................................................................................................ 58</p><p>4.2 Palm Springs Animal Care Facility - Palm Springs, Estados Unidos (Swatt | Miers</p><p>Architects) ................................................................................................................................ 66</p><p>5. APROXIMAÇÕES PROJETUAIS ................................................................................... 75</p><p>5.1 Contextualização ................................................................................................................ 75</p><p>5.2 Pesquisa sobre os abrigos em Aracaju/SE .......................................................................... 79</p><p>5.3 Compreendendo a realidade ............................................................................................... 84</p><p>5.4 Diagnóstico urbano local .................................................................................................... 98</p><p>6. PATINHAS: CENTRO DE ACOLHIMENTO E BEM-ESTAR PARA PETS</p><p>ABANDONADOS ................................................................................................................. 109</p><p>6.1. Conceito e partido arquitetônico...................................................................................... 109</p><p>6.2 Programa de necessidades ................................................................................................ 114</p><p>6.3 Legislação aplicada ao local ............................................................................................. 120</p><p>6.4 Implantação ...................................................................................................................... 121</p><p>6.5 Setorização........................................................................................................................ 122</p><p>6.6 Composição arquitetônica ................................................................................................ 124</p><p>7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 142</p><p>REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 144</p><p>APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO APLICADO A POPULAÇÃO SOBRE OS ABRIGOS EM</p><p>ARACAJU .............................................................................................................................. 157</p><p>APÊNDICE B – ENTREVISTAS .......................................................................................... 159</p><p>APÊNDICE C– PLANTAS TÉCNICAS ............................................................................... 166</p><p>14</p><p>1. INTRODUÇÃO</p><p>A arquitetura possui grande papel na sociedade, contribuindo em projetar espaços</p><p>confortáveis que atendam as necessidades das pessoas, considerando as dimensões fisiológicas</p><p>e psicológicas, sobretudo do bem-estar do homem, contudo, é necessário expandir essa visão e</p><p>aplicar esses princípios para os animais também, visto a importância e o longo vínculo da</p><p>relação entre homem e animal.</p><p>Os animais de estimação estão cada vez mais inseridos nas famílias brasileiras,</p><p>considerados até como membros, contudo, em contraponto temos outra realidade que é sobre o</p><p>abandono animal nas ruas, que se perpetua e, por ser um assunto abrangente de saúde pública,</p><p>não possui solução e agrava se com o passar do tempo.</p><p>Percebe-se que mesmo sendo uma área recente a neuroarquitetura vem sendo aplicada</p><p>na concepção de projetos, sejam eles residenciais, hospitalares, comerciais, com o intuito de</p><p>torná-los mais humanizados. Entretanto, verificou-se poucos casos voltados para o âmbito</p><p>animal. Em meio a realidade dos abrigos na cidade de Aracaju/SE, os quais se encontram em</p><p>situações precárias e de superlotação, propõe-se projetar um equipamento que possa atender as</p><p>necessidades dos animais de rua, proporcionando uma qualidade de vida mais digna e sua futura</p><p>ressocialização.</p><p>Diante disso, este estudo teve como objetivo geral desenvolver o projeto arquitetônico</p><p>de um centro de acolhimento e bem-estar para animais abandonados utilizando os princípios da</p><p>neuroarquitetura. Para atingir o objetivo geral, foram elaborados objetivos específicos:</p><p>● Analisar a situação dos animais de rua;</p><p>● Identificar os princípios da neuroarquitetura;</p><p>● Analisar a relação da neuroarquitetura com espaços voltados para animais;</p><p>● Elaborar diretrizes projetuais para elaboração de um projeto arquitetônico de um centro</p><p>de acolhimento para animais abandonados.</p><p>O grande diferencial deste Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é desenvolver um</p><p>projeto de abrigo</p><p>para animais abandonados que, além de atender os aspectos arquitetônicos,</p><p>levando em consideração funcionalidade e estética, preocupa-se com os aspectos emocionais e</p><p>comportamentais de bem-estar animal, aplicando as estratégias voltadas para a</p><p>neuroarquitetura.</p><p>Neste estudo, os procedimentos metodológicos foram divididos nas seguintes etapas:</p><p>Etapa 01 - pesquisas documental e bibliográfica (análise dos materiais para compor o</p><p>15</p><p>referencial teórico a exemplo de pesquisas na legislação, em artigos, livros, dissertações,</p><p>revistas, entre outros); Etapa 02 - Análise dos estudos de caso (busca por locais que serviram</p><p>como referenciais projetuais para a proposta desta pesquisa); Etapa 03 - Desenvolvimento da</p><p>proposta projetual (foi realizada visita técnica a um abrigo de animais em Aracaju/SE;</p><p>entrevistas informais com pessoas responsáveis por abrigos de animais e pessoas do poder</p><p>público que trabalha para a causa animal; questionários com a população; e elaboração do</p><p>projeto proposto). O trabalho foi estruturado da seguinte maneira: introdução, capítulos</p><p>teóricos, considerações finais e apêndices.</p><p>O trabalho foi estruturado da seguinte maneira: introdução, capítulos teóricos,</p><p>considerações finais e apêndices.</p><p>Na introdução se apresenta uma breve apresentação sobre o tema, o objetivo geral e</p><p>específicos, a problemática e justificativa para o estudo, assim como a metodologia utilizada.</p><p>Na seção 1, “Arquitetura e animais”, foi abordado a situação do abandono; aspectos</p><p>relacionados com o bem-estar animal; enriquecimento ambiental e arquitetura animal.</p><p>Na seção 2, “Neuroarquitetura para animais”, foi apresentado o conceito da</p><p>neuroarquitetura; os elementos utilizados na neuroarquitetura que influenciam na elaboração de</p><p>projetos e como se relacionam com o abrigo.</p><p>Na seção 3, “Estudos de caso”, foram apresentados estudos de abrigos para animais,</p><p>juntamente com base em pesquisa, sites e artigos de arquitetura que formaram a base de</p><p>referência da proposta arquitetônica.</p><p>A Seção 4, “Aproximações projetuais” A partir de visitas técnicas, entrevistas e</p><p>questionários conduzidos junto à população local, foi viável realizar uma análise abrangente da</p><p>realidade dos abrigos na cidade, além de um diagnóstico detalhado do local onde vai ser</p><p>implantado o projeto.</p><p>A Seção 5, “Patinhas: centro de acolhimento e bem-estar para pets abandonados”</p><p>abordou sobre conceito, partido arquitetônico, programa de necessidades, legislação,</p><p>implantação, setorização e o projeto.</p><p>Por fim, há as considerações finais, referências e apêndices.</p><p>16</p><p>2. ARQUITETURA E ANIMAIS</p><p>2.1 Os animais e o abandono</p><p>Atualmente, nos lares das famílias brasileiras, a criação de animais de estimação foi</p><p>intensificada e segundo o censo do IPB (Instituto Pet Brasil) de 2021, o Brasil é o terceiro país</p><p>em número de animais domésticos. Considerando os 215 milhões de brasileiros, pelo menos</p><p>70% da população tem um pet em casa ou conhece alguém que tenha.</p><p>É nítido o aumento desta população que é tida, diversas vezes, como membros da</p><p>família. Reflexo disso é o cenário comercial pet que está crescendo de forma expressiva nos</p><p>últimos anos. Segundo dados da ABINPET (2018), a indústria pet no Brasil ocupa hoje o 4º</p><p>lugar mundial do segmento e só em 2018 a indústria de produtos para animais de estimação</p><p>faturou R$ 20,3 bilhões, o que demonstra a força deste setor na economia brasileira de que as</p><p>pessoas estão investindo cada vez mais nos seus animais de estimação.</p><p>Em contrapartida a este cenário, há o aumento expressivo de animais abandonados e</p><p>maltratados na sociedade. De acordo com o Instituto Pet Brasil - IBP (2022), o Brasil possui</p><p>quase 185 mil (184.960) animais abandonados ou resgatados após maus-tratos, sob a tutela de</p><p>organizações não governamentais (ONGs) e grupos de protetores. Desse total, 177.562 (96%)</p><p>são cães e 7.398 (4%) são gatos. Os números são de um levantamento do Instituto Pet Brasil</p><p>(IBP), realizado junto a 400 ONGs de todo o país que trabalham no acolhimento dos bichos. O</p><p>estudo verificou também uma mudança de perfil das ONGs, em que 60% dos animais são</p><p>resultados de maus tratos e os 40% restantes são resultados de abandonos. Ademais, segundo</p><p>estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2014, no nosso país, já existiam mais</p><p>de 30 milhões de animais abandonados nas ruas, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de</p><p>cães, e esse número só faz crescer ao longo do tempo.</p><p>A situação é preocupante, pois esse número de abandono mais do que dobrou em apenas</p><p>dois anos (2018 a 2020), esse é um dos resultados da mais recente pesquisa ACV (Animais em</p><p>Condição de Vulnerabilidade), realizada a cada dois anos pelo IPB (Instituto Pet Brasil). Com</p><p>isso, o número de ONGs (Figura 01) que atuam na proteção animal aumentou nesse período,</p><p>visto que o número era de 370 e hoje são mais de 400. Das entidades funcionando hoje, 45%,</p><p>ou 180 ONGs, estão na região Sudeste, seguida pelas regiões Sul (18%), Nordeste (18%), Norte</p><p>(12%) e, por fim, Centro-Oeste (7%).</p><p>Figura 01 - ONGs e grupos de protetores.</p><p>17</p><p>Fonte: G1, 2019.</p><p>De acordo com a delegada titular da Delegacia de Proteção Animal e Meio Ambiente</p><p>(DEPAMA), Georlize Teles, em entrevista concedida para o Jornal da Cidade (2021), informa</p><p>que o período pandêmico propiciou o aumento de casos de abandono e maus-tratos animais em</p><p>Sergipe:</p><p>[...] Já tivemos denúncia de cavalos maltratados, e um número muito grande de</p><p>cães e gatos. Houve uma incidência grande na pandemia e a gente acredita que</p><p>pelo isolamento social, as pessoas em casa junto com os cães e gatos muitos</p><p>não sabiam lidar com a situação de estresse (Jornal da Cidade, 2021).</p><p>Dessa forma, nota-se o crescimento vertiginoso de maus tratos em animais mesmo com</p><p>os órgãos de proteção. De acordo com Delabary (2012), entende-se por “maus tratos” o ato de</p><p>submeter alguém a tratamento cruel, trabalhos forçados e/ou privação de alimentos ou cuidados.</p><p>Muito destes animais abandonados ficam vulneráveis e expostos a todo tipo de crueldade nas</p><p>ruas, tendo que contar com a própria sorte para sobreviver, com a falta de comida, abrigo,</p><p>agressões e até crimes de maior destaque como zoofilia, tráfico e realização de exaustivos</p><p>processos de reprodução para posterior venda. Diniz (2018, p. 105) explica mais sobre este</p><p>crime no trecho a seguir:</p><p>18</p><p>A crueldade (ação ou omissão) contra animal é crime ambiental consistente em</p><p>fazer experiências científicas dolorosas em animal vivo, infligir-lhe maus-</p><p>tratos, mantê-lo em local anti-higiênico, submetê-lo a trabalho excessivo ou</p><p>superior às suas forças, feri-lo ou mutilá-lo ou matá-lo etc (Diniz, 2018, p. 105).</p><p>É crime abandonar ou maltratar animais desde 1998 (Lei nº 9.605/98). No Quadro 01 é</p><p>possível verificar a evolução da legislação federal brasileira nos últimos anos.</p><p>Quadro 01 – A evolução dos Direitos dos Animais no Brasil.</p><p>Decreto nº 16.590</p><p>10 de setembro de 1924</p><p>É aprovado o regulamento que permite o uso de</p><p>animais em casas de diversões públicas.</p><p>Decreto Federal nº 24.645</p><p>10 de julho de 1934</p><p>Durante o governo provisório de Getúlio</p><p>Vargas, estabelece medidas de proteção aos</p><p>animais.</p><p>E destaca no Art.1º que todo animal existente no</p><p>país é de tutela do estado.</p><p>No Art 2º impõe punições e no Art 3º lista todas</p><p>as considerações de maus tratos aos animais</p><p>Decreto 3.688</p><p>03 de outubro de 1941</p><p>Capítulo VII</p><p>É neste capítulo do decreto de Leis de</p><p>Contravenções penais, Art 64º que, praticar</p><p>crueldade ou submeter um animal ao trabalho</p><p>excessivo resultaria em prisão simples, de dez</p><p>dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos</p><p>mil réis.</p><p>Lei nº 5.197</p><p>03 de janeiro de 1967</p><p>Em seu Art1º é validado que, quaisquer espécies</p><p>que constitua a fauna silvestre do país, serão de</p><p>propriedade do estado.</p><p>Fica a proibida a caça e comercialização das</p><p>espécies silvestres. É sancionada no Art 13º</p><p>a</p><p>obrigatoriedade de licença anual para prática de</p><p>caça.</p><p>Lei nº 6.638</p><p>10 de julho de 1979</p><p>A Lei permitia em todo território nacional a</p><p>vivissecção de animais, respeitando os termos da</p><p>lei.</p><p>Revogada para Lei 11.794 08 de outubro de</p><p>2008</p><p>São estabelecidos procedimentos para o uso</p><p>científico de animais e demais providências. Art</p><p>4º cria-se consea.</p><p>Lei nº 5.197</p><p>03 de janeiro de 1988</p><p>O Art 27º é reincluído na Lei 5.197 através da</p><p>Lei 7.653 de 1988. O qual tem sua pena de</p><p>reclusão estendida para 2 a 5 anos. o Art 34º</p><p>sanciona que tais crimes tornaram-se</p><p>infinanciáveis. Animais domésticos não são</p><p>incluídos na modificação da lei, apenas os</p><p>silvestres.</p><p>Lei nº 9.605</p><p>12 de fevereiro de 1998</p><p>Decreta-se no Art 32º detenção de 3 meses a 1</p><p>ano, e multa para quem cometer crime de maus</p><p>tratos ou abuso à animais silvestres, nativos ou</p><p>exóticos. A pena aumenta de um sexto a um</p><p>terço, se ocorre morte do animal.</p><p>19</p><p>Lei nº 2833</p><p>03 de janeiro de 1988</p><p>A comissão de Meio Ambiente e</p><p>Desenvolvimento Sustentável aprova dia 12 de</p><p>Dezembro 2012 o projeto de Lei 2833/2011.</p><p>Em caso de morte do animal o infrator pode</p><p>receber reclusão de 5 a 8 anos. Controle</p><p>Zoonótico, sem confirmação de enfermidades</p><p>podem receber pena de 6 a 10 anos. Abandonar</p><p>um animal ou promover luta entre cães resultam</p><p>em reclusão de 3 a 5 anos. Fazer uso de corrente,</p><p>corda ou similar para manter o animal em</p><p>propriedade particular resultam de 1 a 3 anos.</p><p>Lei nº 14.064</p><p>29 de setembro de 2020</p><p>§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena</p><p>para as condutas descritas neste artigo será de</p><p>reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e</p><p>proibição da guarda.</p><p>Fonte: Talan, 2020.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Dessa forma, é possível verificar que a legislação brasileira, ao decorrer dos anos,</p><p>aumentou a punição nos casos de violência contra os animais. Contudo, visto os crescentes</p><p>casos de abandono e maus tratos, há necessidade de leis protetivas mais rígidas juntamente com</p><p>o apoio da sociedade com o intuito de diminuir esta realidade.</p><p>A denúncia de maus-tratos é legitimada pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605, de</p><p>12.02.1998 (Lei de Crimes Ambientais), assim como pela Constituição Federal Brasileira, de</p><p>05 de outubro de 1988. Porém muitos casos não são denunciados, permanecendo no anonimato</p><p>ou ignorados e como esses animais não conseguem se defender e pedir ajuda a situação fica</p><p>impune. Importante ressaltar que não são apenas os animais que sofrem as consequências do</p><p>abandono, a população também é afetada. Animais abandonados causam poluição ambiental,</p><p>contaminação, acidentes de trânsito, ficam suscetíveis à crueldade e agressão e, principalmente,</p><p>doenças que ameaçam a saúde pública, como as zoonoses.</p><p>Entre os principais fatores que levam ao abandono animal, segundo uma pesquisa feita</p><p>pela empresa do segmento pet shop brasileira Cobasi Cuida em 2022 com 57 ONGs e protetores</p><p>independentes para compreender o perfil dos animais abandonados no Brasil, à falta de</p><p>planejamento e problemas com posse responsável destacam-se, como pode ser visto na figura</p><p>02.</p><p>20</p><p>Figura 02 - Os motivos que levam ao abandono.</p><p>Fonte: Cobasi Cuida, 2022.</p><p>É necessário então que a população se conscientize a denunciar este crime. O Deputado</p><p>Estadual do Estado de São Paulo Delegado Bruno Marcello de Oliveira Lima (Partido Social</p><p>Liberal - PSL), elaborou um passo a passo pormenorizado de como denunciar os maus-tratos</p><p>contra os animais:</p><p>Em primeiro lugar, dirija-se até a delegacia de polícia mais próxima. Em</p><p>seguida, registre um Boletim de Ocorrência (BO) ou compareça à Promotoria</p><p>de Justiça do Meio Ambiente. Sendo assim, como cada município possui sua</p><p>legislação, caso a do seu município não contemple o tema, você poderá utilizar</p><p>as Leis Estaduais ou Federais como referência (Lima, 2020).</p><p>Segundo o deputado, para fazer a denúncia é necessário:</p><p>Saber os fatos com exatidão é crucial para que a investigação ocorra da melhor</p><p>forma. Da mesma forma, é importante ter em mãos: endereço completo, nome</p><p>dos responsáveis, além de fotos, vídeos, mapas, laudos, nome e endereços de</p><p>testemunhas. Sendo assim, quanto mais informações, melhor. Afinal, será mais</p><p>fácil para prender quem cometeu o crime (Lima, 2020).</p><p>Há, portanto, várias soluções para impedir tamanha crueldade. Segundo Muraro e Alves</p><p>(2015), “aumentar as penas, desenvolver trabalhos de prevenção e orientação, e, ainda,</p><p>conscientizar a sociedade através de palestras acerca do tema ora em apreço”. Ademais, a</p><p>castração é de suma importância também, pois, é a forma mais econômica e eficaz para evitar</p><p>futuros abandonos e maus tratos de seus descendentes. Como mencionado por Rodrigues (2008,</p><p>p. 55) no trecho a seguir:</p><p>21</p><p>Tanto a vida do homem quanto a do animal possuem valor. A vida é valiosa</p><p>independentemente das aptidões e pertinências do ser vivo. Não se trata de</p><p>somente evitar a morte dos animais, mas dar oportunidade para nascerem e</p><p>permanecerem protegidos. A gratidão e o sentimento de solidariedade para com</p><p>os animais devem ser valores relevantes na vida do ser humano (Rodrigues,</p><p>2008, p. 55).</p><p>Somado a isso, é necessário também a participação da arquitetura nessa questão social</p><p>juntamente com a sociedade, contribuindo na elaboração de diretrizes projetuais pensadas no</p><p>âmbito animal de forma humanizada.</p><p>2.2 Bem-estar animal</p><p>A arquitetura tem papel fundamental para atender às demandas da sociedade e criar</p><p>soluções em forma de espaços para o bem-estar geral. Segundo Pallasmaa (2011, p. 68), “Em</p><p>seu modo de representar e estruturar a ação e o poder, a ordem cultural e social, a interação e a</p><p>separação, a identidade e a memória, a arquitetura se envolve com questões existenciais</p><p>fundamentais”. Nesse sentido, o papel da arquitetura na promoção de políticas públicas para</p><p>minimizar a questão do abandono de animais, maus tratos e no consequente controle</p><p>populacional destes é a criação de um local destinado, como um abrigo/ lar temporário, que</p><p>proporcione bem-estar e qualidade de vida, a fim de contribuir para a sociedade em geral.</p><p>Dessa forma, é necessário primeiramente entender os conceitos de bem-estar, o</p><p>comportamento animal no ambiente e como elas influenciam para aplicação de diretrizes</p><p>projetuais eficientes.</p><p>O termo bem-estar animal ganhou notoriedade em 1964, como mencionado por Candela</p><p>(2017), “Na década de 60, a publicação do livro de Ruth Harrison, "Animal Machines" teve um</p><p>impacto imediato na sociedade e alertou para as precárias condições de vida dos animais de</p><p>exploração agrícola em regime de pecuária intensiva.</p><p>Com base nisso, em 1992 o Conselho de Bem-Estar de Animais de Fazenda (FAWC,</p><p>sigla em inglês) estabeleceu o princípio das cinco liberdades, com o objetivo de criar melhores</p><p>padrões de bem-estar para animais de todos os sistemas de produção.</p><p>Segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, 2018), as 5 liberdades</p><p>constituem em: 1) Liberdade Nutricional: Caso o animal não tenha uma dieta adequada e</p><p>hidratação apropriada, pode haver desequilíbrio nutricional, gerando obesidade, por exemplo.</p><p>2) Liberdade de dor e doença: As vacinações devem estar sempre em dia, segundo a Cebea,</p><p>para que o bem-estar único, ou seja, o bem-estar dos animais e seres humanos levando em conta</p><p>o cuidado com o meio ambiente, seja promovido. 3) Liberdade de desconforto: Estar em um</p><p>22</p><p>ambiente com abrigo, com temperaturas confortáveis para a espécie e superfícies adequadas</p><p>para proporcionar conforto. 4) Livre para expressar seu comportamento natural: Deve ser</p><p>sempre considerada para medir a qualidade de vida e bem-estar do animal. É preciso um espaço</p><p>que não restrinja os comportamentos do animal, por isso é importante estimular os animais com</p><p>tarefas e objetos que permitam seus comportamentos naturais. 5) Livre de medo e estresse: Os</p><p>animais devem ser livres de sentimentos</p><p>negativos, para evitar que sofram. O site Opta</p><p>Alimentos (2021) desenvolveu uma imagem para representar essas liberdades, como pode ser</p><p>visto na figura 03.</p><p>Figura 03 – As 5 liberdades animal.</p><p>Fonte: Optaalimentos, 2021.</p><p>Dessa forma, quando o bem-estar oferecido é adequado e as 5 liberdades atendidas o</p><p>animal experimenta sentimentos positivos, de felicidade, excitação ou relaxamento e consegue</p><p>viver melhor, expressar seus comportamentos e ter condições dignas de vida.</p><p>Segundo a Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do Conselho Federal de</p><p>Medicina Veterinária (CFMV), um animal com alto grau de bem-estar é considerado aquele</p><p>que tem boa saúde e que pode expressar seu comportamento natural. O comportamento natural</p><p>de um cão, por exemplo, inclui cavar; o de um porco, fuçar; o de um pássaro voar, e assim por</p><p>diante (CFMV, 2018).</p><p>23</p><p>Portanto, com o intuito de garantir condição de vida animal adequada, a arquitetura</p><p>precisa levar em consideração o bem-estar, as preferências e necessidades, além de</p><p>compreender o comportamento desses indivíduos no espaço, podendo utilizar do</p><p>enriquecimento ambiental para proporcionar um ambiente acolhedor e estimulante.</p><p>2.3 Enriquecimento Ambiental</p><p>Todos os animais necessitam de um espaço físico, seja para morar, se alimentar e atender</p><p>suas necessidades básicas, contudo as condições desse espaço podem influenciar de forma</p><p>positiva ou negativa os seus comportamentos.</p><p>Segundo Andersen (2004), toda espécie animal apresenta um comportamento normal</p><p>padrão. “A presença de comportamentos anormais pode ser considerada um indicador de que o</p><p>bem-estar desses seres vivos não está sendo alcançado. Sabe-se que o cativeiro é um fator</p><p>limitante, e leva muitos animais a terem um comportamento diferenciado, até neurótico”</p><p>(ANDERSEN, 2004).</p><p>Nesse sentido, com o intuito de melhorar essa condição, o conceito de Enriquecimento</p><p>Ambiental (EA) começou a ser difundido e aplicado entre biólogos e veterinários de zoológicos</p><p>em todo o mundo na década de 70. O termo é definido como “modificações feitas no ambiente</p><p>que resultam na melhora das funções biológicas dos animais em cativeiro”</p><p>(NEWBERRY,1995).</p><p>Tem sido uma prática cada vez mais constante em cativeiros do mundo todo. Segundo</p><p>Militão (2008), na prática o enriquecimento ambiental consiste na introdução de variedades</p><p>criativas, originais e simples nos recintos. Ambientes enriquecidos podem contribuir para</p><p>diversas atividades, além de promover bem‐estar aos animais cativos.</p><p>A técnica de EA possui diversos benefícios, como mencionado por Militão (2008, p. 6)</p><p>no trecho a seguir:</p><p>O enriquecimento ambiental reduz o estresse, prevenindo o surgimento de</p><p>comportamentos anormais ou promovendo o tratamento (eliminação ou</p><p>redução) de tais comportamentos na vida cativa. Alivia os efeitos do stress na</p><p>fisiologia sexual, facilitando a reprodução. Auxilia em possíveis reintroduções</p><p>de espécies à natureza, pelo fato de interagirem em um ambiente mais</p><p>complexo (Militão, 2008, p. 6).</p><p>É possível usar a estratégia de EA para criação de um ambiente dinâmico, interativo e</p><p>mais próximo da natureza para o bem-estar animal. Ainda segundo Militão (2008) o tipo de</p><p>enriquecimento utilizado deve ser apropriado à espécie em questão, pois ao desenvolvê-lo é</p><p>24</p><p>preciso conhecer os hábitos do animal. Sendo assim, as diferentes técnicas de enriquecimento</p><p>utilizadas podem ser divididas em cinco grandes grupos:</p><p>01) Alimentar: Oportunidade de procura e caça de diferentes maneiras, de</p><p>alimentos que não fazem parte do cardápio em rotineiro, evitando a</p><p>previsibilidade na hora da alimentação; 02) Sensorial: Oferece recursos e</p><p>situações que atice os cinco sentidos dos animais: sonoro, olfativo, visual, tátil</p><p>e gustativo, introduzindo, por exemplo, sons, ervas aromáticas, grama, etc; 03)</p><p>Físico: Por meio de objetos simula-se o habitat mais natural e adequado para</p><p>cada espécie como vegetações, esconderijos, obstáculos, lugares para subir,</p><p>descer, esconder, pendurar, entre outros; 04) Cognitivo: Estimula a capacidade</p><p>intelectual (concentração, coordenação motora, memória e raciocínio) por meio</p><p>de dispositivos mecânicos, como "quebra-cabeças" que escondem alimentos ou</p><p>outros objetos de desejo do animal; 05) Social: Consiste na interação dos</p><p>animais com outros da mesma ou de espécies diferentes, da mesma forma como</p><p>acontece na natureza (Pet Games, 2017, grifo do autor).</p><p>Além disso, algumas características do cão e gato, por exemplo, são diferentes em</p><p>relação ao ser humano. De acordo com o médico veterinário Alexandre G. T. Daniel,</p><p>especialista em felinos, em entrevista concedida para o Estadão (2016), informa que é</p><p>fundamental entender a natureza do comportamento do gato, bem como tentar reproduzir o</p><p>ambiente no qual eles viviam na natureza. “Gatos possuem certas necessidades de</p><p>enriquecimento ambiental, como locais para descanso, locais onde possam se esconder, dormir,</p><p>ter acesso a superfícies horizontais, verticais e elevadas”. Os gatos são seres inteligentes, ágeis</p><p>e independentes, porém é necessário terem acesso a um ambiente que os deixem livres e à</p><p>vontade, como menciona Assis, em entrevista concedida ao Estadão (2016): “Os gatos precisam</p><p>ter acesso às “três dimensões” do ambiente, além de locais para arranhadura. Ao não respeitar</p><p>essas necessidades do gato ou não permitir o acesso a todas elas, poderemos nos deparar com</p><p>problemas comportamentais e até de saúde” (Estadão, 2016).</p><p>Já os cães são seres dependentes em relação aos felinos, são animais muito ativos,</p><p>sociais e precisam ter espaço para as suas necessidades. Segundo um dos maiores sites do</p><p>segmento pet do Brasil, Pet Love (2016), para que um cão tenha suas necessidades básicas</p><p>atendidas precisa de:</p><p>1) Alimentação: Uma alimentação de qualidade vai contribuir para uma</p><p>boa saúde física, mental e também para a longevidade de seu cão; 2)</p><p>Atividade Física: Todo cachorro precisa de atividade física,</p><p>independentemente da raça, pois são animais ativos e precisam se exercitar</p><p>e gastar energia; 3) Atividade mental: O cão precisa ser estimulado e</p><p>desafiado mentalmente durante seu dia a dia para se manter ocupado e</p><p>também para gastar energia; 4) Atividade social: Os cães são animais</p><p>gregários, ou seja, eles naturalmente vivem em grupos e precisam de</p><p>25</p><p>interação social com os membros de sua própria espécie (Pet Love, 2016,</p><p>grifo nosso).</p><p>Dessa forma, para complementar a análise espacial animal através dos comportamentos</p><p>é necessário a análise dos sentidos desses indivíduos a fim de estabelecer participação ativa e</p><p>protagonismo.</p><p>2.4 Arquitetura Animal</p><p>Somado aos aspectos comportamentais, os sentidos desses animais também são</p><p>diferentes dos seres humanos. De acordo com Net Vet News (2017), “os cães percebem o</p><p>mundo com uma hierarquia de importância dos sentidos diferente da nossa. Baseiam-se</p><p>principalmente nos sentidos do olfato, posteriormente pela audição e em menor grau pela</p><p>visão”. Dessa forma, cada sentido deve ser levado em consideração para uma melhor</p><p>experiência espacial.</p><p>Em relação à visão, alguns acreditam que os animais enxergam tudo em preto e branco,</p><p>mas os cachorros e gatos têm uma visão periférica muito mais ampla e enxergam melhor no</p><p>escuro — os bichanos, em especial, que são mais ativos à noite (Gazeta Do Povo, 2021).</p><p>Ratifica-se esta informação através do seguinte trecho informado por Net Vet News (2017):</p><p>Enquanto os humanos possuem três tipos de cones, o verde, o vermelho</p><p>e o azul. Um dos cones do cão é responsável pela cor violeta e</p><p>corresponde ao cone azul nos humanos. O outro é semelhante ao cone</p><p>vermelho para humanos e percebe o tom amarelo-esverdeado (Net Vet</p><p>News 2017).</p><p>Essa esquematização referente à visão pode ser vista na figura 04 a seguir:</p><p>Figura 04 – Visão dos humanos e pets.</p><p>Fonte: Rpet, 2022.</p><p>O sentido da audição tanto</p><p>do cão quanto do gato é considerado superior ao dos seres</p><p>humanos. Enquanto os cachorros ouvem ruídos de frequência entre 10 e 45 mil Hz, os felinos</p><p>26</p><p>domésticos são capazes de identificar sons ultrassônicos – de 65 mil a 1 mi Hz (Vida de Bicho,</p><p>2022). Ratifica-se esta informação através do seguinte trecho informado por Gazeta do Povo</p><p>(2021):</p><p>Os cães podem ouvir sons até quatro vezes mais distantes e identificar</p><p>a origem deles muito mais rápido, com músculos que direcionam seus</p><p>ouvidos para a fonte do som [...]os gatos têm audição ainda melhor que</p><p>a dos cães, sendo capazes de ouvir frequências sonoras que não são</p><p>detectadas pelos ouvidos humanos (Gazeta do povo, 2021).</p><p>Essa esquematização referente à audição pode ser vista na figura 05 a seguir:</p><p>Figura 05 – Audição animal.</p><p>Fonte: Gatinhobranco, 2018.</p><p>O sentido do olfato é de grande importância tanto para gatos como cães, pois eles se</p><p>orientam fundamentalmente pelo cheiro, por isso esse sentido é tão desenvolvido. “Os gatos</p><p>possuem cerca de 200 milhões de células olfativas, número que pode chegar a 300 milhões em</p><p>algumas raças de cães, enquanto seres humanos possuem apenas cinco milhões” (Gazeta do</p><p>Povo, 2021).</p><p>Já o paladar é o único sentido que é, de fato, mais desenvolvido nos humanos que nos</p><p>pets. “Os gatos possuem apenas 470 papilas gustativas — bem menos que as milhares que</p><p>existem na boca humana. Desse modo, tanto eles, quanto os cães, acabam sentindo os alimentos</p><p>mais pelo olfato do que pelo paladar” (Gazeta do Povo, 2021).</p><p>Nesse sentido, um ambiente que proporcione bem-estar animal precisa levar em</p><p>consideração além dos aspectos estéticos e funcionais as experiências, condições psicológicas</p><p>27</p><p>desses usuários no ambiente, através de seus comportamentos e sentidos. Portanto, no que tange</p><p>a arquitetura, a humanização dos espaços, através da neuroarquitetura, é fundamental na</p><p>aplicação de um centro de acolhimento e bem estar a animais abandonados.</p><p>28</p><p>3. NEUROARQUITETURA PARA ANIMAIS</p><p>3.1 O que é neuroarquitetura?</p><p>Compreender o impacto dos ambientes sobre as emoções e comportamentos dos</p><p>usuários é proveniente de estudos recentes entre a neurociência e a arquitetura. Em 2003 com</p><p>a fundação da Academy of Neuroscience for Architecture (ANFA) em San Diego, na Califórnia</p><p>(EUA), o termo neuroarquitetura passou a ser utilizado oficialmente. Os estudos apresentados</p><p>na convenção de junho de 2003 pelo neurocientista Fred Gage e o arquiteto John Paul Eberhard</p><p>possibilitaram discussões que levaram a grandes avanços na arquitetura (ANFA, 2021).</p><p>De acordo com Gonçalves e Paiva (2018), a neuroarquitetura é um termo popular para</p><p>se referir a neurociência aplicada à arquitetura, que busca entender os impactos do espaço físico</p><p>no cérebro e consequentemente no comportamento humano.</p><p>Com a junção multiprofissional de arquitetos, neurocientistas e psicólogos foi possível</p><p>aplicar ferramentas de diagnóstico para identificação desses impactos, conforme menciona</p><p>Vobi (2023) no trecho a seguir:</p><p>Os estudos da neurociência identificaram, através de procedimentos</p><p>como ressonâncias magnéticas e eletroencefalogramas, que certos</p><p>elementos da arquitetura, como cores, texturas e iluminação, ativam</p><p>gatilhos em diferentes regiões do cérebro, os quais podem resultar em</p><p>liberação de substâncias químicas, como hormônios e</p><p>neurotransmissores, expressões gênicas - produção de proteínas e RNA</p><p>- até alteração de estados mentais, emoção e comportamento (Vobi,</p><p>2023).</p><p>Desde então, a ANFA tem difundido o termo em pesquisas, eventos e capacitação,</p><p>estimulando a expansão da área, destinado a profissionais do mundo todo, inclusive no Brasil,</p><p>conforme é possível observar no quadro 02.</p><p>Quadro 02 – Linha do tempo da neuroarquitetura.</p><p>2003 Fundação Academia Americana de Neurociência e Arquitetura ANFA</p><p>2012-2018 Conferências Internacionais - ANFA CONFERENCE – EUA</p><p>2019 Fundação Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura NEUROARQ® ACADEMY</p><p>2019 Conferência Nacional De Neurociência e Arquitetura no Brasil (NEUROARQ® DAY 2019)</p><p>2020 Conferência Internacional de Neurociência e Arquitetura no Brasil (NEUROARQ® DAY</p><p>2020)</p><p>2020 ANFA CONFERENCE – online</p><p>29</p><p>2020 ACE (ANFA Center of Education) - NEUROARQ® ACADEMY é coordenador do grupo da</p><p>América Latina</p><p>Fonte: Neuro Arq, 2020.</p><p>Elaborado por: Alexia Santos Gomes, 2023.</p><p>Segundo Neuroau (2018), através de Andréa Paiva que é idealizadora deste site</p><p>brasileiro sobre neuroarquitetura, do ponto de vista prático, a neuroarquitetura pode e deve ser</p><p>utilizada para tornar a ação humana mais efetiva e, acima de tudo, para criar espaços mais</p><p>saudáveis no curto e no longo prazo. Dessa forma, a arquitetura tem papel fundamental na</p><p>interação entre espaço e o cérebro, como mencionado por Faleiro (2020, p. 28) no trecho a</p><p>seguir:</p><p>Levando em consideração essas questões, os projetos deixam de ser</p><p>puramente intuitivos e empíricos para estarem baseados em estudos</p><p>científicos comprovados. A maneira como o ser humano interage com</p><p>o meio e seu envolvimento cognitivo está diretamente ligada à como</p><p>os ambientes são organizados e construídos, sendo essencial no seu</p><p>desenvolvimento físico e social (Faleiro, 2020, p. 28).</p><p>Ademais, a neuroarquitetura contribui para a saúde física e mental. Ainda segundo</p><p>Paiva, em entrevista concedida para a Revista ABM (2022), “ambiente com iluminação</p><p>aconchegante se mostra mais efetivo em diminuir a ansiedade do que um ambiente neutro”. Por</p><p>outro lado, “Ambientes mal projetados podem, sim, contribuir de forma negativa, desde</p><p>problemas mais simples, a casos mais graves, em especial com crianças”, alerta a especialista</p><p>(REVISTAABM, 2022). Nesse sentido, é necessário compreender as necessidades dos usuários</p><p>a fim de promover experiências positivas que auxiliem no bem-estar.</p><p>Diante disso, a neuroarquitetura traz uma série de contribuições para projetar espaços</p><p>mais eficientes e humanizados. Em concordância, segundo Lorí Crízel, arquiteto e urbanista,</p><p>presidente da ANFA no Brasil e autor do primeiro livro do país sobre neurociência aplicada à</p><p>arquitetura, com as contribuições da neuroarquitetura é possível projetar espaços centrados na</p><p>percepção de quem vai ocupá-los (Crízel, 2020b). Logo, suprir as necessidades psicológicas e</p><p>emocionais dos indivíduos a fim de garantir espaços eficientes é de suma importância para uma</p><p>arquitetura mais inclusiva e humanizada, sobretudo, para o bem-estar animal.</p><p>3.2 Aplicação da neuroarquitetura no ambiente construído</p><p>Determinados ambientes podem trazer lembranças e memórias, seja de um cheiro</p><p>específico que remete à infância, sons que são familiares e geram sensação de aconchego, cores</p><p>30</p><p>que remetem a tristeza ou a alegria ou até mesmo o toque em uma superfície áspera e pontiaguda</p><p>que gera medo e distanciamento. Análogo a isso, de acordo com Lorí Crízel, em entrevista</p><p>concedida para o Segs (2023) no trecho a seguir:</p><p>O simples ato de ouvirmos uma música pode vir a ser um configurador</p><p>de comportamento. Isso não tem, necessariamente, ligação com a</p><p>intensidade (som mais alto ou baixo), mas, sim, com o que eu estou</p><p>traduzindo como significado desse som que estou ouvindo e a forma</p><p>pela qual eu me coligo com ele, o que ele representa para mim, a que</p><p>ele me remete (Segs, 2023).</p><p>Desse modo, é possível aplicar neuroarquitetura em diversos espaços como escolas,</p><p>hospitais, escritórios, residências, entre outros, buscando sempre trazer qualidade de vida para</p><p>seus usuários (Vobi, 2023). Assim, quando esses ambientes são vistos a partir dos conceitos da</p><p>neuroarquitetura, a proposta vai muito além da comodidade proporcionada apenas por seus</p><p>elementos estéticos, como mencionado por Crízel (2022, p. 39) no trecho a seguir:</p><p>Saber acessar, naturalmente,</p><p>esse desafiador e rico sistema de interações</p><p>humanas, tendo como objetivo conferir aos usuários experiências positivas</p><p>diante do convívio com ambientes, torna as práticas projetuais eficientes em</p><p>seu mais simbólico propósito: promover uma experiência empática a quem está</p><p>inserido nessas espacialidades (Crizel, 2022, p. 39).</p><p>Nesse sentido, a Academia Brasileira de Neurociência e Arquitetura (NEUROARQ</p><p>Academy) desenvolveu uma metodologia baseada em 7 principais elementos do ambiente</p><p>físico. As 7 variáveis ambientais, como são chamadas, estão diretamente relacionadas com a</p><p>experiência sensorial dos indivíduos sendo elas: cores, aromas, sons, formas, biofilia,</p><p>iluminação e personalização (Sartori; Bencke, 2021). A partir do aprofundamento dessas</p><p>variáveis é possível desenvolver projetos mais assertivos através de fatores que estimulam o</p><p>cérebro e influenciam o comportamento e a percepção humana, como pode ser visto na figura</p><p>06.</p><p>Figura 06 – Variáveis na neuroarquitetura.</p><p>31</p><p>Fonte: Neuro Arq, 2022.</p><p>Dessa maneira, será abordado como cada variável ambiental e suas características</p><p>afetam os usuários de forma benéfica e, posteriormente, sendo capaz de ser aplicada em</p><p>diretrizes projetuais voltadas para o âmbito animal.</p><p>Biofilia</p><p>Segundo Neuroau (2022), a palavra biofilia vem do grego: bio é vida e filia é amor ou</p><p>sentimento amigável. Mas, por conta do trabalho do biólogo Edward O. Wilson, essa palavra</p><p>vem sendo usada para representar a tendência humana de interagir e se conectar a outras formas</p><p>de vida na natureza (Wilson, 1984). Segundo Connectarch (2021), os conceitos relacionados à</p><p>neuroarquitetura e a biofilia têm como premissa a utilização de cores, ergonomia, materiais</p><p>naturais e menos processados, que remetam às pessoas uma certa ligação com a natureza,</p><p>aumentando, assim, a sensação de bem-estar.</p><p>Com o passar dos anos, novos estudos foram sendo feitos para investigar os efeitos da</p><p>presença e da ausência da natureza em diferentes contextos. Em 1984, Roger Ulrich, um dos</p><p>mais influentes pesquisadores do Evidence Based Design (Design Baseado em Evidências),</p><p>publicou um artigo sobre a influência da vista da janela em quartos hospitalares na recuperação</p><p>dos pacientes. Através de vários experimentos, ele observou que aqueles pacientes em quartos</p><p>com vista para paisagens naturais tinham recuperação acelerada e sentiam menos dor do que</p><p>aqueles em quartos com vista para um muro (Ulrich, 1984).</p><p>32</p><p>Contudo, com o desenvolvimento das cidades nota-se diminuição das áreas verdes,</p><p>limitando-se a mínimos passeios em praças e parques e seus efeitos são refletidos na sociedade.</p><p>De acordo com Evelise Pereira, pesquisadora do Instituto de Saúde Global de Barcelona</p><p>(ISGlobal), em entrevista concedida ao jornal El País (2021), a falta de acesso a essas áreas</p><p>verdes em cerca de mil cidades de 31 países europeus está por trás de quase 43.000 mortes</p><p>anuais. Os espaços verdes estão associados à redução da mortalidade por causas naturais (El</p><p>País, 2021).</p><p>Segundo Silva e Holanda (2020), a biofilia vai muito além do contato com o verde, mas</p><p>está em qualquer conexão com a natureza, sendo elas a visualização do exterior, uso de</p><p>iluminação natural, espelhos d'água, fontes, lagos, uso da madeira e pedra. De acordo com o</p><p>arquiteto e paisagista Benedito Abbud, em entrevista concedida ao Connectarch (2021),</p><p>comenta que a biofilia é como uma consequência mais ampla do Healing Gardens (jardins de</p><p>cura), que os arquitetos e paisagistas começaram a criar a partir da década de 1980, no trecho a</p><p>seguir:</p><p>[...] os Healing Gardens vieram para mostrar isso também, que os</p><p>doentes que saíam, tomavam sol, tomavam brisa, iam para a natureza,</p><p>viam pássaros, apreciavam os peixes nadando, se curavam mais rápido,</p><p>porque é uma questão de você ativar as memórias afetivas e, talvez,</p><p>memórias que nem tenha, que seja uma coisa mais ancestral</p><p>(Connectarch, 2021).</p><p>Dessa forma, percebe-se que o contato com os elementos da natureza auxilia no</p><p>relaxamento e bem estar, como também, é possível estimular vários sentidos através dessa</p><p>experiência. Como mencionado por Neuroau, com a utilização do tato e mesmo de olhos</p><p>fechados os participantes de um estudo conseguiram melhorar os níveis de estresse, no trecho</p><p>a seguir:</p><p>Estudos realizados no Japão compararam os efeitos do toque em</p><p>diferentes materiais como madeira, metal e azulejos, entre outros, e</p><p>constataram que ao tocar a madeira o sistema nervoso parassimpático</p><p>tende a se tornar mais ativo. Isso significa que os níveis de estresse do</p><p>nosso corpo tendem a diminuir, facilitando o relaxamento, e isso</p><p>também pode ser desencadeado pelo estímulo tátil de alguns materiais</p><p>naturais (Neuroau, 2022).</p><p>Dessa forma, o design biofílico, cuja proposta é exatamente a de aproximar as pessoas</p><p>da natureza através do design, aponta uma série de estratégias. Tais estratégias variam desde o</p><p>aumento da presença de vegetação, até o uso de outros elementos de natureza, como a água ou</p><p>33</p><p>animais, o uso de formas mais orgânicas, como os fractais, materiais naturais ou que simulem</p><p>a natureza (Neuroau, 2022).</p><p>Assim, a fim de gerar estímulos multissensoriais inspirados na natureza nos ambientes</p><p>para os cães, a Casa e Hotel Canino, na Tailândia, tem como objetivo compartilhar as</p><p>instalações com outros cães e conectar-se com a natureza. Decidiu utilizar-se da biofilia no</p><p>pátio interno, através da interação com os elementos naturais como iluminação natural, água e</p><p>vegetação, resultando em uma série de estímulos táteis e visuais, como pode ser visto na figura</p><p>07.</p><p>Figura 07 – Casa e Hotel Canino: Biofilia residencial para animais.</p><p>Fonte: Achdaily, 2022.</p><p>Portanto, visto os benefícios que a biofilia proporciona aos usuários, é necessário a</p><p>combinação desses elementos com os sentidos para trazer mais natureza para os espaços e,</p><p>assim, mais qualidade ambiental.</p><p>Aromas</p><p>Segundo Cativa Natureza (2020), a origem do termo "Aromaterapia" vem da década de</p><p>1930 na França, no livro do químico francês René-Maurice Gattefossé, para se referir ao uso</p><p>terapêutico dos óleos essenciais. A aromaterapia se fundamenta no uso dos aromas dos óleos</p><p>essenciais, que são extraídos de plantas e que ao serem captados pelo olfato do animal, pode</p><p>lhe promover bem-estar, equilíbrio e saúde (Apipapiaui, 2021).</p><p>34</p><p>Além disso, o olfato, estimulado pela aromaterapia, é um importante sentido que está</p><p>relacionado com as memórias e emoções. O olfato e o paladar também têm um acesso</p><p>significativo a circuitos neurais que controlam estados emocionais do corpo e certas memórias</p><p>(Hickman et al., 2004; Buck, 2000).</p><p>Assim, a arquitetura é capaz de evocar sentimentos, emoções, estimular</p><p>comportamentos, e o cheiro é um dos mecanismos da neuroarquitetura capaz de auxiliar na</p><p>concepção projetual, como descreve Pallasma (2012, p. 51):</p><p>Um cheiro específico nos faz reentrar de modo inconsciente um espaço</p><p>totalmente esquecido pela memória da retina; as narinas despertam</p><p>uma imagem esquecida e somos convidados a sonhar acordados</p><p>(Pallasma, 2012, p. 51).</p><p>Como visto, o olfato dos cães e gatos é muito mais desenvolvido que o dos humanos,</p><p>assim, utilizando este sentido é possível proporcionar bem-estar animal através da</p><p>aromaterapia. Contudo, segundo a especialista Marcella Vianna, em entrevista concedida para</p><p>Patas da Casa (2022), é necessário ter cautela na utilização de aromas para os animais, não são</p><p>todos os óleos que podem ser utilizados e inalados por gatos e cães. Por isso, é importante que</p><p>só adote essa alternativa de tratamento se o médico-veterinário indicar.</p><p>Ao utilizar a técnica de aromas para os animais apresentou-se resultado positivos como</p><p>menciona a tutora Graziela Mariz, em entrevista concedida para Patas da Casa (2022), que após</p><p>utilizar óleo de lavanda sua gata apresentou melhora no comportamento, no trecho a seguir:</p><p>Ela sempre</p>