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1 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 FINCLASS Jo sé F r a n co Fundamentos do Tesouro Direto e- B /0 5 2 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 3 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Acesse e veja mais conteúdos exclusivos para todos os níveis de investidores: FINCLASS.com http://www.finclass.com/index.html Meu nome é José Franco, tenho 51 anos, nasci em Brasília. São vinte anos de experiência na gestão da dívida pública, na emissão de títulos públicos em geral e na gestão do programa Tesouro Direto. Comecei a trabalhar no Tesouro Nacional em 2001 e o Tesouro Direto foi criado em 2002, assim que entrei; me juntei à equipe que estudava alternativas para venda de títulos públicos diretamente para as pessoas físicas. Nós estudamos as experiências de outros países como Espanha e Inglaterra, e finalmente chegamos ao modelo que é o Tesouro Direto. Ele não nasceu como é hoje, não era tão ambicioso. Costumo dizer que Tesouro Direto foi a primeira Fintech no Brasil - o interessante é que ela nasceu de um programa do próprio governo. Escutamos falar em Fintech hoje e logo pensamos em aplicativos, redes sociais; e o Tesouro Direto, que desde o início usou a internet como o principal meio para atingir o investidor final, começou dentro do governo, em 2002. OLÁ, 4 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A ideia, no início, era vender os mesmos títulos, que se vendem em leilões para grandes investidores institucionais, para as pessoas físicas - pequenos investidores. Com o tempo, percebemos que a pessoa física tem demandas diferentes dos grandes investidores institucionais, e foram criados títulos específicos para o pequeno investidor, para serem vendidos por meio da plataforma do Tesouro Direto. Quando a pessoa compra um título público, seja por meio do Tesouro Direto ou por um grande investidor institucional, o que o Estado faz com o dinheiro? O Estado pode executar as políticas públicas como educação, segurança, saúde, ciência e tecnologia; assim como pode usar o dinheiro para a simples rolagem da dívida pública. 5 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Quais são as maneiras do Estado arrecadar dinheiro? Normalmente, com tributos. As pessoas pagam impostos ao Estado, que executa as políticas públicas, fazendo a despesa pública. Muitas vezes esses números não batem, a despesa é maior que a arrecadação. O QUE É A DÍVIDA PÚBLICA E A SUA ROLAGEM? 6 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Como o Estado faz para complementar? Emite e vende títulos públicos para os vários tipos de investidores. Dessas várias emissões de títulos públicos surge a dívida pública - que é algo natural, todos os países têm dívida pública - e normalmente é rolada. Quando o título vence, o Estado emite outro para pagar o primeiro que está vencendo. 7 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A compra de títulos públicos é a única maneira pela qual é possível financiar o Estado e também receber uma rentabi- lidade. Comparando com a tributação: o imposto você paga para o Estado; com a compra do título público, você entrega seu dinheiro ao Estado e algum tempo depois o dinheiro é devolvido com rentabilidade. Antes de 2002, as pessoas não tinham como investir dire- tamente em títulos públicos. Só era possível por meio de intermediários, que na época eram fundos de investimen- tos ou fundos de pensão. Além de ter um custo adicional - se o intermediário existe, ele vai cobrar uma taxa - muitas vezes as pessoas também não sabiam o que o investidor institucional fazia com o dinheiro, qual tipo de ativo ele iria comprar. Desde 2002, com o lançamento da plataforma do Tesouro Direto, as pessoas passaram a ter acesso à alterna- tiva sem intermediário. Com o Tesouro Direto a pessoa não apenas tem acesso aos títulos públicos, mas tem a grande vantagem de montar o próprio portfólio, montar a sua car- teira de acordo com as necessidades e objetivos. 8 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O Tesouro Direto nasceu como uma maneira de as pesso- as conhecerem melhor os títulos públicos. É uma maneira não apenas de financiarem o Estado, mas também de terem acesso direto a uma alternativa de investimento democrá- tica e segura; e de terem a oportunidade de aumentarem o nível de educação financeira. Afinal de contas, ao compra- rem títulos públicos, as pessoas montam a própria carteira de investimentos de acordo com os sonhos e objetivos. Se o sonho é garantir a educação do seu filho, imagine que pretende ter recursos suficientes para pagar a faculdade dele daqui a vinte anos. O que você pode fazer? Comece a acumular recursos comprando um título do Tesouro Dire- to. Vai comprando, e vinte anos depois vai receber todo o dinheiro investido, acrescido da rentabilidade, e vai usar os recursos para realizar o sonho. QUAL O OBJETIVO DO TESOURO DIRETO? 9 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Quando você, investidor, compra um título público, está ajudando o Estado a rolar a dívida pública, e tam- bém a fazer investimentos em saúde, educação, segu- rança, ciência e tecnologia, entre várias outras políticas públicas. O saldo do Tesouro Direto é de aproximadamen- te sessenta bilhões de reais, e a dívida pública total tem mais de cinco trilhões de reais. Observe que o Tesou- ro Direto é muito pequeno em relação ao tamanho total da dívida pública. O Tesouro Direto auxilia na execução das políticas públicas, mas o principal objetivo é a educa- ção financeira e a democra- tização dos investimentos; afinal de contas, com um pouco mais de trinta reais, qualquer pessoa pode fazer um investimento no Tesouro Direto. 10 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Os títulos públicos representam a opção de investimento mais segura que existe. São, por natureza, os ativos consi- derados livres de risco de crédito. Os grandes investidores e instituições financeiras compram títulos públicos como principal ativo livre de riscos, e o Tesouro Direto fornece a mesma alternativa aos pequenos investidores. Antes da existência do Tesouro Direto, os pequenos investi- dores não tinham essa alternativa disponível e, desde a cria- ção em 2002, têm acesso. Nesta Finclass, vou ensinar sobre os tipos de títulos, a ma- neira de precificá-los, a curva de rendimentos, Marcação a Mercado, taxa Selic, e sobre tudo o que você precisa fazer para ter um bom diferencial na hora de investir. Meu nome é José Franco e esta é a minha Finclass. TÍTULOS PÚBLICOS 11 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A quem se destina o Tesouro Direto? A qualquer pessoa que tenha trinta e poucos reais já pode comprar um título pú- blico pelo Tesouro Direto, assim como grandes investidores que têm um milhão de reais, também podem comprar títu- los pelo Tesouro Direto. É uma op¢ão de investimento acessível a qualquer tipo de investidor. FUNCIONAMENTO DO TESOURO DIRETO 12 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O primeiro passo é fazer o cadastro por meio de uma Ins- tituição Financeira. O Tesouro Direto tem cerca de setenta instituições financeiras - que podem ser bancos ou corre- toras - que são parceiras. Você pode fazer o cadastro de maneira muito fácil, muitas vezes pelo próprio celular. É o primeiro passo, algo que se faz rapidamente. Por que precisamos desses parceiros como canal de distri- buição? Simplesmente porque o Tesouro Nacional não é um banco, não é uma instituição financeira. As pessoas não po- dem ter a conta diretamente no Tesouro Nacional; a conta precisa ser em uma corretora ou em um banco, por meio dos quais executam os investimentos que podem ser ações, títulos privados e títulos públicos. O PRIMEIRO PASSO NO TESOURO DIRETO13 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DO TESOURO DIRETO Na prática é 24/7: vinte quatro horas por dia e sete dias por semana. Atenção, existe uma diferença entre horários de negociação. Se você negociar o título entre 9h30 e 18h em dias úteis, o preço que está pagando ou recebendo pelo título é exatamente o preço praticado no mercado secun- dário pelos grandes investidores. No entanto, se negociar o título após as 18h ou no final de semana, o preço de liqui- dação será o praticado na abertura do mercado no primeiro dia útil seguinte. Uma inovação para 2021: quando o investidor vender o título para o Tesouro Direto, a liquidação ocorre em D+0, no mes- mo dia - desde que o investidor venda o título até às 13h. A instituição financeira receberá os recursos no mesmo dia. 14 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 COMO FUNCIONA A COMPRA DE TÍTULOS PÚBLICOS O interessante do Tesouro Direto é poder comprar o título que quiser, de acordo com as suas disponibilidades. Você não precisa comprar, necessariamente, o mesmo montante todo mês. Se ao final do mês, percebe que sobrou dinheiro, pode comprar um título. Se quiser se antecipar, no início do mês, você define que vai separar 20%, 30% do salário para comprar títulos públicos. É interessante mencionar que o título que você compra é fungível: se comprar um título com um prazo aproximado de dez anos e, no mês seguinte, quiser comprar o mesmo título, é exatamente o mesmo título que já comprou no mês pas- sado, não é um título diferente. Todos os recursos vão ven- cer na mesma data se assim você quiser; caso não queira, haverá outros títulos disponíveis com datas e indexadores diferentes. 15 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Ao comprar o mesmo título, você está adicionando novas unidades do ativo à sua carteira. A única diferença é que a rentabilidade, que está contratando, pode mudar, por exem- plo: no mês passado você comprou um Tesouro prefixado com taxa de 7%. Se for comprar hoje, o mesmo título pode estar com a taxa de 6% ou de 8%. É importante saber que no extrato do Tesouro Direto, vai estar discriminado cada com- pra efetuada e você pode, inclusive, saber qual é a taxa mé- dia de seus investimentos. Quando o investidor do Tesouro Direto compra um título pú- blico, na realidade está comprando uma pequena fração de uma unidade de um título público. Parece estranho, mas va- mos pegar como exemplo o Tesouro Selic. Uma característica interessante do Tesouro Direto, que o diferencia dos demais títulos públicos negociados no mercado, em geral é o fracionamento. 16 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O preço de um título do Tesouro Selic é de 10 mil reais, e o pequeno investidor, muitas vezes, não tem 10 mil reais para investir em um único título. O que o Tesouro Direto faz é fra- cionar esses títulos. Na realidade, você está comprando 1% do que seria uma unidade de um Tesouro Selic. Por meio do Tesouro Direto, o investidor pode comprar um Tesouro Selic por 100 reais; na realidade está comprando 1% de um título público que custa 10 mil reais. É um detalhe que não vai fa- zer muita diferença, o que importa é que você está aplican- do 100 reais e vai receber, com o passar do tempo, esse di- nheiro adicionado da rentabilidade que ele vai proporcionar. 17 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Quais são os custos do Tesouro direto? Não existe taxa de administração: ao contrário de um fundo de investimento, quem vai fazer a gestão dos investimentos é você mesmo. No entanto, existe a taxa de custódia, que vai relacionar o seu CPF aos títulos. A custódia é feita atualmente pela B3, e não pela instituição financeira. Isso acontece para sua segu- rança, porque se, por exemplo, a instituição financeira tem algum problema, os investimentos no Tesouro Direto estão totalmente isolados. Os títulos ficam custodiados no nome e CPF, na B3; isso traz segurança para o investidor. OS CUSTOS DO TESOURO DIRETO 18 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Para toda aplicação financeira existe uma rentabilidade bru- ta e uma rentabilidade líquida. A rentabilidade bruta é a to- tal; a líquida é aquela com os descontos de custos, como por exemplo, no caso do Tesouro Direto, a taxa de custódia, e com o desconto também da tributação - a grande maioria dos ativos financeiros vai pagar imposto de renda. Os instru- mentos de renda fixa, em geral, têm a seguinte escala de tributação: Um detalhe importante é que o Imposto de Renda é ape- nas sobre a rentabilidade do seu título, enquanto a taxa de custódia é sobre o estoque. O estoque é o montante total aplicado. Agora que você sabe sobre o funcionamento do Tesouro Direto, vamos começar a ver os tipos de títulos dis- poníveis e a diferença entre eles. RENTABILIDADE DO TESOURO DIRETO 19 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Os investidores, em geral, têm acesso a dois tipos de inves- timentos: Renda Variável e Renda Fixa. Os investimentos de renda variável mais conhecidos são as ações de empresas, e os de renda fixa fazem parte de outro subgrupo. Os principais ativos de renda fixa são títulos pú- blicos e títulos privados. Por que se chama renda fixa? Porque a regra de rentabilida- de já é definida, depende do indexador do título. Todo título público ou todo instrumento de renda fixa tem um indexa- dor? Geralmente sim. Esse indexador pode ser a taxa da in- flação, a taxa Selic ou simplesmente um título prefixado. TESOURO SELIC 20 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A taxa Selic é a chamada taxa de juros básica da economia. Ela é definida pelo Banco Central de maneira que mantenha a inflação controlada. Um exemplo bem simples: se a taxa de inflação está subindo, o Banco Central sobe a taxa Selic como uma maneira de controlar a inflação. EXPLICANDO A TAXA SELIC VOCÊ SABIA? TAXA SELIC META A Taxa SELIC é a Taxa SELIC META. Ela é estabelecida pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) a cada 45 dias. A principal função é como ferramenta da política monetá- ria do Banco Central. A taxa SELIC é utilizada para conter a inflação, ou estimular a economia quando a inflação está muito baixa. Além disso, a alíquota definida pela equipe do COPOM tem como objetivo servir de parâmetro para as ope- rações financeiras do mercado. 21 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 TAXA SELIC OVER A Selic Over é a taxa sendo executada e calculada na prá- tica. É a média de todas as operações que utilizam a Selic como parâmetro. Os bancos realizam os empréstimos diários entre si e fazem o lastreamento das operações utilizando títulos públicos. Os bancos utilizam, como garantia de pagamento dos créditos solicitados, os títulos do Tesouro Direto. Os juros cobrados pelo empréstimo se baseiam no valor da taxa Selic executada pelo governo. Todos os valores pratica- dos pelos bancos são calculados e a média dá resultado à taxa Selic Over. Apesar de ser baseada na Selic Meta, sem- pre fica um pouco abaixo dela. RESUMINDO: Selic Over é o número real praticado no mer- cado da taxa Selic. A taxa Selic Meta é o parâmetro uti- lizado pelos bancos para determinar a taxa de juros dos empréstimos diários que fazem uns aos outros. 22 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 ●Rentabilidade: SELIC + Prêmio (Taxa prefixada) ●Baixa volatilidade: Menor variação no preço unitário do título ●Indicado para reserva de liquidez CARACTERÍSTICAS DO TESOURO SELIC Como é definido o prêmio na rentabilidade do Tesouro Se- lic? Pelo mercado secundário. Quando o Tesouro Nacional emite um título pela primeira vez, emite no mercado primá- rio. Depois disso, os títulos ganham ‘vida própria’ e vão sen- do negociados entre os diversos investidores. É a dinâmica entredemanda e oferta que vai determinar qual é esse prê- mio; no caso, estou me referindo ao prêmio do Tesouro Se- lic, mas na prática ele vai valer para qualquer um dos títulos públicos. 23 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 SPREAD NO TESOURO Uma das características do mercado secundário é o chama- do Spread de compra e venda. Isso vale para qualquer título público que é negociado no mercado secundário. Os vários investidores e os chamados market makers têm um Spread de compra e um de venda. Normalmente o preço com que o market maker compra é menor que o preço com que ele vende. Esse mesmo conceito de compra e venda é pratica- do também no Tesouro Direto, e é claro que o Spread no Te- souro Direto tende a ser menor que o praticado no mercado. 24 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 QUAL É A NECESSIDADE DESSE SPREAD? O mercado secundário é dinâmico. Os negócios vão acon- tecendo a cada momento, e o Tesouro Direto permanece aberto durante todo o período de 9h30 às 18h; para evitar que o Tesouro Direto fique fora do preço praticado no mer- cado, ele também tem o Spread de compra e venda. No caso do Tesouro Selic, o que pode acontecer é o investidor fazer uma compra de mil reais, no outro dia tirar um extrato e perceber que tem um pouco menos de mil reais. Isso acon- tece por conta do Spread de compra e venda. Entretanto, a tendência é que, com o passar de poucos dias, o valor do investimento, o preço do título, vá se recuperando e, com certeza, fique acima do montante que foi investido. 25 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O Tesouro Selic tem uma característica interessante: como a volatilidade é baixa, fica muito difícil o investidor perder dinheiro comprando-o. É considerado a porta de entrada no Programa Tesouro Direto. O investidor que não está acostu- mado com os títulos públicos faz o cadastro na instituição financeira, e o passo seguinte é comprar os títulos. Ele entra no site e vê que tem cinco, seis, talvez sete títulos disponí- veis para a compra - aí vem a escolha de qual título comprar. DÁ PARA PERDER DINHEIRO NO TESOURO SELIC? 26 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Uma sugestão: se você não sabe qual título comprar, compre o Tesouro Selic. A volatilidade é baixa e, com o passar do tempo, você vai aprender a investir nos demais títulos e ficar mais à vontade. 27 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 TESOURO IPCA Nós já vimos a diferença entre rentabilidade bruta e rentabi- lidade líquida. Existe outra diferença muito importante que é a rentabilidade real e a nominal. Ao comprar o Tesouro IPCA+, título público indexado à taxa de inflação, você contrata uma rentabilidade real. Significa uma rentabilidade acima da inflação, seja com cupom ou sem. 28 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 IMPORTÂNCIA DA PROTEÇÃO CONTRA INFLAÇÃO A inflação é o aumento ge- neralizado dos preços. Dos preços de quais bens? De- pende do índice de preços. Existem vários índices, como o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), calculado pela FGV; e o Índice de Pre- ços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo IBGE. Existem outros índices de preços, por exemplo, índices de preços relacionados a materiais da construção civil. Normalmente, quando você compra um imóvel na planta, o custo dele vai ser indexa- do a esse índice de preços do setor da construção civil. Existem muitos índices de preço relacionados à área da saúde, então eles levam em consideração uma cesta de bens de remédios. O IPCA é provavelmente o índice mais importante, por- que é o utilizado pelo Ban- co Central para o regime de metas de inflação do Brasil. 29 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A rentabilidade do Tesouro IPCA+ pode ser dividida em duas partes: A primeira parte é exatamente o IPCA, a variação da infla- ção. Não sabemos antecipadamente qual é. Quando você compra um título, por exemplo, com vencimento para daqui a dez anos, a rentabilidade vai ser o IPCA ao longo de dez anos. A segunda parte é chamada rentabilidade real. Além da variação do IPCA, você recebe também a taxa de juros real contratada no momento da compra. Por exemplo, você en- trou no site do Tesouro Direto e viu que o Tesouro IPCA+ tem uma rentabilidade de 3,5%, ao longo do período que ficar com o título, você receberá a variação do IPCA + 3,5%, que é justamente a taxa de juros real. Vai se proteger contra o aumento dos preços e adicionalmente vai receber a taxa de 3,5%, por isso ela se chama taxa de juros real. RENTABILIDADE DO TESOURO IPCA 30 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Observe que existem títulos com cupom e título sem cupom. CUPONS 31 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 É uma parcela dos juros que você vai receber a cada seis meses caso escolha um título com cupom - chamado tam- bém com juros semestrais. Se você preferir um título sem cupom, sem juros semestrais, vai receber os juros do mes- mo jeito, porém lá no final quando o título vencer, ou quando decidir vender o título. O QUE É CUPOM? 32 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Depende dos objetivos. Se você não pretende usar o dinheiro que vai receber a cada seis meses, talvez seja melhor comprar um título sem cupom, sem juros se- mestrais, e receber tudo na data de vencimento do título. Outro detalhe importante: quanto maior o período que ficar com o título, menor vai ser a alíquota de tributação. Em um período de seis me- ses, por exemplo, a alíquota tributária é de 22,5%; então, o primeiro cupom que receber, além de ser relativamente baixo, ainda vai ter que pa- gar o imposto de 22,5% so- bre aquela parcela dos juros. Se você não tem um objeti- vo claro com aquele cupom, o melhor é comprar um tí- tulo sem o pagamento de cupons. COMO ESCOLHER ENTRE UM TÍTULO COM CUPOM E UM TÍTULO SEM CUPOM? 33 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O Brasil tem um grande histórico de inflação. O país já so- freu muito com elevadas taxas de inflação, hiperinflação e, por essa razão, o Tesouro IPCA+ é um excelente instrumento para a aposentadoria. Na aposentadoria o objetivo é fazer uma poupança, uma economia para usar em um futuro dis- tante. Ao longo de todo o período é fundamental se prote- ger contra a inflação, e nem sempre conseguimos alternati- vas para essa proteção. No período em que a taxa Selic esteve em 2%, durante o período da pandemia, por exemplo, o próprio Tesouro Selic perdeu para a inflação. Em algum momento naquele perío- do, a taxa Selic estava 2% e a taxa de inflação já estava ro- dando a 3,5%, 4%. Durante esse tempo, nem todas as opções protegeram o investidor da variação dos preços - a inflação. QUANDO COMPRAR O TESOURO IPCA 34 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Uma coisa interessante: Se você entrar no Tesouro Direto, verá que o título prefixado mais longo tem dez anos, en- quanto o título IPCA+ mais longo tem cerca de quarenta anos. Essa diferença existe porque, ao comprar um título prefixado, você não necessariamente se protege contra a inflação; então, tanto as pessoas físicas como os grandes in- vestidores institucionais, normalmente, têm certo receio de comprar títulos prefixados muito longos. Para comprar títu- los muito longos, que são muito importantes para a questão da previdência, o Tesouro IPCA+ é a alternativa mais interes- sante em termos de renda fixa e títulos públicos. Lembrando que o Brasil - com todo o histórico de infla¢ão e de hiperinfla¢ão - já lutou muito contra a infla¢ão, e durante um período não conseguia de forma alguma controlá-la. 35 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Eu me refiro aqui à década de 1980, início da década de 1990;por exemplo, do Plano Cruzado na década de 80, em que a ideia para controlar os preços foi o seu congelamento. Porém, o congelamento de preços não costuma dar certo, porque perturba a autorregulação do mercado: a demanda e a oferta acabam não se encontrando, para todos os bens. Ao terem os preços congelados, os produtores preferiam não produzir. Havia um desequilíbrio entre demanda e ofer- ta. Quando isso ocorre, a demanda fica maior que a ofer- ta, então é natural que ocorra um aumento de preços. Com esse choque de oferta, com a demanda mais alta que oferta, aconteceu a restrição de oferta - os produtos tornaram-se escassos. Lembro quando era moleque e minha mãe me pedia para comprar leite, tinha que ir a duas padarias. Lá em casa costumávamos consumir dois litros de leite e só era vendido um litro de leite, por pessoa, nas padarias. Fonte: www.bcb.gov.br/controleinflacao/planoreal 36 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Acabamos de ver a diferença entre um título sem cupom e com cupom, o que exatamente é o IPCA, de onde vem o nome “Tesouro IPCA+”, qual é a utilidade da proteção contra a inflação, observamos que o Tesouro IPCA+ é um excelen- te instrumento de proteção contra a inflação e garantia da sua economia para a aposentadoria, vimos o que é uma taxa real e a seguir vamos ver o que é uma taxa nominal. O QUE VIMOS ATÉ AQUI? 37 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 TESOURO PREFIXADO A rentabilidade real é uma taxa de juros real; e agora vamos falar do Tesouro Prefixado, que vai proporcionar uma renta- bilidade nominal; você não necessariamente vai se prote- ger contra a inflação, embora, na grande maioria das vezes, ao longo da vida do título, vai acabar se protegendo contra a inflação também. Por exemplo: enquanto a taxa do Tesouro IPCA+ em um de- terminado período está em 3,5% a taxa do Tesouro Prefixado pode estar em 7%. Lembre-se de que no Tesouro IPCA+ você terá que somar a variação da inflação, enquanto no Tesouro Prefixado é uma taxa nominal. 38 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Qual é melhor? Depende das expectativas em relação ao que vai acontecer e ao que de fato acontece ao longo da vida dos títulos. Se ao longo da vida do título houver algum choque inflacionário, isso vai acabar comendo a rentabilida- de do Prefixado. Seguindo o exemplo anterior: ● Rentabilidade Tesouro IPCA+ = IPCA + 3,50% ● Rentabilidade Tesouro prefixado = 7,00% ● Expectativa de inflação (IPCA) no período = taxa prefixado – taxa Tesouro IPCA = 7,00% - 3,50% = 3,50% Portanto, as expectativas de inflação estão a 3,5%, que é justamente a diferença entre os 7% da taxa Prefixada e os 3,5% da taxa real dada pelo IPCA+. Essa é uma maneira didática e intuitiva de explicar. A conta é um pouco mais complexa, mas o conceito é exatamente esse. 39 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Existe a taxa Selic, aque- la determinada pelo Banco Central e o Tesouro Selic vai render exatamente aquela taxa, independentemente do nível da taxa. Por exemplo, se a taxa Selic estiver em 3,5% e o Banco Central aumentar para 4,5%, automaticamente a rentabilidade também vai aumentar seguindo a taxa Selic. Ela é uma taxa flutuan- te. O Tesouro Prefixado vai dar como rentabilidade uma taxa nominal prefixada, in- dependentemente do que acontecer com a taxa de ju- ros, a rentabilidade que você contratou vai continuar sen- do a mesma. Se comprou o título com a taxa nominal de 7%, ao longo da vida do título até o vencimento, irá receber exatamente a rentabilidade nominal de 7%. DIFERENÇA ENTRE TESOURO SELIC E PREFIXADO 40 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O principal risco do tesouro prefixado é a inflação. Se a infla- ção nesse período for maior do que aquela inicialmente es- perada, você vai acabar tendo uma rentabilidade real menor; por outro lado, se ao longo do período do título houver algum choque inflacionário negativo, a inflação for menor do que a esperada quando contratou a rentabilidade, você vai acabar recebendo uma rentabilidade real maior do que aquela es- perada inicialmente. A inflação na memória dos brasileiros é tão grande que tem um fato interessante: o Tesouro Nacional, até 2004, 2005, emitia títulos prefixados no mercado em geral, não para o Te- souro Direto. O título prefixado mais longo era de cinco anos. Em 2006, o Tesouro Nacional emitiu seu primeiro título prefi- xado em reais no mercado internacional; os investidores ins- titucionais estrangeiros tiveram mais confiança de comprar um título prefixado em reais do que os próprios investidores locais. Isso aconteceu porque, em 2006, quando houve a pri- meira emissão de um título de dez anos para investidores institucionais, o brasileiro ainda tinha a mentalidade de infla- ção na cabeça, sendo que desde 1994 a inflação estava sob controle - com exceção de algum período específico, mas a inflação que existe são choques inflacionários ou uma infla- ção decorrente de uma política econômica inadequada. O RISCO DO TESOURO PREFIXADO 41 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Como vimos, o Tesouro Prefixado garante uma rentabilidade nominal, garante previsibilidade em termos nominais. Você estará sujeito a algum risco de inflação, e na hora de contra- tar o título, não sabe qual vai ser a inflação; mas será remu- nerado por esse risco. Normalmente, o Tesouro Prefixado vai ter um prêmio em re- lação ao Tesouro IPCA+, e o prêmio é justamente em decor- rência da incerteza quanto à inflação futura. Quanto maior o prazo do título, maior vai ser a taxa, justamente porque você vai querer uma remuneração adicional pela incerteza adicional que terá por ficar com o título por mais tempo. Já mencionei o Tesouro Selic e Taxa Selic, o Tesouro IPCA+ e IPCA, que é um índice de inflação, e o Tesouro Prefixado, que é uma taxa de juros nominal prefixada como o próprio nome diz. Agora vamos juntar essas três variáveis de uma forma muito simples e vamos falar da Curva de Rendimentos. Você não vai encontrar o material a seguir, de maneira tão didática assim, seja nos livros, seja na internet. O QUE VIMOS ATÉ AQUI? 42 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A taxa Selic é determinada pelo Banco Central. Com base em que? O regime monetário no Brasil é de metas de in- flação, significa que o objetivo do Banco Central é manter a inflação dentro do intervalo da meta; e o instrumento do Banco Central para fazer isso é justamente a Taxa Selic. Vamos fazer uma analogia: se você tem uma meta de eco- nomizar 20% do salário por mês, qual é a variável instrumen- tal? São os gastos, então você vai adequar os gastos para cumprir a meta. O Banco Central faz algo semelhante: se ele tem uma meta de inflação, ele vai ajustando a taxa Selic para atingir a meta. Qual a relação entre a taxa Selic e a inflação; qual é o canal de transmissão? Quando a inflação começa a ficar muito alta, existem al- gumas causas, que podem ser variadas. Por exemplo: uma inflação de demanda (quando a demanda, em geral, está maior do que a oferta) é a chamada demanda agregada e oferta agregada. As pessoas estão consumindo mais, o in- vestimento está muito alto e o lado da oferta não reage tão rapidamente; com isso, os preços tendem a subir. Essa pode ser uma das causas da inflação. REGIME DE METAS DE INFLAÇÃO E A SELIC 43 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 LEI DE OFERTA x DEMANDA Oferta é a quantidade de um produto ou serviço disponível para compra. Demanda é a quantidade de produtos ou ser- viços que os consumidores estão dispostos a comprar. Quando a demanda é maior do que a oferta, os preços dos produtos tendem a subir, já que os consumidores se dis- põem a pagar mais para obter um determinado item. Por outro lado,quando a oferta é maior do que a demanda, os preços tendem a cair. 44 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 EXEMPLO: durante o início da pandemia começou uma in- tensa procura por álcool em gel. Como a oferta de álcool em gel era para uma demanda menor, com o aumento da demanda, naturalmente os preços começaram a subir. Como os preços aumentaram, novos fornecedores de álcool em gel surgiram no mercado, o que fez a oferta aumentar. Com o aumento da oferta e a demanda estabilizada, houve um ajuste nos preços do álcool em gel novamente. 45 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A taxa de câmbio é a relação entre duas moedas. Digamos que 5 reais equivalem a 1 dólar. Com 5 reais você compra, por exemplo, uma cerveja e com 1 dólar você também com- pra uma cerveja; a relação entre eles é basicamente a mes- ma. No entanto, se o real perde valor em relação ao dólar, também vai perder valor em relação à cerveja; e, nesse caso, você não vai mais poder comprar 1 dólar com 5 reais, você vai precisar de mais reais. Mantendo a relação com as outras variáveis, também vai precisar de mais de 5 reais para com- prar uma cerveja. A desvalorização cambial, o aumento da taxa de câmbio representa uma perda no valor da moeda. Seja em relação ao dólar ou aos demais bens como aqui, no caso, a cerveja. RELAÇÃO ENTRE CÂMBIO E INFLAÇÃO 46 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Se a inflação está acima da meta, ou as expectativas de in- flação estão acima da meta, o Banco Central deve agir para que a inflação caia ou a expectativa caia, usando como ins- trumento a taxa Selic. Nesse caso, aumenta a taxa Selic; com isso, o crédito tende a ficar mais caro - seja o crédito para investimento ou para consumo - então o consumo ten- de a diminuir. No caso contrário, se a inflação está tendendo a ficar abaixo da meta, o Banco Central reduz a taxa Selic. Ao fazer isso, estimula a economia; as pessoas vão consumir mais, as em- presas vão investir mais e o nível de preços tende a aumen- tar um pouquinho em direção à meta. Ao diminuir o consumo, o equilíbrio entre demanda e oferta faz com que os pre¢os caiam e a infla¢ão volte a convergir para a meta. 47 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Vamos falar agora da curva de juros prefixada. A taxa Selic é o ponto inicial da curva, é o primeiro ponto. Os seguintes pontos: três meses, seis meses, um ano, dois anos na ponta curta da curva, vão refletir expectativas em relação à traje- tória da Selic. Se o mercado em geral tem a expectativa de que o Banco Central vai subir a taxa Selic, então, natural- mente, a parte curta da curva vai ficar mais inclinada; essa é uma maneira de pensar. Outra maneira: a taxa de juros é o seu benefício por correr algum risco em relação à inflação, então, quanto maior o prazo do título, no caso do prefixado, maior o risco de qualquer tipo de surpresa inflacionária - e você vai querer ser remunerado por isso. Então, é natural que a curva de juros tenha o comportamento positivamente inclinado, as taxas de juros mais longas são mais altas que as taxas de juros mais curtas. CURVA DE JUROS 48 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O formato crescente é aquele tradicional da curva de juros. Ela também é chamada de Estrutura a Termo da Taxa de Juros, mas existem outros formatos possíveis. Por exemplo, se o Mercado em geral tem expectativas de que o Banco Central vai reduzir a taxa Selic, como aconteceu em 2016, a curva vai ficar negativamente inclinada; desse modo, as taxas de juros um pouco mais longas podem ficar abaixo da taxa Selic. Isso é contraintuitivo, muitas vezes a pessoa pode pensar o seguinte: se a taxa Selic está 10% e o prefixado de dois anos está a 9%, por que eu compraria um título com a taxa de 8% se hoje posso comprar um Tesouro Selic com taxa de 10%? A questão é que, muito provavelmente, a Selic vai cair ao longo do tempo e esses 8%, que estão precificados na cur- va, podem se tornar uma rentabilidade bastante interessan- te em relação à taxa Selic. 49 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Assim como existe uma curva de juros nominal, aquela for- mada pelo Tesouro Prefixado, existe também uma curva de juros real, que é formada pelos títulos IPCA+. A curva nomi- nal vai estar acima da curva real. A rentabilidade nominal, geralmente, é maior que a rentabilidade real; essa é uma regra, sobretudo no Brasil. A diferença entre as duas curvas é justamente a expectativa de inflação. 50 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Outra maneira de ver qual é a expectativa de inflação do mercado é pelo site do Banco Central. Entre no site e pes- quise por ”Pesquisa Focus”, que são as expectativas sobre variáveis econômicas - inflação, taxa de juros, crescimento do PIB - dos próprios participantes do mercado, os econo- mistas dos bancos, fundos de investimento e instituições fi- nanceiras. Esses economistas vão falar para o Banco Central quais são as suas expectativas, o Banco Central faz um tra- tamento estatístico e publica para que a própria expectativa de inflação seja uma variável transparente para as pessoas. Você pode sempre comparar a expectativa de inflação pela “Pesquisa Focus” com a expectativa de inflação implícita nas taxas dos títulos públicos, aquela que está implícita na dife- rença entre as taxas do título prefixado e do título do Tesou- ro IPCA+. Por exemplo: se o Tesouro Prefixado estiver com uma taxa de 8% e o Tesouro IPCA+ com uma taxa de 3% para prazos semelhantes, a expectativa de inflação seria 5%, a diferença entre elas. 51 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A curva de rendimentos reflete as expectativas dos vários agentes econômicos em relação aos fundamentos da eco- nomia, a situação fiscal do país, a própria inflação, o cres- cimento do PIB, entre outros fatores. Quanto melhores os fundamentos da economia, menos inclinada é a curva de juros; quanto piores os fundamentos da economia, mais inclinada será a curva de juros. Isso acontece porque, ao comprar um título prefixado, você está garantindo uma taxa nominal que é elevada, mas está sujeita a alguns riscos - e vai querer ser remunerado por eles. Se os fundamentos da economia não são bons, a curva vai ficar bastante inclinada e você vai querer ser remunerado por assumir esse tipo de risco. Por exemplo, se os agentes possuem expectativas de que a inflação vai aumentar, é natural que a taxa de juros nominal também aumente, afetando assim o formato da curva de ju- ros. Por outro lado, se existe a expectativa de que reformas estruturais serão aprovadas, que haverá melhorias na situa- ção fiscal do país, a inflação vai se reduzir; então a curva da taxa de juros vai se deslocar para baixo. É importante ter em mente que a taxa de juros não é única, não é apenas a taxa Selic. Existe uma curva de juros que nada mais é do que várias taxas de juros para vários prazos distintos. Isso vale tanto para a curva nominal do Tesouro Prefixado, quanto para a curva real do Tesouro IPCA+. 52 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Vamos falar mais um pouco das expectativas dos agen- tes. Quando digo que os agentes têm uma expectati- va de aumento da inflação e as taxas de juros aumentam, esses agentes não são ne- cessariamente os investido- res do Tesouro Direto como você, porém as taxas que encontra lá no site do Te- souro Direto vão refletir tudo isso. No Tesouro Nacional tem uma equipe que observa o mercado e monitora todos os negócios que aconte- cem com os títulos públi- cos no mercado secundário em tempo real. Eles olham as variações das taxas e vão disponibilizar exatamente as taxas para que você efetue o negócio em linha com os preços e com as taxas prati- cadas no mercado secundá-rio. É por isso que, algumas vezes, ao tentar comprar o título, recebemos uma men- sagem dizendo “taxas e pre- ços em atualização”. Isso acontece porque as taxas de mercado variaram muito e a equipe do Tesouro Nacional, percebendo o movimento, travam as negociações por um pequeno intervalo de tempo para esperar as taxas de mercado se estabilizarem e poderem disponibilizar o novo patamar de taxa para investir, comprar ou vender os títulos públicos no Tesou- ro Direto. IMPACTO DAS EXPECTATIVAS NO TESOURO DIRETO 53 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Vimos aqui que a curva de juros nada mais é que uma taxa de juros para diferentes momentos do tempo. O ponto ini- cial da curva é a taxa Selic. A parte curta da curva, equiva- lente a um ano, talvez dois anos, vai refletir expectativas em relação à taxa Selic. A parte mais longa da curva reflete a dinâmica de mercado, os fatores técnicos de mercado e principalmente os fundamentos da economia. Observamos aqui a taxa Selic, a sua relação com a inflação, a taxa prefixada, a curva prefixada, os riscos que você está assumindo, sobretudo em relação a eventuais surpresas in- flacionárias; e quando digo surpresa são para os dois lados, o positivo e o negativo. Cada instrumento de renda fixa, cada título público ou privado tem as suas características especí- ficas, que vão ser traduzidas em determinados tipos de ris- cos. Em seguida, veremos quais tipos de riscos o investidor está assumindo ao comprar cada tipo de título. O QUE VIMOS ATÉ AQUI? 54 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O Tesouro Nacional emite os títulos em leilão e vários agen- tes os compram. Depois disso, eles ganham ‘vida própria’ e são livremente negociados no mercado secundário. A qual preço e a qual taxa serão negociados, depende das condi- ções de mercado e de tudo o de que já falamos: fundamen- tos macroeconômicos, inflação, expectativas dos agentes, entre outros. O que é interessante saber em relação a Marcação a Mer- cado: depois que você compra o título no Tesouro Direto e entra para ver o extrato, o título vai estar com um preço dife- rente do que você comprou; e com uma taxa diferente - na maioria das vezes - e essa taxa vem do mercado secundário. Como disse, a equipe do Tesouro Nacional observa as nego- ciações no mercado secundário e coloca no site do Tesouro Direto as taxas praticadas para que você tenha uma ideia do valor atualizado da aplicação financeira. A taxa contratada na hora de comprar o título vale se você mantiver o título até o vencimento. Se por alguma razão você decidir vender antes, o Tesouro Direto vai comprar o seu título, mas vai pagar pelo título exatamente o pre¢o e a taxa praticados no mercado secundário. O QUE É MARCAÇÃO A MERCADO? 55 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Temos falado do preço e da taxa do título, e agora vamos entender a relação entre eles. Prefiro falar sobre a taxa, por- que a taxa fica mais fácil de materializar. Sabemos qual é a Taxa Selic, por exemplo, que é considerado o custo de opor- tunidade; então, você vai querer receber pelo menos a Taxa Selic. Quando falamos em preço, acabamos perdendo um pouco a noção: 700, 900 reais é muito ou é pouco? O prin- cipal parâmetro acaba sendo a taxa de juros, porque é isso que você vai querer saber, e é isso que importa no final das contas. RELAÇÃO ENTRE TAXA E PREÇO DO TÍTULO 56 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 QUAL É A RELAÇÃO ENTRE A TAXA E O PREÇO? Vamos pensar em um exemplo hipotético: Tesouro Prefixa- do, sem pagamento de cupom, vai ser sempre 1.000,00 re- ais no vencimento. Quando o título vencer você vai receber 1.000,00 reais, e o quanto você vai pagar hoje vai depender da taxa do título que estiver contratando. Vamos supor uma taxa de 10%, se daqui a um ano você for receber 1.000,00 reais e a taxa for de 10%, isso quer dizer que o preço do título hoje vai ser de 909,09 reais. 57 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Importante observar que existe uma relação inversa entre preço e taxa (taxa aumenta, preço do título diminui). Diga- mos que o título que comprou a 10%, e por alguma razão, a taxa sobe a 15% - isso é uma variação muito grande, dificil- mente vai acontecer na prática, é um exemplo hipotético. Você comprou a 10% e pagou 909,09 reais, e por alguma ra- zão a taxa subiu para 15%; o preço inicial passou para 869,56 reais, nesse caso, teoricamente você perdeu dinheiro. 58 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Esses são apenas exemplos hipotéticos para fixar que existe sempre uma relação inversa entre o preço e a taxa do títu- lo. Podemos demonstrar por um gráfico simétrico: sempre que a taxa aumenta, o preço do título cai; e, analogamente, quando a taxa cai, o preço aumenta. O que vai determinar se está ganhando ou perdendo dinheiro com a aplicação fi- nanceira é justamente a variação do preço; e a variação do preço decorre de uma variação da taxa; que por sua vez de- corre de vários fatores, como já vimos anteriormente. Agora vamos pensar na situação inversa, você comprou o título a 10% e poucos dias depois, por alguma razão a taxa caiu para 5%, então o preço inicial de 910,00 reais, passou para 950,00, você teve um ganho imediato na compra do título. 59 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Para ilustrar a relação inversa entre o preço e a taxa do título, trouxe um exemplo: Trata-se de um título real, com preços e taxas históricos e um título ao longo do tempo. O preço está em preto e a taxa está em verde. 60 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Para ilustrarmos um pouco o risco que o investidor está cor- rendo ao comprar esse título, observem o que aconteceu, por exemplo, em 2015: os fundamentos da economia pio- raram bastante. Ficou muito claro que o Brasil tinha um pro- blema fiscal estrutural. O Brasil perdeu o chamado Grau de Investimento, e a consequência foi o aumento demasiado da taxa. Quando isso aconteceu, o preço caiu. Quais são as alternativas? Vários investidores acabam fican- do preocupados porque percebem o preço do título caindo e começam a querer vender, porque não querem perder mais dinheiro; mas nessa situação seria recomendado ‘segurar a onda’, porque provavelmente vai passar. Foi justamente o que aconteceu: quando a situação melhora, as taxas voltam a cair e o preço do título se recupera. Se, por alguma razão, quiser vender o título naquele momen- to, vai vender o título provavelmente com algum prejuízo. Por outro lado, é uma situação interessante para quem não está aplicando ainda. Se você tem uma reserva de liquidez é um bom momento para efetuar a compra de títulos públi- cos. Se a taxa sofre uma variação muito grande em um dia ou dois dias, em geral é uma boa oportunidade de compras, desde que a situação volte à normalidade. Mas reconheço que naquele momento de tensão, as incertezas são muito grandes. Lembre-se do que eu disse, a taxa vai refletir a sua recompensa pelo risco que está assumindo. 61 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A situação oposta também pode acontecer. Nesse mes- mo gráfico, tem uma situa- ção positiva que aconteceu em 2019, que foi a aprovação da Reforma da Previdência. O que a reforma da previ- dência tem a ver com o títu- lo do Tesouro Direto ou com os seus investimentos? Os fundamentos macroeconô- micos são importantíssimos, quanto melhores forem, me- lhor será a performance dos seus investimentos, seja ren- da fixa, seja renda variável. Em 2019, houve a aprovação da Reforma da Previdência e isso quer dizer que a situação fiscal do Brasil tinha uma ex- pectativa grande de melhora com o tempo. A Reforma da Previdência trouxe uma eco- nomia para os cofres públi- cos de aproximadamente oi- tocentosbilhões de reais ao longo do tempo. Os agentes trazem isso ao valor presen- te, a situação melhorou mui- to e, quando isso acontece, a taxa de juros cai, em geral os preços das ações aumen- tam, e a performance dos in- vestimentos melhora. 62 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Outro termo muito comum é a Marcação por Curva. Já fala- mos do que é a Marcação a Mercado, que é simplesmente a atualização do preço do título em tempo real; a cada dia, atualiza-se o preço do título de acordo com a dinâmica do mercado secundário. A Marcação pela Curva é uma precificação hipotética, su- pondo que a taxa do título que você contratou permanece igual, permanece sempre a mesma; então, no caso do Te- souro Direto Prefixado, sem pagamento de cupom (sem ju- ros semestrais), você sabe que lá na data de vencimento do título, o preço vai ser 1.000,00 reais; e sabe também o preço que contratou. O que você não sabe é o preço do mercado secundário, que vai depender das condições de mercado e da dinâmica do mercado secundário. MARCAÇÃO PELA CURVA 63 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Então, de acordo com a Marcação pela Curva, vai ser uma linha reta. Se você comprou o título por 800,00 reais, por exemplo, vai ser uma relação linear até o 1.000,00. Você pa- gou 800,00 reais e ele vai chegar a 1.000,00; porém, é uma relação teórica, porque, na prática, vai ter uma certa volati- lidade. A taxa que contratou não vai permanecer fixa, a taxa de mercado pode aumentar ou diminuir. Se a taxa aumen- tar, o preço do título vai ficar abaixo do preço pela Marcação pela Curva, se a taxa diminuir o preço vai ficar acima desse preço hipotético dado pela Marcação pela Curva. 64 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 É outro conceito importantíssimo. Já falamos que existe uma relação inversa entre preço e taxa do título, mas como se dá essa relação? É uma relação de sensibilidade, uma variação na taxa vai sensibilizar o preço; e essa sensibilidade é direta- mente proporcional ao tamanho do prazo do título. O nome técnico é Duration. Quanto maior o prazo do título, maior vai ser a Duration, maior será a sensibilidade do preço a variações na taxa de juros do título. Em outras palavras, quanto mais longo o prazo de vencimento do título, mais você vai ganhar dinheiro se a taxa de juros praticada no mercado secundário diminuir. Por ou- tro lado, quanto mais longo o prazo do título, mais você vai perder dinheiro se a taxa do título aumentar. DURATION 65 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Um exemplo para resumir: dois títulos semelhantes, sejam dois títulos prefixados ou dois títulos IPCA+. Quanto maior o prazo, maior a Duration; e quanto maior o prazo, mais risco você está correndo (PRAZO = DURATION = RISCO). O concei- to de risco pode ter uma conotação negativa, mas, na reali- dade, risco é uma incerteza e vale para os dois lados: se por um lado você pode perder mais, por outro lado pode ganhar mais. Lembrando sempre que uma outra relação inexorá- vel em finanças é aquela entre risco e retorno. Quanto mais longo o prazo do título, maior o risco e maior é o retorno es- perado do investimento. Essa é uma das razões pelas quais um título mais longo, em geral, oferece uma rentabilidade ex-ante, de partida, maior do que a rentabilidade de um títu- lo um pouco mais curto. 66 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Todo título que tem uma taxa prefixada ou uma parcela pre- fixada vai ter algum tipo de Duration, tendo, assim, algum tipo de risco. Em geral, o título prefixado para o mesmo prazo vai ter um risco maior do que um Tesouro IPCA+, porque a parcela pre- fixada é maior. Lembrando que o Tesouro IPCA+ tem uma parte flutuante que é o IPCA, não sabemos qual é, temos uma expectativa; e tem uma parte de juros real (prefixada). Sobre a parte de juros real, você vai correr também um risco de mercado. 67 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 E o Tesouro Selic? O Tesouro Selic, afinal de contas, o mais recomendado para reserva de liquidez, qual é o risco que o investidor está correndo? Tem algum risco também, mas é um risco muito pequeno. O Tesouro Selic também tem uma pequena parcela prefixada, que pode causar algum tipo de volatilidade, uma variação no preço decorrente de uma va- riação na taxa. Isso aconteceu, por exemplo, no Tesouro Se- lic, em 2020, quando, em decorrência da crise gerada pela pandemia, os preços de todos os títulos, praticamente, as- sim como as taxas, se ajustaram no mercado e essa parcela prefixada do Tesouro Selic aumentou, e assim o preço do título Tesouro Selic caiu. 68 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O ideal é realmente segurar a onda porque, em geral, a volatilidade passa e os pre¢os acabam se recuperando; e no vencimento você vai ter exatamente aquilo que foi contratado. É importante ressaltar que, se mantiver o investimento até o vencimento do título, vai receber exatamente aquela renta- bilidade contratada no início da compra. O grande risco que existe é que o comportamento natural de muitas pessoas é, ao perceber que houve alguma volatilidade, se perdeu di- nheiro, sai vendendo e vai vender muitas vezes na hora er- rada. 69 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 A Marcação a Mercado pode ser tanto positiva quanto ne- gativa para o detentor do tí- tulo. Vamos pensar no caso da Marcação a Mercado po- sitiva, um exemplo hipoté- tico também: um investidor contratou uma rentabilida- de de 7%, viu na Marcação a Mercado que a taxa caiu para 5%, o detentor do título está tendo um ganho. O que fazer nesse caso? O compor- tamento natural é vender o título e realizar um ganho, mas pense no que vai fazer com o dinheiro depois. Se tem a expectativa de con- sumir alguma coisa de fato, é um bom momento, porque vai realizar esse lucro. Por outro lado, se você qui- ser realizar o lucro para fazer outro tipo de investimen- to, pense o seguinte: a taxa de juros em geral vai estar mais baixa. Aquele investi- mento que contratou a 10%, se vender hoje para reinves- tir o custo de oportunidade, vai ser 7%. Dificilmente, vai encontrar alguma alternati- va de investimento no mun- do de renda fixa tão atrativa quanto aqueles 10%, que já tem. Então, se você não tem a necessidade de vender o título para comprar algum bem, para realizar o seu so- nho, o melhor a fazer é dei- xar. Porque está mantendo uma rentabilidade muito boa comparada com os níveis de rentabilidade atuais. CONSIDERAÇÕES FINAIS 70 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Vamos falar, agora, dos riscos de qualquer investimento em geral e claramente com foco no Tesouro Direto. Em geral, qualquer tipo de investimento está sujeito a al- guns tipos de riscos e vamos tentar diferenciá-los. RISCO DE CRÉDITO DO TESOURO 71 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Suponhamos que você tenha um ativo e quando for vender, não vai encontrar um comprador facilmente. É um ativo pou- co líquido, então fatalmente o preço vai acabar se reduzindo pela falta de liquidez ou baixa liquidez. Um exemplo claro: uma cobertura, um imóvel, normalmente tem uma liquidez muito menor do que um flat. Um flat, por ser menor, é mais barato; as pessoas acabam negociando mais. Já a cobertura é mais cara, então não é qualquer um que compra esse tipo de ativo. Com ativos financeiros é a mesma coisa. No caso do Tesou- ro Direto, o risco de liquidez não existe porque o próprio Tesouro Direto se disponibiliza a recomprar, diariamente, pelo preço praticado no mercado secundário. Então o Te- souro Direto não tem risco de liquidez. O QUE É RISCOS DE LIQUIDEZ? 72 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Risco de mercado, aquilo de que nós já falamos,a própria Marcação a Mercado, o nome já diz, é um risco de mercado. Você contrata certa rentabilidade, mantém o título até o vencimento, e a rentabilidade será exatamente aquela. Po- rém, se decidir vender, por alguma razão, ao longo da vida do título, estará sujeito a variações de Mercado. O preço do título, nesse caso, pode ser maior ou menor do que aquele contratado. Em alguns casos pode ter alguma perda, e em outros, algum ganho acima daquele projetado. RISCO DE MERCADO 73 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O principal tipo de risco talvez seja o risco de crédito. O que é exatamente o risco de crédito? É a qualidade de crédito do emissor do título. No caso do Tesouro Nacional, o risco de crédito também é muito baixo. Vou fazer uma comparação aqui com algumas situações: no mundo da renda fixa você pode comprar um título público ou um título privado. O pri- vado é um título de uma empresa, em geral a rentabilidade dos títulos de qualquer empresa vai ser superior à rentabi- lidade do Tesouro Direto. Isso acontece porque o risco de crédito de uma empresa, qualquer que seja ela, é maior do que o risco de crédito do Tesouro Nacional. Existe um termo que é o ativo livre de risco. Em cada país o título emitido pelo governo é considerado um ativo livre de risco. Um exemplo interessante do risco de crédito é o que acon- tece com o FGC (Fundo de Garantia ao Crédito). Os bancos, em geral, captam recursos, emitem títulos por meio de um instrumento chamado CDB (Certificado de Depósito Bancá- rio). Se o banco quebrar, esse instrumento CDB está garan- tido pelo FGC. RISCO DE CRÉDITO 74 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 O Tesouro Direto não tem garantia do FGC, mas é porque não é necessário. Se você analisar a carteira do FGC, vai en- contrar, principalmente, ativos de títulos públicos. Se o ban- co quebrar, tem o título público que é por natureza o instru- mento financeiro livre de riscos; e ele vai vender os títulos no mercado para honrar os compromissos e fazer a garantia aos compradores do CDB. RESUMINDO: o Tesouro Direto não precisa do FGC, porque o Tesouro Nacional já é a garantia do Tesouro Direto. O seu investimento vai ser sempre remunerado e você vai sempre receber aquilo que lhe cabe, na data de vencimento do tí- tulo, ou se decidir vender ao longo do período - lembrando que ao longo do período, está sujeito ao risco de mercado, mas o risco de crédito é basicamente nulo. 75 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Vamos analisar uma situação hipotética em que o Estado brasileiro está em uma situação gravíssima. A situação fiscal não melhora, os fundamentos macroeconômicos estão bas- tante deteriorados, a taxa de câmbio vai estar muito pres- sionada, o real vai perder valor em relação ao dólar e em relação às outras moedas, vai ter muita inflação. Pensando nos ativos do Tesouro Direto: TESOURO IPCA+ O IPCA+ tem uma parcela indexada à inflação, então essa parcela está relativamente protegida. TESOURO SELIC Nesse cenário hipotético de ruptura, que dificilmente vai acontecer no nosso país, o real vai estar tão depreciado, que o Banco Central vai ter que subir muito a taxa Selic, então o Tesouro Selic, nesse cenário, também vai estar relativamen- te protegido. 76 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 TESOURO PREFIXADO Nesse cenário você ainda vai receber o dinheiro, mas lem- bre-se de que, ao contratar a taxa prefixada, está sujeito ao risco de inflação; então, na prática vai receber o dinheiro, só que ele vai valer menos. Justamente porque a inflação vai ser tão alta que, de certa maneira, vai ‘comer’ a rentabilida- de, o valor real do seu investimento. Esse último cenário que analisamos é hipotético, são casos extremos, em que o povo brasileiro já aprendeu com os erros do passado. Os fundamentos da Economia Brasileira estão muito mais sólidos do que eram vinte ou trinta anos atrás; e são situa¢ões hipotéticas que, tenho certeza, não ocorrerão novamente no Brasil. 77 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Nesta Finclass vimos um pouco do funcionamento do Te- souro Direto, quais são os títulos disponíveis, os instrumen- tos disponíveis, as características de cada um, os tipos de riscos inerentes, a relação entre a rentabilidade dos títulos e as variáveis macroeconômicas. Acho importante ressaltar que títulos públicos são um ins- trumento importantíssimo para ter na carteira, mas é claro que não são os únicos. Eles acabam funcionando muito bem como a porta de entrada. Fazendo uma analogia, pense em uma casa: o título público é a fundação, é o cimento. É claro que, com uma base sólida, você vai adicionando outros ins- trumentos, vai ficando exposto a outros tipos de riscos. No mundo de renda fixa existem os títulos privados; no mundo de renda variável, as ações; cada um com as suas peculia- ridades. Título público é um instrumento fundamental para ter na carteira, mas não é único; é importante diversificar não ape- nas entre os diversos títulos públicos, mas também entre os variados instrumentos financeiros. Espero que eu tenha ajudado a construir a base da sua carteira de investimentos. Meu nome é José Franco e esta foi a minha Finclass. CONCLUSÃO 78 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 79 Jo sé F r a n co ed . es pe ci a l e- B /0 5 Todos os direitos deste livro são reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte deste guia poderá ser reproduzida ou transmitida sem autoriza¢ão prévia da marca Finclass. Acesse o site: FINCLASS.com Copyright ©️ 2021 ©️ FINCLASS | Todos os direitos reservados http://www.finclass.com/index.html