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<p>Aluno (a): Thalyta Colaço Rocha</p><p>Seminário IV - Interpretação, validade, vigência e eficáca da norma tributária</p><p>Questões</p><p>1.Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) validade, (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social.</p><p>A norma “N” é válida, quando se identifica nela a existência no sistema do ordenamento jurídico.</p><p>Já “a validade é o especifico modo de existir de uma norma; mas o especifico modo de existir de uma norma é a existência especifica em um ordenamento (é a existência em um ordenamento, é a pertinência a um ordenamento); é o existir por um ordenamento, onde a preposição “por” significa seja “em relação a”, seja “em virtude de”. Assim leciona Amedeo G. Conte, cuja definição Tárek Moysés Moussallem, trouxe em sua obra clássica.</p><p>Desse modo, Paulo de Barros Carvalho, destaca que deve haver eficácia jurídica, eficácia técnica, e eficácia social, senão vejamos: eficácia técnica é a qualidade que a norma ostenta, no sentido de descrever fatos que, uma vez ocorridos, tenham a aptidão e surtir efeitos, já removidos os obstáculos materiais ou as possibilidades sintáticas (na terminologia de Tércio). Eficácia jurídica é predicado dos fatos jurídicos de desencadearem as consequências que o ordenamento prevê. E, por fim, eficácia social, como a produção concreta de resultados na ordem dos fatos sociais. Neste sentido, a validade deve ser especifica no ordenamento jurídico, eficácia técnica são fatos definidos com juridicidade; eficácia jurídica são as definições dos fatos que tem por consequência a efeito da norma concreta sendo aplicada, e, por fim, eficácia social é sua aceitação pela sociedade da norma concreta.</p><p>2.Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4).</p><p>Os enunciados tomados no plano da expressão (S1), e conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2), são sujeitos geradores de sentido, de modo a incorporar diretrizes constitucionais e, além disso, são a integração da norma, já (S3) é a estrutura da norma que prescreve condutas intersubjetivas, contidas no consequente, e, de outro lado, (S4) é o eixo da subordinação do sistema.</p><p>O ensinamento destacado por Paulo de Barros Carvalho é: (S1) compõe o texto em sentido estrito, passando, mediante o processo gerador de sentido, para o plano do conteúdo dos enunciados prescritivos (S2), até atingir a plena compreensão das formações normativas (S3), e a forma superior do sistema normativo (S4), cujo conjunto integra o texto em sentido amplo.</p><p>3.Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica? Justifique. (Vide anexos I e II).</p><p>Não existe um sentido correto para os textos jurídicos, há uma valoração vinda do homem, condicionados a suas experiências e culturas específicas. Conforme preceitua Aurora Tomazini:</p><p>“O intérprete se depara com todo aquele conjunto de enunciados prescritivos, desprovidos de qualquer valor, mas indicativos da existência de uma valoração por parte do legislador, passa a interpretá-los, adjudicando valores aos símbolos positivados e, com isso, vai construindo seu sentido para concretizar certos valores, que segundo sua construção, o legislador quis implementar.”</p><p>Os métodos hermenêuticos tradicionais restringem-se a interpretar de acordo com o que o texto prescritivo quer dizer, como se neles pudéssemos entrar e extrair significações, sendo o oposto do nosso ponto de vista, o qual se funda que as significações são criadas, produzidas e elaboradas pelo intérprete. A hermenêutica tradicional tem como base da significação o suporte físico, vez que o sentido está no texto, é algo dado, mas escondido na sua implicitude, sendo a função do intérprete somente exteriorizá-lo. No entanto, por mais clara que a lei pareça ser, o sentido sempre passará por um processo interpretativo, mediante atribuição de valores dados pelo intérprete. Quando interpretamos, saímos do plano material e entramos no plano imaterial.</p><p>Diante do exposto, não existe a interpretação literal no direito tributário, pois não é eficaz para o conhecimento do direito como um todo, visto que, para a hermenêutica tradicional, a interpretação literal se prende ao significado de base dos signos positivados, e para nós, quando interpretamos, entramos no plano dos valores e conteúdos das significações que só existe na mente do intérprete, pressupondo sempre uma contextualização. O que existe é apenas uma análise jurídica literal/gramatical, mas não mais que isso. Com relação ao método teleológico, segundo a hermenêutica tradicional, busca-se a finalidade do legislador na criação da norma. Apesar de ser um bom método para investigação dos conteúdos significativos do direito, pois também faz parte da valoração dada pelo intérprete, o método teleológico é insuficiente para análise da realidade jurídica.</p><p>4.A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/12 e publicada no dia 30 de junho desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/12, tendo sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar.</p><p>Só existe a possibilidade de arguir antinomia a partir do momento em que a Lei é publicada, pois é só nesse momento que a norma entra no ordenamento jurídico. Assim, a norma A deve prevalecer, ainda que tenha sido promulgada antes da norma “B”, vez que foi publicada depois.</p><p>5.Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexos III e IV).</p><p>Primeiramente nota-se que afronta a violação dos três poderes executivo, judiciário, e legislativo os quais devem conviver de forma harmoniosa. Isso sem falar que o exercício do direito estaria petrificado.</p><p>Entendo que não existe lei puramente interpretativa, pois a interpretação é produto individual de cada ser humano, logo não posso dizer que uma interpretação seja objetivas para todos que a leem, até porque a interpretação é uma ciência humana, e não uma ciência exata.</p><p>Não poderia deixar de lado, as palavras esclarecedoras de Paulo de Barros Carvalho “é o ser humano que, em contacto com as manifestações expressa do direito positivo, vai produzindo as respectivas significações. Daí a asserção peremptória segundo a qual é a interpretação que faz surgir o sentido, inserido na profundidade do contexto, mas sempre impulsionada pelas fórmulas literais do direito documentalmente objetivado. Sim, porque já foi dito e redito que não há texto sem contexto ou, de outro modo, não há plano de expressão sem plano de conteúdo e vice-versa.”</p><p>Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito, mas apenas para beneficiar o contribuinte, com isso preserva a segurança jurídica, e da relação entre administração (Estado), e administrados.</p><p>Confronto o artigo 106, I do CTN com o princípio da irretroatividade, e penso que só pode ocorrer desde que seja em beneficio do contribuinte/administrado.</p><p>6.Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem:</p><p>Lei ordinária federal n. 10.001, de 10/10/2016 (DO de 01/11/2016)</p><p>Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território nacional.</p><p>Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo.</p><p>Parágrafo único. A alíquota é de 1%.</p><p>Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo.</p><p>Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto</p><p>mês de cada exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo.</p><p>Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.</p><p>Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data aprazada, poderá, a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e Imposição de Multa, em decorrência da não observância dessa obrigação, impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido.</p><p>(...)</p><p>a) Em 01/06/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das situações:</p><p>Critérios\ datas</p><p>11/10/2016</p><p>01/11/2016</p><p>01/02/2017</p><p>01/04/2017</p><p>01/07/2019</p><p>É válida</p><p>É vigente</p><p>Incide</p><p>Apresenta eficácia jurídica</p><p>7.Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo V).</p><p>Entendo que seja valida, e continuará sendo válida até que sai do ordenamento jurídico, ou seja, revogada. O vício de inconstitucionalidade, não pode ser sanado por emenda constitucional posterior, admitir raciocínio contrário ao ensejará insegurança jurídica.</p><p>Com isso, a norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente.</p><p>8. Leia atentamente abaixo a sucessão de fatos no tempo:</p><p>FATO 1 – A lei n. 9.528/97, alterando o art. 25 da Lei n. 8.212/91, estabeleceu que:</p><p>“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física e do segurado especial referidos, respectivamente, na alínea “a” do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada a Seguridade Social, é de:</p><p>I - 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção;</p><p>II - 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção para o financiamento das prestações por acidente do trabalho.”</p><p>FATO 2 – Emenda Constitucional 20/1998 alterou a redação do art. 195, inciso I, da Constituição Federal.</p><p>REDAÇÃO NOVA:</p><p>Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:</p><p>I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:</p><p>a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;</p><p>b) a receita ou o faturamento;</p><p>c) o lucro;</p><p>REDAÇÃO ANTERIOR:</p><p>Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:</p><p>I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro;</p><p>II - dos trabalhadores;</p><p>FATO 3 – O STF, em controle difuso, declarou inconstitucional o art. 25, incisos I e UU, da Lei n. 8.212/91, com as alterações promovidas pela lei n. 9.528/97:</p><p>(RE 363852, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2010, DJe-071 DIVULGAÇÃO 22-04-2010 PUBLICAÇÃO 23-04-2010): “RECURSO EXTRAORDINÁRIO - PRESSUPOSTO ESPECÍFICO - VIOLÊNCIA À CONSTITUIÇÃO - ANÁLISE - CONCLUSÃO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - COMERCIALIZAÇÃO DE BOVINOS - PRODUTORES RURAIS PESSOAS NATURAIS - SUB-ROGAÇÃO - LEI Nº 8.212/91 - ARTIGO 195, INCISO I, DA CARTA FEDERAL - PERÍODO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/98 - UNICIDADE DE INCIDÊNCIA - EXCEÇÕES - COFINS E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL - PRECEDENTE - INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. Ante o texto constitucional, não subsiste a obrigação tributária sub-rogada do adquirente, presente a venda de bovinos por produtores rurais, pessoas naturais, prevista nos artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis nº 8.540/92 e nº 9.528/97. Aplicação de leis no tempo - considerações.”</p><p>FATO 4 – A lei 10.256/2001, alterou o caput do artigo 25 da Lei n. 8.212/91:</p><p>“Art. 25. A contribuição do empregador rural pessoa física, em substituição à contribuição de que tratam os incisos I e II do art. 22, e a do segurado especial, referidos, respectivamente, na alínea a do inciso V e no inciso VII do art. 12 desta Lei, destinada à Seguridade Social, é de:”</p><p>FATO 5 - O STF reconheceu a constitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (FUNRURAL):</p><p>(RE 718874, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 30/03/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-219 DIVULG 26-09-2017 PUBLIC 27-09-2017 REPUBLICAÇÃO: DJe-225 DIVULG 02-10-2017 PUBLIC 03-10-2017) Ementa: TRIBUTÁRIO. EC 20/98. NOVA REDAÇÃO AO ARTIGO 195, I DA CF. POSSIBILIDADE DE EDIÇÃO DE LEI ORDINÁRIA PARA INSTITUIÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DE EMPREGADORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS INCIDENTE SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO RURAL. CONSTITUCIONALIDADE DA LEI 10.256/2001. 1.A declaração incidental de inconstitucionalidade no julgamento do RE 596.177 aplica-se, por força do regime de repercussão geral, a todos os casos idênticos para aquela determinada situação, não retirando do ordenamento jurídico, entretanto, o texto legal do artigo 25, que, manteve vigência e eficácia para as demais hipóteses. 2. A Lei 10.256, de 9 de julho de 2001 alterou o artigo 25 da Lei 8.212/91, reintroduziu o empregador rural como sujeito passivo da contribuição, com a alíquota de 2% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; espécie da base de cálculo receita, autorizada pelo novo texto da EC 20/98. 3. Recurso extraordinário provido, com afirmação de tese segundo a qual É constitucional formal e materialmente a contribuição social do empregador rural pessoa física, instituída pela Lei 10.256/01, incidente sobre a receita bruta obtida com a comercialização de sua produção.</p><p>FATO 6 – Resolução do Senado n. 15/2017:</p><p>“Art. 1º É suspensa, nos termos do art. 52, inciso X, da Constituição Federal, a execução do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e a execução do art. 1º da Lei nº 8.540, de 22 de dezembro de 1992, que deu nova redação ao art. 12, inciso V, ao art. 25, incisos I e II, e ao art. 30, inciso IV, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, todos com a redação atualizada até a Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, declarados inconstitucionais por decisão definitiva proferida pelo Supremo Tribunal Federal nos autos do Recurso Extraordinário nº 363.852.”</p><p>Considerando as ocorrências acima, responda fundamentadamente:</p><p>a) Em dezembro de 1999, é possível afirmar que o art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97) é válido, vigente e possui eficácia técnica?</p><p>b) A decisão na RE 363.852 é capaz de alcançar a validade, vigência ou a eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?</p><p>c) Quais os efeitos da Resolução do Senado n. 15/2017 no que se refere à Vigência, validade e eficácia do art. 25, incisos I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?</p><p>d) A decisão no RE 718.874 alcança a validade, vigência ou eficácia do art. 25, incisos</p><p>I e II, da Lei 8.212/98 (redação dada pela lei n. 9.528/97)?</p>