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Seminário IV - Interpretação, validade, vigência e eficiência da norma tributária.

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Seminário IV – Interpretação, validade, vigência e eficiência da norma tributária.
Larissa Yuki Ichimura G. Barbosa
Questões
1. Que significa afirmar que uma norma “N” é válida? Diferençar: (i) validade, (ii) vigência; (iii) eficácia jurídica; (iv) eficácia técnica e (v) eficácia social. Responda, fundamentadamente, o que entende acerca da validade, vigência e eficácia jurídica da norma introdutora e da norma introduzida (Considere em sua resposta a problemática da ADC 84)[footnoteRef:1]. [1: TRECHO DA PETIÇÃO INICIAL DA ADC 84
No apagar das luzes de 2022, mais precisamente no dia 30 de dezembro de 2022, sem que houvesse participante do govern de transito, foi editado pelo então Vice-Presidente da República, no exercício do cargo de Presidente, o Decreto n° 11.322/2022, que reduziu a metade as alíquotas de PIS/PASEP e COFINS sobre receitas financeiras auferidas por pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não-cumulativa de tais contribuições. 
...
Deve-se atentar ainda, para uma particularidade: não obstante o decreto tenha sido editado no dia 30 de dezembro (sexta-feira), havia previsão expressa, no seu artigo 2°, de que a produção de efeitos se daria a partir de 1° de Janeiro de 2023 (domingo e feriado nacional).
No dia 1° de Janeiro de 2023, sobreveio o Decreto n° 11.374/2023, objeto da presente ação declaratória, que entrou em vigor na mesma data (artigo 4°) e revogou imediatamente as disposições do diploma anterior, repristinando, por conseguinte, as alíquotas de PIS/COFINS sobre as receitas financeiras constantes do Decreto n° 8.426/2015.
O cenário, em síntese, é o seguinte: o Decreto n° 11.322/2022 entrou em vigor no dia 30/12/2022 com previsão expressa de produção de efeitos somente a partir de 171/2023, mas foi revogado pelo Decreto n° 11.374/2023, justamente nesta mesma data, com a manutenção do percentual das alíquotas anteriormente vigentes desde 2015.
Não é difícil perceber que a redução de alíquota implementada pelo Decreto n° 11.322/2022 jamais chegou a se aplicar, porquanto revogada no mesmo dia em que se iniciaria a sua eficácia. Trata-se de uma disposição natimorta, que nao veio a produzir efeitos na esfera jurídica dos contribuintes.] 
As normas jurídicas, possuem a qualidade de normas prescritivas que poderão ser consideradas como válidas ou inválidas, de acordo com o entendimento de Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:2]. O Professor compreende o conceito de validade como o “vínculo que se estabelece entre a proposição normativa e o sistema do direito posto”[footnoteRef:3]. [2: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito Tributário: Linguagem e Método. São Paulo: Noeses, 2021, p. 443.] [3: CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 33 ed. São Paulo: Noeses, 2023, p. 86.] 
Da validade decorre a lei existente, isto é, inserida no ordenamento e assim permanece até que perca sua validade em razão de prazo determinado, seja revogada por outra lei ou por decisão judicial em controle de constitucionalidade.
Nesse sentido, resta presente o requisito da pertinencialidade, isto é, a inserção da norma jurídica por autoridade competente e procedimento determinado é que a norma jurídica passa a ingressar no ordenamento e se tornar válida.
A vigência pode ser conceituada como uma capacidade atribuída a uma norma jurídica quando dotada de força para propagar efeitos jurídicos, disciplinando, regendo, cumprindo os seus objetivos finais[footnoteRef:4]. A vigência corresponde à aptidão de determinar o surgimento de efeitos jurídicos. [4: CARVALHO, 2021, p. 443.] 
Será iniciada, em regra, após 45 dias da publicação, salvo disposição em contrário. Durante o período de vacatio legis a norma é válida, integrante do ordenamento, mas ainda não é dotada de vigor. Seria possível afirmar, no entanto, que é dotada de vigência parcial, conforme pormenorizado abaixo.
O Professor Paulo de Barros Carvalho faz a distinção entre a vigência plena e parcial “tão logo aconteçam os fatos nela descritos”[footnoteRef:5]. Na primeira, a aplicação ocorrerá para o passado e futuro, na parcial se voltando para o passado no caso da revogação e para o futuro, quando houver nova vigência. [5: CARVALHO, 2021, p. 451.] 
A eficácia é estudada por Paulo de Barros Carvalho sob o ângulo jurídico, técnico e social. Primeiramente evidencia-se que não há vinculação necessária da vigência com a eficácia e vice-versa. 
É possível fazer a seguinte reflexão: uma norma estadual, ou municipal possui vigência e eficácia para os contribuintes locais, mas possui vigência e não eficácia para residente de local diverso.
A jurídica decorre da irradiação de efeitos provocados pelo fato jurídico previsto na norma. Nessa hipótese, passa a ocorrer a causalidade jurídica, quer seja, o fato jurídico (antecedente), projetam-se os efeitos prescritivos (consequente). Com a implementação do consequente forma-se a relação jurídica.
A eficácia técnica, qualidade ostentada, é a capacidade de incorrer no “plano real-social”[footnoteRef:6] o antecedente e consequente previsos na norma. A ineficácia tem como consequência a inocorrência da juridicização, isto é, já não se sustenta a partir de S1. [6: CARVALHO, 2021, p. 452.] 
A eficácia social corresponde ao “acatamento”[footnoteRef:7] das intenções extravasadas pelo legislador a partir do direito positivo. É possível imaginar que a eficácia transcende o âmbito até mesmo da Ciência do Direito e confronta e é recebido pela coletividade. Está mais próximo da Ciências Sociológicas que Jurídicas, mas compreendo a eficiência social como consequente e depende das demais, que transcende o sistema e alcança o contribuinte comum. [7: CARVALHO, 2021, p. 453.] 
Considerando a noção de que as normas jurídicas ingressam no ordenamento jurídico em pares, dada a noção precípua dos veículos introdutores e introduzidos, os primeiros seriam simultaneamente válidos e vigentes. Essa noção decorre do fato de que a norma introdutória insere a introduzida no ordenamento, ao ser validada, quer seja, ao ingressar no sistema S, já se encontra apta a introduzir a norma introduzida. De outra maneira, não seria possível a coexistência da introdutora e introduzida.
A Ação Direta de Constitucionalidade n.º 84/2023 foi ajuizada a fim de pleitear a constitucionalidade do Decreto n.º 11.374/2023, que repristina o Decreto n.º 8.426/2015, referente às alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e revoga o Decreto n.º 11.322/2022.
Ocorre que o Decreto n.º 11.322/2022 foi promulgado em 30/12/2022, estabelecia a redução das alíquotas de PIS/PASEP e Cofins. Nesta, a data de vigência era de 1º/01/2023. O Decreto n.º 11.374/2023 foi promulgado na mesma data estabelecida da vigência, 1º/01/2023, com vigência imediata.
2. Descreva o percurso gerador de sentido dos textos jurídicos explicando os planos: (i) dos enunciados tomados no plano da expressão (S1); (ii) dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos (S2); (iii) das significações normativas (S3); (iv) das relações entre normas (S4). Estabeleça relação entre “fontes do direito”, “validade” e “hierarquia” das normas jurídicas?
O percurso gerador da norma jurídica decorre da interpretação a partir do texto (suporte) insculpido em uma estrutura lógico-sintática de significação, formando o “juízo implicacional”[footnoteRef:8]. O complexo de textos jurídicos compõe o sistema morfológico e gramatical do direito posto, os sentidos extraídos a partir desse conjunto compõe o sistema de significações proposicionais. [8: CARVALHO, 2023, p. 115.] 
Ainda que cada norma isoladamente possua completude, coletivamente passa a compor o sistema normativo. Paulo de Barros Carvalho subsistemiza a unicidade do direito através da classificação[footnoteRef:9]: a) S1 – Sistema da literalidade textual; b) S2 – Sistema do conjunto dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos; c) S3 – Sistema de normas jurídicas “stricto sensu”e; d) S4 – Sistema de vínculos de coordenação e subordinação que se estabelecem entre as regras jurídicas. A seguir pormenorizadas: [9: CARVALHO, 2023, p. 117.] 
O S1, sistema da literalidade textual, corresponde ao suporte físico das significações, à origem da qual se extrai inicialmente a interpretação jurídica. Corresponde ao texto, isto é, ao âmbito do suporte material pelo qual se comunica o animus da norma. 
Saliente-se que é considerado por Paulo de Barros Carvalho o “único e exclusivo dados objetivo” de onde pode ser extraída a interpretação. É possível traçar um paralelo com a concepção do que se entende como “tributo”. Mesmo que o art. 3º do CTN estabeleça limites firmes do que o legislador considera tributo, a experiencia prática tem aberto interpretação do que pode ser considerado “atividade administrativo plenamente vinculada”, por exemplo.
Dessa forma, Paulo de Barros Carvalho compreende o processo elaborativo como o “caminho mais prático e direto”[footnoteRef:10] e de fato é, no sentido de oportunizar a expressão clara e concreta do que se pretende acrescentar, imprimir ou ressignificar no já posto sistema jurídico. [10: CARVALHO, 2023, p. 120.] 
É no S2, sistema do conjunto dos conteúdos de significação dos enunciados prescritivos, que a proposição inserida no S1, após enunciação do intérprete, passa a ser enunciado. Nesse sentido, a proposição do S1 ganha “conteúdo de significação constituído a partir da fórmula gráfica do enunciado”[footnoteRef:11]. [11: CARVALHO, 2023, p. 121.] 
Paulo de Barros Carvalho sustenta, no entanto, que ainda não há contornos de norma jurídica, mas de significações em torno da proposição. Compreendo que possivelmente seja no S2 que são extraídos as possíveis significações a que são atribuídos os princípios jurídicos. 
Ainda, estabelece 3 requisitos para ingresso no S2: 1) sentido das expressões linguísticas; 2) órgão “credenciado”, competente e; 3) respeite o procedimento estipulado (“consoante o procedimento específico que a ordem jurídica estipular”[footnoteRef:12]). [12: CARVALHO, 2023, p. 122.] 
No S3, sistema de normas jurídicas “stricto sensu”, que as possíveis significações são confrontadas com os demais enunciados do ordenamento, promovendo a contextualização. Promove a articulação de sentidos de enunciados, sendo assim, “as significações se agrupam no esquema de juízos implicacionais”[footnoteRef:13]. A interpretação individualizada não impõe um dever ser, a análise de sua completude (“esforço de contextualização”[footnoteRef:14]) perante o sistema é que o garante. Surge nesse subsiste, portanto, a norma jurídica. [13: CARVALHO, 2023, p. 128.] [14: CARVALHO, 2023, p. 127.] 
 
Por fim, no S4, sistema de vínculos de coordenação e subordinação que se estabelecem entre as regras jurídicas. Nessa etapa as normas construídas no S3 as normas são organizadas em uma estrutura escalonada, tecendo laços de coordenação e subordinação. 
O movimento que ocorre de S2 a S4 se refere ao domínio do conteúdo em si, enquanto o S1 à manipulação do texto escrito.
A hierarquia se estabelece pelos instrumentos primários (lei constitucional, complementar, ordinária, delegada, MP, resoluções e decreto-legislativo) e secundários (decreto regulamentar, instrução ministerial, instrução normativa, circular, ordem de serviço, ato declaratório e outros atos normativos expedidos por autoridades administrativas). De forma que os instrumentos secundários devem buscar validade nos primários. 
Estabeleça relação entre “fontes do direito”, “validade” e “hierarquia” das normas jurídicas
3. Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos hermenêuticos tradicionais. É possível falar em interpretação teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica? Justifique. (Vide anexos I e II).
A maior contribuição do Construtivismo é a análise de pontos principais: a linguagem e o estabelecimento claro de pressupostos. 
Há um sentido correto para os textos jurídicos? Faça uma crítica aos métodos hermenêuticos tradicionais
É possível falar em interpretação teleológica e literal no direito tributário? E em interpretação econômica
Pluralidade significativa
Pressupostos
Circularidade: o disciplinar leva ao interdisciplinar e fica num ciclo inesgotável 
4. A Lei “A” foi promulgada no dia 01/06/12 e publicada no dia 30 de junho desse mesmo mês e ano. A Lei “B” foi promulgada no dia 10/06/12, tendo sido publicada no dia 20 desse mesmo mês e ano. Na hipótese de antinomia entre os dois diplomas normativos, qual deles deve prevalecer? Justificar.
A norma é introduzida no ordenamento a partir da publicação[footnoteRef:15], e não da promulgação. Nesse sentido, a Lei B entrará em vigor em momento anterior à Lei A. A Lei A, em respeito ao estabelecido no §1º do art. 2º da LIND[footnoteRef:16], deverá prevalecer. Sendo incompatível com a Lei B, esta seria revogada se expressamente previsto na Lei A. [15: MURPHY, Celia Maria de Souza. Um estudo da vigência da norma tributária no tempo. Itália: Trabalho apresentado no I Curso Internacional de Teoria Geral do Direito, 22 abr. 2016, p. 12.] [16: Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.
§ 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.] 
A manifestação direcionada nesse sentido se deve ao fato de que a será válida até ser excluída pelo ordenamento jurídico nas seguintes hipóteses: prazo determinado, seja revogada por outra lei ou por decisão judicial em controle de constitucionalidade.
5. Compete ao legislativo a positivação de interpretações? Existe lei puramente interpretativa? Tem aplicabilidade o art. 106, I, do CTN[footnoteRef:17] ao dispor que a lei tributária interpretativa se aplica ao fato pretérito? Como confrontar este dispositivo do CTN com o princípio da irretroatividade? (Vide anexos III e IV). [17: Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados.
] 
Há manifestação do Supremo Tribunal Federal (ADI-MC n.º 6053/DF – Anexo III) que confere plausibilidade às leis interpretativas. 
Compreende-se que as leis interpretativas são passíveis de controle de constitucionalidade e de interpretações pelos juristas no âmbito da Ciência do Direito, não deixa de ser primeiramente direito positivo que deve passar pelo processo de validação e entrada no ordenamento. 
Nesse sentido, acredito que deva ser interpretada não apenas em face da Lei que interpreta como também isoladamente. Acredito que a lei interpretativa no sentido de restringir o escopo de interpretações da lei interpretada ainda que admita validamente uma série de interpretações por si mesma. 
Não há aqui um contrassenso. Ora, a lei interpretada inicialmente possuía uma série de interpretações possíveis dentro dos limites estabelecidos em S3. Esses limites são ainda mais reduzidos na medida em que é promulgada a lei interpretativa, ainda assim, a lei interpretativa admite interpretações. As interpretações deduzidas da lei interpretativa serão oferecidas à lei interpretada. 
Não compreendo haver, portanto, lei puramente interpretativa, pois será objeto de interpretações, não será meramente explicativa da outra lei. 
O disposto no art. 106, I do CTN trata-se de assunto controvertido no que tange às leis puramente interpretativas. Argumenta-se que a lei interpretativa traria maior segurança jurídica e de fato oferece maior esclarecimento acerca da intencionalidade do legislador. 
No entanto, o princípio da irretroatividade estabelece que é vedada a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da lei que os houver instituído ou aumentado. Sendo assim, poderia ser aplicado o art. 106, I CTN em consonância as leis interpretativas desde que não fossem lesivas aos contribuintes.Não entendo ser admissível que lei interpretativa lesiva pudesse retroagir sob a argumentação de oferecer esclarecimento do que pretendia a primeira lei. Se a primeira lei admite o tratamento mais favorável, há problema semântico ou gramático do texto positivado, de forma que o contribuinte não deverá ser punido. 
6. Dada a seguinte lei fictícia, responder às questões que seguem:
	
Lei ordinária federal n. 10.001, de 10/10/2016 (DO de 01/11/2016)
	Art. 1º Esta taxa de licenciamento de veículo tem como fato gerador a propriedade de veículo automotor com registro de domicílio no território nacional.
	Art. 2º A base de cálculo dessa taxa é o valor venal do veículo.
	Parágrafo único. A alíquota é de 1%.
	Art. 3º Contribuinte é o proprietário do veículo.
	Art. 4º Dá-se a incidência dessa taxa no primeiro dia do quarto mês de cada exercício, devendo o contribuinte que se encontrar na situação descrita pelo art. 1º dessa lei, desde logo, informar até o décimo dia deste mesmo mês, em formulário próprio (FORMGFA043), o valor venal, o tipo, a marca, o ano e a cilindrada do respectivo veículo.
	Art. 5º A importância devida, a título de taxa, deve ser recolhida até o décimo dia do mês subsequente, sob pena de multa de 10% sobre o valor do tributo devido.
	Art. 6º Diante da não emissão do formulário (FORMGFA043) na data aprazada, poderá, a autoridade fiscal competente lavrar Auto de Infração e Imposição de Multa, em decorrência da não observância dessa obrigação, impondo multa de 50% sobre o valor do tributo devido.
	(...)
a) Em 01/06/2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em ação direta (com efeito erga omnes), pela inconstitucionalidade desta lei federal. Identificar nas datas abaixo fixadas, segundo os critérios indicados, a situação jurídica da regra que instituiu o tributo, justificando cada uma das situações:
	Critérios\datas
	11/10/2016
	01/11/2016
	01/02/2017
	01/04/2017
	01/07/2019
	É válida
	Sim
	Sim
	Sim
	Sim
	Sim
	É vigente
	Não 
Publicação em 11/10/2016.
	Não
	Sim
Respeito ao princípio da anualidade.
	Sim
(*) Só não seria se houvesse efeito ex tunc.
	Não
Declaração de inconstitucionalidade da lei.
	Incide
	Não 
	Não
	Sim
Respeito ao princípio da anterioridade.
	Sim
	Não
Declaração de inconstitucionalidade da lei.
	Apresenta eficácia jurídica
	Não
	Não
	Sim
Respeito ao princípio da anterioridade.
	Sim
	Não
Declaração de inconstitucionalidade da lei.
7. Uma lei inconstitucional (produzida materialmente em desacordo com a Constituição Federal – porém ainda não submetida ao controle de constitucionalidade) é válida? O vício de inconstitucionalidade pode ser sanado por emenda constitucional posterior? (Vide anexo V).
Sim, uma lei inconstitucional inserida no ordenamento jurídico pela autoridade competente, em respeito ao procedimento previsto, é válida e apenas só deixar de ser mediante expiração (na hipótese de prazo determinado), a declaração de inconstitucionalidade do Supremo Tribunal Federal ou mediante a revogação expressa por outra lei. Vale ressaltar que mesmo que a lei seja válida, pode não ter eficácia social.
O vício de inconstitucionalidade de uma lei sanado por Medida Provisória é controvertido considerando principalmente a discussão prévia aceca das leis ordinárias e complementares. Entendo que seja imprescindível que a revogação do texto inconstitucional ocorra pelo mesmo veículo normativo. 
No entanto, entendo haver maior rigor para aprovação de MP que lei, nesse sentido, desde que respeitas as previsões do art. 62 da CF, poderia sanar a inconstitucionalidade. A MP n.º 946/2020 extinguiu o Fundo PIS/Pasep, instituído pela Lei Complementar n.º 26/75.
Ainda que não corresponda a instrumento de convalidação superveniente de constitucionalidade, a MP pode ser adotada em caso de “relevância e urgência”. Se a inconstitucionalidade no caso concreto vier a corrigir assunto de interesse imperativo nacional, entendo ser possível nessa hipótese.
Referências Bibliográficas
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8. ed. São Paulo: Noeses, 2021.
CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 33 ed. São Paulo: Noeses, 2023. 
MURPHY, Celia Maria de Souza. Um estudo da vigência da norma tributária no tempo. Itália: Trabalho apresentado no I Curso Internacional de Teoria Geral do Direito, 22 abr. 2016.

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