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<p>GESTÃO</p><p>FINANCEIRA</p><p>Fernanda Rocha de Aguiar</p><p>Introdução à administração</p><p>financeira</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Apresentar a administração financeira e suas áreas de atuação.</p><p> Identificar as atribuições do administrador financeiro.</p><p> Reconhecer as principais funções dos administradores financeiros de</p><p>uma empresa ou organização.</p><p>Introdução</p><p>A administração financeira é uma das áreas mais relevantes das orga-</p><p>nizações, pois detém a tomada de decisão que conduz a empresa aos</p><p>objetivos de sustentabilidade financeira e competitividade no mercado</p><p>em que atua. Essa administração ocorre em empresas de todos os portes,</p><p>ainda que o enfoque varie de acordo com o segmento estabelecido,</p><p>sempre buscando a otimização de recursos para maximizar o lucro ao</p><p>dono do negócio ou ao acionista.</p><p>Especialmente o contexto em que as organizações estão inseridas</p><p>influencia diretamente essa área, pois variáveis como inflação, economia,</p><p>mudanças de governo, taxas cambiais, globalização, aumento de riscos</p><p>empresariais afetam diretamente a gestão financeira (LEMES JÚNIOR;</p><p>RIGO; CHEROBIM, 2016). Tal situação exige que a área de finanças se</p><p>adapte às transformações dos últimos tempos.</p><p>Portanto, neste capítulo, você vai aprender sobre a administração</p><p>financeira e suas áreas de atuação, conhecendo as atribuições e funções</p><p>do profissional dessa área.</p><p>A administração financeira e suas</p><p>áreas de atuação</p><p>Segundo Assaf Neto e Silva (2002), a administração fi nanceira traduz um</p><p>campo de estudo teórico e prático que almeja um processo empresarial mais</p><p>efi ciente para a captação e a alocação de recursos de capital. Também é im-</p><p>portante mencionar que a administração fi nanceira se apresenta como uma</p><p>ferramenta destinada a controlar a viabilidade de meios que resultem em</p><p>obtenção de receitas capazes de prover a realização de operações e atividades</p><p>da empresa.</p><p>Destaca-se, além disso, que há relação direta entre a administração finan-</p><p>ceira e a visão sistêmica, que representa a capacidade de deliberar considerando</p><p>o contexto, a conjuntura e a análise das partes em relação ao todo. Para que</p><p>sejam tomadas as melhores decisões, os gestores financeiros necessitam obter</p><p>informações dos ambientes interno e externo, além de analisar todas as áreas</p><p>da empresa em relação à necessidade de recursos e ao retorno esperado.</p><p>Ross (2015) menciona que a administração financeira existe porque trabalha</p><p>para a sobrevivência das empresas, pode evitar falência, bem como superar</p><p>a concorrência, além de maximizar as vendas ou a participação do mercado</p><p>e minimizar os custos e maximizar os ganhos para garantir o crescimento</p><p>dos lucros.</p><p>Na Figura 1, a seguir, é possível observar que as informações internas da</p><p>empresa quanto ao seu planejamento bem como sobre o mercado em que atua</p><p>são entradas que processam as decisões da administração financeira quanto</p><p>aos recursos a serem utilizados, às decisões de investimentos e aplicações e</p><p>aos fluxos financeiros, de modo que haja a maximização do retorno.</p><p>Figura 1. A função financeira e a visão sistêmica.</p><p>Fonte: Kwasnicka (2004, apud JACOBSEN, 2011, p. 21).</p><p>Introdução à administração financeira2</p><p>As áreas de atuação</p><p>A administração fi nanceira de uma empresa lida com a aplicação das es-</p><p>tratégias estabelecidas para incrementar a receita da organização e defi nir</p><p>orçamentos para as diferentes áreas da organização. Devido à sua importância,</p><p>a administração fi nanceira pode ser dividida em áreas de atuação, conforme</p><p>podemos observar a seguir.</p><p>Análise financeira</p><p>Para que a empresa possa ter equilíbrio entre as suas despesas e receitas, espe-</p><p>cialmente visando reservas para a sua sustentabilidade fi nanceira, é necessário</p><p>que haja planejamento para avaliar a condição fi nanceira da empresa. Essa</p><p>análise ocorre por meio de relatórios fi nanceiros cujas informações contábeis</p><p>demonstrem os resultados. As informações devem munir os tomadores de</p><p>decisão para a análise estratégica sobre a sua capacidade de produção, o</p><p>rumo a ser seguido, sempre no intuito de buscar alavancar suas operações.</p><p>Os relatórios demonstrarão não apenas as contas de resultado do regime de</p><p>competência, mas a situação do fl uxo de caixa. Diante desses dados, é possível</p><p>desenvolver e implementar ações com objetivo de crescimento para o retorno</p><p>fi nanceiro necessário.</p><p>Todas as informações financeiras de uma empresa precisam ser registradas, eviden-</p><p>ciando suas movimentações. Essas informações geram lançamentos contábeis (regis-</p><p>trados na contabilidade) e financeiros (entradas e saída no caixa da empresa) que são</p><p>chamados, respectivamente, de regime de competência e regime de caixa. No regime</p><p>de competência, o registro do evento se dá na data que o evento aconteceu. A</p><p>contabilidade define o regime de competência como o registro do documento na</p><p>data do fato gerador (ou seja, na data do documento, não importando quando vai ser</p><p>pago ou recebido). O regime de caixa considera o registro dos documentos na data</p><p>de pagamento ou recebimento, como se fosse uma conta bancária. Para análises</p><p>financeiras, utiliza-se os regime de caixa que contabiliza receitas, custos, despesas e</p><p>investimentos dentro do mês (REIS, 2006).</p><p>3Introdução à administração financeira</p><p>Finanças corporativas</p><p>É a área responsável por tomar decisões fi nanceiras a respeito do negócio,</p><p>utilizando ferramentas e índices para as análises fi nanceiras. O objetivo é</p><p>maximizar a valorização da empresa e evitar que ela adentre em riscos fi nan-</p><p>ceiros para garantir competitividade. Essa área é crucial para a sobrevivência</p><p>e o posicionamento da organização. Os principais indicadores que compõem</p><p>as fi nanças corporativas são: a lucratividade, os custos fi xos, o faturamento,</p><p>o índice de endividamento e, principalmente, o retorno sobre investimento,</p><p>costumeiramente chamado de ROI (Return On Investment). Diante das in-</p><p>formações corporativas, é possível tomar decisões fi nanceiras acertadas.</p><p>Tal situação não é exatamente fácil, pois trata-se de escolhas que defi nem o</p><p>futuro de uma empresa. Para tanto, muitas variáveis devem ser consideradas,</p><p>como taxas de juros, carga tributária, volume de crédito de longo prazo e</p><p>regras de mercado que podem ser alteradas constantemente.</p><p>Tomada de decisão de investimentos</p><p>Conforme Lemes Júnior, Rigo e Cherobim (2016), investimento é toda aplicação</p><p>de capital em algum ativo tangível ou não cuja fi nalidade seja obter retorno</p><p>futuro. Nessa abordagem, as decisões de investimento envolvem a elaboração,</p><p>a avaliação e a seleção de propostas de aplicações de capital efetuadas com</p><p>objetivo, normalmente, de médio e de longo prazo (ASSAF NETO; SILVA,</p><p>2002). Investir o capital de uma empresa requer que a devida avaliação no</p><p>retorno do investimento. Essa decisão está diretamente relacionada ao rumo</p><p>e à saúde fi nanceira da empresa, especialmente porque a viabilidade dos</p><p>investimentos deve ser bem criteriosa, uma vez que o seu resultado pode ser</p><p>fatal ao futuro da organização.</p><p>Matias (2007) menciona que o nível estratégico da empresa deve tomar</p><p>a decisão do investimento a partir de técnicas quantitativas para amparar os</p><p>executivos na análise dos projetos. Dentre as técnicas existentes para avaliação</p><p>de investimentos, as mais utilizadas são o tempo de retorno do investimento</p><p>(payback), o valor presente líquido (VPL) e a taxa interna de retorno (TIR).</p><p>O payback é uma das ferramentas mais utilizadas, pois define a expecta-</p><p>tiva de tempo de retorno de um investimento. Ou seja, após a realização do</p><p>investimento, em quanto tempo ele já estaria pago e passaria a dar retorno</p><p>à empresa, dando a ideia do grau de risco do projeto. Se o prazo for muito</p><p>grande, há variáveis que podem afetar o processo e não garantir que haverá</p><p>as entradas de caixa que estão previstas, evidenciando alo risco.</p><p>Introdução à administração financeira4</p><p>Financiamentos</p><p>A administração fi nanceira da empresa também poderá ser dedicada às deci-</p><p>sões de fi nanciamento</p><p>As</p><p>mudanças tributárias no início dos anos 1980 tornaram essa</p><p>troca mais ou menos inevitável. Parece que cada um de nós</p><p>terá que garantir fundos adequados para a própria aposenta-</p><p>doria – muito mais do que as gerações anteriores.</p><p>• Quem controla a empresa?</p><p>• Quem é o proprietário da empresa?</p><p>• Quais são os riscos dos proprietários?</p><p>• Qual acesso ao capital existe?</p><p>• Quais são as ramificações tributárias?</p><p>Recentemente, as pequenas empresas adotaram estruturas</p><p>híbridas, que captam os benefícios de várias formas orga-</p><p>nizacionais e que discutiremos após apresentarmos os tipos</p><p>mais comuns e tradicionais de organizações de negócios.</p><p>Propriedades individuais</p><p>A propriedade individual representa, de longe, o tipo</p><p>mais comum de negócio nos Estados Unidos.1 Uma pro-</p><p>priedade individual é definida como qualquer empresa de</p><p>propriedade de um único indivíduo.2 Talvez essas empresas</p><p>sejam tão populares porque é relativamente fácil abri -las, e</p><p>estão sujeitas a uma carga regulatória e de documentos</p><p>muito mais leve do que as outras formas de empresas. O</p><p>proprietário, ou o proprietário individual, da empresa tem</p><p>controle total sobre as suas atividades, recebe todos os seus</p><p>lucros e é o único responsável por todo o seu prejuízo.</p><p>A maior desvantagem que os proprietários individuais</p><p>encontram em relação a outras formas organizacionais é</p><p>que eles têm responsabilidade ilimitada pelas dívidas e</p><p>ações de suas empresas. Os ativos pessoais do proprietário</p><p>podem ser confiscados se a empresa for processada, já que a</p><p>lei não distingue entre os ativos do negócio e os ativos pes-</p><p>soais do proprietário. A renda da empresa é adicionada à</p><p>renda pes soal do proprietário e é tributada pelo governo na</p><p>sua declaração de rendimento de pessoa física. Por último,</p><p>1 De acordo com o IRS’ SOI Tax Stats – Integrated Business Data</p><p>para 2002, 71,59% de todas as empresas nos Estados Unidos eram de</p><p>proprietários individuais.</p><p>2 No entanto, se você é o único membro de uma sociedade por ações</p><p>de responsabilidade limitada (LLC, discutida adiante), não será um</p><p>proprietário individual se decidir tratar a LLC como uma corporação.</p><p>pausa!</p><p>1.2 Como a aplicação de finanças</p><p>melhora suas decisões</p><p>profissionais e pessoais?</p><p>PLANO COM BENEFÍCIOS DEFINIDOS Plano de</p><p>aposentadoria no qual o empregador reserva o dinheiro</p><p>para os benefícios de aposentadoria dos funcionários.</p><p>PLANO DE CONTRIBUIÇÃO DEFINIDA Plano de</p><p>aposentadoria no qual o funcionário contribui com dinheiro</p><p>e direciona seus investimentos. A quantia de benefícios na</p><p>aposentadoria está diretamente relacionada ao valor da</p><p>contribuição e ao sucesso do investimento.</p><p>CONTAS DE APOSENTADORIA INDIVIDUAIS (IRAs –</p><p>INDIVIDUAL RETIREMENT ACCOUNTS) Programa de</p><p>aposentadoria autofinanciado.</p><p>401(k) Plano de previdência definido, patrocinado pelos</p><p>empregadores corporativos.</p><p>PROPRIEDADE INDIVIDUAL Entidade comercial que não é</p><p>legalmente separada de seu proprietário.</p><p>RESPONSABILIDADE ILIMITADA Situação na qual os</p><p>ativos pessoais de uma pessoa estão em risco devido à</p><p>responsabilidade comercial.</p><p>** N. de R.T.: No Brasil, esses planos são conhecidos como planos de</p><p>previdência fechada.</p><p>FORMAS DE ORGANIZAÇÃO</p><p>COMERCIAL</p><p>Nos Estados Unidos, as pessoas estruturam os negócios de</p><p>várias maneiras, sendo o principal fator motivador o</p><p>número de proprietários. Tradicionalmente, são proprietá-</p><p>rios individuais, parceiros e corporações que operam os</p><p>negócios. Podemos apresentar as vantagens e desvantagens</p><p>de cada forma de organização a partir de várias dimensões,</p><p>dentre as quais, usaremos:</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 9 16/01/2013 17:38:14</p><p>10 Finanças</p><p>os proprietários individuais</p><p>encontram dificuldade em</p><p>obter capital para expandir</p><p>suas operações de negócios.</p><p>Os bancos e outros finan-</p><p>ciadores normalmente não</p><p>estão interessados em em-</p><p>prestar muito dinheiro para</p><p>os proprietários individuais</p><p>porque as pequenas empre-</p><p>sas têm apenas uma pessoa</p><p>responsável pelo pagamento</p><p>da dívida. Um proprietário individual poderia captar re-</p><p>cursos ao emitir direito de propriedade para outro in-</p><p>vestidor. Os investidores -anjos e os capitalistas de ris-</p><p>cos trocam capital pela propriedade em empresas, mas isso</p><p>requer a reforma da empresa como uma parceria e o pro-</p><p>prietário individual deve abrir mão de parte da propriedade</p><p>(e consequentemente do controle) da empresa. A Tabela 1.1</p><p>resume as características do proprietário individual.</p><p>Parcerias</p><p>Uma parceria geral, ou sociedade de pessoas, como é mais</p><p>comumente conhecida, é uma forma de organização com-</p><p>posta de vários proprietários individuais. Cada parceiro</p><p>tem uma porcentagem diferente da empresa, cujo controle</p><p>DIREITO DE</p><p>PROPRIEDADE</p><p>Interesse de</p><p>propriedade em uma</p><p>empresa comercial.</p><p>INVESTIDORES-</p><p>-ANJOS Indivíduos</p><p>que oferecem</p><p>pequenas quantias de</p><p>capital e conselhos</p><p>especializados</p><p>sobre negócios para</p><p>pequenas empresas</p><p>em troca de uma</p><p>parte da propriedade</p><p>na empresa.</p><p>CAPITALISTAS DE</p><p>RISCO Similares</p><p>aos investidores-</p><p>-anjos, exceto que</p><p>são organizados</p><p>como grupos de</p><p>investidores e</p><p>conseguem dispor</p><p>quantias maiores</p><p>de capital.</p><p>PARCERIA GERAL</p><p>Forma de organização</p><p>comercial em que</p><p>os parceiros são</p><p>proprietários da</p><p>empresa e são</p><p>pessoalmente</p><p>responsáveis pelas</p><p>ações legais e dívidas</p><p>que a envolvem.</p><p>Características de organizações de negóciosT A B E L A </p><p>Propriedade Controle Risco de propriedade Acesso ao capital Impostos</p><p>Proprietário</p><p>individual</p><p>Indivíduo</p><p>único Proprietário Responsabilidade</p><p>ilimitada Muito limitado Pagos pelos proprietários</p><p>Parceria Várias</p><p>pessoas</p><p>Compartilhado</p><p>pelos parceiros</p><p>Responsabilidade</p><p>ilimitada Limitado Pagos pelos parceiros</p><p>Corporação</p><p>Investidores</p><p>públicos que</p><p>possuem</p><p>ações</p><p>Administradores</p><p>da empresa</p><p>Somente os acionistas</p><p>podem perder seus</p><p>investimentos na</p><p>empresa</p><p>Fácil acesso</p><p>A corporação paga o</p><p>imposto de renda e o</p><p>acionista paga os impostos</p><p>sobre os dividendos</p><p>Organizações híbridas:</p><p>Sociedades do tipo</p><p>S, LLP, LLC, LP</p><p>Parceiros ou</p><p>acionistas Compartilhado Em grande parte</p><p>limitado</p><p>Limitado de acordo</p><p>com as restrições de</p><p>tamanho da empresa</p><p>Pagos pelos parceiros</p><p>EXEMPLO 1.1</p><p>(OA1.3)</p><p>Aplicações de finanças</p><p>Cloe sabe como as finanças serão importantes no futuro de sua carreira em negócios. No entanto, algu-</p><p>mas das maneiras que ela verá as aplicações financeiras parecem muito distantes no futuro. Ela está</p><p>curiosa sobre como a teoria se aplica à sua vida pessoal, tanto a curto quanto a longo prazo.</p><p>SOLUÇÃO:</p><p>Cloe rapidamente descobrirá que sua saúde financeira hoje e no futuro dependerá das muitas decisões que</p><p>toma durante a sua vida – começando agora! Por exemplo, descobrirá que as mesmas ferramentas que aplica</p><p>a uma análise de empréstimos comerciais podem ser aplicadas a sua própria dívida pessoal. Depois deste</p><p>livro, conseguirá avaliar as ofertas de cartões de crédito e selecionar aquele com o qual poderia economizar</p><p>centenas de dólares por ano. Quando comprar um carro novo e o vendedor oferecer um empréstimo com</p><p>uma taxa de juros baixa ou um empréstimo com uma taxa de juros alta com um retorno em dinheiro, terá</p><p>condições de escolher a opção que verdadeiramente lhe custará menos. E, quando tiver o primeiro emprego,</p><p>saberá como administrar sua conta de aposentadoria de forma a economizar milhões de dólares para o futuro.</p><p>O capital de risco ajudou a Starbucks a se transformar em</p><p>uma história de sucesso.</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 10 16/01/2013 17:38:14</p><p>08_cap 08_Cornett.indd 201 16/01/2013 17:55:36</p><p>Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para</p><p>esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual</p><p>da Instituição, você encontra a obra na íntegra.</p><p>08_cap 08_Cornett.indd 201 16/01/2013 17:55:36</p><p>GESTÃO</p><p>FINANCEIRA</p><p>PESSOAL</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Descrever o mercado de crédito para pessoa física.</p><p>> Identificar as formas de concessão de financiamento para alavancagem</p><p>financeira.</p><p>> Diferenciar as fontes de financiamento pessoal.</p><p>Introdução</p><p>Nosso atual sistema econômico</p><p>se baseia no consumo de bens e serviços em troca</p><p>de moeda. No entanto, sabemos que não garante condições mínimas para que</p><p>todos possam consumir adequadamente. Os recursos disponíveis são escassos e</p><p>as necessidades de consumo parecem ilimitadas. É nesse cenário que o mercado</p><p>de crédito surge e se expande para emprestar recursos financeiros às pessoas.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar as principais especificidades do mercado de</p><p>crédito nacional, como ele está organizado e quem são os seus principais partici-</p><p>pantes. Ao longo capítulo, serão descritas as formas de concessão de crédito aos</p><p>indivíduos e as principais fontes de financiamento pessoal que existem atualmente.</p><p>Fontes de</p><p>financiamento</p><p>pessoal</p><p>Johny Henrique Magalhães Casado</p><p>Mercado de crédito para pessoa física</p><p>O mercado de crédito possui alto nível de organização, já que é interesse</p><p>do governo que ele abasteça a economia com recursos, fazendo com que o</p><p>trânsito de recursos financeiros seja intenso. Possuir um mercado de crédito</p><p>organizado, eficiente e eficaz é, portanto, uma das principais atividades da</p><p>política econômica nacional.</p><p>Cabe ao Banco Central do Brasil (Bacen) criar normas e fiscalizar o mercado</p><p>de crédito e seus participantes, tornando o ambiente de negócios seguro</p><p>para que todos possam atuar. Dentre as funções exclusivas do Bacen e que</p><p>possuem impacto direto no mercado de crédito, as três a seguir se destacam.</p><p>1. Assegurar que o sistema financeiro seja sólido, garantindo que as</p><p>organizações tenham condições de arcar com suas responsabilidades.</p><p>Isso auxilia, por exemplo, que as instituições participantes do mercado</p><p>de crédito sejam confiáveis.</p><p>2. Fiscalizar as instituições participantes do mercado de crédito, im-</p><p>pedindo que façam operações ilegais que possam colocar em risco</p><p>seu capital próprio e o capital investido pelos acionistas, além de</p><p>evitar que se prejudique, de alguma forma, seus clientes tomadores</p><p>de crédito. Pode, por exemplo, determinar o fechamento de uma</p><p>instituição bancária que não esteja atuando conforme as normas</p><p>do setor.</p><p>3. Organizar o mercado de crédito brasileiro, emitindo as normas ne-</p><p>cessárias para que o setor funcione. Como o Bacen é uma autarquia</p><p>federal, ele funciona como o interlocutor do governo para regulamentar</p><p>o sistema financeiro nacional, assim como o mercado de crédito.</p><p>O Bacen é, portanto, muito importante para o mercado de crédito. Por</p><p>isso, todos os agentes que atuam no mercado de crédito brasileiro devem</p><p>ter ciência e atuar de acordo com as normas impostas por essa instituição.</p><p>Uma das premissas de qualquer processo de concessão de crédito é a</p><p>confiança. Quando uma instituição empresta recurso para uma pessoa ou</p><p>organização, entende-se que haverá o pagamento desse empréstimo. No</p><p>entanto, somente um mercado de crédito seguro permite que as organiza-</p><p>ções financeiras continuem a realizar os empréstimos necessários para a</p><p>população e demais tomadores.</p><p>O Bacen, como responsável por garantir as condições de funcionamento</p><p>do mercado de crédito nacional, criou em sua estrutura o Sistema de In-</p><p>Fontes de financiamento pessoal2</p><p>formações de Crédito (SCR) com o intuito de prevenir crises no sistema de</p><p>crédito nacional. Segundo o Bacen (2020e, documento on-line), o SCR tem a</p><p>função de realizar os:</p><p>Registros de crédito de cliente cujo risco direto na instituição financeira (somatório</p><p>de operações de crédito, repasses interfinanceiros, coobrigações e limites, créditos</p><p>a liberar) é igual ou superior a R$ 200,00 (duzentos reais) são registrados de forma</p><p>individualizada no Sistema de Informações de Créditos do Banco Central (SCR).</p><p>O SCR é um instrumento de registro gerido pelo BC e alimentado mensalmente</p><p>pelas instituições financeiras. O SCR permite à supervisão bancária a adoção de</p><p>medidas preventivas, com o aumento da eficácia de avaliação dos riscos inerentes</p><p>à atividade. Por meio dele, o BC consegue verificar operações de crédito atípicas</p><p>e de alto risco, sempre preservando o sigilo bancário.</p><p>Com a criação do SCR, o Bacen visa atender às necessidades de pessoas</p><p>físicas e jurídicas que atuam no mercado de crédito. Para as pessoas físicas, o</p><p>SCR garante processos mais ágeis na concessão de crédito para pessoa física</p><p>graças às informações disponíveis no sistema. Já para as pessoas jurídicas</p><p>concedentes do crédito, o SCR é um instrumento de gestão de crédito que</p><p>impede operações com clientes que tenham alguma propensão a não cumprir</p><p>com seus compromissos.</p><p>Além disso, com o SCR, é possível garantir que todas as organizações</p><p>fornecedoras de crédito também forneçam informações sobre a adimplência</p><p>ou inadimplência de todos os indivíduos que realizam operações de crédito</p><p>no Brasil, conforme a seguir (BACEN, 2020a).</p><p>� Agências de fomento: financia capital fixo e de giro para empreendi-</p><p>mentos previstos em programas de desenvolvimento na unidade da</p><p>Federação onde está localizada.</p><p>� Associações de poupança e empréstimo: auxilia a compra de casa</p><p>própria, além de captar, incentivar e disseminar a poupança.</p><p>� Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES): admi-</p><p>nistrada pelo Governo Federal com o intuito de fomentar suas políticas</p><p>estratégicas. Fornece crédito para pessoas físicas que atuam como</p><p>artesãs ou em outros tipos de empreendimentos.</p><p>� Bancos comerciais: são os bancos mais conhecidos pela população,</p><p>por prestarem diversos serviços, como abertura de conta corrente,</p><p>concessão de empréstimos e financiamentos.</p><p>� Bancos de desenvolvimento: realizam operações de crédito consideradas</p><p>estratégicas pelo governo, como construção de estradas, investimento</p><p>em saneamento básico e construção de usinas geradoras de energia.</p><p>Fontes de financiamento pessoal 3</p><p>� Bancos de investimento: voltam-se para o fomento de investimentos</p><p>em organizações e projetos. Normalmente, atuam no mercado de</p><p>crédito para pessoas jurídicas.</p><p>� Bancos múltiplos: são grandes instituições bancárias que realizam</p><p>operações comerciais, cambiais e de investimento, além de atenderem</p><p>a uma grande base de clientes. São grandes fornecedoras de emprés-</p><p>timos e financiamentos para pessoa física em todo o Brasil.</p><p>� Caixas econômicas: são instituições criadas pelo governo para adminis-</p><p>trar recursos, fomentar a poupança e conceder variados tipos de crédito.</p><p>� Companhias hipotecárias: concedem financiamentos imobiliários para</p><p>residências ou comércios, “[...] empréstimos garantidos por hipotecas</p><p>ou alienação fiduciária de imóveis e repasses de recursos relacionados</p><p>a programas imobiliários” (BACEN, 2020b, documento on-line).</p><p>� Cooperativas de crédito: oferecem os mesmos serviços que um banco</p><p>comercial e seguem as determinações do Bacen; o que diferencia as</p><p>cooperativas dos bancos comuns são os sócios dessas organizações.</p><p>Enquanto os bancos comerciais são instituições privadas pertencentes</p><p>a um proprietário ou conjunto de proprietários, os proprietários das</p><p>cooperativas são todos os cooperados que possuem capital integra-</p><p>lizado junto à instituição cooperativa.</p><p>� Instituições de pagamento: é uma “[...] pessoa jurídica que viabiliza</p><p>serviços de compra e venda e de movimentação de recursos, no âm-</p><p>bito de um arranjo de pagamento, sem a possibilidade de conceder</p><p>empréstimos e financiamentos a seus clientes” (BACEN, 2020c, docu-</p><p>mento on-line).</p><p>� Sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários: são volta-</p><p>das para o processo de corretagem de títulos e valores mobiliários</p><p>negociados.</p><p>� Sociedades de arrendamento mercantil: são voltadas para as operações</p><p>de arrendamento mercantil.</p><p>� Sociedades de crédito ao microempreendedor e à empresa de</p><p>pequeno porte: concedem empréstimos a micro e pequenos</p><p>empreendedores.</p><p>� Sociedades de crédito, financiamento e investimento: são conhecidas</p><p>como financeiras, instituições privadas que fornecem “[...] empréstimo</p><p>e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro.</p><p>Muitas não ligadas a bancos fazem parte de conglomerados econômicos</p><p>e operam como braço financeiro</p><p>de grupos comerciais ou industriais”</p><p>(BACEN, 2020d, documento on-line).</p><p>Fontes de financiamento pessoal4</p><p>� Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários: atuam nos merca-</p><p>dos financeiro, de capitais e cambial intermediando a negociação de títulos</p><p>e valores mobiliários entre os investidores e os tomadores de recursos.</p><p>As operações de crédito para pessoa física são quase todas realizadas</p><p>pelos bancos múltiplos e pelas sociedades de crédito, financiamento e in-</p><p>vestimento, ou seja, o mercado de crédito para pessoa física é dividido entre</p><p>bancos e financeiras em todo o Brasil. Portanto, é importante que, sempre</p><p>que um indivíduo buscar algum tipo de recursos no mercado, ele entre em</p><p>contato com bancos e financeiras, assim estará realizando a sua operação</p><p>de crédito em uma instituição regulamentada pelo Bacen. As sociedades</p><p>de crédito, financiamento e investimento (financeiras) devem estar atentas</p><p>aos dispositivos apresentados na Portaria nº. 309, de 30 de novembro de</p><p>1959 do Bacen. Já os bancos múltiplos devem estar atentas aos dispositivos</p><p>apresentados na Resolução CMN nº. 2.099, publicada em 1994.</p><p>Atualmente, no Brasil, dezenas de instituições bancárias e financeiras</p><p>ofertam serviços financeiros à pessoa física, o que gera uma disputa pelos</p><p>tomadores de crédito. Como essas instituições recebem juros de quem se</p><p>habilita a tomar um crédito junto a elas, quanto maior o volume emprestado,</p><p>maior será o ganho dessas instituições. Segundo o relatório anual da Fede-</p><p>ração Brasileira dos Bancos (FEBRABAN), em 2018 cerca de 158,4 milhões de</p><p>brasileiros tiveram algum tipo de relacionamento com as instituições bancárias</p><p>e financeiras. Foram concedidos, nesse mesmo ano, R$ 3,3 trilhões de reais</p><p>em créditos nas diferentes modalidades (FEBRABAN, 2018).</p><p>Concessão de financiamento para</p><p>alavancagem financeira</p><p>Ao buscar uma opção de crédito, um indivíduo pode visar ao aumento do</p><p>seu patrimônio. Isso ocorre, por exemplo, quando se busca financiamento</p><p>para comprar um imóvel, porque, mesmo que a pessoa esteja adquirindo um</p><p>compromisso financeiro, estará aumentando seu patrimônio. No entanto,</p><p>algumas pessoas acabam contraindo dívidas por não conseguirem arcar com</p><p>o empréstimo feito. Nesse caso, tendem a aumentar seu endividamento sem</p><p>alterar o seu resultado patrimonial.</p><p>O termo alavancagem, quando aplicado às finanças, é muito utilizado</p><p>para descrever um comportamento de pessoas jurídicas que buscam apoiar</p><p>o crescimento de suas atividades com a contratação de dívidas. Segundo</p><p>Padoveze (2016, p. 160),</p><p>Fontes de financiamento pessoal 5</p><p>[…] a ideia geral da alavancagem financeira é que o custo de capital de terceiros</p><p>é mais barato do que o custo do capital próprio, fato que estimula a utilização</p><p>de recursos de terceiros até o máximo de endividamento que a empresa pode</p><p>assumir como risco.</p><p>Quando se trata de alavancagem para pessoa física, o significado não se</p><p>altera e pode ser utilizado sem nenhum tipo de prejuízo.</p><p>Pessoas físicas devem usar crédito sempre buscando aumentar os investi-</p><p>mentos. O uso do crédito é recomendado para a aquisição de bens que ajudam</p><p>a construir patrimônio. Idealmente, um bem adquirido com recursos de terceiros</p><p>deve gerar renda suficiente para “se pagar”. Uma máquina nova, por exemplo, pode</p><p>levar uma empresa a aumentar seu faturamento; a compra de um imóvel, além de</p><p>se converter num item importante de patrimônio, elimina a despesa do aluguel.</p><p>Não se deve usar crédito para financiar bens de consumo, como roupas, que</p><p>não adicionam valor ao patrimônio. Parcelar a fatura do cartão de crédito, por</p><p>exemplo, é uma decisão equivocada, pois reúne dois atributos negativos: financiar</p><p>compras supérfluas com dinheiro alheio e pagar uma taxa de juros extremamente</p><p>elevada — a mais alta entre as alternativas disponíveis no mercado (DESSEN, 2015).</p><p>Na busca por fontes de financiamento pessoal, o indivíduo pode se deparar</p><p>com um conjunto de produtos oferecidos pelas instituições bancárias e finan-</p><p>ceiras, cada um com características muito próprias, além de contarem com</p><p>alto grau de personalização por parte de cada uma das instituições que está</p><p>realizando a concessão. É comum, por exemplo, que as instituições, na busca</p><p>por captar o cliente pessoa física para uma operação de crédito, afirme que</p><p>os produtos ofertados possuem um alto grau de customização para atender</p><p>às necessidades daquele cliente. Entretanto, quando observamos os tipos de</p><p>crédito que essas instituições ofertam, concluímos que elas ofertam apenas</p><p>dois produtos, conforme a seguir.</p><p>� Empréstimo: o dinheiro recebido como crédito não tem uma destinação</p><p>específica, e o tomador pode utilizar o recurso como bem entender.</p><p>� Financiamento: deve ter um fim específico; o tomador deverá utilizar</p><p>o recurso para adquirir um bem em especial. O tomador deve informar</p><p>que tipo de bem ele pretende adquirir com esse recurso, pois a inci-</p><p>dência de juros pode variar dependendo do tipo. O bem fica alienado</p><p>à instituição bancária até a quitação total do financiamento.</p><p>Como as necessidades de crédito das pessoas físicas podem variar muito,</p><p>é importante buscar sempre a instituição bancária ou financeira que possa</p><p>atender a essas necessidades com o menor custo possível, além de ofertar</p><p>Fontes de financiamento pessoal6</p><p>as melhores condições. Recomenda-se uma negociação junto à instituição</p><p>bancária para que o tomador possa obter o crédito nas condições desejadas.</p><p>Segundo Dessen (2015, p. 56):</p><p>Tomar dinheiro emprestado é fazer um negócio como outro qualquer. Pesquise as</p><p>modalidades disponíveis no mercado. Mantenha sua ficha limpa e desfrute de juros</p><p>mais baratos. Os juros são mais elevados quando o risco de crédito é maior, por</p><p>isso, antes de contratar empréstimos ou financiamentos, analise como encaixar</p><p>esse novo compromisso em seu orçamento.</p><p>As pessoas físicas devem sempre considerar que a busca do crédito deve</p><p>ser pautada por muita reflexão. As instituições bancárias, como organizações</p><p>que tem como principal intenção lucrar com os juros desses empréstimos,</p><p>acabam, por vezes, facilitando para aumentar sua base de clientes, o que</p><p>torna a tomada de crédito mais fácil. Entretanto, a facilidade de se obter um</p><p>empréstimo ou realizar um financiamento não pode ser o único fator decisório.</p><p>Espera-se que as pessoas estejam conscientes das vantagens e, principalmente,</p><p>das desvantagens que esse tipo de operação pode acarretar em sua vida.</p><p>Principais fontes de financiamento pessoal</p><p>As instituições que oferecem financiamento pessoal geralmente possuem</p><p>muitas modalidades de crédito. Isso porque, como vimos, para atender às</p><p>necessidades de uma vasta gama de clientes, precisam ter produtos que se</p><p>enquadrem no perfil do tomador de empréstimo. Quanto maior for o risco da</p><p>concessão de crédito, ou seja, quanto maior for a probabilidade de o tomador</p><p>não pagar pelo empréstimo que está sendo contratado, maior também serão</p><p>os custos desse empréstimo.</p><p>A criação de relacionamento, o tempo que o cliente se relaciona com a</p><p>instituição financeira, o seu histórico de operação de crédito e a sua vida</p><p>financeira pregressa ao momento do empréstimo podem impactar nos tipos</p><p>de financiamento pessoal ofertados a cada tomador de crédito. As principais</p><p>modalidades estão apresentadas a seguir, conforme Dessen (2015).</p><p>� Rotativo (cheque especial e cartão de crédito): linhas de crédito pré-</p><p>-aprovadas que podem ser utilizadas a qualquer momento, sem ne-</p><p>cessidade de solicitação formal ou comprovação de utilização.</p><p>� Empréstimo: você define o valor, quando vai utilizar e como vai pagar. O</p><p>pagamento é feito em parcelas de valor e vencimento predefinidos, de</p><p>acordo com seu orçamento, e pode oferecer a garantia de um avalista.</p><p>Fontes de financiamento pessoal 7</p><p>� Financiamento: destinado à aquisição de um bem específico, como</p><p>casa, carro, máquinas e equipamentos, oferecido como garantia da</p><p>operação de crédito. Prazo mais longo, parcelas menores e garantia</p><p>do bem financiado reduzem</p><p>o risco da operação e, consequentemente,</p><p>a taxa de juros do contrato.</p><p>� Consignado: a parcela é descontada diretamente da folha de pagamento</p><p>pela empresa empregadora. O risco de crédito, nesse caso, é o menor</p><p>de todos, representado basicamente pela possibilidade de o credor</p><p>perder o emprego.</p><p>Se antigamente o dinheiro vivo era a única forma que um indivíduo tinha</p><p>para consumir, com o passar do tempo e a evolução tecnológica, novas formas</p><p>foram tomando o lugar do dinheiro. Primeiro veio o cheque, que provocou uma</p><p>grande revolução na economia, já que uma única folha de cheque era capaz</p><p>de substituir uma grande quantidade de dinheiro físico. Mas o cheque não</p><p>mudou apenas a forma de as pessoas pagarem suas despesas, ele também</p><p>alterou a forma como acessavam o crédito. Logo após a popularização do</p><p>cheque, as instituições bancárias passaram a conceder limites de crédito</p><p>pré-aprovados aos seus melhores cliente, para que pudessem realizar gastos</p><p>superiores ao que tinham de saldo em sua conta bancária. Essa modalidade</p><p>de crédito ficou conhecida com cheque especial.</p><p>Com o passar dos anos, o cheque e o cheque especial deram lugar a outras</p><p>modalidades de crédito, como o cartão de crédito, hoje a principal fonte de</p><p>financiamento pessoal que se tem no Brasil. Segundo Dessen (2015, p. 60):</p><p>O cartão de crédito é seu amigo ao permitir que você concentre o pagamento</p><p>de diversas despesas em uma única data de vencimento, quando você terá</p><p>recursos disponíveis para quitá-las. A fatura do cartão lista cada uma das des-</p><p>pesas realizadas, facilitando checar no orçamento o valor gasto com cada item.</p><p>Identifica também as compras parceladas, indicando quantas parcelas ainda</p><p>estão em aberto.</p><p>Essa modalidade de crédito tem se popularizado cada vez mais. Há</p><p>empresas no Brasil que concedem cartão de crédito para pessoas que</p><p>tenham nome negativado pelos bureaus de crédito, como SPC, Boa Vista</p><p>e Serasa (SANTOS, 2014). Porém, apesar de popular, o uso do cartão de</p><p>crédito como fonte de financiamento pode apresentar algumas desvan-</p><p>tagens, como as multas altas cobradas em caso de atraso no pagamento</p><p>da fatura, além dos juros que incidem todas as vezes em que é necessário</p><p>parcelar uma fatura.</p><p>Fontes de financiamento pessoal8</p><p>O mercado de crédito no Brasil cresce a cada ano, e o desenvolvimento</p><p>desse mercado é uma das políticas utilizadas pelos governos para incentivar</p><p>e movimentar a economia. A busca por crédito pessoal acaba impactando a</p><p>economia como um todo, mas as empresas que atuam no sistema nacional</p><p>de crédito possuem uma grande preocupação em relação à expansão: com</p><p>mais pessoas físicas buscando empréstimos e financiamentos, os índices de</p><p>inadimplência crescem. É importante, portanto, encontrar um equilíbrio entre</p><p>expandir a base de clientes pessoa física e minimizar os impactos negativos</p><p>que a inadimplência tem para o setor.</p><p>Referências</p><p>BACEN. O que é agência de fomento? Brasília, DF: Bacen, 2020a. Disponível em: https://</p><p>www.bcb.gov.br/pre/composicao/agencia_fomento.asp?frame=1. Acesso em: 20 nov.</p><p>2020.</p><p>BACEN. O que é companhia hipotecária? Brasília, DF: Bacen, 2020b. Disponível em: ht-</p><p>tps://www.bcb.gov.br/pre/composicao/comp_hipotecaria.asp. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>BACEN. O que é instituição de pagamento? Brasília, DF: Bacen, 2020c. Disponível em:</p><p>https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/instpagamento.asp. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>BACEN. O que é sociedade de crédito, financiamento e investimento? Brasília, DF:</p><p>Bacen, 2020d. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/financeiras.</p><p>asp?frame=1. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>BACEN. Sistema de Informações de Créditos (SCR). Brasília, DF: Bacen, 2020e. Disponível</p><p>em: https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/scr. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>DESSEN, M. Finanças pessoais: o que fazer com meu dinheiro. São Paulo: Trevisan, 2015.</p><p>FEBRABAN. Relatório anual 2018. São Paulo: FEBRABAN, 2018. Disponível em: https://</p><p>relatorioanual2018.febraban.org.br/pt/o-setor-bancario-em-numeros.html. Acesso</p><p>em: 20 nov. 2020.</p><p>PADOVEZE, C. L. Administração financeira: uma abordagem global. São Paulo: Saraiva,</p><p>2016.</p><p>SANTOS, J. O. dos. Finanças pessoais para todas as idades: um guia prático. São Paulo:</p><p>Atlas, 2014.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BACEN. Estudos especiais do Banco Central. Brasília, DF: Bacen, 2020. Disponível em:</p><p>https://www.bcb.gov.br/conteudo/relatorioinflacao/EstudosEspeciais/EE083_Mo-</p><p>delo_de_negocios_de_cooperativas_de_credito.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>BACEN. O que é associação de poupança e empréstimo? Brasília, DF: Bacen, 2020. Dis-</p><p>ponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/assoc_poup_emp.asp. Acesso</p><p>em: 20 nov. 2020.</p><p>Fontes de financiamento pessoal 9</p><p>BACEN. Resolução nº. 2.099. Brasília, DF: Bacen, 1994. Disponível em: https://www.bcb.</p><p>gov.br/pre/normativos/res/1994/pdf/res_2099_v1_O.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>BRASIL. Ministério da Fazenda. Portaria nº. 309, de 30 de novembro de 1959. Brasília, DF:</p><p>Ministério da Fazenda, 1959. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/pre/acordos_e_con-</p><p>venios/Portaria_MF_309-1959.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Fontes de financiamento pessoal10</p><p>GESTÃO</p><p>FINANCEIRA</p><p>PESSOAL</p><p>OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM</p><p>> Explicar o que é inadimplência pessoal.</p><p>> Identificar os graus de endividamento pessoal.</p><p>> Demonstrar o processo de regularização de crédito pessoal.</p><p>Introdução</p><p>Embora a má saúde financeira pessoal possa estar relacionada a fatores como</p><p>a instabilidade econômica, boa parte das vezes essa situação se dá pela falta</p><p>de controle de receitas e despesas e ausência de planejamento financeiro por</p><p>parte das famílias. De fato, o descontrole financeiro pode acarretar uma série de</p><p>impactos negativos, incluindo o aumento do endividamento e a inadimplência.</p><p>Neste capítulo, você estudará as principais causas da inadimplência, os dife-</p><p>rentes graus de endividamento de pessoas físicas e o que inadimplentes devem</p><p>fazer para recuperar acesso ao crédito.</p><p>Inadimplência pessoal</p><p>O inadimplente é aquele indivíduo que deixa de honrar suas obrigações en-</p><p>quanto consumidor. Essas obrigações estão relacionadas a despesas pessoais,</p><p>impostos e dívidas assumidas a curto, médio, e longo prazos. Dessa forma,</p><p>manter-se adimplente, ou seja, assegurar o pagamento de todas obrigações,</p><p>é indispensável para a saúde financeira de pessoas físicas.</p><p>Risco e</p><p>inadimplência</p><p>Ricardo da Silva e Silva</p><p>A inadimplência pessoal acarreta ainda uma série de impactos negativos</p><p>à economia. Se o índice de inadimplência é muito elevado, os comerciantes</p><p>deixam de receber valores referentes às obrigações, podendo, por sua vez,</p><p>cair também na inadimplência, já que possuem suas próprias obrigações com</p><p>fornecedores, funcionários, etc. Nessa situação, os bancos tendem a restringir</p><p>os créditos, o que causa desaceleração da economia e redução de capital</p><p>circulando no mercado. Segundo Dana (2016), a receita cai quando um cliente</p><p>não honra sua dívida, afetando a capacidade operacional de comerciantes. Já</p><p>os bancos tendem a limitar o acesso ao crédito de maus pagadores e também</p><p>elevam as taxas de juros.</p><p>Segundo informações da Serasa Experian (CONHEÇA..., 2018), a principal</p><p>causa de inadimplência de pessoas físicas é o desemprego e a redução</p><p>de renda. Entretanto, boa parte dos inadimplentes não consegue honrar</p><p>seus compromissos por mero descontrole financeiro. A Figura 1 destaca a</p><p>distribuição dos débitos de pessoas físicas, sendo possível observar que o</p><p>principal volume de gastos pessoais está relacionado a bancos e cartões de</p><p>crédito (30%), categorias de dívidas com alta taxa de juros.</p><p>Figura 1. Distribuição de dívidas de pessoas físicas no Brasil.</p><p>Fonte: Adaptada de Conheça... (2018).</p><p>Risco e inadimplência2</p><p>Os dados apontados na pesquisa estão em consonância com as infor-</p><p>mações da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo</p><p>(CNC, 2020a), indicando que mais de 70% das pessoas físicas inadimplentes</p><p>possuem dívidas com bancos ou cartão de crédito. Obviamente, o desemprego</p><p>e a redução de renda são fatores de extrema relevância em relação ao risco</p><p>de inadimplência, mas os altos índices de inadimplentes também decorrem</p><p>de falta de educação financeira.</p><p>Educação financeira e inadimplência</p><p>Para compreender o que é educação financeira, é necessário destacar o</p><p>conceito de finanças. De acordo com Gitman (2010, p. 3), “o termo finanças</p><p>pode ser definido como a arte e a ciência de administrar o dinheiro. Prati-</p><p>camente todas as pessoas físicas e jurídicas ganham ou levantam, gastam</p><p>ou investem dinheiro”. A educação financeira está, portanto, muito além do</p><p>simples controle de gastos; diz respeito também ao aprendizado em projetar</p><p>estratégias visando a saúde das finanças pessoais. A educação financeira é</p><p>um processo pelo qual as pessoas e a sociedade aprimoram o entendimento</p><p>sobre finanças, a partir de formação e orientação claras, adquirindo valores</p><p>e competências para se tornarem conscientes de oportunidades e riscos em</p><p>relação às finanças.</p><p>Muitos especialistas entendem que a educação financeira deve-</p><p>ria estar presente no currículo escolar, auxiliando no processo de</p><p>aprendizagem. Entretanto, a educação financeira está além de um curso ou uma</p><p>disciplina, é um processo de aprendizagem constante. Santos (2014) destaca</p><p>algumas recomendações para que a educação financeira esteja presente no</p><p>cotidiano já de jovens e crianças. Para o autor, é recomendado na infância não</p><p>ceder à chantagem dos pequenos para conseguir o que querem. No caso de</p><p>mesada, o valor concedido deve ser baixo, assim a criança aprenderá a identificar</p><p>possibilidades e impossibilidades do dinheiro. Em relação aos jovens, Santos</p><p>(2014) salienta que é indispensável que participem das discussões sobre o</p><p>planejamento das despesas familiares.</p><p>Risco e inadimplência 3</p><p>Muito embora a inadimplência pessoal esteja relacionada a uma série de</p><p>fatores muitas vezes incontroláveis, a educação financeira minimiza esse</p><p>risco, possibilitando que os indivíduos e as famílias garantam o planejamento</p><p>de suas finanças.</p><p>Estratégias para evitar a inadimplência</p><p>O planejamento financeiro é uma estratégia para evitar a inadimplência, por</p><p>meio da qual é possível analisar as receitas e organizar as despesas, bem</p><p>como cortar gastos que não são essenciais, caso necessário, ou ainda realizar</p><p>algum tipo de investimento. Segundo Cherobim e Espejo (2011), o planejamento</p><p>financeiro segue os princípios de gastar menos que se ganha, estar preparado</p><p>com reservas com alta liquidez para emergências, evitar gastos necessários</p><p>e levar em conta as receitas ao assumir dívidas.</p><p>O planejamento financeiro possibilita a organização das contas para que</p><p>estejam em consonância com as receitas. Dessa forma, é possível projetar</p><p>metas a partir de planos e evitar a inadimplência. Tal planejamento deve levar</p><p>em conta o curto e o longo prazos, traçando estratégias para manutenção da</p><p>saúde financeira. Gitman (2010) indica que os planos a curto prazo são aqueles</p><p>que abrangem no máximo dois anos à frente e contemplam controlar despesas</p><p>como alimentação e moradia, identificar opções de lazer compatíveis com os</p><p>rendimentos, suprimir gastos desnecessários e programar possíveis investi-</p><p>mentos. Já os planos a longo prazo estão relacionados a um futuro distante</p><p>e permitem planejar, a partir da análise de receitas futuras, a aquisição de</p><p>um imóvel, a inserção em um plano de previdência privada, entre outros.</p><p>Para elaborar um plano financeiro visando minimizar o risco de inadim-</p><p>plência, muitas ferramentas podem ser usadas, como o fluxo de caixa, apre-</p><p>sentado na Figura 2. O fluxo de caixa permite o registro e a projeção de</p><p>todas receitas e despesas futuras. A partir do fluxo de caixa apresentado, é</p><p>possível observar aquilo que foi projetado em comparação com o que de fato</p><p>foi realizado em cada mês, tanto em relação às receitas quanto às despesas.</p><p>O total de despesas incorridas no mês de janeiro, por exemplo, é deduzido</p><p>do total de receitas do mesmo mês, definindo assim o saldo final, que será</p><p>consequentemente o saldo inicial do mês de fevereiro.</p><p>Risco e inadimplência4</p><p>Figura 2. Exemplo de fluxo de caixa.</p><p>O acompanhamento atento do fluxo de caixa permite analisar receitas e</p><p>despesas e principalmente analisar o saldo final. Se esse saldo for negativo</p><p>ou estiver decrescendo mês a mês, será necessário realizar ajustes, pois o</p><p>grau de endividamento possivelmente está aumentando e há sérios riscos</p><p>de inadimplência.</p><p>Graus de endividamento pessoal</p><p>O endividamento pessoal representa um fator de grande relevância para a</p><p>saúde fi nanceira. É importante compreender que, quando é discutido o as-</p><p>sunto endividamento pessoal, a abordagem não se refere especifi camente às</p><p>obrigações em atraso, ou despesas pessoais, como água, luz e telefone. “Toda</p><p>vez que consumimos algo e não pagamos naquele exato momento, estamos</p><p>assumindo então uma dívida” (BANCO CENTRAL DO BRASIL [BCB], 2013, p. 34).</p><p>Sendo assim, toda vez que é realizada uma compra a prazo, o responsável</p><p>pela compra está assumindo uma dívida. O controle do endividamento é es-</p><p>sencial e serve como forma de análise para minimizar o risco de inadimplência.</p><p>Dessa forma, é evidente o paralelo que deve ser traçado entre inadimplência</p><p>e o grau de endividamento de uma pessoa física.</p><p>Risco e inadimplência 5</p><p>Inadimplência versus endividamento</p><p>No início deste capítulo, foi destacado na Figura 1 que 30% dos débitos de</p><p>pessoas físicas estão relacionados a obrigações com bancos e cartão de</p><p>crédito. Outro dado muito importante e também já destacado é que mais de</p><p>70% da inadimplência no país correspondem a dívidas com bancos, cartão de</p><p>crédito e cheque especial. De acordo com o BCB (2013), no momento em que</p><p>tais obrigações não são honradas, o mau pagador passa a ser considerado</p><p>inadimplente.</p><p>Índice de endividamento das famílias</p><p>Para podermos mensurar o risco de inadimplência, temos o índice de endivida-</p><p>mento pessoal. Esse indicador permite medir quão saudável é fi nanceiramente</p><p>um indivíduo ou uma família. Por meio do índice de endividamento, é possível</p><p>medir a partir de uma fórmula qual percentual da renda de uma pessoa ou</p><p>família está comprometido com dívidas.</p><p>A Figura 3 apresenta o indicador de endividamento pessoal, cujo cálculo</p><p>é realizado a partir do total de dívidas assumidas — como já vimos, dívidas</p><p>são as obrigações que uma pessoa física assumiu honrar no futuro. Para</p><p>descobrir esse indicador, é necessário dividir o total de dívidas mensais pela</p><p>receita mensal, excluindo da receita as taxa, impostos e demais deduções. É</p><p>necessário ainda multiplicar o resultado encontrado por 100 para termos o</p><p>valor percentual comprometido com dívidas referente à renda.</p><p>Figura 3. Cálculo do índice de endividamento pessoal.</p><p>Fonte: Adaptada de Carneiro (2020).</p><p>Quanto maior o índice de endividamento pessoal, maior o risco de inadim-</p><p>plência, já que pessoas físicas possuem outras despesas além das dívidas,</p><p>como gastos pessoais com alimentação, transporte, etc. Se o indicador for</p><p>baixo, então há uma parcela muito reduzida dos rendimentos comprometidas</p><p>com dívidas. Esse indicador pode subsidiar a tomada de decisão no momento</p><p>de realizar uma compra parcelada, assumir um endividamento a curto ou</p><p>longo prazo e até mesmo realizar um investimento.</p><p>Risco e inadimplência6</p><p>O Quadro 1 apresenta os diferentes graus de endividamento e qual o im-</p><p>pacto de cada um desses diferentes graus para a renda pessoal e o nível de</p><p>inadimplência. Na coluna da direita, são indicadas as faixas percentuais; na</p><p>coluna da esquerda, o que cada uma dessas faixas representa</p><p>para a saúde</p><p>financeira de um indivíduo.</p><p>Quadro 1. Graus de endividamento pessoal</p><p>Faixa</p><p>percentual Análise</p><p>Até 30% Parcela administrável pela maioria das pessoas. Adequada</p><p>para a realização de investimentos.</p><p>De 30% a 35% Percentual que representa um nível intermediário. Indica</p><p>um valor ainda possível de ser administrado. Entretanto, é</p><p>necessário tomar medidas para reduzir o percentual.</p><p>De 35% a 40% Percentual que representa aperto nas contas, indicando que</p><p>não há margem, caso haja alguma urgência ou necessidade</p><p>de gasto eventual.</p><p>Acima de 40% Nesse caso, quase metade da renda está comprometida</p><p>com dívidas. Há grande possibilidade de que ocorra o</p><p>efeito “bola de neve”, em que os juros acumulados acabam</p><p>tornando uma dívida impagável. Há a necessidade de uma</p><p>reavaliação financeira total.</p><p>Fonte: Adaptado de Muniz (2016).</p><p>Muito embora a educação, o planejamento financeiro e o indicador de</p><p>endividamento pessoal sejam ferramentas de auxílio para que as pessoas</p><p>físicas não se tornem inadimplentes, há sempre o risco de que uma pessoa</p><p>não consiga honrar suas obrigações. Sendo assim, é importante compreender</p><p>as principais estratégias para regularizar o crédito em caso de inadimplência.</p><p>Regularização de crédito pessoal</p><p>A inadimplência é uma situação que afeta milhões de pessoas no Brasil.</p><p>Segundo informações da CNC (2020b), o número de inadimplentes atingiu o</p><p>maior patamar em dez anos. Conforme o relatório, o total de endividados no</p><p>mês de outubro de 2020 chegou a 66,5%. Desses 26,1% estão inadimplentes e</p><p>11,9% não possuem condições de quitar suas dívidas, e, assim, permanecerão</p><p>inadimplentes.</p><p>Risco e inadimplência 7</p><p>Além das dívidas e juros acumulados, o estado de inadimplência gera</p><p>uma série de impactos negativos, então é necessário ter estratégias e saber</p><p>quais etapas devem ser cumpridas para a recuperação do crédito pessoal.</p><p>Consequência da inadimplência</p><p>O inadimplente tem seu nome registrado em banco de dados, impedindo-o</p><p>de ter acesso a mais crédito. A Lei nº 12.414, de 9 de junho de 2011, “Disciplina</p><p>a formação e consulta a bancos de dados com informações de adimplemento,</p><p>de pessoas naturais ou de pessoas jurídicas, para formação de histórico de</p><p>crédito” (BRASIL, 2011, documento on-line). A legislação define que esses ban-</p><p>cos de dados podem reunir o “conjunto de dados relativo a pessoa natural ou</p><p>jurídica armazenados com a finalidade de subsidiar a concessão de crédito, a</p><p>realização de venda a prazo ou de outras transações comerciais e empresariais</p><p>que impliquem risco financeiro” (BRASIL, 2011, documento on-line).</p><p>Além das restrições ao crédito, a pessoa inadimplente pode ser impe-</p><p>dida de abrir conta corrente ou conta poupança e de realizar matrícula em</p><p>universidades privadas. Além disso, pode ter seu cheque especial cancelado</p><p>e receber inúmeras ligações e cobranças para regularização dos débitos.</p><p>Há ainda uma grande polêmica em relação aos impedimentos daqueles</p><p>que estão com o nome negativado. Devido a tantas restrições e situações</p><p>incômodas, como as constantes cobranças das empresas credoras, é de ex-</p><p>trema relevância compor estratégias para recuperar o crédito. Nesse sentido,</p><p>é importante seguir alguns passos para buscar a regularização. Marimpietri</p><p>(2007, p. 101) indica que:</p><p>Além do grave entrave na sua vida econômica gerado pelo acúmulo de dívidas e</p><p>da falta de crédito, é atribuído ao consumidor devedor o estigma de fracassado.</p><p>Tal situação chegou ao ponto do intolerável, através da prática comum às várias</p><p>empresas que não contratam funcionários possuidores de CPF inscrito em órgãos</p><p>de proteção ao crédito, mesmo que isso em nada prejudique sua futura função. O</p><p>mencionado estigma arraiga-se de tal forma no consumidor nesta situação que gera</p><p>graves abalos nas finanças, mas, sobretudo, na autoestima e dignidade do cidadão.</p><p>Vale ressaltar que, mesmo sendo possível a restrição do crédito a pessoas</p><p>físicas inadimplentes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) veda algumas</p><p>práticas. O artigo 42 do CDC regula que “na cobrança de débitos, o consumidor</p><p>inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer</p><p>tipo de constrangimento ou ameaça” (BRASIL, 1990, documento on-line).</p><p>Risco e inadimplência8</p><p>Estratégias para recuperação do crédito</p><p>A inadimplência causa diversos impactos para os cidadãos, como já visto</p><p>neste capítulo. Dessa forma, o processo de recuperação de crédito para</p><p>pessoa física é importante para evitar o acúmulo de dívidas de tal forma</p><p>que se tornem impagáveis.</p><p>Há diversas estratégias para que seja realizada a recuperação de crédito;</p><p>entretanto, vale ressaltar que a pior ação a tomar ao se tornar inadimplente é</p><p>fingir que a dívida não existe e deixar de dialogar com as empresas credoras.</p><p>Mesmo que as dívidas sejam bastante elevadas, é indispensável o diálogo,</p><p>compreendendo as melhores possibilidades para realização de parcelamento</p><p>ou até mesmo quitação total dos valore devidos. Uhlmann (2019) indica as</p><p>seguintes etapas para recuperação do crédito:</p><p>� Análise das dívidas — acompanhe de perto o valor total de sua dívida</p><p>e organize todas as suas despesas. Essa etapa é indispensável, pois</p><p>só assim é possível compreender as possibilidades de parcelamento</p><p>das dívidas.</p><p>� Renegociação — em geral, as empresas credoras possuem planos</p><p>para que o tomador de crédito ou comprador inadimplente realize</p><p>pagamento de dívidas. Ouça as propostas e, se possível, faça con-</p><p>trapropostas, tanto em relação ao valor das parcelas quanto para a</p><p>quitação, caso você disponha montante.</p><p>� Busca de juros mais baixos — como algumas modalidades de financia-</p><p>mento possuem taxas de juros muito elevadas, você pode fazer uma</p><p>nova dívida com taxas menores dando um bem como garantia. Isso</p><p>permite reduzir o valor do montante devido, mas cuidado: em caso</p><p>de não pagamento da nova dívida assumida, você perde o bem que</p><p>deu como garantia.</p><p>� Prescrição de dívida — segundo o CDC, em um prazo de cinco anos a</p><p>pretensão da cobrança de uma dívida prescreve e o inadimplente deixa</p><p>de possuir a dívida. Porém, essa é uma situação pouco indicada, pois</p><p>o indivíduo permanecerá por cinco anos como inadimplente e, mesmo</p><p>ao não ter mais seu nome negativado, ficará manchado no mercado</p><p>financeiro e não poderá mais negociar com a empresa credora em que</p><p>a dívida foi prescrita.</p><p>Risco e inadimplência 9</p><p>Há alguns casos em que o inadimplente pode optar por ser representado</p><p>por empresas especializadas em renegociação de dívidas. Esses casos são</p><p>recomendáveis se a negociação com a empresa credora está muito difícil. As</p><p>empresas reabilitadoras de crédito realizam o intermédio entre o inadimplente</p><p>e empresas credoras, tornando o processo de negociação mais simples em</p><p>alguns casos. Entretanto, são empresas privadas, o que acabará gerando</p><p>mais uma despesa para o inadimplente.</p><p>Outro ponto a destacar são os cuidados que se deve ter ao solicitar os</p><p>serviços desse tipo de empresa. É importante realizar buscas em sites como</p><p>o Reclame Aqui, que permite o registro e posterior consulta de reclamações</p><p>de clientes sobre atendimento, compra e venda de produtos e serviços, para</p><p>saber mais sobre a reputação da assessoria. O devedor também deve arma-</p><p>zenar as conversas, contratos e demais informações e estar ciente de que</p><p>a restrição ao crédito só deixa de existir quando do início dos pagamentos</p><p>dos valores devidos.</p><p>Segundo o Ministério Público do Trabalho, a situação de inadimplência</p><p>não pode impedir a contratação de um empregado, pois:</p><p>O empregador não pode interferir na esfera privada no empregado. Quando faz isso</p><p>e contrata em razão de eventual certidão que seja apresentada, temos uma questão</p><p>de discriminação. É uma situação irregular, em que a honra é afetada e dá direito</p><p>a indenização por danos morais (OLIVEIRA; CAVALLINI, 2009, documento on-line).</p><p>Não há regra expressa na Consolidação das Leis Trabalhistas que impeça a</p><p>contratação de funcionários inadimplentes. Entretanto, há diversos casos em</p><p>que pessoas deixaram de</p><p>ser contratadas por estarem inadimplentes, o que</p><p>em teoria é um tipo de discriminação, podendo culminar em uma ação judicial.</p><p>Apenas bancários, devido à legislação específica, e funcionários públicos que</p><p>são regidos por estatuto podem ser impedidos de ser contratados devido à</p><p>inadimplência.</p><p>O processo de inadimplência é extremamente danoso, tanto para a econo-</p><p>mia, elevando as taxas de juros, quanto para os cidadãos, devido à inscrição</p><p>do devedor em bancos de dados de inadimplentes, que não terão acesso a</p><p>crédito e ainda passarão por um estressante processo de cobranças cons-</p><p>tantes. Dessa forma, para reduzir o risco da inadimplência é indispensável</p><p>realizar o planejamento financeiro e acompanhar de perto indicadores como</p><p>o grau de endividamento.</p><p>Risco e inadimplência10</p><p>Referências</p><p>BANCO CENTRAL DO BRASIL (BCB). Caderno de educação financeira: gestão de finanças</p><p>pessoais (conteúdo básico). Brasília, DF: BCB, 2013.</p><p>BRASIL. Lei nº 8.070, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor</p><p>e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>BRASIL. Lei nº 12.414, de 9 de junho de 2011. Disciplina a formação e consulta a bancos</p><p>de dados com informações de adimplemento, de pessoas naturais ou de pessoas</p><p>jurídicas, para formação de histórico de crédito. Brasília, DF: Presidência da República,</p><p>2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/</p><p>l12414.htm. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>CARNEIRO, R. Qual o seu índice de endividamento? In: TC School. [S. l.], 24 ago. 2020.</p><p>Disponível em: https://tc.com.br/tc-school/primeiros-passos/qual-o-seu-indice-de-</p><p>-endividamento. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>CHEROBIM, A. P. M. S.; ESPEJO, M. M. S. B. (Orgs). Finanças pessoais: conhecer para</p><p>enriquecer! São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO (CNC). Março</p><p>registra endividamento recorde dos brasileiros e inadimplência deverá aumentar por</p><p>causa do coronavírus. In: CNC. Brasília, DF, 30 mar. 2020a. Disponível em: http://www.cnc.</p><p>org.br/editorias/economia/noticias/marco-registra-endividamento-recorde-dos-bra-</p><p>sileiros-e-inadimplencia#:~:text=Tipos%20de%20d%C3%ADvida,ve%C3%ADculos%20</p><p>(10%2C3%25). Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO (CNC). Pesquisa</p><p>de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) – agosto de 2020. In: CNC.</p><p>Brasília, DF, 3 set. 2020b. Disponível em: http://cnc.org.br/editorias/economia/pes-</p><p>quisas/pesquisa-de-endividamento-e-inadimplencia-do-consumidor-peic-agosto-0.</p><p>Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>CONHEÇA as 7 principais causas de inadimplência no Brasil hoje. In: SERASA Experian.</p><p>São Paulo, 10 out. 2018. Disponível em: https://www.serasaexperian.com.br/consul-</p><p>taserasa/blog/conheca-as-7-principais-causas-de-inadimplencia-no-brasil-hoje.</p><p>Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>DANA, S. Entenda como a inadimplência afeta a economia do país. G1. São Paulo, 20</p><p>maio 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/economia/blog/samy-dana/post/</p><p>entenda-como-inadimplencia-afeta-economia-do-pais.html. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>MARIMPIETRI, F. Pressupostos para a revisão dos contratos de consumo. 2007. 119</p><p>f. Dissertação (Mestrado em Direito Econômico) – Universidade Federal da Bahia,</p><p>Salvador, 2007.</p><p>MUNIZ, L. C. Endividamento pessoal - índice de endividamento pessoal. [S. l.: s. n.], 28</p><p>set. 2016. 1 vídeo (4 min 11 s). Publicado pelo canal Finanças Pessoais. Disponível em:</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=QJ2oXAWUwOs. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>Risco e inadimplência 11</p><p>OLIVEIRA, M.; CAVALLINI, M. MP diz que 'nome sujo' não pode barrar contratação de</p><p>empregado. G1. São Paulo, 14 jul. 2009. Disponível em: http://g1.globo.com/Noticias/</p><p>Concursos_Empregos/0,,MUL1226102-9654,00-MP+DIZ+QUE+NOME+SUJO+NAO+PODE+</p><p>BARRAR+CONTRATACAO+DE+EMPREGADO.html. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>SANTOS, D. B. Educação financeira on-line. 2014. 88 f. Dissertação (Mestrado em Mídias</p><p>Digitais) — Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2014.</p><p>UHLMANN, C. Aprenda como limpar o nome sujo com 7 dicas simples. In: QUEROFINAN-</p><p>CIAR.COM. Itajaí, 21 mar. 2019. Disponível em: https://querofinanciar.com/aprenda-</p><p>-como-limpar-o-nome-sujo-com-7-dicas/. Acesso em: 30 nov. 2020.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos</p><p>testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da</p><p>publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas</p><p>páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores</p><p>declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou</p><p>integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Risco e inadimplência12</p><p>FUNDAMENTOS DE</p><p>FINANÇAS</p><p>Fábio Rogério dos Santos Barbosa</p><p>Planejamento financeiro</p><p>e orçamentário</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Descrever o processo de planejamento financeiro e orçamentário.</p><p> Demonstrar o planejamento financeiro de curto prazo.</p><p> Projetar o lucro para determinado período.</p><p>Introdução</p><p>As micro, pequenas e médias empresas são responsáveis pelo maior</p><p>número de empregos e desenvolvimento econômico brasileiro. En-</p><p>tretanto, diante dos contextos de crises financeiras, enfrentam diversas</p><p>dificuldades que ameaçam a sua permanência nesse cenário. Outro fator</p><p>de extrema relevância são os problemas de gestão enfrentados pela</p><p>grande maioria delas, que podem deixá-las mais fracas e fazerem com que</p><p>elas encerrem as suas operações. Nessa perspectiva, a gestão financeira</p><p>se torna fundamental para que as empresas possam manter os recursos</p><p>necessários para dar continuidade às suas operações, potencializando</p><p>os seus resultados e criando valor para os seus stakeholders.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar o processo e as principais ferramen-</p><p>tas utilizadas no planejamento financeiro e orçamentário, conhecer o</p><p>planejamento financeiro de curto prazo e desenvolver uma projeção</p><p>financeira de longo prazo.</p><p>1 Processo de planejamento financeiro e</p><p>orçamentário</p><p>O planejamento fi nanceiro tem como objetivo defi nir objetivos e metas a</p><p>serem atingidos ao longo de um período. Após a etapa do planejamento, é</p><p>fundamental a execução, o monitoramento e as correções de ações, a fi m de</p><p>convergirem com os resultados esperados.</p><p>Um plano financeiro é um excelente instrumento a ser seguido no curto, médio</p><p>e longo prazos. A partir da análise dos indicadores financeiros e ferramentas,</p><p>como demonstrativos de resultados e balanço patrimonial, mensuram-se os dados,</p><p>e as futuras tomadas de decisões têm mais probabilidade de ser mais assertivas.</p><p>Um planejamento financeiro para uma empresa funciona como um planeja-</p><p>mento financeiro pessoal, ou seja, com base em objetivos futuros, definem-se</p><p>metas e estratégias e elencam-se os indicadores financeiros principais. E por</p><p>meio de relatórios de análises gerenciais (DRE, balanço patrimonial, contas a</p><p>pagar, contas a receber, inadimplência, etc.) e sistemas financeiros, o gestor da</p><p>área e sua equipe conseguem identificar se os resultados estão favoráveis ou</p><p>não às suas empresas, bem como lidar com as eventuais situações inesperadas e</p><p>corrigir junto aos demais departamentos da empresa novas tomadas de decisões</p><p>para correções e melhorias. Um plano financeiro se torna imprescindível</p><p>desde a realização de novos pedidos de matérias-primas para o aumento de</p><p>produção até a expansão de um negócio, como a abertura de filiais ou, ainda,</p><p>a criação de modelos de franquias a algum empreendimento.</p><p>Brealey, Myers e Allen (2018) ratificam que gestores financeiros compe-</p><p>tentes fazem planos para o futuro. “Conferem se têm fundos suficientes para</p><p>pagar os encargos fiscais que estão para vencer ou para fazer o pagamento</p><p>de dividendos e pensam sobre o</p><p>nível de investimento que a empresa terá de</p><p>fazer nos próximos anos e no modo como podem financiar esse investimento”</p><p>(BREALEY; MYERS; ALLEN, 2018, p. 695). Ainda refletem se estão bem</p><p>posicionados para suportar uma queda inesperada na demanda ou um aumento</p><p>no custo das matérias-primas.</p><p>Dimensões do planejamento financeiro</p><p>Um planejamento fi nanceiro é composto por curto, médio e longo prazos.</p><p>O curto prazo, usualmente, são os próximos 12 meses e o planejamento de</p><p>longo prazo, comumente, são os próximos dois a cinco anos. Esse período é</p><p>chamado de horizonte de planejamento e conhecido como a primeira dimensão</p><p>do processo de planejamento fi nanceiro. Segundo Ross et al. (2013, p. 95):</p><p>Ao preparar um plano financeiro, todos os projetos e investimentos individuais</p><p>que a empresa empreenderá se combinam para determinar o investimento</p><p>total necessário. Na verdade, as pequenas propostas de investimento de cada</p><p>unidade operacional são somadas e tratadas como um único grande projeto.</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário2</p><p>Esse processo é chamado de agregação. O nível de agregação é a segunda</p><p>dimensão que precisa ser determinada no processo de planejamento.</p><p>A seguir, após a definição do horizonte de planejamento e do nível de agre-</p><p>gação, o planejamento financeiro necessita de dados de entrada que simulem</p><p>hipóteses sobre variáveis importantes, como, por exemplo, uma empresa que</p><p>tem dois campos de atuação: um de produtos/serviços ao consumidor e outro</p><p>de produtos específicos para atacados.</p><p>O correto processo de planejamento financeiro pede que cada campo</p><p>prepare três cenários contextuais, um com aspecto pessimista, um sendo o</p><p>mais provável e outro com aspecto otimista.</p><p> Pessimista — para Ross et al. (2013, p. 95), o plano exigiria suposições</p><p>relativamente pessimistas sobre os produtos da empresa e o contexto</p><p>da economia:</p><p>Esse tipo de planejamento de crise enfatizaria a capacidade de uma divisão</p><p>de resistir a adversidades econômicas significativas e exigiria detalhes rela-</p><p>tivos a corte de custos e mesmo vendas de ativos e liquidação. Por exemplo,</p><p>as vendas de SUVs foram estranguladas em 2008 por causa dos altos preços</p><p>dos combustíveis. Isso deixou as montadoras, como Ford e GM, com grandes</p><p>estoques e resultou na concessão de grandes descontos e cortes nos preços.</p><p> Provável — este plano aborda as hipóteses mais prováveis sobre a</p><p>empresa e o contexto da economia.</p><p> Otimista — este plano é desenvolvido e baseado em hipóteses otimistas.</p><p>Ross et al. (2013, p. 96) sugerem:</p><p>Ele poderia envolver novos produtos e expansão e, em seguida, detalharia os</p><p>fundos necessários para financiar a expansão. Nesse exemplo, as atividades estão</p><p>agregadas ao longo de linhas divisionais, e o horizonte de planejamento é de três</p><p>anos. Esse tipo de planejamento, que leva em conta todos os eventos possíveis, é</p><p>particularmente importante para os negócios cíclicos (empresas com vendas que</p><p>são muito afetadas pelo estado geral da economia ou pelos ciclos de negócios).</p><p>Devido ao tempo de elaboração e análise dos diferentes cenários que serão</p><p>a base de um planejamento financeiro, é justo que se tenha algumas premissas</p><p>relevantes e expectativas em um processo de planejamento. São elas:</p><p> Examinar as interações — ser transparente nos vínculos entre as propos-</p><p>tas de investimento das diferentes atividades operacionais da empresa</p><p>e as opções de financiamento disponíveis.</p><p>3Planejamento financeiro e orçamentário</p><p> Explorar as opções — oferecer à empresa a oportunidade de desenvol-</p><p>ver, analisar e comparar muitos cenários diferentes de modo coerente.</p><p> Evitar surpresas — por meio do cenário pessimista e até mesmo do</p><p>otimista, deve-se apresentar alternativas de ataque caso um ou outro</p><p>aconteça, ou seja, ele deve oferecer caminhos sobre quais medidas</p><p>serão adotadas se as coisas saírem muito errado ou melhor do que se</p><p>imaginava.</p><p> Assegurar a capacidade de realização e a consistência interna — ter</p><p>a vertente de conferir se os objetivos e os planos elaborados para as</p><p>principais áreas, seja a de produção, a comercial, a de pessoas ou a</p><p>financeira de uma empresa, são possíveis e internamente consistentes.</p><p>Caso aconteçam conflitos entre objetivos e metas, essa é a hora de</p><p>reajustes e melhorias no plano financeiro.</p><p>Segundo Ross et al. (2013), um plano financeiro não apenas torna um</p><p>caminho explícito, mas também impõe uma estrutura integrada para a con-</p><p>ciliação dos objetivos e metas.</p><p>Elementos necessários para o planejamento financeiro</p><p>O processo de elaboração e estrutura de um planejamento fi nanceiro difere de</p><p>uma empresa para outra. Mas alguns pontos são comuns entre eles. Confi ra, a</p><p>seguir, os principais pontos utilizados em um planejamento fi nanceiro.</p><p>1. Previsão de vendas — em quase todos os planos financeiros existe</p><p>a necessidade de uma previsão de vendas. Esse valor se desdobrará</p><p>em outros valores, os quais serão calculados com base nele. Portanto,</p><p>o planejamento se concentrará nas vendas futuras, nos ativos e nos</p><p>financiamentos necessários para dar suporte a essas vendas. Para Ross</p><p>et al. (2013, p. 97):</p><p>[…] com frequência, a previsão de vendas será informada como a taxa de</p><p>crescimento nas vendas, e não como um número de vendas explícito. Essas</p><p>duas abordagens são essencialmente iguais porque, se sabemos qual é a taxa</p><p>de crescimento, podemos calcular as vendas projetadas.</p><p>Torna-se importante conhecer a inter-relação das necessidades de inves-</p><p>timento e financiamento em possíveis diferentes níveis de vendas, baseados</p><p>em dados confiáveis.</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário4</p><p>2. Demonstrações projetadas — um plano financeiro deverá ter uma</p><p>previsão de balanço patrimonial, de demonstração de resultados e de</p><p>demonstração dos fluxos de caixa. Essas previsões são chamadas de</p><p>demonstrações projetadas.</p><p>3. Necessidades de ativos — o plano descreverá os gastos de capital pro-</p><p>jetados. Ross et al. (2013) afirmam que o balanço patrimonial projetado</p><p>conterá as variações do ativo imobilizado total e do capital circulante</p><p>líquido. Essas variações são o orçamento de capital total da empresa.</p><p>4. Necessidades de aportes financeiros — essa parte do plano deve discutir</p><p>as políticas de dividendos e de endividamento do negócio.</p><p>2 Demonstração do planejamento financeiro de</p><p>curto prazo</p><p>A administração fi nanceira proporciona a busca saudável pelos resultados</p><p>previstos. O gestor fi nanceiro necessita ferramentas de apoio que permitam</p><p>que ele planeje, coordene, controle e mensure os recursos fi nanceiros para um</p><p>determinado período. Portanto, o fl uxo de caixa e o orçamento de caixa se</p><p>tornam ferramentas essenciais para uma efi ciente gestão do empreendimento.</p><p>Essa etapa tem como objetivo demonstrar como se faz e a importância de</p><p>um orçamento de caixa e sua utilidade na gestão de um negócio. A gestão</p><p>financeira visa ao crescimento da empresa, evitando gastos desnecessários e</p><p>desperdícios, observando as melhores formas para maximizar os lucros para</p><p>os sócios e acionistas. Conforme Gitman (2010), a função do administrador</p><p>financeiro para qualquer porte de empresa está em torno de realizar orçamen-</p><p>tos, administração do caixa, administração do crédito, captação de recursos,</p><p>previsões financeiras e análise de investimento. Também fundamentam,</p><p>Cornett, Adair Junior e Nofsinger (2013, p. 20):</p><p>Os executivos precisam emitir vários relatórios para o público. A maioria dos</p><p>acionistas, analistas, entidades governamentais e de outras partes interessadas</p><p>presta muita atenção aos relatórios anuais, que dispõem quatro demonstrações</p><p>financeiras básicas: o balanço patrimonial, a demonstração do resultado, a</p><p>demonstração dos fluxos de caixa e a demonstração dos lucros retidos. Essas</p><p>demonstrações promovem um quadro baseado na contabilidade da posição</p><p>financeira de uma empresa. Embora os contadores se concentrem em relatar</p><p>o que aconteceu no passado, os administradores financeiros as usam para</p><p>traçar inferências sobre o futuro.</p><p>5Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>Orçamento de caixa</p><p>Conhecer as entradas e saídas de recursos fi nanceiros da empresa é fundamental</p><p>para que se projete um orçamento de caixa para um determinado período.</p><p>Conforme Gitman (2010, p. 108), “[...] o orçamento de caixa ou projeção de</p><p>caixa é uma demonstração das entradas e saídas de caixa prevista da empresa.</p><p>Serve para estimar as necessidades de caixa no curto prazo”.</p><p>O orçamento de caixa é uma ferramenta necessária para análise e pro-</p><p>jeção de resultados futuros. Por meio do orçamento de caixa se identifica</p><p>com antecedência a falta ou a sobra de recursos financeiros, proporcionando</p><p>melhores estratégias de pagamento a credores e recebimentos. Obviamente,</p><p>são projeções, mas que sinalizam e ajudam a empresa a caminhar dentro de</p><p>um equilíbrio financeiro. As principais finalidades do orçamento de caixa são:</p><p> projetar um resultado financeiro das operações planejadas;</p><p> indicar a sobra ou a falta de recursos;</p><p> indicar a necessidade de empréstimos ou a disponibilidade de capital</p><p>para investimento;</p><p> identificar capital de giro total: vendas, investimentos e capital de</p><p>terceiros.</p><p>Ao atender a essas finalidades, um orçamento de caixa possibilita criar bases</p><p>sólidas para a política de crédito e controle da situação financeira por meio dos</p><p>elementos do planejamento financeiro (previsão de vendas, demonstrações</p><p>projetadas, necessidade de ativos e necessidade de aportes financeiros).</p><p>Depois de projetado o período, como mostra a Figura 1, deverá ser feito</p><p>um controle entre o realizado e o orçado, podendo assim visualizar melhor o</p><p>porquê de os objetivos não terem sido alcançados.</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário6</p><p>Figura 1. Período orçado de outubro de 2020 a dezembro de 2020. P = projetado, R =</p><p>realizado e D = defasagem.</p><p>Fonte: Adaptada de Machado e Silveira (2017).</p><p>7Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>A Figura 1 exemplifica de forma detalhada a importância de uma empresa</p><p>ter um orçamento de caixa, monitorando todos os recursos financeiros, seja</p><p>para pagamentos ou recebimentos. Um olhar para o futuro, seja ele em um curto</p><p>prazo, pode antecipar decisões assertivas para a saúde financeira do negócio.</p><p>3 Projeção do lucro para determinado período</p><p>Gestores fi nanceiros têm a função de traçar planos para o futuro dos empre-</p><p>endimentos em que atuam. Eles analisam se têm recursos sufi cientes para</p><p>pagar os encargos fi scais que estão para vencer ou para fazer o pagamento</p><p>de dividendos e pensam sobre o nível de investimento que a empresa terá de</p><p>fazer nos próximos anos e no modo como podem fi nanciar esse investimento.</p><p>Refl etem, também, se estão bem posicionados para suportar uma queda ines-</p><p>perada na demanda ou um aumento no custo das matérias-primas.</p><p>Para as suas análises, os gestores utilizam indicadores de desempenho</p><p>financeiros que servem para mensurar os resultados obtidos ao longo de um</p><p>período. Por meio deles, gestores, empreendedores e acionistas se fundamentam</p><p>para as suas tomadas de decisão em busca de lucratividade dos investimentos</p><p>com relação ao custo do capital. Os indicadores financeiros também servem</p><p>para responder a perguntas importantes como: a empresa crescerá somente</p><p>a partir de financiamentos? O financiamento está incluído no planejamento</p><p>estratégico do negócio? O futuro endividamento não está alto para a realidade</p><p>do caixa da empresa? O caixa da empresa supre contratempos inesperados?</p><p>Ross et al. (2013) apresentam um método de planejamento financeiro de</p><p>longo prazo em que as contas variam em função do nível de vendas previsto</p><p>para a empresa, chamado abordagem da porcentagem de vendas.</p><p>O modelo de planejamento financeiro de longo prazo tem como premissa</p><p>principal separar as contas da demonstração de resultados e do balanço patri-</p><p>monial em dois grupos: aquelas contas que variam com as vendas e aquelas</p><p>que não variam com as vendas. A partir de uma projeção de vendas, poderá</p><p>ser calculado o financiamento que a empresa precisará para atender à projeção</p><p>idealizada de vendas para um determinado período.</p><p>Demonstração de resultados</p><p>A seguir, no Quadro 1, será apresentada, como exemplo e apoio ao aprendizado,</p><p>a demonstração de resultados, em um determinado período, da empresa A</p><p>Vencedora.</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário8</p><p>Fonte: Adaptado de Ross et al. (2013).</p><p>Vendas 1.000</p><p>Custos (custos + depreciação + juros) 800</p><p>Lucro tributável 200</p><p>Impostos (34%) 68</p><p>Lucro líquido 132</p><p>Dividendos 44</p><p>Acréscimo aos lucros retidos 88</p><p>Quadro 1. Demonstração de resultados da empresa A Vencedora</p><p>A empresa A Vencedora projetou um aumento de 25% nas vendas para o</p><p>próximo ano, e a demonstração de resultados projetados com acréscimo de</p><p>25% nas contas ficará como mostra o Quadro 2 a seguir.</p><p>Assim, prevendo vendas de $ 1.000 × 1,25 = $ 1.250, para gerar uma de-</p><p>monstração de resultados projetada, assume-se que os custos totais continuarão</p><p>sendo 80% das vendas. Com essa hipótese, a demonstração de resultados</p><p>projetados da A Vencedora é mostrada no Quadro 2. Como assume-se que</p><p>os custos são uma porcentagem constante das vendas, deve-se assumir que</p><p>a margem de lucro é constante. Para verificar isso, observe que a margem de</p><p>lucro anterior foi de $ 132/$ 1.000, ou 13,2%. Na demonstração projetada, a</p><p>margem de lucro é de $ 165/$ 1.250, ou 13,2%, portanto, continua inalterada.</p><p>A taxa de distribuição de dividendos foi mantida em 1/3 do lucro líquido</p><p>($ 44/$ 132 = 1/3). Na demonstração projetada, a distribuição de dividendos</p><p>é de $ 55 ($ 165 × 1/3 = $ 55).</p><p>A taxa de acréscimo aos lucros retidos foi atribuída em 2/3 do lucro líquido</p><p>($ 132 × 2/3 = $ 88). Na demonstração projetada, os lucros retidos são 2/3 do</p><p>lucro líquido ($ 132 × 2/3 = $ 110). Essa taxa também é chamada de taxa de</p><p>retenção ou taxa de reinvestimento de lucros.</p><p>9Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>Fonte: Adaptado de Ross et al. (2013).</p><p>Vendas (projetadas) 1.250</p><p>Custos (80% das vendas) 1.000</p><p>Lucro tributável 250</p><p>Impostos (34%) 85</p><p>Lucro líquido 165</p><p>Dividendos 55</p><p>Acréscimo aos lucros retidos 110</p><p>Quadro 2. Demonstração de resultados projetos da empresa A Vencedora</p><p>Balanço patrimonial</p><p>Um balanço patrimonial tradicional se fundamenta em informações e resultados</p><p>passados. Entretanto, o balanço patrimonial projetado trabalha com os dados</p><p>passados para mensurar um período próximo.</p><p>Ambos têm em comum suas informações nos itens ativo, passivo e pa-</p><p>trimônio líquido. Os ativos são os valores, os bens e os direitos adquiridos</p><p>ou mantidos pela empresa. No caso dos passivos, são os valores gastos ou</p><p>as perdas sofridas pelo empreendimento no período. Todavia, o patrimônio</p><p>líquido é a diferença entre o ativo e o passivo, isto é, o resultado na conta da</p><p>empresa após todas as contas serem pagas.</p><p>O conceito de balanço patrimonial projetado é uma estimativa de balanço</p><p>patrimonial com base nas informações existentes na empresa. Assim, são</p><p>consideradas as dívidas que vencerão no período, bem como os valores que</p><p>devem ser recebidos.</p><p>As informações do balanço patrimonial projetado utilizarão dados pre-</p><p>sentes na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), no fluxo de caixa</p><p>e nos dados relativos ao patrimônio da empresa. Portanto, essas informações</p><p>tornam-se fundamentais para a estratégia global da empresa e o percentual</p><p>de crescimento pretendido, as quais devem ser consideradas na elaboração</p><p>do balanço patrimonial projetado.</p><p>Nessa projeção é importante incluir:</p><p> reajustes salariais dos funcionários;</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário10</p><p> valores das matérias-primas;</p><p> custos de manutenção de equipamentos.</p><p>Também é prudente fazer essa projeção em parceria com um planejamento</p><p>tributário, assim é possível estimar impostos a pagar. Na verdade, todos os pon-</p><p>tos devem ser considerados para que a projeção seja, de fato, eficaz e realista.</p><p>O balanço patrimonial projetado tem algumas vantagens, como:</p><p> apresentar a projeção de resultados a novos investidores;</p><p> planejar saídas para possíveis cenários negativos;</p><p> possibilidade</p><p>de mudanças no modelo do negócio.</p><p>A seguir será apresentado um balanço patrimonial projetado com a de-</p><p>monstração mais recente do exemplo apresentado da empresa A Vencedora,</p><p>como mostra o Quadro 3.</p><p>No balanço patrimonial, assume-se que alguns dos itens variam direta-</p><p>mente com as vendas e outros não. Para os que variam, expressa-se cada um</p><p>como uma porcentagem de vendas do ano recém-encerrado. Quando um item</p><p>não varia diretamente com as vendas, escreve-se n/a para não se aplica. Por</p><p>exemplo, no lado do ativo, o estoque é igual a 60% das vendas ($ 600/$ 1.000)</p><p>para o ano recém-encerrado. Assume-se que essa porcentagem se aplica ao</p><p>ano seguinte e, portanto, para cada $ 1 em vendas, o estoque aumenta em $</p><p>0,60. A razão entre total do ativo e vendas do ano recém-encerrado é $ 3.000/$</p><p>1.000 = 3, ou 300%.</p><p>Essa razão entre total do ativo e vendas, às vezes, é chamada de intensidade</p><p>de capital. Ela indica o montante de ativos necessário para gerar $ 1 em vendas</p><p>e, portanto, quanto mais alta, mais intensiva em capital é a empresa. Observe</p><p>também que essa razão é apenas o inverso do índice de giro do ativo total.</p><p>Para A Vencedora, assumindo que a intensidade de capital seja constante,</p><p>são necessários $ 3 em ativo total para gerar $ 1 em vendas (aparentemente,</p><p>ela está em um negócio com muita intensidade de capital). Portanto, se as</p><p>vendas precisam aumentar em $ 100, a empresa terá de aumentar o total do</p><p>ativo em três vezes esse montante, ou seja, em $ 300.</p><p>11Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>Fonte: Adaptado de Ross et al. (2013).</p><p>Ativo Passivo e patrimônio líquido</p><p>Valor Variação</p><p>%*</p><p>Valor Variação</p><p>%</p><p>Ativo</p><p>circulante</p><p>Passivo</p><p>circulante</p><p>Caixa 160 16 Contas a</p><p>pagar</p><p>300 30</p><p>Contas a</p><p>receber</p><p>440 44 Empréstimos</p><p>a pagar</p><p>100 n/a</p><p>Estoque 600 60 Total 400 n/a</p><p>Total 1.200 120 Passivo não</p><p>circulante</p><p>800 n/a</p><p>Ativo</p><p>imobilizado</p><p>Patrimônio</p><p>líquido</p><p>Instalações e</p><p>equipamentos</p><p>1.800 180 Capital</p><p>social e ágio</p><p>recebido na</p><p>emissão</p><p>800 n/a</p><p>Lucros retidos 1.000 n/a</p><p>Total 1.800 n/a</p><p>Total do</p><p>ativo</p><p>3.000 300% Total do</p><p>passivo e do</p><p>patrimônio</p><p>líquido</p><p>3.000 n/a</p><p>*Entende-se que a variação % das vendas de 16% é $ 160/$ 1000 na conta caixa.</p><p>Quadro 3. Balanço patrimonial da empresa A Vencedora</p><p>Na coluna “passivo e patrimônio líquido” do balanço patrimonial:</p><p> as contas a pagar são apresentadas, as quais variam conforme as vendas;</p><p> os empréstimos a pagar representam dívidas de curto prazo, por exemplo:</p><p>empréstimos bancários, os quais não variam;</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário12</p><p> o passivo não circulante, o capital social e o ágio recebido na emissão</p><p>de ações não variam automaticamente com as vendas;</p><p> os lucros retidos variam conforme as vendas e serão calculados conforme</p><p>a variação dos lucros retidos com base na projeção de dividendos e</p><p>lucro líquido.</p><p>Construindo parcialmente o balanço patrimonial projetado da empresa A</p><p>Vencedora, usando as porcentagens calculadas nos valores projetados, o ativo</p><p>imobilizado líquido será de 180% das vendas, ou seja, $ 2.250, representando</p><p>um aumento de $ 450 em instalações e equipamentos.</p><p>Para aqueles itens que não variam diretamente com as vendas, serão ado-</p><p>tados os montantes originais.</p><p>O resultado é apresentado no Quadro 4. Observe que a variação dos</p><p>lucros retidos é igual ao acréscimo de $ 110 nos lucros retidos calculados</p><p>anteriormente.</p><p>Ao verificar o balanço patrimonial projetado, observa-se que o ativo foi</p><p>projetado para aumentar em $ 750. Entretanto, sem financiamento adicional,</p><p>o passivo e o patrimônio líquido aumentarão $ 185, restando uma falta de</p><p>($ 185 + $ 565) = $ 750. Este valor é chamado de Necessidade de Aporte</p><p>Financeiro (NAF).</p><p>Um cenário em particular</p><p>Este modelo de planejamento fi nanceiro projeta um aumento de 25% nas</p><p>vendas. Entretanto, isso não acontecerá, a menos que A Vencedora consiga,</p><p>de alguma maneira, levantar $ 565 em novos fi nanciamentos.</p><p>13Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>Fonte: Adaptado de Ross et al. (2013).</p><p>Ativo Passivo e patrimônio líquido</p><p>Projetado Variação</p><p>em</p><p>relação</p><p>ao ano</p><p>anterior*</p><p>Projetado Variação</p><p>em</p><p>relação</p><p>ao ano</p><p>anterior</p><p>Ativo</p><p>circulante</p><p>Passivo</p><p>circulante</p><p>Caixa 200 40 Contas a</p><p>pagar</p><p>375 75</p><p>Contas a</p><p>receber</p><p>550 110 Empréstimos</p><p>a pagar</p><p>100 0</p><p>Estoque 750 150 Total 475 75</p><p>Total 1.500 300 Passivo não</p><p>circulante</p><p>800 0</p><p>Ativo</p><p>imobilizado</p><p>Patrimônio</p><p>líquido</p><p>Instalações e</p><p>equipamentos</p><p>2.250 450 Capital</p><p>social e ágio</p><p>recebido na</p><p>emissão</p><p>800 0</p><p>Lucros retidos 1.110 110</p><p>Total 1.910 110</p><p>Total do</p><p>ativo</p><p>3.750 750 Total do</p><p>passivo e do</p><p>patrimônio</p><p>líquido</p><p>3.185 185</p><p>Necessidade</p><p>de aporte</p><p>financeiro</p><p>565 565</p><p>*Entende-se que a variação $ em relação ao ano anterior,</p><p>de $ 40, é $ 200 – $ 160 na conta caixa.</p><p>Quadro 4. Balanço patrimonial projetado parcial</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário14</p><p>O exemplo citado mostra como o planejamento pode projetar e identificar</p><p>problemas futuros. Caso a empresa não queira tomar emprestados fundos</p><p>adicionais e emitir novas ações, dificilmente terá um aumento de 25% nas suas</p><p>vendas. No entanto, se a empresa optar pelos $ 565 de novos financiamentos,</p><p>existem três fontes possíveis: empréstimos de curto prazo, empréstimos de</p><p>longo prazo e aporte de novo capital próprio, com emissão de novas ações.</p><p>Nesse exemplo, a empresa A Vencedora resolveu tomar emprestado os recursos</p><p>necessários. Nesse caso, a empresa pode optar por tomar emprestado uma</p><p>parte a curto prazo e outra a longo prazo. Por exemplo, o ativo circulante</p><p>aumentou em $ 300, enquanto o passivo circulante aumentou em apenas $ 75.</p><p>Ela poderia financiar $ 300 ‒ $ 75 = $ 225 com empréstimos de curto prazo e</p><p>deixar o capital circulante líquido total inalterado. Com os $ 565 necessários,</p><p>os restantes $ 565 ‒ $ 225 = $ 340 teriam de vir do passivo não circulante. O</p><p>Quadro 5 mostra o balanço patrimonial projetado completo da A Vencedora.</p><p>Neste exemplo, foi utilizada uma combinação entre dívida de curto prazo e</p><p>passivo não circulante para o fechamento. Contudo, essa é uma das estratégias</p><p>possíveis, sendo que existem outras alternativas para lançar mão.</p><p>Um cenário alternativo</p><p>A hipótese de que o ativo é uma porcentagem fi xa das vendas é conveniente,</p><p>mas pode não ser adequada em muitos casos. Em particular, observe que, de</p><p>fato, assumiu-se que A Vencedora estava usando o seu ativo imobilizado a</p><p>100% da capacidade, porque qualquer aumento nas vendas levava a um au-</p><p>mento do ativo imobilizado. Na maioria das empresas haveria alguma folga,</p><p>ou excesso de capacidade, e a produção poderia ser aumentada, por exemplo,</p><p>com um turno extra.</p><p>15Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>Fonte: Adaptado de Ross et al. (2013).</p><p>Ativo Passivo e patrimônio líquido</p><p>Projetado Variação</p><p>em</p><p>relação</p><p>ao ano</p><p>anterior*</p><p>Projetado Variação</p><p>em</p><p>relação</p><p>ao ano</p><p>anterior</p><p>Ativo</p><p>circulante</p><p>Passivo</p><p>circulante</p><p>Caixa 200 40 Contas a</p><p>pagar</p><p>375 75</p><p>Contas a</p><p>receber</p><p>550 110 Empréstimos</p><p>a pagar</p><p>325 225</p><p>Estoque 750 150 Total 700 300</p><p>Total 1.500 300 Passivo não</p><p>circulante</p><p>1140 340</p><p>Ativo</p><p>imobilizado</p><p>Patrimônio</p><p>líquido</p><p>Instalações e</p><p>equipamentos</p><p>2.250 450 Capital</p><p>social e ágio</p><p>recebido na</p><p>emissão</p><p>800 0</p><p>Lucros</p><p>retidos</p><p>1.110 110</p><p>Total 1.910 110</p><p>Total do</p><p>ativo</p><p>3.750 750 Total do</p><p>passivo e do</p><p>patrimônio</p><p>líquido</p><p>3.750 750</p><p>*Entende-se que a variação $ em relação ao ano anterior,</p><p>de $ 40, é $ 200 – $ 160 na conta caixa.</p><p>Quadro 5. Balanço patrimonial projetado</p><p>Planejamento financeiro e orçamentário16</p><p>Percebe-se, conforme o exposto no quadro, que o balanço patrimonial</p><p>projetado é uma ferramenta muito útil à empresa, pois possibilita, com o olhar</p><p>no futuro em determinado período, definir uma estratégia com base em dados</p><p>fundamentados e com foco nos objetivos do negócio.</p><p>BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 12. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2018.</p><p>CORNETT, M. M.; ADAIR JUNIOR, T. A.; NOFSINGER, J. Finanças. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios</p><p>de curto e de longo prazo e dependerá da necessidade</p><p>de recursos. Quando são empréstimos de curto prazo, para pagamento em</p><p>até um ano, existe a fi nalidade de atender temporariamente as necessidades</p><p>apresentadas. Essa captação de recursos ocorre por meio de intermediários</p><p>fi nanceiros.</p><p>Para avalizar um financiamento, a administração financeira leva em con-</p><p>sideração a combinação dos financiamentos a curto e longo prazos com a</p><p>estrutura de capital, ou seja, a empresa não deve ter mais capital emprestado</p><p>do que próprio, para que não haja dificuldades na capacidade de pagamento.</p><p>É preciso avaliar se há equilíbrio entre juros e formas de pagamento, bem</p><p>como se a instituição que concede os recursos é confiável.</p><p>Instituições financeiras</p><p>As instituições fi nanceiras são responsáveis por captar recursos fi nanceiros,</p><p>conceder crédito e intermediar a compra e a venda de ações. Sua função é</p><p>analisar os negócios do mercado de capitais que se referem aos investimentos,</p><p>aplicações e empréstimos, determinando as melhores posições fi nanceiras e</p><p>indicando as opções para as partes interessadas.</p><p>Conseguir rendimentos a partir de uma quantia aplicada é o desejo de todas as pessoas</p><p>que possuem algum investimento. Boa parte dos investidores conseguem bons</p><p>resultados, mas sabemos, também, que há muita gente que não investe, pois tem</p><p>dificuldade de encontrar aplicações financeiras mais rentáveis. A internet facilitou a</p><p>forma como as pessoas têm acesso ao mercado de ações e títulos, mas exige que você</p><p>entenda onde está investindo e todas as características das aplicações financeiras.</p><p>Saiba mais no link a seguir.</p><p>https://qrgo.page.link/vWswV</p><p>5Introdução à administração financeira</p><p>Atribuições do administrador financeiro</p><p>Os administradores fi nanceiros podem exercer suas atribuições nas empresas,</p><p>instituições fi nanceiras, corretoras de valores, agências que operam com</p><p>mercado de capitais ou até mesmo prestar consultoria externa às organizações.</p><p>A área fi nanceira é vital em todas as empresas e o administrador fi nanceiro</p><p>tem como principal atribuição analisar as movimentações econômicas do</p><p>mercado para apontar as melhores decisões a serem tomadas pelas empresas,</p><p>infl uenciando seu crescimento econômico.</p><p>O administrador financeiro precisa ter preparo para administrar os</p><p>recursos da empresa de tal forma que o retorno aos acionistas seja sufi-</p><p>ciente para mantê-los como investidor. Além disso, precisam preocupar-se</p><p>com a satisfação de seus clientes, consumidores e fornecedores internos</p><p>e externos, assim como conhecer os espaços de debates no ambiente de</p><p>produção e possuir visão sistêmica da atividade, de modo a garantir que</p><p>ela esteja sendo operada da forma mais eficiente possível. É necessidade</p><p>primordial, nesta função, o conhecimento do mercado financeiro a fim de</p><p>analisar, avaliar entre diversas propostas, o melhor investimento a se fazer</p><p>e quando fazer. Ser capaz de captar novos recursos também é essencial,</p><p>além de saber analisar, planejar e prever os riscos envolvidos nas tomadas</p><p>de decisão.</p><p>O principal foco do gestor financeiro é fazer o patrimônio líquido de uma</p><p>empresa aumentar, gerando lucro líquido.</p><p>Para que se possa entender como anda o desempenho da empresa dentro de</p><p>um cenário tão competitivo e turbulento, é necessário acompanhar o seu</p><p>fluxo e sua lucratividade líquida. Conforme Gitman (2004), o fluxo de caixa é</p><p>essencial para a empresa e deve ser a primeira preocupação do administrador</p><p>financeiro, tanto na gestão das finanças do dia a dia quanto no planejamento</p><p>e na tomada de decisões estratégicas (XAVIER, 2016, p. 11).</p><p>O administrador financeiro tem como principal objetivo aumentar o</p><p>valor do patrimônio líquido de uma companhia ao gerar lucro líquido por</p><p>meio das atividades operacionais da organização. Para isso, esse profissional</p><p>deve contar com um conjunto de informações gerenciais que possibilitem</p><p>a devida análise da situação financeira da empresa a fim de maximizar os</p><p>resultados financeiros.</p><p>Introdução à administração financeira6</p><p>Os cenários de incerteza e alta competitividade que permeiam as organiza-</p><p>ções exigem que haja um melhor entendimento sobre sua performance. Para</p><p>tanto, o gestor financeiro deve acompanhar esse andamento de custos, despesas</p><p>e receitas, prevendo diferentes possibilidades aos resultados da empresa.</p><p>Frezatti (2009) ressalta que a sobrevivência das empresas depende de</p><p>controle financeiro e constante acompanhamento do fluxo de caixa. A partir</p><p>dessa forma de atuação é que os administradores financeiros podem acompa-</p><p>nhar os resultados e especialmente planejar e orientar o emprego de recursos.</p><p>A ausência desse trabalho resulta na morte das empresas já em seus primeiros</p><p>anos, exatamente devido à falta de acompanhamento do fluxo de caixa. Dessa</p><p>forma, falta-lhes a estratégia de aproveitar as oportunidades para se prepararem</p><p>para os diferentes cenários. O fluxo de caixa é uma ferramenta que busca o</p><p>resultado entre as entradas e saídas de recurso em um determinado período.</p><p>Por isso, o administrador financeiro recebe essa valiosa incumbência que</p><p>assegura o acompanhamento constante das finanças da empresa. Mas não se</p><p>trata de apenas atualizar diariamente o fluxo de caixa, e, sim, de garantir sua</p><p>análise. Deve-se, então, emitir pareceres com base em alguns aspectos como</p><p>consistência, comparação e otimização (FREZATTI, 2009).</p><p> Análise de consistência: trata de garantir que as projeções estão con-</p><p>siderando as informações adequadas.</p><p> Análise comparativa: aborda a direção que o fluxo de caixa está</p><p>seguindo, se os resultados melhoram ou pioram em comparação aos</p><p>diferentes períodos, como mês anterior ou ano anterior.</p><p> Análise de otimização: versa sobre a análise do fluxo operacional</p><p>utilizado, apresentando algumas simulações que avaliam os resultados</p><p>em detrimento dos riscos estudados.</p><p>Outras análises devem ser praticadas pelo administrador financeiro, como,</p><p>por exemplo, os indicadores que revelam o giro de caixa. Essa informação é</p><p>obtida pelo tempo que o ciclo financeiro de uma empresa se repete, ou seja,</p><p>quanto tempo é necessário para que tudo o que a empresa vendeu realmente</p><p>seja convertido em dinheiro em caixa. Se o ciclo financeiro é pequeno, o giro</p><p>de caixa é considerado grande, pois essas duas informações são inversamente</p><p>proporcionais. O resultado desejável é que o giro de caixa seja alto, de modo</p><p>que não haja necessidade de dinheiro entre o pagamento do fornecedor e a</p><p>entrada de receita advinda dos clientes.</p><p>7Introdução à administração financeira</p><p>Como o administrador financeiro pode saber se o giro de caixa está adequado?</p><p>Para conseguir encontrar o giro de caixa de uma empresa, o administrador financeiro</p><p>deverá realizar um cálculo. A primeira informação relevante é o ciclo financeiro da</p><p>organização, que é o prazo em dias que as receitas levam para se transformarem em</p><p>dinheiro.</p><p>A fórmula para encontrar o ciclo financeiro da firma é a seguinte:</p><p>CCC = DIO + DSO – DPO</p><p>Onde:</p><p>DIO é o prazo médio de estoque;</p><p>DSO é o prazo médio para receber as vendas;</p><p>DPO é o prazo médio para pagar os fornecedores.</p><p>Tendo em mãos o ciclo financeiro da empresa, o administrador financeiro saberá</p><p>em quanto tempo o dinheiro investido na compra do estoque volta para o caixa por</p><p>meio das vendas.</p><p>Por exemplo: uma empresa possui um prazo médio para o estoque de 60 dias; o</p><p>prazo para receber os valores das vendas é de 30 dias; o tempo médio para pagar</p><p>fornecedores é de 45 dias.</p><p>Sendo assim, o cálculo do ciclo financeiro será:</p><p>CCC = 60 + 30 – 45</p><p>CCC = 45</p><p>Se o ciclo financeiro da empresa é de 45 dias, podemos entender quantas vezes o</p><p>capital gira na empresa dividindo os dias do ano pelos dias do ciclo financeiro:</p><p>365/45 = 8,11</p><p>Ou seja, o giro de caixa dessa empresa é de 8 vezes no ano. Esse é um bom giro,</p><p>pois até mesmo ao considerar o ciclo financeiro vemos que a empresa pode depender</p><p>pouco do capital de terceiros, já que, entre os investimentos do estoque, as vendas</p><p>e o recebimento de tais recursos,</p><p>de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>MACHADO, L.; SILVEIRA, J. Demonstração do fluxo de caixa e o orçamento de caixa como</p><p>ferramentas de apoio à tomada de decisão. 2017. Disponível em: https://domalberto.edu.</p><p>br/wp-content/uploads/sites/4/2017/10/DEMONSTRA%C3%87%C3%83O-DO-FLUXO-</p><p>-DE-CAIXA-E-O-OR%C3%87AMENTO-DE-CAIX.pdf. Acesso em: 19 jul. 2020.</p><p>ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona-</p><p>mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede</p><p>é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local</p><p>e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre</p><p>qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>17Planejamento financeiro e orçamentário</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Iverson Barreto Manfrinato</p><p>Política de concessão</p><p>de crédito</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Descrever os 5 Cs do crédito.</p><p> Definir a política de crédito para uma organização.</p><p> Correlacionar a política de crédito com a necessidade de capital de giro.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você será capaz de compreender um pouco mais sobre</p><p>as políticas de concessão de crédito nas empresas, como elas devem</p><p>ser organizadas e quais critérios devem ser levados em consideração no</p><p>momento de concessão dos créditos aos clientes.</p><p>Ao definir a política de concessão de crédito, a empresa leva em</p><p>consideração diversos aspectos. Neste capítulo, você verá que uma</p><p>política de crédito mais flexível pode levar a empresa a aumentar o</p><p>risco de inadimplência por conta da adoção de apenas um dos 5 Cs no</p><p>momento de sua criação; em contrapartida, uma política de concessão</p><p>mais rigorosa e seletiva diminui o risco de inadimplência, mas pode</p><p>afastar clientes potenciais.</p><p>1 5 Cs do crédito</p><p>Ao realizar a venda de um produto ou a prestação de um serviço, a empresa</p><p>pode solicitar o pagamento antecipado ou no ato da aquisição do item/serviço.</p><p>Quando ambos negociam um prazo de pagamento diferenciado, é concedido</p><p>ao cliente um crédito, ou seja, uma promessa de que a dívida será paga. É</p><p>necessário que a empresa defi na as formas de concessão do crédito. Mas o que</p><p>leva uma empresa a conceder crédito? Depende, pois são inúmeros os motivos</p><p>da concessão de crédito. Podemos destacar os motivos a seguir.</p><p> Estímulo às vendas: a concessão de crédito para os clientes pode es-</p><p>timular a procura pelos bens ou serviços, levando em consideração a</p><p>facilidade de pagamento da dívida contraída.</p><p> Concorrência: ao optar pelo recebimento à vista, há a possibilidade de</p><p>inviabilizar o negócio do ponto de vista financeiro. Os concorrentes que</p><p>praticam o crédito conseguem atrair um número maior de compradores,</p><p>aumentando o seu volume de recebimentos futuros, mantendo uma</p><p>regularidade do seu fluxo de caixa.</p><p> Aumento da receita: em determinadas operações de crédito, o valor</p><p>financiado é acrescido de juros. Levando em consideração o tempo</p><p>em que o valor ficará com o cliente, o valor devolvido é acrescido de</p><p>juros desse período.</p><p>Ao oferecer crédito na praça, as empresas são expostas a um risco, pois é</p><p>necessário levar em consideração a inadimplência e os custos dos valores das</p><p>contas a receber. Dessa forma, ao elaborar uma política de crédito, a análise</p><p>dos prós e contras deve ser observada minunciosamente.</p><p>O crédito é considerado parte dos negócios da empresa e, para que ele possa</p><p>ser concedido, é necessário conhecer para quem o crédito será disponibilizado.</p><p>Sendo assim, é importante ter um sistema de informações que possa coletar</p><p>o máximo de dados para o oferecimento do dinheiro a prazo.</p><p>De acordo com Gitman (2010), para que o crédito possa ser oferecido aos</p><p>clientes, a análise envolve técnicas que determinam o processo, incluindo a</p><p>qualidade do cliente, e o ponto de vista do risco do crédito. A técnica de análise</p><p>utilizada é a dos 5 Cs do crédito, quando envolvem uma grande quantia de</p><p>dinheiro. Os 5 Cs são:</p><p> caráter;</p><p> capacidade;</p><p> capital;</p><p> colateral;</p><p> condições.</p><p>Para que o crédito possa ser concedido, deve-se levar em consideração</p><p>que o devedor aceite as condições estabelecidas em contrato. Em algumas</p><p>negociações, pode-se levar em conta a subjetividade para que o dinheiro</p><p>possa ser emprestado.</p><p>Política de concessão de crédito2</p><p>Caráter: intenção de pagar</p><p>Para que as empresas possam continuar com a sua política de concessão</p><p>de crédito, é necessário avaliar a inadimplência. Caso não receba o valor, a</p><p>empresa pode entrar em colapso e encerrar as suas atividades. O caráter na</p><p>concessão de crédito é determinado pelo cumprimento, por parte do cliente,</p><p>de suas obrigações fi nanceiras, e a análise do crédito passa por uma pesquisa</p><p>sobre a vida do cliente, por meio da fi cha cadastral e da confrontação das</p><p>informações em um banco de dados.</p><p>Cabe enfatizar, entretanto, que um indivíduo ou uma empresa pode atrasar</p><p>um pagamento, ou mesmo deixar de pagar, em razão de não dispor de recur-</p><p>sos, o que não é decorrência necessariamente de seu caráter. Dessa forma, a</p><p>identificação do conjunto de boas ou más qualidades de um indivíduo em face</p><p>do hábito de pagar suas contas é tarefa difícil (SILVA, 2016, p. 58).</p><p>O caráter do cliente não deve ser avaliado apenas pelo atraso de um paga-</p><p>mento, mas por uma série de acontecimentos registrados e que podem dificultar</p><p>a análise da capacidade de pagamento dele. Deve-se verificar a idoneidade,</p><p>a pontualidade, as restrições (protestos e outros) e o histórico de compra.</p><p>Capacidade: habilidade de pagar</p><p>Quando a empresa necessita de um profi ssional, ela avalia os currículos rece-</p><p>bidos, procura os perfi s que estão de acordo com a vaga a ser preenchida e se</p><p>os candidatos têm capacidade técnica para a realização das tarefas. O mesmo</p><p>ocorre nas empresas, para que o crédito seja concedido para o cliente, deve-se</p><p>observar o comportamento da gestão da empresa, como ela controla o seu</p><p>fl uxo de caixa, como são realizados os controles e quem são os profi ssionais,</p><p>se existe capital de giro e o tempo de atividade da empresa.</p><p>É fundamental ao analista de crédito o conhecimento acerca das decisões</p><p>estratégicas adotadas pela empresa. Essa visão macro possibilita melhor</p><p>assimilação dos vários fatores, como as decisões relativas à atuação num ou</p><p>em vários segmentos do mercado (SILVA, 2016, p. 66).</p><p>O analista de crédito precisa considerar outros fatores que vão além da</p><p>estratégia que é adotada pela empresa. Com base nas informações solicitadas,</p><p>fatores como produção, logística e recursos humanos demonstram a capaci-</p><p>3Política de concessão de crédito</p><p>dade de gerar receita para que a empresa cumpra com o pagamento do valor</p><p>financiado.</p><p>Capital: economia e finanças da empresa</p><p>O capital está relacionado à pessoa jurídica, e como ela conseguirá pagar as</p><p>suas dívidas, e às suas reservas fi nanceiras. Por meio da análise de índices</p><p>fi nanceiros, os demonstrativos contábeis demonstram a saúde econômica e</p><p>fi nanceira da empresa.</p><p>A análise financeira meticulosa é, seguramente, um fator relevante para a</p><p>decisão de crédito. O conceito de análise financeira transcende o conceito de</p><p>“análise de balanço”. É possível fazer análise financeira a partir do balanço</p><p>e da demonstração do resultado. Adicionalmente, a análise da capacidade de</p><p>pagamento do cliente pode ser feita com base em outras informações obtidas</p><p>junto a este (SILVA, 2016, p. 73).</p><p>Para que a análise de crédito possa passar pela avaliação do capital, são</p><p>observados os critérios de caráter e capacidade, pois o capital não é subjetivo.</p><p>Nessa etapa estão envolvidos os valores monetários que são movimentados</p><p>pela empresa.</p><p>Colateral: garantias</p><p>Muito provavelmente você já realizou ou conhece alguém que precisou realizar</p><p>um empréstimo fi nanceiro. A instituição fi nanceira solicitou a</p><p>documentação</p><p>para análise e comprovação que fosse sufi ciente para garantir que a dívida</p><p>fosse paga futuramente. Colateral, nesse contexto, signifi ca as garantias que</p><p>são disponibilizadas pelo cliente para que ele possa ter maior credibilidade</p><p>no momento da concessão do crédito.</p><p>Conforme Ross (2013), colateral pode ser entendido como os valores do</p><p>ativo da empresa que são dados como garantia, mediante a falta de pagamento.</p><p>Gitman (2010) ressalta que quanto maior o volume de ativos, maior será a</p><p>garantia do pagamento caso o pagamento da dívida não seja efetuado.</p><p>Cabe ao profissional de risco identificar as fragilidades do devedor e da ope-</p><p>ração, bem como recomendar o tipo de garantia necessária, tendo em vista</p><p>a liquidez e a segurança propiciadas por ela. Por outro lado, cabe às áreas</p><p>jurídicas especializadas fornecer a orientação necessária para dar segurança</p><p>à operação a ser realizada (SILVA, 2016, p. 332).</p><p>Política de concessão de crédito4</p><p>As garantias são determinadas para cobrir fatores que não foram conside-</p><p>rados no momento da concessão do crédito, impossibilitando a liquidação do</p><p>crédito. Podem ser considerados fatores de impedimento as políticas gover-</p><p>namentais (aumento da taxa de juros, câmbio, alteração na política fiscal), os</p><p>fatores climáticos ou os acidentes (incêndio, enchentes, ou até mesmo a morte</p><p>do cliente ou do principal gestor da empresa).</p><p>Condições: fatores externos</p><p>No tópico anterior falamos sobre fatores que não são de responsabilidade do</p><p>tomador do crédito. Nos fatores externos, Gitman (2010) descreve as condições</p><p>econômicas e empresariais vigentes, bem como as circunstâncias particulares</p><p>que possam afetar qualquer uma das partes envolvidas na negociação.</p><p>Em 2008, os Estados Unidos passaram por uma crise imobiliária, na qual os</p><p>bancos ofertavam crédito às pessoas, tendo como garantia as suas residências.</p><p>Os imóveis tiveram seus preços desvalorizados, fazendo com que as dívidas</p><p>não fossem quitadas, e algumas instituições financeiras foram à falência pela</p><p>falta de pagamento de seus clientes, assim como as pessoas que perderam os</p><p>seus imóveis por não conseguirem honrar as suas dívidas.</p><p>O analista de crédito deve realizar um estudo sistemático, observando</p><p>minuciosamente os impactos que poderão ser causados na receita da empresa</p><p>ao realizar o empréstimo, pois o risco de a empresa não conseguir saldar os</p><p>seus débitos é um fator que determina a aprovação.</p><p>Na concessão do crédito, a expectativa da empresa é receber seus recursos acrescidos</p><p>de juros, pois há o risco de o cliente não pagar a dívida, elevando a inadimplência, por</p><p>isso a análise do crédito deve ser feita de forma criteriosa.</p><p>5Política de concessão de crédito</p><p>2 Política de crédito para uma organização</p><p>A decisão de conceder ou não o crédito fi ca a cargo da gestão da empresa,</p><p>sendo necessário o estabelecimento de padrões, passando a adotar políticas de</p><p>concessão e criando um padrão que deve ser seguido para todos os clientes.</p><p>Para organizar as contas a receber da empresa, Berk e DeMarzo (2009)</p><p>considera que é necessário criar as formas que o crédito será concedido, os</p><p>termos para o recebimento do crédito e de que forma a cobrança será feita</p><p>ao cliente.</p><p>As definições da política de crédito de uma empresa devem ser considera-</p><p>das como uma orientação ao analista, e não como uma regra a ser aplicada, e</p><p>discutidas pelos cargos mais altos na gestão da empresa, conforme pode ser</p><p>observado na Figura 1.</p><p>As grandes empresas realizam esta análise internamente, com seus próprios</p><p>departamentos de crédito... A decisão de que nível de risco de crédito assumir</p><p>desempenha um importante papel na determinação de que quantia de dinheiro</p><p>uma empresa compromete em suas contas a receber (BERK; DEMARZO,</p><p>2009, p. 851).</p><p>Figura 1. Área desejada na política de crédito.</p><p>Fonte: Takano (2012, p. 30).</p><p>Devem respeitar o ramo de atividade da empresa, no comércio ou na in-</p><p>dústria. A concessão de crédito de forma mais aberta pode aumentar o volume</p><p>da produção e das vendas, mas afetará diretamente as contas do balanço</p><p>patrimonial, elevando os níveis de estoque e as duplicatas a receber. No caso</p><p>de instituições financeiras, como os bancos, os critérios adotados são mais</p><p>Política de concessão de crédito6</p><p>rígidos, pois o não pagamento da dívida representa o valor total do dinheiro</p><p>emprestado.</p><p>Empresas como as administradoras de cartão de crédito desenvolveram mo-</p><p>delos estatísticos para a classificação de crédito. Normalmente, todas as</p><p>características relevantes e legalmente observáveis de um grande conjunto</p><p>de clientes são estudadas para encontrar seu histórico de inadimplência. Com</p><p>base nos resultados, é possível determinar as variáveis que melhor preveem</p><p>se um cliente pagará, para depois calcular uma classificação de crédito com</p><p>base nessas variáveis (ROSS et al., 2013, p. 719).</p><p>De acordo com Gitman (2010), devem ser criados escores de crédito e</p><p>cálculos efetuados de forma estatística, nos quais são atribuídos pesos para</p><p>avaliar o risco de inadimplência do cliente, criando uma espécie de ranking, e</p><p>que devem ser avaliados para o aceite ou não do pedido de crédito, utilizados</p><p>geralmente por lojas de departamentos, bancos e financeiras.</p><p>Vale ressaltar que a concessão do crédito é uma tarefa que apresenta um</p><p>risco muito grande para as empresas, sendo assim, coletar o maior número de</p><p>informações a respeito do cliente é fundamental para garantir um retorno sobre</p><p>o valor emprestado. Por isso, as empresas devem observar as três principais</p><p>formas de consulta a seguir.</p><p>1. Serviços de proteção ao crédito: existem diversas empresas que pres-</p><p>tam o serviço de consulta. No Brasil, o número de inadimplentes é</p><p>considerado elevado, sendo necessária a consulta dos antecedentes do</p><p>cliente. Estes não devem ser considerados como fatores excludentes</p><p>para a concessão, mas servir de alerta, demonstrando que o cliente já</p><p>tem um histórico de contrair dívidas.</p><p>2. Relatórios contábeis: as informações obtidas pela análise do balanço</p><p>patrimonial, DRE e outros índices financeiros demonstram a real</p><p>situação do futuro credor, mas, em alguns casos, é necessária uma</p><p>atenção especial.</p><p>3. Informações de mercado: compartilhar informações com outras empre-</p><p>sas também é uma prática bem comum, pois a troca de informações pode</p><p>revelar o comportamento do possível credor e o seu histórico comercial.</p><p>Após a definição da política de crédito, deve-se optar pela sua forma</p><p>de aplicação, podendo ser de forma rígida e conservadora, abrindo mão da</p><p>possibilidade de rentabilidade, ou adotando uma política mais flexível, au-</p><p>7Política de concessão de crédito</p><p>mentando a rentabilidade da carteira de crédito, levando em consideração um</p><p>risco maior de inadimplência.</p><p>3 Política de crédito e necessidade de capital de</p><p>giro</p><p>Informação é a base para que a política de crédito possa ser implementada</p><p>pela empresa. Ao obter os dados sobre o cliente e conhecer o seu perfi l, são</p><p>defi nidas as condições nas quais o dinheiro poderá ser emprestado.</p><p>A primeira fonte de informação para a estruturação do empréstimo ou do</p><p>financiamento é o próprio cliente. Durante as visitas realizadas ao cliente, é</p><p>possível conhecer as instalações, as pessoas e os processos de produção, de</p><p>comercialização ou de prestação de serviços. É possível identificar os níveis</p><p>de produção do cliente e conhecer seus planos futuros. A pasta cadastral do</p><p>cliente contém informações relevantes sobre o seu passado e o seu presente</p><p>(SILVA, 2016, p. 372).</p><p>A necessidade de financiamento depende de cada setor de atividade. No</p><p>setor industrial, são necessários os insumos de produção, a produção e a venda</p><p>de produtos acabados; na prestação de serviços, a comercialização acontece no</p><p>mesmo momento da sua prestação e do recebimento do serviço efetuado; no</p><p>setor de comércio, o tempo é definido pela aquisição do produto, pela venda</p><p>e pelo tempo de recebimento.</p><p>Para que todas essas atividades possam ser realizadas, a forma de captação</p><p>dos recursos</p><p>pode ser própria ou de terceiros. Quando os recursos são próprios,</p><p>o dinheiro é proveniente do patrimônio líquido ou da destinação dos lucros</p><p>da empresa. Os recursos de terceiros são obtidos por meio de crédito com</p><p>agentes financiadores (bancos, fornecedores, governo, etc.) e são analisados</p><p>de acordo com as suas necessidades.</p><p>O capital de giro de uma empresa é resultado da diferença entre o dinheiro</p><p>que a empresa tem e o valor que ela deve pagar de seus compromissos finan-</p><p>ceiros. Quando o valor das contas a pagar é maior do que o valor disponível,</p><p>o fluxo de caixa fica comprometido, dessa forma, é necessário verificar uma</p><p>estratégia para aumentar o valor em caixa por meio do aumento de vendas,</p><p>dos níveis de estoque ou da política de crédito.</p><p>Conforme Santos ([2009]), a determinação das políticas de crédito e co-</p><p>brança está estabelecida nas cinco diferentes formas a seguir.</p><p>Política de concessão de crédito8</p><p>1. Política de crédito liberal com cobranças rigorosas: não é feita uma</p><p>seleção dos clientes. Quando o pagamento não é realizado, a cobrança é</p><p>feita de forma mais agressiva por meio de cobranças judiciais, encargos</p><p>com multa e juros por atraso. Pode gerar bons resultados, mas aumenta</p><p>os custos de cobrança e o não recebimento das dívidas.</p><p>2. Política de crédito rigorosa e cobrança liberal: a análise do cliente segue</p><p>um padrão rígido, a concessão de crédito é feita apenas para os clientes</p><p>que têm capacidade de pagamento e são feitas exigências (garantias)</p><p>de que o pagamento será efetuado. Ao constatar o atraso, existe um</p><p>relaxamento na cobrança.</p><p>3. Política de crédito rigorosa e cobranças rigorosas: a análise do cliente</p><p>é rigorosa, bem como a cobrança por eventuais atrasos diminui o risco</p><p>de inadimplência, mas restringe o volume das vendas.</p><p>4. Política de crédito liberal e cobranças liberais: a liberação do crédito</p><p>ao cliente não segue um padrão determinado, bem como a forma de</p><p>cobrança. Nesse modelo, o volume de vendas obtém um resultado</p><p>muito alto, mas, por conta da dificuldade de recebimento, aumentam</p><p>as chances de fechamento das operações por conta da falta de dinheiro.</p><p>5. Política de crédito moderada e cobranças moderadas: a adoção de pro-</p><p>cessos de seleção para a concessão e a cobrança possibilita um maior</p><p>crescimento nas vendas, um controle do fluxo de caixa e o equilíbrio</p><p>nas cobranças da empresa.</p><p>Sendo assim, a estratégia de adoção da concessão do crédito impacta</p><p>diretamente no caixa da empresa, e as políticas de crédito mais rigorosas</p><p>diminuem o impacto na necessidade de capital de terceiros, diminuindo o risco</p><p>de inadimplência. Nesse caso, é necessário que a empresa verifique como a</p><p>concorrência atua, pois esse critério mais rigoroso pode inviabilizar a operação.</p><p>Ao se optar por uma política de crédito mais rigorosa ou seletiva, a empresa</p><p>deve levar em consideração que necessitará de capital de giro de terceiros,</p><p>pois o prazo médio de recebimento de suas contas será maior, diminuindo o</p><p>valor do caixa no curto prazo. Uma política de crédito mais liberal na política</p><p>de crédito da empresa leva a uma necessidade de capital de giro menor, tendo</p><p>em vista que o prazo médio de recebimento das contas será consideravelmente</p><p>menor, contudo, a inadimplência poderá ser maior.</p><p>9Política de concessão de crédito</p><p>BERK, J.; DEMARZO, P. Finanças empresariais. Porto Alegre: Bookman, 2009.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>SANTOS, F. S. Análise de crédito nas pequenas empresas gestão da Inform System nos pro-</p><p>cedimentos de crédito e cobrança: Curitiba 2008-2009. [2009]. Trabalho de Conclusão de</p><p>Curso (Bacharelado em Administração de Empresas) — Faculdade São Luís de França,</p><p>Aracaju, [2009]. Disponível em: https://portal.fslf.edu.br/wp-content/uploads/2016/12/</p><p>Fabiana_de_Souza-Santos.pdf. Acesso em 22 abr. 2020.</p><p>SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 9. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2016.</p><p>TAKANO, S. K. Crédito no varejo: para pessoas físicas ou jurídicas. Curitiba: InterSaberes,</p><p>2012.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Política de concessão de crédito10</p><p>FUNDAMENTOS DE</p><p>FINANÇAS</p><p>Silvano Antonio Alves Pereira Junior</p><p>Títulos e ações</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Reconhecer o papel do mercado de capitais na alavancagem financeira</p><p>de empresas.</p><p> Identificar os principais títulos e ações ofertados pelo mercado de</p><p>capitais.</p><p> Analisar as operações possíveis no mercado de capitais.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você estudará sobre a necessidade em que incorrem</p><p>algumas empresas e as possibilidades de financiamento que o mercado</p><p>de capitais proporciona e entenderá que no processo de crescimento e</p><p>expansão das atividades produtivas, uma empresa passa, naturalmente,</p><p>pela aquisição de novos equipamentos, contratação de novos funcionários</p><p>ou, até mesmo, a aquisição de maiores quantidades de seus insumos.</p><p>Esse processo, em muitos casos, não pode ser financiado utilizando-se</p><p>apenas o atual fluxo de caixa da companhia. Você verá, também, que</p><p>nesses momentos é comum que sejam procuradas fontes alternativas</p><p>de financiamento, desde um empréstimo bancário até a emissão de</p><p>títulos de dívida, pois existem dezenas de possibilidades, e você será</p><p>apresentado aos principais meios de financiamento que o mercado de</p><p>capitais (especialmente o brasileiro) disponibiliza.</p><p>1 Mercado de capitais e alavancagem financeira</p><p>O processo de alavancagem fi nanceira envolve, tipicamente, a utilização do</p><p>endividamento para multiplicar a rentabilidade da empresa. Uma fábrica, por</p><p>exemplo, que contrai dívida para que possa adquirir novos equipamentos,</p><p>aumentando, assim, a sua capacidade produtiva, o faz por acreditar que tal</p><p>movimentação pode conduzir a um aumento futuro de sua rentabilidade.</p><p>Essa utilização do capital de terceiros, mediante pagamento futuro acres-</p><p>cido de juros, é especialmente interessante quando o custo do capital é menor</p><p>que o retorno que se espera obter com o projeto. É importante observar que</p><p>o endividamento, ainda que seja uma das principais, não é a única forma de</p><p>uma companhia captar recursos para os seus projetos. Existem alternativas</p><p>à emissão de dívida; muitas delas passam pela utilização do capital próprio</p><p>da empresa. Em linguagem mais simples, existe a possibilidade de que seja</p><p>vendida, ou até mesmo cedida, uma parte do capital da empresa em troca de</p><p>recursos financeiros. Em ambas as possibilidades existem necessidades a</p><p>serem entendidas em cada projeto. É essencial saber se os recursos são para</p><p>um curto prazo, por exemplo, capital de giro, ou se a demanda provém de um</p><p>projeto de prazo, como a construção de novas plantas industriais ou lojas em</p><p>novas localidades.</p><p>Essa escolha envolve também um tema maior — a estrutura de capital.</p><p>Essencialmente, o gerente deve estudar e escolher entre emitir dívida ou</p><p>utilizar capital próprio da empresa para levantar recursos. Mais precisamente,</p><p>ele precisa escolher em qual proporção utilizará cada um deles.</p><p>Como apresentado por Gitman (2010), quanto mais dívidas uma empresa</p><p>usa em relação ao seu ativo total, maior a sua alavancagem financeira. Ala-</p><p>vancagem financeira é uma amplificação do risco e do retorno por meio do</p><p>uso de financiamento a custo fixo, como dívida e ações preferenciais. Quanto</p><p>mais dívidas de custo fixo uma empresa usa, maiores serão o risco e o retorno</p><p>esperados.</p><p>Entre os grandes ganhos que o mercado de capitais ofereceu aos adminis-</p><p>tradores</p><p>de empresas, certamente se encontra a grande variedade de títulos e</p><p>opções de financiamento que as empresas podem encontrar.</p><p>Não apenas pela quantidade, mas principalmente pela função que exerce, o</p><p>mercado de capitais é essencial a esse ambiente de financiamento/investimento.</p><p>É o mercado de capitais que possibilita uma conexão entre os fornecedores de</p><p>capital e as empresas que precisam deste. É claro, bancos também exercem</p><p>função semelhante, mas é no mercado de capitais que as oportunidades com</p><p>taxas mais atrativas são encontradas tanto na perspectiva da empresa quanto</p><p>na do investidor.</p><p>Atualmente, uma empresa pode emitir uma variedade de títulos de dívida</p><p>para captar recursos, principalmente para financiamento de projetos de longo</p><p>prazo. E isto cria não apenas uma alternativa às linhas de crédito oferecidas por</p><p>bancos, como também libera tais créditos para o financiamento de curto prazo.</p><p>Títulos e ações2</p><p>Uma empresa do setor de autopeças precisa de financiamento de longo prazo</p><p>para a expansão de uma unidade produtiva. O objetivo é conseguir um valor de R$</p><p>1.000.000,00, que será pago nos próximos dois anos. Seus gestores têm, no momento,</p><p>duas opções de financiamento:</p><p> Utilizar uma das linhas de crédito disponibilizadas por um banco. Neste caso, o</p><p>banco está disposto a fornecer o valor mediante o pagamento de uma taxa de</p><p>juros anual de 10,5%.</p><p> Emitir títulos de dívida no mercado de capitais. Para esta opção, a empresa realizou</p><p>um estudo e acredita que conseguiria emitir os títulos necessários para levantar o</p><p>capital pagando uma taxa de juros de 9% ao ano.</p><p>Com esses valores, a empresa economizaria 1,5% p.p. ao ano em pagamento de</p><p>juros ao escolher pela segunda opção de financiamento. Para a primeira opção, a</p><p>empresa pagaria um total de R$ 1.221.025,00, enquanto na segunda situação seriam</p><p>pagos R$ 1.188.100,00. Portanto, a escolha da emissão de títulos gera uma economia</p><p>de R$ 32,925,00 em relação à utilização da linha de crédito junto à instituição bancária.</p><p>Além, é claro, de manter a sua linha de crédito junto ao banco livre para ser utilizada</p><p>em uma eventual emergência ou em financiamentos de curto prazo.</p><p>Cabe, ainda, ressaltar que diante da grande quantidade de possibilidades</p><p>de financiamento que o mercado de capitais disponibiliza, as quais você verá</p><p>com mais detalhes na seção a seguir, é extremamente importante manter em</p><p>vista que essas escolhas sempre passam pelo planejamento da estrutura de</p><p>capital da companhia.</p><p>Apesar de pouco conhecidos pela população em geral, os títulos de dívida corporativa</p><p>são fontes de financiamento muito utilizadas. Em 2017, as novas emissões somaram</p><p>R$ 149,5 bilhões, conforme apurou a Unidade de Títulos e Valores Mobiliários da B3.</p><p>3Títulos e ações</p><p>2 Títulos e ações ofertados pelo mercado de</p><p>capitais</p><p>Agora, você conhecerá os principais títulos existentes no mercado de capitais,</p><p>por meio dos quais as empresas podem levantar recursos. Mais precisamente,</p><p>você estudará as características dos títulos, das debêntures, das notas comer-</p><p>ciais (no inglês, commercial papers) e das ações (preferenciais e ordinárias).</p><p>Debêntures</p><p>As debêntures têm se tornado uma das formas mais utilizadas de emissão</p><p>de dívida por empresas privadas. Segundo levantamento da B3, em 2017,</p><p>foram emitidos mais de R$ 89 bilhões em debêntures, cerca de 60% do valor</p><p>emitido naquele ano.</p><p>A B3 é a bolsa de valores oficial do Brasil, sediada na cidade de São Paulo. Ela surgiu da</p><p>fusão da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo (BM&FBOVESPA) com</p><p>a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), em 2017. O nome</p><p>aparece muitas vezes escrito como [B]3, fazendo alusão à tríade: Brasil, bolsa, balcão.</p><p>A BM&FBOVESPA surgiu em 2008, quando da fusão da Bolsa de Valores de São Paulo</p><p>(Bovespa), cuja criação remonta a 1890, e a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F),</p><p>fundada em 1917.</p><p>Debêntures são, essencialmente, títulos de dívida corporativa emitidos por</p><p>sociedades anônimas de capital aberto ou fechado e utilizados para financiar</p><p>projetos ou reestruturar dívidas da empresa. Esses títulos, tipicamente com</p><p>perfis de médio e longo prazos, concedem ao seu portador o status de credor</p><p>da companhia emissora. Este credor é chamado de debenturista. Cada título</p><p>representa uma parcela da dívida total emitida pela empresa, tendo juros,</p><p>prêmio, rendimentos e outros detalhes devidamente descritos na escritura de</p><p>sua emissão. Esses títulos devem ter prazo superior a 360 dias.</p><p>As debêntures podem ser classificadas em diferentes categorias a partir</p><p>de suas características. Vejamos algumas das principais.</p><p>Inicialmente, elas podem ser classificadas de acordo com a sua emissão.</p><p>Existem as debêntures nominativas, que têm um documento físico em nome</p><p>Títulos e ações4</p><p>do debenturista, no qual também ficam registradas as possíveis transferências</p><p>de titularidades. Existem ainda as escriturais, que não têm documento físico,</p><p>mas a posse do título é mantida em registro por instituição financeira.</p><p>Uma segunda classificação é quanto ao resgate dos títulos. Com respeito</p><p>a essa característica, as debêntures podem ser:</p><p> simples — são resgatadas obrigatoriamente em moeda nacional;</p><p> conversíveis em ações — podem ser resgatadas em moeda nacional ou</p><p>em ações emitidas pela empresa, de acordo com as condições estabe-</p><p>lecidas em escritura;</p><p> permutáveis — podem ser convertidas em ações emitidas pela empresa</p><p>ou ainda em outros títulos creditórios.</p><p>Finalmente, Cherobim, Lemes e Rigo (2010) destacam que as debêntures</p><p>ainda podem ser classificadas quanto às garantias necessárias para a sua</p><p>emissão.</p><p> Garantia real: o título é garantido por bens, móveis ou imóveis, podendo</p><p>ser bens da emissora, de companhias pertencentes à emissora ou ainda</p><p>de terceiros.</p><p> Garantia flutuante: esta espécie de debênture tem como garantia a</p><p>preferência sobre os ativos da companhia, isto é, tem prioridade de</p><p>pagamento em relação a outras debêntures ou títulos creditórios com</p><p>garantia real que tenham sido emitidos previamente.</p><p> Garantia quirografária: são, em suma, debêntures sem nenhuma das</p><p>garantias anteriores. Não oferece prioridade alguma sobre o ativo da</p><p>emissora.</p><p> Garantia subordinada: no caso de liquidação da companhia, oferece</p><p>preferência sobre o crédito dos acionistas.</p><p>Notas comerciais</p><p>As notas comerciais são títulos de curto prazo emitidos por sociedades anô-</p><p>nimas (S.A.) não fi nanceiras, sem garantia real, podendo ser garantidos por</p><p>fi ança bancária. É importante destacar o crescimento recente da utilização</p><p>dessa modalidade de título creditório. Segundo a B3, em 2017, o estoque foi</p><p>de cerca de R$ 25 bilhões, muito maior que o do ano anterior, que foi de cerca</p><p>de R$ 8 bilhões.</p><p>5Títulos e ações</p><p>Assim como nas debêntures, as notas comerciais podem ser emitidas por</p><p>sociedades anônimas, sejam elas de capital aberto ou fechado. Em geral, as</p><p>notas comerciais são utilizadas para captar recursos de curto prazo. O prazo</p><p>mínimo é de 30 dias, podendo ser de até 180 para sociedades anônimas de</p><p>capital fechado e 360 para S.A. de capital fechado. Esses títulos creditórios</p><p>costumam ser emitidos com taxas de juros pré ou pós-fixadas. No caso das</p><p>taxas pós-fixadas, o mais comum é que elas sejam atreladas ao Certificado</p><p>de Depósito Interbancário (CDI) ou ao IPCA + juros (sendo o IPCA o Índice</p><p>de Preços ao Consumidor Amplo).</p><p>Do ponto de vista das empresas, podemos destacar três grandes benefícios</p><p>desse tipo de captação.</p><p>1. Agilidade: esta modalidade de financiamento permite estruturar uma</p><p>capitação de recursos em até 15 dias. Sendo, portanto, excelente opção</p><p>para levantar capital de giro.</p><p>2. Não incidência de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): outra</p><p>vantagem desta ferramenta é a não incidência de IOF.</p><p>3. Taxas menores: por último, mas não menos importante, a emissão</p><p>de notas comerciais possibilita que as empresas possam conseguir</p><p>melhores taxas de juros.</p><p>Todavia, sob a perspectiva do investidor, poderíamos</p><p>destacar os seguintes</p><p>benefícios:</p><p> maior rentabilidade — notas comerciais podem proporcionar aos in-</p><p>vestidores a oportunidade de rendimentos maiores que os oferecidos</p><p>por produtos convencionais de bancos;</p><p> tributação regressiva — a alíquota de IR é de 22,5% para operações</p><p>com prazo de até 180 dias, e de 20% para operações de 181 até 360 dias.</p><p>Da perspectiva do investidor, talvez uma das grandes desvantagens das</p><p>notas comerciais seja a ausência do fundo garantidor de crédito.</p><p>Ações</p><p>As ações constituem uma classe de títulos com características diferentes</p><p>das duas apresentadas anteriormente. No caso das debêntures e das notas</p><p>comerciais, ambas eram títulos creditórios, tornando, portanto, seus portado-</p><p>res credores da empresa. Em resumo, quando uma empresa faz captação de</p><p>Títulos e ações6</p><p>recursos via emissão de debêntures ou notas comerciais, ela o faz por meio</p><p>de endividamento. Em contraponto, as ações possibilitam que a empresa</p><p>realize a captação de recursos pela venda do capital social da empresa. Esta é</p><p>a essência de uma ação: ela é um título nominativo e negociável que confere</p><p>ao seu portador uma parte do capital social da empresa junto com alguns</p><p>direitos e obrigações. O portador se torna benefi ciário do sucesso fi nanceiro</p><p>da empresa, assumindo, em contrapartida, parte dos riscos do negócio.</p><p>Essencialmente, o portador das ações, o acionista, tem, essencialmente,</p><p>apenas uma obrigação: pagar pelas ações que subscreveu. De acordo com os</p><p>direitos ao portador das ações, podemos classificá-las em: ações ordinárias</p><p>ou ações preferenciais.</p><p>As ações ordinárias têm como característica principal o direito ao voto. É</p><p>por meio deste que um acionista exerce seu controle sobre a companhia. Direito</p><p>que pode, por tempo determinado, ser transferido por meio de procuração.</p><p>Esse voto pode abranger escolhas como:</p><p> destinação de recursos;</p><p> escolha dos membros da diretoria;</p><p> aprovação de demonstrações contábeis.</p><p>Tipicamente, a maior parte das ações ordinárias costuma se concentrar</p><p>nas mãos de membros da diretoria, sendo que estes, muitas vezes, não têm a</p><p>intenção de diluir o seu poder de voto. Dessa forma, é recorrente que ações</p><p>preferenciais sejam utilizadas para fins de financiamento.</p><p>As ações preferenciais, por sua vez, têm prioridade sobre as ações ordinárias</p><p>quanto ao capital da empresa, seja no recebimento de dividendos ou ao receber</p><p>sua parte no caso de dissolução da empresa. Essa participação nos lucros,</p><p>por meio de dividendos, pode acontecer de algumas formas. De acordo com</p><p>Pinheiro (2019), temos as seguintes possibilidades para ações:</p><p> ações com um primeiro dividendo fixo, sendo pagas as preferenciais e</p><p>ordinárias, mais um segundo dividendo fixo (se os lucros permitirem),</p><p>cabendo o restante dos lucros às ações preferenciais;</p><p> ações com um primeiro dividendo fixo, sendo pagas as preferen-</p><p>ciais e ordinárias, e participação total nos lucros que restarem, desde</p><p>que, primeiro, seja concedida uma bonificação suplementar às ações</p><p>preferenciais;</p><p> ações com um primeiro dividendo fixo, sendo pagas as preferenciais e</p><p>ordinárias, e participação integral nos lucros restantes;</p><p>7Títulos e ações</p><p> ações com o direito a um primeiro dividendo fixo, sendo paga mais</p><p>uma bonificação suplementar que as ordinárias não recebem, por não</p><p>participarem integralmente dos lucros restantes.</p><p>Segundo a Lei das sociedades anônimas, as ações preferenciais deverão</p><p>ainda fornecer, ao menos, uma das seguintes vantagens aos seus acionistas:</p><p> direito de participar do dividendo a ser distribuído, correspondente a,</p><p>pelo menos 25% do lucro líquido do exercício;</p><p> direito ao recebimento de dividendo, por ação preferencial, pelo menos</p><p>10% maior do que o atribuído a cada ação ordinária;</p><p> direito de serem incluídas na oferta pública de alienação de controle,</p><p>assegurado o dividendo, pelo menos, igual ao das ações ordinárias.</p><p>Uma última observação importante, apresentada por Brealey, Myers e</p><p>Allen (2018), sobre as ações preferenciais é que no caso em que durante três</p><p>exercícios consecutivos não sejam pagos dividendos, os acionistas preferenciais</p><p>passam a ter direito de voto. Esta possibilidade acaba criando a possibilidade</p><p>de maior intervenção dos acionistas preferenciais sobre a direção da empresa.</p><p>Ações ordinárias também recebem dividendos. A principal diferença entre ordinárias,</p><p>no quesito dividendo, está na prioridade. As preferenciais recebem primeiro e, muitas</p><p>das vezes, um valor maior em dividendos.</p><p>Existe, ainda, um tipo não tão comum de ações: as units. Uma unit é um</p><p>pacote formado por uma ação ordinária e duas preferenciais. A ideia central</p><p>de uma unit é ser atrativa por combinar as características de ações ordinárias</p><p>e ações preferenciais em único ativo.</p><p>3 Emissão de títulos e ações</p><p>Agora que você já conhece um pouco sobre os principais títulos e também</p><p>sobre as ações, você aprenderá como esses títulos são emitidos. Para cada</p><p>Títulos e ações8</p><p>uma das possibilidades de fi nanciamento apresentada anteriormente existem</p><p>leis e normas.</p><p>Emissão de debêntures</p><p>Começamos pelas debêntures, títulos de dívida com perfi l de médio e longo</p><p>prazos que podem ser emitidos por sociedade, por ações de capital aberto ou</p><p>fechado. Essa emissão é regida pela Lei nº. 6.385/76, que criou a Comissão de</p><p>Valores Mobiliários (CVM) e disciplinou o mercado de capitais.</p><p>As emissões de debêntures precisam respeitar, por exemplo, os critérios</p><p>quanto ao volume da emissão. Para emissões com garantia real, podem ser</p><p>emitidas debêntures quando o valor de emissão for superior ao do capital</p><p>social em até 80% do valor dos bens gravados da empresa. Todavia, para o</p><p>caso de emissão com garantia flutuante, podem ser emitidas debêntures com</p><p>valor de até 70% do valor contábil do ativo da empresa. Por último, no caso</p><p>de emissões quirografárias, podem ser emitidas debêntures até o valor do</p><p>capital social da empresa.</p><p>É possível que, da emissão da debênture, a emissora determine a possi-</p><p>bilidade de amortização e resgates antecipados. Estes podem ser de caráter</p><p>extraordinário, quando a data e os critérios não estiverem previstos na escritura,</p><p>ou programado, quando esses são previstos na escritura.</p><p>A emissão desses títulos costuma se dividir, ainda, em pública e privada. No</p><p>caso da emissão privada, os títulos são vendidos diretamente aos interessados,</p><p>sem intermediação financeira. No caso da emissão pública, faz-se necessária</p><p>a intermediação de um agente financeiro.</p><p>Entre os requisitos para que uma empresa esteja apta a emitir debêntures,</p><p>podemos destacar os seguintes:</p><p> registro de companhia aberta;</p><p> registro de emissão na CVM;</p><p> inscrição da escritura de emissão no registro do comércio;</p><p> constituição das garantias, quando for necessário.</p><p>Outro importante participante no mercado de debêntures são as agências</p><p>de rating. Estas agências, dentre as quais podemos destacar Moody’s, S&P</p><p>e Fitch, são responsáveis por avaliar o risco ou a qualidade dos títulos de</p><p>dívida emitidos.</p><p>9Títulos e ações</p><p>Emissão de notas comerciais</p><p>A emissão de notas tem um processo um pouco mais simples e fl exível, se</p><p>comparada às debêntures. Inclusive, essa fl exibilidade que as notas comerciais</p><p>oferecem, quanto a prazos e juros, é também outra vantagem dessa classe de</p><p>títulos de crédito.</p><p>Apesar da flexibilidade, existem algumas características que devem estar</p><p>presentes na emissão do título. Destaque para:</p><p> duração do título;</p><p> juros;</p><p> condições de pagamento e resgate antecipado.</p><p>Outra característica das notas comerciais é que estas são emitidas com</p><p>deságio do seu valor nominal.</p><p>Imagine que a empresa Hot Cars tenha emitido uma nota comercial no valor nominal</p><p>de R$ 1.000.000,00 e que essa nota seja vendida a um investidor por R$ 960.000,00, com</p><p>vencimento em 120 dias (quatro meses). Qual seria o rendimento mensal percebido</p><p>pelo investidor?</p><p>Primeiramente, observe que a rentabilidade total do investidor é:</p><p>Colocando em termos mensais, obtemos:</p><p>Abertura</p><p>de capital e oferta pública inicial</p><p>A abertura do capital social de empresa, por meio da oferta pública de ações,</p><p>talvez seja uma das mais interessantes de captação de recursos. A emissão</p><p>desses títulos ao público é possível, em grande parte, pelo desejo dos investi-</p><p>Títulos e ações10</p><p>dores em participar dos lucros e resultados, tomando, em contrapartida, parte</p><p>dos riscos do negócio.</p><p>A empresa, por sua vez, consegue captar grande quantidade de recursos</p><p>em um período de tempo pequeno, utilizando o seu capital próprio, tendo, em</p><p>compensação, que arcar com as exigências legais para a abertura de capital e</p><p>com os custos implicados por essas. O primeiro passo é conseguir o registro</p><p>de companhia aberta junto à CVM. Para tal, é necessário que sejam cumpridas</p><p>as exigências legais, em conformidade com a Lei nº. 6.404/76, e os requeri-</p><p>mentos de listagem da BM&FBOVESPA e de registro de Companhia Aberta</p><p>da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). É comum, e natural, que junto</p><p>a esse pedido já ocorra o pedido de venda de ações ao público.</p><p>Essa primeira oferta de ações é chamada Oferta Pública Inicial, mas é</p><p>comum referir-se a ela como IPO (do inglês Initial Public Offering). A forma</p><p>como essa oferta inicial acontece é classificada entre distribuição primária,</p><p>distribuição secundária ou uma combinação de ambas. Veja as diferenças:</p><p> Distribuição primária: neste cenário, a empresa é o emitente, e o dinheiro</p><p>levantado é canalizado para o caixa da empresa.</p><p> Distribuição secundária: aqui as ações existem e foram subscritas no</p><p>passado. O dinheiro vai direto para o acionista que está realizando a</p><p>venda.</p><p> Modelo misto: este cenário, muito comum, ocorre quando parte das</p><p>ações está sobre controle da empresa e outra parte sobre o controle de</p><p>acionistas.</p><p>No processo de IPO, as empresas realizam um road show, uma mostra,</p><p>para apresentar as suas principais características aos investidores interessados</p><p>em subscrever os papéis.</p><p>Para realizar o IPO, além de toda a adequação legal envolvendo a estrutura</p><p>da empresa, as demonstrações contábeis e o compliance, a empresa precisa</p><p>de um intermediador financeiro (Sociedade Corretora, Sociedade Distribui-</p><p>dora, Banco de Investimento e Banco Múltiplo), que realiza a intermediação</p><p>financeira entre ela e os compradores. O intermediador financeiro (ou grupo</p><p>de intermediadores financeiros) realiza, então, a subscrição (underwriting)</p><p>pública de ações, que pode ser:</p><p> subscrição do tipo puro — na qual a intermediadora garante a subscrição</p><p>e a integralização total das novas ações emitidas;</p><p>11Títulos e ações</p><p> subscrição do tipo residual (stand by) — a instituição financeira não</p><p>se compromete com a total subscrição e integralização no momento do</p><p>lançamento. Há, no entanto, o compromisso de tentar negociar as ações</p><p>junto ao mercado por um período de tempo predeterminado. Findado</p><p>este período, os ativos não negociados são devolvidos ao emissor;</p><p> subscrição do tipo de melhor esforço (best effort) — aqui a instituição</p><p>financeira não assume nenhum compromisso com a subscrição e a</p><p>integralização no momento do lançamento, ficando o risco de sua</p><p>colocação no mercado integralmente com o emissor. A instituição</p><p>financeira se compromete apenas em realizar o melhor esforço para</p><p>colocar os papéis no mercado.</p><p>Na contramão do IPO, temos a Oferta Pública de Aquisição (OPA), processo</p><p>em que a empresa, ou grupo controlador, realiza uma oferta de recompra</p><p>do total de ações em circulação no mercado. Esse procedimento é parte do</p><p>fechamento de capital de uma empresa.</p><p>Por último, como apresentado por Assaf Neto (2018), a sociedade incorre</p><p>em diversos custos no processo de abertura de capital. Destacamos a seguir.</p><p> Custos legais: taxas e emolumentos pagos para atendimentos das exi-</p><p>gências legais.</p><p> Custos de publicidade: gastos com prospecto de lançamento e divulgação</p><p>na mídia no processo.</p><p> Custos de intermediário: custos, garantias e comissões pagas ao in-</p><p>termediário que atuou na colocação dos papéis junto aos investidores.</p><p> Custos administrativos: gastos com estruturação interna para a abertura</p><p>do capital.</p><p>Seja por meio da possibilidade da emissão de obrigações com condições</p><p>mais flexíveis ou da utilização de capital próprio da empresa, como na emissão</p><p>de ações, o mercado de capitais cumpre sua função de conectar agentes supe-</p><p>ravitários, os fornecedores de capital, às empresas que precisam desse capital</p><p>para financiar projetos e realizar a alavancagem financeira. É importante,</p><p>ainda, destacar que existem outros tantos títulos disponíveis no mercado de</p><p>capitais. Fica aqui uma provocação para que você possa pesquisar ainda mais</p><p>sobre as diversas possibilidades que são oferecidas, bem como suas vantagens</p><p>e desvantagens.</p><p>Títulos e ações12</p><p>ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 12. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2018.</p><p>CHEROBIM, A. P. M. S; LEMES JR, A. B.; RIGO, C. M. Administração financeira: princípios,</p><p>fundamentos e práticas financeiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>PINHEIRO, J. L. Mercado de capitais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BANCO CENTRAL DO BRASIL. [2020]. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/. Acesso</p><p>em: 25 maio 2020.</p><p>COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. [20––?]. Disponível em: http://www.cvm.gov.</p><p>br/. Acesso em: 25 maio 2020.</p><p>CUNTO, R.; OLIVON, B. MP da Liberdade Econômica pode aumentar oferta de debêntures.</p><p>2019. Disponível em: https://valorinveste.globo.com/produtos/renda-fixa/debentures-</p><p>-e-divida-privada/noticia/2019/07/30/mp-da-liberdade-economica-pode-aumentar-</p><p>-oferta-de-debentures.ghtml. Acesso em: 25 maio 2020.</p><p>HOJI, M. Administração financeira e orçamentária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>SHENG, H. H.; SAITO, R. Importância do Rating na Padronização de Debêntures. Revista</p><p>de Administração de Empresas, v. 46, n. 2, p. 42–54, 2006. Disponível em: http://www.</p><p>scielo.br/pdf/rae/v46n2/v46n2a05.pdf. Acesso em: 25 maio 2020.</p><p>13Títulos e ações</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Títulos e ações14</p><p>FUNDAMENTOS DE</p><p>FINANÇAS</p><p>Luana dos Santos Fraga</p><p>Cenário econômico</p><p>e valor de mercado</p><p>das organizações</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Identificar o impacto do cenário macroeconômico sobre o valor de</p><p>mercado das empresas.</p><p> Relacionar os diferentes métodos de avaliação de empresas.</p><p> Correlacionar as influências externas com a valorização das empresas.</p><p>Introdução</p><p>Os métodos de avaliação de empresas têm como propósito mensurar o</p><p>seu valor intrínseco, ou seja, o seu preço justo. No entanto, avaliar o valor</p><p>de mercado de uma organização não é um procedimento fácil e exige</p><p>muita cautela dos avaliadores, principalmente em países emergentes</p><p>como o Brasil. Incertezas sobre economia, interferências governamen-</p><p>tais, controle da inflação, volatilidade das taxas de juros, concorrência e</p><p>tendências de faturamento apresentam significativo impacto no valor</p><p>de mercado das organizações e devem ser consideradas no momento</p><p>do processo de avaliação, também conhecido como valuation (CUNHA;</p><p>MARTINS; ASSAF NETO, 2014; PAREDES; OLIVEIRA, 2017).</p><p>Neste capítulo, você verá de que forma as variáveis econômicas, como</p><p>inflação, desemprego, produto interno bruto e acontecimentos impor-</p><p>tantes no ambiente político, econômico e social impactam</p><p>no valor de</p><p>mercado das empresas. Além disso, você estudará sobre os métodos</p><p>de avaliação de empresas e identificará como determinadas variáveis</p><p>influenciam na sua valorização ou desvalorização.</p><p>1 Impactos do cenário econômico no valor de</p><p>mercado das empresas</p><p>O valor de mercado de empresas de capital aberto é formado com base na</p><p>disposição dos investidores em adquirir e vender suas ações. Eles estabele-</p><p>cem, de forma racional, o preço de mercado que aceitariam negociar as ações</p><p>de determinada organização, com base nos resultados futuros esperados</p><p>e considerando o risco do investimento. Se os investidores apresentarem</p><p>expectativas otimistas com relação ao desempenho futuro de uma empresa,</p><p>maior é o seu valor de mercado, porém, quando acreditam que a empresa</p><p>não terá bons resultados no futuro, cria-se uma expectativa negativa, o que</p><p>acaba levando a uma desvalorização de seu valor de mercado (ASSAF NETO;</p><p>LIMA, 2014, p. 750).</p><p>Essas expectativas positivas ou negativas são formadas por meio de dife-</p><p>rentes fatores, incluindo aqueles relacionados ao cenário macroeconômico.</p><p>Por exemplo, se o país está passando por um período de instabilidade do</p><p>sistema político, econômico ou social, com altas taxas de desemprego e in-</p><p>flação, consequentemente haverá uma diminuição do consumo, impactando</p><p>negativamente nos lucros e nas expectativas relacionadas à empresa. Dessa</p><p>forma, o valor que os investidores estariam dispostos a pagar por suas ações</p><p>teria uma queda, diminuindo, assim, o seu valor de mercado. Por outro lado,</p><p>quando há um cenário de crescimento econômico, em geral, há maiores lucros</p><p>empresariais, o que reflete em uma alta no preço das ações negociadas.</p><p>No Quadro 1 são apresentadas as 15 empresas de capital aberto que apresen-</p><p>taram a maior queda do seu valor de mercado entre 03 de março e 02 de maio</p><p>de 2020, período em que o Brasil e o restante do mundo estavam vivendo um</p><p>cenário econômico de incertezas diante de uma crise em função da pandemia</p><p>da COVID-19, que representa um exemplo de alto impacto para a economia.</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações2</p><p>Empresa Sobre a empresa</p><p>Variação do valor</p><p>de mercado</p><p>IRB Brasil Líder em resseguros na América</p><p>Latina. Está entre as 10 maiores</p><p>resseguradoras do mundo</p><p>em valor de mercado.</p><p>–70,89%</p><p>Lojas Marisa Rede brasileira de moda</p><p>feminina e lingerie.</p><p>–66,47%</p><p>IMC É uma das maiores empresas de</p><p>alimentação fora do lar no Brasil,</p><p>atuando também no Panamá, na</p><p>Colômbia e nos Estados Unidos.</p><p>–64,87%</p><p>Moura Dubeux Construtora e incorporadora com</p><p>foco no Nordeste, atua no segmento</p><p>de residenciais com serviços e flats</p><p>voltados a consumidores de médio</p><p>e alto padrão e estrangeiros.</p><p>–63,39%</p><p>Smiles Empresa que administra o programa</p><p>de milhagem em que os clientes da</p><p>Gol Linhas Aéreas e suas companhias</p><p>aéreas parceiras podem acumular</p><p>pontos e trocar por benefícios</p><p>em turismo e entretenimento.</p><p>–62,32%</p><p>Via Varejo Empresa brasileira de comércio</p><p>varejista responsável pelas redes</p><p>de lojas das bandeiras Casas</p><p>Bahia e Pontofrio, além das suas</p><p>respectivas lojas virtuais.</p><p>–61,77%</p><p>Quadro 1. Empresas que sofreram maior percentual de desvalorização do seu valor de</p><p>mercado diante de um cenário macroeconômico afetado pela pandemia do COVID-19 no</p><p>período de 03 de março a 02 de maio de 2020</p><p>(Continua)</p><p>3Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>Empresa Sobre a empresa</p><p>Variação do valor</p><p>de mercado</p><p>Le Lis Blanc Empresa de varejo de moda que</p><p>opera no Brasil, na Itália e no</p><p>Panamá. É dona das marcas Le Lis</p><p>Blanc, Dudalina, Rosa Chá, John</p><p>John, Bo.Bô, Individual e Base.</p><p>A empresa atua voltada para o</p><p>segmento de alto padrão.</p><p>–61,07%</p><p>Azul Uma das principais companhias</p><p>aéreas do Brasil, com o maior número</p><p>de decolagens e cidades atendidas.</p><p>Opera diversas rotas regionais e</p><p>é operadora única em cerca de</p><p>70% de suas rotas, o que permite</p><p>que pratique tarifas superiores.</p><p>–60,51%</p><p>Cogna Organização que atua na área de</p><p>educação, tanto no Ensino Superior</p><p>Presencial como a distância,</p><p>além de Educação Básica.</p><p>–60,36%</p><p>Guararapes Empresa proprietária da rede</p><p>Riachuelo de lojas de departamento e</p><p>vestuário. Adota o modelo integrado</p><p>entre indústria (Guararapes), varejo</p><p>(Riachuelo), logística e transporte</p><p>(Transportadora Casa Verde) e</p><p>financeiro (Banco Midway).</p><p>–60,33%</p><p>Springs Global É líder no mercado de cama,</p><p>mesa e banho, com operações</p><p>no Brasil e na Argentina, e</p><p>subsidiárias nos Estados Unidos.</p><p>–58,52%</p><p>Quadro 1. Empresas que sofreram maior percentual de desvalorização do seu valor de</p><p>mercado diante de um cenário macroeconômico afetado pela pandemia do COVID-19 no</p><p>período de 03 de março a 02 de maio de 2020</p><p>(Continuação)</p><p>(Continua)</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações4</p><p>Por meio do Quadro 1 é possível identificar que as empresas com maior</p><p>desvalorização no seu valor de mercado pertencem aos setores mais atingidos</p><p>pelo isolamento social (ação implementada pelas autoridades sanitárias para</p><p>conter o avanço do vírus), como os de seguradoras; tecidos, vestuário e cal-</p><p>çados; restaurantes e similares; incorporações, transporte aéreo e programas</p><p>de fidelização.</p><p>Fonte: Adaptado de Voglino (2020).</p><p>Empresa Sobre a empresa</p><p>Variação do valor</p><p>de mercado</p><p>PetroRio Empresa brasileira com foco em</p><p>produção de petróleo e gás, no</p><p>investimento e na recuperação de</p><p>ativos em produção, especializada</p><p>na gestão eficiente de reservatórios</p><p>e no desenvolvimento de campos</p><p>maduros e dedicada à produção, à</p><p>exploração, à comercialização e ao</p><p>transporte de petróleo e gás natural.</p><p>–57,61%</p><p>Karsten Fabricante e varejista de itens</p><p>de cama, mesa, banho e tecidos</p><p>para decoração. Os produtos são</p><p>comercializados em mais de 7 mil</p><p>pontos pelo país, além de também</p><p>estar presente em mais 23 países.</p><p>–57,52%</p><p>Even Atua com construção e</p><p>incorporação imobiliária, operando,</p><p>principalmente, nas regiões de São</p><p>Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte</p><p>e Porto Alegre. Sua atuação é</p><p>tanto com empreendimentos</p><p>comerciais como residenciais.</p><p>–57,39%</p><p>Yduqs Part É a nova marca da Estácio</p><p>Participações. Empresa especializada</p><p>em educação com atuação</p><p>focada no Ensino Superior.</p><p>–57,28%</p><p>Quadro 1. Empresas que sofreram maior percentual de desvalorização do seu valor de</p><p>mercado diante de um cenário macroeconômico afetado pela pandemia do COVID-19 no</p><p>período de 03 de março a 02 de maio de 2020</p><p>5Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>A seguir são apresentadas algumas das variáveis macroeconômicas com</p><p>grande impacto sobre o valor de mercado das empresas e o mecanismo pelo</p><p>qual elas se correlacionam (REIS, 2018).</p><p>Infl ação — É uma das variáveis macroeconômicas mais perceptíveis no dia a</p><p>dia das pessoas, pois se refere à taxa de aumento dos preços na economia em</p><p>um determinado período. Um cenário em que a taxa de infl ação é alta, sem</p><p>aumento nos salários, diminui o poder de compra da população, e, com isso,</p><p>diminui o consumo, as vendas, os lucros, e assim por diante, levando a uma</p><p>diminuição do valor de mercado das empresas.</p><p>Desemprego — Uma economia com um alto índice de desemprego tende a</p><p>apresentar uma queda no consumo, dessa forma, as empresas faturam menos e</p><p>o PIB se torna menor, também levando a uma diminuição do valor de mercado.</p><p>Taxa de juros — É um instrumento de política monetária utilizado pelo</p><p>Banco Central (Bacen) para direcionar a economia. É uma variável muito</p><p>importante, pois estabelece o custo do crédito. Por exemplo, quando o Bacen</p><p>tem como objetivo fornecer estímulo à economia, a taxa de juros é reduzida,</p><p>o que diminui o custo dos empréstimos e dos fi nanciamentos. Dessa forma,</p><p>as empresas podem investir mais facilmente em novos projetos, tecnologia,</p><p>contratações, entre outros aspectos que podem aumentar o valor de mercado</p><p>da empresa no longo prazo. No entanto, uma redução da taxa de juros pode</p><p>causar um aumento na infl ação, o que teria o efeito oposto no valor de mercado.</p><p>Consumo — Quanto maior o consumo das famílias, maior a</p><p>receita das</p><p>empresas e taxas de desemprego mais baixas. Muitos investidores observam</p><p>cuidadosamente os índices de consumo e de confi ança do consumidor, pois,</p><p>quando eles estão em alta, espera-se um aumento no consumo nos meses</p><p>seguintes, levando a um aumento do valor de mercado das empresas.</p><p>PIB (Produto Interno Bruto) — É a soma de todas as riquezas produzidas</p><p>por um país durante um período determinado. Por meio dele é possível iden-</p><p>tifi car se a economia está crescendo, estagnada ou em crise. Em períodos de</p><p>recessão, há aumento no desemprego, queda no consumo e, consequentemente,</p><p>na produção. Com isso, o PIB cai, ou ao menos deixa de crescer, afetando</p><p>negativamente o valor de mercado das empresas. Do contrário, se o PIB cresce,</p><p>signifi ca que a economia está passando por um bom momento, assim, o valor</p><p>de mercado das empresas tende a aumentar.</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações6</p><p>Alterações no mercado externo também podem influenciar no valor de</p><p>mercado de empresas, pois há muita compra e venda de ações por estrangeiros</p><p>que buscam investimentos mais rentáveis. É importante saber que algumas</p><p>variáveis macroeconômicas afetam negócios e setores diferentemente, enquanto</p><p>outras variáveis têm efeito similar nas empresas. Por isso, para identificar o</p><p>efeito dessas variáveis sobre as empresas, deve-se saber quais delas tiveram</p><p>maior variação e o contexto dessas alterações (REIS, 2018).</p><p>2 Métodos de avaliação de empresas</p><p>A avaliação do valor de mercado das empresas tem se tornado uma ferramenta</p><p>cada vez mais recorrente, pois agrega informações importantes tanto para o</p><p>gerenciamento das organizações quanto para situações específi cas, como gestão</p><p>de carteiras, aplicações fi nanceiras de investidores individuais, processos de</p><p>fusões e aquisições, além de fi ns legais e tributários (SANTOS; SOUZA;</p><p>RIBEIRO, 2016; DAMODARAM, 2012). Os métodos mais conhecidos e utili-</p><p>zados de avaliação de empresas são: valor contábil, valor de liquidação, valor</p><p>de mercado, múltiplos de valor da empresa e fl uxo de caixa livre descontado.</p><p>Segundo Damodaran (2012), a escolha do método de avaliação depende</p><p>do objetivo e das características do ativo a ser avaliado. Além disso, exige</p><p>conhecimento estratégico e técnico, conhecimento sobre o setor a ser avaliado</p><p>e as condições em que a empresa se encontra. O valor final encontrado pode</p><p>variar dependendo do método e das premissas usadas para a realização dos</p><p>cálculos, como percepção de mercado e expectativas de crescimento da empresa</p><p>(GARCIA, 2020). A seguir são apresentados de forma sucinta os principais</p><p>métodos utilizados.</p><p>Valor contábil, valor de liquidação e valor de mercado</p><p>O valor contábil consiste em utilizar o valor dos ativos e passivos contábeis,</p><p>de forma a apurar o patrimônio líquido da empresa. A sua utilização, apesar</p><p>de mais simples, pode chegar a um valor inferior ao valor de mercado real</p><p>da empresa, pois omite os ativos intangíveis importantes, tais como marcas</p><p>e patentes (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2013).</p><p>Em relação ao valor de liquidação, este representa o resultado que se obteria</p><p>de um eventual encerramento das atividades da empresa, em que todos os ativos</p><p>fossem vendidos aos preços vigentes no mercado, todo o passivo fosse quitado</p><p>e quaisquer fundos restantes fossem divididos entre os acionistas ordinários</p><p>7Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>(ASSAF NETO; LIMA, 2014; GITMAN, 2010). “Essa medida é mais realista</p><p>do que o valor patrimonial, porque se baseia no valor corrente de mercado dos</p><p>ativos da empresa, mas, ainda assim, deixa de levar em consideração o poder</p><p>de rendimento desses ativos” (GITMAN, 2010, p. 307).</p><p>A avaliação pelo valor de mercado é bem simples, pois consiste na mul-</p><p>tiplicação do valor da cotação da empresa no mercado (valor da ação) pelo</p><p>número de ações que ela tem no seu balanço. Porém, esse método é restrito a</p><p>empresas de capital aberto.</p><p>Fluxo de caixa descontado</p><p>O modelo de avaliação pelo fl uxo de caixa descontado estima o valor da empresa</p><p>considerando o valor presente de seus fl uxos de caixa esperados, descontado</p><p>o custo futuro médio esperado dos fundos de longo prazo (GITMAN, 2010).</p><p>Em outras palavras, o fl uxo de caixa descontado é uma projeção daquilo que</p><p>a empresa irá produzir no futuro, com os descontos do tempo e dos riscos</p><p>assumidos (REIS, 2017).</p><p>É um método mais completo que os outros métodos apresentados, pois</p><p>contempla a previsão do ambiente externo (consumidores, concorrência,</p><p>conjuntura econômica, globalização, entre outros), o qual impacta fortemente</p><p>na estimativa de crescimento das receitas, dos custos e das despesas futuras.</p><p>O FDC também considera o risco de acordo com o segmento que a empresa</p><p>está inserida e o custo do capital no tempo (LIMA, c2020).</p><p>Múltiplos de mercado</p><p>Estima-se o valor da empresa por meio da aplicação de um fator de referência,</p><p>o qual tem como base empresas já avaliadas que atuam no mesmo segmento,</p><p>sendo tal fator multiplicado pelo número de lucros, receitas ou EBITDAs (lucro</p><p>líquido ajustado das despesas fi nanceiras, dos impostos e da depreciação e</p><p>amortização) (LIMA, c2020).</p><p>Para realizar essa avaliação, os preços devem ser convertidos em múltiplos</p><p>de alguma variável de referência. Por exemplo, o índice de preço/lucro (P/L) de</p><p>uma ação equivale a demonstrar a relação entre o preço do ativo e o seu lucro</p><p>por ação. Assim, ao se fixar o P/L em 3,0, por exemplo, entende-se que o valor</p><p>de mercado da ação deve ser três vezes o seu lucro por ação. O múltiplo de</p><p>vendas permite que se calcule o valor de uma empresa a partir de suas receitas</p><p>operacionais de vendas. Por exemplo, uma livraria que apresenta vendas anuais</p><p>de R$ 800.000 pode ser avaliada multiplicando-se esse resultado por um</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações8</p><p>múltiplo recomendado ao setor. Se o múltiplo selecionado for de 2,5, o valor</p><p>de mercado da livraria será de R$ 2.000.000 (ASSAF NETO; LIMA, 2014).</p><p>As vantagens da utilização desse método é a simplicidade e a rapidez</p><p>dos cálculos, pois ele pode ser apurado rapidamente e com um mínimo de</p><p>informações. Por outro lado, as desvantagens se referem à identificação de</p><p>ativos similares no mercado, pois empresas que atuam no mesmo segmento</p><p>de mercado podem apresentar diferenças de risco, capacidade de geração de</p><p>caixa e perspectivas de crescimento (ASSAF NETO; LIMA, 2014). Na Figura</p><p>1 é apresentado um resumo dos principais métodos de avaliação de empresas.</p><p>Figura 1. Características dos principais métodos de avaliação.</p><p>Fonte: Wandey (2019, documento on-line).</p><p>Apesar da existência desses métodos e orientações para o cálculo de cada</p><p>um, não é possível a determinação do valor totalmente correto de uma entidade,</p><p>pois o processo de avaliação contempla uma série de decisões subjetivas que</p><p>buscam um propósito específico, adaptando-se conforme o objetivo de cada</p><p>avaliação. Esse objetivo poderá ser tanto para a avaliação interna quanto ex-</p><p>terna, para fins de compra, venda ou quaisquer tipos de negociações (SOUSA;</p><p>BANDEIRA, 2017).</p><p>3 Influências externas e valorização das</p><p>empresas</p><p>No primeiro objetivo foi analisado o efeito do cenário macroeconômico e de</p><p>variáveis como infl ação, taxa de juros, desemprego e PIB sobre o valor de</p><p>mercado das grandes empresas. No entanto, variáveis setoriais e variáveis</p><p>9Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>de mercado também podem contribuir para a valorização ou desvalorização</p><p>das empresas.</p><p>Como variáveis setoriais podem ser elencadas: representatividade do setor,</p><p>desempenho dos concorrentes, tendências de faturamento e consumo, entre</p><p>outros aspectos ligados à área de atuação da companhia. Deve-se ter em mente</p><p>que uma empresa é parte de um contexto maior de atividades integradas e</p><p>que interagem com cadeias produtivas, arranjos concorrenciais, entre outros</p><p>condicionamentos setoriais. Dessa forma, suas estatísticas de evolução dos</p><p>últimos anos, condições de concorrência, barreiras protecionistas</p><p>internas</p><p>ou externas, facilidade de obtenção dos insumos de produção, e tudo mais</p><p>que possa interferir nas condições normais de atividade do setor, fornecendo</p><p>informações e identificando tendências, apresentam condições de impactar</p><p>nos resultados de um negócio.</p><p>Em relação às variáveis do mercado, estas representam a relação entre</p><p>oferta e demanda e as expectativas dos investidores. Se uma empresa oferece</p><p>indícios de bons resultados, muitos investidores irão comprar suas ações,</p><p>tornando-a mais cara em função do excesso de demanda. Por outro lado, se</p><p>as expectativas forem pessimistas, a demanda irá diminuir, baixando o preço</p><p>de suas ações e, consequentemente, do seu valor de mercado. Nos exemplos</p><p>a seguir você verá de forma prática como fatores externos podem impactar</p><p>negativamente no valor de mercado de grandes empresas.</p><p>O caso da Petrobrás — Dia 06 de março de 2020, sexta-feira, a Petrobrás</p><p>encerrou o dia valendo R$ 306,9 bilhões. Na segunda-feira, dia 09 de março</p><p>de 2020, seu valor caiu para R$ 215,8 bilhões, perda de 29,7%. Essa redução é</p><p>explicada pela guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, que derrubou</p><p>o preço do petróleo. A decisão dos sauditas, que foi interpretada como uma</p><p>guerra de preços, veio após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo</p><p>(OPEP) e os aliados da OPEP+ não conseguirem fechar um acordo, no dia 06</p><p>de março, para diminuir a produção de petróleo do grupo, como parte de uma</p><p>estratégia para que o preço do petróleo não caísse tanto, em função do excesso</p><p>de oferta ocorrida por causa da disseminação da COVID-19 em diversos países.</p><p>A Rússia, líder informal da OPEP+, não aceitou a proposta de reduzir a oferta</p><p>coletiva em mais 1,5 milhão de barris por dia, diminuindo expressivamente</p><p>o preço do Petróleo. Resumidamente, a disputa ocorreu em consequência da</p><p>expansão do novo vírus pelo mundo e seu impacto na economia global.</p><p>O caso da Vale — Criada em 1942, no estado de Minas Gerais, a antiga</p><p>estatal é hoje uma empresa de capital aberto com sede no Rio de Janeiro. As</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações10</p><p>suas ações são negociadas na bolsa de valores de São Paulo, bem como na</p><p>de Nova Iorque, de Paris e de Madri. A mineradora está no ranking das três</p><p>maiores mineradoras do mundo, no entanto, há diversos fatores que podem</p><p>infl uenciar tanto na sua valorização quanto na sua depreciação. Um deles são</p><p>os riscos ambientais, que podem levar a grandes tragédias como as ocorridas</p><p>em Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais. No caso de Mariana, no ano de</p><p>2015, as ações da Vale caíram de R$ 20 (em outubro de 2015) para R$ 9,37 (em</p><p>janeiro de 2016). Um dia após o rompimento da barragem em Brumadinho, as</p><p>ações da Vale tiveram queda de 24,5%. Outro fator que pode resultar em uma</p><p>queda do valor de mercado da empresa é a queda no preço das commodities.</p><p>Uma redução no preço do minério de ferro, principal produto que a empresa</p><p>produz, certamente levaria a uma depreciação. Em novembro de 2018, o seu</p><p>valor de mercado chegou a cair cerca de 20% por esse motivo.</p><p>O caso da Amazon — A Amazon, empresa transnacional de tecnologia dos</p><p>Estados Unidos, com foco no comércio eletrônico, computação em nuvem,</p><p>streaming digital e inteligência artifi cial, atingiu em abril de 2020 um valor</p><p>de mercado de mais de US$ 1,1 trilhão, o maior valor de sua história. A valo-</p><p>rização do valor de mercado da empresa se deve principalmente ao aumento</p><p>na demanda pelo comércio eletrônico, em função do fechamento de lojas e da</p><p>insegurança das pessoas em irem a supermercados e lojas físicas em função</p><p>do novo Coronavírus.</p><p>O caso da Cielo — a Cielo, empresa de tecnologia e serviços fi nanceiros de</p><p>meios de pagamento para o varejo, enfrenta a “guerra das maquininhas”, na</p><p>qual a competitividade entre várias empresas do mesmo setor é muito alta.</p><p>Em abril de 2019, o seu valor de mercado teve uma queda em função de uma</p><p>decisão tomada por uma de suas concorrentes, a Rede (credenciadora de cartões</p><p>do banco Itaú). A concorrente divulgou, no dia 18 de abril de 2019, a aplicação</p><p>da política de taxa zero para a antecipação de recebíveis de clientes que tiverem</p><p>conta no Itaú. Nesse dia, as ações da Cielo apresentaram desvalorização de</p><p>7,30%. A chamada “guerra das maquininhas” de cartão leva as companhias</p><p>desse setor a diminuírem suas margens de lucro, o que diminui as receitas,</p><p>impactando no seu valor de mercado.</p><p>Na realidade empresarial, fatores macroeconômicos e externos acabam por</p><p>atuar conjuntamente, impactando no valor “justo” das empresas. Por isso, é</p><p>importante levá-los em consideração no momento de fazer a avaliação, indo</p><p>além dos números encontrados nas demonstrações contábeis, como o balanço</p><p>patrimonial. O ambiente político e o econômico em que as informações são</p><p>11Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>disseminadas quase que instantaneamente fazem com que as empresas sejam</p><p>valorizadas e desvalorizadas de forma rápida, evidenciando que ativos intan-</p><p>gíveis contribuem efetivamente no valor das empresas, sendo o motivo pelo</p><p>qual o método do fluxo de caixa descontado é o mais utilizado em empresas</p><p>de capital fechado.</p><p>ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014.</p><p>BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 10. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2013.</p><p>CUNHA, M. F.; MARTINS, E.; ASSAF NETO, A. Avaliação de empresas no Brasil pelo fluxo</p><p>de caixa descontado: evidências empíricas sob o ponto de vista dos direcionadores</p><p>de valor nas ofertas públicas de aquisição de ações. Revista de Administração, v. 49, n.</p><p>2, p. 251–266, 2014.</p><p>DAMODARAN, A. Investment valuation: tools and techniques for determining the value</p><p>of any asset. 3rd ed. Hoboken: Wiley, 2012.</p><p>GARCIA, R. Métodos de Valuation: 3 maneiras de calcular o valor da sua empresa. 2020.</p><p>Disponível em: https://investorcp.com/financas-corporativas/valuation-3-maneiras-</p><p>-de-calcular-o-valor-da-sua-empresa/. Acesso em: 10 jun. 2020.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>LIMA, J. P. Valor de empresa: como avaliar e calcular o valor de empresa? c2020. Dispo-</p><p>nível em: https://www.valorebrasil.com.br/valor-de-empresa-valuation/. Acesso em:</p><p>10 jun. 2020.</p><p>PAREDES, B. J. B.; OLIVEIRA, M. R. G. O impacto dos fatores macroeconômicos e de</p><p>risco sobre a mensuração do valor das empresas. Revista Universo Contábil, v. 13, n. 2,</p><p>p. 43–64, 2017.</p><p>REIS, T. Fluxo de caixa descontado: uma estimativa de análise futura de uma empresa. 2017.</p><p>Disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/fluxo-de-caixa-descontado/.</p><p>Acesso em: 10 jun. 2020.</p><p>REIS, T. Macroeconomia: o que é e qual sua influência nos investimentos? 2018. Dis-</p><p>ponível em: https://www.sunoresearch.com.br/artigos/macroeconomia/. Acesso em:</p><p>10 jun. 2020.</p><p>Cenário econômico e valor de mercado das organizações12</p><p>SANTOS, M. A.; SOUZA, D. H. O.; RIBEIRO, K. C. S. Sustentabilidade econômica de uma</p><p>empresa brasileira do setor de carnes: valuation sob condições de risco da Marfrig</p><p>Alimentos S.A. Revista Razão Contábil & Finanças, v. 7, n. 1, 2016.</p><p>SOUSA, B. D. O.; BANDEIRA, M. L. Aplicabilidade do Valor Econômico Agregado na</p><p>mensuração do valor de mercado das empresas: um estudo da VALE S.A. Negócios</p><p>em Projeção, v. 8, n. 1, p. 13–25, 2017.</p><p>VOGLINO, E. As 20 Ações que mais caíram na bolsa com o Coronavírus (até agora). 2020.</p><p>Disponível em: https://comoinvestir.thecap.com.br/acoes-que-mais-cairam-corona-</p><p>virus-marco-2020/. Acesso em: 10 jun. 2020.</p><p>WANDEY. Avaliação de empresa, como avaliar uma empresa (valuation) e o quanto é im-</p><p>portante para o empresário. 2019. Disponível em: http://valorebrasil.com.br/2019/03/20/</p><p>metodos-avaliacao-de-empresa/. Acesso em: 10 jun. 2020.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão</p><p>constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>13Cenário econômico e valor de mercado das organizações</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Silvano Antonio Alves Pereira Junior</p><p>Tomada de decisão pelos</p><p>gestores financeiros</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Identificar as atividades do administrador financeiro.</p><p> Explicar as decisões de financiamento e sua relação com o custo de</p><p>capital da empresa.</p><p> Avaliar as decisões de investimento e sua relação com a destinação</p><p>do lucro da empresa.</p><p>Introdução</p><p>O administrador é figura extremamente importante para que uma em-</p><p>presa possa crescer e se desenvolver de forma a estar alinhada com os</p><p>seus objetivos e os interesses dos proprietários. Passam pelas mãos do</p><p>administrador as principais decisões em uma empresa: de investimento,</p><p>de financiamento e de distribuição de lucros.</p><p>Neste capítulo, você verá como, na busca pela maximização do valor</p><p>presente das ações de uma companhia, o administrador precisa realizar</p><p>importantes decisões de investimento e financiamento, bem como ajudar</p><p>na mitigação dos riscos da empresa. Por fim, estudará como as decisões</p><p>de financiamento influenciam e se relacionam com o custo de capital e,</p><p>também, como as decisões de investimentos podem impactar a distri-</p><p>buição de lucros aos acionistas.</p><p>1 Atividades do administrador financeiro</p><p>O papel do administrador fi nanceiro é essencial para o crescimento e o de-</p><p>senvolvimento de uma empresa. Essa função se relaciona com as diversas</p><p>áreas de uma empresa. As decisões de investimento que um administrador</p><p>fi nanceiro toma podem, por exemplo, afetar diretamente os projetos do setor</p><p>de pesquisa e desenvolvimento. As decisões de fi nanciamento podem, por sua</p><p>vez, afetar diretamente os fl uxos de caixa futuros da empresa.</p><p>De forma geral, as decisões de investimento, financiamento e distribuição</p><p>de lucros, nas quais o administrador é uma das peças centrais, irão influenciar</p><p>e se relacionar com cada aspecto da empresa, partindo da aquisição de terrenos,</p><p>galpões, máquinas e equipamentos, passando pelo orçamento disponível para</p><p>ações de publicidade e marketing, até alcançar a remuneração dos diretores</p><p>e acionistas da empresa.</p><p>É importante destacar que existem escopos diferentes nas decisões que o</p><p>administrador toma. Enquanto o administrador consegue impactar as muitas</p><p>áreas da companhia, ele não tem poder suficiente em mãos para determinar as</p><p>taxas de juros praticadas no mercado, o nível de emprego do país ou impactar</p><p>a renda média das famílias. Todos esses fatores que influenciam diretamente</p><p>as decisões de investimento ou financiamento de uma empresa são fatores</p><p>externos à empresa.</p><p>Na tomada de decisões, o administrador interage com os donos da em-</p><p>presa ou, como é mais comum no caso de empresas de capital aberto, com</p><p>o conselho administrativo escolhido pelos acionistas da empresa. Cabe aqui</p><p>a observação de que embora muitos dos assuntos abordados estejam sob a</p><p>perspectiva de uma companhia de capital aberto, eles podem ser aplicados</p><p>(com os devidos cuidados e restrições) a uma gama maior de empresas. A</p><p>ideia é abordar a situação mais complexa, de onde podem ser emprestados,</p><p>sempre que necessário, conceitos e modelos. A Figura 1 esboça um modelo</p><p>de quadro organizacional para uma empresa típica brasileira.</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros2</p><p>Figura 1. Típico quadro organizacional de uma empresa brasileira.</p><p>Fonte: Ross et al. (2013, p. 4).</p><p>É natural que a complexidade dessa estrutura varie de acordo com o ta-</p><p>manho da empresa. Pode ser comum, por exemplo, que em um negócio de</p><p>pequeno porte ou nos estágios iniciais de uma startup os donos acumulem</p><p>funções diversas, em muitas situações extrapolando suas expertises. É comum</p><p>ver donos exercendo as tarefas administrativas e contábeis, bem como cuidando</p><p>da produção, do marketing e dos processos de venda e entrega. Também é</p><p>comum que algumas dessas atribuições sejam terceirizadas. À medida que a</p><p>empresa cresce, os donos acumulam cada vez menos funções. Em uma grande</p><p>empresa é natural que os sócios acumulem apenas papéis gerenciais.</p><p>O ápice da complexidade é alcançado no caso das companhias com capital</p><p>aberto. A separação entre sócios (acionistas da companhia) e administração,</p><p>como representado na Figura 1, exige a separação das funções financeiras</p><p>das demais funções gerenciais. Nessas companhias é ainda usual que o di-</p><p>retor financeiro, muitas vezes sob o cargo de CFO (Chief Financial Officer),</p><p>seja também responsável por fazer a interface na relação entre o conselho</p><p>administrativo e os acionistas. Toda essa estrutura, bem como as decisões do</p><p>administrador financeiro, deve estar orientada ao objetivo principal de uma</p><p>companhia: maximizar o valor presente das ações da empresa.</p><p>Com este objetivo em mente, o administrador deve procurar, como apre-</p><p>sentado por Cherobim, Lemes Júnior e Rigo (2010), as seguintes perguntas:</p><p>3Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p> Quais investimentos devem ser feitos?</p><p> Quais fontes de financiamentos devem ser utilizadas?</p><p> Como deve conceder crédito?</p><p> Qual política de cobrança adotar?</p><p> Como ter um planejamento tributário eficaz?</p><p> Qual deve ser a política de remuneração dos acionistas?</p><p> Os projetos e as atividades da empresa estão agregando valor aos</p><p>acionistas?</p><p>É importante também destacar como a função de administrador financeiro</p><p>se relaciona com a economia e com a contabilidade. A economia fornece o</p><p>arcabouço teórico que permite ao administrador tomar decisões que mantenham</p><p>a empresa saudável e capaz de remunerar os seus acionistas. Um dos princí-</p><p>pios econômicos muito utilizados é o da análise marginal de custo-benefício.</p><p>Este princípio diz, de acordo com Gitman (2010), que as decisões financeiras</p><p>devem ser tomadas e atos têm de ser praticados somente quando os benefícios</p><p>adicionais superarem os custos adicionais. Portanto, quase todas as decisões</p><p>financeiras se referem, em última análise, a uma avaliação de seus benefícios</p><p>e custos marginais.</p><p>Quanto à contabilidade, é notório que a atividade de contabilidade e a</p><p>função do administrador financeiro, em alguns casos, possam ser difíceis de</p><p>diferenciar. Entretanto, podemos apresentar ao menos dois pontos importantes</p><p>de distinção entre essas atividades. Primeiro, temos o foco do administrado</p><p>financeiro no fluxo de caixa. É comum que contadores utilizem o regime</p><p>de competência, isto é, em sua função de relatar dados, avaliar a situação</p><p>financeira e atender aos requisitos dos reguladores, além de registrar e pagar</p><p>impostos, o contador tipicamente reconhece as receitas no momento da venda</p><p>e as despesas no momento em que são incorridas. Todavia, o administrador</p><p>prioriza a entrada e a saída de dinheiro e o fluxo de caixa, reconhecendo,</p><p>portanto, despesas e receitas quando ocorrem as devidas entradas e saídas do</p><p>caixa. É essencial que o administrador mantenha um nível de caixa que seja</p><p>suficiente para a empresa cumprir com as suas obrigações.</p><p>Outra diferença se encontra no aspecto gerencial da função de administrador</p><p>financeiro. Enquanto a atividade de contabilidade se preocupa, em grande parte,</p><p>em fornecer informação e manter a empresa dentro dos padrões regulatórios,</p><p>o administrador financeiro analisa demonstrações contábeis e outras fontes</p><p>de dados para tomar decisões, sejam elas de investimento ou financiamento.</p><p>As decisões financeiras também assumem um lugar no tempo. Aquelas</p><p>relacionadas às atividades operacionais diárias da empresa são ditas decisões</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros4</p><p>financeiras de curto prazo. Em contraponto, temos as decisões financeiras de</p><p>longo prazo, estas são decisões de financiamento ou investimento com prazo</p><p>maior do que um ano.</p><p>Por hora, vamos deixar explicitamente definidos os termos investimento</p><p>a empresa fica pouco tempo sem ver o dinheiro</p><p>oriundo das vendas. O administrador financeiro sabe dessa informação e deve projetar</p><p>as contas da empresa com base nesse ciclo.</p><p>Fonte: Giro... ([20--?]).</p><p>Os balanços praticados pela empresa também são analisados pelos adminis-</p><p>tradores financeiros e a famosa DRE (demonstração do resultado do exercício)</p><p>é um dos elementos-chave para a explanação das conclusões apresentadas.</p><p>A DRE indica os custos, receitas e despesas de um determinado período</p><p>em formato simplificado, como se observa na Figura 2, a seguir.</p><p>Introdução à administração financeira8</p><p>Figura 2. Estrutura da demonstração do resultado do exercício</p><p>(DRE).</p><p>Fonte: Soares e Scarpin (2010, p. 37).</p><p>A receita bruta de vendas corresponde a todas as vendas realizadas pela</p><p>empresa, a tudo o que foi faturado naquele período. No entanto, o adminis-</p><p>trador financeiro sabe que o faturamento não é a mesma coisa que lucro, pois</p><p>trata-se de um valor bruto que ainda não teve o abatimento dos descontos</p><p>cabíveis, como as devoluções, os descontos concedidos, impostos e o custo</p><p>dos produtos vendidos. Somente após essas deduções é que a DRE indica os</p><p>resultados do lucro antes das provisões do imposto de renda e da contribuição</p><p>social. Depois de todas essas informações é que há a indicação do valor que</p><p>poderá ser lucro ou prejuízo da empresa. Portanto, o administrador financeiro</p><p>necessita ter o domínio dessas informações para indicar o melhor caminho a</p><p>ser seguido e a tomada de decisão que deve ser realizada.</p><p>9Introdução à administração financeira</p><p>Planejar-se financeiramente significa gerenciar bem os seus gastos, quitar quaisquer</p><p>dívidas que possam existir, saber quanto é possível economizar e investir bem os</p><p>recursos poupados. A questão é: como chegar a esse patamar? Veja no link a seguir.</p><p>https://qrgo.page.link/CKWKX</p><p>Funções do administrador</p><p>financeiro nas empresas</p><p>O profi ssional ligado à administração fi nanceira é chamado de administrador</p><p>fi nanceiro, diretor fi nanceiro ou supervisor fi nanceiro. Esse profi ssional é</p><p>responsável pelo gerenciamento e pela aplicabilidade das técnicas da ad-</p><p>ministração, adaptando os conceitos teóricos à realidade da organização.</p><p>Os administradores fi nanceiros apresentam diferentes funções no âmbito das</p><p>empresas, como o gerenciamento das contas da empresa, decisões de investi-</p><p>mento, elaboração de orçamentos, encaminhamento de relatórios, planejamento</p><p>de metas fi nanceiras, como apresentado a seguir.</p><p> Decisões de investimento: o administrador financeiro deve oferecer</p><p>suporte de decisão ao investimento para que os valores que forem</p><p>obtidos pela empresa se encaixem como excedente de caixa. Para</p><p>tanto, ele precisa de informações adequadas e devidamente atua-</p><p>lizadas para o desenvolvimento de uma carteira de investimentos,</p><p>sempre de acordo com as políticas da empresa. Normalmente o</p><p>modelo de investimentos da gestão que o administrador realiza</p><p>baseia-se no conhecido CAPM (Capital Asset Pricing Model), que</p><p>demonstra o retorno que um investidor aceitaria por investir em uma</p><p>empresa. Trata-se de uma “[...] maneira de encontrar uma taxa de</p><p>retorno exigido que leve em conta o risco sistemático” (PRATES.</p><p>2016, documento on-line).</p><p>Introdução à administração financeira10</p><p>Carteira de investimentos é o conjunto de aplicações do investidor, seja pessoa física</p><p>ou jurídica, que apresenta o portfólio de investimentos, reunindo todos os ativos</p><p>financeiros que podem fazer o dinheiro crescer, tanto em renda fixa quanto variável.</p><p>É importante mencionar que o administrador financeiro sabe que não existe o melhor</p><p>investimento, mas consegue identificar o que se apresenta como mais adequado a</p><p>um objetivo e perfil de risco. Veja mais no artigo a seguir.</p><p>https://qrgo.page.link/zD1hr</p><p> Administração das contas: o administrador financeiro gerencia “[...]</p><p>os recursos financeiros da organização para oferecer contribuições</p><p>valiosas sobre a liquidez, as dívidas e as projeções financeiras, que</p><p>auxiliam na tomada de decisões sobre investimentos” (ENTENDA...,</p><p>[20--?], documento on-line). Dessa forma, também é sua função ga-</p><p>rantir a entrada do dinheiro nas contas da empresa e assegurar o</p><p>pagamento das dívidas. Para tanto, antes de a dívida ser contraída</p><p>pela organização, o administrador financeiro é quem aprova ou não</p><p>uma solicitação de gastos realizado por qualquer outra área da em-</p><p>presa, como as decisões de compras. A forma de acompanhar essas</p><p>transações é a demonstração de fluxos para acompanhar o caminho</p><p>do dinheiro na empresa. Nesse caso, os administradores consideram</p><p>os efeitos de alterações na demanda, além de ofertas e preços sobre o</p><p>desempenho da empresa. O entendimento da natureza desses fatores</p><p>ajuda os administradores a tomarem as decisões operacionais mais</p><p>vantajosas. Igualmente, os administradores podem determinar o mo-</p><p>mento propício de emitir ações, obrigações ou outros instrumentos</p><p>financeiros (LIMA; OLIVEIRA, 2016).</p><p> Declarações financeiras: é responsabilidade do administrador finan-</p><p>ceiro construir os relatórios financeiros mensais com detalhamento de</p><p>entradas e saídas do dinheiro da empresa. Essas práticas asseguram a</p><p>lisura das informações, bem como deixam os documentos devidamente</p><p>organizados para o caso de auditorias e conferências necessárias pelos</p><p>acionistas ou órgãos de governo.</p><p>11Introdução à administração financeira</p><p> Elaboração de orçamento: “[...] uma das principais funções do ad-</p><p>ministrador financeiro é elaborar o orçamento mensal da organização</p><p>com base nos requisitos do negócio” (ENTENDA..., [20--?], documento</p><p>on-line). Como ele gerencia o caixa da empresa, acaba por ter condi-</p><p>ções ideias para projetar o orçamento e, ao desempenhar essa função,</p><p>mantém contato com os gestores de todas as áreas da organização para</p><p>constantemente receber informações que demonstrem a necessidade de</p><p>caixa. Após preparar o orçamento, o administrador financeiro aloca o</p><p>dinheiro necessário a cada área (ENTENDA..., [20--?]).</p><p>O papel da gestão financeira envolve principalmente a análise, o planejamento, o</p><p>controle e as tomadas de decisões. O gestor analisa resultados de diversos relatórios</p><p>que demonstram a situação atual das finanças. Com base nessas informações, o gestor</p><p>financeiro irá tomar decisões importantes para a saúde da empresa, como investimentos</p><p>ou empréstimos. No vídeo do link a seguir, entenda as principais responsabilidades do</p><p>gestor financeiro e a importância que ele terá para garantir o crescimento da empresa.</p><p>https://qrgo.page.link/JLdMh</p><p>ASSAF NETO, A.; SILVA, C. A. T. Administração do capital de giro. São Paulo: Editora Atlas,</p><p>2002.</p><p>ENTENDA o papel do administrador financeiro nas empresas. Mercado em Foco, [20--?].</p><p>Disponível em: https://mercadoemfoco.unisul.br/entenda-o-papel-do-administrador-</p><p>-financeiro-nas-empresas/. Acesso em: 30 ago. 2019.</p><p>FREZATTI, F. Gestão do fluxo de caixa diário: como dispor de um instrumento fundamental</p><p>para o gerenciamento do negócio. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2009.</p><p>GIRO de caixa. Blog Mais Retorno, [20--?]. Disponível em: https://maisretorno.com/blog/</p><p>termos/g/giro-de-caixa. Acesso em: 30 ago. 2019.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison</p><p>Wesley, 2004.</p><p>Introdução à administração financeira12</p><p>JACOBSEN, Alessandra de Linhares. Introdução à administração 2. ed. Florianópolis :</p><p>Departamento de Ciências da Administração/UFSC, 2011.</p><p>KWASNICKA, E. L. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2004.</p><p>LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M.; CHEROBIM, A. P. M. S. Administração financeira: princí-</p><p>pios, fundamentos e práticas brasileiras. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2016.</p><p>LIMA, J. R.; OLIVEIRA, R. F. O administrador financeiro: seu papel e suas habilidades</p><p>dentro das organizações sob a percepção dos gestores. Organizações e Sociedade, v. 5,</p><p>n. 3, p. 5-16, 2016. Disponível em: http://revista.facfama.edu.br/index.php/ROS/article/</p><p>view/191/147. Acesso em: 30 ago. 2019.</p><p>PRATES, W. R. O que é CAPM (Capital</p><p>e</p><p>financiamento, pois serão utilizados nas seções subsequentes. Para Cherobin</p><p>(2010), investimento é toda a aplicação de capital em algum ativo, tangível ou</p><p>não, para obter determinado retorno futuro. No entanto, a decisão de finan-</p><p>ciamento, também chamada de decisão sobre estrutura de capital, envolve a</p><p>consideração da composição das fontes de financiamento.</p><p>2 Decisões de financiamento e sua relação com</p><p>o custo de capital da empresa</p><p>Como apresentado anteriormente, as decisões de fi nanciamento envolvem</p><p>escolhas entre opções disponíveis para fi nanciar um determinado projeto, sendo</p><p>enorme a quantidade de opções de fi nanciamento. O administrador fi nanceiro</p><p>poderia optar por utilizar uma linha de crédito junto ao banco para o pagamento</p><p>de fornecedores, lançar uma nova série de debêntures para a aquisição de um</p><p>galpão industrial ou lançar novas ações para a captação de recursos. Todas</p><p>essas escolhas estão intimamente relacionadas a dois importantes assuntos</p><p>das fi nanças corporativas: a estrutura de capital e o custo capital.</p><p>A estrutura de capital diz respeito à escolha entre a utilização de capital de</p><p>terceiros ou a utilização de capital próprio, e como é composta a totalidade de</p><p>recursos alocados na empresa ou no projeto. A Figura 2 exemplifica algumas</p><p>possíveis composições da estrutura de capital de uma empresa.</p><p>Figura 2. Possibilidades para a estrutura de capital de uma empresa.</p><p>Fonte: Ross et al. (2013, p. 528).</p><p>5Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p>Observe que uma empresa, em face dos meios disponíveis e do perfil</p><p>dos administradores, pode escolher por uma estrutura de capital com maior</p><p>participação do capital de terceiros ou por uma maior participação do capital</p><p>próprio.</p><p>Perceba que o custo de capital, por sua vez, está muito mais ligado à</p><p>taxa de retorno que tornará os projetos atrativos aos investidores. Conforme</p><p>Gitman (2010, p. 342), “[…] é a taxa de retorno que uma empresa deve obter</p><p>sobre seus projetos de investimentos para manter seu valor de mercado e para</p><p>atrair fundos”.</p><p>É importante destacar que o custo de capital é avaliado em um determinado</p><p>momento na linha temporal, procurando refletir, com as informações dispo-</p><p>níveis no momento, a média futura esperada do custo dos fundos. Pode ser</p><p>visto ainda como a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital para</p><p>estes direcionarem os seus fundos aos projetos da empresa. Os investidores</p><p>tendem a não direcionar os seus recursos a projetos que não gerem retornos</p><p>acima de uma taxa mínima de atratividade.</p><p>O custo de capital cria um vínculo entre as decisões de investimento de</p><p>longo prazo e a riqueza dos proprietários, isto é, o valor presente de mercado</p><p>das ações. Esse vínculo fica bem caracterizado uma vez que o administrador</p><p>deverá manter o interesse no projeto apenas no caso em que este satisfaça</p><p>uma das seguintes condições:</p><p>VPL > 0 ou TIR > custo de capital</p><p>onde:</p><p> VPL: valor presente líquido do projeto.</p><p> TIR: taxa interna de retorno.</p><p>Aqui, a ideia é que o projeto em análise deve ser capaz de gerar um valor</p><p>presente líquido positivo ou, ainda, que a TIR deve ser maior que o custo</p><p>de capital, pois é comum pensar no custo de capital como a taxa mínima de</p><p>atratividade da perspectiva da empresa. Essa análise visa a ajudar a escolher</p><p>projetos que cumpram a condição básica de um projeto de investimento, que é</p><p>a geração de retorno econômico, que compense os riscos e os custos de capital</p><p>envolvidos no investimento.</p><p>De acordo com Gitman (2010), existem três pressupostos básicos a serem</p><p>assumidos para entender a estrutura básica do custo de capital. São eles:</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros6</p><p>1. O risco econômico é constante. Portanto, a aceitação (ou não) de um</p><p>projeto não deverá interferir na capacidade da empresa de custear as</p><p>suas atividades operacionais.</p><p>2. O risco financeiro é constante. Segue que novos projetos aceitos não</p><p>deverão impactar a capacidade da empresa de honrar suas obrigações</p><p>financeiras, tais como os juros pagos a credores e o pagamento de</p><p>dividendos preferenciais.</p><p>3. Os custos relevantes são aqueles apurados após o imposto de renda.</p><p>Veja a seguir um exemplo do custo de capital de uma empresa.</p><p>A Companhia Leopoldina de Tecidos S.A., uma empresa do setor têxtil localizada no</p><p>interior do Estado São Paulo, tem atualmente uma oportunidade de investimento.</p><p>Esta é descrita a seguir.</p><p>Valor do financiamento R$ 1.000.000,00</p><p>Duração 10 anos</p><p>TIR 8%</p><p>Para esse projeto, o administrador da empresa pensa em utilizar unicamente o</p><p>capital de terceiros como meio de financiamento. Ele pretende realizar a emissão de</p><p>obrigações, com um custo de capital de 7%. De acordo com o critério apresentado</p><p>— TIR > custo de capital —, o projeto deveria ser levado adiante.</p><p>Poucos dias após o surgimento dessa oportunidade, o administrador foi apresentado</p><p>a outra oportunidade de investimento, descrita a seguir.</p><p>Valor do financiamento R$ 1.000.000,00</p><p>Duração 10 anos</p><p>TIR 13%</p><p>Para esse projeto, o plano é que fosse utilizado capital próprio como meio de fi-</p><p>nanciamento. Nesse caso, com um custo de capital de 11%. Novamente, pelo critério</p><p>estabelecido, o projeto deveria ser aceito.</p><p>7Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p>O custo de capital é diferente para diferentes fontes de financiamento, como</p><p>o capital de terceiros ou o capital próprio. A Figura 3 mostra as principais</p><p>fontes de capital para uma empresa.</p><p>Figura 3. Estrutura de capital.</p><p>Fonte: Gitman (2010, p. 528).</p><p>As dívidas de longo prazo, como debêntures e outras obrigações, são parte</p><p>das fontes de financiamento que utilizam o capital de terceiros. Todavia, as</p><p>ações preferenciais, as ações ordinárias e os lucros retidos são formas de se</p><p>financiar os projetos utilizando capital próprio, sendo que para cada um deles</p><p>existe uma maneira de calcular o custo de capital.</p><p>Um importante conceito relacionado ao custo de capital de uma empresa</p><p>é o custo médio ponderado de capital (CMPC). Segundo Gitman (2010), o</p><p>CMPC é um número que reflete o custo médio esperado futuro de fundos</p><p>de longo prazo e pode ser obtido pela ponderação de cada tipo específico de</p><p>capital por sua participação na estrutura de capital da empresa.</p><p>Ele pode ser calculado da seguinte maneira:</p><p>CMPC = (w</p><p>i</p><p>× r</p><p>i</p><p>) + (w</p><p>p</p><p>× r</p><p>p</p><p>) + (w</p><p>s</p><p>× r</p><p>r ou n</p><p>)</p><p>Onde:</p><p> wi: participação do capital de terceiros;</p><p> wp: participação das ações preferenciais;</p><p> ws: participação do capital próprio.</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros8</p><p>Aqui esses pesos precisam satisfazer a condição wi + wp + ws = 1. Os</p><p>valores ri e rp são os respectivos custos de capital de terceiros e das ações</p><p>preferenciais. Todavia, rr representa o custo de capital de lucros retidos e rn,</p><p>o custo de capital de nova emissão de ações ordinárias.</p><p>É importante ressaltar que existem duas formas de se obter os pesos dos</p><p>tipos de capital na estrutura de capital de uma empresa, sendo assim, pode-</p><p>mos utilizar os pesos contábeis ou os pesos de mercado. O primeiro utiliza</p><p>valores contábeis para medir a contribuição de cada item para a estrutura de</p><p>capital. No entanto, o segundo utiliza os valores de mercado para determinar</p><p>a proporção de cada tipo de capital.</p><p>Com esse conceito definido, vamos revisitar o exemplo anterior da Com-</p><p>panhia Leopoldina de Tecidos S.A.</p><p>Observe que se ao aceitar realizar o primeiro investimento, o administrador ficasse</p><p>impossibilitado de realizar o segundo, ele teria escolhido um projeto que gera menor</p><p>rentabilidade em detrimento de um com maior taxa interna de retorno, o que caminha</p><p>na contramão da maximização do valor presente das ações da empresa.</p><p>Perceba também que o administrador poderia ter buscado por um uso ponderado</p><p>de recursos para o financiamento do projeto, isto é, ele poderia ter financiado 50% do</p><p>projeto com capital de terceiros e os 50% restantes com capital próprio. Neste caso,</p><p>o administrador teria um custo de capital de:</p><p>0,5 × 7% + 0,5 × 11% = 9%</p><p>Com este custo de capital e o critério</p><p>de avaliação por meio da comparação entre</p><p>TIR e custo de capital, teríamos para o primeiro projeto:</p><p>TIR = 8% 9%</p><p>Neste cenário, o primeiro projeto teria sido rejeitado e o segundo, aceito.</p><p>9Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p>A determinação da melhor estrutura ou da melhor combinação de fornece-</p><p>dores de capitais é importante e pode contribuir para a melhoria do resultado</p><p>da empresa. Modigliani e Miller (1958) foram os pioneiros no exame de uma</p><p>estrutura ótima de capital, conhecida como a proposição de M&M.</p><p>3 Decisões de investimento e sua relação com a</p><p>destinação do lucro da empresa</p><p>Na fi gura do diretor fi nanceiro também se concentram responsabilidades</p><p>relacionadas às decisões de investimento de capital. Tais atribuições estão</p><p>ligadas ao tema do orçamento de capital. Por orçamento de capital entendemos</p><p>o processo de avaliação e escolha de investimentos de longo prazo. A escolha</p><p>desses projetos deve sempre prezar pelo objetivo de maximizar a riqueza dos</p><p>proprietários.</p><p>O investimento de capital fica caracterizado também pelo aspecto temporal,</p><p>visto que este deve ocorrer em projetos que produzam retornos ao longo de</p><p>períodos de tempo maiores que um ano. Tipicamente, um projeto pode durar</p><p>vários anos ou décadas. Em sua grande parte, o investimento de capital se</p><p>concentra em ativos imobilizados, como, por exemplo, terrenos, instalações</p><p>e equipamentos (maquinários). O denominador comum desses ativos é o fato</p><p>de eles terem, quase sempre, a capacidade de gerar lucro. Projetos que criam</p><p>retorno em período de tempo inferior a um ano são classificados na literatura</p><p>como orçamento operacional.</p><p>Segundo Gitman (2010), existem cinco etapas a serem seguidas na avaliação,</p><p>na escolha e no acompanhamento de um projeto. Confira a seguir.</p><p>1. Geração de propostas: é o momento em que o administrador coleta as</p><p>diferentes propostas de projetos. Estes podem ser oriundos de diferentes</p><p>setores e níveis da empresa.</p><p>2. Revisão e análise: esta é umas das etapas que consomem mais tempo.</p><p>É nela que os projetos são revisados, principalmente quanto à sua</p><p>adequação à realidade da empresa e à sua viabilidade econômica.</p><p>3. Tomada de decisão: é a etapa em que é decidido se um projeto, já</p><p>analisado, será levado adiante ou não. É comum que essa decisão seja</p><p>tomada pelo conselho administrativo da empresa. Além disso, também</p><p>é comum que quanto maior for o capital envolvido em um projeto, maior</p><p>serão as exigências para aprovação.</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros10</p><p>4. Implementação: uma vez escolhido e aprovado, o projeto é iniciado.</p><p>Nesta etapa, projetos maiores podem, naturalmente, ser divididos em</p><p>etapas.</p><p>5. Acompanhamento: por último, mas não menos importante, tem-se a</p><p>etapa de acompanhamento. É aqui que o administrador acompanha</p><p>resultados, custos e benefícios realmente criados com o projeto. É</p><p>também o momento adequado para confrontar esses dados com o que</p><p>foi planejado.</p><p>Resgatando o quadro organizacional, apresentado na primeira seção, é</p><p>importante lembrar que em todas essas etapas o administrador interage com</p><p>diferentes partes da corporação, inclusive com os representantes dos proprie-</p><p>tários, isto é, o conselho administrativo. Os acionistas são parte diretamente</p><p>interessada no sucesso dos projetos escolhidos e levados a cabo pela companhia.</p><p>Nessas etapas, é importante que o administrador entenda algumas relações</p><p>possíveis entre os projetos e também a relação desses com os fundos dispo-</p><p>níveis para a sua execução. Os projetos, quanto à relação entre eles, podem</p><p>ser classificados como: independentes ou mutuamente excludentes. Vejamos</p><p>a diferença entre eles.</p><p> Projetos independentes: dizemos que dois ou mais projetos são indepen-</p><p>dentes entre si caso eles não sejam relacionados, isto é, a aceitação de</p><p>um projeto não causa impactos nos demais projetos, não influenciando</p><p>também a aceitação ou não deles.</p><p> Projetos mutuamente excludentes: dizemos que dois projetos são mutua-</p><p>mente excludentes se a aceitação de um deles implica necessariamente</p><p>na rejeição do outro.</p><p>Como exemplo dos conceitos apresentados anteriormente podemos imaginar as</p><p>seguintes situações. A Companhia Leopoldina de Tecidos S.A. tem dois projetos, A e</p><p>B, sendo avaliados, oferecendo diferentes níveis de risco, retorno e custo de capital.</p><p>Ambos os projetos visam a aumentar a capacidade produtiva da empresa. O projeto A</p><p>pretende expandir a produção por meio da aquisição de uma empresa. No entanto, o</p><p>projeto B pretende ampliar a produção por meio da terceirização de parte da produção.</p><p>Os projetos são, portanto, mutuamente excludentes.</p><p>11Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p>Existe ainda uma importante questão quanto à disponibilidade de capital.</p><p>As situações possíveis são:</p><p> Fundos ilimitados: neste cenário, a empresa tem uma quantidade ilimi-</p><p>tada de fundos disponíveis. Nessa situação, os projetos tenderiam a se</p><p>tornar independentes entre si, ao menos quanto às limitações de capital.</p><p> Racionamento de capital: é a situação enfrentada na realidade pelas</p><p>empresas. O administrador precisar tomar decisões de investimento</p><p>de capital tendo em mente que os fundos disponíveis à empresa são</p><p>limitados.</p><p>Finalmente, existe o aspecto ligado às decisões de investimento da distri-</p><p>buição de lucros aos acionistas.</p><p>É papel do administrador financeiro buscar o aperfeiçoamento da política</p><p>de distribuição de lucros aos acionistas (BREALEY; MYERS; ALLEN, 2018).</p><p>Esse aperfeiçoamento que deve ser feito tendo em mente a manutenção de</p><p>níveis aceitáveis de liquidez por parte da empresa. Essa decisão passa pela</p><p>construção de uma política de dividendos da companhia. Essa política precisará</p><p>decidir entre reter ou distribuir dividendos. Lembre-se, como foi apresentado</p><p>na seção anterior, que a empresa pode financiar projetos por meio da retenção</p><p>dos lucros. Cabe, portanto, ao administrador entender as melhores condições</p><p>de financiamento e investimento, de maneira a alcançar o objetivo de maxi-</p><p>mizar a riqueza dos acionistas, inclusive, por meio de uma política adequada</p><p>de distribuição de lucros aos proprietários.</p><p>As decisões de investimento e financiamento de um projeto de investimento</p><p>podem ser realizadas em momentos diferentes, mas dificilmente poderíamos</p><p>considerá-las como sendo independentes.</p><p>As empresas necessitam conhecer as possibilidades de financiamento</p><p>de seus projetos, pois assim conhecerão também o retorno (custo de capital)</p><p>exigido pelos capitais disponíveis. Esse é fundamental na aprovação de projetos</p><p>sustentáveis que gerem fluxos de caixa suficientes para arcar com os custos</p><p>de capital e remunerar os acionistas por meio da lucratividade.</p><p>Tomada de decisão pelos gestores financeiros12</p><p>BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 12. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2018.</p><p>CHEROBIM, A. P. M. S.; LEMES JÚNIOR, A. B.; RIGO, C. M. Administração financeira: princí-</p><p>pios, fundamentos e práticas financeiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>MODIGLIANI, F.; MILLER, M. H. The cost of capital, corporation finance and the theory</p><p>of investment. The American Economic Review, v. 48, n. 3, p. 261–97, 1958.</p><p>ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>13Tomada de decisão pelos gestores financeiros</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Silvano Antonio Alves Pereira Junior</p><p>Risco e retorno</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar</p><p>os seguintes aprendizados:</p><p> Identificar os níveis de liquidez e solvência de uma organização.</p><p> Definir os parâmetros de rentabilidade e risco de uma empresa.</p><p> Correlacionar as decisões de investimento com rentabilidade e risco.</p><p>Introdução</p><p>As diferentes medidas de risco e retorno e as relações entre elas são</p><p>assuntos estudados pela economia, pela matemática e por outras disci-</p><p>plinas há muito tempo, tanto pela sua importância nas decisões que um</p><p>administrador precisa realizar quanto pela necessidade do investidor de</p><p>entender os níveis de risco e retorno dos investimentos. Entender as me-</p><p>didas de risco e de retorno e as suas relações é algo essencial em finanças.</p><p>Neste capítulo, você verá como o risco pode se apresentar com</p><p>diferentes nuances para administradores e investidores, aprenderá a</p><p>calcular alguns dos principais indicadores de risco e retorno, ferramen-</p><p>tas extremamente úteis na tomada de decisões e, por fim, entenderá a</p><p>interdependência do risco e retorno na tomada de decisão por parte de</p><p>administradores e investidores.</p><p>1 Níveis de liquidez e solvência</p><p>Para começar, é importante que você entenda, ao menos no âmbito conceitual,</p><p>os termos risco e retorno, pois eles estarão presentes em cada cena deste</p><p>capítulo. Neste texto, a palavra retorno trará a ideia dos ganhos totais que se</p><p>pode ter com um investimento em um determinado período. Em contrapartida,</p><p>o termo risco estará associado à possibilidade de perda fi nanceira de um</p><p>investimento em um determinado período de tempo. Mais adiante, você verá</p><p>que, na verdade, o risco de um investimento pode ser analisado sob a ótica</p><p>da variabilidade dos retornos do investimento.</p><p>Postos esses termos, é essencial entender que administradores precisam,</p><p>por diversas vezes, escolher os investimentos que alcancem o objetivo de</p><p>maximizar o valor presente das ações da empresa. Nessas escolhas é essencial</p><p>que o administrador entenda os diferentes aspectos de risco que a decisão</p><p>pode apresentar para a empresa e para os investidores.</p><p>Liquidez e solvência</p><p>Muitas vezes, esses termos são tratados como iguais. Apesar de representarem</p><p>ideias que se relacionam, são palavras com signifi cados diferentes.</p><p>A solvência diz respeito ao estado de uma empresa que se encontra em plena</p><p>capacidade de cumprir as suas obrigações financeiras a partir dos recursos que</p><p>constituem o seu ativo. De forma resumida, podemos dizer que uma empresa</p><p>é solvente quando os seus ativos são maiores que os seus passivos. No entanto,</p><p>a liquidez, segundo Gittman (2010), está relacionada à capacidade da empresa</p><p>de cumprir as obrigações de curto prazo à medida que elas vencem. Cabe dizer</p><p>que a palavra liquidez é utilizada também para se referir a investimentos que</p><p>podem ser liquidados imediatamente.</p><p>É comum mediar o nível de solvência, ou solvibilidade, de uma empresa</p><p>por meio dos índices de liquidez e dos índices de solvência de longo prazo.</p><p>Veja uma breve descrição seguindo o que é apresentado por Ross et al. (2013)</p><p>a respeito dos principais índices:</p><p> Índice de liquidez corrente: quociente entre o ativo circulante e o passivo</p><p>circulante. Este índice mostra a capacidade da empresa de honrar as</p><p>suas obrigações no curto prazo.</p><p> Índice de liquidez imediata (ou liquidez seca): semelhante ao anterior,</p><p>porém descontando do ativo circulante o estoque. Ele tenta também</p><p>medir a capacidade da empresa de pagar as suas contas no curto prazo,</p><p>porém, apenas levando em conta o caixa e os valores a receber.</p><p> Índice de endividamento total: quociente entre o total do passivo cir-</p><p>culante e não circulante dividido pelo ativo total. Este índice leva em</p><p>conta todas as dívidas, todos os vencimentos e todos os credores.</p><p> Índice de cobertura de juros: quociente entre o lucro antes de juros e</p><p>o imposto de renda e os juros. Esse valor tenta captar a capacidade da</p><p>empresa de cumprir no futuro com as suas obrigações de pagamentos</p><p>de juros.</p><p>Risco e retorno2</p><p>Observe que todos esses números tentam, sob diferentes aspectos, captar ou</p><p>resumir informações sobre os diferentes níveis de solvência de uma empresa.</p><p>Todos eles buscam auxiliar o administrador no monitoramento da empresa.</p><p>A situação em que a empresa não tem rendimentos suficientes para prover</p><p>o pagamento de suas obrigações é chamada insolvência. Essa situação pode</p><p>estar muitas vezes associada a uma má gestão do capital de giro ou a erros</p><p>ao calcular as provisões necessárias. Finalmente, o estado de insolvência de</p><p>uma empresa pode levá-la a um processo de recuperação, e caso este não seja</p><p>bem-sucedido, pode findar com a falência da empresa.</p><p>Outros fatores de risco para a empresa e investidores</p><p>Os níveis de liquidez e solvência de uma empresa são importantes indicadores</p><p>de sua saúde fi nanceira. São também medidas de risco, visto que tentam</p><p>mensurar o quão apta a empresa estará em honrar os seus compromissos</p><p>fi nanceiros. Entretanto, essas não são as únicas maneiras pelas quais o risco se</p><p>apresenta. Veja que, como apresentado em Gitman (2010), existem diferentes</p><p>fatores de risco para empresas e investidores. Dentre os principais fatores,</p><p>podemos destacar os seguintes:</p><p> Risco operacional: risco associado às atividades operacionais da empresa</p><p>e à capacidade da empresa de honrar as suas obrigações financeiras</p><p>(p. ex., pagamento de salários e fornecedores). Esse tipo de risco pode</p><p>ser analisado na estabilidade da receita e no equilíbrio que a empresa</p><p>deve buscar na relação entre seus custos fixos e variáveis.</p><p> Risco financeiro: risco relacionado à capacidade da empresa de honrar</p><p>suas obrigações financeiras (p. ex., pagamento de juros a credores).</p><p>Imagine que a empresa seja pega de surpresa por uma crise econômica</p><p>que afetou drasticamente o seu fluxo de caixa. Ela poderia ficar sem</p><p>condições de pagar juros, que vencem no final do mês, a um debentu-</p><p>rista. O não pagamento da dívida, em seu vencimento, influenciaria não</p><p>apenas o rating da empresa (prejudicando futuras emissões de dívida),</p><p>como também a sua relação com o investidor.</p><p>Da perspectiva do investidor, podemos destacar os seguintes fatores de risco:</p><p> Risco da taxa de juros: risco associado a alterações nas taxas de juros</p><p>praticadas pelo mercado. Um aumento na taxa de juros tende a diminuir</p><p>3Risco e retorno</p><p>os retornos do investimento, enquanto uma queda nas taxas pode tornar</p><p>o investimento ainda mais atrativo para o acionista.</p><p> Risco de liquidez: risco que o investidor assume quanto à possibilidade</p><p>de não conseguir liquidar o investimento a um preço razoável. De</p><p>maneira mais geral, o conceito de liquidez, para um ativo, envolve a</p><p>facilidade que um agente tem de liquidar o ativo (convertendo-o em</p><p>moeda, bem mais líquido) rapidamente sem grandes alterações no preço.</p><p> Risco de mercado: parcela de risco associada à possibilidade de que o in-</p><p>vestimento perca valor devido a fatores que independem do investimento.</p><p>Em face desses diferentes fatores de risco, administradores e acionistas</p><p>buscam tomar as melhores decisões.</p><p>Existem, ainda, as diferentes formas como cada pessoa se relaciona com</p><p>o risco. Enquanto alguns administradores podem ser predispostos a assumir</p><p>riscos maiores na busca por retornos maiores, também existem aqueles que</p><p>são fortemente avessos ao risco, procurando na maior parte do tempo por</p><p>investimentos mais seguros. A Figura 1 representa os três principais perfis</p><p>quanto ao retorno adicional exigido para assumir novos riscos: avesso, indi-</p><p>ferente e propenso.</p><p>Figura 1. Preferências quanto ao risco.</p><p>Fonte: Gitman (2010, p. 207).</p><p>Em essência, o gráfico ilustra que o administrador avesso ao risco exigirá</p><p>retornos maiores para assumir mais riscos. Esse costuma ser o perfil domi-</p><p>nante entre administradores de empresas. O indiferente, tão claro quanto o</p><p>nome possa indicar, não exige retornos adicionais para assumir novos riscos.</p><p>Risco e retorno4</p><p>Por fim, o administrador de perfil propenso ao risco exige menos retornos</p><p>ao assumir novos riscos. Certamente, um perfil indesejável</p><p>para a liderança</p><p>em uma empresa.</p><p>2 Parâmetros de rentabilidade e risco de uma</p><p>empresa</p><p>Com as defi nições conceituais de risco e retorno em mãos, e um entendimento</p><p>dos principais fatores de risco que afetam as ações de administradores e</p><p>acionistas, você aprenderá agora algumas das principais medidas de risco e</p><p>retorno e como calculá-las.</p><p>Cálculo do retorno</p><p>Como foi defi nido no início, retornos envolvem os ganhos totais que um inves-</p><p>timento pode gerar em um determinado período de tempo. Esses podem ser de</p><p>dois tipos: valorização do ativo e distribuição de dinheiro ao investidor (p. ex.,</p><p>pagamento de dividendos e juros sobre capital). De forma condensada, tem-se:</p><p>Retorno = (valorização do ativo) +</p><p>(distribuição de dinheiro ao investidor)</p><p>Paulo adquiriu 1.000 ações da empresa de holding Itaúsa (ITSA3), no fim de 2017, ao</p><p>preço de R$ 8,00 por ação. Durante o ano de 2018, a Itaúsa pagou um total de R$ 0,78</p><p>em dividendos por ação, tendo encerrado o ano com um preço por ação de R$ 9,00.</p><p>Dessa maneira, Paulo teve um retorno total, no ano de 2018, dado pela valorização</p><p>de R$ 1,00 por ação mais os R$ 0,72 de dividendos. Portanto:</p><p>Retorno = 1.000 × R$ 1,72 = R$ 1.720,00</p><p>Assim, podemos resumir o retorno monetário do ativo na seguinte expressão:</p><p>rt = q × (Pt – Pt–1 + Dt)</p><p>5Risco e retorno</p><p>onde:</p><p> rt: retorno para o período t.</p><p> q: quantidade do ativo mantida durante o período t.</p><p> Pt: preço unitário do ativo para o período t.</p><p> Pt–1: preço unitário do ativo para o período t–1.</p><p> Dt: dinheiro recebido pelo investidor no período t.</p><p>O retorno total, ou monetário, pode não ser a melhor escolha para repre-</p><p>sentar a rentabilidade de um ativo. Quando é necessário comparar a rentabi-</p><p>lidade de dois investimentos, por exemplo, é muito mais útil utilizar valores</p><p>percentuais. Utilizamos, então, a taxa de retorno.</p><p>A taxa de retorno de um investimento é definida como:</p><p>Esse número mensura, em termos percentuais, o retorno em relação ao</p><p>preço do ativo. Veja o exemplo a seguir.</p><p>Continuando com o exemplo anterior, Paulo teria obtido, no ano de 2018, uma taxa</p><p>de retorno de:</p><p>Garantindo, assim, para Paulo, uma excelente rentabilidade naquele ano. Observe,</p><p>ainda, que se calculássemos a razão entre o retorno monetário que Paulo obteve, R$</p><p>1.720,00, pelo capital que alocou inicialmente nos ativos: 1.000 × R$ 8,00 = R$ 8.000,00,</p><p>obteríamos o mesmo resultado. Veja:</p><p>A taxa de retorno, ou o retorno percentual do investimento, permite termos</p><p>uma ideia melhor da rentabilidade que o investimento proporcionou em termos</p><p>relativos. Os retornos de um ativo podem variar ao longo do tempo e entre ativos</p><p>(ou categorias de ativos). Nada garante que as ações da Itaúsa, utilizadas no</p><p>Risco e retorno6</p><p>exemplo anterior, continuaram a apresentar resultados tão expressivos nem que</p><p>continuaram com resultados negativos no próximo período. Esta é uma das prin-</p><p>cipais características do risco de um ativo: a variabilidade dos retornos esperados.</p><p>Imagine o seguinte cenário. As ações da empresa fictícia Brazilian Coffee</p><p>S.A., que comercializa produtos ligados ao café, teve os seguintes retornos</p><p>nos últimos 10 anos:</p><p>Ano Retorno (%)</p><p>2009 26,05</p><p>2010 –6</p><p>2011 4,20</p><p>2012 8,10</p><p>2013 10</p><p>2014 6,15</p><p>2015 –3,10</p><p>2016 5</p><p>2017 6,3</p><p>2018 12,5</p><p>Os retornos dos ativos alternaram entre anos excelentes, como o de 2009, e</p><p>anos com resultados negativos, como em 2010 e 2015. Mas como poderíamos</p><p>responder à seguinte pergunta: qual é a melhor aproximação que poderíamos</p><p>dar para o retorno das ações em dado ano? A resposta a esta pergunta passa</p><p>pelo cálculo do retorno médio ( ).</p><p>De forma geral, o retorno médio ( ) de uma série de retornos r1, r2,…, rn</p><p>é dado por:</p><p>No caso das ações da Brazilian Coffee, temos:</p><p>7Risco e retorno</p><p>Este número nos diz que os ativos da Brazilian Coffee apresentaram, em</p><p>média, uma rentabilidade de 6,92% ao ano, para essa janela de tempo de 10 anos.</p><p>Agora, você verá um pouco sobre o cálculo de uma medida do risco de um</p><p>ativo, mas em breve voltaremos a falar dos retornos.</p><p>Cálculo do risco</p><p>Você já foi apresentado, nas seções anteriores, à ideia de que o risco de um</p><p>investimento está relacionado à variabilidade que os retornos desse pode</p><p>apresentar. Já aprendeu, também, na seção anterior, como calcular a taxa de</p><p>retorno e o retorno médio (ou retorno esperado) de um ativo. Agora, utilizará</p><p>esse conhecimento para calcular uma importante medida do risco de um</p><p>investimento: o desvio padrão.</p><p>O desvio padrão é uma estatística que tenta capturar informações sobre</p><p>a volatilidade de um conjunto de dados. Aqui, estaremos preocupados com a</p><p>volatilidade dos retornos de um ativo.</p><p>Dados os retornos r1, r2,…, rn de um ativo, e as médias desses retornos ,</p><p>o desvio padrão desses retornos é definido como sendo os números:</p><p>Veja o exemplo a seguir.</p><p>Como você pode ver na Figura 2, alguns valores estão mais próximos do</p><p>retorno médio, enquanto alguns se encontram distantes. Esse tipo de gráfico</p><p>é conhecido como gráfico de dispersão. Observe que o retorno de 26,05% no</p><p>Vamos calcular o desvio padrão dos retornos da Brazilian Coffee apresentados anterior-</p><p>mente. Para facilitar a compreensão, vamos repetir a tabela, indexando os retornos e</p><p>realizando a primeira etapa do cálculo, onde calculamos . Aqui, vamos utilizar os</p><p>valores em formato decimal, isto é, 26,05% é equivalente a 0,2605. Usaremos também</p><p>quatro casas decimais para evitar erros de arredondamento.</p><p>Risco e retorno8</p><p>Lembrando que , tem-se:</p><p>Ano Retorno % ri (ri – r–) (ri – r–)2</p><p>2009 26,05% 0,2605 0,1913 0,0366</p><p>2010 –6% –0,0600 –0,1292 0,0167</p><p>2011 4,20% 0,0420 –0,0272 0,0007</p><p>2012 8,10% 0,8100 0,0118 0,0001</p><p>2013 10% 0,1000 0,0308 0,0009</p><p>2014 6,15% 0,0615 –0,0077 0,0001</p><p>2015 –3,10% –0,0310 –0,1002 0,0100</p><p>2016 5% 0,0500 –0,0192 0,0004</p><p>2017 6,3% 0,0630 –0,0062 0,0000</p><p>2018 12,5% 0,1250 0,0558 0,0031</p><p>Somando os termos da última coluna e dividindo por 10 – 1 = 9, obtemos:</p><p>Este número nos diz que, embora os retornos da Brazilian Coffee tenham um valor</p><p>médio de 6,92%, estão dispersos em torno da média cerca de 8,74%. A Figura 2 apresenta</p><p>no eixo horizontal os anos e, no eixo vertical, o retorno percentual da Brazilian Coffee</p><p>no respectivo ano.</p><p>Figura 2. Retornos em % da Brazilian Coffee.</p><p>9Risco e retorno</p><p>ano de 2009 está muito mais distante da média que os demais. Valores como</p><p>esse costumam ser referidos como outliers. É essencial entender valores assim,</p><p>uma vez que eles influenciam fortemente medidas como a média e o desvio</p><p>padrão. Existe também a possibilidade de se calcular o retorno médio e o</p><p>desvio padrão dos retornos associando a probabilidade de que um determinado</p><p>retorno ocorra em um determinado período.</p><p>3 Decisões de investimento com rentabilidade e</p><p>risco</p><p>Munido dessas medidas de risco e retorno, você poderá agora analisar diferentes</p><p>ativos sob a perspectiva delas.</p><p>Como você estudou na primeira seção, diferentes gestores/investidores</p><p>têm diferentes níveis de exigência quanto ao retorno necessário por risco</p><p>adicional. Conhecendo essas características e as medidas de risco e retorno,</p><p>um administrador, ou um investidor, pode escolher entre a vasta gama de</p><p>investimentos disponíveis.</p><p>Veja, a seguir, uma tabela com os retornos da principal concorrente da</p><p>Brazilian Coffee, a Coffee Plus, entre os anos de 2009 e 2018.</p><p>Ano Retorno (%)</p><p>2009 6,0</p><p>2010 –0,5</p><p>2011 7,10</p><p>2012 6,10</p><p>2013 9</p><p>2014 6,85</p><p>2015 3,0</p><p>2016 7,5</p><p>2017 6,4</p><p>2018 8,5</p><p>Risco e retorno10</p><p>Realizando cálculos semelhantes ao que foram feitos no caso da Brazilian</p><p>Coffee, pode-se chegar aos seguintes dados para a Coffee Plus:</p><p>e</p><p>σ = 2,81%</p><p>A tabela a seguir resume estes dados para que possamos compará-los.</p><p>Empresa r– σ</p><p>Brazilian Coffee 6,92% 8,74%</p><p>Coffee Plus 6% 2,81%</p><p>Olhando rapidamente para esses números, podemos ver que a primeira</p><p>empresa apresentou retorno médio pouco maior que o da Coffee Plus. Porém,</p><p>tem-se uma redução da volatilidade dos retornos de 8,74% para 2,81%. Aqui</p><p>cabe uma pergunta: a redução de risco no segundo</p><p>ativo é suficiente para</p><p>justificar, aos olhos de um gestor ou investidor, a redução na rentabilidade?</p><p>Além da percepção pessoal de cada administrador, existem algumas medi-</p><p>das que tentam sintetizar risco e retorno em um único número. Uma delas é o</p><p>coeficiente de variação, o qual utilizaremos para responder à pergunta anterior.</p><p>Coeficiente de variação</p><p>O coefi ciente de variação é uma estatística que tenta entender o risco (desvio</p><p>padrão) de um ativo em relação ao retorno médio. Ele é defi nido por:</p><p>Quanto maior for o retorno esperado em relação à volatilidade, menor será</p><p>o coeficiente de variação. Em contrapartida, um coeficiente de variação com</p><p>valor alto indica que a volatilidade dos retornos é grande se comparada com</p><p>o retorno médio do ativo.</p><p>11Risco e retorno</p><p>Para o exemplo anterior, comparando a Brazilian Coffee com a Coffee</p><p>Plus, temos:</p><p>Brazilian Coffee:</p><p>Coffee Plus:</p><p>Portanto, esta relação risco/retorno parece ter sido muito mais favorável</p><p>nos ativos da Coffee Plus.</p><p>Redução do risco através da diversificação</p><p>Imagine por um instante que, ao invés de escolher entre dois ativos, você</p><p>optasse por alocar uma parte do seu capital em cada um deles. Você estaria</p><p>provavelmente realizando o que é conhecido como diversifi cação de carteira</p><p>ou diversifi cação de portfólio.</p><p>A ideia central é que, ao combinar ativos com diferentes níveis de risco</p><p>e retorno, é possível construir um portfólio (carteira formada por diferentes</p><p>ativos) que atenda às necessidades quanto ao nível de exposição ao risco.</p><p>Risco e retorno12</p><p>Considere um investidor que tenha montado um portfólio aplicando 40% do seu</p><p>capital nos papéis da Brazilian Coffee e 60% nas ações da Coffee Plus. Quais seriam os</p><p>valores do retorno médio, do desvio padrão e do coeficiente dessa carteira?</p><p>Para começar, você pode imaginar a carteira (C) como um ativo em que 40% do</p><p>retorno vem das ações da Brazilian Coffee (A) e 60% das ações da Coffee Plus (B).</p><p>Teríamos, portanto:</p><p>Ano A — Retorno (%) B — Retorno (%) C — Retorno (%)</p><p>2009 26,05 6,0 14,02</p><p>2010 –6 –0,5 –2,75</p><p>2011 4,20 7,10 5,94</p><p>2012 8,10 6,10 6,90</p><p>2013 10 9 9,4</p><p>2014 6,15 6,85 6,57</p><p>2015 –3,10 3,0 0,56</p><p>2016 5 7,5 6,5</p><p>2017 6,3 6,4 6,36</p><p>2018 12,5 8,5 10,10</p><p>Podemos calcular, então, o retorno médio e o desvio padrão para o ativo C equi-</p><p>valentes à carteira. Observe que o retorno em cada ano, do ativo C, é igual à média</p><p>ponderada dos retornos dos ativos A e B. Calculando o retorno médio do ativo C,</p><p>obtemos:</p><p>E com esse valor em mãos, podemos calcular o seu desvio padrão, que é σ = 4,69%.</p><p>Observe que a carteira acaba criando um portfólio ponderado dos dois ativos.</p><p>Carteira cujo coeficiente de variação é dado por:</p><p>Indicando, para essa carteira, uma relação entre risco e retorno menor do que a da</p><p>Brazilian Coffee, mas maior que a da Coffee Plus.</p><p>13Risco e retorno</p><p>A diversificação do exemplo anterior é uma variação entre ativos de um</p><p>mesmo setor. Estes ativos acabam tendo, portanto, curvas de retorno bem</p><p>parecidas. Nesse caso, o investidor está menos exposto ao risco de uma empresa</p><p>em particular, mas continua totalmente exposto ao risco de um único setor</p><p>(como poderiam ser os resultados para esse investidor caso uma severa seca</p><p>prejudicasse os resultados das empresas com ligação ao mercado de café?).</p><p>Vê-se em Brealey, Myers e Allen (2018) que diversos estudos corroboram a</p><p>importância da diversificação. Talvez, um dos mais importantes seja o trabalho</p><p>de Harry Max Markowitz, economista estadunidense, sobre a construção de</p><p>portfólios de investimentos que forneçam o maior retorno esperado para um</p><p>determinado nível de risco. Esse trabalho, que deu origem à teoria moderna</p><p>de portfólio e proporcionou a Markowitz ser laureado com o Prêmio Nobel</p><p>de Economia em 1990 (junto com William Forsyth Sharpe e Merton Howard</p><p>Miller), fornece um framework para a seleção de portfólios formados por ativos</p><p>de diferentes classes: ações, debêntures ou mesmo opções.</p><p>Voltando ao caso das ações, de forma geral, a diversificação é muito mais</p><p>eficiente quando realizada com ativos que têm curvas de retornos distintas, o</p><p>que tipicamente ocorre ao escolher ativos de ramos empresariais diferentes.</p><p>Ao adicionar ativos de diferentes setores em um portfólio, você estará amenizando o</p><p>efeito do risco setorial em sua carteira. Entretanto, estudos sugerem que o benefício</p><p>marginal da adição de um novo ativo reduz rapidamente, sendo que, no mercado</p><p>de ações, por exemplo, o impacto é praticamente nulo em uma carteira com mais</p><p>de 30 ações.</p><p>Existem diversos outros indicadores que tentam sintetizar a relação entre</p><p>risco e retorno de maneira a auxiliar na tomada de decisões. Dentre eles, merece</p><p>destaque o índice de Sharpe, sobre o qual você pode ler na obra de Ross (2013).</p><p>Risco e retorno14</p><p>BREALEY, R. A.; MYERS, S. C.; ALLEN, F. Princípios de finanças corporativas. 12. ed. Porto</p><p>Alegre: AMGH, 2018.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>ROSS, S. A. et al. Fundamentos de administração financeira. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013.</p><p>Leitura recomendada</p><p>CHEROBIN, A. P. M. S; LEMES JR, A. B.; RIGO, C. M. Administração financeira: princípios,</p><p>fundamentos e práticas financeiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>15Risco e retorno</p><p>FUNDAMENTOS DE</p><p>FINANÇAS</p><p>Fábio Rogério dos Santos Barbosa</p><p>Mercado financeiro</p><p>e fintechs</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Relacionar o mercado financeiro com as operações de intermediação</p><p>financeira.</p><p> Apresentar o modelo organizacional de uma fintech.</p><p> Descrever as vantagens de uma fintech em relação às instituições</p><p>financeiras tradicionais.</p><p>Introdução</p><p>A internet e a tecnologia vêm ao longo das últimas duas décadas trazendo</p><p>enormes mudanças, rapidez, utilidade, grandes vantagens ao mundo,</p><p>informações mais acessíveis e acessos a dados antes inimagináveis, so-</p><p>bretudo, para pessoas físicas. A tecnologia também está possibilitando</p><p>caminhos aos indivíduos com poder de compra maior ou menor, a fim</p><p>de obterem oportunidades reais de desenvolvimento tanto pessoal</p><p>quanto profissional.</p><p>No mercado financeiro não é diferente. Entram em cena, por volta de</p><p>2010, as fintechs — start-ups financeiras que estão revolucionando esse</p><p>mercado por meio dos bancos digitais e oferecendo vantagens com</p><p>relação aos bancos tradicionais, como ser totalmente on-line, oferecer</p><p>rapidez e transparência nas operações e, claro, menores taxas ao bolso</p><p>de qualquer pessoa física ou jurídica.</p><p>O mercado financeiro brasileiro e mundial está se transformando com</p><p>o surgimento das fintechs. Novos modelos de negócios e formas de fazê-</p><p>-los estão proporcionando aos indivíduos e às empresas oportunidades</p><p>singulares. E o melhor, até mesmo aquelas pessoas que nunca tiveram</p><p>a chance de ter conta bancária agora estão tendo essa possibilidade</p><p>com as fintechs.</p><p>Neste capítulo, você vai estudar sobre o mercado financeiro e as</p><p>operações de intermediação financeira, além de ler sobre o modelo</p><p>organizacional de uma fintech e as vantagens dessas start-ups financeiras</p><p>em relação às instituições financeiras tradicionais.</p><p>1 Mercado financeiro e operações de</p><p>intermediação financeira</p><p>O Brasil e o mundo vivem um momento de enorme mutação nos seus mer-</p><p>cados fi nanceiros. Mais do que nunca, as pessoas, sem distinção, ricos ou</p><p>pobres, investidores individuais e administradores fi nanceiros, quando nas</p><p>suas tomadas de decisões sobre o tema, precisam entender bem e ser bem</p><p>orientados sobre os diversos produtos que trafegam pela economia</p><p>e como</p><p>os mercados fi nanceiros operam e se relacionam. Contudo, o acesso menos</p><p>burocrático e inclusivo também tem sido observado. Qualquer pessoa deveria,</p><p>independentemente de classe social ou renda, ter acesso ao mercado fi nanceiro.</p><p>Os intermediários fi nanceiros sempre foram imprescindíveis nas negociações,</p><p>seja por meio de empréstimos, investimentos individuais, como poupança,</p><p>renda fi xa ou renda variável ou, ainda, em crédito para o crescimento de um</p><p>empreendimento.</p><p>Instituições financeiras (bancos comerciais, bancos de investimentos e</p><p>fundos mútuos), bem como a Bolsa de Valores, sempre operam como interme-</p><p>diários financeiros realizando operações entre pessoas que têm recursos para</p><p>investir e querendo receber bons juros, como rentabilidade, e, do outro lado,</p><p>pessoas que precisam recursos financeiros para alcançar os seus objetivos.</p><p>Esses intermediários financeiros recebem como remuneração grandes volumes</p><p>de dinheiro cobrando taxas e taxas em escala. Bodie, Kane e Marcus (2015)</p><p>complementam que, por esses motivos, os intermediários financeiros surgiram</p><p>para fazer a ponte entre os fornecedores de capital (investidores/poupadores)</p><p>e os demandantes de capital (principalmente as sociedades anônimas e o</p><p>governo federal). Esses intermediários financeiros incluem bancos, empresas</p><p>de investimento, seguradoras e cooperativas de crédito, os quais emitem</p><p>títulos próprios para levantar fundos e comprar títulos de outras empresas</p><p>de grande porte.</p><p>Entretanto, os intermediários financeiros têm as suas vantagens por causa</p><p>das suas expertises em realizar uma boa análise de crédito e selecionar ativos</p><p>atraentes e rentáveis com riscos calculados, tornando-se, assim, especialistas</p><p>em analisar o crédito de indivíduos e empresas. Apesar da sua eficiência</p><p>Mercado financeiro e fintechs2</p><p>bancária, Faria (2018) enfatiza que há evidências de que está ocorrendo um</p><p>declínio no cumprimento do papel tradicional dos bancos. Uma das razões da</p><p>queda é a redução expressiva dos custos de transação; outro fator do declínio</p><p>ao longo do tempo é a incapacidade de melhorar a sua eficiência.</p><p>Novos atores (bancos comunitários) oferecem alternativas de organização</p><p>do dinheiro fora do sistema oficial, atuando nas comunidades e ajudando na</p><p>geração de riqueza para as populações e bairros. O reconhecimento de que</p><p>o sistema financeiro nacional deve servir à coletividade e o fato de que tal</p><p>sistema abrange também as cooperativas de crédito, reflete Silva (2018), estão</p><p>tornando-se cada vez mais presentes nesse contexto e provocando impactos</p><p>já sentidos pelos tradicionais intermediários financeiros e algo está mudando</p><p>nesse cenário. O mundo se convence que o modelo financeiro atual é excludente</p><p>e gerador de crise.</p><p>A criação de cooperativas de crédito, bancos comunitários e moedas sociais</p><p>é exemplo de iniciativas que evidenciam a mobilização da sociedade civil e</p><p>reforçam as múltiplas possibilidades de nosso sistema financeiro nacional.</p><p>Contudo, uma mudança desse cenário, tanto no Brasil quanto no mundo,</p><p>vem fortalecendo, desde 2010, as chamadas fintechs. Em suas plataformas</p><p>digitais, oferecem serviços como: contas-correntes, cartões de crédito e débito,</p><p>empréstimos e investimentos. Neste novo modelo, essas empresas inovam</p><p>completamente a forma de oferecer serviços financeiros. Elas querem propor-</p><p>cionar facilidade e menor custo nas operações. O brasileiro desbancarizado,</p><p>desde então, vem tendo oportunidade de estar incluído no mercado financeiro</p><p>e ter os seus benefícios por meio do meio digital, algo inimaginável poucos</p><p>anos atrás, sobretudo, em função de um mercado dominado pelos grandes</p><p>bancos e instituições financeiras capitalizadas ditando as regras financeiras</p><p>com taxas abusivas.</p><p>2 Modelo organizacional de uma fintech</p><p>O modelo organizacional de uma fi ntech tem três características básicas que</p><p>defi nem um banco digital. Inicialmente, seus processos não podem ser pre-</p><p>senciais; até mesmo a captura de seus documentos e informações e a coleta</p><p>de assinatura têm de ser digitais. Alguns bancos digitais trabalham com</p><p>leitura facial e selfi es para identifi car o cliente. Em segundo lugar, o banco</p><p>deve permitir o acesso a canais eletrônicos para consultar e contratar todos os</p><p>produtos. E, em terceiro lugar, precisa resolver todos os seus problemas sem</p><p>que você precise ir até a agência, expõe Figo e Lewgoy (2019).</p><p>3Mercado financeiro e fintechs</p><p>A Figura 1 trata do ecossistema onde se encontram as fintechs. Além das</p><p>próprias start-ups financeiras (bancos digitais), estão presentes o governo,</p><p>as instituições financeiras tradicionais, os desenvolvedores de tecnologia e</p><p>os usuários financeiros.</p><p>Figura 1. Ecossistema presente nas fintechs.</p><p>Fonte: Adaptada de Figo e Lewgoy (2019).</p><p>Pagamentos, gerenciamento da riqueza,</p><p>empréstimo, crowdfunding, mercado de</p><p>capitais e fintechs de seguros</p><p>Start-ups</p><p>fintechs</p><p>Governo</p><p>Usuários</p><p>financeiros</p><p>Desenvolvedores</p><p>de tecnologia</p><p>Instituições</p><p>financeiras</p><p>tradicionais</p><p>Ecossistema</p><p>das</p><p>fintechs</p><p>Reguladores financeiros</p><p>e legislação</p><p>Bancos tradicionais,</p><p>companhias de seguro,</p><p>corretoras de ações e</p><p>venture capitalists</p><p>Indivíduos e</p><p>organizações</p><p>Análise big data,</p><p>computação em</p><p>nuvem, moedas</p><p>criptográficas e</p><p>desenvolvedores</p><p>de mídia social</p><p>A seguir, são apresentados seis modelos de negócios implementados pelas</p><p>fintechs:</p><p> pagamentos;</p><p> gerenciamento da riqueza;</p><p> crowdfunding (em tradução livre, financiamento coletivo);</p><p> empréstimos;</p><p> mercado de capitais e seguros;</p><p> moedas digitais.</p><p>Pagamentos: o modelo de negócios de pagamentos é o mais simples, compa-</p><p>rado aos outros produtos e serviços fi nanceiros, e cresce rapidamente em termos</p><p>de inovação e novas capacidades de pagamento. As start-ups fi nanceiras que</p><p>atuam nesse modelo de negócio são capazes de captar clientes rapidamente a</p><p>Mercado financeiro e fintechs4</p><p>baixos custos. Os dois mercados desse modelo de negócios são: pagamentos</p><p>de varejo e consumidor fi nal e pagamentos de atacado e corporativo, revela</p><p>Araujo (2018).</p><p>Gerenciamento da riqueza: ocorre por intermédio de robôs consultores que</p><p>fornecem consultoria fi nanceira por um valor bem abaixo de um consultor</p><p>real e são utilizados no modelo de negócios para gerenciamento de riqueza.</p><p>O desenvolvimento dos serviços de consultoria on-line automatizada está</p><p>mudando o comportamento do investidor de varejo, dando a ele acesso direto</p><p>e de baixo custo a uma ampla gama de classes de investimentos.</p><p>Crowdfunding: o crowdfunding se confi gura pelo criador do projeto ou empre-</p><p>endedor que precisa de fi nanciamento; pelos investidores que estão interessados</p><p>no projeto e, por fi m, pela instituição moderadora que facilita o engajamento</p><p>entre os investidores e o criador do projeto.</p><p>Ocorre por meio de sites, os quais são plataformas disponibilizadas pelas</p><p>fintechs para os investidores apoiarem os projetos das start-ups em troca</p><p>de benefícios, como acesso ao produto em primeira mão, ou descontos nos</p><p>preços ou troca de participação na empresa. O conceito de crowdfunding é</p><p>uma generalização do conceito de empréstimo direto pioneiramente feito pelas</p><p>plataformas de empréstimo P2P (peer-to-peer) (ARAUJO, 2018).</p><p>O crowdfunding se caracteriza baseado em recompensas, em doações e</p><p>em capital (mais comum). Estes modelos são usados, respectivamente, por</p><p>pequenas empresas, entidades beneficentes e pequenas e médias empresas.</p><p>Estas pequenas empresas buscam melhores taxas do que normalmente são</p><p>oferecidas pelos bancos para empresas desse porte, em troca, essas empresas</p><p>cedem parte de sua propriedade.</p><p>Empréstimos: uma grande parte da população, a qual as opções de crédito</p><p>não foram acessíveis pelos meios tradicionais, tem demandado empréstimos de</p><p>microcrédito em grande escala. As fi ntechs criaram nesse modelo de negócio</p><p>estruturas on-line para realizar as operações de empréstimo entre pessoas e</p><p>empresas ou entre empresas; essa plataforma é chamada P2P.</p><p>Mercado de capitais: as áreas de investimento, câmbio estrangeiro, trading,</p><p>gerenciamento de riscos e pesquisa estão no portfólio das fi ntechs de mercado</p><p>de capitais. Uma área promissora é a de trading. Uma start-up fi nanceira de</p><p>trading permite que os investidores e os corretores (traders) se conectem</p><p>5Mercado financeiro e fintechs</p><p>para discutir e compartilhar conhecimento, emitir notas de compra e venda</p><p>de ações e commodities, monitorando os riscos em tempo real.</p><p>Seguros: as fi ntechs, também chamadas de insurtechs, trabalham para au-</p><p>mentar o relacionamento das seguradoras e dos seus clientes. Elas usam a</p><p>análise de dados para calcular e comparar o risco, usam também sensores,</p><p>IoT (Internet of Things) e telefones celulares como tecnologia. Para Araujo</p><p>(2018), à medida que a quantidade de usuários cresce, são ofertados produtos</p><p>personalizados para atender às suas necessidades (seguros de carro, de vida,</p><p>de saúde, etc.). Elas agilizam os processos de faturamento dos planos de saúde.</p><p>A tecnologia ajuda as seguradoras a expandir os seus dados oriundos de fontes</p><p>não tradicionais para incrementar os seus modelos tradicionais, melhorando</p><p>as suas análises de riscos.</p><p>Moedas digitais: segundo Araujo (2018), o Bitcoin é a pioneira de todas as</p><p>criptomoedas. Utiliza tecnologia blockchain e o conceito de carteira (wallet),</p><p>em que cada usuário guarda a sua moeda digital. A carteira pode ser instalada</p><p>em seu computador ou em sites on-line. Diversos fornecedores oferecem o</p><p>software da carteira a ser instalado no seu computador. Várias recomenda-</p><p>ções de segurança são dadas pelo site do bitcoin para evitar fraudes em sua</p><p>carteira, como criptografá-la, tirar backups regulares ou usar senhas fortes,</p><p>usar multiassinaturas e ter cuidado com os serviços on-line. As transações</p><p>são feitas transferindo criptomoedas entre as carteiras. Para fazer a operação,</p><p>é necessária uma chave privada para assinar essa transação. Por este motivo,</p><p>as moedas são chamadas de criptográfi cas, pois, a partir da assinatura, as</p><p>operações são criptografadas.</p><p>As empresas de tecnologia financeira ( fintech) criam um ecossistema que</p><p>promove a coleta de grandes quantidades de dados e criam confiáveis relações</p><p>com a clientela. As instituições financeiras perceberam a importância desses</p><p>ecossistemas e estão tentando se envolver e trazer inovação para as suas em-</p><p>presas. A adoção de estratégias de crescimento eficazes e a integração com as</p><p>fintechs serão essenciais para parcerias em inovação. A parceria com as fintechs</p><p>subiu de 32%, em 2016, para 45%, em 2017, em média, mas existem grandes</p><p>discrepâncias por país. A expectativa média de parcerias para os próximos 3</p><p>a 5 anos é de 82%, reforçando que o modelo de negócios das fintechs passará</p><p>de B2C para B2B (ARAUJO, 2018).</p><p>Mercado financeiro e fintechs6</p><p>Fintechs no Brasil</p><p>O alto nível de consumo e o crescimento rápido dos smartphones colocam o</p><p>Brasil em 23º lugar no ranking geral projetado para o setor de fi ntechs, devido</p><p>à baixa concentração de ativos fi nanceiros e à penetração da banda de acesso</p><p>à Internet (ARAUJO, 2018).</p><p>Segundo Araujo (2018), existe uma concentração desse tipo de empresa nas</p><p>regiões Sudeste e Sul (83% dos pesquisados). Outra informação mostrada por</p><p>esse censo é que a idade média dessas empresas pesquisadas é de 2,44 anos,</p><p>ou seja, fundadas entre 2016 e 2017, como mostra a Figura 2.</p><p>Figura 2. Idade das start-ups no Brasil.</p><p>Fonte: Adaptada de Araujo (2018).</p><p>7Mercado financeiro e fintechs</p><p>3 Vantagens de uma fintech em relação às</p><p>instituições financeiras tradicionais</p><p>Uma pesquisa do Google, realizada em 2018, constatou que os clientes das</p><p>start-ups fi nanceiras estão mais felizes com os seus serviços (71%) do que</p><p>os clientes de bancos tradicionais (42%). Diz, ainda, que para os bancos cen-</p><p>tenários, a difi culdade da mudança é gigante, porque suas operações são</p><p>mais complexas e o número de clientes é maior. As empresas de tecnologia</p><p>são mais leves e ágeis, sem um peso para carregar e sem enormes demandas</p><p>para cumprir.</p><p>Nos últimos anos, o Banco Central tem uma agenda centrada na inova-</p><p>ção. Para a instituição, as start-ups financeiras contribuem para aumentar a</p><p>competição no Brasil e, com isso, “[…] gerar inclusão financeira, produtos e</p><p>serviços melhores e taxas menores. O movimento das fintechs é inevitável e</p><p>é muito bom para o sistema financeiro e para a sociedade” (FIGO; LEWGOY,</p><p>2019, documento on-line).</p><p>Com o passar do tempo, uma constatação: os bancos digitais e tradicio-</p><p>nais estão cada vez mais parecidos. Enquanto os bancos digitais ampliam o</p><p>portfólio de produtos e serviços, os tradicionais focam em simplificar a sua</p><p>estrutura, aumentam o investimento em tecnologia, tentam reduzir as taxas</p><p>e ser mais transparentes.</p><p>Os bancos digitais também podem ser uma alternativa para as pessoas que</p><p>têm dinheiro, mas que não têm conta bancária. Juntos, estima-se que esses</p><p>indivíduos têm uma renda anual de R$ 665 bilhões.</p><p>Contudo, uma desvantagem das fintechs de cartões de crédito é que algumas</p><p>não têm programas de benefícios, como os grandes bancos, em oferecer troca</p><p>de milhagem com a Smiles e a Multiplus, por exemplo. Pioneiro, o Nubank,</p><p>em 2017, criou o programa de recompensas Rewards, em que cada real gasto</p><p>no cartão de crédito equivale a 1 ponto. Estes pontos podem reverter em</p><p>pagamentos de faturas gastas com serviços parceiros, como Netflix, iFood,</p><p>Evino, Amazon ou serviços de streaming de música.</p><p>Algumas fintechs no Brasil, como a Creditas e a Bcredi, oferecem uma</p><p>modalidade de empréstimo pouco conhecida: o crédito com garantia, um jeito</p><p>inteligente de tomar dinheiro emprestado. Você oferece um bem à instituição</p><p>financeira, como um carro ou um imóvel, podendo ser confiscado se você</p><p>ficar inadimplente. Em troca, você consegue uma das taxas de juro mais</p><p>baixas do mercado.</p><p>As vantagens das fintechs sobre as instituições financeiras tradicionais</p><p>começam pelos seus objetivos que são atender às necessidades dos clientes de</p><p>Mercado financeiro e fintechs8</p><p>instituições tradicionais, cansados da estrutura engessada dessas empresas. Em</p><p>termos do negócio, a vantagem de serem digitais é que as start-ups financeiras</p><p>não precisam gastar milhões de reais para manter uma rede de agências físicas</p><p>no país. Com apenas um site e um app, alcançam todo o território nacional.</p><p>Outro grande benefício é que as fintechs cobram menos taxas dos clientes</p><p>do que os bancos tradicionais. Elas existem e podem ter um valor maior do</p><p>que se encontra nos bancos tradicionais — como as taxas cobradas para sa-</p><p>que, por exemplo, pois os bancos digitais não têm uma rede própria de caixas</p><p>eletrônicos e precisam usar a de terceiros, como a do Banco24Horas, mas as</p><p>regras são claras desde o início (FIGO; LEWGOY, 2019).</p><p>Outra vantagem fica em torno dos microempreendedores individuais</p><p>(MEIs), com a possibilidade de abrir e encerrar contas digitais. O monitora-</p><p>mento dos gastos e pagamentos futuros também ficou mais transparente. Essas</p><p>informações podem ser vistas a qualquer tempo pelos aplicativos.</p><p>A grande transformação no mundo do dinheiro ainda está por vir. O Open</p><p>Banking parte da premissa de que os dados pertencem aos clientes, e não às</p><p>instituições financeiras, em que bancos e fintechs construirão um ecossistema</p><p>conectado e colaborativo entre si para oferecer serviços financeiros perfeitos</p><p>ao cliente. Contudo, você pode autorizar o banco a compartilhar as suas</p><p>informações com outras empresas. Eles se tornam parceiros e conseguem</p><p>oferecer produtos e serviços melhores. Bancos e fintechs competirão e coope-</p><p>rarão simultaneamente, e todo mundo ganha com isso. Essas instituições, ao</p><p>conhecer mais detalhadamente o perfil do cliente, poderão oferecer produtos</p><p>e serviços mais adequados ao seu perfil.</p><p>Outras vantagens interessantes com relação às instituições financeiras</p><p>tradicionais são:</p><p> se você quiser saber onde obter crédito mais barato, sites como o “Bom</p><p>Pra Crédito”, “FinanZero” e o “EasyCredito” fazem a comparação de</p><p>taxas de juros de empréstimos para você, de acordo com o seu perfil.</p><p>Eles são marketplaces de crédito, espécie de shoppings de empréstimos</p><p>on-line;</p><p> soluções para a renegociação de dívidas — fintechs como “Quero</p><p>Quitar” e “Acordo Certo” oferecem aos seus clientes essas possibi-</p><p>lidades. São plataformas gratuitas de negociação de dívidas on-line,</p><p>intermediárias entre você e os credores.</p><p>A transformação pela qual o mundo vem passando na perspectiva da tecno-</p><p>logia e da saúde vem proporcionando novas formas e experiências no dia a dia,</p><p>9Mercado financeiro e fintechs</p><p>tanto com as pessoas como nos empreendimentos. As fintechs possibilitarão</p><p>acesso maior ao sistema bancário, ou seja, por pessoas que antes nunca tiveram</p><p>a oportunidade de ter uma conta bancária, como também benefícios, como a</p><p>isenção de tarifas e a rapidez nas solicitações individuais, tanto para pessoa</p><p>física ou jurídica, e com menos burocracias tradicionais sempre presentes.</p><p>Portanto, ficar atento a essas novas tecnologias é de suma importância</p><p>para o apoio a qualidade de vida individual.</p><p>ARAUJO, M. V. M. Investimento em tecnologia nas instituições financeiras e a influência</p><p>das fintechs. 2018. Dissertação (Mestrado em Economia) — Escola de Economia de São</p><p>Paulo, Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2018.</p><p>BODIE, Z.; KANE,A.; MARCUS, A. J. Investimentos. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.</p><p>FARIA, E. Fintechs de crédito e intermediários financeiros: uma análise comparativa de</p><p>eficiência. 2018. Dissertação (Mestrado em Ciências) — Faculdade de Economia, Ad-</p><p>ministração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível</p><p>em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12142/tde-07012019-112337/publico/</p><p>CorrigidoEmerson.pdf. Acesso em: 26 maio 2020.</p><p>FIGO, A.; LEWGOY, J. O guia essencial das fintechs. [São Paulo]: Abril, 2019.</p><p>SILVA, D. J. O sistema financeiro nacional nos 30 anos da constituição cidadã: entre</p><p>bancos comunitários e fintechs. In: TRANSFORMAÇÕES do Direito Administrativo: o</p><p>estado administrativo 30 anos depois da constituição de 1988. Rio de Janeiro: Escola</p><p>de Direito do Rio de Janeiro da Fundação Getulio Vargas, 2018. cap. 7, p. 185–213.</p><p>Disponível em: www.bibliotecadigital.fgv.br. Acesso em: 26 maio 2020.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Mercado financeiro e fintechs10</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Luana dos Santos Fraga</p><p>Informações e relatórios</p><p>financeiros</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Diferenciar dado e informação e sua aplicação na gestão financeira.</p><p> Apresentar os principais demonstrativos contábeis.</p><p> Identificar os relatórios gerenciais usados na tomada de decisão.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você irá estudar aspectos relacionados a dados, informa-</p><p>ções e relatórios financeiros que fazem parte do dia a dia de uma empresa,</p><p>independentemente de seu tamanho. A partir da leitura deste capítulo,</p><p>você poderá identificar as demonstrações contábeis, qual é a estrutura</p><p>básica de cada uma e quais informações elas trazem sobre a empresa.</p><p>Ainda serão apresentados alguns dos principais relatórios gerenciais</p><p>financeiros utilizados nas empresas, o que deve constar em cada um</p><p>e como eles contribuem para a tomada de decisão. Salienta-se que</p><p>os conhecimentos que serão adquiridos neste capítulo são de suma</p><p>importância para que você possa contribuir para o futuro promissor da</p><p>empresa na qual venha a estar inserido.</p><p>1 Dado e informação financeira: o que os</p><p>diferencia e como aplicá-los na gestão</p><p>financeira</p><p>Em muitos casos, dado e informação são utilizados como sinônimos, no</p><p>entanto, eles apresentam signifi cados diferentes. De forma simplifi cada, é</p><p>possível defi nir dado como um número bruto, por exemplo: a população de</p><p>uma cidade, a receita mensal de uma empresa, o número de funcionários de</p><p>uma indústria; e a informação se refere à organização e à utilização desses</p><p>dados para obter um resultado de interesse, que levará o indivíduo a chegar</p><p>a conclusões referentes a uma determinada questão. Segundo Matarazzo</p><p>(2010), os dados, isoladamente, não provocam nenhuma reação em quem os</p><p>lê, por outro lado, as informações podem produzir reações ou decisões com</p><p>signifi cado importante.</p><p>Por exemplo, o gestor financeiro precisa passar ao diretor geral a situação</p><p>financeira da empresa. Neste caso, ele não pode apenas olhar para o dado</p><p>referente às vendas, pois esse dado por si só não leva a nenhuma conclusão.</p><p>Ele precisa reunir diferentes dados, como os custos fixos e variáveis, a receita</p><p>líquida, o percentual de inadimplência, entre outros. A partir da análise desse</p><p>conjunto de dados, ele consegue retirar informações relevantes e precisas que</p><p>darão suporte para definir a real situação financeira da empresa e a elaboração</p><p>de uma resposta consistente ao seu diretor. No Quadro 1 são apresentados</p><p>exemplos de dados e informações aplicados no contexto financeiro.</p><p>Dados</p><p>Versus</p><p>Informações</p><p>Receita, despesa,</p><p>custos fixos, custos</p><p>variáveis, contas a</p><p>receber, contas a pagar,</p><p>imposto a pagar e</p><p>disponibilidade de caixa.</p><p>As receitas da empresa</p><p>tiveram uma queda no</p><p>último ano, comparadas</p><p>ao ano anterior.</p><p>A despesa com matéria-</p><p>prima está muito</p><p>elevada e levando</p><p>à redução do lucro</p><p>líquido da empresa.</p><p>A capacidade de</p><p>geração de caixa nos</p><p>últimos três meses</p><p>está possibilitando</p><p>novos investimentos</p><p>na área de tecnologia.</p><p>Quadro 1. Exemplos de dados e informações</p><p>Informações e relatórios financeiros2</p><p>Todos os processos de decisões no ambiente empresarial devem ser realizados com</p><p>embasamento em dados e informações que mostrem a situação da empresa nas suas</p><p>diferentes áreas, detalhadamente. Analistas financeiros e contadores transformam</p><p>dados concretos aplicando fórmulas específicas e, a partir disso, são capazes de avaliar a</p><p>situação financeira presente, com base no passado, e projetar o futuro da organização.</p><p>2 Principais demonstrativos contábeis</p><p>Demonstrativos contábeis (ou fi nanceiros) equivalem a um conjunto de dados</p><p>apurados e divulgados pelas empresas, normalmente de frequência semestral</p><p>ou anual, os quais revelam os vários resultados de seu desempenho no exercício</p><p>social passado (ASSAF NETO; LIMA, 2014). Por meio dos demonstrativos,</p><p>investidores, analistas fi nanceiros e outras partes externas interessadas obtêm</p><p>informações acerca da corporação (BERK; DEMARZO, 2010). Os principais</p><p>demonstrativos contábeis são:</p><p> balanço patrimonial;</p><p> demonstração do resultado do exercício (DRE);</p><p> demonstração dos fluxos de caixa (DFC);</p><p> demonstração das mutações patrimoniais;</p><p> demonstração do valor adicionado (DVA).</p><p>Balanço patrimonial</p><p>O balanço patrimonial é um demonstrativo resumido da posição fi nanceira e</p><p>patrimonial da empresa em um dado momento do tempo. No Brasil, é dividido</p><p>em três grandes tópicos: ativo, passivo e patrimônio líquido, os quais são</p><p>subdivididos, conforme mostrado no Quadro 2.</p><p>3Informações e relatórios financeiros</p><p>Fonte: Adaptado de Silva e França (2019).</p><p>Ativo Passivo</p><p>Ativo circulante Passivo circulante</p><p>Ativo não circulante:</p><p> Realizável a longo prazo</p><p> Imobilizado</p><p> Investimento</p><p> Intangível</p><p>Passivo não circulante</p><p>Patrimônio líquido</p><p>Capital social</p><p>Reservas de capital</p><p>Reservas de lucro</p><p>Ajuste da avaliação patrimonial</p><p>Ações em tesouraria</p><p>Prejuízos acumulados</p><p>Quadro 2. Estrutura do balanço patrimonial</p><p>De acordo com Assaf Neto e Lima (2014) e Gitman (2010), os ativos são</p><p>os bens e os direitos da organização, e são ordenados de forma decrescente,</p><p>de acordo com a sua liquidez. Assim, são listados, primeiramente, aqueles</p><p>com maior probabilidade de serem convertidos em dinheiro de forma mais</p><p>rápida, os quais</p><p>são designados por ativo circulante. Neste grupo, enquadram-</p><p>-se o dinheiro em caixa, as duplicatas a receber, os estoques de produto e a</p><p>matéria-prima.</p><p>Os ativos não circulantes são divididos em:</p><p> ativo realizável a longo prazo;</p><p> investimentos;</p><p> imobilizado;</p><p> intangível.</p><p>Eles podem ser convertidos em dinheiro no curto prazo ou só poderão</p><p>ser rentabilizados depois do exercício social daquele ano. O ativo realizável</p><p>a longo prazo inclui notas promissórias, aplicações financeiras, depósitos e</p><p>adiantamentos. Os investimentos se referem às participações e às aplicações</p><p>financeiras de caráter permanente, com o objetivo de gerar rendimentos para</p><p>Informações e relatórios financeiros4</p><p>a empresa, como as participações em outras sociedades, a posse de imóveis</p><p>não essenciais para a manutenção das atividades, entre outros.</p><p>O ativo imobilizado engloba os bens essenciais para a manutenção das</p><p>atividades da empresa, como imóveis, máquinas e equipamentos, móveis e</p><p>veículos; e, por fim, o ativo intangível corresponde aos bens não materiais,</p><p>mas que têm valor e que são essenciais para as atividades da empresa, como</p><p>marcas, direitos autorais, patentes, licenças, etc. Cabe destacar que o balanço</p><p>não exibe valores de mercado atualizados dos ativos de longo prazo; os con-</p><p>tadores registram o valor original do custo de cada um dos ativos e deduzem</p><p>um montante anual fixo referente à depreciação, à amortização ou à exaustão.</p><p>No lado direito do balanço de pagamento tem-se o passivo, ou seja, as</p><p>obrigações que a empresa tem perante terceiros. Assim, como no caso dos</p><p>ativos, o passivo é dividido em circulante e não circulante, porém, os dois</p><p>incluem as mesmas categorias, o que os diferencia é a data de vencimento</p><p>das obrigações. Aquelas que vencem no curto prazo, ou seja, as dívidas e as</p><p>contas que devem ser pagas no exercício seguinte à apresentação do balanço</p><p>patrimonial (geralmente, em até um ano), entram no passivo circulante. Caso</p><p>contrário, as contas entrarão no balanço como passivo não circulante. O</p><p>passivo circulante, assim como o não circulante, pode apresentar as seguintes</p><p>contas: obrigações a fornecedores, empréstimos e financiamentos, tributos a</p><p>recolher, obrigações trabalhistas e previdenciárias, participações e destinações</p><p>do lucro líquido, obrigações, como aluguéis, contas de água e luz, e outras</p><p>não enquadradas nas demais categorias. Também no lado direito, apresenta-se</p><p>o patrimônio líquido, que é a diferença entre o total do ativo e do passivo, e</p><p>em linhas gerais corresponde à riqueza de uma organização, ou seja, o seu</p><p>capital próprio. As contas do patrimônio líquido são divididas em: capital</p><p>social, reservas de capital, ajustes da avaliação patrimonial, reservas de lucros,</p><p>ações em tesouraria e prejuízos acumulados (ASSAF NETO; LIMA, 2014;</p><p>GITMAN, 2010).</p><p>Demonstração do resultado do exercício</p><p>A DRE fornece um resumo fi nanceiro dos resultados operacionais e não</p><p>operacionais da empresa durante um determinado período, normalmente 12</p><p>meses, e encerrado em 31 de dezembro de cada ano. Ela tem como objetivo</p><p>detalhar a formação do resultado líquido de um exercício por meio da descrição</p><p>das receitas, dos custos e das despesas de uma empresa, apuradas segundo o</p><p>princípio contábil do regime de competência, no qual receitas e despesas devem</p><p>5Informações e relatórios financeiros</p><p>ser incluídas na operação do resultado do período em que ocorrem (SERVIÇO</p><p>BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, [20––?]).</p><p>Tal demonstração é comumente reconhecida como uma das obrigações</p><p>mais importantes de uma empresa, independentemente se ela é pequena, média</p><p>ou grande, pois se concentra em único documento, dado de grande relevância</p><p>para a realização de um bom planejamento estratégico. Além disso, no caso de</p><p>companhia aberta, é muito útil para a análise dos investidores e interessados</p><p>na empresa. A estrutura básica de uma DRE é mostrada no Quadro 3.</p><p>Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Lima (2014).</p><p>Receita bruta de venda de bens e serviços</p><p>(–) Impostos sobre vendas</p><p>(–) Devoluções, descontos comerciais</p><p>Receita líquida</p><p>(–) Custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos</p><p>Lucro bruto</p><p>(–) Despesas de vendas, administrativas e gerais</p><p>(±) Outras receitas e despesas operacionais</p><p>(±) Resultado de equivalência patrimonial</p><p>Resultados antes das receitas e das despesas financeiras</p><p>(+) Receitas financeiras</p><p>(–) Despesas financeiras</p><p>Lucro antes do IR/CSLL</p><p>(–) Despesas com tributos sobre o lucro</p><p>Lucro líquido do exercício</p><p>Quadro 3. Estrutura da demonstração do resultado do exercício</p><p>O lucro líquido do exercício é o resultado da DRE, com todos os ganhos e</p><p>perdas do período. A partir desse resultado, é possível refletir sobre a necessi-</p><p>dade de reavaliar os custos e as despesas de produção e concluir, por exemplo,</p><p>onde deve-se cortar custos para elevar os lucros de um negócio. Salienta-se</p><p>que, no caso de companhias abertas, são obrigatórias as demonstrações de</p><p>resultados trimestrais aos acionistas, além de ser comum a elaboração mensal</p><p>da DRE (GITMAN, 2010).</p><p>Informações e relatórios financeiros6</p><p>Demonstração dos fluxos de caixa</p><p>A DFC é a demonstração que mostra os recebimentos e os pagamentos efetu-</p><p>ados pela empresa em caixa, indicando o que ocorreu no período em termos</p><p>de entradas e saídas de dinheiro (ASSAF NETO; LIMA, 2014). Os fl uxos de</p><p>caixa podem ser divididos em:</p><p> operacionais;</p><p> de investimento;</p><p> de financiamento.</p><p>Os fl uxos operacionais constituem as entradas e as saídas de caixa direta-</p><p>mente relacionadas à venda e à produção de bens e serviços. Os fl uxos de</p><p>investimento estão associados à compra e à venda de ativo imobilizado e</p><p>investimentos em participações societárias, e os fl uxos de fi nanciamento</p><p>provêm de transações fi nanceiras com capital de terceiros (dívidas) ou capital</p><p>próprio (GITMAN, 2010).</p><p>A DFC pode ser elaborada por meio dos métodos direto e indireto, conforme</p><p>mostrado no Quadro 4.</p><p>7Informações e relatórios financeiros</p><p>Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Lima (2014).</p><p>Método direto Método indireto</p><p>Atividades operacionais</p><p>(+) Recebimento de clientes</p><p>(–) Pagamento de contas</p><p>(–) Pagamento de despesas</p><p>operacionais</p><p>(–) Pagamento de impostos</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>operacionais</p><p>Atividades de financiamento</p><p>(±) Novos empréstimos de</p><p>curto e longo prazos</p><p>(+) Aumento de capital</p><p>(–) Despesas financeiras</p><p>(–) Pagamentos de dividendos</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>de financiamento</p><p>Atividades de investimentos</p><p>(±) Aquisição de imobilizado</p><p>(±) Outros investimentos</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>de investimento</p><p>(±) Caixa inicial</p><p>Resultado do caixa final</p><p>Atividades operacionais</p><p>Lucro líquido do exercício</p><p>(+) Depreciação</p><p>(±) Variações no circulante</p><p>(capital de giro)</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>operacionais</p><p>Atividades de financiamento</p><p>(±) Novos empréstimos de</p><p>curto e longo prazos</p><p>(+) Aumento de capital</p><p>(–) Despesas financeiras</p><p>(–) Pagamentos de dividendos</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>de financiamento</p><p>Atividades de investimentos</p><p>(±) Aquisição de imobilizado</p><p>(±) Outros investimentos</p><p>Fluxo de caixa das atividades</p><p>de investimentos</p><p>(±) Caixa inicial</p><p>Resultado do caixa final</p><p>Quadro 4. Estrutura da demonstração dos fluxos de caixa</p><p>No método direto, a DFC é elaborada a partir da movimentação direta</p><p>ocorrida no caixa da empresa, demonstrando todos os itens que tenham pro-</p><p>vocado entrada ou saída de caixa, como pagamento de fornecedores, folha</p><p>de pagamento, pagamento de impostos e dividendos, recebimento de cliente</p><p>e aquisições de imobilizados. No entanto, pelo método indireto, é necessário</p><p>buscar as informações do fluxo de caixa, indiretamente, no balanço patrimonial</p><p>e na DRE, ou seja, a partir do lucro ou prejuízo da empresa.</p><p>Informações e relatórios financeiros8</p><p>Demonstração das mutações do patrimônio líquido</p><p>A demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL) surgiu em</p><p>substituição à demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, e sua grande</p><p>contribuição é revelar as</p><p>movimentações ocorridas em todas as contas do</p><p>patrimônio líquido, que são:</p><p> capital social;</p><p> reservas de capital;</p><p> reservas de lucro;</p><p> ajuste da avaliação patrimonial;</p><p> ações em tesouraria;</p><p> prejuízos acumulados.</p><p>Essa demonstração complementa as informações e os dados revelados</p><p>pelo balanço patrimonial e pela demonstração de resultados (ASSAF NETO;</p><p>LIMA, 2014). A estrutura básica da DMPL é mostrada no Quadro 5.</p><p>Fonte: Adaptado de Assaf Neto e Lima (2014).</p><p>Saldo anterior</p><p>(±) Ajustes de exercícios anteriores</p><p>(–) Dividendos extraordinários</p><p>(–) Incorporação ao capital</p><p>Lucro líquido do exercício</p><p>(–) Transferência para reserva legal</p><p>(–) Idem para outras reservas de lucros</p><p>(–) Dividendos propostos</p><p>Saldo final</p><p>Quadro 5. Estrutura básica da demonstração das mutações do patrimônio líquido</p><p>Demonstração do valor adicionado</p><p>A DVA é obrigatória somente para as companhias abertas e consiste na</p><p>demonstração da receita deduzida dos custos dos recursos adquiridos de</p><p>terceiros, evidenciando o valor da riqueza gerada pela organização. Nela</p><p>9Informações e relatórios financeiros</p><p>deve ser evidenciado o total desse valor, que foi distribuído entre os agentes</p><p>econômicos que contribuíram para a sua geração (acionistas, empregados,</p><p>governo e instituições fi nanceiras), assim como a parcela de riqueza que</p><p>não foi distribuída (ASSAF NETO, 2010). A estrutura básica da DVA deve</p><p>apresentar os seguintes componentes:</p><p> receita bruta e outras receitas;</p><p> insumos adquiridos de terceiros;</p><p> valores retidos pela entidade;</p><p> valores adicionados recebidos em transferências a outras entidades;</p><p> valor total adicionado a distribuir;</p><p> distribuição do valor adicionado.</p><p>Notas explicativas</p><p>Além dos cinco demonstrativos, as empresas fornecem também as notas</p><p>explicativas, as quais têm como objetivo destacar informações que não são</p><p>apresentadas no corpo dos demonstrativos contábeis, mas que contribuem para</p><p>a interpretação dos seus resultados e a avaliação da situação patrimonial da</p><p>empresa (BERK; DEMARZO, 2010). Apesar de o termo “notas explicativas”</p><p>parecer algo substancial, em termos contábeis, elas têm regras específi cas.</p><p>Entre outros aspectos que forem julgados necessários, devem constar nas</p><p>notas explicativas os conteúdos (ASSAF NETO; LIMA, 2014):</p><p> sumário das práticas contábeis;</p><p> detalhamento dos investimentos relevantes em outras empresas;</p><p> reavaliações realizadas no exercício e seu tratamento contábil;</p><p> ônus sobre os ativos da empresa;</p><p> detalhamento das dívidas de longo prazo, quanto às épocas de venci-</p><p>mento, taxas de encargos e tipos de indexação;</p><p> detalhamento do capital social;</p><p> ajustes de exercícios anteriores realizados no exercício;</p><p> eventos subsequentes à data do balanço que possam alterar significati-</p><p>vamente a posição financeira e patrimonial futura da empresa;</p><p> detalhamentos de contas agrupadas no balanço e no cálculo do lucro,</p><p>dividendo por ação e dividendo mínimo obrigatório.</p><p>As sociedades anônimas de capital aberto precisam divulgar também o</p><p>relatório da administração e o parecer dos auditores, sendo que o primeiro</p><p>Informações e relatórios financeiros10</p><p>se refere a um conjunto de informações de caráter geral sobre a organização,</p><p>como dados estatísticos, políticas de recursos humanos, projeções financeiras,</p><p>projetos de expansão e modernização, entre outras informações consideradas</p><p>relevantes pela administração e pelos analistas externos. Todavia, o parecer</p><p>dos auditores tem como objetivo verificar se a contabilização dos dados foi</p><p>elaborada dentro dos princípios fundamentais da contabilidade, indicando a</p><p>veracidade, a uniformidade e a confiabilidades dos dados apresentados nas</p><p>demonstrações (ASSAF NETO, 2010).</p><p>Exemplo de uma nota explicativa</p><p>“Apresentação e elaboração das demonstrações financeiras</p><p>As demonstrações financeiras da controladora e do consolidado, aprovadas pelo</p><p>Conselho de Administração em 23 de fevereiro de 2010, foram elaboradas e estão</p><p>apresentadas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, com base nas</p><p>disposições contidas na Lei das Sociedades por Ações e nas normas estabelecidas</p><p>pela Comissão de Valores Mobiliários — CVM. Na elaboração das demonstrações</p><p>financeiras, foram utilizadas, quando necessário, estimativas contábeis determinadas</p><p>pela administração em função de fatores objetivos para a seleção das vidas úteis do</p><p>ativo imobilizado, provisões necessárias para passivos contingentes e para créditos de</p><p>liquidação duvidosa e outras similares. Em função da reestruturação societária descrita</p><p>anteriormente, o resultado acumulado do exercício findo em 31 de dezembro de 2009</p><p>está representado por 12 meses da operação Satipel (01 de janeiro a 31 de dezembro)</p><p>e seis meses de operação da nova Duratex (01 de julho a 31 de dezembro). O balanço</p><p>patrimonial de 31 de dezembro de 2008, bem como o resultado do exercício findo</p><p>nessa data, corresponde às cifras da Satipel S.A. Em relação às cifras originalmente</p><p>divulgadas, foram efetuadas determinadas reclassificações que não são relevantes</p><p>para o conjunto das demonstrações financeiras nem alteram o resultado, o patrimônio</p><p>líquido, o capital circulante ou os principais índices de balanço. ”</p><p>3 Relatórios gerenciais</p><p>Para que um gestor possa tomar decisões acertadas, de forma rápida e efi ciente,</p><p>ele precisa ter como base relatórios gerenciais ou administrativos, nos quais devem</p><p>constar um conjunto de informações de caráter geral sobre a organização, como</p><p>projeções fi nanceiras, políticas de recursos humanos, projetos para expansão e</p><p>modernização, perspectivas para o futuro da empresa e o seu setor no geral, além</p><p>11Informações e relatórios financeiros</p><p>de outras informações que podem contribuir para uma melhor tomada de decisão</p><p>por parte da administração e que são fundamentais para os analistas externos.</p><p>Alguns dos principais relatórios gerenciais são os demonstrativos contá-</p><p>beis, como o balanço patrimonial, a DRE e a DFC, sendo estes obrigatórios e</p><p>elaborados pelo contador da empresa. No entanto, outros relatórios gerenciais,</p><p>mais simples, são amplamente utilizados e podem ser feitos manualmente por</p><p>meio de planilhas ou software especializados. Confira a seguir alguns deles.</p><p>Relatório de contas a pagar — O qual deve conter as despesas fi xas, como</p><p>aluguel, salários e encargos trabalhistas, e as despesas variáveis, como co-</p><p>missões e insumos. É importante, ainda, que sejam registradas nele todas as</p><p>contas, com valor, data de vencimento, número de parcelas, data do pagamento,</p><p>valor fi nal (considerando possíveis juros) e status do pagamento.</p><p>Relatório de contas a receber — Neste relatório, encontram-se os valores a</p><p>serem recebidos, com as respectivas datas de recebimento, possíveis descontos</p><p>oferecidos, cobrança de juros e identifi cação dos clientes que são bons pagadores.</p><p>Relatório de vendas — Relatório que possibilita aos gestores acompanhar o</p><p>desempenho dos seus vendedores, perceber algum padrão de comportamento</p><p>dos clientes (como, por exemplo, o horário que preferem comprar e por quais</p><p>meios, como telefone, e-commerce ou pessoalmente). Normalmente, constam</p><p>nesse relatório o número de vendas, valor das vendas, ticket médio dos produtos</p><p>mais vendidos e buscados, e dias e horas com maior percentual de vendas.</p><p>Orçamento empresarial — Relatório que demonstra os recursos que a em-</p><p>presa tem para projetar as metas e quanto deverá ser gasto para que elas sejam</p><p>alcançadas. Sua base é realizada por meio da previsão de receitas e despesas,</p><p>formada com dados de meses anteriores.</p><p>Valor real × valor orçado — É possível acompanhar, por meio desse relatório,</p><p>o que foi planejado para determinado período e o que está efetivamente acon-</p><p>tecendo. É de suma importância que os gestores acompanhem esses números</p><p>em curtos períodos de tempo.</p><p>Por meio da utilização desses e de outros relatórios gerenciais, torna-se</p><p>possível administrar e/ou gerenciar um negócio com mais segurança e res-</p><p>paldo, seja esse uma</p><p>Asset Pricing Model)? Blog WR Prates, 2016. Dis-</p><p>ponível em: https://www.wrprates.com/o-que-e-capm-capital-asset-pricing-model/.</p><p>Acesso em: 30 ago. 2019.</p><p>REIS, H. C. Regime de caixa ou de competência: eis a questão. Revista de Administração</p><p>Municipal, v. 52, n. 260, p. 37-48, 2006. Disponível em: http://www.oim.tmunicipal.org.br/</p><p>abre_documento.cfm?arquivo=_repositorio/_oim/_documentos/4529D07C-0F29-3F8B-</p><p>-9850EEADDC99B4D217122008103654.pdf&i=268. Acesso em: 30 ago. 2019.</p><p>ROSS, S. A. et al. Administração financeira. Porto Alegre: AMGH, 2015.</p><p>SOARES, M.; SCARPIN, J. E. A convergência da contabilidade pública nacional às normas</p><p>internacionais e os impactos na aplicação da DRE na administração direta. Revista</p><p>Catarinense da Ciência Contábil – CRCSC – Florianópolis, v. 9, n. 27, p. 25-42, ago./nov.</p><p>2010. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4775/477549000003.pdf. Acesso</p><p>em 2 set. 2019.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>MARTINS, T. S.; CRUZ, J. A. W.; CORSO, J. M. D. O impacto da implementação do balan-</p><p>ced scorecard no desempenho financeiro. Revista Gestão & Planejamento, v. 12, n. 1, p.</p><p>61-73, 2011. Disponível em: http://www.spell.org.br/documentos/ver/897/o-impacto-</p><p>-da-implementacao-do-balanced-scorecard-no-desempenho-financeiro. Acesso</p><p>em: 30 ago. 2019.</p><p>MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2000.</p><p>VIEIRA, M. V. Administração estratégica do capital de giro. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas,</p><p>2008.</p><p>13Introdução à administração financeira</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Iverson Barreto Manfrinato</p><p>Introdução a finanças</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Distinguir entre finanças empresariais, finanças pessoais e finanças</p><p>públicas.</p><p> Explicar o papel das finanças nas organizações privadas.</p><p> Descrever a estrutura financeira de uma empresa.</p><p>Introdução</p><p>Neste capítulo, você verá como as finanças empresariais são importantes</p><p>para o desenvolvimento de qualquer organização. Em nossas atividades</p><p>empresariais ou pessoais, necessitamos de recursos financeiros para</p><p>a conclusão de transações, como aquisição de materiais, compra de</p><p>equipamentos e abastecimento de veículos.</p><p>Uma organização empresarial tem como objetivo principal o lucro</p><p>— resultado da subtração de receitas e despesas —; para atingi-lo, é</p><p>necessário planejamento e controle das ações. Sendo assim, o profissional</p><p>da área financeira deve ter informações precisas para tomar a decisão de</p><p>como conduzir a organização.</p><p>1 Finanças empresariais, pessoais e públicas</p><p>Estudar fi nanças não é tão complicado quanto parece, sendo assim, leia todo o</p><p>capítulo visualizando situações cotidianas, quer sejam pessoais ou empresariais,</p><p>para notar que muitos dos termos que serão abordados são conhecidos por</p><p>você. Cada um será nomeado para que você possa entender cada vez mais os</p><p>conceitos fi nanceiros.</p><p>Imagine a seguinte situação: você contraiu dívidas ao longo de sua jornada</p><p>e tem dinheiro para quitar apenas uma delas. Qual conta deverá ser paga?</p><p>Quais são os números que devem ser olhados para que possa ser tomada</p><p>a melhor decisão? Geralmente, deve-se escolher a dívida que tem os juros</p><p>mais altos, pois, assim, não se corre o risco de o valor da dívida aumentar</p><p>exponencialmente.</p><p>Engana-se quem pensa que a área financeira é apenas um setor ou departa-</p><p>mento de uma empresa, pelo contrário, ela atua diretamente nas diversas áreas</p><p>da organização. Dessa forma, é importante que você saiba como funcionam</p><p>todos os departamentos da empresa, gerando, assim, valor para a sua vida</p><p>profissional e como consequência você conseguirá administrar a sua vida</p><p>pessoal, sempre levando em consideração o cenário mais adequado para cada</p><p>situação. O controle financeiro auxilia os gestores a verificar as decisões de</p><p>investimentos, controlar seus gastos, abrir novas filiais ou desenvolver novos</p><p>produtos ou serviços.</p><p>Finanças empresariais</p><p>A constituição de uma empresa exige um agrupamento de recursos fi nanceiros</p><p>que podem vir das mais variadas fontes: acionistas que investem o seu capital,</p><p>fornecedores que fi nanciam as atividades da empresa por meio da venda</p><p>dos estoques de seus produtos, de agentes fi nanceiros, como os bancos, que</p><p>fi nanciam parte do capital para os sócios, possibilitando o início da atividade</p><p>empresarial.</p><p>De acordo com Gitman (2010), à luz dos princípios financeiros, o principal</p><p>objetivo do administrador deve ser aumentar a riqueza dos acionistas. Dessa</p><p>forma, o administrador financeiro deverá levar em consideração o risco de</p><p>cada decisão e o seu impacto futuro. Para que uma operação financeira possa</p><p>ser considerada viável, o retorno sobre o investimento sempre deverá ser maior</p><p>do que a taxa praticada pelo mercado.</p><p>As atividades financeiras estão diretamente ligadas às áreas de economia,</p><p>contabilidade, produção, recursos humanos, entre outras. Dessa forma, o gestor</p><p>financeiro deve avaliar cada opção antes de realizar a decisão final, sabendo</p><p>que isso pode perpetuar ou finalizar as operações empresariais.</p><p>As finanças permeiam toda a organização de negócios, proporcionando dire-</p><p>trizes tanto para as decisões estratégicas quanto para as decisões diárias da</p><p>empresa e coletando informações para controle e feedback sobre as decisões</p><p>financeiras (CORNETT; ADAIR JUNIOR; NOFSINGER, 2013, p. 8).</p><p>Sendo assim, podemos compreender que administrar as finanças empre-</p><p>sariais é um processo que exige comprometimento de todos os envolvidos,</p><p>quer sejam investidores ou colaboradores. A empresa é uma pessoa jurídica</p><p>Introdução a finanças2</p><p>e, como tal, precisa de dinheiro para que possa cumprir com as suas obriga-</p><p>ções de curto, médio e longo prazo. Isso ocorre em grandes empresas, mas,</p><p>no Brasil, a maioria das empresas é de pequeno e médio porte, fazendo com</p><p>que as finanças da empresa e as finanças pessoais acabem sendo ministradas</p><p>como uma conta única, sem distinção da pessoa física e da pessoa jurídica.</p><p>A administração das finanças empresariais aborda duas grandes áreas: ad-</p><p>ministração do capital de giro e orçamento de capital:</p><p>Administração do capital de giro está relacionada aos itens da conta</p><p>de curto prazo da empresa, ao pagamento de fornecedores, aos estoques, à</p><p>avaliação das vendas a prazo e à obtenção de recursos financeiros.</p><p>Orçamento de capital está relacionado aos itens de longo prazo, à aplica-</p><p>ção dos recursos da empresa que serão comprometidos por longos períodos</p><p>de tempo, por meio da avaliação de propostas, e a verificação das taxas de</p><p>retorno dos projetos avaliados.</p><p>Finanças pessoais</p><p>Administrar a vida fi nanceira pessoal é uma tarefa que exige muita disciplina,</p><p>assim como nas fi nanças empresariais, pois durante a nossa vida tomamos</p><p>decisões fi nanceiras que determinam a forma como as fi nanças serão compro-</p><p>metidas, como a aquisição de um bem, o investimento em ações de grandes</p><p>empresas, o pagamento de contas, entre outros.</p><p>Independentemente de quanto você tem para investir, o conhecimento de fi-</p><p>nanças pode ajudá-lo a decidir em que tipo de investimento financeiro investir</p><p>seu dinheiro, quanto deve ser investido e como os recursos investidos devem</p><p>ser distribuídos entre os diferentes investimentos (GITMAN, 2010, p. 2).</p><p>Infelizmente, muitas pessoas não se preocupam com o futuro, depositam</p><p>as suas economias em um único investimento, que pode ser um mau negócio</p><p>e fazer com que a pessoa perca todo o seu dinheiro, mas também existe o</p><p>contrário, a pessoa consegue o retorno esperado, tendo uma folga financeira.</p><p>Por meio de ações estratégicas, no intuito de formar o patrimônio pessoal</p><p>ou familiar, cada vez mais estão sendo difundidas técnicas que podem garantir</p><p>a estabilidade econômica e financeira, de forma mais flexível, e as finanças</p><p>pessoais podem se adequar à necessidade e à realidade das pessoas. O pla-</p><p>nejamento financeiro pessoal possibilita uma garantia de qualidade de vida.</p><p>Diferentemente das empresas que utilizam recursos de terceiros para</p><p>financiar os seus ativos,</p><p>instituição privada, pública, comercial, industrial, etc.</p><p>Por meio dos relatórios, contábeis e gerenciais, tem-se acesso a informações</p><p>Informações e relatórios financeiros12</p><p>fidedignas aos dados e, assim, podem ser adotadas as melhores ações, com</p><p>vistas ao progresso da empresa (SILVA; EVANGELISTA, 2017).</p><p>Com base no exposto até aqui, é possível notar a importante diferença entre</p><p>dados e informações, mais especificamente que as informações são resultado</p><p>da análise de diferentes dados e permitem que sejam tiradas conclusões sobre</p><p>um determinado assunto a partir delas. Além disso, é possível reconhecer a</p><p>estrutura das diferentes demonstrações contábeis e dos relatórios gerencias,</p><p>importantes ferramentas para um bom gerenciamento empresarial.</p><p>ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 9.</p><p>ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Fundamentos de administração financeira. 2. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2014.</p><p>BERK, J. B.; DEMARZO, P. M. Finanças empresariais: essencial. Porto Alegre: Bookman, 2010.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São</p><p>Paulo: Atlas, 2010.</p><p>SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. O que é uma DRE?</p><p>[20––?]. Disponível em: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/</p><p>como-fazer-um-demonstrativo-de-resultados,48f3ace85e4ef510VgnVCM1000004c00</p><p>210aRCRD. Acesso em: 23 maio 2020.</p><p>SILVA, A. G.; EVANGELISTA, C. R. L. A importância dos sistemas de informações gerenciais</p><p>para micro e pequenas empresas: considerações sobre o Marketup. Organizações e</p><p>Sociedade, v. 6, n. 6, p. 69–83, 2017.</p><p>SILVA, K.; FRANÇA, C. Balanço patrimonial: análise sob a perspectiva do pronunciamento</p><p>técnico n° 26: apresentação das demonstrações contábeis. Revista de Administração e</p><p>Contabilidade, v. 11, n. 1, p. 22–42, 2019.</p><p>13Informações e relatórios financeiros</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Informações e relatórios financeiros14</p><p>FUNDAMENTOS</p><p>DE FINANÇAS</p><p>Ricardo da Silva e Silva</p><p>O gestor financeiro</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:</p><p> Explicar as decisões de investimento e de financiamento dentro de</p><p>uma empresa.</p><p> Avaliar os aspectos considerados na tomada de decisão pelo gestor</p><p>financeiro.</p><p> Identificar os principais relatórios de apoio à tomada de decisão.</p><p>Introdução</p><p>O papel do gestor financeiro nas organizações é realizar uma série de</p><p>análises e acompanhamentos que visam a compreender a situação das</p><p>finanças de uma organização. Cabe, então, ao gestor subsidiar os em-</p><p>presários no processo de tomada de decisão em relação às estratégias</p><p>organizacionais, sobre a tomada de capital ou a possibilidade de inves-</p><p>timentos empresariais.</p><p>Neste capítulo, você vai conhecer os principais demonstrativos que</p><p>apoiam a tomada de decisão do gestor financeiro, compreendendo</p><p>os critérios de avaliação de tais demonstrativos, que permitem decidir</p><p>sobre as decisões de investimento e financiamento em uma empresa, e</p><p>também será possível avaliar os principais aspectos que levam o gestor</p><p>financeiro a estruturar o seu processo decisório.</p><p>1 Decisões empresariais de investimento e</p><p>financiamento</p><p>No contexto empresarial, o gestor fi nanceiro tem papel de grande importância</p><p>nas organizações. Ele tem uma série de responsabilidades de mapeamento</p><p>da situação fi nanceira de uma organização, do controle dos processos que</p><p>envolvem o setor fi nanceiro de uma empresa e, nesse sentido, da tomada de</p><p>decisões. Assaf Neto (2006) elenca as responsabilidades do gestor fi nanceiro,</p><p>sendo: o planejamento e o controle fi nanceiro, a tomada de decisão, tanto de</p><p>investimento quanto de fi nanciamento, a defi nição de objetivos e, ainda, o</p><p>compromisso de agir de forma ética.</p><p>As empresas têm uma série de setores, áreas, departamentos e, apesar de</p><p>cada um desses setores operar de forma sistêmica, em relação aos objetivos</p><p>organizacionais, cada área da empresa tem atividades específicas, sendo que</p><p>não há uma área mais importante que a outra. Cada uma delas faz com que</p><p>seja possível alcançar as metas definidas no planejamento estratégico, tático</p><p>e operacional, entretanto, o gestor financeiro e, por sua vez, o departamento</p><p>financeiro, devido à relevância da saúde financeira de uma organização, têm</p><p>grande importância no processo decisório. Empresas saudáveis financeira-</p><p>mente têm maior capacidade de investimento em atividades e melhorias em</p><p>qualquer uma das demais áreas da organização. Conforme Pina (2008, p. 1):</p><p>[...] praticamente tudo o que se pensa dentro de uma corporação tem um</p><p>impacto financeiro no orçamento, sendo necessária uma avaliação profunda</p><p>no que diz respeito ao conhecimento, à orientação e ao uso dessa ferramenta</p><p>de auxílio no que se refere à tomada de decisão.</p><p>Abordadas as principais funções dos gestores financeiros nas organizações</p><p>e a importância do setor financeiro no contexto empresarial, cabe destacar,</p><p>então, a importância desse profissional nas estratégias de investimento, finan-</p><p>ciamento e responsabilidade que competem a esse profissional.</p><p>Decisões de investimento</p><p>O objetivo de maior parte das empresas é a maximização dos lucros. Para</p><p>que seja possível a obtenção de resultados positivos em relação aos aspectos</p><p>fi nanceiros, é necessário observar indicadores que apontam os resultados das</p><p>operações das empresas, como a demonstração dos resultados e o fl uxo de</p><p>caixa. Estes demonstrativos apontam a estabilidade fi nanceira da organização,</p><p>amparando o gestor na tomada de decisão em relação a possíveis investimentos.</p><p>Nas organizações, os investimentos visam à implementação de melhorias,</p><p>modificações e até expansões, com o intuito de que as empresas obtenham</p><p>retorno financeiro com os financiamentos realizados. Para Gitman e Madura</p><p>(2003), os investimentos possibilitam que sejam gerados fluxos de caixa,</p><p>para que o capital investido retorne para as empresas. O gestor financeiro é</p><p>responsável por analisar se os investimentos de fato irão apresentar o retorno</p><p>esperado.</p><p>O gestor financeiro2</p><p>Além dos demonstrativos citados anteriormente, há outras ferramentas</p><p>de análise que permitem mensurar o retorno de possíveis investimentos das</p><p>organizações e, para isso, além dos demonstrativos, outras ferramentas, que</p><p>visam a estimar o retorno dos fluxos de caixa, podem ser utilizadas para</p><p>subsidiar as decisões dos gestores financeiros.</p><p>O processo decisório dos gestores financeiros, em relação aos investimen-</p><p>tos realizados pelas empresas, pode ocorrer baseado por meio de aspectos</p><p>subjetivos, ou seja, nas experiências e percepções dos gestores, mas, princi-</p><p>palmente, por aspectos quantitativos baseados em fórmulas ou cálculos. Para</p><p>Silva (2012, p. 7):</p><p>A análise qualitativa é estritamente subjetiva. Cabe a cada empresa analisar as</p><p>suas experiências para a execução dos projetos de investimentos. Já a análise</p><p>quantitativa é obtida por meio de fórmulas financeiras. Consiste basicamen-</p><p>te em três fórmulas: cálculo do payback; cálculo do valor presente líquido</p><p>(VPL); e cálculo da taxa interna de retorno (TIR). Além disso, considera-se</p><p>uma análise de taxas de juros e seleção de projetos.</p><p>Cada uma das ferramentas que auxiliam o gestor financeiro na tomada</p><p>de decisão é descoberta por meio de fórmulas distintas e seus resultados</p><p>permitem diferentes interpretações em relação aos aspectos de investimentos</p><p>para as organizações.</p><p>O payback é um índice que mensura o prazo de retorno de um investimento</p><p>em um determinado</p><p>período, apontando em quanto tempo o empreendedor</p><p>irá recuperar um investimento inicial. O ideal é que o payback seja o menor</p><p>possível, mas a análise do indicador varia de acordo com o fôlego financeiro</p><p>de cada empreendimento. O cálculo do payback é simples, basta dividir o</p><p>investimento inicial pelo ganho de capital no período. De acordo com Brigham,</p><p>Gapenski e Ehrhardt (2001, p. 425), “[…] o período de payback é definido</p><p>como o número de anos necessário para recuperar o investimento dos fluxos</p><p>líquidos de caixa descontados”.</p><p>A taxa interna de retorno (TIR) representa o indicador que iguala o valor</p><p>presente líquido (VPL) a zero, apontando qual taxa de um investimento não</p><p>apresenta nem lucro, nem prejuízo, sendo um indicador que indica a viabi-</p><p>lidade de um investimento. A fórmula da TIR iguala o VPL a zero e projeta</p><p>os fluxos de caixa futuros. Conforme Schubert (1989, p. 50), a TIR permite</p><p>“[…] encontrar a taxa de retorno, que fará com que o valor presente de caixa</p><p>líquido esperado, ou projetado, de um investimento se iguale ao valor presente</p><p>dos desembolsos de caixa aplicados no projeto”.</p><p>3O gestor financeiro</p><p>O VPL é uma técnica que permite projetar para o presente os fluxos de</p><p>caixa futuros de um investimento. Na fórmula para encontrar o VPL, ainda é</p><p>necessário estimar uma taxa mínima de atratividade que representa o mínimo</p><p>esperado de remuneração de um investimento, para que o negócio seja consi-</p><p>derado viável. Souza e Clemente (2015) definem o VPL como a projeção dos</p><p>valores esperados de fluxo de caixa para a data zero. O resultado do cálculo</p><p>do VPL, caso positivo, indica que o investimento é financeiramente viável,</p><p>e caso o VPL seja inferior a 0, o gestor financeiro está diante de um investi-</p><p>mento inviável. Veja, a seguir, a fórmula do cálculo do VPL, que envolve a</p><p>taxa mínima de atratividade, as projeções de fluxos de caixa e o investimento</p><p>inicial (EGESTOR, 2020).</p><p>Há uma série de técnicas, ferramentas e demonstrativos que possibilitam</p><p>que o gestor financeiro esteja amparado no seu processo de tomada de decisão,</p><p>tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos, dessa maneira, destaca-se</p><p>a importância da gestão do financeiro.</p><p>Decisões de financiamento</p><p>Outra responsabilidade dos gestores fi nanceiros tem relação com a tomada</p><p>de capital pelas organizações. Esta se dá pela necessidade na realização de</p><p>manutenção ou crescimento do negócio. Tanto as decisões de fi nanciamento</p><p>como as de investimento são de extrema importância, entretanto, as decisões</p><p>de investimento permitem uma análise mais profunda, por meio de indica-</p><p>dores e demonstrativos, enquanto as decisões de fi nanciamento carecem da</p><p>percepção dos gestores sobre a capacidade de endividamento da empresa. No</p><p>processo de decisão de fi nanciamento, segundo Gitman e Madura (2003, p.</p><p>6), “[…] devem ser estabelecidos os níveis de fi nanciamento de curto e longo</p><p>prazos. Uma segunda preocupação, igualmente importante, é determinar as</p><p>melhores fontes de fi nanciamento”.</p><p>O gestor financeiro pode, ainda, em relação ao financiamento, optar por</p><p>investimento de capital de terceiros ou, ainda, de capital próprio, sempre</p><p>optando pela melhor opção de investimento. É importante ressaltar ainda, em</p><p>relação às decisões de financiamento, que há um custo para esse capital, que</p><p>pode envolver novos projetos e investimentos. O custo de capital é o retorno</p><p>de um investimento feito por uma empresa. Caso o retorno financeiro de um</p><p>projeto, ou investimento, seja superior ao custo de capital, há um aumento do</p><p>O gestor financeiro4</p><p>valor da empresa, nesse sentido, o custo financeiro da decisão representa o</p><p>custo de capital, cabendo ao gestor financeiro analisar os impactos de suas</p><p>decisões.</p><p>Conforme Silva (2012, p. 8), o gestor financeiro deve levar em conta, no</p><p>momento de analisar a possibilidade de financiamento:</p><p>O seu custo financeiro. Qual a taxa de juros? Existem impostos? Para responder</p><p>a estas perguntas, os gerentes financeiros precisam avaliar: disponibilida-</p><p>de de crédito; concorrência do setor bancário; retorno do negócio; risco de</p><p>inadimplência; taxa de juros; nível de atividade da economia; e vantagens</p><p>competitivas.</p><p>2 Aspectos importantes na tomada de decisão</p><p>pelo gestor financeiro</p><p>Como é possível observar, o gestor fi nanceiro tem muitas responsabilidades</p><p>em relação à condução do negócio, sendo uma fi gura indispensável na coleta</p><p>de informações e tomadas de decisões presentes, que irão impactar o futuro a</p><p>curto, médio e longo prazos. O processo decisório de gestores fi nanceiros leva</p><p>em conta alguns elementos, como a gestão de recursos disponíveis, o processo</p><p>orçamentário, mas também uma série de teorias voltadas a compreender a</p><p>estrutura lógica do processo de tomada de decisão dos gestores fi nanceiros.</p><p>No decorrer deste capítulo serão abordados os elementos teóricos con-</p><p>ceituais, que sustentam a tomada de decisão de gestores financeiros, e ainda</p><p>aqueles que envolvem o dia a dia e os aspectos cotidianos desses gestores.</p><p>Teorias relacionadas à tomada de decisão financeira</p><p>As atividades do gestor fi nanceiro estão relacionadas à tomada de decisão de</p><p>fi nanciamento, investimento, captação e análise de recursos e, ainda, à orga-</p><p>nização de todo o planejamento organizacional. Levam em conta os objetivos</p><p>da empresa de forma sistêmica, para guiar a condução do processo decisório,</p><p>por meio da escolha das melhores estratégias que permitem o alcance de tais</p><p>objetivos. Para Kalil (2011, p. 27–28), a escolha dessas estratégias “[…] nada</p><p>5O gestor financeiro</p><p>mais é que a escolha dos caminhos, ou do melhor caminho, que levarão o</p><p>negócio até o seu objetivo. Parece simples, mas defi nir uma estratégia, em</p><p>muitos casos, é uma tarefa ampla e, inclusive, complexa”.</p><p>A gestão financeira, como teoria, surge com a ampliação das funções</p><p>básicas de uma empresa, abordadas por Fayol em seus estudos sobre a teoria</p><p>clássica, que define a função financeira como uma das seis funções de uma</p><p>empresa, descrevendo essa função como aquela relacionada ao gerenciamento</p><p>de capitais.</p><p>Conforme a evolução das empresas, a sua organização e estrutura e a</p><p>importância que o gestor financeiro assume em relação à tomada de decisão,</p><p>evoluíram também as teorias relativas ao tema gestão financeira e, princi-</p><p>palmente, a forma como são tomadas as decisões por parte dos gestores. O</p><p>Quadro 1 aponta os modelos teóricos que apoiam a tomada de decisão dos</p><p>gestores financeiros, elencando os autores que influenciaram essas teorias,</p><p>os pressupostos básicos e o impacto desses conceitos na gestão financeira</p><p>contemporânea.</p><p>As teorias apresentadas destacam as estratégias e os modelos teóricos</p><p>que conduzem o processo de tomada de decisão dos gestores financeiros.</p><p>O gestor financeiro6</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>A</p><p>da</p><p>pt</p><p>ad</p><p>o</p><p>de</p><p>B</p><p>ra</p><p>si</p><p>le</p><p>iro</p><p>e</p><p>S</p><p>ilv</p><p>a</p><p>(2</p><p>01</p><p>6)</p><p>.</p><p>M</p><p>o</p><p>d</p><p>el</p><p>o</p><p>t</p><p>eó</p><p>ri</p><p>co</p><p>P</p><p>ri</p><p>n</p><p>ci</p><p>p</p><p>ai</p><p>s</p><p>te</p><p>ó</p><p>ri</p><p>co</p><p>s</p><p>P</p><p>re</p><p>ss</p><p>u</p><p>p</p><p>o</p><p>st</p><p>o</p><p>s</p><p>In</p><p>fl</p><p>u</p><p>ên</p><p>ci</p><p>a</p><p>n</p><p>a</p><p>g</p><p>es</p><p>tã</p><p>o</p><p>fi</p><p>n</p><p>an</p><p>ce</p><p>ir</p><p>a</p><p>co</p><p>n</p><p>te</p><p>m</p><p>p</p><p>o</p><p>râ</p><p>n</p><p>ea</p><p>M</p><p>od</p><p>el</p><p>o</p><p>re</p><p>la</p><p>ci</p><p>on</p><p>al</p><p>M</p><p>ax</p><p>W</p><p>eb</p><p>er</p><p>Te</p><p>m</p><p>c</p><p>om</p><p>o</p><p>ob</p><p>je</p><p>tiv</p><p>o</p><p>al</p><p>ca</p><p>nç</p><p>ar</p><p>a</p><p>m</p><p>áx</p><p>im</p><p>a</p><p>ef</p><p>ic</p><p>iê</p><p>nc</p><p>ia</p><p>p</p><p>or</p><p>m</p><p>ei</p><p>o</p><p>de</p><p>a</p><p>çõ</p><p>es</p><p>o</p><p>rg</p><p>an</p><p>iz</p><p>ad</p><p>as</p><p>e</p><p>m</p><p>et</p><p>as</p><p>p</p><p>ré</p><p>-d</p><p>et</p><p>er</p><p>m</p><p>in</p><p>ad</p><p>as</p><p>.</p><p>O</p><p>s</p><p>pr</p><p>oc</p><p>es</p><p>so</p><p>s</p><p>de</p><p>ci</p><p>só</p><p>rio</p><p>s</p><p>se</p><p>b</p><p>as</p><p>ei</p><p>am</p><p>n</p><p>o</p><p>pr</p><p>in</p><p>cí</p><p>pi</p><p>o</p><p>da</p><p>ra</p><p>ci</p><p>on</p><p>al</p><p>id</p><p>ad</p><p>e</p><p>ec</p><p>on</p><p>ôm</p><p>ic</p><p>a,</p><p>s</p><p>en</p><p>do</p><p>qu</p><p>e</p><p>as</p><p>d</p><p>ec</p><p>is</p><p>õe</p><p>s</p><p>do</p><p>s</p><p>in</p><p>di</p><p>ví</p><p>du</p><p>os</p><p>p</p><p>od</p><p>em</p><p>s</p><p>er</p><p>ex</p><p>pl</p><p>ic</p><p>ad</p><p>as</p><p>p</p><p>el</p><p>a</p><p>m</p><p>ot</p><p>iv</p><p>aç</p><p>ão</p><p>d</p><p>es</p><p>se</p><p>s</p><p>na</p><p>b</p><p>us</p><p>ca</p><p>p</p><p>el</p><p>a</p><p>p</p><p>ot</p><p>en</p><p>ci</p><p>al</p><p>iz</p><p>aç</p><p>ão</p><p>d</p><p>os</p><p>g</p><p>an</p><p>ho</p><p>s,</p><p>m</p><p>es</p><p>m</p><p>o</p><p>qu</p><p>e</p><p>el</p><p>es</p><p>a</p><p>pr</p><p>es</p><p>en</p><p>te</p><p>m</p><p>s</p><p>ua</p><p>s</p><p>pr</p><p>ef</p><p>er</p><p>ên</p><p>ci</p><p>as</p><p>d</p><p>e</p><p>es</p><p>co</p><p>lh</p><p>a.</p><p>Fi</p><p>na</p><p>nç</p><p>as</p><p>co</p><p>m</p><p>po</p><p>rt</p><p>am</p><p>en</p><p>ta</p><p>is</p><p>H</p><p>eb</p><p>er</p><p>t S</p><p>im</p><p>on</p><p>Co</p><p>m</p><p>pr</p><p>ee</p><p>nd</p><p>e</p><p>o</p><p>in</p><p>ve</p><p>st</p><p>id</p><p>or</p><p>e</p><p>o</p><p>s</p><p>eu</p><p>co</p><p>m</p><p>p</p><p>or</p><p>ta</p><p>m</p><p>en</p><p>to</p><p>, 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M</p><p>od</p><p>el</p><p>os</p><p>te</p><p>ór</p><p>ic</p><p>os</p><p>d</p><p>a</p><p>to</p><p>m</p><p>ad</p><p>a</p><p>de</p><p>d</p><p>ec</p><p>is</p><p>ão</p><p>fi</p><p>na</p><p>nc</p><p>ei</p><p>ra</p><p>7O gestor financeiro</p><p>Entretanto, outros elementos são fundamentais e servem como subsídios para</p><p>o processo decisório dos gestores financeiros, como a análise da estrutura</p><p>financeira da empresa e a gestão dos recursos disponíveis.</p><p>Recursos disponíveis e processo decisório</p><p>Há uma série de elementos que podem subsidiar o gestor fi nanceiro em rela-</p><p>ção ao processo decisório, entre eles os recursos fi nanceiros, disponíveis nas</p><p>organizações, que auxiliam a indicar os níveis de liquidez das empresas. Esses</p><p>elementos podem ter origem tanto no ambiente interno quanto no externo das</p><p>organizações. Um importante aspecto, que infl uencia a tomada de decisão do</p><p>gestor fi nanceiro, é o gerenciamento dos recursos disponíveis, ou seja, o capital</p><p>que uma empresa tem relacionado às suas operações diárias. Roth (2011) defi ne</p><p>esse capital como o fl uxo fi nanceiro de uma empresa, apontando se foi possível</p><p>ou não maximizar a disponibilidade de dinheiro de uma organização. Podem</p><p>ser elencados como os elementos que evidenciam os recursos disponíveis e</p><p>subsidiam o processo decisório dos gestores fi nanceiros:</p><p>Caixa e banco — O caixa da empresa representa o valor de liquidez imediata</p><p>da organização e a capacidade que a empresa tem para saldar obrigações.</p><p>Conforme Farias (2013), o gestor fi nanceiro deve acompanhar o saldo em</p><p>caixa e observar se este está alinhado aos planos fi nanceiros.</p><p>Contas a pagar e receber — Contas a pagar são os créditos, em geral advindos</p><p>da comercialização dos produtos ou serviços de uma empresa. Todavia, as</p><p>contas a receber são as obrigações das empresas relativas aos fornecedores.</p><p>Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000) teorizam que as contas a receber são</p><p>aquelas originadas das vendas a prazo. Gitman (2002), por sua vez, aponta que</p><p>as contas a pagar são os desembolsos futuros a ser provisionados. O acompa-</p><p>nhamento das contas a pagar e receber possibilita observar a capacidade real</p><p>de liquidez da empresa e de honrar as suas obrigações.</p><p>Taxa de juros — Originada do ambiente externo das organizações, a taxa</p><p>de juros representa a remuneração cobrada sobre uma negociação fi nanceira.</p><p>Guerra (2001, p. 41) afi rma que juros é “[…] uma compensação em dinheiro</p><p>pelo uso de um capital, por determinado tempo, a uma taxa combinada”. Cabe</p><p>ao gestor observar qual é o percentual da taxa de juros para optar ou não pela</p><p>realização de fi nanciamento.</p><p>O gestor financeiro8</p><p>Infl ação — Também um aspecto externo que infl uencia a tomada de decisão,</p><p>a infl ação é o aumento de preços de forma generalizada. Esse aumento acaba</p><p>ocasionando a perda do poder de compra da população e o aumento dos</p><p>custos de produção. A redução do poder de compra da população impacta</p><p>nos resultados da empresa devido à redução das vendas.</p><p>Todos esses elementos são indispensáveis para auxiliar a tomada de decisão</p><p>do gestor financeiro, influenciam nas decisões de financiamento e investimento</p><p>e na definição do processo orçamentário.</p><p>Gestor financeiro, tomada de decisão e processo</p><p>orçamentário</p><p>No sentido de conduzir o processo de planejamento e tomada de decisão,</p><p>o processo orçamentário é uma ferramenta poderosa no auxílio a gestores</p><p>fi nanceiros, no intuito de defi nir como serão organizados os recursos humanos</p><p>fi nanceiros e os materiais de uma organização, na busca de obtenção de seus</p><p>objetivos e metas.</p><p>Brookson (2000, p. 6) define e conceitua orçamento como:</p><p>[…] uma declaração de planos financeiros para o período que está por vir,</p><p>normalmente de um ano. Em geral, imagina-se que ele deve incluir somente</p><p>as entradas e as saídas de dinheiro (conta de lucros e perdas, ou de resultados),</p><p>que representam, respectivamente, as receitas esperadas e as despesas autori-</p><p>zadas. No entanto, o orçamento também precisa conter os planos da empresa</p><p>para seus ativos e passivos (balanço orçado) e as estimativas de épocas e de</p><p>valores previstos para as entradas e as saídas de caixa (fluxo de caixa orçado).</p><p>O orçamento é um guia condutor no processo de tomada de decisão do gestor</p><p>financeiro. As definições de como serão aplicados os recursos conduzem todas</p><p>as ações, possibilitando um maior controle do capital e a forma como todos</p><p>os departamentos da organização irão convergir para o processo decisório.</p><p>A Figura 1 apresenta o orçamento mestre, no qual o processo orçamentário é</p><p>dividido em diferentes orçamentos, o operacional, voltado ao processo produ-</p><p>tivo e de comercialização de produtos ou serviços, e o financeiro, envolvendo</p><p>todas as projeções financeiras e contábeis.</p><p>9O gestor financeiro</p><p>Figura 1. Fluxo do processo orçamentário.</p><p>Fonte: Vasconcelos (2012, p. 51).</p><p>Por meio do processo orçamentário é possível definir de forma mais as-</p><p>sertiva os planos e as metas organizacionais. Dessa forma, as decisões do</p><p>gestor financeiro são amparadas por importantes elementos, como os recursos</p><p>disponíveis, a análise e o adequado alocamento desses.</p><p>3 Principais relatórios de apoio à tomada de</p><p>decisão</p><p>A movimentação fi nanceira das empresas ocasiona uma série de documentos</p><p>e demonstrativos que apontam a saúde fi nanceira da organização. Alguns</p><p>desses demonstrativos, inclusive, representam obrigações das empresas, no</p><p>sentido de manter registrados o fl uxo de capitais e as alterações relativos ao</p><p>patrimônio da organização.</p><p>Neste capítulo, serão apresentados os principais demonstrativos financeiros</p><p>e contábeis, que servem como base para o processo decisório dos gestores</p><p>financeiros. O Quadro 2 apresenta os principais demonstrativos financeiros</p><p>e contábeis, a conceituação de cada um deles e, ainda, de qual forma esses</p><p>demonstrativos influenciam no processo decisório das organizações.</p><p>O gestor financeiro10</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>A</p><p>da</p><p>pt</p><p>ad</p><p>o</p><p>de</p><p>C</p><p>os</p><p>ta</p><p>e</p><p>t a</p><p>l.</p><p>(2</p><p>01</p><p>6)</p><p>, H</p><p>oj</p><p>i (</p><p>20</p><p>00</p><p>),</p><p>M</p><p>on</p><p>tib</p><p>el</p><p>le</p><p>r (</p><p>20</p><p>12</p><p>),</p><p>Pa</p><p>do</p><p>ve</p><p>ze</p><p>(2</p><p>01</p><p>7)</p><p>, R</p><p>os</p><p>a</p><p>e</p><p>Si</p><p>lv</p><p>a</p><p>(2</p><p>00</p><p>2)</p><p>e</p><p>S</p><p>an</p><p>to</p><p>s</p><p>(2</p><p>01</p><p>6)</p><p>.</p><p>D</p><p>em</p><p>o</p><p>n</p><p>st</p><p>ra</p><p>ti</p><p>vo</p><p>C</p><p>o</p><p>n</p><p>ce</p><p>it</p><p>o</p><p>A</p><p>n</p><p>ál</p><p>is</p><p>e</p><p>n</p><p>o</p><p>p</p><p>ro</p><p>ce</p><p>ss</p><p>o</p><p>d</p><p>ec</p><p>is</p><p>ó</p><p>ri</p><p>o</p><p>Ba</p><p>la</p><p>nç</p><p>o</p><p>pa</p><p>tr</p><p>im</p><p>on</p><p>ia</p><p>l</p><p>O</p><p>b</p><p>al</p><p>an</p><p>ço</p><p>p</p><p>at</p><p>rim</p><p>on</p><p>ia</p><p>l 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7</p><p>9)</p><p>.</p><p>“P</p><p>or</p><p>m</p><p>ei</p><p>o</p><p>do</p><p>fl</p><p>ux</p><p>o</p><p>de</p><p>c</p><p>ai</p><p>xa</p><p>p</p><p>ro</p><p>je</p><p>ta</p><p>do</p><p>, o</p><p>g</p><p>es</p><p>to</p><p>r 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8</p><p>3)</p><p>.</p><p>D</p><p>em</p><p>on</p><p>st</p><p>ra</p><p>çã</p><p>o</p><p>do</p><p>re</p><p>su</p><p>lta</p><p>do</p><p>d</p><p>o</p><p>ex</p><p>er</p><p>cí</p><p>ci</p><p>o</p><p>(D</p><p>RE</p><p>)</p><p>Pa</p><p>do</p><p>ve</p><p>ze</p><p>(2</p><p>01</p><p>7)</p><p>a</p><p>p</p><p>on</p><p>ta</p><p>o</p><p>D</p><p>RE</p><p>c</p><p>om</p><p>o</p><p>a</p><p>fe</p><p>rr</p><p>am</p><p>en</p><p>ta</p><p>qu</p><p>e</p><p>ap</p><p>re</p><p>se</p><p>nt</p><p>a</p><p>o</p><p>lu</p><p>cr</p><p>o</p><p>ou</p><p>o</p><p>p</p><p>re</p><p>ju</p><p>íz</p><p>o</p><p>ac</p><p>um</p><p>ul</p><p>ad</p><p>o.</p><p>O</p><p>D</p><p>RE</p><p>p</p><p>er</p><p>m</p><p>ite</p><p>“[</p><p>...]</p><p>a</p><p>s</p><p>to</p><p>m</p><p>ad</p><p>as</p><p>d</p><p>e</p><p>de</p><p>ci</p><p>sã</p><p>o</p><p>m</p><p>ai</p><p>s</p><p>as</p><p>se</p><p>rt</p><p>iv</p><p>as</p><p>. 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D</p><p>em</p><p>on</p><p>st</p><p>ra</p><p>tiv</p><p>os</p><p>fi</p><p>na</p><p>nc</p><p>ei</p><p>ro</p><p>s</p><p>e</p><p>co</p><p>nt</p><p>áb</p><p>ei</p><p>s</p><p>11O gestor financeiro</p><p>Cada um dos demonstrativos financeiros tem diferentes funções e auxilia na</p><p>tomada de decisão de distintas formas, sendo assim, é necessário compreender</p><p>de forma mais ampla cada uma dessas demonstrações.</p><p>Análise de balanço patrimonial</p><p>Como apontado no Quadro 2, o balanço patrimonial permite analisar os bens,</p><p>os direitos e as obrigações de uma empresa em um determinado período. Por</p><p>meio do balanço patrimonial há a compreensão da situação do patrimônio de</p><p>uma organização. O balanço patrimonial permite observar a evolução desse</p><p>patrimônio com o passar dos anos, e observar o ativo, o passivo e o patrimônio</p><p>líquido, que é a diferença entre essas duas classifi cações de contas de uma</p><p>empresa. O ativo é dividido em circulante e não circulante, sendo o circulante</p><p>aquele que tem rápida liquidez, ou seja, pode ser transformado em dinheiro</p><p>em um curto período, como o caixa, as contas em banco, os estoques e as</p><p>contas a receber em curto prazo. O ativo não circulante tem baixa liquidez,</p><p>não havendo possibilidade de transformar em dinheiro em curto prazo, como</p><p>as máquinas, os equipamentos, os imóveis e os valores a receber no longo</p><p>prazo. Nesse sentido, é possível acompanhar a capacidade de endividamento</p><p>e investimento da empresa por meio da observância da saúde fi nanceira dela.</p><p>No balanço patrimonial ainda é possível observar as contas referentes ao</p><p>passivo, havendo também a classificação de passivo circulante e passivo não</p><p>circulante. A diferença entre estes dois tipos de classificação de conta é o</p><p>tempo para que essas sejam realizadas. O passivo circulante são aquelas contas</p><p>realizáveis em um curto prazo, e o passivo não circulante, aquelas contas que</p><p>não podem ser realizadas no exercício vigente do balanço apresentado. São</p><p>exemplos de contas do passivo: empréstimos, dividendos e impostos. Se uma</p><p>empresa transformar todo o seu ativo em capital e liquidar todas as suas obri-</p><p>gações, o valor restante dessa operação é o patrimônio líquido. Dessa forma,</p><p>é possível acompanhar a evolução do patrimônio da empresa e a capacidade</p><p>de geração de liquidez em curto e longo prazos.</p><p>No processo de análise de um balanço patrimonial, uma organização</p><p>que tem ativo muito maior que passivo é uma organização com baixo endi-</p><p>vidamento, apontando um valor alto de patrimônio líquido. Nesse caso, há</p><p>uma organização saudável financeiramente. Caso o passivo seja similar ou</p><p>superior ao ativo, a empresa não é saudável financeiramente, dessa forma, é</p><p>pouco competitiva. Essa análise é fundamental para a tomada de decisão do</p><p>gestor financeiro.</p><p>O gestor financeiro12</p><p>Análise do demonstração do resultado do exercício</p><p>A demonstração do resultado apresenta o resultado de uma empresa em um</p><p>período, sendo esse resultado o lucro ou o prejuízo. O demonstrativo apre-</p><p>senta a receita bruta da organização em um determinado período, e o DRE</p><p>demonstra quanto a empresa ganhou e como adquiriu capital em um exercício.</p><p>São apresentados nessa demonstração os resultados, deduzidos os custos, e</p><p>as despesas da organização, apontando como resultado o lucro ou o prejuízo</p><p>do exercício. Esse demonstrativo pode apontar o lucro bruto, as deduções e</p><p>o impacto percentual de cada uma dessas deduções sobre a receita bruta da</p><p>empresa, como é possível observar no Quadro 3. A partir do DRE é possível</p><p>adequar os custos e os gastos, além de observar a capacidade de uma empresa</p><p>em gerar lucro.</p><p>Fonte: Adaptado de Padoveze (2017).</p><p>Receita operacional bruta</p><p>(–) Impostos sobre as vendas</p><p>Receita operacional líquida</p><p>(–) Custo de produto vendido</p><p>Lucro bruto</p><p>(–) Despesas administrativas e comerciais</p><p>Lucro operacional</p><p>(–) Despesas financeiras</p><p>Lucro antes dos impostos</p><p>(–) Impostos sobre o lucro</p><p>Resultado do exercício</p><p>R$ 50.000,00</p><p>R$ 8.000,00</p><p>R$ 42.000,00</p><p>R$ 19.000,00</p><p>R$ 23.000,00</p><p>R$ 6.500,00</p><p>R$ 16.500,00</p><p>R$ 4.500,00</p><p>R$ 12.000,00</p><p>R$ 3.000,00</p><p>R$ 9.000,00</p><p>100%</p><p>16%</p><p>38%</p><p>13%</p><p>9%</p><p>6%</p><p>18%</p><p>Quadro 3. Demonstração do resultado do exercício</p><p>13O gestor financeiro</p><p>A demonstração dos resultados é uma ferramenta de grande importância</p><p>para subsidiar os gestores financeiros, entretanto, não abrange as aquisições</p><p>relacionadas aos estoques e ao patrimônio de uma organização, ficando esse</p><p>controle submetido ao fluxo de caixa.</p><p>Análise do fluxo de caixa</p><p>O fl uxo de caixa aponta a fl uidez de capital de uma organização, controlando a</p><p>entrada e a saída de valores dela. Ao contrário do DRE, por meio da análise de</p><p>fl uxo de caixa é possível observar de forma instantânea a geração de caixa da</p><p>empresa e os gastos mais relevantes e signifi cativos no dia a dia da organização.</p><p>O fluxo de caixa acompanha a entrada de capital, por meio dos valores ad-</p><p>vindos da comercialização de produtos e serviços, e a saída de valores referente</p><p>a encargos, custos e gastos relacionados ou não ao processo produtivo, à folha</p><p>de pagamento, entre outros. Mediante a projeção do fluxo de caixa é possível</p><p>vislumbrar a saúde financeira da organização, por meio do acompanhamento</p><p>do valor em caixa da organização, sendo necessário ter atenção especial caso</p><p>as projeções indiquem queda no valor em caixa da empresa. Há, ainda, uma</p><p>série de indicadores que podem ser gerados por meio dos demonstrativos</p><p>financeiros e contábeis. Estes índices possibilitam compreender de forma</p><p>mais ampla os resultados de uma empresa, facilitando o processo decisório.</p><p>O Quadro 4 aponta os principais indicadores gerados por meio dos elementos</p><p>presentes nos demonstrativos financeiros.</p><p>O gestor financeiro14</p><p>Fo</p><p>nt</p><p>e:</p><p>A</p><p>da</p><p>pt</p><p>ad</p><p>o</p><p>de</p><p>A</p><p>ra</p><p>új</p><p>o</p><p>et</p><p>a</p><p>l.</p><p>(2</p><p>01</p><p>3)</p><p>.</p><p>In</p><p>d</p><p>ic</p><p>ad</p><p>o</p><p>r</p><p>Fó</p><p>rm</p><p>u</p><p>la</p><p>d</p><p>o</p><p>c</p><p>ál</p><p>cu</p><p>lo</p><p>D</p><p>es</p><p>cr</p><p>iç</p><p>ão</p><p>d</p><p>o</p><p>ín</p><p>d</p><p>ic</p><p>e</p><p>Pa</p><p>rt</p><p>ic</p><p>ip</p><p>aç</p><p>ão</p><p>d</p><p>o</p><p>ca</p><p>pi</p><p>ta</p><p>l d</p><p>e</p><p>te</p><p>rc</p><p>ei</p><p>ro</p><p>s</p><p>Ín</p><p>di</p><p>ce</p><p>g</p><p>er</p><p>al</p><p>d</p><p>a</p><p>es</p><p>tr</p><p>ut</p><p>ur</p><p>a</p><p>de</p><p>c</p><p>ap</p><p>ita</p><p>l d</p><p>a</p><p>en</p><p>tid</p><p>ad</p><p>e,</p><p>re</p><p>la</p><p>ci</p><p>on</p><p>an</p><p>do</p><p>o</p><p>s</p><p>re</p><p>cu</p><p>rs</p><p>os</p><p>p</p><p>ró</p><p>pr</p><p>io</p><p>s</p><p>co</p><p>m</p><p>o</p><p>s</p><p>de</p><p>te</p><p>rc</p><p>ei</p><p>ro</p><p>s</p><p>Li</p><p>qu</p><p>id</p><p>ez</p><p>g</p><p>er</p><p>al</p><p>Es</p><p>te</p><p>ín</p><p>di</p><p>ce</p><p>in</p><p>di</p><p>ca</p><p>a</p><p>s</p><p>itu</p><p>aç</p><p>ão</p><p>d</p><p>a</p><p>em</p><p>pr</p><p>es</p><p>a</p><p>no</p><p>lo</p><p>ng</p><p>o</p><p>pr</p><p>az</p><p>o</p><p>e</p><p>co</p><p>nf</p><p>ro</p><p>nt</p><p>a</p><p>o</p><p>to</p><p>ta</p><p>l d</p><p>o</p><p>at</p><p>iv</p><p>o</p><p>co</p><p>m</p><p>o</p><p>to</p><p>ta</p><p>l d</p><p>o</p><p>ca</p><p>pi</p><p>ta</p><p>l d</p><p>e</p><p>te</p><p>rc</p><p>ei</p><p>ro</p><p>s,</p><p>in</p><p>di</p><p>ca</p><p>nd</p><p>o</p><p>qu</p><p>an</p><p>to</p><p>a</p><p>e</p><p>m</p><p>pr</p><p>es</p><p>a</p><p>te</p><p>m</p><p>d</p><p>e</p><p>in</p><p>ve</p><p>st</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s</p><p>de</p><p>c</p><p>ur</p><p>to</p><p>e</p><p>lo</p><p>ng</p><p>o</p><p>pr</p><p>az</p><p>os</p><p>M</p><p>ar</p><p>ge</p><p>m</p><p>lí</p><p>qu</p><p>id</p><p>a</p><p>M</p><p>os</p><p>tr</p><p>a</p><p>o</p><p>p</p><p>er</p><p>ce</p><p>nt</p><p>ua</p><p>l d</p><p>e</p><p>lu</p><p>cr</p><p>o</p><p>líq</p><p>ui</p><p>do</p><p>e</p><p>m</p><p>ca</p><p>da</p><p>u</p><p>ni</p><p>da</p><p>de</p><p>m</p><p>on</p><p>et</p><p>ár</p><p>ia</p><p>v</p><p>en</p><p>di</p><p>da</p><p>Re</p><p>nt</p><p>ab</p><p>ili</p><p>da</p><p>de</p><p>d</p><p>o</p><p>pa</p><p>tr</p><p>im</p><p>ôn</p><p>io</p><p>lí</p><p>qu</p><p>id</p><p>o</p><p>Ín</p><p>di</p><p>ce</p><p>q</p><p>ue</p><p>fo</p><p>rn</p><p>ec</p><p>e</p><p>a</p><p>re</p><p>nt</p><p>ab</p><p>ili</p><p>da</p><p>de</p><p>d</p><p>o</p><p>em</p><p>pr</p><p>ee</p><p>nd</p><p>im</p><p>en</p><p>to</p><p>s</p><p>ob</p><p>re</p><p>o</p><p>ca</p><p>pi</p><p>ta</p><p>l d</p><p>os</p><p>s</p><p>óc</p><p>io</p><p>s,</p><p>ac</p><p>io</p><p>ni</p><p>st</p><p>as</p><p>o</p><p>u</p><p>pr</p><p>op</p><p>rie</p><p>tá</p><p>rio</p><p>s</p><p>da</p><p>e</p><p>m</p><p>pr</p><p>es</p><p>a</p><p>Q</p><p>u</p><p>ad</p><p>ro</p><p>4</p><p>. D</p><p>em</p><p>on</p><p>st</p><p>ra</p><p>tiv</p><p>o</p><p>do</p><p>re</p><p>su</p><p>lta</p><p>do</p><p>d</p><p>o</p><p>ex</p><p>er</p><p>cí</p><p>ci</p><p>o</p><p>15O gestor financeiro</p><p>Os demonstrativos financeiros e contábeis servem para subsidiar o gestor</p><p>em seu processo decisório. Tais documentos podem ser analisados por meio</p><p>de uma apreciação horizontal ou vertical. A análise horizontal é realizada</p><p>acompanhando a evolução em diferentes períodos dos demonstrativos, no</p><p>entanto, a análise vertical realiza uma análise de cada demonstrativo, de cima</p><p>para baixo, apontando o percentual de cada um dos elementos que compõem</p><p>os diferentes demonstrativos. Assaf Neto (2015, p. 102) define análise vertical</p><p>como a “[…] comparação que se faz entre os valores de uma mesma conta ou</p><p>grupo de contas em diferentes exercícios sociais” e difere a análise vertical</p><p>apontando que esse tipo de análise (ASSAF NETO, 2015, p. 104) “[…] não</p><p>utiliza um critério temporal para sua execução, e sim a influência de cada</p><p>grupo de contas (patrimoniais e de resultado) para o desempenho da entidade”.</p><p>Ambos os tipos de análises são importantes e podem servir como análise e,</p><p>inclusive, projeção dos resultados financeiros da organização, impactando na</p><p>tomada de decisão do gestor financeiro.</p><p>ARAÚJO, J. G. N. et al. Análise vertical, horizontal e através de índices e regressão linear</p><p>simples como elementos para viabilizar a projeção das demonstrações contábeis e</p><p>avaliação de empresas: um estudo de caso com empresa listada na BM&F-Bovespa.</p><p>FACEP Pesquisa — Desenvolvimento e Gestão, v. 16, n. 3, p. 371–386, 2013. Disponível em:</p><p>http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/facefpesquisa/article/download/750/589.</p><p>Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 11.</p><p>ed. São Paulo: Atlas, 2015.</p><p>ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas, 2006.</p><p>BRASILEIRO, S. H. S.; SILVA, A. V. O processo de tomada de decisão em cenários financeiros:</p><p>uma revisão teórica. In: SIMPÓSIO DE METODOLOGIAS ATIVAS, 2016, Catalão; SIMPÓSIO</p><p>DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO ORGANIZACIONAL, 3., 2016, Catalão. Anais</p><p>[...]. Catalão, GO: UFCAT, 2016. Disponível em: http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.</p><p>amazonaws.com/educationproceedings/sma2016/020.pdf. Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>BRIGHAM, E. F.; GAPENSKI, L. C.; EHRHARDT, M. C. Administração financeira: teoria e</p><p>prática. São Paulo: Atlas, 2001.</p><p>BROOKSON, S. Como elaborar orçamentos. 2. ed. São Paulo: Publifolha, 2000.</p><p>O gestor financeiro16</p><p>COSTA, R. A. T. et al. Balanço patrimonial como ferramenta para a tomada de de-</p><p>cisão. REGMPE — Revista de Empreendedorismo e Gestão de Micro e Pequenas Empre-</p><p>sas, v. 1, n. 1, p. 57–67, jan./fev. 2016. Disponível em: http://files.comunidades.net/</p><p>robsontavares/6balanco_patrimonial_como_ferramenta_para_tomada_de_decisao.</p><p>pdf. Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>EGESTOR. VPL (Valor Presente Líquido): entenda o que é esse indicador! 2020. Disponível</p><p>em: https://blog.egestor.com.br/vpl-valor-presente-liquido/. Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>FARIAS, C. V. S. (org.). Técnico em administração: gestão e negócios. Porto Alegre: Book-</p><p>man, 2013.</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 7. ed. São Paulo: Harbra, 2002.</p><p>GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem gerencial. São</p><p>Paulo: Pearson, 2003.</p><p>GUERRA, F. Matemática financeira através da HP12-C. 2. ed. Florianópolis: Editora da</p><p>UFSC, 2001.</p><p>HOJI, M. Administração financeira: uma abordagem prática. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E.; GELBCKE, E. R. Manual de contabilidade das sociedades por</p><p>ações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.</p><p>KALIL, L. Definindo caminhos. Bens & Serviços, n. 78, out. 2011. Disponível em: http://</p><p>fecomercio-rs.org.br/wp-content/uploads/2016/12/revista78.pdf. Acesso em: 20 maio</p><p>2020.</p><p>MONTIBELLER, B. W. Análise das demonstrações contábeis de uma empresa agroindustrial</p><p>que atua no segmento de compra e venda de insumos e cereais. 2012. 73 f. Monografia</p><p>(Graduação de Bacharelado em Ciências Contábeis) — Faculdade Assis Gurgacz,</p><p>Cascavel, PR, 2012.</p><p>PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral facilitada. São Paulo: Método, 2017.</p><p>PINA, F. A. S. A dinâmica das decisões financeiras nos modelos contemporâneos das finanças</p><p>corporativas: estudo de caso nas concessionárias do Banco Honda em Feira de Santana.</p><p>2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Administração) — Unidade de</p><p>Ensino Superior de Feira de Santana, Feira de Santana, BA, 2008.</p><p>ROSA, P. M.; SILVA, A. T. Fluxo de caixa: instrumento de planejamento e controle finan-</p><p>ceiro e base de apoio ao processo decisório. Revista Brasileira de Contabilidade, v. 31,</p><p>n. 135, maio/jun. 2002.</p><p>ROTH, C. W. Gestão de recursos. 3. ed. Santa Maria, RS: UFSM, 2011. (Rede e-Tec Brasil -</p><p>Curso Técnico em Automação Industrial).</p><p>SANTOS, M. Como estruturar e usar a DRE na tomada de decisões. 2016. Disponível em:</p><p>https://blog.contaazul.com/como-estruturar-e-usar-a-dre-na-tomada-de-decisoes.</p><p>Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>17O gestor financeiro</p><p>SCHUBERT, P. Análise de investimentos e taxa de retorno. São Paulo: Ática, 1989. (Série</p><p>Princípios, n. 167).</p><p>SILVA, F. P. M. Tomada de decisão financeira: aplicando o processo orçamentário. Revista</p><p>Administração em Diálogo, v. 14, n. 3, p. 1–23, 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp.</p><p>br/rad/article/download/4166/16492. Acesso em: 20 maio 2020.</p><p>SOUZA, A.; CLEMENTE, A. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos,</p><p>técnicas e aplicações. 6. ed., 8. reimp. São Paulo: Atlas, 2015.</p><p>VASCONCELOS, Y. O processo orçamentário. In: TUDE, J. M.; MELLO, L.; VASCONCELOS,</p><p>Y. Captação de recursos para projetos. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>O gestor financeiro18</p><p>quanto mais dinheiro emprestado de instituições</p><p>3Introdução a finanças</p><p>financeiras, maior é o risco de a pessoa ir à falência. Dessa forma, faz-se</p><p>necessária a educação financeira para que esta possa auxiliar a pessoa na</p><p>tomada de decisões.</p><p>As finanças pessoais estudam o impacto das decisões financeiras na vida</p><p>pessoal ou da família, o levantamento das necessidades, o planejamento finan-</p><p>ceiro, a criação do orçamento familiar, com o objetivo de auxiliar no controle</p><p>dos gastos, e a aquisição dos bens ou serviços que satisfaçam a necessidade</p><p>do indivíduo ou do grupo.</p><p>Conforme Pires (2006), o objetivo das finanças pessoais é garantir que o</p><p>indivíduo ou a família tenha recursos para obter sustento sem a necessidade</p><p>de financiamento de recursos de terceiros, como os bancos, alcançar as metas</p><p>estabelecidas, satisfazendo as necessidades de acordo com o poder de compra,</p><p>e aumentar o patrimônio, diminuindo a necessidade de trabalho para terceiros.</p><p>Finanças públicas</p><p>Para que um governo, municipal, estadual ou federal, possa se manter, é</p><p>necessária a utilização de recursos fi nanceiros oriundos do recebimento de</p><p>impostos, multas, ações, entre outros.</p><p>[…] a arrecadação dos tributos decorre de uma manifestação do poder de</p><p>império do Estado, impondo obrigações pecuniárias à sociedade, retirando-</p><p>-lhe parte da riqueza produzida, com vista a realizar a atividade financeira</p><p>(MATIAS-PEREIRA, 2017, p. 111).</p><p>Assim como nas finanças empresariais e nas pessoais, é necessário caixa</p><p>para manter as suas operações funcionando. A forma como o governo recebe</p><p>esse dinheiro vem da aplicação de impostos.</p><p>Observa-se que um elevado nível de atividade econômica poderá gerar uma</p><p>base extensa para a aplicação de qualquer categoria de impostos: impostos</p><p>sobre a renda, impostos sobre a venda de mercadorias e serviços e impostos</p><p>sobre o patrimônio (MATIAS-PEREIRA, 2017, p. 112).</p><p>Ao receber esses recursos, o governo devolve uma parte para que possam</p><p>ser feitos investimentos para o desenvolvimento da sociedade, ofertando à</p><p>população serviços públicos. Dessa forma, o Estado consegue, de certa forma,</p><p>regular a economia e promover uma redistribuição da renda para a população.</p><p>Introdução a finanças4</p><p>No caso do Brasil, as finanças públicas são regulamentadas pela Lei n.º</p><p>4.320/64 e pela Lei Complementar n.º 101/2000 (Lei da Responsabilidade</p><p>Fiscal), definindo a forma como os governos federal, estadual, distrital e</p><p>municipal devem atuar no que tange ao planejamento das receitas e despesas</p><p>na elaboração do orçamento.</p><p>Para arrecadar o dinheiro necessário à despesa pública, assinala Baleeiro, os</p><p>governos utilizam, ao longo do tempo, os seguintes meios universais: realizam</p><p>extorsões sobre outros povos ou deles recebem doações voluntárias; recolhem</p><p>rendas produzidas pelos bens e empresas do Estado; exigem coativamente</p><p>tributos ou penalidades; tomam ou forçam empréstimos; e fabricam dinheiro</p><p>(MATIAS-PEREIRA, 2017, p. 127).</p><p>Sendo assim, o Estado deve agir com responsabilidade na condução de seus</p><p>recursos, promovendo o funcionamento de serviços essenciais para atender às</p><p>demandas da população e garantir o recebimento de recursos financeiros para</p><p>atender a essas demandas, por meio da política de arrecadação de tributos.</p><p>2 Papel das finanças nas organizações privadas</p><p>Nas grandes empresas, normalmente, os proprietários não estão envolvidos na</p><p>tomada de decisões, sendo assim, o administrador fi nanceiro tem o papel de</p><p>representar o interesse dos sócios. Cabe a esse profi ssional organizar, captar e</p><p>investir os recursos de uma empresa, analisando os demonstrativos contábeis,</p><p>acompanhando o volume do estoque e o fl uxo de caixa.</p><p>A evolução das finanças exige que o administrador tenha uma necessidade</p><p>maior de conhecer toda a empresa, gerenciando os recursos, a fim de perpetuar</p><p>a sua existência e atuação no ramo.</p><p>Em suma, a administração financeira tem demonstrado ao longo do tempo</p><p>notável evolução conceitual e prática. De uma posição menos ambiciosa, em</p><p>que se distinguia um posicionamento mais descritivo dos fenômenos finan-</p><p>ceiros, a área financeira tem apresentado no mundo contemporâneo uma</p><p>postura mais questionadora e reveladora em relação ao comportamento do</p><p>mercado em geral e ao processo de tomada de decisões empresariais (ASSAF</p><p>NETO; LIMA, 2011, p. 11).</p><p>Dessa forma, Assaf Neto e Lima (2011) destacam que a função primordial</p><p>da administração financeira está na relação entre financiamento e investimen-</p><p>5Introdução a finanças</p><p>tos de capital, levando em consideração risco e retorno. Para os autores, as</p><p>principais funções da administração financeira são as seguintes:</p><p> Planejamento financeiro: verifica as necessidades de crescimento da</p><p>organização e identifica potenciais problemas no futuro, estabelecendo</p><p>uma maior rentabilidade para o negócio.</p><p> Controle financeiro: verificação e acompanhamento das finanças da</p><p>empresa, propondo soluções de correção quando inconsistências forem</p><p>encontradas.</p><p> Administração de ativos: procura as melhores formas de investimento</p><p>do capital, gerenciando também as entradas e saídas de caixa ligadas</p><p>diretamente ao capital de giro.</p><p> Administração de passivos: decisões de financiamento, observando</p><p>a proporcionalidade de capital próprio ou de terceiros, reduzindo os</p><p>riscos financeiros.</p><p>Como você deve ter percebido, a administração financeira e a contabilidade</p><p>devem caminhar juntas, completando as partes que faltam para cada uma delas.</p><p>Enquanto a contabilidade trabalha com o regime de competência, a adminis-</p><p>tração utiliza o regime de caixa para a apuração do resultado. Sendo assim, a</p><p>má interpretação dessas informações pode causar sérios problemas na empresa.</p><p>Conforme Assaf Neto e Lima (2011), o administrador financeiro precisa</p><p>trabalhar com as decisões de investimento e de financiamento e a destinação</p><p>do lucro obtido no final do período.</p><p>As decisões de investimento estão diretamente ligadas ao que se fazer com</p><p>os recursos da empresa. Dependendo do modelo de negócios há necessidade de</p><p>investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, investimento</p><p>em imobilizado ou até mesmo investimentos financeiros. Deve ser analisado</p><p>também o risco ao realizar essas decisões. O administrador financeiro deve</p><p>sempre acompanhar as taxas do mercado para verificar se está tomando a</p><p>decisão correta, dessa forma, é calculada a taxa interna de retorno (TIR),</p><p>verificando a viabilidade do investimento ou não.</p><p>As decisões de financiamento são aquelas voltadas para a captação de</p><p>recursos do ativo, um exemplo é a construção de uma nova unidade de negócios,</p><p>sendo assim, é necessária a utilização de recursos dos sócios e de terceiros</p><p>para que se possa viabilizar o projeto. Em finanças pessoais, podemos utilizar</p><p>o exemplo da compra de uma TV; como a pessoa não tem dinheiro para a</p><p>aquisição do bem, ela decide financiar um valor junto à empresa de crédito,</p><p>devolvendo, posteriormente, o dinheiro emprestado acrescido de uma taxa</p><p>Introdução a finanças6</p><p>de juros combinada. Nesse caso, também deve ser levado em consideração</p><p>o risco. Caso a empresa não consiga cumprir com os pagamentos, ela pode</p><p>sofrer punições.</p><p>Ao final do exercício social há a destinação do lucro, a empresa apura o</p><p>seu resultado, considerando a perda (prejuízo) ou o ganho (lucro), o lucro pode</p><p>ser destinado aos sócios, sempre observando as decisões de financiamento da</p><p>empresa, pois, havendo lucro, o capital pode ser reinvestido na empresa sem</p><p>a necessidade de captação de recursos de terceiros.</p><p>Fatores determinantes para o desenvolvimento</p><p>financeiro empresarial</p><p>Ao iniciar um negócio é necessário que os responsáveis compreendam que</p><p>farão parte de um sistema econômico, com elementos interdependes que</p><p>podem afetar o comportamento fi nanceiro da organização.</p><p>Sendo assim, o gestor deve escolher o que oferecerá ao público (bens,</p><p>serviços) e o volume dessas operações, como ele produzirá os bens ou prestará</p><p>o serviço ao seu público e quem será o público-alvo. Esses</p><p>são os chamados</p><p>fatores internos e externos do ambiente.</p><p>Fatores internos representam o movimento dentro da empresa, as pessoas,</p><p>o equipamento, as informações, a matéria-prima, a cultura organizacional,</p><p>etc. A alteração em alguns desses fatores pode impactar de forma negativa</p><p>ou positiva.</p><p>Fatores externos são representados por bancos, governo, clientes e con-</p><p>corrência. Qualquer alteração nesses fatores pode levar a empresa ao seu</p><p>encerramento. Ao aumentar o número de concorrentes de um determinado</p><p>serviço, o impacto é negativo, pois a demanda pela procura sofrerá reduções.</p><p>Sendo assim, o administrador financeiro precisa estar constantemente</p><p>informado sobre as movimentações de mercado, avaliando o impacto de cada</p><p>uma de suas decisões, para que possa tomar decisões estratégicas que não</p><p>coloquem em risco o futuro da organização.</p><p>3 Estrutura financeira de uma empresa</p><p>Controladoria e controller</p><p>A controladoria é responsável pelo processo de gestão da empresa no que se</p><p>refere ao controle de informações. Atuando de forma estratégica, possibilita</p><p>7Introdução a finanças</p><p>a coordenação da gestão econômica da empresa. A Figura 1 descreve os</p><p>objetivos da controladoria na gestão da empresa.</p><p>Figura 1. Objetivo da controladoria.</p><p>Fonte: Adaptada de Luz (2014).</p><p>Presidência</p><p>Diretoria</p><p>adm./financeira</p><p>Controladoria</p><p>Responsável pelo sistema de</p><p>informações gerenciais</p><p>Que possibilita o controle gerencial</p><p>Eventos</p><p>desempenho</p><p>Eficiência</p><p>Eficácia</p><p>Atributos que asseguram</p><p>a criação de valor</p><p>Função da</p><p>controladoria</p><p>Resultado Comunicação</p><p>Diretoria</p><p>comercial</p><p>Diretoria de</p><p>produção</p><p>O profissional da controladoria deve cuidar da gestão empresarial, au-</p><p>xiliando o administrador financeiro por meio das informações de avaliação</p><p>e controle de resultados, para que possam estar em conformidade com o</p><p>planejamento das metas. Conforme Carota (2019), esse profissional é capaz de:</p><p> organizar e reportar dados e informações relevantes para os tomadores</p><p>de decisão;</p><p> manter permanentemente o monitoramento sobre os controles das</p><p>diversas atividades e do desempenho de outros departamentos;</p><p> exercer uma força de influência capaz de influir nas decisões dos ges-</p><p>tores da entidade.</p><p>Introdução a finanças8</p><p>O profissional da área é o controller, responsável pela análise e interpretação</p><p>de informações financeiras ou operacionais, assegurando que os recursos</p><p>estejam sendo aplicados de forma responsável nos diversos setores.</p><p>A atuação do controller deve ser feita tendo como elemento condutor dois</p><p>perfis de liderança: o uso da influência e da persuasão. O controller não deve</p><p>ter uma atitude impositiva, autocrática ou ditatorial, sob pena de comprometer</p><p>o ambiente interno (PADOVEZE, 2012a, p. 28).</p><p>Para a atuação na área é necessário mais do que a graduação, o perfil</p><p>exigido pelas empresas é uma pessoa que esteja em constante aprendizado,</p><p>e, além dos conceitos contábeis, deve conhecer outras áreas como marketing,</p><p>economia, logística, produção, etc.</p><p>Por conta do grande número de atividades da empresa, é necessário um</p><p>sistema de informação que possa dar suporte às operações, por meio do acom-</p><p>panhamento e do desenvolvimento das atividades, gerando informação para</p><p>os gestores da empresa tomarem decisões assertivas.</p><p>[…] o conhecimento da empresa como um todo e o conjunto dos planos de</p><p>ação, associados ao conhecimento científico da administração econômica,</p><p>permitem ao profissional de controladoria exercer um papel influenciador</p><p>(PADOVEZE, 2003, p. 36).</p><p>A controladoria está estruturada em duas grandes áreas (PADOVEZE,</p><p>2012b):</p><p>1. Área contábil e fiscal — responde pelas ações societárias, pela guarda</p><p>de ativos e pelos demonstrativos contábeis.</p><p>2. Área de planejamento e controle — responde pelo orçamento, pela</p><p>projeção e simulação de crescimento, pelos custos e pelo acompanha-</p><p>mento do negócio.</p><p>Papel da tesouraria</p><p>A tesouraria é o coração fi nanceiro de uma empresa, pois a grande maioria dos</p><p>recursos fi nanceiros é gerenciada por ela, assegurando que a empresa possa</p><p>cumprir com os seus objetivos fi nanceiros e criar novos negócios.</p><p>9Introdução a finanças</p><p>Entendemos que a função de tesouraria ou de finanças é uma atividade de</p><p>linha e operacional, que basicamente tem como função o suprimento de re-</p><p>cursos para as demais atividades desenvolvidas internamente na companhia,</p><p>atividade que, como as demais, deve ser avaliada pela controladoria […]</p><p>(PADOVEZE, 2016, p. 21).</p><p>Ou seja, a tesouraria é responsável pelo caixa da empresa, as contas a</p><p>pagar e receber, estas devem ser registradas independentemente do tipo de</p><p>software, pois auxiliam no controle do volume de dinheiro da empresa. A</p><p>Figura 2 apresenta a estrutura da tesouraria na atividade financeira da empresa.</p><p>Figura 2. Estrutura da tesouraria ou atividade de finanças.</p><p>Fonte: Adaptada de Padoveze (2012a).</p><p>Finanças</p><p>Planejamento</p><p>• Planejamento financeiro de</p><p>longo prazo</p><p>• Banco interno</p><p>• Captação de recursos</p><p>• Financiamentos</p><p>• Debêntures</p><p>• Acionistas</p><p>• Planejamento de controle</p><p>financeiro de curto prazo</p><p>• Contas a receber</p><p>• Contas a pagar</p><p>• Contas cambiais</p><p>• Administração de</p><p>excedentes de caixa</p><p>• Gestão de risco financeiro</p><p>Operação</p><p>Sistema de informação</p><p>de tesouraria</p><p>A tesouraria é responsável por controlar as finanças da empresa. Ge-</p><p>ralmente, ao ocorrer uma fraude, esta não passa pela tesouraria, pois essa</p><p>diferença financeira seria percebida (HOJI, 2017). Cabe ao profissional manter</p><p>um controle rigoroso das operações e movimentações financeiras da empresa.</p><p>Cada empresa pode ter um controle interno de suas movimentações e dos</p><p>registros de operações. A adoção de manuais e práticas facilita a consulta,</p><p>diminuindo os riscos de erros que possam ser causados por informações</p><p>desencontradas.</p><p>Introdução a finanças10</p><p>ASSAF NETO, A.; LIMA, F. G. Curso de administração financeira. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.</p><p>CAROTA, J. C. Gestão da controladoria: teoria e prática. 3. ed. Rio de Janeiro: Freitas</p><p>Bastos, 2019.</p><p>CORNETT, M. M.; ADAIR JUNIOR, T. A.; NOFSINGER, J. Finanças. Porto Alegre: AMGH,</p><p>2013. (Série A).</p><p>GITMAN, L. J. Princípios de administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2010.</p><p>HOJI, M. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada,</p><p>estratégias financeiras, orçamento empresarial. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2017.</p><p>LUZ, E. E. Controladoria corporativa. 2. ed. Curitiba: InterSaberes, 2014.</p><p>MATIAS-PEREIRA, J. Finanças públicas: a política orçamentária no Brasil. 7. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2017.</p><p>PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE Brasil S. A., 2012a.</p><p>PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica aplicada: conceito, estrutura e sistema de</p><p>informações. São Paulo: Cengage Learning, 2016.</p><p>PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação.</p><p>São Paulo: Thomson, 2003.</p><p>PADOVEZE, C. L. Controladoria estratégica e operacional: conceitos, estrutura, aplicação.</p><p>3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2012b.</p><p>PIRES, V. Finanças pessoais: fundamentos e dicas. Piracicaba: Equilíbrio, 2006.</p><p>Leituras recomendadas</p><p>BRASIL. Lei complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças</p><p>públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências..</p><p>Brasília, DF: Presidência da República, [2018]. Disponível em: http://www.planalto.gov.</p><p>br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 8 jun. 2020.</p><p>BRASIL. Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro</p><p>para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos</p><p>Municípios e do Distrito Federal. Brasília, DF: Presidência da República, [1982]. Dispo-</p><p>nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4320.htm. Acesso em: 8 jun. 2020.</p><p>11Introdução a finanças</p><p>Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun-</p><p>cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a</p><p>rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente</p><p>mudando de</p><p>local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade</p><p>sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.</p><p>Introdução a finanças12</p><p>CYAN</p><p>VS Gráfica VS Gráfica</p><p>MAG</p><p>VS Gráfica</p><p>YEL</p><p>VS Gráfica</p><p>BLACK</p><p>FINANÇAS</p><p>www.grupoa.com.br</p><p>Trabalhar com fi nanças é</p><p>mais do que entender de</p><p>números! Conheça também</p><p>as ferramentas e as técnicas</p><p>mais usadas na tomada de</p><p>decisões fi nanceiras</p><p>Finanças em ação:</p><p>WALMART, APPLE, GOOGLE</p><p>Aprenda administração</p><p>financeira com as</p><p>grandes empresas</p><p>O impacto do risco</p><p>sobre o que você faz</p><p>CORNETT | ADAIR | NOFSINGER</p><p>CORNETT | ADAIR | NOFSINGER</p><p>Estude com um livro</p><p>diferente de tudo</p><p>que você já viu.</p><p>44187 Financas Serie A.indd 144187 Financas Serie A.indd 1 18/02/2013 15:48:0618/02/2013 15:48:06</p><p>C816f Cornett, Marcia Millon.</p><p>Finanças [recurso eletrônico] / Marcia Millon Cornett,</p><p>Troy A. Adair Jr., John Nofsinger ; tradução: R. Brian Taylor ;</p><p>; revisão Almir Ferreira de Sousa, Elizabeth Krauter. – Dados</p><p>eletrônicos. – Porto Alegre : AMGH, 2013.</p><p>Editado também como livro impresso em 2013.</p><p>ISBN 978-85-8055-215-7</p><p>1. Administração financeira. 2. Finanças. I. Adair, Troy</p><p>A. Jr. II. Nofsinger, John. III. Título.</p><p>CDU 658.15</p><p>Catalogação na publicação: Ana Paula M. Magnus – CRB 10/2052</p><p>Iniciais_eletronico.indd iiIniciais_eletronico.indd ii 17/04/2013 18:45:3517/04/2013 18:45:35</p><p>Capítulo 1 | Introdução à administração financeira 3</p><p>introdução à</p><p>administração financeira</p><p>Você sabia: O que as finanças</p><p>acarretam? Como a adminis‑</p><p>tração de finanças funciona</p><p>no mundo dos negócios? Por que você</p><p>poderá se beneficiar ao estudar os</p><p>princípios financeiros? Este capítulo é</p><p>ideal para obter as respostas para es‑</p><p>sas perguntas.</p><p>Finanças são, em grande parte, o</p><p>estudo de como avaliar todos os tipos</p><p>de coisas, como as ações, os paga‑</p><p>mentos que faltam em uma hipoteca, a</p><p>compra de uma empresa inteira e a</p><p>decisão pessoal de se aposentar cedo.</p><p>Neste texto, voltaremos nossa aten‑</p><p>ção principalmente a uma área espe‑</p><p>cífica das finanças, a administração</p><p>financeira, a qual tende a se concen‑</p><p>trar na avaliação das coisas do ponto</p><p>de vista de uma empresa.</p><p>A administração financeira é decidi‑</p><p>damente importante para o sucesso de</p><p>qualquer organização* e, por todo o tex‑</p><p>to, terá destaque a descrição dos con‑</p><p>ceitos financeiros ‑chave para as finan‑</p><p>ças corporativas. No entanto, muitas</p><p>das ferramentas e técnicas que apren‑</p><p>deremos para saber lidar com a admi‑</p><p>nistração financeira de uma empresa</p><p>são largamente aplicáveis a tipos mais</p><p>objetivos de</p><p>APRENDIZAGEM</p><p>OA1.1 Definir as subáreas de finanças e</p><p>seus papéis na administração</p><p>financeira corporativa.</p><p>OA1.2 Mostrar como e por que as</p><p>finanças estão no coração das</p><p>decisões de negócios.</p><p>OA1.3 Aplicar finanças em sua vida</p><p>pessoal.</p><p>OA1.4 Comparar e contrastar as</p><p>vantagens e desvantagens das</p><p>três formas de organização de</p><p>negócios mais comuns nos</p><p>Estados Unidos.</p><p>OA1.5 Diferenciar entre as metas</p><p>apropriadas e inapropriadas dos</p><p>administradores financeiros.</p><p>OA1.6 Identificar o principal</p><p>relacionamento de agência da</p><p>empresa e discutir por que os</p><p>relacionamentos de agência</p><p>podem criar conflitos.</p><p>OA1.7 Incorporar a ética na</p><p>administração financeira.</p><p>OA1.8 Descrever os relacionamentos</p><p>complexos e necessários entre</p><p>empresas, instituições</p><p>financeiras e mercados</p><p>financeiros.</p><p>* N. de R.T.: Optou-se por adotar os termos “empresa”, “corporação” e “organização” alterna-</p><p>damente nesta publicação, já que compreendem, em maior ou menor grau, o sentido de orga-</p><p>nismo econômico, civil ou comercial, constituído para explorar um ramo de negócio e oferecer</p><p>ao mercado produtos e/ou serviços.</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 3 16/01/2013 17:38:04</p><p>4 Finanças</p><p>amplos de dificuldades financeiras, como as decisões finan‑</p><p>ceiras pessoais.</p><p>Em finanças, chamamos o recebimento e pagamento de</p><p>dinheiro de fluxo de caixa, e começaremos nossa discussão</p><p>com uma representação gráfica dos fluxos de caixa de finan‑</p><p>ças, utilizada para ajudar a explicar o que são finanças e como</p><p>demonstrar seus diferentes aspectos.</p><p>O restante deste capítulo será dedicado à discussão de</p><p>variáveis ambientais importantes que impactarão signifi-</p><p>cativamente as decisões financeiras da empresa, incluindo</p><p>a forma de organização dos negócios, o relacionamento</p><p>de agência entre os administradores e os proprietários da</p><p>empresa e as considerações éticas na aplicação das finanças.</p><p>FINANÇAS NOS NEGÓCIOS</p><p>E NA VIDA</p><p>Sua percepção do que são finanças pode ter sido negativa-</p><p>mente distorcida pelo entretenimento da cultura pop. A</p><p>maioria dos filmes mostra os profissionais financeiros</p><p>como pessoas gananciosas e sem ética [veja, por exemplo, os</p><p>filmes Trocando as Bolas (1983), Wall Street (1987), Selva-</p><p>gens em Wall Street (1993), Rogue Trader (1998) e O primeiro</p><p>milhão (2000)]. Embora esses personagens ofereçam um</p><p>bom entretenimento, tais representações não refletem a</p><p>verdade sobre os profissionais de finanças e suas contribui-</p><p>ções para a sociedade.</p><p>A aplicação bem -sucedida das teorias financeiras ajuda o</p><p>dinheiro a fluir de indivíduos que querem melhorar seu</p><p>futuro financeiro para as empresas que querem expandir a</p><p>escala ou o escopo de suas operações. Essa troca leva à</p><p>expansão da economia e mais oportunidades de emprego</p><p>para as pessoas em todos os níveis da sociedade. Assim,</p><p>duas coisas grandes resultam desse processo simples: a eco-</p><p>nomia será mais produtiva agora, e a riqueza dos indivíduos</p><p>crescerá no futuro.</p><p>Nesta seção, desenvolveremos uma descrição abrangente</p><p>de finanças, suas subáreas e as decisões relevantes que os</p><p>profissionais em cada subárea devem tomar. Como vere-</p><p>mos, todas as subáreas compartilham um conjunto comum</p><p>de ideias e ferramentas aplicativas.</p><p>O que são finanças?</p><p>Para visualizar o que são finanças, considere segmen-</p><p>tar todos os participantes em uma economia ao longo</p><p>de duas dimensões. A primeira é a disponibilidade de</p><p>dinheiro “extra” (isto é, dinheiro acima e além de suas</p><p>necessidades atuais de gastos) para investimento. A</p><p>segunda é a habilidade para desenvolver ideias de negó-</p><p>cios economicamente viáveis. A divisão de pessoas ao</p><p>longo dessas duas dimensões resultará na distribuição</p><p>dos participantes em quatro tipos, como mostra a</p><p>Figura 1.1. É claro que, com o passar do tempo, as pes-</p><p>soas se movimentam de um grupo para outro.</p><p>pontos de vista</p><p>APLICAÇÃO NOS NEGÓCIOS</p><p>Caleb trabalhou duro para criar e expandir seu quiosque</p><p>de sucos em um shopping. Finalmente, aperfeiçoou seus</p><p>produtos e acredita que oferece a combinação correta de</p><p>sucos e alimentos. Como resultado, o quiosque se mostra</p><p>rentável com boa margem de lucro. Agora, Caleb gostaria</p><p>de abrir mais quiosques nos shopping centers por todo o</p><p>estado, e, talvez, por todo o país.</p><p>Ele sabe que precisa de mais dinheiro para expandir, com‑</p><p>prar mais equipamentos, ter mais estoque e contratar e</p><p>treinar mais pessoas. Como Caleb pode conseguir o capi‑</p><p>tal de que precisa?</p><p>Participantes em nossa economia hipotéticaF I G U R A </p><p>NENHUM DINHEIRO</p><p>EXTRA</p><p>DINHEIRO EXTRA</p><p>Nenhuma ideia</p><p>de negócios</p><p>economicamente viável</p><p>Tipo 1: Nenhum</p><p>dinheiro e nenhuma</p><p>ideia</p><p>Tipo 2: Dinheiro,</p><p>mas não ideias</p><p>Ideias de negócios</p><p>economicamente</p><p>viáveis</p><p>Tipo 3: Nenhum</p><p>dinheiro, mas ideias</p><p>Tipo 4: Dinheiro</p><p>e ideias</p><p>As pessoas do Tipo 1 realmente não têm uma participa-</p><p>ção direta nos mercados financeiros, como fornecedores</p><p>de capital ou como tomadores de capital, embora provavel-</p><p>mente tenham um papel indireto em oferecer mão de obra</p><p>ou consumir produtos de empresas financeiras. Nossa dis-</p><p>cussão sobre finanças se concentrará apenas nos partici-</p><p>pantes que têm um papel direto, de forma que podemos</p><p>deixar à parte os participantes do Tipo 1.</p><p>As pessoas do Tipo 4 usarão as ferramentas para avaliar</p><p>suas próprias ideias, escolher aquelas que têm mais poten-</p><p>cial e criar empresas que as implementam de maneira mais</p><p>eficiente. No entanto, os indivíduos do Tipo</p><p>4 não precisam</p><p>dos mercados financeiros porque são autofinanciados, de</p><p>forma que as ferramentas financeiras que usam e os tipos</p><p>de decisões que tomam serão muito bem focados. Portanto,</p><p>nossa discussão não estará voltada às pessoas do Tipo 4.</p><p>As instituições financeiras e os mercados financeiros</p><p>melhoram a economia ao autorizar as pessoas dos Tipos 2 e 3</p><p>a se engajarem em uma troca mutuamente vantajosa: as do</p><p>Tipo 2 temporariamente emprestarão seu dinheiro para as</p><p>do Tipo 3, as quais o colocam em suas boas ideias de negó-</p><p>cios. Na maioria das economias desenvolvidas, os partici-</p><p>pantes do Tipo 2 são normalmente investidores indivi-</p><p>duais – assim como você provavelmente o será pelo resto de</p><p>sua vida. Cada um de nós individualmente pode não ter</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 4 16/01/2013 17:38:04</p><p>Capítulo 1 | Introdução à administração financeira 5</p><p>muito dinheiro extra, mas, ao agregarmos nossos fundos</p><p>disponíveis, podemos levantar quantias significativas. Os</p><p>participantes do Tipo 3 podem ser indivíduos com ideias</p><p>inovadoras, mas são frequentemente corporações ou outros</p><p>tipos de empresas com departamentos de pesquisa e desen-</p><p>volvimento (P&D) dedicados a novas ideias.</p><p>Obviamente, os investidores e as empresas se ajudam</p><p>mutuamente. Se os investidores emprestam seu capital</p><p>“extra” para elas, como mostrado na Figura 1.2, as empresas</p><p>então podem usar esse capital para financiar os projetos de</p><p>É claro que nem todo o dinheiro voltará para os investido-</p><p>res. Na realidade, as fontes de fricção surgirão nesse sistema,</p><p>as quais reduzirão a quantia de capital que retornará para os</p><p>investidores. Duas fontes primárias de fricção serão os lucros</p><p>retidos (que você pode intuitivamente considerar como fun-</p><p>dos retidos pela empresa para sustentar as operações em</p><p>andamento) e os impostos. A Figura 1.4 mostra uma análise</p><p>dos fluxos de caixa resultantes com os lucros retidos e os</p><p>pagamentos de impostos associados. Embora seja simplista,</p><p>apresenta uma explicação geral das finanças como um todo e</p><p>de suas principais subáreas.</p><p>Por exemplo, os indivíduos devem avaliar quais oportu-</p><p>nidades de investimento são corretas para suas necessida-</p><p>des e sua tolerância ao risco; as instituições financeiras e os</p><p>mercados financeiros devem distribuir de maneira eficiente</p><p>APLICAÇÃO PESSOAL</p><p>Dagmar está bastante interessada em investir parte de seu di‑</p><p>nheiro. No entanto, ouviu falar de várias corporações nas quais</p><p>os investidores perderam tudo: nos últimos anos, ela soube,</p><p>por exemplo, que a Enron (2001), a WorldCom (2002) e a Delta</p><p>Airlines (2005) pediram falência e que os acionistas dessas</p><p>empresas perderam todos os seus investimentos.</p><p>Muitos dos acionistas que perderam dinheiro eram funcioná‑</p><p>rios dessas empresas, nas quais haviam investido em suas</p><p>ações parte de suas economias para a aposentadoria. Ela se</p><p>pergunta qual garantia terá, como investidora, contra a perda</p><p>de seu dinheiro.</p><p>OS PROJETOS ECONOMICAMENTE</p><p>BEM -SUCEDIDOS PAGARÃO DE VOLTA O DINHEIRO</p><p>(MAIS OS LUCROS) PARA OS INVESTIDORES</p><p>FINANÇAS Maneiras pelas quais as pessoas e as</p><p>organizações captam e alocam capital, usam os recursos</p><p>financeiros e responsabilizam -se pelos riscos envolvidos.</p><p>ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Processo e análise para</p><p>tomar decisões financeiras em seu contexto de negócios.</p><p>MERCADOS FINANCEIROS Locais e processos que facilitam o</p><p>comércio de ativos financeiros entre os investidores.</p><p>INVESTIDORES Aqueles que compram valores mobiliários ou</p><p>outros ativos na esperança de obter um retorno e ganhar mais</p><p>dinheiro de volta no futuro.</p><p>LUCROS RETIDOS Porção dos lucros da empresa que é</p><p>mantida por ela no lugar de ser distribuída para os acionistas</p><p>como dividendos em dinheiro.</p><p>Retorno do capital para os investidores F I G U R A </p><p>Fluxo de capital de investidores</p><p>para empresas</p><p>F I G U R A </p><p>Pessoas com</p><p>ideias, mas sem</p><p>dinheiro suficiente</p><p>(empresas)</p><p>Pessoas com</p><p>dinheiro, mas</p><p>sem ideias/tempo</p><p>(investidores)</p><p>expansão. Os projetos economicamente bem -sucedidos</p><p>pagarão de volta o dinheiro (mais os lucros) para os investi-</p><p>dores, como mostrado na Figura 1.3. A empresa expandiu</p><p>seus negócios, empregou mais funcionários e criou um</p><p>futuro promissor para si mesma. Nesse meio tempo, os</p><p>investidores aumentaram sua própria riqueza.</p><p>Pessoas com</p><p>ideias, mas sem</p><p>dinheiro suficiente</p><p>(empresas)</p><p>Projetos</p><p>Pessoas com</p><p>dinheiro, mas</p><p>sem ideias/tempo</p><p>(investidores)</p><p>Pagamento</p><p>de cupons,</p><p>dividendos e</p><p>recompra</p><p>de ações</p><p>Pagamento</p><p>de cupons,</p><p>dividendos e</p><p>recompra</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 5 16/01/2013 17:38:05</p><p>6 Finanças</p><p>o capital; e as empresas devem avaliar seus projetos poten-</p><p>ciais e sabiamente decidir quais projetos financiar, qual</p><p>tipo de capital usar e quanto capital retornar para os inves-</p><p>tidores. Todas essas decisões tratam do fluxo de caixa</p><p>básico das finanças mostrado na Figura 1.4, mas sob pon-</p><p>tos de vista diferentes.</p><p>Subáreas de finanças</p><p>Suponha que examinemos um conjunto de fluxos de caixa do</p><p>ponto de vista do investidor, como mostrado na Figura 1.5.</p><p>As setas vermelhas indo e partindo da perspectiva do investi-</p><p>dor (representada pela caixa com contorno azul) representam</p><p>as preocupações do estudo de investimentos, uma subárea</p><p>de finanças que envolve métodos e técnicas para tomar as</p><p>decisões apropriadas sobre quais tipos de valores mobiliários</p><p>possuir (por exemplo, obrigações versus ações), quais valores</p><p>mobiliários das empresas comprar e como remunerar o</p><p>investidor na forma que ele deseja (por exemplo, o momento</p><p>oportuno e a certeza dos fluxos de caixa prometidos).</p><p>A próxima grande subárea de finanças, administração</p><p>financeira, examina as decisões da empresa em adquirir e</p><p>utilizar o caixa recebido dos investidores ou de lucros reti-</p><p>dos, como mostrado na Figura 1.6. O texto estará concen-</p><p>trado principalmente nesta área financeira, e veremos que a</p><p>administração financeira envolve decisões sobre:</p><p>• Como organizar a empresa de forma a atrair capital.</p><p>• Como o capital deveria ser captado (obrigações versus ações).</p><p>• Quais projetos financiar.</p><p>• Quanto capital reter na empresa para as operações em andamento e</p><p>novos projetos.</p><p>• Como minimizar a tributação.</p><p>• Como fazer para remunerar os provedores de capital.</p><p>Todas essas decisões estão bastante interligadas e nos próxi-</p><p>mos capítulos discutiremos cada uma delas em mais detalhes.</p><p>Outra grande subárea de finanças, exibida na Figura 1.7,</p><p>abrange as instituições financeiras e os mercados fi-</p><p>nanceiros que facilitam o fluxo de capital entre os investi-</p><p>dores e as empresas. Inicialmente, ela envolve a empresa ao</p><p>captar capital e, em seguida, o comércio dos valores mobi-</p><p>liários dos investidores. Além disso, abrange a função das</p><p>instituições financeiras, como bancos e administradores de</p><p>fundos de pensão, e as dinâmicas das taxas de juros.</p><p>Por último, à medida que o mundo se transformou em</p><p>uma economia global, as finanças se tornaram muito mais</p><p>inovadoras e sensíveis às mudanças nos países. Como</p><p>mostra a Figura 1.8, os investidores, as empresas, as opera-</p><p>ções comerciais e os mercados de capital podem estar todos</p><p>InvestimentosF I G U R A </p><p>Empresas</p><p>Projetos</p><p>Lucros</p><p>retidos</p><p>Investimentos</p><p>Impostos</p><p>Investidores</p><p>Lucros</p><p>retidos</p><p>Impostos</p><p>Pessoas com</p><p>ideias, mas sem</p><p>dinheiro suficiente</p><p>(empresas)</p><p>Projetos</p><p>Pessoas com</p><p>dinheiro, mas</p><p>sem ideias/tempo</p><p>(investidores)</p><p>Pagamento</p><p>de cupons,</p><p>dividendos e</p><p>recompra</p><p>de ações</p><p>Fluxos de caixas completos de finançasF I G U R A </p><p>A tolerância ao risco varia entre os indivíduos.</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 6 16/01/2013 17:38:07</p><p>Capítulo 1 | Introdução à administração financeira 7</p><p>Administração financeiraF I G U R A </p><p>Empresas</p><p>Projetos</p><p>Investidores</p><p>Administração</p><p>financeira</p><p>Impostos</p><p>Lucros</p><p>retidos</p><p>À medida que o mundo se transformou em uma</p><p>economia global, as finanças se tornaram muito mais</p><p>inovadoras e sensíveis às mudanças nos países.</p><p>Aplicação e teoria para</p><p>as decisões financeiras</p><p>A aplicação da teoria de finanças às decisões reais exige</p><p>que</p><p>percebamos que os fluxos de caixa não são instantâneos</p><p>nem garantidos – os f luxos de caixa futuros são incertos</p><p>em termos de momento e tamanho, e nos referimos a esta</p><p>incerteza como risco. Os investidores experimentam os</p><p>riscos sobre o retorno de seu capital, já as empresas, no</p><p>financiamento e na operação de seus projetos comerciais. A</p><p>maioria das decisões financeiras compara as recompensas</p><p>de uma decisão aos riscos que ela envolve.</p><p>A comparação entre as recompensas e os riscos envolve a</p><p>avaliação do valor de hoje dos fluxos de caixa que esperamos</p><p>receber no futuro. Por exemplo, o preço de um ativo finan-</p><p>ceiro, como uma ação ou uma obrigação, deve depender</p><p>dos fluxos de caixa que você espera receber daquele ativo no</p><p>futuro. Uma ação, a qual se espera que entregará fluxos de</p><p>caixa altos no futuro, será mais valiosa hoje do que uma</p><p>ação da qual se espera fluxos de caixa baixos no futuro. É</p><p>claro que os investidores gostariam de comprar ações cujos</p><p>preços de mercado fossem atualmente mais baixos do que</p><p>seus valores reais. Eles querem comprar ações em liquida-</p><p>ção! Do mesmo modo, a meta de uma empresa é encontrar</p><p>projetos que darão mais valor do que seus custos.</p><p>Apesar do número enorme de histórias sobre investidores</p><p>que ganharam muito dinheiro na bolsa de valores, na reali-</p><p>dade, é mais provável que uma empresa encontre projetos de</p><p>INVESTIMENTO Análise e processo para escolher valores</p><p>mobiliários e outros ativos para compra.</p><p>INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E MERCADOS FINANCEIROS</p><p>Organizações que facilitam o fluxo de capital entre investidores</p><p>e empresas.</p><p>FINANÇAS INTERNACIONAIS Uso da teoria de finanças em</p><p>um ambiente empresarial global.</p><p>RISCO Potencial impacto negativo futuro para o valor e/ou fluxos</p><p>de caixa. É, muitas vezes, discutido em termos de probabilidade</p><p>de prejuízo e a magnitude esperada desse prejuízo.</p><p>ATIVO FINANCEIRO Termo geral para valores mobiliários</p><p>como ações, obrigações e outros ativos que representam</p><p>propriedade de fluxo de caixa.</p><p>Instituições financeiras e mercados</p><p>financeiros</p><p>F I G U R A </p><p>Projetos</p><p>Instituições</p><p>financeiras e</p><p>mercados</p><p>financeiros</p><p>Lucros</p><p>retidos</p><p>Impostos</p><p>InvestidoresEmpresas</p><p>localizados em países diferentes. A adaptação a este ambiente</p><p>requer o estudo de finanças internacionais, cujas deci-</p><p>sões, até recentemente, eram consideradas uma aplicação</p><p>direta das outras três subáreas financeiras. Mas a experiên-</p><p>cia tem mostrado que a incerteza sobre as taxas de câmbio</p><p>futuras, o risco político e as leis comerciais que mudam</p><p>entre os países adicionam complexidade suficiente a essas</p><p>decisões para que sejam garantidas, considerando as finan-</p><p>ças internacionais como uma subárea por conta própria.</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 7 16/01/2013 17:38:07</p><p>8 Finanças</p><p>“barganha” do que os investidores encontrarem ações com</p><p>preços baixos. Isso acontece porque os projetos de negócios</p><p>envolvem ativos reais, sendo negociados nos mercados</p><p>reais, nos quais algum tipo de poder de monopólio, conhe-</p><p>cimento especial e experiência possam provavelmente fazer</p><p>tais projetos valerem mais do que custam. Os investidores,</p><p>no entanto, negociam os ativos financeiros em mercados</p><p>financeiros, em que os ativos provavelmente valerão, na</p><p>média, exatamente o que custam.</p><p>O método para relacionar os fluxos de caixa esperados a</p><p>um valor presente é chamado de valor do dinheiro no</p><p>tempo (VDT). Uma vez que os fluxos de caixa de um projeto</p><p>comercial ou um investimento provavelmente serão incertos,</p><p>o analista de VDT deve explicar o momento e o nível de risco</p><p>dos fluxos de caixa.</p><p>FUNÇÃO FINANCEIRA</p><p>Na maioria das empresas, a função financeira normalmente</p><p>está mais proximamente relacionada com a função contá-</p><p>bil. De maneira nua e crua, o trabalho do contador é ficar</p><p>de olho no que aconteceu no passado com o dinheiro da</p><p>empresa, enquanto o trabalho de finanças usa esses núme-</p><p>ros históricos com informações correntes para determinar</p><p>o que pode acontecer agora e no futuro com o dinheiro da</p><p>empresa. Os resultados das decisões financeiras aparecerão</p><p>nas demonstrações contábeis, dessa forma, esta associação</p><p>próxima faz sentido. Mesmo assim, a contabilidade tende a</p><p>focar o passado e caracterizá -lo, ao passo que finanças evi-</p><p>denciam o presente e o futuro.</p><p>Administrador financeiro</p><p>O administrador financeiro de mais alto nível na empresa é</p><p>geralmente o vice -presidente financeiro, ou CFO (Chief</p><p>Financial Officer). Tanto o tesoureiro da empresa quanto o</p><p>controller se reportam ao CFO. O tesoureiro normalmente é</p><p>responsável por:</p><p>• Administrar o caixa e o crédito.</p><p>• Emitir e recomprar os valores mobiliários financeiros, como ações e</p><p>obrigações.</p><p>• Decidir como e quanto gastar o capital para os projetos novos e os existentes.</p><p>• Fazer hedge (reduzir os potenciais riscos financeiros da empresa) contra</p><p>mudanças nas taxas de câmbio estrangeiro e nas taxas de juros.</p><p>Em grandes corporações, esse profissional também super-</p><p>visiona outras áreas, como a compra de seguros ou a</p><p>administração dos investimentos em fundos de pensão da</p><p>empresa. O controller tem o papel de controlar as funções</p><p>contábeis, geralmente administrando os impostos, a conta-</p><p>bilidade de custos, a contabilidade financeira e as funções</p><p>de processamento de dados.</p><p>Finanças em outras funções</p><p>da empresa</p><p>Embora os cargos de CFO e de tesoureiro tendam a ser as</p><p>posições relacionadas às finanças mais visíveis na organiza-</p><p>ção, as finanças afetam a administração de muitas manei-</p><p>ras que não estão relacionadas a tais posições, relativamente</p><p>altas, no organograma. As finanças permeiam toda a orga-</p><p>nização de negócios, proporcionando diretrizes tanto para</p><p>as decisões estratégicas quanto para as decisões diárias da</p><p>empresa e coletando informações para controle e feedback</p><p>sobre as decisões financeiras.</p><p>Os administradores operacionais usam finanças diaria-</p><p>mente para determinar quantas horas extras de mão de obra</p><p>usar, ou para realizar análises de custo -benefício quando</p><p>consideram novas linhas de produção ou métodos. Para os</p><p>administradores de marketing, servem para avaliar a eficácia</p><p>ATIVOS REAIS</p><p>Propriedades</p><p>físicas</p><p>como ouro,</p><p>maquinário,</p><p>equipamentos e</p><p>imóveis.</p><p>MERCADOS</p><p>REAIS Locais</p><p>e processos</p><p>que facilitam</p><p>o comércio de</p><p>ativos reais.</p><p>VALOR DO</p><p>DINHEIRO NO</p><p>TEMPO (VDT)</p><p>Teoria e aplicação</p><p>de avaliação</p><p>de fluxos de</p><p>caixa em vários</p><p>períodos no</p><p>tempo.</p><p>Finanças internacionaisF I G U R A </p><p>Empresas</p><p>£</p><p>Projetos</p><p>¥</p><p>Investidores</p><p>US$</p><p>pausa!</p><p>1.1 Quais são as</p><p>principais subáreas</p><p>de finanças e como</p><p>interagem?</p><p>01_cap 01_Cornett.indd 8 16/01/2013 17:38:11</p><p>Capítulo 1 | Introdução à administração financeira 9</p><p>de custo ao fazer follow -up das pesquisas de marketing. Os</p><p>administradores de recursos humanos usam finanças para</p><p>avaliar os custos da empresa para os vários pacotes de benefí-</p><p>cios para os funcionários. Não importa onde você trabalha</p><p>na empresa, as finanças o ajudam a fazer seu trabalho melhor.</p><p>Finanças em sua vida pessoal</p><p>Finanças também podem ajudá -lo a tomar decisões financei-</p><p>ras em sua vida pessoal. Considere essas situações comuns</p><p>que você provavelmente enfrentará em sua vida:</p><p>• Tomar empréstimo para comprar um carro novo.</p><p>• Refinanciar a hipoteca de sua casa a uma taxa de juros mais baixa.</p><p>• Fazer pagamentos de cartões de crédito ou empréstimos estudantis.</p><p>• Economizar para a aposentadoria.</p><p>Depois que aprender sobre finanças, você realizará melhor</p><p>cada uma dessas tarefas. Mudanças recentes por toda nossa</p><p>economia e no ambiente de negócios dos Estados Unidos dei-</p><p>xaram o conhecimento de finanças ainda mais valioso do que</p><p>antes. Por exemplo, a maioria das empresas trocou a provisão</p><p>de planos com benefícios definidos para os funcionários</p><p>ao oferecer planos de contribuição definida (como os</p><p>planos 401(k)**: plano de previdência de contribuição defi-</p><p>nido, patrocinado pelos empregadores corporativos) e planos</p><p>autofinanciados, como as contas de aposentadoria indi-</p><p>viduais (IRAs – Individual Retirement Accounts).</p>

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