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<p>REVISÃO DE DIREITO APLICADO</p><p>Homicídio simples</p><p>Art. 121. Matar alguém:</p><p>Pena - reclusão, de seis a vinte anos.</p><p>- Isento de qualificadoras, que são circunstâncias que agravam o crime e consequentemente majoram a pena.</p><p>- Deve-se atentar que a vida tutelada pelo crime em estudo é a vida extrauterina,</p><p>vez que antes do parto haverá o crime de aborto (art.124, CP).</p><p>- Ademais, se o crime for praticado durante, ou logo após o parto, estando à mãe em estado puerperal, haverá o crime de infanticídio (art.123, CP).</p><p>- A consumação do crime e dá com a cessão da vida encefálica</p><p>1.1 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO</p><p>Caso de diminuição de pena</p><p>§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social</p><p>ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta</p><p>provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.</p><p>Assim, se o agente comete o delito amparado por uma das circunstâncias previstas no § 1º do art.121, a pena será reduzida de um sexto a um terço.</p><p>O magistrado obrigado a diminuí-la conforme os parâmetros acima</p><p>estabelecidos.</p><p>- Relevante valor social interesses da coletividade.</p><p>- Relevante valor moral trata-se, desta feita, de interesse individual do agente.</p><p>Deve ainda agir o ofendido logo em seguida, ou seja, imediatamente após a injusta provocação, sob a influência de violenta emoção que afasta a sua capacidade de autocontrole, o que resulta com o cometimento do delito.</p><p>1.2 HOMICÍDIO QUALIFICADO</p><p>Influenciará na quantidade da pena, mas dessa vez para aumentá-la.</p><p>Homicídio qualificado</p><p>§ 2° Se o homicídio é cometido:</p><p>I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;</p><p>II - por motivo fútil;</p><p>III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;</p><p>IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;</p><p>V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>Feminicídio</p><p>VI - contra a mulher por razões da</p><p>condição de sexo feminino:</p><p>VII – contra autoridade ou agente</p><p>descrito nos arts. 142 e 144 da</p><p>Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional</p><p>de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou</p><p>contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido:</p><p>Pena - reclusão, de doze a trinta anos.</p><p>§ 2º-A Considerasse que há razões de condição de sexo feminino quando o</p><p>crime envolve:</p><p>I - Violência doméstica e familiar;</p><p>II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.</p><p>1.3 HOMICÍDIO E CRIME HEDIONDO</p><p>- O homicídio simples, quando praticado em atividade típica de grupo de</p><p>extermínio, bem como o homicídio qualificado (em todas aquelas formas previstas nos incisos I a VIII do § 2º do art. 121 do CP), são considerados crimes hediondos.</p><p>Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados:</p><p>I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII);</p><p>Art. 2º. Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de</p><p>entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de:</p><p>I - anistia, graça e indulto;</p><p>II - fiança.</p><p>§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em</p><p>regime fechado.</p><p>§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 (três quintos), se reincidente.</p><p>§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.</p><p>§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe Lei n.º 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade</p><p>anistia (exclui o crime e seus efeitos, sendo concedida pelo Congresso Nacional)</p><p>graça (extingue a punibilidade, preservando os efeitos do crime, sendo concedida pelo Presidente da República de forma individual, após o trânsito em julgado da sentença).</p><p>indulto (extingue a punibilidade, preservando os efeitos do crime, sendo concedida pelo Presidente da República de forma coletiva, após o trânsito em julgado da sentença).</p><p>- Ademais, não será arbitrada fiança e em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade</p><p>1.4 HOMICÍDIO CULPOSO</p><p>§ 3º Se o homicídio é culposo:</p><p>Pena - detenção, de um a três anos.</p><p>- O resultado morte é produzido por imprudência, negligência ou imperícia do</p><p>agente.</p><p>- Quando as consequências de o delito atingirem gravemente o agente, tornando-se a sanção desnecessária, poderá o juiz deixar de aplicar a pena. É chamado perdão judicial:</p><p>§ 5º. Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a</p><p>pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma</p><p>tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.</p><p>A dúvida surge quando o agente mata culposamente o seu filho e uma outra</p><p>pessoa. Caberia nesse caso a aplicação desse benefício? A resposta é sim, pois, de acordo com o Superior Tribunal de Justiça, o perdão judicial tem aplicação extensiva, devendo, portanto, ser aplicado a todos os efeitos causados por uma única ação delitiva.</p><p>Ainda, em se tratando de homicídio na modalidade culposa, deve-se ficar atento para o delito cometido na direção de veículo automotor. Nesse caso, o crime será o previsto no artigo 302 da Lei n.º 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro):</p><p>Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor:</p><p>Penas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.</p><p>§1º No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) à metade, se o agente:</p><p>I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação;</p><p>II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada;</p><p>III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à</p><p>vítima do acidente;</p><p>IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros.</p><p>V -[Revogado pela Lei nº 11.705, de 2008]</p><p>§ 2º [Revogado pela Lei nº 13.281, de 2016]</p><p>§ 3º Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência:</p><p>Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor.</p><p>Desse modo, deve ficar claro que o cometimento de homicídio culposo na direção de veículo automotor será regulado pelo Código de Trânsito Brasileiro, norma especial, afastando-se a incidência do artigo 121 do Código Penal.</p><p>1.5 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA</p><p>§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.</p><p>§ 6º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for</p><p>praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de</p><p>segurança, ou por grupo de extermínio.</p><p>§ 7º - A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:</p><p>I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;</p><p>II - contra</p><p>pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental;</p><p>III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima;</p><p>IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006.</p><p>No homicídio culposo, conforme previsto na primeira parte do § 4º do art. 121</p><p>do Código Penal, aumenta-se a pena em 1/3:</p><p>Se o crime resultar de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício;</p><p>Se o agente deixar de prestar imediato socorro à vítima;</p><p>Se o agente não buscar diminuir as consequências de seu ato;</p><p>Se o agente fugir com o intuito de evitar a sua prisão em flagrante.</p><p>Já no homicídio doloso, consoante prevê a parte final do mesmo § 4º do art.</p><p>121, aumenta-se a pena em1/3:</p><p>Se o crime for praticado contra menor de 14 anos;</p><p>Se o crime for praticado contra maior de 60 anos.</p><p>A Lei n.º 12.720/2012 inseriu o§ 6º no art. 121 do Código Penal, dispositivo</p><p>que passou a prever uma majoração da pena, de um terço até a metade, quando o crime de homicídio for praticado por milícia privada a pretexto de prestação de serviço de segurança. Esse mesmo § 6º também estabeleceu o mesmo aumento de pena para o homicídio cometido por grupo de extermínio.</p><p>A referida lei inseriu ainda o artigo 288-A no Código Penal, tipificando o crime de constituição de milícia privada:</p><p>Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização</p><p>paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de</p><p>praticar qualquer dos crimes previstos neste Código:</p><p>Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos.</p><p>Ainda, a Lei n.º 13.104/2015, que trouxe a figura do feminicídio, introduziu o §</p><p>7º no art. 121 do Código Penal, instituindo um novo aumento de pena, de um terço</p><p>até a metade. Essa majoração ocorrerá quando o feminicídio (forma qualificada do crime de homicídio) for praticado contra mulher em estado gestacional ou que esteja no período dos três primeiros meses após ter dado à luz, ou contra mulher menor de 14 anos, maior de 60 anos ou com deficiência; ou ainda na presença de descendente (filho ou neto, por exemplo) ou ascendente (mãe ou avó, por exemplo) da vítima.</p><p>Mesmo aumento de pena, quando houver, por parte do autor do feminicídio, o descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caputdo art. 22 da Lei Maria da Penha.</p><p>2 LESÃO CORPORAL</p><p>- Crime material, pois a consumação se dá no instante em que a ofensa é praticada.</p><p>Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano.</p><p>Já a lesão corporal grave está prevista no § 1º do mesmo artigo:</p><p>Lesão corporal de natureza grave</p><p>§ 1º Se resulta:</p><p>I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;</p><p>II - perigo de vida; [comprovado por perícia]</p><p>III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;</p><p>IV - aceleração de parto:</p><p>Pena - reclusão, de um a cinco anos.</p><p>Por sua vez, a lesão corporal gravíssima foi prevista no §2º do art. 129:</p><p>§ 2º Se resulta:</p><p>I - incapacidade permanente para o trabalho;</p><p>II – enfermidade incurável;</p><p>III – perda ou inutilização do membro sentido ou função;</p><p>IV – deformidade permanente; [dano estético irreparável]</p><p>V – aborto:</p><p>Pena - reclusão, de dois a oito anos.</p><p>O aborto decorrente da lesão corporal deve ser culposo, ou seja, a intenção inicial do agente deve ser tão somente de lesionar – caso contrário há concurso de crimes, de modo que será responsabilizado o autor pela lesão corporal e pelo aborto.</p><p>Crime preterdoloso: conduta dolosa menos grave provoca um resultado culposo mais grave:</p><p>Lesão corporal seguida de morte</p><p>§ 3º Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o</p><p>resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>2.1 CAUSAS DE DIMINUIÇÃO DE PENA</p><p>§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.</p><p>Substituição da pena</p><p>§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:</p><p>I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;</p><p>II - se as lesões são recíprocas.</p><p>Lesão corporal culposa</p><p>§ 6° Se a lesão é culposa:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano.</p><p>2.2 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA</p><p>§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses</p><p>dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código.</p><p>Cabe também o perdão judicial</p><p>Contra autoridades do art. 144 da CF a pena é aumentada de um a dois terços.</p><p>2.3 VIOLÊNCIA DOMÉSTICA</p><p>§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição</p><p>do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código:</p><p>Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos).</p><p>Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar</p><p>contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause</p><p>morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou</p><p>patrimonial:</p><p>I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio</p><p>permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as</p><p>esporadicamente agregadas;</p><p>II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por</p><p>indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais,</p><p>por afinidade ou por vontade expressa;</p><p>III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha</p><p>convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.</p><p>Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem</p><p>de orientação sexual.</p><p>§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge</p><p>ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,</p><p>prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de</p><p>hospitalidade:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.</p><p>Circunstâncias agravantes</p><p>Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não</p><p>constituem ou qualificam o crime:</p><p>II – ter o agente cometido o crime:</p><p>f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de</p><p>coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da</p><p>lei específica</p><p>É possível a aplicação dos dispositivos em estudo quando a vítima for do sexo masculino.</p><p>2.4 LESÃO CORPORAL X VIAS DE FATO</p><p>Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém:</p><p>Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis</p><p>a um conto de réis, se o fato não constitui crime.</p><p>Enquanto o crime de lesão corporal caracteriza-se por uma ofensa à</p><p>integridade corporal ou à saúde da vítima, as vias de fato não provocam ofensa à</p><p>integridade física ou à saúde do sujeito passivo, o que ocorre, por exemplo, quando o autor desfere contra a vítima socos ou tapas que não provoquem lesões.</p><p>3 OMISSÃO DE SOCORRO</p><p>Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco</p><p>pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida,</p><p>ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o</p><p>socorro da autoridade pública:</p><p>Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão</p><p>corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.</p><p>A consumação ocorre com a situação concreta de risco – vítima adulta,</p><p>ou em se tratando de criança abandonada ou extraviada – perigo abstrato (presumido).</p><p>- Comete o delito tanto aquele que se omite de prestar o socorro, bem como</p><p>aquele que, não tendo condições de prestar o auxílio de forma direta, não aciona a</p><p>autoridade pública para fazê-lo. A segunda opção só deve ser adotada quando não for possível prestar o socorro à vítima sem se submeter a risco pessoal.</p><p>Por outro lado, se um administrador ou funcionário (ou qualquer</p><p>outra pessoa</p><p>responsável pelo atendimento, como médicos ou enfermeiros) exigir qualquer</p><p>garantia (cheque-caução ou nota promissória, por exemplo) como condição para o atendimento de pessoa que necessite de atendimento médico-hospitalar emergencial, ele incorrerá no crime do art. 135-A do CP:</p><p>Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial</p><p>Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia,</p><p>bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como</p><p>condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:</p><p>Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de</p><p>atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta</p><p>a morte.</p><p>A omissão do art. 304 do CTB é crime próprio, logo só pode ser cometida pelo</p><p>condutor do veículo:</p><p>Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do acidente, de prestar</p><p>imediato socorro à vítima, ou, não podendo fazê-lo diretamente, por justa</p><p>causa, deixar de solicitar auxílio da autoridade pública:</p><p>Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir</p><p>elemento de crime mais grave.</p><p>Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo o condutor do veículo,</p><p>ainda que a sua omissão seja suprida por terceiros ou que se trate de vítima</p><p>com morte instantânea ou com ferimentos leves.</p><p>Já no caso de omissão de assistência a idoso, aplica-se o art. 97 da Lei n.º</p><p>10.741/2003 (Estatuto do Idoso):</p><p>Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem</p><p>risco pessoal, em situação de iminente perigo, ou recusar, retardar ou</p><p>dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir, nesses</p><p>casos, o socorro de autoridade pública:</p><p>Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão</p><p>corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.</p><p>4 MAUS-TRATOS</p><p>Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade,</p><p>guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia,</p><p>quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou</p><p>disciplina:</p><p>Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa.</p><p>Trata-se de crime próprio, sendo sujeito ativo aquele que tem autoridade, guarda ou vigilância em relação à vítima. O sujeito passivo é a pessoa sob autoridade, guarda ou vigilância do agente.</p><p>NÃO CONFUNDA COM TORTURA.</p><p>4.1 FORMAS QUALIFICADAS</p><p>§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos.</p><p>§ 2º - Se resulta a morte:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a doze anos.</p><p>4.2 CAUSA DE AUMENTO DE PENA</p><p>§ 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa</p><p>menor de 14 (catorze) anos</p><p>5 RIXA</p><p>O crime de rixa encontra-se tipificado no Código Penal nos termos a seguir:</p><p>Rixa</p><p>Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:</p><p>Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.</p><p>Parágrafo único. Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois</p><p>anos.</p><p>Pode-se conceituar esse delito como briga generalizada, em que pelo menos</p><p>três pessoas se agridem entre si.</p><p>“não haverá rixa quando possível definir, no caso concreto, dois grupos contrários lutando entre si. Nessa hipótese, os integrantes de cada grupo serão responsabilizados pelas lesões corporais causadas nos integrantes do grupo contrário”. Assim, aquelas brigas previamente agendadas nas redes sociais por integrantes de torcidas rivais identificadas não configuram rixa.</p><p>Por fim, vale pontuar que, se um dos rixosos reconhece um desafeto e se</p><p>aproveita da rixa para matá-lo, não incidirá a qualificadora. Note que a morte não</p><p>decorre da rixa em si, mas de uma motivação diversa. Desse modo, os envolvidos na rixa responderão pelo crime em sua forma simples, enquanto o autor do homicídio será responsabilizado nos termos do artigo 121 do Código Penal.</p><p>6 CONSTRANGIMENTO ILEGAL</p><p>Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois</p><p>de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a</p><p>não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:</p><p>Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.</p><p>Aumento de pena</p><p>§ 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a</p><p>execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas.</p><p>§ 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência.</p><p>§ 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:</p><p>I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de</p><p>seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida;</p><p>II - a coação exercida para impedir suicídio.</p><p>7 FURTO</p><p>Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa. Quanto à consumação, entende</p><p>o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que ocorre quando a coisa subtraída passa para o poder do agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica.</p><p>É também corriqueiro o entendimento que quem acha coisa alheia perdida não</p><p>comete crime. Tal entendimento é também equivocado, já que nesse caso estará</p><p>configurado o crime de apropriação de coisa achada, previsto no art. 169 do Código Penal:</p><p>Art. 169. [...].</p><p>Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.</p><p>Parágrafo único - Na mesma pena incorre:</p><p>Apropriação de coisa achada</p><p>II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente,</p><p>deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à</p><p>autoridade competente, dentro no prazo de quinze dias.</p><p>Já que a coisa abandonada não pertence a ninguém, não é coisa alheia,</p><p>logo não há furto ou apropriação indevida.</p><p>Furto de uso: Essa conduta configura-se pela subtração de coisa alheia (não consumível) com a intenção de usá-la momentaneamente e em seguida devolvê-la ao real proprietário.</p><p>Furto de uso</p><p>Art. 241. Se a coisa é subtraída para o fim de uso momentâneo e, a seguir, vem</p><p>a ser imediatamente restituída ou reposta no lugar onde se achava:</p><p>Pena - detenção, até seis meses.</p><p>Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se a coisa usada é veículo</p><p>motorizado; e de um terço, se é animal de sela ou de tiro.</p><p>7.1 CAUSA DE AUMENTO DE PENA</p><p>§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso</p><p>noturno.</p><p>(!) ainda, para identificar o período em que incide essa causa de aumento,</p><p>necessário se faz observar o costume local.</p><p>7.2 FURTO PRIVILEGIADO</p><p>§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz</p><p>pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois</p><p>terços, ou aplicar somente a pena de multa.</p><p>Coisa de pequeno valor, consoante entendimento jurisprudencial, será aquela cujo valor não ultrapasse o de um salário mínimo.</p><p>Já o criminoso primário é aquele que não é reincidente, ou seja, em relação ao qual ainda não houve nenhuma sentença transitada em julgado por qualquer outro delito.</p><p>7.3 ENERGIA ELÉTRICA</p><p>§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha</p><p>valor econômico.</p><p>E quanto ao sinal de TV a cabo. Esse sinal é considerado energia? De acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF), não é.</p><p>7.4 FURTO QUALIFICADO</p><p>§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:</p><p>I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;</p><p>II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;</p><p>III - com emprego de chave falsa;</p><p>IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.</p><p>§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver</p><p>emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.</p><p>§ 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por</p><p>meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro</p><p>meio fraudulento análogo.</p><p>§ 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso:</p><p>I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é</p><p>praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território</p><p>nacional;</p><p>II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável</p><p>§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de</p><p>veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou</p><p>para o exterior.</p><p>§ 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de</p><p>semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração.</p><p>§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a</p><p>subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>7.5 FURTO FAMÉLICO</p><p>A coisa furtada para saciar a fome se insere no estado de necessidade previsto</p><p>no artigo 24 do Código Penal, havendo, assim, a exclusão da ilicitude da conduta.</p><p>1) praticado para mitigar a fome;</p><p>2) Inevitabilidade do comportamento lesivo;</p><p>3) subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência;</p><p>4) insuficiência de recursos adquiridos ou impossibilidade de trabalhar.</p><p>7.6 FURTO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA</p><p>Também chamado de princípio de bagatela, esse instituto objetiva afastar o</p><p>crime nos casos em que a lesão jurídica provocada é irrelevante, de modo a não causar prejuízo significante nem ao titular do bem jurídico tutelado nem a ordem social.</p><p>DEVE HAVER:</p><p>Mínima ofensividade da conduta do agente;</p><p>Nenhuma periculosidade social da ação;</p><p>Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento;</p><p>Inexpressividade da lesão jurídica provocada;</p><p>8 ROUBO</p><p>Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave</p><p>ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio,</p><p>reduzido à impossibilidade de resistência:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega</p><p>violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do</p><p>crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.</p><p>A consumação ocorre com a subtração da coisa, no roubo próprio e com o</p><p>emprego da violência ou grave ameaça, no roubo impróprio.</p><p>Desse modo, sendo a vítima derrubada e lesionada durante a subtração, o crime será de roubo. Contudo, deve-se ficar claro que trata-se de uma trombada, que levou a vítima ao chão, já que um simples esbarrão ou toque no corpo da vítima não configura roubo.</p><p>Da mesma forma, quando os objetos presos ao corpo da vítima, uma corrente</p><p>de ouro, por exemplo, for arrancada, causando-lhe lesões ou diminuindo-lhe a</p><p>possibilidade de resistência, restará também configurado o crime de roubo.</p><p>Por fim, o outro meio que reduz ou impossibilita a resistência pode ser</p><p>tratado como violência imprópria. Ex: emprego de soníferos (prática conhecida como “boa noite cinderela”), drogas, etc., com a finalidade de facilitar a subtração da coisa. HAVERÁ CRIME DE ROUBO</p><p>Contudo, se a redução da resistência decorre de ato da própria vítima, não</p><p>haverá roubo, devendo o agente responder por furto. Ex.: cidadão mistura álcool</p><p>com medicamento antidepressivo e fica embriagado, facilitando a ação do agente que subtrai a sua carteira.</p><p>8.1 ROUBO CIRCUNSTANCIADO</p><p>§ 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade:</p><p>I - [Revogado pela Lei n.º 13.654, de 2018]</p><p>II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;</p><p>III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.</p><p>IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior;</p><p>V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade.</p><p>VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que,</p><p>conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.</p><p>§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):</p><p>I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo;</p><p>II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de</p><p>explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum.</p><p>§ 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo.</p><p>Outra dúvida comum diz respeito à intimidação realizada pelo agente com o</p><p>emprego de arma de brinquedo. Conforme observamos em tópico anterior, o roubo estará configurado, haja vista a ocorrência da grave ameaça.</p><p>Entretanto, o emprego desse tipo de arma não poderá fundamentar uma causa</p><p>de aumento de pena</p><p>8.2 ROUBO QUALIFICADO PELO RESULTADO MORTE (LATROCÍNIO)</p><p>§ 3º Se da violência resulta:</p><p>I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e</p><p>multa;</p><p>II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa.</p><p>Dessa maneira, ocorrendo a morte a título de dolo ou de culpa, estará</p><p>configurado o latrocínio.</p><p>Vale ressaltar que, mesmo que o agente não consiga subtrair a coisa, havendo</p><p>o homicídio, estará configurado o crime de latrocínio.</p><p>Desse modo, a consumação do latrocínio seguirá o seguinte esquema:</p><p>MORTE</p><p>SUBTRAÇÃO</p><p>LATROCÍNIO</p><p>Consumada</p><p>Consumada</p><p>Consumado</p><p>Tentada</p><p>Tentada</p><p>Tentado</p><p>Consumada</p><p>Tentada</p><p>Consumado</p><p>Tentada</p><p>Consumada</p><p>Tentado</p><p>Havendo concurso de pessoas para a realização do delito, não importa que apenas um dos coautores tenha efetuado o disparo, de modo que, ocorrendo a morte da vítima, todos os envolvidos no roubo serão responsabilizados pelo latrocínio.</p><p>LATROCÍNIO É UM CRIME HEDIONDO</p><p>8.3 ROUBO E INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA</p><p>De acordo com o Supremo Tribunal Federal, e do mesmo modo o Superior</p><p>Tribunal de Justiça, não é possível a aplicação do princípio da insignificância no crime de roubo.</p><p>9 EXTORSÃO</p><p>Art. 158. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o</p><p>intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer,</p><p>tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:</p><p>Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.</p><p>Não é necessário o recebimento da indevida vantagem econômica para a consumação do delito, bastando que a vítima, constrangida por violência ou ameaça, faça, tolere que se faça ou deixe fazer alguma coisa.</p><p>Cumpre ainda diferenciar o crime de extorsão do crime de roubo, já que ambos,</p><p>apesar de serem delitos distintos, possuem algumas semelhanças. Conforme ensina Dupret, (2008, p.425): “hoje prevalece que a diferença está no comportamento da vítima. Quando for dispensável para a consumação do crime haverá roubo. Quando for indispensável, haverá extorsão.”</p><p>Se um indivíduo obriga a vítima a realizar uma transferência bancária para sua</p><p>conta, o comportamento dessa vítima é indispensável para a consumação do delito, uma vez que a operação dependerá do fornecimento de sua senha, havendo, pois, crime de extorsão. Por outro lado, se o sujeito, apontando um revólver, pede que a vítima entregue a bolsa, essa conduta da vítima não é indispensável para a consumação do crime, já que o bandido pode arrancá-la à força, logo se trata de roubo.</p><p>9.1 FORMAS MAJORADAS E QUALIFICADAS DO ROUBO</p><p>§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de</p><p>arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.</p><p>§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do</p><p>artigo anterior.</p><p>§ 3º - Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa</p><p>condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de</p><p>reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal</p><p>grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º,</p><p>respectivamente.</p><p>10 APROPRIAÇÃO INDÉBTA</p><p>Art. 168</p><p>- Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a</p><p>detenção:</p><p>Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.</p><p>É crime comum e o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica.</p><p>Importante observar que no crime em estudo o agente tem a posse da coisa. Ele</p><p>não a subtrai, mas passa a comportar-se como se fosse dono da coisa alheia que está sobre o seu poder. Ex.: cliente loca um DVD e, após assisti-lo, resolve não o devolver.</p><p>10.1 CAUSAS DE AUMENTO DE PENA</p><p>§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:</p><p>I - em depósito necessário;</p><p>II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,</p><p>testamenteiro ou depositário judicial;</p><p>III - em razão de ofício, emprego ou profissão.</p><p>Contudo, deve ficar claro que, se a apropriação é realizada por um funcionário</p><p>público, o crime será o de peculato, previsto no artigo 312 do Código Penal:</p><p>Peculato</p><p>Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer</p><p>outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do</p><p>cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:</p><p>Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.</p>