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<p>Autoria: Thaís de Freitas Daneberg - Revisão técnica: Douglas Almeida Lima</p><p>Contabilidade avançada I</p><p>UNIDADE 1 - COMÉRCIO EXTERIOR, CPCs 23/24</p><p>E NOTAS EXPLICATIVAS</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 1/22</p><p>Caro estudante, mesmo que a contabilidade seja uma ciência que estuda, interpreta e registra</p><p>os fenômenos que afetam o patrimônio, ela está sujeita a erros. Nesse caso, o termo erro deve</p><p>ser interpretado considerando aspectos matemáticos e também a não aplicação de políticas, a má</p><p>interpretação de normas e o descuido e a fraude propriamente ditos.</p><p>Diante da relevância desse tema para a área, nesta unidade, abordaremos as políticas contábeis, as</p><p>mudanças de estimativa e as retificações de erro, além das operações de importação e de</p><p>exportação, conforme apresentadas no pronunciamento técnico CPC 23 (CPC, 2009b). Ademais,</p><p>aprofundaremos nossos conhecimentos em torno dos eventos subsequentes, de acordo com a</p><p>maneira com que são tratados no pronunciamento técnico CPC 24 (CPC, 2009d).</p><p>Outro assunto de grande importância sobre o qual trabalharemos são as notas explicativas, seguindo</p><p>as normativas estabelecidas no pronunciamento técnico CPC 26 (R1) (CPC, 2011), que trata da</p><p>apresentação das demonstrações contábeis. Como explica esse documento, as informações</p><p>adicionais são de extrema relevância para efeitos de comparabilidade, enriquecendo, de fato, as</p><p>demonstrações contábeis que acompanham.</p><p>Contudo, será que, no mundo empresarial, as organizações vêm aplicando o pronunciamento técnico</p><p>CPC 26 (R1) (CPC, 2011) e oportunizando informações de maior qualidade para os stakeholders?</p><p>Acompanhe esta unidade e descubra a resposta a essa e a outras perguntas. Bons estudos!</p><p>Introdução</p><p>1.1 Operações de importação e de</p><p>exportação</p><p>O comércio exterior, também conhecido como comércio internacional, compreende as operações de</p><p>importação e de exportação. Nesse contexto, é importante observar que importação e exportação são</p><p>conceitos contrários: enquanto o primeiro se refere às atividades de entrada (compras), o segundo diz respeito</p><p>às atividades de saída (vendas) de bens e serviços de um determinado país.</p><p>Na contabilidade, uma conta bastante conhecida é a de importação em andamento no ativo circulante. Ela é</p><p>utilizada normalmente até que a importação seja concluída, momento este em que a conta correspondente à</p><p>compra no ativo deverá ser debitada (em estoque ou imobilizado, por exemplo) e quando serão feitos os</p><p>lançamentos de contrapartida necessários.</p><p>Ao longo deste tópico, conheceremos mais detalhes acerca dessas atividades no contexto da contabilidade.</p><p>1.1.1 Conceitos e lançamentos</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 2/22</p><p>A operação de comércio internacional poderá envolver contratação de serviços de terceiros, reconhecimento</p><p>de câmbio, fretes, impostos, financiamentos, entre outros. Normalmente, essas operações possuem três fases:</p><p>administrativa, fiscal e cambial.</p><p>Além disso, de acordo com o pronunciamento técnico CPC 27 (CPC, 2009c), que versa sobre o ativo</p><p>imobilizado, os impostos de importação devem compor o preço de aquisição do bem, sendo eles, portanto,</p><p>parte do custo. Quando ocorre a compra de estoques, segundo o pronunciamento técnico CPC 16 R1 (2009a),</p><p>o custo de aquisição dos estoques compreende, além do preço de compra, os impostos de importação e</p><p>outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco).</p><p>Assim, no que diz respeito ao ativo imobilizado, o custo de um item compreenderá:</p><p>Além disso, o pronunciamento técnico CPC 27 (2009c) e as demais legislações vigentes definem que o custo</p><p>de aquisição dos bens importados destinados ao ativo imobilizado será composto pela soma dos seguintes</p><p>itens de custo de aquisição:</p><p>Essa é uma interpretação muito similar àquela que observamos ao mencionarmos a aquisição de estoques:</p><p>A Resolução CFC n. 1.055, de 2005, criou o</p><p>Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),</p><p>incumbido de todos os pronunciamentos</p><p>técnicos que balizam nossos estudos. O</p><p>comitê foi idealizado a partir da união de</p><p>esforços e de objetivos de entidades como o</p><p>Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a</p><p>Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o</p><p>Instituto dos Auditores Independentes do Brasil</p><p>(Ibracon), responsáveis pelas</p><p>regulamentações contábeis no país (CFC,</p><p>2005).</p><p>Você sabia?</p><p>(a) seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não recuperáveis sobre a compra, depois</p><p>de deduzidos os descontos comerciais e abatimentos;</p><p>(b) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e condição necessárias para o mesmo ser</p><p>capaz de funcionar da forma pretendida pela administração;</p><p>(c) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual este</p><p>está localizado. Tais custos representam a obrigação em que a entidade incorre quando o item é adquirido ou como</p><p>consequência de usá-lo durante determinado período para finalidades diferentes da produção de estoque durante esse</p><p>período. (CPC, 2009c, p. 5)</p><p>preço de aquisição;</p><p>imposto de importação e não recuperáveis;</p><p>gastos aduaneiros; e</p><p>gastos com fretes e seguros.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 3/22</p><p>Ainda, Müller, Cordeiros e Scherer (2019) ressaltam que valores de aquisição, de transformação e outros</p><p>custos incorridos irão compor os custos para trazer os estoques às suas condição e localização atuais.</p><p>Diante disso, observa-se que todo tributo recuperável não deverá ser considerado, podendo ser julgados como</p><p>recuperáveis o imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços (ICMS), o imposto sobre</p><p>produtos industrializados (IPI), os programas de integração social e de formação do patrimônio do servidor</p><p>público (PIS/PASEP) e a contribuição para o financiamento da seguridade social (COFINS) incidentes, de</p><p>acordo com a atividade da empresa.</p><p>Essa interpretação é confirmada por Dantas (2015, p. 54), que explica que os tributos incluídos no preço da</p><p>mercadoria, “[...] mas que ao mesmo tempo gerarem direito de crédito tributário para compensação, restituição</p><p>ou qualquer outra forma de recuperação futura, não se constituem em custo”.</p><p>Outro aspecto importante quando nos referimos ao processo de importação é quando há a necessidade de</p><p>adiantamento de recursos. Na figura a seguir, é evidenciado um exemplo de lançamento necessário, que</p><p>ocorrerá como um lançamento provisório.</p><p>#PraCegoVer: na figura, é apresentado, à esquerda, o razonete da conta importação em andamento (ativo</p><p>circulante), em cujo débito é lançado o valor de R$ 100.000,00. À direita, consta o razonete da conta</p><p>fornecedores estrangeiros (passivo circulante), com o valor de R$ 100.000,00 sendo lançado no crédito.</p><p>Também no momento do reconhecimento da variação cambial ou do frete e do seguro deverá ocorrer registro</p><p>contábil. Além disso, haverá lançamentos que compreenderão o desembaraço aduaneiro, a recuperação de</p><p>tributos, a variação cambial e, por fim, a internação do bem, na qual passará a compor, de fato, o estoque ou o</p><p>imobilizado.</p><p>Sabendo disso, a seguir, é apresentado um lançamento provisório que diz respeito aos recursos depositados</p><p>previamente, como adiantamento para fornecedor e gastos para desembaraço aduaneiro ou para transporte e</p><p>seguro, que, posteriormente, foram conciliados e transferidos para a composição do imobilizado. Tal ato é</p><p>O custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, os impostos de importação e outros tributos</p><p>(exceto os recuperáveis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente</p><p>atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens</p><p>semelhantes devem ser deduzidos</p><p>na determinação do custo de aquisição. (CPC, 2009a, p. 4)</p><p>Figura 1 - Representação de lançamentos contábeis</p><p>Fonte: Elaborada pela autora, 2020.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 4/22</p><p>possível quando o bem chega até o estabelecimento e está à disposição para uso e, consequentemente,</p><p>disponível para depreciação.</p><p>#PraCegoVer: a figura apresenta, na parte superior, razonetes das contas importação em andamento (ativo</p><p>circulante), à esquerda, e fornecedores estrangeiros (passivo circulante), à direita. Na parte inferior, apresenta</p><p>razonetes das contas importação em andamento (ativo circulante), à esquerda, e máquinas e equipamentos</p><p>(imobilizado – passivo circulante), à direita.</p><p>Já no âmbito das exportações, os lançamentos ocorrerão no momento do reconhecimento da receita, assim</p><p>como no mercado interno. Além disso, em acordo com as normas internacionais de contabilidade, tal</p><p>reconhecimento se dará apenas quando se configurar a transferência da propriedade. Diante disso, observe,</p><p>então, um exemplo de lançamento no diário contábil.</p><p>Figura 2 - Representação de lançamento provisório e de internação de bem</p><p>Fonte: Elaborada pela autora, 2020.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 5/22</p><p>#PraCegoVer: a figura apresenta o lançamento no diário contábil do ato de exportação, no qual a conta</p><p>clientes no exterior (ativo circulante) é debitada e a conta receita de vendas – exportação direta (conta de</p><p>resultado) é creditada. Os valores apresentados para os dois casos são de R$ 50.000,00.</p><p>No que se refere ao critério de conversão de moeda estrangeira para efeito de registro da receita bruta de</p><p>vendas nas exportações, no Brasil, por meio da Portaria do Ministério da Fazenda (MF) n. 356, de 1988,</p><p>define-se que a receita deverá ser aferida pela conversão, em moeda nacional, dos valores em moeda</p><p>estrangeira, considerando a taxa cambial fixada pelo Banco Central do Brasil na data do embarque dos</p><p>produtos para o exterior. Todas as diferenças verificadas a partir dessa data, originadas das variações na taxa</p><p>cambial, serão tratadas como variações monetárias (BRASIL, 1988).</p><p>Outro ponto a ser destacado é que os lançamentos contábeis ocorrem entre as contas de clientes no exterior</p><p>(ativo circulante) e de receita de vendas no exterior (resultado). Se houver comissão sobre vendas, deverá</p><p>ocorrer lançamento entre comissões de vendas (resultado) e comissões a pagar (passivo circulante). Além</p><p>disso, pelo reconhecimento da variação cambial, haverá a necessidade de lançamento entre as contas de</p><p>variações passivas (resultado) e de clientes no exterior (ativo circulante). Na variação cambial sobre a</p><p>comissão, finalmente, o lançamento compreenderá as comissões a pagar (passivo) e as variações cambiais</p><p>ativas (resultado).</p><p>1.1.2 Evidenciação</p><p>A convergência das práticas contábeis brasileiras às práticas internacionais tem como objetivo o aumento da</p><p>transparência e a segurança das informações contábeis. Por meio da evidenciação, é possível garantir</p><p>demonstrações contábeis com qualidade, que subsidiarão os diferentes stakeholders.</p><p>Evidenciar as operações de importação e de exportação também é inerente ao âmbito contábil e contribui para</p><p>a análise dos demonstrativos, considerando a natureza da organização. Na prática, essas operações são</p><p>apresentadas em suas respectivas contas contábeis e ainda são referenciadas em notas explicativas.</p><p>Figura 3 - Representação de lançamento contábil de exportação</p><p>Fonte: Elaborada pela autora, 2020.</p><p>Mercado de capitais, normas internacionais de contabilidade e a</p><p>prática contábil: entenda a relação entre esses termos em dois</p><p>vídeos do CFC.</p><p>Acesse (https://www.youtube.com/watch?v=OEnk5rih-80)</p><p>Você quer ver?</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 6/22</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=OEnk5rih-80</p><p>Dentro da estrutura do balanço patrimonial, normalmente na conta estoques ou imobilizado, temos a subconta</p><p>importação em andamento. Devido ao processo lento de chegada do bem ou da mercadoria, todos os</p><p>desembolsos referentes à negociação deverão ser registrados provisoriamente em tal subconta.</p><p>Quando a importação se refere ao imobilizado, também se utiliza o termo imobilizado em andamento, que,</p><p>além de deixar evidente as informações dentro do contexto, garante a evidenciação de que aquele bem ainda</p><p>não pode ser depreciado, uma vez que não se encontra em posse e disponível para uso da empresa.</p><p>Para os casos de exportação, também se sugere evidenciação em separado junto aos clientes, assim como na</p><p>demonstração de resultados. Separar as exportações nas demonstrações contábeis e/ou nas notas</p><p>explicativas contribui para a visualização e para a interpretação dos diferentes usuários.</p><p>Acesse (https://www.youtube.com/watch?v=aPrBj6JT9Xk)</p><p>1.2 CPCs 23 e</p><p>24</p><p>Os pronunciamentos técnicos CPC 23 e CPC 24 (CPC, 2009b, 2009d) referem-se às políticas contábeis, à</p><p>mudança de estimativa, à retificação de erro, aos eventos subsequentes e às demonstrações retificadas.</p><p>Desse modo, ambos os pronunciamentos são considerados ferramentas para o cumprimento do objetivo de</p><p>transparência contábil, especialmente no que tange aos aspectos qualitativos fundamentais e de melhoria das</p><p>informações contábeis.</p><p>Dessa forma, na sequência, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre o que versa cada um desses</p><p>documentos.</p><p>1.2.1 Políticas contábeis</p><p>É denominado políticas contábeis o conjunto de normas, procedimentos, convenções, regras e as próprias</p><p>práticas específicas adotadas por uma entidade na elaboração e na apresentação de suas demonstrações</p><p>contábeis (CPC, 2009b). Nesse contexto, segundo Lemes e Carvalho (2010, p. 43), “[...] as políticas contábeis</p><p>são essenciais para a adequada compreensão da informação contida nas demonstrações contábeis</p><p>preparadas pela administração da entidade”.</p><p>De forma complementar, o pronunciamento técnico CPC 23 (CPC, 2009b) aponta que a clareza das políticas</p><p>contábeis contribui com o objetivo de garantir maior relevância e confiabilidade das demonstrações da</p><p>entidade, subsidiando a comparabilidade com as demonstrações contábeis de outras organizações.</p><p>Como exemplo de política contábil, temos a definição do método de avaliação de estoques por parte de uma</p><p>empresa. Nesse contexto, é importante destacar que, segundo o CPC 16 (R1) (CPC, 2009a), o valor de custo</p><p>do estoque contempla todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos</p><p>para trazer os estoques à sua condição.</p><p>Sabendo disso, navegue pelas setas a seguir para saber mais sobre a importância da definição do método de</p><p>avaliação dos estoques!</p><p>As organizações necessitam definir um método para separar o custo dos produtos entre o que foi vendido e</p><p>o que permaneceu em estoque.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 7/22</p><p>https://www.youtube.com/watch?v=aPrBj6JT9Xk</p><p>Também é considerada uma política contábil a ação da organização de definir uma base de mensuração dos</p><p>ativos e dos passivos. Nesse caso, é preciso observar que mensurar diz respeito ao processo de determinar o</p><p>valor monetário. Assim, são exemplos de bases de mensuração os custos histórico e corrente, os valores</p><p>realizável, presente e justo, e a atualização monetária.</p><p>A política contábil que será aplicada deve sempre primar pela relevância e pela confiabilidade para a tomada</p><p>de decisão dos usuários das demonstrações contábeis. Lemes e Carvalho (2010) explicam o que é confiável</p><p>nesse contexto:</p><p>Após a seleção das políticas contábeis, a organização deverá aplicá-las de forma uniforme e consistente em</p><p>todas as transações e eventos. Em caso de alteração, ela deve ser aplicada</p><p>também aos anos anteriores,</p><p>restabelecendo novos números que garantam a comparabilidade para os usuários.</p><p>Desse modo, aos usuários, deverá ser possibilitada a comparação das demonstrações contábeis da entidade</p><p>ao longo do tempo, para assim identificar tendências (GELBCKE et al., 2018). Subentende-se que pelos novos</p><p>números, não haverá prejuízo na comparação.</p><p>Caberá à organização realizar o ajuste do saldo da abertura de cada componente patrimonial afetado para o</p><p>período mais antigo. É como se aquelas políticas sempre tivessem sido aplicadas; desse modo, o impacto de</p><p>sua adoção deve ser registrado na conta de lucros ou prejuízos acumulados, salvo se houver determinação</p><p>específica. Segundo Lemes e Carvalho (2010, p. 45), “O impacto da adoção da nova política sobre lucros</p><p>acumulados anteriores ao ano mais antigo publicado deverá ser ajustado contra o saldo de lucros acumulados</p><p>do balanço de abertura, ou seja, do balanço do ano anterior”.</p><p>Crepaldi e Crepaldi (2017, p. 54) explicam que o critério escolhido é de grande relevância, uma vez que “[...]</p><p>representa uma parcela extremamente importante no processo de controle de custos”.</p><p>Assim, os métodos de avaliação impactam diretamente nos resultados da empresa.</p><p>representar fielmente a posição da organização, seu desempenho financeiro e seu fluxo de caixa;</p><p>refletir a essência econômica de transações, outros eventos e condições;</p><p>ser neutra;</p><p>ser prudente;</p><p>ser completa, em todos os aspectos materiais.</p><p>Ernesto Rubens Gelbcke é um dos autores do Manual de contabilidade</p><p>societária, literatura de referência sobre o tema há muitos anos e um dos</p><p>clássicos da área na academia. Gelbcke também é um dos integrantes da</p><p>Academia Paulista de Contabilidade, ocupando a cadeira n. 25, do patrono</p><p>Aúthos Pagano.</p><p>Você o conhece?</p><p> </p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 8/22</p><p>Destaca-se ainda que poderá haver limitações para a aplicação retrospectiva de políticas contábeis, por</p><p>exemplo, quando os efeitos não são passíveis de determinação. Isso ocorre, principalmente, quando são</p><p>exigidas suposições sobre qual poderia ter sido a intenção da administração naquele período ou quando são</p><p>exigidas estimativas de valores e, assim, é impossível distingui-los.</p><p>Mudanças poderão ocorrer em virtude da exigência de nova normativa ou quando poderão resultar em</p><p>demonstrações contábeis com informações confiáveis e mais relevantes. Assim, resumidamente, segundo o</p><p>CPC 23 (CPC, 2009b, p. 5), as alterações devem ocorrer apenas nas situações em que a mudança “a) for</p><p>exigida por pronunciamento, interpretação ou orientação; ou b) resultar em informação confiável e mais</p><p>relevante nas demonstrações contábeis sobre os efeitos das transações [...]”.</p><p>Suponha uma empresa que, até o ano de 2016,</p><p>avaliava seus estoques usando a média</p><p>ponderada. Naquele momento, sua receita era</p><p>de R$ 300.000,00; o custo da mercadoria</p><p>vendida (CMV) era de R$ 100.000,00; o lucro</p><p>bruto era de R$ 200.000,00; as despesas gerais</p><p>e administrativas eram de R$ 70.000,00; as</p><p>despesas de vendas eram de R$ 20.000,00; e o</p><p>lucro líquido do exercício era de R$ 110.000,00.</p><p>Em 2016, a empresa achou mais apropriado</p><p>adotar a técnica primeiro que entra, primeiro que</p><p>sai (PEPS). Assim, alterou a política contábil de</p><p>avaliação de estoques e, conforme foi</p><p>determinado no exercício, estimou uma redução</p><p>de R$ 5.000,00 no CMV.</p><p>Diante disso, como ficará a demonstração de</p><p>resultados antes e após o ajuste de política</p><p>contábil? No quadro a seguir, podemos observar</p><p>o resultado dessa alteração.</p><p>Quadro – Demonstração de resultados da Cia.</p><p>Global S.A.</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, 2020.</p><p>#PraCegoVer: o quadro, composto por três</p><p>colunas e sete linhas, apresenta, na primeira</p><p>coluna, à esquerda, os itens que compõem a</p><p>demonstração de resultados da empresa:</p><p>receita, CMV, lucro bruto, despesas gerais e</p><p>administrativas, despesas de vendas e lucro</p><p>líquido do exercício. Já na segunda coluna, ao</p><p>centro, e na terceira coluna, à direita, são</p><p>Vamos Praticar!</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 9/22</p><p>A adoção de uma nova política contábil para transações, para outros eventos ou para condições que não</p><p>ocorriam anteriormente ou que eram imateriais não se configura como mudança (LEMES; CARVALHO, 2010).</p><p>Assim, em resumo, não se classifica como mudança a definição de uma nova política contábil que não se</p><p>aplicava em contexto anterior. Mudar é de fato ter um política, como exemplificado por meio da avaliação de</p><p>estoques, e optar pela mudança no decorrer das operações — por exemplo, historicamente, a técnica de</p><p>avaliação pode ter sido a PEPS, que, depois, foi alterada para custo médio ponderado.</p><p>Na prática, uma mudança de política contábil requer a reapresentação motivada pelos impactos financeiros</p><p>nas demonstrações contábeis. Sob a ótica do mercado financeiro, alterar políticas contábeis irá ampliar ou</p><p>reduzir os resultados, interferindo diretamente na análise e na tomada de decisão, tanto do empresário quanto</p><p>do investidor.</p><p>Em notas explicativas, é muito importante destacar quanto a alteração de política contábil melhor representa a</p><p>organização, garantindo maior transparência e, desse modo, justificando maiores ou menores resultados, os</p><p>quais não eram aguardados previamente.</p><p>1.2.2 Mudança de estimativa e retificação de erro</p><p>O CPC 23 (CPC, 2009b) conceitua a mudança de estimativa contábil como um ajuste nos saldos contábeis</p><p>do ativo ou do passivo, originado por uma nova informação. Desse modo, esse conceito é diferente daquele</p><p>aplicado ao erro, uma vez que errar engloba omissões e incorreções, a exemplo dos erros matemáticos, dos</p><p>erros na aplicação de políticas contábeis, das fraudes e dos descuidos ou de interpretações incorretas de</p><p>fatos.</p><p>De acordo com Rios e Marion (2017), as estimativas contábeis têm total relação com a ação de julgamento, e</p><p>esta é realizada com base em informações e fatos disponíveis. Assim, tais estimativas poderão ou não se</p><p>confirmar. Imaginemos, por exemplo, uma máquina que foi adquirida e que teve uma vida útil projetada de dez</p><p>anos. No entanto, no quinto ano, verificou-se que a estimativa não seria alcançada e que a máquina teria</p><p>apenas mais dois anos de vida útil. Isso significa que as estimativas não se confirmaram, logo, será necessário</p><p>realizar um ajuste de estimativa. É importante destacar que ajustes de estimativa devido à ação do</p><p>julgamento não são considerados erros.</p><p>Diante disso, podemos afirmar que a mudança de estimativa é uma parte essencial do processo de</p><p>mensuração contábil, uma vez que a incerteza é uma característica inerente às organizações e ao mercado.</p><p>De acordo com Lemes e Carvalho (2010, p. 48), “Em função de incertezas inerentes à própria atividade</p><p>empresarial, muitos itens das demonstrações contábeis não podem ser mensurados com precisão, mas podem</p><p>ser estimados”.</p><p>Segundo o CPC 23 (CPC, 2009b), é prudente e exigido o uso da estimativa, por meio do julgamento, para</p><p>diversos itens. Clique nos ícones a seguir para descobrir quais são esses itens!</p><p>apresentados os valores de cada um desses</p><p>itens para o ano de 2016 após ajuste de política</p><p>contábil e para o ano de 2016 antes desse</p><p>ajuste, respectivamente.</p><p>Créditos de liquidação duvidosa.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 10/22</p><p>Estimar é fundamental na preparação das demonstrações contábeis, apoiando a mensuração da posição</p><p>patrimonial da entidade sem comprometer sua confiabilidade. Além disso, Gelbcke et al. (2018, p. 520)</p><p>explicam que “[...] as estimativas contábeis poderão ser revisadas à medida que se alteram as circunstâncias</p><p>em que foram realizadas”. As alterações de estimativas decorrem da própria situação de incerteza em que foi</p><p>originada a estimativa anterior.</p><p>O pronunciamento</p><p>técnico CPC 23 (CPC, 2009b) destaca que a estimativa contábil, quando revisada, não se</p><p>relaciona a períodos anteriores, muito menos à correção de um erro. Sendo assim, não se pode confundir</p><p>alteração de estimativa com retificação de erro, pois a última se refere à utilização incorreta ou à falta de</p><p>uso de informação confiável disponível à época (LEMES; CARVALHO, 2010).</p><p>Entretanto, existem situações em que as definições como mudança de política ou como mudança de</p><p>estimativa se confundem, e, nesse contexto de limitações para sua distinção, o pronunciamento técnico CPC</p><p>23 (CPC, 2009b) prevê que “[...] quando for difícil distinguir uma mudança na política contábil de uma mudança</p><p>de estimativa contábil, a mudança deverá ser tratada como de estimativa”.</p><p>Após uma reunião extensa entre o gerente de produção e a controller da Cia.</p><p>Maresia, a empresa definiu que seria realizada uma mudança na vida útil de um</p><p>ativo. Este era depreciado com base no prazo de dez anos, que passará a ser</p><p>de oito anos. Logo, a controller comunicou à equipe de contabilidade quanto à</p><p>decisão e pediu providências de ajuste e de evidenciação. A assistente contábil</p><p>que recebeu a informação ficou em dúvida se o fato representava uma</p><p>alteração de política ou de estimativa e logo questionou à sua gestora. A</p><p>controller sugeriu o resgate do pronunciamento técnico CPC 23 (CPC, 2009b) e,</p><p>Estoques obsoletos.</p><p>Valor justo de ativos e passivos financeiros.</p><p>Vida útil econômica de ativos depreciáveis.</p><p>Obrigações decorrentes de garantias.</p><p>Caso</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=OX… 11/22</p><p>sem dar uma resposta exata, disse que a mudança de expectativa da vida útil</p><p>estava sendo feita apenas para um bem. Após realizar a leitura do CPC 23, a</p><p>assistente compreendeu que a decisão tomada impactará nas estimativas</p><p>contábeis, e somente poderia ser considerada mudança de política se a</p><p>organização, por exemplo, alterasse o método de depreciação utilizado. Você</p><p>chegaria a essa mesma conclusão? Se não, acesse o link do pronunciamento e</p><p>faça a sua leitura!</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/297_CPC_23_Sumario.pdf</p><p>(http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/297_CPC_23_Sumario.pdf)</p><p>As mudanças de estimativas requerem ajustes prospectivos, ou seja, deverão considerar o momento em que</p><p>a informação é corrigida e os períodos futuros, caso estes também sejam afetados. O pronunciamento técnico</p><p>CPC 23 (CPC, 2009b) exemplifica essa questão por meio da mudança na estimativa de créditos de liquidação</p><p>duvidosa, a qual afeta apenas os resultados do período corrente. Entretanto, quando a mudança é na</p><p>estimativa de vida útil de um ativo depreciável, isso afetará a depreciação do período corrente e de cada um</p><p>dos períodos futuros da vida útil remanescente do ativo. Em ambos os casos, o efeito da mudança é</p><p>reconhecido como receita ou despesa no período corrente e/ou futuro.</p><p>Na figura a seguir, veja os impactos que a mudança de estimativa pode gerar nos resultados da organização.</p><p>Observe que, quando realizada tal mudança, altera-se a despesa operacional.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 12/22</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/297_CPC_23_Sumario.pdf</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/297_CPC_23_Sumario.pdf</p><p>#PraCegoVer: na figura, são apresentados dois cenários de expectativa de vida útil de um ativo imobilizado.</p><p>No Cenário 1, considerando um preço de aquisição de R$ 500 mil e um valor residual de R$ 100 mil, com</p><p>expectativa de vida útil de cinco anos, a parcela de depreciação mensal é de R$ 6.666,67. No Cenário 2,</p><p>considerando as mesmas informações de preço de aquisição e de valor residual, mas com uma mudança de</p><p>estimativa de vida útil para dez anos, o valor da parcela de depreciação mensal é de R$ 3.333,33.</p><p>Assim, como a parcela de depreciação se altera, há interferência nos períodos presente e futuro da</p><p>organização (proporcional à expectativa de vida útil definida).</p><p>Figura 4 - Depreciação de imobilizado</p><p>Fonte: Elaborada pela autora, 2020.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 13/22</p><p>Outro ponto a ser destacado é que, no que tange à evidenciação, a organização deverá divulgar os valores e</p><p>a natureza das mudanças de estimativa contábil relacionados ao período corrente e/ou ao futuro. Até mesmo</p><p>quando esses itens forem classificados como impraticáveis, o contexto dessa mudança precisará ser</p><p>evidenciado.</p><p>Quanto aos erros, as demonstrações contábeis não são isentas tanto daqueles considerados acidentais</p><p>quanto dos intencionais. Como destaca o CPC 23 (CPC, 2009b, p. 9), “Erros podem ocorrer no registro, na</p><p>mensuração, na apresentação ou na divulgação de elementos de demonstrações contábeis”.</p><p>As demonstrações contábeis não estarão em conformidade com as normas vigentes quando contiverem erros</p><p>materiais ou imateriais. Adriano (2018) ainda destaca que quando identificados erros ocorridos no período</p><p>corrente, estes deverão ser corrigidos antes da autorização para publicação das demonstrações contábeis.</p><p>Os erros ainda poderão ser detectados somente em período subsequente, porém, quando identificados, a</p><p>organização deverá prontamente iniciar suas correções. Desse modo, segundo Gelbcke et al. (2018, p. 520):</p><p>O CPC 23 (CPC, 2009b) explica que erros materiais de períodos anteriores devem ser corrigidos</p><p>retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações contábeis após sua descoberta. Lemes e Carvalho</p><p>(2010, p. 49), de forma sucinta, resumem os procedimentos indicados no documento da seguinte forma: a</p><p>correção deverá ser feita “(a) restabelecendo os valores comparativos para o período anterior apresentado; (b)</p><p>se o erro ocorreu antes do período mais antigo apresentado, [deverá ser feita] restabelecendo os valores</p><p>patrimoniais do período mais antigo apresentado”.</p><p>1.2.3 Evento subsequente</p><p>As demonstrações contábeis evidenciam eventos ocorridos em um intervalo de tempo. Contudo, existem</p><p>eventos que poderão ocorrer entre a data final do período a que se referem e a data na qual é autorizada a</p><p>emissão dessas demonstrações, caso este denominado evento subsequente.</p><p>Os eventos subsequentes poderão ser favoráveis ou não, e ainda poderão ser classificados em dois grupos:</p><p>“a) os que evidenciam condições que já existiam na data do balanço; e b) os que evidenciam condições que</p><p>surgiram subsequentemente à data do balanço” (GELBCKE et al., 2018, p. 523). Em todo caso,</p><p>independentemente de esses eventos provocarem ou não impactos nos números das demonstrações</p><p>contábeis, eles deverão compor as notas explicativas, que contribuem com a transparência da organização.</p><p>Aqueles eventos que originam ajustes são, por exemplo, a falência de um cliente ou a atualização de um</p><p>depósito judicial: ambos já existem e precisam ser ajustados. Já aqueles que não originam ajustes, mas que</p><p>igualmente impactam a empresa, devem ser divulgados, a exemplo do anúncio de um plano para</p><p>descontinuidade das operações.</p><p>[...] erros materiais de períodos anteriores devem ser corrigidos nas informações apresentadas para fins comparativos,</p><p>tais como os erros imateriais que tenham sido cometidos intencionalmente com intuito de gerar alguma apresentação</p><p>específica da situação da empresa.</p><p>Agora é com você!</p><p>Esta atividade não é pontuada.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 14/22</p><p>No pronunciamento técnico CPC 24 (CPC, 2009d), são apresentados alguns exemplos, destacados a seguir,</p><p>que exigem que a organização ajuste os valores reconhecidos em suas demonstrações ou que reconheça</p><p>itens que não tenham sido previamente reconhecidos:</p><p>Já aqueles eventos que se referem a fatos ocorridos após a data do balanço,</p><p>mas que não geram correções</p><p>numerais nas demonstrações contábeis, requerem notas explicativas quanto à matéria, inclusive quantificação,</p><p>quando possível. Lemes e Carvalho (2010) complementam com alguns exemplos referentes a esses casos.</p><p>Clique nos ícones a seguir para conhecê-los!</p><p>Para a definição do período a que compete o evento subsequente,</p><p>necessita-se do entendimento do processo envolvido na</p><p>autorização da emissão das demonstrações contábeis. Quer</p><p>entender um pouco mais sobre o tema? Confira o pronunciamento</p><p>técnico CPC 24 (CPC, 2009d), que além de esclarecer sobre o</p><p>assunto, apresenta exemplos que auxiliam em sua compreensão.</p><p>Acesse</p><p>(http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/300_CPC_24%20_re</p><p>v%2012.pdf)</p><p>Você quer ler?</p><p>obtenção de informação indicando que um ativo estava desvalorizado ou que o montante da perda por</p><p>desvalorização, previamente reconhecido em relação àquele ativo, precisa ser ajustado;</p><p>decisão ou pagamento em processo judicial;</p><p>determinação do custo de ativos comprados ou do valor de ativos recebidos em troca de ativos vendidos</p><p>antes do fim daquele período;</p><p>determinação de valores referentes à participação nos lucros ou nas gratificações, se a entidade tiver a</p><p>obrigação de efetuar tais pagamentos;</p><p>descoberta de fraudes ou de erros que evidenciem que as demonstrações contábeis estavam incorretas.</p><p>Normalmente, refere-se a circunstâncias posteriores, devendo ser descrito em notas explicativas.</p><p>Após a data do balanço, os dividendos não poderão ser reconhecidos como passivos, já que nenhuma</p><p>obrigação existia na data do fechamento contábil. Desse modo, será preciso apresentá-los em notas</p><p>explicativas.</p><p>Declínio no valor de mercado de investimentos</p><p>Declaração de dividendos</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 15/22</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/300_CPC_24%20_rev%2012.pdf</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/300_CPC_24%20_rev%2012.pdf</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/300_CPC_24%20_rev%2012.pdf</p><p>A organização não tem controle sobre a ocorrência dos eventos subsequentes, mas quando identificados, deve</p><p>classificá-los quanto à necessidade ou não de realizar ajustes financeiros, assim como será preciso verificar se</p><p>haverá necessidade de evidenciação em notas explicativas.</p><p>1.2.4 Demonstrações retificadas</p><p>Após a evidenciação dos erros ou dos eventos subsequentes, as demonstrações contábeis precisam ser</p><p>corrigidas ou complementadas, bem como devem ser apresentadas. Quando houver erros de exercícios</p><p>anteriores, a organização deverá divulgar a natureza do erro, o montante da retificação para cada período</p><p>anterior apresentado, assim como o valor da correção no início do período mais antigo apresentado.</p><p>Caso a aplicação retroativa seja impraticável, a entidade precisará, ainda, apresentar as circunstâncias que</p><p>levaram à existência daquela condição e a descrição de como e a partir de quando o erro foi corrigido (CPC,</p><p>2009b). Posteriormente, não haverá necessidade de manter a repetição dessas informações nos períodos</p><p>subsequentes à retificação do erro.</p><p>Além disso, caberá à organização evidenciar, mesmo em situações de eventos que não requerem ajustes, a</p><p>natureza do evento e a estimativa de seu efeito financeiro, ou uma declaração de que tal estimativa não pode</p><p>ser feita (CPC, 2009d). Dessa forma, a demonstração retificada proporcionará transparência para os usuários</p><p>das demonstrações contábeis e representará a realidade da organização.</p><p>1.3 Notas</p><p>explicativas</p><p>As demonstrações contábeis devem ser complementadas por notas explicativas, que são de elaboração</p><p>obrigatória para todas as entidades, independentemente de porte, atividade ou forma de tributação. O art. 176</p><p>da Lei n. 6.404, de 1976, conhecida como Lei das Sociedades por Ações, explica que as demonstrações</p><p>contábeis devem ser complementadas por notas explicativas.</p><p>Além da normativa apresentada, o pronunciamento técnico CPC 26 (R1) (CPC, 2011), que trata da</p><p>apresentação das demonstrações contábeis, elenca o tema notas explicativas. Por fim, também a norma</p><p>brasileira de contabilidade – técnica geral (NBC TG) de n. 1000, sobre a contabilidade para médias e pequenas</p><p>empresas, destaca o conjunto completo de demonstrações contábeis, o qual contempla a inclusão de notas</p><p>explicativas.</p><p>No caso de início de ação judicial relacionada a eventos que ocorreram após a data do balanço, deve-</p><p>se evidenciar o fato em nota explicativa.</p><p>Início de ação judicial</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 16/22</p><p>De acordo com o CPC 26 (R1) (CPC, 2011), notas explicativas são informações adicionais, sendo utilizadas,</p><p>no âmbito contábil, para acompanhar as demonstrações contábeis. Elas são criadas por meio de descrições</p><p>narrativas e de aberturas de itens divulgados, oferecendo, desse modo, esclarecimentos quanto aos critérios</p><p>de composição dos saldos patrimoniais. Sua estrutura deve conter informações acerca da base para a</p><p>elaboração das demonstrações contábeis no que tange às políticas e aos critérios utilizados, assim como</p><p>divulgar as informações adicionais consideradas relevantes.</p><p>Sabendo disso, na sequência, aprofundaremos nossos conhecimentos em torno das notas explicativas,</p><p>conhecendo sua regulamentação e o modo como devem ser divulgadas.</p><p>1.3.1 Regulamentação</p><p>A Lei das Sociedades por Ações esclarece que as notas explicativas devem, entre outras informações:</p><p>Todavia, embora os itens acima representem um norte a ser seguido pelas organizações, estas poderão optar</p><p>por notas explicativas adicionais de acordo com sua necessidade e relevância.</p><p>1.3.2 Divulgação</p><p>O CPC 26 (R1) (CPC, 2011) também apresenta algumas recomendações para a estruturação das notas</p><p>explicativas. A sua organização se dá, inicialmente, pela definição da ordem de apresentação:</p><p>A apresentação deverá seguir uma forma sistemática e de referência cruzada com os itens do balanço</p><p>patrimonial, quando possível. Na sequência, é apresentado um exemplo de como pode ser feita essa</p><p>referência.</p><p>I - apresentar informações sobre a base de preparação das demonstrações financeiras e das práticas contábeis</p><p>específicas selecionadas e aplicadas para negócios e eventos significativos;</p><p>II - divulgar as informações exigidas pelas práticas contábeis adotadas no Brasil que não estejam apresentadas em</p><p>nenhuma outra parte das demonstrações financeiras;</p><p>III - fornecer informações adicionais não indicadas nas próprias demonstrações financeiras e consideradas necessárias</p><p>para uma apresentação adequada [...]. (BRASIL, [2020], on-line)</p><p>(i) declaração de conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Orientações e Interpretações do CPC;</p><p>(ii) políticas contábeis significativas aplicadas;</p><p>(iii) informação de suporte de itens apresentados nas demonstrações contábeis pela ordem em que cada demonstração</p><p>e cada rubrica sejam apresentadas. (CPC, 2011, p. 33)</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 17/22</p><p>#PraCegoVer: no quadro, é apresentado o balanço patrimonial da Cia. Global S.A. À esquerda, constam os</p><p>itens dos ativos circulante e não circulante com seus respectivos valores. À direita, são descritos os itens dos</p><p>passivos circulante e não circulante junto de seus valores. Ao lado da conta contábil estoques, há a presença</p><p>do número 1.5.</p><p>Observa-se que ao lado da conta estoques foi inserida uma numeração, 1.5, que indica a presença de uma</p><p>nota explicativa a respeito desse item. A seguir, podemos observar, então, um exemplo dessa nota explicativa</p><p>para a conta em questão.</p><p>#PraCegoVer: na imagem, é apresentado um modelo de nota explicativa, que compreende um recorte da</p><p>conta estoques evidenciada no balanço patrimonial e que é destacada pelo número 1.5. Assim, na imagem, lê-</p><p>se: os estoques são apresentados pelo menor</p><p>valor entre o valor de custo e o valor líquido realizável. Os</p><p>custos dos estoques são determinados pelo método do custo médio. O valor líquido realizável corresponde ao</p><p>preço de venda estimado dos estoques, deduzido de todos os custos estimados para conclusão, dos custos</p><p>necessários para realizar a venda e ajustado pela provisão de devoluções, se necessário.</p><p>Quadro 1 - Balanço patrimonial da Cia. Global S.A.</p><p>Fonte: Elaborado pela autora, baseado em LINS, 2017.</p><p>Figura 5 - Modelo de nota explicativa</p><p>Fonte: Elaborada pela autora, baseada em B3, 2020.</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 18/22</p><p>Após a demonstração prática, ainda é possível complementar essas informações com demais recomendações</p><p>do CPC 26 (R1) (CPC, 2011) referente à ordenação ou ao agrupamento sistemático das notas explicativas.</p><p>Assim, as notas explicativas devem:</p><p>Apesar de toda a relevância desse tema, na prática, notam-se problemas relacionados à publicação das notas</p><p>explicativas. Após a adoção das normas internacionais de contabilidade (cuja sigla é IFRS, do inglês</p><p>International Financial Reporting Standards), vem sendo observado um aumento exacerbado no volume de</p><p>dados divulgados, excesso este que, muitas vezes, torna as notas explicativas irrelevantes e incompreensíveis</p><p>(PIERRI JUNIOR; ONZI; VICENTE, 2017).</p><p>Dessa forma, é importante que o profissional da área da contabilidade também esteja atento à orientação</p><p>técnica do CPC 07 (OCPC 07) (CPC, 2014), que esclarece quanto à evidenciação na divulgação dos relatórios</p><p>contábil-financeiros de propósito geral. Essa orientação visa apoiar na resolução de problemas gerados pelo</p><p>grande volume de informações não necessariamente relevantes divulgado.</p><p>Jales et al. (2020) apontam que o excesso de informações pouco importantes vem impactando negativamente</p><p>na adequada tomada de decisão por parte dos stakeholders. Nesse contexto, é importante destacar,</p><p>finalmente, que não é o volume que garante a qualidade, mas, sim, a objetividade das informações.</p><p>(a) dar destaque para as áreas de atividades que a entidade considera mais relevantes para a compreensão do seu</p><p>desempenho financeiro e da posição financeira, como agrupar informações sobre determinadas atividades</p><p>operacionais;</p><p>(b) agrupar informações sobre contas mensuradas de forma semelhante, como os ativos mensurados ao valor justo; ou</p><p>(c) seguir a ordem das contas das demonstrações do resultado e de outros resultados abrangentes e do balanço</p><p>patrimonial [...]. (CPC, 2011, p. 33)</p><p>A OCPC 07 (CPC, 2014) tem como objetivo tratar dos requisitos</p><p>básicos de elaboração e de evidenciação das notas explicativas.</p><p>Ficou curioso para saber mais?</p><p>Acesse</p><p>(http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/488_OCPC_07_Orie</p><p>nta%C3%A7%C3%A3o.pdf )</p><p>Você quer ler?</p><p>Agora é com você!</p><p>Esta atividade não é pontuada.</p><p>Conclusão</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 19/22</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/488_OCPC_07_Orienta%C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/488_OCPC_07_Orienta%C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/488_OCPC_07_Orienta%C3%A7%C3%A3o.pdf</p><p>Ao longo desta unidade, conhecemos as operações de importação e de</p><p>exportação e as orientações relativas a ambas. Além disso, descobrimos quais</p><p>as diferenças entre políticas contábeis, mudanças de estimativa e retificação</p><p>de erro, bem como pudemos observar como devem ser tratados os eventos</p><p>subsequentes e como as demonstrações devem ser retificadas.</p><p>Para finalizar nossos estudos, aprofundamo-nos nas especificidades das notas</p><p>explicativas, fundamentados no CPC 26 (R1), que trata da apresentação das</p><p>demonstrações contábeis. Diante disso, ressalta-se que o principal intuito</p><p>desta unidade foi evidenciar a importância das demonstrações contábeis como</p><p>um todo, uma vez que elas subsidiam as tomadas de decisão dos</p><p>stakeholders.</p><p>Nesta unidade, você teve a oportunidade de:</p><p>conhecer as operações de importação e de exportação, observando como</p><p>devem ser lançadas e evidenciadas;</p><p>inteirar-se acerca das orientações dos pronunciamentos técnicos CPC 23 e</p><p>CPC 24 quanto às políticas contábeis, às mudanças de estimativa, às</p><p>retificações de erro, aos eventos subsequentes e às retificações das</p><p>demonstrações;</p><p>compreender como devem ser tratadas as mudanças em casos de dúvidas</p><p>quanto à sua classificação como de política contábil ou de estimativa;</p><p>aprofundar-se acerca das características das notas explicativas, observando</p><p>os cuidados em relação à sua divulgação.</p><p>ADRIANO, S. Manual dos procedimentos contábeis comentados. São</p><p>Paulo: Atlas, 2018.</p><p>BRASIL. Portaria Ministério da Fazenda n. 356, de 5 de dezembro de</p><p>1988. Define critério de conversão de moeda estrangeira para efeito de</p><p>registro da receita bruta de vendas nas exportações de produtos</p><p>manufaturados nacionais. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em:</p><p>http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=27008</p><p>(http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=27008).</p><p>Acesso em: 2 dez. 2020.</p><p>BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Brasília,</p><p>DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm</p><p>(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm). Acesso em: 2 dez. 2020.</p><p>Referências</p><p>22/09/2024, 16:18 Contabilidade avançada I</p><p>https://student.ulife.com.br/ContentPlayer/Index?cd=oikxgd9b0rkpCgka9qP3RQ%3d%3d&l=dPQoRG%2fEAp9NfPQnYSNY1A%3d%3d&lc=O… 20/22</p><p>http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=27008</p><p>http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=27008</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm</p><p>http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm</p><p>B3. Ações: empresas listadas. B3, São Paulo, 1 dez. 2020. Disponível em:</p><p>http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-variavel/empresas-</p><p>listadas.htm (http://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/negociacao/renda-</p><p>variavel/empresas-listadas.htm). Acesso em: 2 dez. 2020.</p><p>CFC em um minuto #63 - normas internacionais de contabilidade - IFRS. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo</p><p>(59 s). 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