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<p>W</p><p>BA</p><p>02</p><p>03</p><p>_V</p><p>2.</p><p>0</p><p>PRINCÍPIOS E</p><p>PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS</p><p>2</p><p>Nelson Bueno de Oliveira</p><p>São Paulo</p><p>Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>2021</p><p>PRINCÍPIOS E PRONUNCIAMENTOS</p><p>CONTÁBEIS</p><p>1ª edição</p><p>3</p><p>2021</p><p>Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César</p><p>CEP: 01418-002— São Paulo — SP</p><p>Homepage: https://www.platosedu.com.br/</p><p>Head de Platos Soluções Educacionais S.A</p><p>Silvia Rodrigues Cima Bizatto</p><p>Conselho Acadêmico</p><p>Alessandra Cristina Fahl</p><p>Camila Turchetti Bacan Gabiatti</p><p>Camila Braga de Oliveira Higa</p><p>Giani Vendramel de Oliveira</p><p>Gislaine Denisale Ferreira</p><p>Henrique Salustiano Silva</p><p>Mariana Gerardi Mello</p><p>Nirse Ruscheinsky Breternitz</p><p>Priscila Pereira Silva</p><p>Tayra Carolina Nascimento Aleixo</p><p>Coordenador</p><p>Tayra Carolina Nascimento Aleixo</p><p>Revisor</p><p>Miriane de Almeida Fernandes</p><p>Editorial</p><p>Beatriz Meloni Montefusco</p><p>Carolina Yaly</p><p>Márcia Regina Silva</p><p>Paola Andressa Machado Leal</p><p>Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________________</p><p>Oliveira, Nelson Bueno de</p><p>O48p Princípios e pronunciamentos contábeis / Nelson Bueno</p><p>de Oliveira. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais</p><p>S.A., 2021.</p><p>44 p.</p><p>ISBN 978-65-5356-093-2</p><p>1. Postulado contábil da entidade. 2. Postulado da</p><p>continuidade. 3. Princípios contábeis do custo original.</p><p>I. Título.</p><p>CDD 657</p><p>____________________________________________________________________________________________</p><p>Evelyn Moraes – CRB 010289</p><p>© 2021 por Platos Soluções Educacionais S.A.</p><p>Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser</p><p>reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio,</p><p>eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de</p><p>sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização,</p><p>por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A.</p><p>4</p><p>SUMÁRIO</p><p>História da Contabilidade – Postulados contábeis ____________ 05</p><p>Princípios e convenções da Contabilidade ___________________ 22</p><p>Pronunciamentos contábeis – Estrutura conceitual __________ 37</p><p>Pronunciamentos, interpretações e orientações contábeis___ 53</p><p>PRINCÍPIOS E PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS</p><p>5</p><p>História da Contabilidade –</p><p>Postulados contábeis</p><p>Autoria: Nelson Bueno de Oliveira</p><p>Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes</p><p>Objetivos</p><p>• Conhecer a história resumida da Contabilidade.</p><p>• Entender a conexão entre a informação contábil e</p><p>o processo decisório das empresas e dos agentes</p><p>econômicos.</p><p>• Estudar o Postulado Contábil da Entidade.</p><p>• Estudar o Postulado Contábil da Continuidade.</p><p>6</p><p>1. História resumida da Contabilidade</p><p>As noções de conta e de contabilidade, conforme apresenta</p><p>Iudícibus (2021), são antigas: há indícios de haver registros contábeis</p><p>rudimentares desde a Idade Antiga (período entre 4.000 a.C e 476 d.C –</p><p>queda do império romano do Ocidente), período em que o ser humano</p><p>desenvolveu a primeira forma de escrita.</p><p>Ao longo das eras, com o desenvolvimento da escrita e com a</p><p>necessidade de registrar o patrimônio e as negociações, “contabilizar”</p><p>esses fatos passou a ser necessário.</p><p>1.1 A Contabilidade nas Idades Antiga e Média</p><p>As civilizações primitivas antigas principais foram o Egito e a</p><p>Mesopotâmia. Nesta, houve povos, dentre os quais os sumérios, acádios,</p><p>amoritas, assírios e caldeus, que deram contribuições relevantes à</p><p>humanidade em termos culturais, no que diz respeito aos números e</p><p>à escrita. Na sequência do tempo, a Assíria e a Babilônia, a Média e a</p><p>Pérsia, Grécia e Roma foram impérios e reinos de grande alcance militar,</p><p>político, econômico, religioso e cultural. Outras civilizações importantes</p><p>no contexto histórico mundial e que também podem ser citadas são a</p><p>israelita, a árabe e a chinesa.</p><p>A Contabilidade teve, no relato de Iudícibus (2021), evolução mais</p><p>acelerada com o aparecimento das moedas. A moeda, quando vai</p><p>surgindo, a partir do século VII a.C., traz um dinamismo maior às trocas</p><p>econômicas. Antes disso, nas épocas remotas, o escambo, ou troca</p><p>de mercadorias entre os agentes, envolvia um inventário físico das</p><p>mercadorias, sem propriamente haver a avaliação monetária. Nesse</p><p>contexto, os comerciantes, ou mesmo as pessoas, registravam direitos,</p><p>obrigações, relação de bens ou mercadorias, em termos somente de</p><p>7</p><p>quantidades físicas, sendo esses os passos iniciais mais nítidos dos</p><p>registros contábeis.</p><p>Os livros de História enunciam que o frei Luca Bartolomeo de</p><p>Pacioli, monge franciscano italiano e estudioso de Matemática,</p><p>nascido em 1445, já no final da Idade Média, é considerado o pai da</p><p>moderna Contabilidade. Em 1494, em seu livro intitulado Summa de</p><p>Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, que, em tradução</p><p>livre, é “Conhecimentos de Aritmética, Geometria, Proporção e</p><p>Proporcionalidade”, apresenta o Método das Partidas Dobradas ao</p><p>vincular as definições de débito e de crédito ao conceito de números</p><p>positivos e negativos da Matemática, pertencentes ao conjunto dos</p><p>números inteiros. Isso une as noções nascentes de um recurso investido</p><p>de fonte de financiamento, bem como permite o entendimento</p><p>embrionário sobre ganhos e perdas, lucros e prejuízos.</p><p>Outrossim, a atenção com a riqueza, que envolve patrimônio, é algo</p><p>inerente ao ser humano desde a História Antiga. A Contabilidade então</p><p>se desenvolve na busca para criar instrumentos de avaliação da situação</p><p>patrimonial de uma pessoa e de uma entidade, separadamente. Se</p><p>houver bons resultados, o patrimônio cresce, do contrário, diminui.</p><p>1.2 A Contabilidade na Idade Moderna</p><p>O desenvolvimento moderno da Contabilidade ocorre na época de</p><p>transição da produção feudal, processo conhecido como Feudalismo,</p><p>para um modelo de desenvolvimento do comércio e dos novos</p><p>descobrimentos marítimos chamado de Mercantilismo. Esse fato</p><p>marca o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna, que ocorre,</p><p>segundo consta nos livros de História, em 1453, com a queda militar</p><p>de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente . Cita-se</p><p>aqui, nesse contexto, o desenvolvimento de cidades e de uma classe</p><p>média, a burguesia, o que leva a um novo florescimento das atividades</p><p>8</p><p>econômicas, culturais e religiosas. Nesse sentido, é relevante lembrar</p><p>que o Brasil é descoberto em 1500 e que a Reforma Protestante tem</p><p>grande impacto a partir de 1517, tudo dentro desse panorama histórico.</p><p>As cidades italianas, explica Iudícibus (2021), como Veneza, Gênova,</p><p>Florença, Pisa, entre outras, têm grande desenvolvimento nas esferas</p><p>mercantil, econômica e cultural a partir do século XIII (anos 1200) e</p><p>até o início do século XVII (anos 1600). Nesse cenário é que se insere a</p><p>produção do frei Luca Pacioli, quem cria os primeiros fundamentos das</p><p>Ciências Contábeis.</p><p>1.3 A Escola Europeia e a Escola Anglo-Saxônica</p><p>Nesse bojo, a partir do século XV, a Escola Latina, Italiana, da</p><p>Contabilidade tem grande protagonismo, sendo, em grande parte,</p><p>acompanhada pelos alemães e franceses. Nessa escola de pensamento,</p><p>denominada Escola Europeia, há um predomínio do interesse, do</p><p>poder político de banqueiros e dos governos sobre a geração da</p><p>informação contábil pela Contabilidade. Isso significa que os governos</p><p>tinham interesse que a informação contábil propiciasse arrecadação de</p><p>tributos, enquanto os banqueiros tinham interesse que a informação</p><p>contábil fosse bastante conservadora, o que os possibilitaria conceder</p><p>empréstimos mais seguros às entidades com demonstrativos contábeis</p><p>prudentes e conservadores. A Escola Europeia, desdobramento do</p><p>poder político de banqueiros e dos governos, tem a natureza de</p><p>estabelecer, na lei e nos regulamentos, como a Contabilidade deve ser</p><p>obrigatoriamente feita.</p><p>Por sua vez, em paralelo, há o modo britânico de ver a informação</p><p>contábil. É a Escola Anglo-Saxônica. Esse modo de fazer contabilidade</p><p>prevê que prevalece</p><p>contábeis:</p><p>45</p><p>Quando Pronunciamento, Interpretação ou Orientação se aplicar</p><p>especificamente a uma transação, a outro evento ou circunstância,</p><p>a política ou políticas contábeis aplicadas a esse item devem ser</p><p>determinadas pela aplicação do Pronunciamento, Interpretação ou</p><p>Orientação, e considerando quaisquer guias de implementação relevantes</p><p>emitidos pelo CPC no tocante ao Pronunciamento, Interpretação ou</p><p>Orientação em questão.</p><p>Os Pronunciamentos, Interpretações e Orientações estabelecem políticas</p><p>contábeis que o CPC concluiu resultarem em demonstrações contábeis,</p><p>contendo informação relevante e confiável sobre as transações, outros</p><p>eventos e condições a que se aplicam. Essas políticas não precisam ser</p><p>aplicadas quando o efeito da sua aplicação for imaterial. Contudo, não</p><p>é apropriado produzir, ou deixar de corrigir, incorreções imateriais em</p><p>relação a eles para se alcançar determinada apresentação da posição</p><p>patrimonial e financeira (Balanço Patrimonial BP), do desempenho</p><p>(Demonstração do Resultado do Exercício DRE) ou dos fluxos de caixa da</p><p>entidade (Demonstração dos Fluxos de Caixa DFC). [...]</p><p>Na ausência de Pronunciamento, Interpretação ou Orientação que se</p><p>aplique especificamente a uma transação, outro evento ou condição, a</p><p>administração exercerá seu julgamento no desenvolvimento e na aplicação</p><p>de política contábil que resulte em informação que seja:</p><p>a. relevante para a tomada de decisão econômica por parte dos</p><p>usuários; e</p><p>b. confiável, de tal modo que as demonstrações contábeis: (i)</p><p>representem adequadamente a posição patrimonial e financeira,</p><p>o desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade; (ii)</p><p>reflitam a essência econômica de transações, outros eventos e</p><p>condições e, não, meramente a forma legal; (iii) sejam neutras, isto</p><p>é, que estejam isentas de viés; (iv) sejam prudentes; e (v) sejam</p><p>completas em todos os aspectos materiais. (CPC, 2009, [s.p.], grifos</p><p>nossos)</p><p>46</p><p>Isso significa que a Contabilidade, no Brasil, deve seguir fielmente o que</p><p>preceituam os pronunciamentos, as interpretações e as orientações</p><p>promulgados pelo CPC. E, fazendo isso, as entidades produzirão</p><p>demonstrações contábeis fidedignas a respeito da realidade econômica</p><p>da empresa que reporta seus números e informações. Caso, para</p><p>determinado fato econômico, não houver pronunciamento específico,</p><p>então cabe ao contador fazer julgamento da realidade que se reporta</p><p>e produzir Contabilidade com a melhor aderência possível ao “espírito”</p><p>dos IFRS, que é a fidedignidade da informação contábil, a prevalência da</p><p>essência econômica sobre os formatos jurídicos.</p><p>3.1 Pronunciamento CPC 00 (R2) (2019)</p><p>O CPC 00 (R2) (CPC, 2019) faz, no item SP 1.5, a seguinte explanação</p><p>sobre a Estrutura Conceitual:</p><p>Esta Estrutura Conceitual contribui para a missão declarada da IFRS</p><p>Foundation e do IASB, que faz parte da IFRS Foundation. Essa missão é</p><p>desenvolver pronunciamentos que tragam transparência, prestação de</p><p>contas (accountability) e eficiência aos mercados financeiros em todo o</p><p>mundo. O trabalho do IASB atende ao interesse público ao promover a</p><p>confiança, o crescimento e a estabilidade financeira de longo prazo na</p><p>economia mundial.</p><p>Esta Estrutura Conceitual estabelece a base para pronunciamentos que:</p><p>(a) contribuem para a transparência ao melhorar a comparabilidade</p><p>internacional e a qualidade de informações financeiras, permitindo que</p><p>os investidores e outros participantes do mercado tomem decisões</p><p>econômicas fundamentadas; (b) reforçam a prestação de contas,</p><p>reduzindo a lacuna de informações entre os provedores de capital e</p><p>as pessoas a quem confiaram o seu dinheiro. Os pronunciamentos</p><p>baseados nesta Estrutura Conceitual fornecem informações necessárias</p><p>para responsabilizar a administração. Como fonte de informações</p><p>mundialmente comparáveis, esses Pronunciamentos também são de</p><p>vital importância para os reguladores em todo o mundo; (c) contribuem</p><p>47</p><p>para a eficiência econômica, ajudando os investidores a identificar</p><p>oportunidades e riscos em todo o mundo, melhorando assim a alocação</p><p>de capital.</p><p>Para os negócios, o uso de uma linguagem de contabilidade única e</p><p>confiável derivada dos Pronunciamentos com base nesta Estrutura</p><p>Conceitual diminui o custo do capital e reduz os custos de relatórios</p><p>internacionais. (CPC, 2019, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Percebe-se, assim, os altos e nobres objetivos da Contabilidade em</p><p>produzir benefícios para toda a sociedade em termos globais, os</p><p>quais são atingidos através do grande instrumento que é a Estrutura</p><p>Conceitual, a qual é fundamentada, alicerçada nos postulados,</p><p>princípios e convenções de Ciências Contábeis. Além disso, entenda-</p><p>se custo de capital como o custo médio ponderado entre as fontes</p><p>de financiamento de longo prazo das empresas, como o Patrimônio</p><p>Líquido e o Passivo Não Circulante.</p><p>3.2 Características qualitativas fundamentais de</p><p>informações contábeis</p><p>Segundo o CPC 00 (R2) (CPC, 2019) e Almeida (2021), as características</p><p>qualitativas fundamentais são relevância e representação fidedigna,</p><p>para que haja utilidade no uso da informação contábil reportada.</p><p>A relevância está no fato de que a informação reportada é capaz de</p><p>influir e fazer diferenças nas decisões dos agentes econômicos que</p><p>se utilizam da informação contábil reportada em seus processos</p><p>decisórios. Por exemplo: credores, investidores, fornecedores,</p><p>acionistas e gestores usam as informações da Contabilidade para</p><p>decidir sobre a empresa.</p><p>Quanto à representação fidedigna, assim se expressa o CPC 00 (R2)</p><p>no item 2.12 (CPC, 2019):</p><p>48</p><p>Relatórios financeiros representam fenômenos econômicos em palavras</p><p>e números. Para serem úteis, informações financeiras não devem</p><p>apenas representar fenômenos relevantes, mas também representar</p><p>de forma fidedigna a essência dos fenômenos que pretendem</p><p>representar. Em muitas circunstâncias, a essência de fenômeno</p><p>econômico e sua forma legal são as mesmas. Se não forem as mesmas,</p><p>fornecer informações apenas sobre a forma legal não representaria</p><p>fidedignamente o fenômeno econômico. (CPC, 2019, [s.p.], grifos</p><p>nossos)</p><p>Tome-se, aqui, como exemplo as operações de arrendamento</p><p>mercantil ou leasing. Antes dos IFRS, as operações de leasing eram</p><p>reportadas somente por meio do débito da despesa com leasing</p><p>e do crédito da saída do caixa. Com o advento dos IFRS, buscou-</p><p>se a prevalência da essência econômica sobre a forma jurídica, ou</p><p>seja, a representação fidedigna. Assim, com os IFRS, a operação de</p><p>leasing passou a ser reportada como um empréstimo de longo prazo</p><p>(crédito) no Passivo e os aviões, objeto do arrendamento (aluguel)</p><p>mercantil, ficaram no (débito) Ativo Não Circulante. Além disso,</p><p>registraram-se as despesas financeiras com a respectiva saída de</p><p>caixa para os pagamentos previstos contratualmente.</p><p>3.3 Representação fidedigna – Completa, neutra e</p><p>isenta de erros</p><p>O CPC 00 (R2) esclarece que a representação fidedigna possui três</p><p>características para as informações: elas têm de ser completas,</p><p>neutras e isentas de erros.</p><p>Sobre a representação fidedigna completa, o CPC 00 (R2) (CPC, 2019)</p><p>e Almeida (2021) explicam que ela abrange todas as informações</p><p>necessárias para que o usuário compreenda os fenômenos que estão</p><p>sendo representados, inclusive todas as descrições e explicações</p><p>necessárias. Vale lembrar que tais informações completas podem</p><p>49</p><p>ser reportadas com o uso de notas explicativas, que apoiam o que</p><p>se evidencia na demonstração contábil, como o Balanço Patrimonial</p><p>(BP), a Demonstração dos Resultados do Exercício (DRE), a</p><p>Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), entre outras.</p><p>Quanto à representação fidedigna neutra, tem-se o seguinte, exposto</p><p>no item 2.15:</p><p>A representação neutra não é tendenciosa na seleção ou na</p><p>apresentação de informações financeiras. A representação neutra</p><p>não possui inclinações, não é parcial, não é enfatizada ou deixa de</p><p>ser enfatizada, nem é, de outro modo, manipulada para aumentar</p><p>a probabilidade de que as informações financeiras serão recebidas</p><p>de forma favorável ou desfavorável pelos usuários. Informações</p><p>neutras não significam informações sem nenhum propósito ou sem</p><p>nenhuma influência sobre o comportamento. Ao contrário, informações</p><p>financeiras (contábeis) relevantes são, por definição, capazes de fazer</p><p>diferença nas decisões dos usuários. (CPC, 2019, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Por sua vez, a representação livre de erros significa, de acordo</p><p>com o item 2.18, que “não há erros ou omissões na descrição do</p><p>fenômeno e que o processo utilizado para produzir as informações</p><p>apresentadas foi selecionado e aplicado sem erros no processo” (CPC,</p><p>2019, [s.p.]). Isso não significa, entretanto, que a informação contábil</p><p>seja perfeita. Note-se, por exemplo, que tenha ocorrido fortuitamente</p><p>um incêndio em uma unidade fabril de uma entidade. Não há como</p><p>medir perfeitamente a dimensão das perdas incorridas, no entanto</p><p>o contador deve, valendo-se da convenção da Objetividade, reportar</p><p>o fato, na Contabilidade, evidenciando para esse fim a descrição,</p><p>de forma clara e precisa, de como se fizeram as estimativas. Deve,</p><p>com isso, reportar o laudo dos peritos, os pareceres técnicos sobre</p><p>o incêndio, bem como outros critérios utilizados para se fazer as</p><p>estimativas de perdas, que compõem o número da Contabilidade.</p><p>50</p><p>3.4 Características qualitativas de melhoria da</p><p>informação contábil</p><p>As informações contábeis são úteis quando possuem as características</p><p>fundamentais, ou seja, a relevância e a representação fidedigna.</p><p>Segundo o item 2.20 do CPC 00 (R2): “Nem a representação fidedigna de</p><p>fenômeno irrelevante nem a representação não fidedigna de fenômeno</p><p>relevante auxiliam os usuários a tomar boas decisões” (CPC, 2019, [s.p.]).</p><p>A comparabilidade, a capacidade de verificação, a tempestividade e a</p><p>compreensibilidade são as características qualitativas de melhoria da</p><p>utilidade da informação contábil.</p><p>As características qualitativas de melhoria podem também ajudar a</p><p>determinar qual de duas formas deve ser utilizada para representar o</p><p>fenômeno caso se considere que ambas fornecem informações igualmente</p><p>relevantes e representação igualmente fidedigna desse fenômeno. (CPC,</p><p>2019, [s.p.])</p><p>Comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos</p><p>usuários compreender semelhanças e discrepâncias entre pelo</p><p>menos dois itens reportados pela Contabilidade. Segundo o item 2.29</p><p>do CPC 00 (R2), “embora um único fenômeno econômico possa ser</p><p>representado de forma fidedigna de diversas formas, permitir métodos</p><p>contábeis alternativos para o mesmo fenômeno econômico diminui a</p><p>comparabilidade” (CPC, 2019, [s.p.]). A capacidade de verificação, por</p><p>sua vez, significa que diferentes observadores da informação contábil</p><p>podem chegar ao consenso de que a representação específica de</p><p>um fato econômico, pela Contabilidade, é representação fidedigna.</p><p>A tempestividade significa disponibilizar informações, a tempo, aos</p><p>usuários, para que suas decisões sejam influenciadas pela informação</p><p>contábil que existe. Já “a compreensibilidade envolve classificar,</p><p>caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso” (CPC,</p><p>2019, [s.p.]).</p><p>51</p><p>Perceba-se aqui, conforme Martins et al. (2021), que há um</p><p>aprimoramento do uso da convenção da Prudência. As características</p><p>qualitativas de melhoria são válidas para indicar, entre algumas formas</p><p>equivalentes, qual deve ser utilizada para representar o fenômeno,</p><p>caso se considere que fornecem informações igualmente relevantes e</p><p>representação igualmente fidedigna desse fenômeno. Isso é diferente de</p><p>se dizer quanto depois e menor valor para ativos e receitas; e quanto antes</p><p>e maior valor para passivos e despesas no uso original da Prudência.</p><p>Como convenção, a Prudência permanece válida e é empregada, por</p><p>exemplo, no CPC 16, que versa sobre mensuração de estoques.</p><p>4. Conclusão</p><p>A Estrutura Conceitual da Contabilidade não cita explicitamente os</p><p>postulados, os princípios e as convenções da Contabilidade. Porém,</p><p>sabe-se e pode ser percebido que os postulados, os princípios e as</p><p>convenções estão presentes no alicerce, no fundamento, no fulcro da</p><p>atual Estrutura Conceitual preceituada pelos padrões internacionais</p><p>de Contabilidade, os IFRS. Salienta-se também que o Comitê de</p><p>Pronunciamentos Contábeis (CPC) é a instituição brasileira que se</p><p>encarrega de converter os IFRS em pronunciamentos, interpretações e</p><p>orientações a serem utilizados por todas as entidades brasileiras.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, M. C. Teoria da Contabilidade em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>CONGRESSO USP. Palestra Congresso USP 2008 – Prof. Eliseu Martins. 2008.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eWeqOAtGBDA&t=708s. Acesso</p><p>em: 24 jan. 2022.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Conheça o CPC. Brasília: CPC, [s.d.]</p><p>a. Disponível em: http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC. Acesso em: 24 jan.</p><p>2022.</p><p>52</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual</p><p>para Relatório Financeiro. Brasília: CPC, 2019.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 23 – Políticas Contábeis,</p><p>Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. Brasília: CPC, 2009.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Regimento Interno do Comitê de</p><p>Pronunciamentos Contábeis – CPC. Brasília: CPC, [s.d.]b. Disponível em: http://www.</p><p>cpc.org.br/CPC/CPC/Regimento-Interno. Acesso em: 24 jan. 2022.</p><p>ERNST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de Normas Internacionais de Contabilidade:</p><p>IFRS versus normas brasileiras. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.</p><p>MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária – Aplicável a todas as</p><p>sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2021.</p><p>53</p><p>Pronunciamentos, interpretações</p><p>e orientações contábeis</p><p>Autoria: Nelson Bueno de Oliveira</p><p>Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes</p><p>Objetivos</p><p>• Conhecer alguns exemplos de pronunciamentos,</p><p>interpretações e orientações contábeis.</p><p>• Estudar o Pronunciamento CPC 26 (R1) –</p><p>Apresentação das Demonstrações Contábeis.</p><p>• Aprender sobre a Interpretação ICPC 22 –</p><p>Incerteza sobre Tratamento de Tributos sobre o</p><p>Lucro.</p><p>• Examinar a Orientação OCPC 07 – Evidenciação na</p><p>Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de</p><p>Propósito Geral.</p><p>54</p><p>1. Pronunciamentos, interpretações e</p><p>orientações contábeis</p><p>Todo o arcabouço conceitual da Contabilidade, os postulados, os</p><p>princípios, as convenções e a estrutura conceitual conduzem as</p><p>tarefas do contador ao executar o processo contábil na íntegra, com</p><p>reconhecimento e mensuração dos fatos econômicos e divulgação</p><p>das informações contábeis. Tudo isso flui para a apresentação das</p><p>demonstrações contábeis que consubstanciam o escopo integral do que</p><p>foi feito de forma padronizada, seguindo os preceitos das IFRS.</p><p>Pode-se perceber, por meio do linguajar usado pelo Comitê de</p><p>Pronunciamentos Contábeis (CPC), que não há, propriamente, regras e</p><p>normativos nos pronunciamentos, nas interpretações e nas orientações.</p><p>Os documentos emitidos pelo CPC contêm premissas, isto é, princípios</p><p>que o contador deve observar ao executar o seu trabalho, mas deixa um</p><p>grau de liberdade para que ele exerça seu julgamento e discernimento</p><p>sobre os fatos econômicos que são objeto da Contabilidade, como os</p><p>contratos, bens, direitos, obrigações etc. E essa característica é o próprio</p><p>espírito dos IFRS.</p><p>Os produtos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) são os</p><p>pronunciamentos técnicos propriamente ditos, as interpretações, as</p><p>orientações e os comunicados. E, como se sabe, segundo o Regimento</p><p>Interno do CPC (CPC, [s.d.]), os pronunciamentos técnicos estabelecem</p><p>conceitos doutrinários, estrutura técnica e procedimentos a serem</p><p>aplicados na Contabilidade das empresas e das entidades em geral. Por</p><p>sua vez, as interpretações são feitas para esclarecer e detalhar alguns</p><p>pontos constantes de um pronunciamento e são identificadas pela sigla</p><p>ICPC, seguida de numeração. As orientações têm um caráter informativo,</p><p>referem-se aos pronunciamentos e interpretações e receberam a sigla</p><p>OCPC, acrescida</p><p>de uma numeração. Percebe-se, então, que o grau de</p><p>55</p><p>importância entre pronunciamentos, interpretações e orientações é</p><p>decrescente respectivamente.</p><p>Por exemplo, uma empresa que tenha, entre suas políticas de gestão</p><p>de pessoas, a concessão de planos de previdência complementar como</p><p>forma de retenção de talentos faz uso do pronunciamento CPC 33</p><p>(R1), de 2012, que versa, entre muitos aspectos, sobre a contabilização</p><p>dos benefícios concedidos aos empregados, para contabilizar os</p><p>efeitos econômicos da concessão desse plano. Além disso, esse</p><p>pronunciamento estabelece que a empresa contabilize um passivo</p><p>quando o empregado trabalha e presta o serviço em troca de benefícios</p><p>a serem pagos no futuro; e, em contrapartida, estabelece uma despesa</p><p>quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do</p><p>trabalho e do serviço recebido do empregado em troca de benefícios</p><p>a esse funcionário. Ou seja, nesse exemplo, o CPC 33 (R1) fornece as</p><p>premissas e os fundamentos que norteiam o trabalho do contador</p><p>ao registrar na Contabilidade os planos de previdência complementar</p><p>concedidos aos empregados pela empresa.</p><p>Lembre-se, ainda, de que o pronunciamento CPC 00 (R2), de 2019,</p><p>contém a Estrutura Conceitual da Contabilidade, que alicerça todos</p><p>os demais pronunciamentos contábeis. Assim, como dito, o contador</p><p>pode exercer julgamento e discernimento sobre os fatos vivenciados</p><p>pela empresa que reporta e, assim, decide a melhor forma de fazer a</p><p>contabilidade, privilegiando a fidedignidade e a relevância da informação</p><p>contábil.</p><p>2. Pronunciamento CPC 26 (R1) – Apresentação</p><p>das Demonstrações Contábeis</p><p>O pronunciamento CPC 26 (R1) de 2011 fornece a base para a</p><p>elaboração e para a apresentação das demonstrações contábeis e, com</p><p>56</p><p>isso, permite que seja feita pelos usuários da informação contábil a</p><p>comparação com as demonstrações contábeis de períodos anteriores</p><p>da mesma entidade, ou com as demonstrações contábeis de outras</p><p>entidades que pertençam ao mesmo setor econômico ou a uma mesma</p><p>região geográfica, conforme o interesse dos usuários.</p><p>Segundo o item 9 do CPC 26 (R1), as demonstrações contábeis possuem</p><p>estes objetivos fundamentais:</p><p>As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da</p><p>posição patrimonial, financeira e do desempenho da entidade. O objetivo</p><p>das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da</p><p>posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da</p><p>entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações</p><p>e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também</p><p>objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face</p><p>de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que</p><p>lhe foram confiados. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações</p><p>contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: (a)</p><p>ativos; (b) passivos; (c) patrimônio líquido; (d) receitas e despesas,</p><p>incluindo ganhos e perdas; (e) alterações no capital próprio mediante</p><p>integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de</p><p>caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes</p><p>das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis a</p><p>prever os futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o</p><p>grau de certeza de sua geração. (CPC, 2011, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Por exemplo, uma premissa recomendada pelo CPC 26 (R1) (CPC,</p><p>2011) é o fato de a entidade não precisar compensar ativos e passivos</p><p>ou receitas e despesas ao evidenciar, em uma transação, somente o</p><p>efeito líquido de um fato econômico, exceto quando a compensação</p><p>for exigida ou permitida por um pronunciamento técnico, por uma</p><p>interpretação ou uma orientação do CPC. A entidade deve informar</p><p>separadamente os ativos e os passivos, as receitas e as despesas</p><p>referentes a uma transação reportada pela Contabilidade. A</p><p>57</p><p>compensação ou apenas o efeito líquido desses elementos no Balanço</p><p>Patrimonial (BP) ou na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE),</p><p>entre as outras demonstrações, dificulta a capacidade de os usuários</p><p>compreenderem as transações e poderem avaliar corretamente as</p><p>perspectivas da empresa, o que inclui as projeções dos fluxos de caixa</p><p>futuros, que são utilizados nas avaliações de investimentos.</p><p>Admita-se, como exemplo, hipoteticamente o seguinte: um instrumento</p><p>financeiro (um contrato, um título de crédito ou um derivativo) está no</p><p>Ativo Circulante da empresa, sendo um direito a receber no vencimento.</p><p>Esse instrumento financeiro, bem antes do vencimento, tendo em vista</p><p>uma alteração das taxas de juros, tem uma valorização de 10%. E, ao</p><p>mesmo tempo, tendo em vista uma alteração nas taxas de câmbio, tem</p><p>uma desvalorização de 4%. O CPC 26 (R1) (CPC, 2011) recomenda que a</p><p>contabilidade evidencie esses dois movimentos, a valorização de 10% e a</p><p>de desvalorização de 4%. Não se deve evidenciar somente a valorização</p><p>compensada ou líquida de 6%. Aqui se nota o objetivo da Contabilidade</p><p>ao permitir ao usuário o melhor entendimento sobre a realidade</p><p>econômica da empresa que reporta seus números.</p><p>2.1 Balanço Patrimonial (BP)</p><p>As demonstrações contábeis e as respectivas notas explicativas</p><p>devem ser identificadas pelas empresas que as divulgam. As notas</p><p>explicativas são esclarecimentos relevantes elaborados em relação aos</p><p>itens constantes das demonstrações contábeis, dos quais são parte</p><p>integrante.</p><p>As demonstrações contábeis devem conter o nome da entidade,</p><p>se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades</p><p>(demonstrações consolidadas), a data de encerramento do período</p><p>reportado, a moeda de apresentação (que é normalmente o Real – R$), e</p><p>58</p><p>o nível de arredondamento utilizado, por exemplo, em R$, em R$ mil ou</p><p>em R$ milhões.</p><p>O Balanço Patrimonial (BP) é a demonstração contábil que evidencia o</p><p>patrimônio da empresa reportada. O Ativo contém, em grandes linhas,</p><p>o investimento lato sensu da empresa em caixa, equivalentes de caixa,</p><p>duplicatas a receber, estoques, fábricas, máquinas, veículos, marcas,</p><p>patentes, investimentos estratégicos em outras empresas e direitos a</p><p>receber no longo prazo.</p><p>O Passivo contém o financiamento fornecido por credores. Alguns</p><p>desses financiamentos não possuem encargos financeiros explícitos,</p><p>como os salários a pagar, duplicatas a pagar e tributos a pagar. Outros</p><p>financiamentos, por sua vez, são concedidos com encargos financeiros</p><p>explícitos, como os empréstimos bancários.</p><p>O Patrimônio Líquido registra os recursos trazidos para a empresa pelos</p><p>proprietários ou sócios abrigados na conta capital. Também recebe, por</p><p>intermédio do mecanismo de encerramento dos resultados do exercício,</p><p>as reservas de lucros, o que se traduz em crescimento do Patrimônio</p><p>Líquido.</p><p>Por exemplo, no caso de uma empresa de café, há muitos investimentos</p><p>em cafezais, o fruto café e os produtos beneficiados ou processados.</p><p>Para tratar os ativos biológicos e os produtos agrícolas, há</p><p>pronunciamentos específicos conforme o caso, como o CPC 27 – Ativo</p><p>Imobilizado e o CPC 29 – Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas. Assim,</p><p>uma empresa do agronegócio, além do CPC 26, deve considerar também</p><p>os CPC 27 e 29 para fazer sua contabilidade.</p><p>Uma empresa que utilize instrumentos financeiros para fazer a gestão</p><p>de riscos, por sua vez, vai utilizar o CPC 48 – Instrumentos Financeiros,</p><p>para contabilizar, por exemplo, as operações de hedge, as quais, como se</p><p>59</p><p>sabe, servem para proteger a empresa dos riscos que os investimentos</p><p>carregam.</p><p>Por exemplo, uma empresa distribuidora de energia elétrica no Brasil</p><p>tem um faturamento somente em Reais (R$), mas, devido a condições</p><p>de mercado favoráveis, resolve tomar um empréstimo em dólares. Para</p><p>se proteger de uma elevação da cotação da moeda americana em reais</p><p>(valorização do dólar e desvalorização do Real), o que elevaria os valores</p><p>a pagar desse empréstimo, a empresa contrata ou operações a termo,</p><p>ou futuro, ou opções, ou swaps, o que</p><p>for considerado mais oportuno,</p><p>para fazer hedge e, assim, se proteger da oscilação desfavorável do</p><p>câmbio. Caso essa empresa, em outro contexto, fosse exportadora</p><p>também, ela teria um hedge natural total ou parcial, uma vez que uma</p><p>oscilação desfavorável (elevação da cotação do dólar) prejudicaria</p><p>suas dívidas em dólar, porém se beneficiaria no faturamento em Reais</p><p>quando fechasse os contratos de câmbio referentes a suas exportações.</p><p>Além disso, os itens 66 e 69 do CPC 26 (R1) pontuam que:</p><p>O ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer</p><p>dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se</p><p>que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional</p><p>da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser</p><p>negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do</p><p>balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa [...]. Todos os demais ativos</p><p>devem ser classificados como não circulantes.</p><p>O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer</p><p>dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo</p><p>operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para</p><p>a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até</p><p>doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito</p><p>incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze</p><p>meses após a data do balanço. [...] Todos os outros passivos devem ser</p><p>classificados como não circulantes. (CPC, 2011, [s.p.], grifos nossos)</p><p>60</p><p>2.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e</p><p>Demonstração do Resultado Abrangente (DRA)</p><p>Segundo o CPC 26 (R1) (CPC, 2011), além das receitas e de suas deduções</p><p>e dos tributos incidentes sobre as vendas, em atendimento à legislação</p><p>societária brasileira, a Demonstração do Resultado do Exercício deve</p><p>conter:</p><p>• Custo dos produtos, das mercadorias e dos serviços vendidos.</p><p>• Lucro bruto.</p><p>• Despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e</p><p>receitas operacionais.</p><p>• Resultado prévio das receitas e despesas financeiras.</p><p>• Resultado prévio dos tributos sobre o lucro.</p><p>• Resultado líquido do período.</p><p>Enquanto o BP se ocupa da posição patrimonial da entidade que reporta,</p><p>a DRE evidencia o desempenho, o resultado obtido pela entidade,</p><p>em termos de lucro ou prejuízo, com a observação do Regime de</p><p>Competência e com o da Realização das Receitas e Confrontação com as</p><p>Despesas.</p><p>Salienta-se que a Demonstração do Resultado Abrangente do Exercício</p><p>(DRA) é feita a partir do Resultado do Exercício evidenciado na DRE. Logo,</p><p>a DRA é uma espécie de continuação da DRE. Lembre-se, porém, de que</p><p>as transações que geram mutações no Patrimônio Líquido (PL), feitas com</p><p>os proprietários, não integram nem a DRE nem a DRA, como é o caso da</p><p>integralização de capital ou do pagamento de dividendos.</p><p>61</p><p>Martins et al. (2018) definem resultados abrangentes como as mutações</p><p>do Patrimônio Líquido (PL) que não são classificadas como receitas</p><p>ou despesas do exercício pelo Regime de Competência, mas incluem</p><p>alterações patrimoniais que poderão afetar o resultado de períodos</p><p>futuros ou, em alguns casos, que nem mesmo transitarão pelo resultado.</p><p>O CPC 26 (R1) (CPC, 2011), em trechos de seu item 7, informa também</p><p>que, entre outros fatos econômicos, são resultados abrangentes:</p><p>• Variações na reserva de reavaliação do Ativo Imobilizado e do Ativo</p><p>Intangível quando permitidas legalmente.</p><p>• Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício</p><p>definido.</p><p>• Ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações</p><p>contábeis de operações no exterior.</p><p>• Ajuste de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e às perdas na</p><p>remensuração de ativos financeiros (operações com derivativos)</p><p>disponíveis para venda.</p><p>Salienta-se que os resultados abrangentes não são receitas ou despesas</p><p>do exercício nem são transações com os proprietários, tais como</p><p>integralização de capital ou pagamento de dividendos. As transações com</p><p>proprietários, inclusive, nem sequer são categorizadas como receitas ou</p><p>despesas, circulando somente no contexto do Patrimônio Líquido.</p><p>2.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido</p><p>(DMPL)</p><p>A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) busca</p><p>evidenciar o saldo inicial e as variações ocorridas durante o exercício</p><p>apurando o saldo final do Patrimônio Líquido (PL).</p><p>62</p><p>O CPC 26 (R1) (CPC, 2011) regulamenta que o PL deve apresentar o</p><p>capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial,</p><p>as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria e os prejuízos</p><p>acumulados. A conta de lucros acumulados na prática tem se tornado</p><p>uma conta transitória somente admitida para figurar no Balanço</p><p>Patrimonial de empresas limitadas e de outras de menor porte. Para</p><p>empresas de sociedades por ações e mesmo as limitadas de grande</p><p>porte, todo o resultado de exercício deve ser devidamente apropriado</p><p>em reservas de lucros, não podendo figurar no BP como lucros</p><p>acumulados. Por sua vez, a conta de prejuízos acumulados pode figurar</p><p>no BP das sociedades por ações e das limitadas de grande porte.</p><p>A entidade deve apresentar, ainda segundo o CPC 26 (R1) (CPC, 2011),</p><p>na DMPL e em suas notas explicativas, o montante de dividendos</p><p>reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o</p><p>respectivo montante dos dividendos por ação.</p><p>2.4 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)</p><p>Por sua vez, a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) evidencia</p><p>informações sobre os fluxos de caixa e proporciona aos usuários</p><p>das demonstrações contábeis condições para avaliar a capacidade</p><p>de a entidade gerar caixa e para examinar as perspectivas de</p><p>investimentos geradas com as disponibilidades de caixa, o que</p><p>demonstra a capacidade da empresa de honrar compromissos. Há um</p><p>pronunciamento técnico específico, o CPC 03 – Demonstração dos Fluxos</p><p>de Caixa, que enuncia parâmetros para a elaboração da DFC.</p><p>No item 6 do CPC 03 (R2) (CPC, 2010), que versa sobre a Demonstração</p><p>dos Fluxos de Caixa DFC, existe esta orientação:</p><p>Os seguintes termos são usados neste Pronunciamento Técnico, com</p><p>os significados abaixo especificados: Caixa compreende numerário</p><p>em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa</p><p>63</p><p>são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são</p><p>prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão</p><p>sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Fluxos de caixa</p><p>são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. Atividades</p><p>operacionais são as principais atividades geradoras de receita da</p><p>entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de</p><p>financiamento. Atividades de investimento são as referentes à aquisição e</p><p>à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos</p><p>nos equivalentes de caixa. Atividades de financiamento são aquelas que</p><p>resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e</p><p>no capital de terceiros da entidade. (CPC, 2010, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Segundo o CPC 03 (R2) (CPC, 2010), a DFC pode ser elaborada tanto pelo</p><p>método direto quanto pelo indireto. No primeiro, os fluxos de caixa são</p><p>evidenciados a partir das receitas brutas. No segundo, os fluxos de caixa</p><p>são divulgados a partir do lucro líquido. Os dois métodos naturalmente</p><p>conduzem aos mesmos resultados finais.</p><p>2.5 Notas Explicativas (NE)</p><p>As notas explicativas (NE) devem, segundo o CPC 26 (R1) (CPC,</p><p>2011), apresentar informações acerca da base para a elaboração das</p><p>demonstrações contábeis e das premissas contábeis especificamente</p><p>utilizadas, além de divulgar as informações eventualmente</p><p>requeridas pelos pronunciamentos técnicos, pelas orientações e</p><p>pelas interpretações do CPC que não tenham sido apresentadas nas</p><p>demonstrações contábeis; e de fornecer outras informações que não</p><p>constem das demonstrações contábeis, mas que sejam relevantes para</p><p>sua compreensão.</p><p>A entidade, em suas notas explicativas,</p><p>deve divulgar suas políticas</p><p>contábeis que expliquem as bases de mensuração utilizadas na</p><p>elaboração de suas demonstrações contábeis. Por exemplo, em</p><p>determinados itens do Ativo do Balanço Patrimonial (BP), se, para sua</p><p>64</p><p>mensuração, foram utilizados o custo histórico, o custo corrente, o valor</p><p>realizável líquido, o valor justo e o valor recuperável, cada critério de</p><p>mensuração deve possuir o seu método e isso deve ser evidenciado</p><p>para permitir a correta compreensão e análise por parte dos usuários da</p><p>informação contábil.</p><p>3. Interpretação ICPC 22 – Incerteza sobre</p><p>Tratamento de Tributos sobre o Lucro</p><p>A Interpretação Técnica ICPC 22 (CPC, 2018) se refere aos seguintes</p><p>pronunciamentos contábeis: CPC 26 – Apresentação das Demonstrações</p><p>Contábeis; CPC 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e</p><p>Retificação de Erro; CPC 24 – Evento Subsequente; e CPC 32 – Tributos</p><p>sobre o Lucro.</p><p>Como se sabe, uma interpretação técnica sempre se refere aos</p><p>pronunciamentos, ou seja, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis</p><p>(CPC) percebe a necessidade de um maior detalhamento de pontos de</p><p>um determinado pronunciamento e, com isso, emite uma interpretação</p><p>para permitir mais clareza nos procedimentos da Contabilidade.</p><p>O ICPC 22 (CPC, 2018) pontua que a situação em que não há clareza,</p><p>como a legislação tributária, aplica-se a determinada transação ou</p><p>circunstância.</p><p>A aceitabilidade de determinado tratamento tributário, de acordo com a</p><p>legislação fiscal, pode não ser conhecida até que a respectiva autoridade</p><p>fiscal ou tribunal tome uma decisão no futuro. Consequentemente, a</p><p>contestação ou o exame de determinado tratamento fiscal pela autoridade</p><p>fiscal pode afetar a contabilização do tributo corrente ou diferido ativo ou</p><p>passivo da entidade. (CPC, 2018, [s.p.])</p><p>Complementando, o item 4 do ICPC 22 (CPC, 2018) esclarece:</p><p>65</p><p>[...] como aplicar os requisitos de reconhecimento e mensuração no CPC</p><p>32 quando há incerteza sobre os tratamentos de tributos sobre o lucro.</p><p>Nessa circunstância, a entidade deve reconhecer e mensurar seu tributo</p><p>corrente ou diferido ativo ou passivo, aplicando os requisitos do CPC 32</p><p>com base no lucro tributável, bases fiscais, prejuízos fiscais não utilizados,</p><p>créditos fiscais não utilizados e alíquotas fiscais determinados, aplicando</p><p>esta Interpretação. (CPC, 2018, [s.p.])</p><p>Como já é sabido, no Brasil, o tributo sobre o lucro da pessoa jurídica é</p><p>basicamente o Imposto de Renda (IRPJ), e as formas de apuração são os</p><p>regimes tributários de Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional.</p><p>Cada um com suas implicações.</p><p>Assim, ao perceber a dificuldade que as empresas e os contadores</p><p>poderiam ter com esse tema, o CPC emitiu uma interpretação com uma</p><p>abordagem mais prática e com exemplos, buscando elucidar melhor</p><p>eventuais pontos mais obscuros do pronunciamento. Ressalta-se aqui</p><p>também que agentes de mercado e a imprensa brasileira apontam que</p><p>a legislação e a regulação tributária brasileira são intrincadas e exigem</p><p>bastante das empresas e dos contadores em termos de dedicação ao</p><p>tema.</p><p>Nesse sentido, o ICPC 22 (CPC, 2018) indica caminhos possíveis pelos</p><p>quais o contador pode seguir quando tiver uma dúvida, uma incerteza</p><p>sobre questões tributárias específicas incidentes sobre o lucro. Além</p><p>disso, sugere também que o contador pondere as alternativas cabíveis</p><p>segundo o CPC 32 – Tributos sobre o Lucro e avalie possíveis riscos de</p><p>autuação das autoridades fazendárias.</p><p>Outrossim, de acordo com o ICPC 22 (CPC, 2018), caso haja necessidade</p><p>de correções posteriores em relação àquilo que tenha sido feito</p><p>com base no CPC 32, o contador deve observar o CPC 23 – Políticas</p><p>Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro para efetuar</p><p>a devida retificação ou processar estornos, ou o CPC 24 – Evento</p><p>Subsequente caso tenha havido o entendimento de que um fato</p><p>66</p><p>superveniente ocorreu. Um exemplo disso é uma decisão judicial ou um</p><p>novo normativo da Receita Federal, o que justifica a mudança daquilo</p><p>que havia sido feito anteriormente com base no CPC 32.</p><p>Em suma, uma interpretação técnica emitida pelo CPC tem o propósito</p><p>de ajudar o contador a aplicar os pronunciamentos técnicos a que se</p><p>referem.</p><p>4. Orientação OCPC 07 – Evidenciação na</p><p>Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros</p><p>de Propósito Geral</p><p>O objetivo do relatório contábil-financeiro de propósito geral, ou das</p><p>demonstrações contábeis, é fornecer informações da entidade sobre</p><p>sua realidade econômica que sejam úteis a investidores existentes e em</p><p>potencial e aos credores quando analisam a empresa para decidirem</p><p>se fornecem ou não recursos para a entidade, em termos de aporte de</p><p>capital ou de empréstimos, respectivamente.</p><p>Lembre-se de que informações contábeis úteis são aquelas revestidas</p><p>das características qualitativas fundamentais, que são a relevância e</p><p>a representação fidedigna. A informação contábil é relevante quando</p><p>possui o poder de fazer a diferença nas decisões que possam ser</p><p>tomadas pelos usuários a respeito da entidade que reporta.</p><p>A preocupação da OCPC 07 (CPC, 2014) é a de orientar os contadores</p><p>sobre o que divulgar. O simples fiel cumprimento de tudo o que se</p><p>recomenda nos pronunciamentos contábeis pode levar a empresa a</p><p>divulgar um excesso de informações que, em parte, não são relevantes,</p><p>o que envolveria também custos de divulgação.</p><p>Por outro lado, não divulgar informação relevante pode conduzir o</p><p>usuário da informação contábil a não decidir adequadamente sobre a</p><p>67</p><p>empresa. Percebe-se nisso o esforço da OCPC 07 em trazer diretrizes e</p><p>orientações sobre o que divulgar. Além das demonstrações contábeis,</p><p>as notas explicativas são importantes instrumentos de divulgação, a</p><p>qual pertence ao processo contábil tanto quanto o reconhecimento e a</p><p>mensuração, que não são objetos da OCPC 07 (CPC, 2018).</p><p>5. Conclusão</p><p>Estudaram-se aqui os postulados, os princípios e as convenções da</p><p>Contabilidade e, com isso, conclui-se que a Estrutura Conceitual,</p><p>em linguajar mais moderno, no bojo dos padrões internacionais</p><p>de Contabilidade, contém esses dispositivos apesar de não os citar</p><p>explicitamente. Para operacionalizar a Contabilidade, segundo esse</p><p>arcabouço conceitual, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),</p><p>com base nos IFRS, produz os pronunciamentos, as interpretações e</p><p>as orientações, que norteiam e balizam o trabalho dos contadores,</p><p>bem como fornecem insumos e condições para que os usuários das</p><p>demonstrações contábeis as possam compreender e analisar.</p><p>Referências</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual</p><p>para Relatório Financeiro. Brasília: CPC, 2019.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 (R1) – Apresentação das</p><p>Demonstrações Contábeis. Brasília: CPC, 2011.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. ICPC 22 – Incerteza sobre</p><p>Tratamento de Tributos sobre o Lucro. Brasília: CPC, 2018.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. OCPC 07 – Evidenciação na</p><p>Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros de Propósito Geral. Brasília:</p><p>CPC, 2014.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Pronunciamento. CPC 03 (R2) –</p><p>Demonstração dos Fluxos de Caixa. Brasília: CPC, 2010.</p><p>68</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Regimento Interno do Comitê de</p><p>Pronunciamentos Contábeis – CPC. Brasília: CPC, [s.d.]. Disponível em: http://www.</p><p>cpc.org.br/CPC/CPC/Regimento-Interno. Acesso em: 23 set. 2021.</p><p>MARTINS, E. Manual de Contabilidade Societária: aplicável a todas as sociedades</p><p>de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>69</p><p>BONS ESTUDOS!</p><p>Sumário</p><p>História da Contabilidade - Postulados contábeis</p><p>Objetivos</p><p>1. História resumida da Contabilidade</p><p>2. International Financial Reporting Standards (IFRS) e United States Generally Accepted A</p><p>3. Postulado Contábil da Entidade</p><p>4. Postulado Contábil da Continuidade</p><p>5. Conclusão</p><p>Referências</p><p>Princípios e convenções da Contabilidade</p><p>Objetivos</p><p>1. Princípios contábeis e estrutura conceitual: validade</p><p>2. Princípio Contábil do Custo Original como Base de Valor</p><p>3. Princípio Contábil da Competência, abrangendo a Realização da Receita e a Confrontação c</p><p>4. Princípio Contábil do Denominador Comum Monetário</p><p>5. Convenções Contábeis</p><p>6. Conclusão</p><p>Referências</p><p>Pronunciamentos contábeis - Estrutura conceitual</p><p>Objetivos</p><p>1. Adoção dos Padrões e Normas Internacionais de Contabilidade pelo Brasil</p><p>2. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)</p><p>3. Estrutura Conceitual da Contabilidade</p><p>4. Conclusão</p><p>Referências</p><p>Pronunciamentos, interpretações e orientações contábeis</p><p>Objetivos</p><p>1. Pronunciamentos, interpretações e orientações contábeis</p><p>2. Pronunciamento CPC 26 (R1) - Apresentação das Demonstrações Contábeis</p><p>3. Interpretação ICPC 22 - Incerteza sobre Tratamento de Tributos sobre o Lucro</p><p>4. Orientação OCPC 07 - Evidenciação na Divulgação dos Relatórios Contábil-Financeiros</p><p>5. Conclusão</p><p>Referências</p><p>a essência econômica dos fatos sobre a forma</p><p>jurídica, legal dos fatos econômicos. Esse modo de pensar privilegia</p><p>o proprietário, o gestor, o administrador da entidade, bem como o</p><p>9</p><p>financiamento empresarial via mercado de capitais e não propriamente</p><p>pelo mercado de crédito bancário. Tendo isso em vista, pode-se dizer</p><p>que o investidor em ações de empresas no mercado de capitais deseja</p><p>informações fidedignas que reflitam a essência econômica e o potencial</p><p>da realidade da empresa.</p><p>Os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos são uma importante</p><p>contribuição da Escola Anglo-Saxônica e são um desdobramento do</p><p>pensamento do Direito Consuetudinário, ou seja, da prática, da tradição,</p><p>dos costumes. Assim, quem faz e utiliza a Contabilidade, ponderando o</p><p>interesse de quem usa a informação contábil, é quem deve estabelecer</p><p>como ela deve ser feita, não sendo necessárias exaustivas leis e</p><p>regulamentos para isso. Os Estados Unidos da América (EUA), a partir</p><p>de 1600, com a colonização inglesa, vão desenvolver uma tendência de</p><p>pensamento sobre a Contabilidade alinhada à Escola Anglo-Saxônica.</p><p>Associando o pensamento da Escola Europeia ao conceito de Regulatory</p><p>Law ou Code Law e o pensamento da Escola Anglo-Saxônica ao conceito</p><p>de Common Law, Niyama e Silva (2021) explicam que Common Law</p><p>deve ser visto como oposto ao de Regulatory or Code Law, pois este</p><p>(que seria “tudo na lei”) é de influência do Direito Romano, no estudo</p><p>das universidades europeias, no Código Napoleônico. Entretanto, o</p><p>Common Law (a prática é o que mais importa) é decorrente do Direito</p><p>Consuetudinário, da prática, dos costumes, da jurisprudência dos</p><p>julgamentos. Inglaterra, Estados Unidos e outros países que foram</p><p>colônias britânicas possuem essa matiz.</p><p>1.4 A Revolução Industrial e a Contabilidade</p><p>Na obra de Hendriksen e Van Breda (2018), é relatado que a</p><p>Contabilidade avançou com o advento da Revolução Industrial. Admite-</p><p>se que tenha havido época de bom clima na Inglaterra, propiciando</p><p>boas colheitas e gerando um período de abundância e de progresso em</p><p>10</p><p>geral. Nesse momento, os estudos e os esforços de saúde pública e de</p><p>saneamento das comunidades também faziam com que a incidência da</p><p>peste diminuísse, gerando reflexos positivos para a economia.</p><p>Assim, surgiu a manufatura, a industrialização, a produção em série</p><p>e as invenções de máquinas, provocando ganhos de produtividade e</p><p>profundas mudanças sociais. “Para atender a demanda crescente e</p><p>sustentar a população cada vez maior, fazendas e fábricas maiores,</p><p>originalmente denominadas manufaturas, exigem mais equipamentos e</p><p>se tornam comuns” (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2018, p. 46).</p><p>O século XIX e o início do século XX experimentaram grande</p><p>desenvolvimento, em particular na Inglaterra e nos Estados Unidos,</p><p>com desdobramentos em toda Europa. O comércio exterior também</p><p>se expandiu (sendo dessa época o livro A Riqueza das Nações, do</p><p>economista escocês, Adam Smith). Tais pensamentos conduziram a</p><p>tratados comerciais, dentre os quais, o Tratado de Comércio entre a</p><p>França e a Grã-Bretanha, de 1786 (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2018).</p><p>Adam Smith defende que o crescimento econômico propicia</p><p>desenvolvimento e bem-estar às nações. Diz também que a divisão</p><p>do trabalho induz à redução dos custos de produção. Em seus</p><p>pensamentos, há o brotar do Liberalismo Econômico, que critica a</p><p>excessiva intervenção do Estado na economia e que defende um</p><p>protagonismo para a livre iniciativa dos mercados. O modelo anterior, o</p><p>Mercantilismo, previa um maior controle das atividades e uma regulação</p><p>dos mercados e das atividades pelo Estado. O Liberalismo Econômico</p><p>ainda defende a propriedade privada e a livre concorrência.</p><p>Os efeitos desse contexto econômico, cultural e social são amplos para</p><p>a Contabilidade. Com a industrialização, desenvolve-se o conceito de</p><p>depreciação, ou seja, o desgaste das máquinas, outrora irrelevante,</p><p>passa a representar um custo expressivo tendo em vista o grande</p><p>investimento em ativos fixos.</p><p>11</p><p>A Contabilidade de Custos também é incentivada, já que os custos</p><p>industriais, que ficam diluídos nos fatores de produção, precisam</p><p>ser alocados adequadamente ao custo dos produtos fabricados que</p><p>compõem os estoques. Você se lembra de que, na atividade comercial</p><p>antes predominante, os custos das mercadorias eram mais objetivos e</p><p>menos complexos de serem estimados?</p><p>Também explicam Hendriksen e Van Breda (2018) que havia a</p><p>necessidade de grandes investimentos e volumes de capital para</p><p>financiamento, possibilitando, assim, a separação entre proprietários,</p><p>investidores e gestores dos empreendimentos. Nessa época, a</p><p>Contabilidade se voltou para a elaboração de relatórios contábeis e</p><p>financeiros que fornecessem informações adequadas para usuários</p><p>externos à entidade, como acionistas e investidores não dirigentes.</p><p>Em empreendimentos pequenos, os proprietários e gestores estavam</p><p>dentro das entidades. Mas, com o crescimento organizacional sucedido</p><p>à época, a Contabilidade passou a ser fundamental para que usuários</p><p>externos a elas, tais como governos, credores, fornecedores, acionistas</p><p>em potencial, conseguissem analisar o desempenho e a potencialidade</p><p>das empresas. O mercado de crédito bancário continuava pujante,</p><p>e estavam se desenvolvendo as sociedades por ações, o mercado</p><p>de capitais e as auditorias como instrumento para assegurar a</p><p>confiabilidade dos demonstrativos contábeis.</p><p>Depois dessa etapa, a Contabilidade continuou evoluindo e culminou,</p><p>nas décadas recentes, no estabelecimento das Normas Internacionais</p><p>de Contabilidade, que têm dois padrões importantes: a International</p><p>Financial Reporting Standards (IFRS), da Europa e de concepção anglo-</p><p>saxônica, e a United States Generally Accepted Accounting Principles (US</p><p>GAAP), também de concepção anglo-saxônica. Os IFRS são o padrão</p><p>internacional adotado pelos países em geral e pelo Brasil.</p><p>12</p><p>2. International Financial Reporting Standards</p><p>(IFRS) e United States Generally Accepted</p><p>Accounting Principles (US GAAP)</p><p>A Contabilidade, segundo Niyama e Silva (2021), tem relevante</p><p>desenvolvimento nos Estados Unidos, no início do século XIX (anos</p><p>1800), no bojo da Revolução Industrial. Pode-se dizer também que o</p><p>desenvolvimento da Contabilidade ocorreu simultaneamente na Europa,</p><p>havendo naturalmente o debate entre as concepções anglo-saxônica e a</p><p>europeia (latina). Assim, em particular, nos Estados Unidos:</p><p>[...] a Contabilidade deixou de representar um instrumento de controle</p><p>da riqueza patrimonial do proprietário para se constituir importante</p><p>instrumento de prestação de informações para a decisão de diversos</p><p>usuários. Esta mudança no enfoque da Contabilidade pode ser explicada</p><p>por diversos fatores relacionados às mudanças ocorridas na economia</p><p>dos Estados Unidos: o aparecimento de grandes corporações, que</p><p>passam a dominar o crescimento e o investimento; o desenvolvimento do</p><p>mercado de ações; a criação de leis referentes a impostos sobre lucros;</p><p>o fortalecimento do sistema de crédito bancário; entre outras razões.</p><p>(NIYAMA; SILVA, 2021, p. 64)</p><p>Importantes autores, tanto de natureza acadêmica quanto prática,</p><p>começam a elaborar estudos como o Accounting Theory, ou Teoria da</p><p>Contabilidade. Niyama e Silva (2021) citam trabalhos seminais, tais quais</p><p>o de William Andy Paton, que, em 1922, concluiu sua tese intitulada</p><p>Accounting Theory with special reference to the corporate enterprise. Paton</p><p>desenvolveu o trabalho acadêmico com aproximadamente 30 anos, logo</p><p>no período que sucedeu à Primeira Grande Guerra.</p><p>William Andy Paton, posteriormente, conforme esclarecem Niyama</p><p>e Silva (2021), publicou, em conjunto com seu colega pesquisador,</p><p>Ananias Charles Littleton, uma obra em que abordaram conceitos e</p><p>13</p><p>padrões contábeis e em que defenderam que a Contabilidade deve ser</p><p>compreendida não somente pelos proprietários e os gestores (internos</p><p>às organizações), mas também pelos investidores potenciais, credores,</p><p>fornecedores, governos (usuários externos) que tenham</p><p>que tomar</p><p>decisões sobre a empresa, baseadas nas demonstrações financeiras.</p><p>Exemplos desses últimos são: um investidor que deseje comprar ações</p><p>da empresa, um banco que analise a concessão de crédito ou um</p><p>fornecedor que estude conceder um limite de crédito para fornecimento</p><p>de insumos.</p><p>Niyama e Silva (2021) apresentam ainda este relevante apontamento:</p><p>Um fato econômico crucial foi a quebra da Bolsa de Valores de Nova</p><p>Iorque em 1929. Para a Contabilidade, este fato foi importante, uma</p><p>vez que a profissão contábil foi criticada pela falta de uniformidade das</p><p>práticas contábeis, que propiciavam a adoção de procedimentos flexíveis,</p><p>e por vezes contraditórios no mesmo setor empresarial. Isto permitia</p><p>que empresas apresentassem valores mais convenientes na divulgação</p><p>de demonstrações financeiras. Os auditores também foram criticados,</p><p>já que tinham a responsabilidade de expressar sua opinião sobre a</p><p>adequação das demonstrações financeiras baseada na observância de</p><p>práticas contábeis aceitas pela profissão. Isto era contraditório, pois não</p><p>existia então uma uniformidade de práticas contábeis, sendo incoerente</p><p>emitir um parecer manifestando a opinião. Nessa linha de raciocínio,</p><p>cada vez mais se impunha a necessidade da padronização de práticas</p><p>contábeis, principalmente pela reação dos usuários (investidores,</p><p>acionistas e credores, em especial) interessados na busca de informações</p><p>acerca do desempenho das empresas e não das demonstrações</p><p>financeiras voltadas para atendimento das necessidades internas da</p><p>administração.</p><p>A crise da Bolsa de 1929 abalou a confiança da sociedade com o mercado</p><p>de capitais. Para ajudar a restabelecer esta confiança, o Congresso norte-</p><p>americano criou, em 1934, a Securities and Exchange Commission (SEC),</p><p>órgão equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no Brasil.</p><p>(NIYAMA; SILVA, 2021, p. 67, grifos nossos)</p><p>14</p><p>A economia americana demorou cerca de vinte anos para se reequilibrar</p><p>após a Crise de 1929 e, nesse período, grande debate se desenvolveu</p><p>na sociedade americana em busca de instituições que indicassem</p><p>os padrões contábeis ideais a serem seguidos a fim de se evitar</p><p>novas crises. Além disso, houve um esforço governamental para criar</p><p>instituições com o propósito de evitar problemas nas empresas e,</p><p>consequentemente, no mercado de capitais.</p><p>Assim, concedeu-se à Securities and Exchange Commission (SEC)</p><p>autoridade para anunciar as Práticas e Princípios de Contabilidade,</p><p>que se constituíram, em 1936, pelo American Institute of Accounting</p><p>(AIA) e pelo Committee on Accounting Procedures (CAP) – Comitê de</p><p>Procedimentos Contábeis.</p><p>Outrossim, em 1959, o American Institute of Certified Public Accountants</p><p>(AICPA) criou o Accounting Principles Board (APB). O AICPA, por</p><p>correspondência, é equivalente ao Conselho Federal de Contabilidade</p><p>(CFC), que regula, no Brasil, a prática da profissão contábil. Note-se</p><p>que o AICPA é de concepção liberal e não se configura como órgão</p><p>governamental, porém atua com harmonia e consonância ao propósito</p><p>de regular e enunciar as boas práticas contábeis, que norteiam as</p><p>empresas e possibilitam o bom funcionamento do mercado de capitais.</p><p>Muitos debates mais se sucederam ainda na sociedade americana – e</p><p>até mesmo rivalidades entre instituições – para ganhar o protagonismo</p><p>na produção dos padrões de Contabilidade. No entanto, em 1973, foi</p><p>criado o Financial Accounting Standards Board (FASB), uma entidade</p><p>privada (concepção liberal) sem fins lucrativos, com a finalidade de</p><p>enunciar o Generally Accepted Accounting Principles (US GAAP), ou</p><p>Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos nos Estados Unidos.</p><p>Com o surgimento do FASB, consolidando e pacificando os</p><p>entendimentos na sociedade, o AICPA deixou de ter o monopólio na</p><p>fixação dos padrões contábeis e o encargo de emitir os Princípios</p><p>15</p><p>de Contabilidade Geralmente Aceitos passou a ser somente de</p><p>responsabilidade do FASB. No entanto, apesar dessas mudanças, o</p><p>AICPA manteve sua função reguladora quanto à profissão contábil</p><p>em termos de ética profissional, controle de qualidade dos trabalhos</p><p>dos contadores etc. Registra-se também que os auditores, que são</p><p>Contadores de formação, têm importante participação e contribuição</p><p>nessas construções de arcabouço teórico e prático da Contabilidade.</p><p>Por fim, enquanto isso, na Europa, o desenvolvimento dos padrões</p><p>contábeis ocorreu em termos parecidos. Isso significa que houve a</p><p>criação do International Accounting Standards Board (IASB), semelhante</p><p>ao FASB, e a enunciação dos International Financial Reporting Standards</p><p>(IFRS), que são os correspondentes ao US GAAP.</p><p>No Brasil, o padrão internacional adotado é os IFRS/IASB e há iniciativas</p><p>no sentido de promover a harmonização contábil com os US GAAP/</p><p>FASB. Niyama e Silva (2021) argumentam que há estudos em conjunto:</p><p>IASB e FASB, entre outras instituições, que têm esse propósito. Porém,</p><p>há resistências quanto à real convergência entre IFRS e US GAAP e, entre</p><p>as razões, pode-se citar questões políticas de protagonismo e liderança</p><p>internacional entre as nações.</p><p>3. Postulado Contábil da Entidade</p><p>Segundo Martins et al. (2021), Teoria da Contabilidade é um conjunto</p><p>de conceitos e proposições fundamentados logicamente e que têm o</p><p>propósito de embasar todos os procedimentos adotados por quem faz a</p><p>Contabilidade: os contadores. Esses procedimentos contábeis são:</p><p>• Reconhecimento de elementos patrimoniais, ativos e passivos,</p><p>basicamente, e suas mutações.</p><p>• Mensuração desses elementos.</p><p>16</p><p>• Divulgação da posição econômica, financeira e patrimonial de uma</p><p>entidade e suas mutações.</p><p>Sobre os postulados contábeis, Iudícibus (2021) e Hendriksen e Van</p><p>Breda (2018) trazem valiosa contribuição. Vejamos o que diz Iudícibus:</p><p>Um postulado pode ser definido como uma proposição ou observação</p><p>de certa realidade que pode ser considerada não sujeita a verificação, ou</p><p>axiomática. Normalmente, a categoria de postulado, em Contabilidade,</p><p>abarca uma área de atração mais ampla do que a da própria disciplina e</p><p>relaciona-se com certos aspectos ambientais ou que cercam o campo e as</p><p>condições em que a Contabilidade deve atuar. Postulados, todavia, podem</p><p>ser meras exposições de verdades, mas que, por serem triviais ou por</p><p>não delimitarem o campo dos princípios contábeis subsequentes, deixam</p><p>de ter utilidade [...]. Entretanto, de acordo com Eldon S. Hendriksen,</p><p>postulados normativos em sua formulação, isto é, que prescrevem o que</p><p>a Contabilidade deveria fazer ou como deveria ser feita, deveriam ser</p><p>explicitados e não simplesmente presumidos por consenso geral ou</p><p>acordo. Assim, basicamente, os postulados que nos interessam são as</p><p>premissas básicas acerca do ambiente econômico, político e social no qual</p><p>a Contabilidade deve operar. (IUDÍCIBUS, 2021, p. 25, grifos nossos)</p><p>Iudícibus (2021) e Hendriksen e Van Breda (2018) declaram que os dois</p><p>postulados mais importantes para a Contabilidade, conforme referidos,</p><p>inclusive, por outros autores, são o Postulado da Entidade Contábil e o</p><p>Postulado da Continuidade.</p><p>Entidade Contábil, segundo Iudícibus (2021) e Hendriksen e Van Breda</p><p>(2018), é a unidade econômica que tem controle sobre recursos e</p><p>possui responsabilidade por uma atividade econômica implementada</p><p>e executada. A entidade contábil pode ser uma pessoa física, uma</p><p>sociedade de micro ou de pequeno porte, uma sociedade limitada,</p><p>uma sociedade por ações, uma organização do Terceiro Setor sem fins</p><p>lucrativos, uma unidade de governo etc.</p><p>17</p><p>Como se vê, um postulado é uma verdade primária, óbvia. Porém, tais</p><p>fundamentos foram essenciais principalmente quando a Contabilidade</p><p>passou a ter como objeto de acompanhamento os empreendimentos,</p><p>o que começou a ocorrer no início da Idade Moderna quando as</p><p>atividades econômicas passaram a se desenvolver independentemente</p><p>do patrimônio da pessoa física que a havia criado. Logo, sempre foi</p><p>fundamental separar o patrimônio dos proprietários da entidade.</p><p>Como a entidade contábil determina o tipo de</p><p>demonstrativo mais</p><p>apropriado, essa determinação é definida por Iudícibus (2021):</p><p>A escolha da entidade contábil apropriada, em cada caso, depende dos</p><p>objetivos dos demonstrativos e dos interesses dos usuários da informação.</p><p>Assim, por exemplo, uma empresa que tem um investimento relevante em</p><p>várias outras, e que influencia a gerência das outras, pode ser mais bem</p><p>apreciada e avaliada se se consolidar os demonstrativos financeiros da</p><p>empresa mãe com o das empresas controladas. Em outras circunstâncias,</p><p>basta avaliar o investimento pelo grau de participação no patrimônio</p><p>líquido das investidas (das controladas). Isso não elimina o fato de que,</p><p>para certos usuários, em certas circunstâncias, a entidade contábil de</p><p>maior interesse seja cada uma das empresas individualizadas. (IUDÍCIBUS,</p><p>2021, p. 26)</p><p>Reforça-se que o postulado da entidade contábil, como se disse,</p><p>considera o patrimônio dos proprietários separadamente do patrimônio</p><p>da entidade. Desdobramento importante disso é que, pela entidade</p><p>contábil, o Patrimônio Líquido (Capital, Reservas de Lucros, Reservas de</p><p>Capital etc.) pertence à entidade, à empresa e não aos proprietários que</p><p>fizeram a integralização de capital ou autorizaram ou confirmaram a</p><p>constituição das reservas. Isso naturalmente não exclui o direito que os</p><p>proprietários possuem de receber distribuição de lucros.</p><p>18</p><p>4. Postulado Contábil da Continuidade</p><p>Iudícibus (2021) aborda o postulado da Continuidade da seguinte forma:</p><p>As entidades, para efeito de Contabilidade, são consideradas como</p><p>empreendimentos em andamento (going concern), até circunstância</p><p>esclarecedora em contrário, e seus ativos devem ser avaliados de acordo</p><p>com a potencialidade que têm de gerar benefícios futuros para a empresa,</p><p>na continuidade de suas operações, e não pelo valor que poderíamos</p><p>obter se fossem vendidos como estão, no estado em que se encontram.</p><p>(IUDÍCIBUS, 2021, p. 27, grifos nossos)</p><p>Isso significa que a empresa ou a entidade são entendidas como um</p><p>conjunto de fatores que, se utilizados adequadamente em um sistema,</p><p>são capazes de agregar utilidade, gerando receitas em patamar</p><p>suficiente para remunerar os investimentos realizados. Em outras</p><p>palavras, a empresa possui a finalidade, o objetivo de fazer gestão e</p><p>utilizar ativos não para serem vendidos no estado em que se encontram,</p><p>mas para servirem à entidade no trabalho de produzir receita em</p><p>patamares adequados. Por exemplo, uma empresa adquire uma nova</p><p>linha de produção com máquinas novas para lançar um novo produto.</p><p>O mercado consumidor para o qual o produto é destinado deve</p><p>retornar receitas igualmente grandes para compensar os investimentos</p><p>realizados e o custo do capital empregado, o qual, nos investimentos, é</p><p>proveniente de</p><p>• Recursos próprios da empresa, ou seja, de seu caixa.</p><p>• De novos recursos dos proprietários.</p><p>• De novas dívidas fornecidas por credores (financiamentos de</p><p>terceiros).</p><p>Entretanto, se houver indícios de que a empresa ou a entidade pode</p><p>deixar de ter continuidade em um horizonte razoável de tempo, isso</p><p>19</p><p>deve ser evidenciado nos demonstrativos contábeis, bem como nos</p><p>relatórios de auditoria respectivos. Por exemplo, um grande parque</p><p>de diversões possuía um grande fluxo de público para se divertir nos</p><p>brinquedos e nas atividades oferecidos. No entanto, um acidente,</p><p>determinado dia, com um brinquedo, resultou no ferimento de muitas</p><p>crianças e provocou um grande problema de reputação para o parque,</p><p>e isso vai corroendo as receitas de tal forma que uma insolvência se</p><p>aproxima com o tempo. Resultados negativos e persistentes podem</p><p>ensejar a perda da continuidade. Nesse limite, resta a esse parque</p><p>de diversões insolvente, do exemplo hipotético, vender o imóvel, os</p><p>brinquedos, as instalações pelo valor de realização, de liquidação,</p><p>que normalmente é menor do que os valores contábeis anteriores no</p><p>pressuposto da Continuidade.</p><p>A empresa ou a entidade contábil é um sistema feito para gerar</p><p>valor sobre os recursos (ativos) empregados. A geração de valor é</p><p>materializada quando as receitas geradas cobrem a totalidade das</p><p>despesas e dos custos incorridos, consumidos para gerar tal situação,</p><p>resultados esses suficientes para também cobrir o custo de capital</p><p>empregado no financiamento dos investimentos, que podem acontecer</p><p>com recursos próprios da empresa, com novos aportes de capital pelos</p><p>proprietários ou com recursos de terceiros (credores).</p><p>O postulado da Continuidade, ainda observa Iudícibus (2021), pressupõe</p><p>que o resultado exato do empreendimento somente será conhecido no</p><p>encerramento da firma em algum momento. Sabe-se que as empresas</p><p>hoje existentes, as mais antigas do mundo, possuem cerca de algo</p><p>mais do que duzentos anos. O que a Contabilidade faz é evidenciar</p><p>o resultado por períodos, aproximadamente, sendo que o somatório</p><p>de todos esses resultados, por exemplo, anuais, resguardado o valor</p><p>do dinheiro no tempo, será o resultado definitivo, no futuro, no</p><p>encerramento da firma, quando houver.</p><p>20</p><p>Assim, a maior parte dos ativos, em cada ciclo operacional, não se</p><p>destina, efetivamente, à venda, mas à contribuição para produzir a receita</p><p>daquele ciclo. A Contabilidade tem interesse e responsabilidade em</p><p>avaliar o retorno dos gastos incorridos. Isto somente pode ser feito por</p><p>meio da comparação entre o valor da receita (valor de saída, de venda</p><p>dos produtos) com o valor de custo (valor de entrada, de aquisição) dos</p><p>recursos (ativos) utilizados, direta ou indiretamente, para produzir tal</p><p>receita. (IUDÍCIBUS, 2021, p. 28)</p><p>5. Conclusão</p><p>O que é uma reta? Pode-se responder que seja a menor distância entre</p><p>dois pontos. Sobre plano, em geometria, pode-se também enunciar</p><p>que existe plano e, tanto nele quanto fora dele, existem infinitos</p><p>pontos. São postulados da Matemática. Não possuem demonstração,</p><p>porém são os alicerces a partir dos quais toda a sofisticação posterior</p><p>da Geometria foi construída. A Contabilidade possui uma história rica.</p><p>Desde os primórdios da Idade Antiga até os dias de atuais, existe a</p><p>evolução conceitual e prática ao par do que ocorre na sociedade em</p><p>termos econômicos, militares, culturais, religiosos etc. Dois postulados</p><p>são reconhecidos pelos autores de Teoria Contábil, o da Entidade e o</p><p>da Continuidade. Verdades básicas, evidentes, óbvias, porém tiveram a</p><p>razão de serem enunciados e são os pilares de toda estrutura conceitual</p><p>de Ciências Contábeis.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, M. C. Teoria da Contabilidade em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. Tradução de</p><p>Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. Colaboração de Ricardo Pereira Rios. 12.</p><p>ed. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>21</p><p>MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. Aplicável a todas as</p><p>sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2021.</p><p>NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>22</p><p>Princípios e convenções</p><p>da Contabilidade</p><p>Autoria: Nelson Bueno de Oliveira</p><p>Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes</p><p>Objetivos</p><p>• Conhecer o Princípio Contábil do Custo Original</p><p>como Base de Valor.</p><p>• Estudar o Princípio Contábil da Competência,</p><p>abrangendo a Realização da Receita e a</p><p>Confrontação com as Despesas.</p><p>• Conhecer o Princípio Contábil do Denominador</p><p>Comum Monetário.</p><p>• Estudar as Convenções Contábeis da Objetividade;</p><p>da Relevância ou Materialidade; do Conservadorismo</p><p>ou Prudência; da Consistência ou Uniformidade.</p><p>23</p><p>1. Princípios contábeis e estrutura conceitual:</p><p>validade</p><p>A Resolução CFC n. 750, de 1993, contém explicitamente descrição,</p><p>definição e aplicabilidade dos princípios da Contabilidade. Porém, tal</p><p>dispositivo foi revogado como desdobramento de uma sequência de</p><p>pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),</p><p>formulados em normas do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que</p><p>culminaram na versão mais recente, denominada NBC</p><p>TSP Estrutura</p><p>Conceitual, de 2019, referente ao CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual para</p><p>Relatório Financeiro.</p><p>Em uma notícia publicada no portal do CFC, em novembro de 2016,</p><p>Costa (2016) apud Girotto (2016) assim se expressa sobre o significado</p><p>de o órgão ter revogado a Resolução n. 750/1993, em particular</p><p>com relação aos princípios contábeis que ali estavam explicitamente</p><p>exarados:</p><p>A recente revogação da Resolução nº 750/1993 não implica na extinção dos</p><p>princípios contábeis no Brasil. Na verdade, após a aprovação da Resolução</p><p>1.374/2011, o Brasil passou a contar com uma Estrutura Conceitual.</p><p>Enquanto a Resolução nº 750/1993 era estruturada em ‘princípios’, a</p><p>Estrutura Conceitual é estruturada em capítulos, como, por exemplo, o do</p><p>objetivo ou o das características qualitativas (da informação contábil).</p><p>De maneira geral, podemos ver que todos os princípios mencionados</p><p>na Resolução nº 750/1993 também estão na Estrutura Conceitual, com</p><p>exceção do da prudência. [...] É importante destacar que uma versão</p><p>revisada da Estrutura Conceitual deverá ser emitida em breve pelo</p><p>International Accounting Standards Board (Iasb) [instituição que elabora os</p><p>IFRS] [...] e deve reintroduzir o conceito de ‘prudência’, que não significa</p><p>antecipar as ‘más notícias’ e postergar as ‘boas notícias’, mas, sim, exigir</p><p>cautela em julgamentos sob condições de incerteza.</p><p>24</p><p>Concluindo, existem formas diferenciadas de estruturar os conceitos</p><p>fundamentais que temos em Contabilidade, mas tenham certeza de</p><p>que sempre estarão vivos e continuarão sendo a estrela-guia para o</p><p>desenvolvimento dos pronunciamentos e das decisões a serem tomadas</p><p>pelos profissionais. (COSTA apud GIROTTO, 2016, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Na publicação de 2016, em complemento a Costa, relevantes</p><p>professores do ensino contábil brasileiro fizeram também manifestações</p><p>concernentes e harmônicas: Prof. Eliseu Martins (USP); Prof. Ernani</p><p>Ott (Unisinos); Profa. Márcia Martins Mendes de Luca (UFC); Prof. José</p><p>Antonio de França (UnB); e Prof. Amaro Gomes, membro do IASB.</p><p>Assim, entende-se que, apesar de ter havido a revogação da resolução</p><p>do CFC, que continha explicitamente os princípios contábeis, o espírito</p><p>dos postulados, princípios e convenções aqui estudados continua vivo</p><p>na Estrutura Conceitual divulgada pelo Comitê de Pronunciamentos</p><p>Contábeis (CPC), com aderência aos padrões internacionais, os IFRS, e</p><p>pelos respectivos normativos do CFC. A Estrutura Conceitual será objeto</p><p>de análise mais aprofundada em outro momento deste estudo.</p><p>Sabe-se, conforme Martins et al. (2021), que, com a adoção, pelo Brasil,</p><p>dos padrões internacionais de Contabilidade (IFRS), por intermédio</p><p>da Lei n. 11.638/2007, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis</p><p>(CPC) brasileiro passou a adotar o documento do IASB, intitulado</p><p>Framework for the Preparation and Presentation of Financial Statements,</p><p>cujo correspondente brasileiro é o CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual</p><p>para Relatório Financeiro. O CPC “zero zero” é, portanto, a estrutura</p><p>fundamental, basilar que arrima todos os demais pronunciamentos.</p><p>E entende-se que ele contém postulados, princípios e convenções da</p><p>Contabilidade em seu alicerce e fundamento, apesar de não os citar</p><p>explicitamente.</p><p>25</p><p>2. Princípio Contábil do Custo Original como</p><p>Base de Valor</p><p>Conforme enuncia Iudícibus (2021), os dois postulados contábeis são o</p><p>Postulado da Entidade e o Postulado da Continuidade. Com esse fulcro,</p><p>e a partir desses dois postulados ambientais, constrói-se o arcabouço</p><p>conceitual sobre o qual a Contabilidade é pensada, alicerçada e</p><p>realizada.</p><p>Chama-se postulado ambiental por ser construído a partir do anseio,</p><p>da necessidade, da demanda da sociedade, do ambiente, respeitando-</p><p>se o contexto histórico, cultural, militar, econômico etc. Então, a partir</p><p>dos postulados, formulam-se três princípios e quatro convenções,</p><p>em grau decrescente respectivo de importância em termos de força</p><p>do fundamento contábil. Tal hierarquia conceitual, segundo Iudícibus</p><p>(2021), é uma enunciação com ampla aceitação em Ciências Contábeis,</p><p>no entanto há outras posições sobre os princípios e sua taxonomia por</p><p>parte de autores.</p><p>Iudícibus (2021) explica que o Princípio do Custo Original como Base</p><p>de Valor é uma sequência natural do Postulado da Continuidade. Isso</p><p>quer dizer que os ativos são apropriados – na contabilidade da entidade</p><p>– pelo valor por que são adquiridos ou fabricados. Além desse custo</p><p>de aquisição ou de fabricação do ativo, agregam-se a ele os gastos</p><p>necessários para os colocar em condições de gerar benefícios para a</p><p>empresa. Por exemplo, se, após aprovar um projeto de investimento,</p><p>uma empresa adquirisse cinco máquinas para compor uma nova</p><p>linha de produção, o valor de aquisição das máquinas somado aos</p><p>gastos de instalação delas comporiam o custo original ou o custo</p><p>de aquisição. Assim, nesse exemplo fictício, para comprar as novas</p><p>máquinas, a empresa deveria analisar previamente o projeto de</p><p>investimento, ou seja, verificar se as projeções futuras de entrada de</p><p>caixa ou se as projeções de economias a serem obtidas com esse projeto</p><p>26</p><p>compensariam o investimento de aquisição das cinco novas máquinas e</p><p>suas instalações.</p><p>Perceba, aqui, que a empresa, em termos de racionalidade econômica,</p><p>somente realizaria esse projeto, adquirindo as máquinas, se isso fosse</p><p>compensador em termos de análise de investimentos (retorno). Ou seja,</p><p>ainda que a empresa, ao analisar o projeto de investimento, identificasse</p><p>que os benefícios econômicos futuros não seriam compensadores</p><p>em relação ao investimento inicial (o custo das máquinas e de sua</p><p>instalação), ela não as compraria e não executaria o projeto, porque, do</p><p>contrário, prejudicaria seu valor.</p><p>A sabedoria da Contabilidade é que o valor de aquisição e de instalação</p><p>dessas novas máquinas, nesse exemplo hipotético, se revela conforme</p><p>este posicionamento de Iudícibus (2021):</p><p>A premissa subjacente ao Princípio do Custo de Aquisição como Base de</p><p>Valor, conforme geralmente se admite, é–além de uma consequência da</p><p>Continuidade, no sentido de que não interessam valores de realização [dos</p><p>ativos]–a de que, presumivelmente, o preço acordado entre comprador e</p><p>vendedor seja a melhor expressão do valor econômico do ativo, no ato da</p><p>transação.</p><p>Portanto, o custo representa para o incorporador a justa apreciação da</p><p>potencialidade futura do ativo para a entidade adquirente. Isso significa</p><p>que o comprador presume que o valor descontado dos fluxos futuros de</p><p>caixa gerados pelo ativo, isolada ou conjuntamente com outros ativos, seja</p><p>superior ou, pelo menos, igual ao gasto realizado para obtê-lo. (IUDÍCIBUS,</p><p>2021, p. 34, grifos nossos)</p><p>Ainda, levando em consideração o exemplo, as novas máquinas, a</p><p>partir das instalações e do uso no processo produtivo, vão perdendo</p><p>vida útil com o passar do tempo. A Contabilidade tem, para esse fim,</p><p>o mecanismo de apropriação das despesas de depreciação que, em</p><p>contrapartida, permitem reduzir o valor do bem que está no Ativo</p><p>27</p><p>Imobilizado (depreciação é uma conta redutora do Ativo). Outros ativos,</p><p>dependendo de sua natureza, também podem ser reavaliados, tais</p><p>como as patentes, que recebem o tratamento denominado amortização;</p><p>enquanto uma jazida mineral recebe o tratamento designado exaustão,</p><p>ambos semelhantes ao processo de depreciação.</p><p>Resolvida a questão da depreciação do ativo, propõe-se uma questão:</p><p>o que garante que o custo original de aquisição do ativo sempre será,</p><p>com o passar do tempo, a melhor estimativa de geração dos benefícios</p><p>econômicos futuros decorrentes dele? Percebe-se, na visão de Iudícibus</p><p>(2021), que, para a entidade, é fato e natural que o valor econômico</p><p>do ativo se altere no transcorrer do tempo. A Contabilidade reconhece</p><p>esse fato tanto ao registrar as receitas de vendas que são geradas pelos</p><p>produtos fabricados ou proporcionados pelo ativo quanto ao registrar</p><p>despesas quando houver perda do potencial econômico do ativo.</p><p>Retomemos aqui o exemplo dado anteriormente.</p><p>Suponha, agora,</p><p>que a empresa tenha adquirido as cinco novas máquinas para a linha</p><p>de produção inovadora, admitindo que o custo de aquisição delas,</p><p>somado aos gastos de sua instalação, é a melhor estimativa dos</p><p>benefícios econômicos futuros a serem gerados. Isso quer dizer que os</p><p>produtos a serem produzidos com essas máquinas serão vendidos ao</p><p>mercado consumidor e isso gerará receitas de vendas, apropriando-</p><p>se, em paralelo, dos demais custos de produção como matéria-prima,</p><p>mão de obra, além da depreciação, entre outros. Assim, nota-se que</p><p>o valor econômico da empresa vai sendo aumentado com o processo</p><p>de geração de receitas e com menos custos, decorrentes da venda dos</p><p>produtos fabricados pelas novas máquinas adquiridas.</p><p>Sob a ótica de avaliação de empresas ou valuation, há métodos mais</p><p>robustos para se estimar o valor de uma companhia. Assim, para um</p><p>investidor, que está fora desse âmbito, e está no mercado, estudando as</p><p>perspectivas da entidade, ele utiliza as demonstrações contábeis (mas</p><p>não somente elas) para estimar o valor da empresa.</p><p>28</p><p>Sobre isso, note-se a declaração de Iudícibus (2021):</p><p>A maioria dos contadores preferiu, até o momento, a continuidade</p><p>à premissa inversa e derivou que valores de entrada seriam uma</p><p>consequência lógica da aceitação da continuidade. E, entre os valores de</p><p>entrada, optaram pelo valor objetivamente verificável por uma transação</p><p>de mercado, isto é, o custo original ou histórico [de aquisição do ativo].</p><p>Note que a Contabilidade acompanhou, passo a passo, a evolução do</p><p>capitalismo e que a avaliação objetiva das transações efetivamente</p><p>ocorridas é uma característica fundamental do método. Quem deve dar</p><p>uma apreciação do valor do esforço produtivo da entidade–feito com a</p><p>utilização, entre outros fatores, de todos os ativos–é o próprio mercado,</p><p>por ocasião da transferência da produção [a venda dos produtos] ou dos</p><p>serviços gerados pela entidade (IUDÍCIBUS, 2021, p. 35, grifos nossos)</p><p>O grande sancionador do valor a ser atribuído ao esforço produtivo da</p><p>empresa é o mercado. Ao transferir sua produção [a venda dos produtos</p><p>ou serviços] ou seus recursos ao mercado, a entidade terá reconhecido,</p><p>ou não, a validade dos esforços realizados, que serão premiados por</p><p>um valor de receita maior do que o custo original dos ativos utilizados</p><p>[sacrificados] para produzir a receita. No fundo, é um mecanismo de trocas</p><p>que consubstancia nossa economia de mercado (IUDÍCIBUS, 2021, p. 36,</p><p>grifos nossos)</p><p>3. Princípio Contábil da Competência,</p><p>abrangendo a Realização da Receita e a</p><p>Confrontação com as Despesas</p><p>O Princípio da Competência, abrangendo a Realização da Receita e a</p><p>Confrontação com as Despesas, é abordado da seguinte maneira pelo</p><p>CPC 00 (R2) (CPC, 2019):</p><p>O Regime de Competência reflete os efeitos de transações e outros</p><p>eventos e circunstâncias sobre reivindicações e recursos econômicos da</p><p>entidade que reporta nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo</p><p>29</p><p>que os pagamentos e recebimentos à vista resultantes ocorram em</p><p>período diferente.</p><p>Isso é importante porque informações sobre os recursos econômicos e</p><p>reivindicações da entidade que reporta e mudanças em seus recursos</p><p>econômicos e reivindicações durante o período fornecem uma base</p><p>melhor para a avaliação do desempenho passado e futuro da entidade do</p><p>que informações exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista</p><p>durante esse período. (CPC, 2019, [s.p.], grifos nossos)</p><p>Primeiramente, cumpre esclarecer que a expressão “entidade que</p><p>reporta” significa que é a empresa que elabora a contabilidade e divulga</p><p>as suas demonstrações contábeis.</p><p>Assim, nota-se pelo menos dois pontos fundamentais nesse enunciado</p><p>do CPC 00 (R2) (CPC, 2019):</p><p>• As receitas, os custos e as despesas são apropriados aos</p><p>períodos dos exercícios contábeis a que se referem (regime</p><p>de competência), ou seja, meses, semestres ou anos,</p><p>independentemente de os recebimentos e pagamentos serem à</p><p>vista ou a prazo.</p><p>• O Regime de Competência é superior ao Regime de Caixa (quando</p><p>as apropriações ocorrem no exercício do efetivo desembolso ou da</p><p>entrada nas contas circulantes do Ativo de Caixa ou Banco), para se</p><p>aferir o resultado, o lucro ou o prejuízo contábil da entidade.</p><p>Por exemplo, nesse segundo ponto citado, veja-se a depreciação dos</p><p>caminhões de uma empresa transportadora, que, hipoteticamente,</p><p>possuem cinco anos de vida útil. Logo, a depreciação mensal deles</p><p>corresponde a um quinto do valor do caminhão (por causa da vida</p><p>útil de cinco anos) dividido por doze meses. Desconsidera-se qualquer</p><p>valor residual do bem após a vida útil. Note que essa despesa ou custo</p><p>de depreciação mensal não possui efeito caixa hoje. Não há nenhum</p><p>desembolso de caixa hoje. O registro contábil simplesmente debita</p><p>30</p><p>uma conta de Ativo Imobilizado e credita uma conta redutora de Ativo</p><p>Imobilizado, a Depreciação Acumulada. Logo, é um registro contábil de</p><p>natureza econômica e não financeira.</p><p>Nesse caso, imagine que esse registro da depreciação não fosse feito</p><p>na contabilidade. Como consequência, não haveria a despesa de</p><p>depreciação e isso não entraria na planilha de custos da empresa, que,</p><p>ao formar o preço de venda de seu frete, a ser cobrado dos clientes,</p><p>deixaria de considerar essa importante informação e fato econômico.</p><p>Ou seja, os caminhões, na estrada, vão se desgastar em cinco anos e</p><p>terão que ser substituídos no futuro. Se, a partir da data de hoje, isso</p><p>não for cobrado dos clientes, que pagam o frete, no futuro, tal empresa</p><p>transportadora terá em mãos um problema, um erro, à medida que não</p><p>fez provisões suficientes para renovar sua frota.</p><p>Portanto, percebe-se intuitivamente que o Regime de Competência</p><p>é superior conceitualmente para se apurar o resultado empresarial</p><p>(receitas menos despesas e custos). Se se esperasse o Regime de Caixa</p><p>para contabilizar a despesa ou custo de depreciação, tal fato somente</p><p>apareceria nos números contábeis ao final dos cinco anos com a</p><p>renovação da frota. Nesse momento, ao final dos cinco anos, a empresa</p><p>desembolsaria caixa para pagar pela aquisição dos novos caminhões.</p><p>Isso naturalmente não quer dizer que o Regime de Caixa não seja</p><p>relevante. Pelo contrário: o próprio CPC 00 (R2) (CPC, 2019) afirma que</p><p>os fluxos de caixa permitem aos usuários das demonstrações contábeis</p><p>– sejam gestores, sejam clientes, fornecedores, credores etc. – avaliar</p><p>a liquidez, a solvência e a qualidade da administração do capital de</p><p>giro líquido da companhia. Com isso, os fluxos de caixa indicam como</p><p>a empresa gera e despende recursos do caixa, incluindo informações</p><p>sobre contratação e amortização de dívidas e pagamento de dividendos.</p><p>Com o uso de informações geradas pelo Regime de Caixa, ou seja,</p><p>com os fluxos de caixa, os usuários das demonstrações contábeis</p><p>podem compreender “as operações da entidade que reporta, avaliar</p><p>31</p><p>suas atividades de financiamento e investimento, avaliar sua liquidez</p><p>ou solvência e interpretar outras informações sobre o desempenho</p><p>financeiro” (CPC, 2019, [s.p.]).</p><p>Por sua vez, “as despesas devem ser reconhecidas na Demonstração</p><p>do Resultado do Exercício (DRE) com base na associação direta entre</p><p>elas e os correspondentes itens de receita” (MARTINS et al., 2021, p. 38).</p><p>Esse processo é chamado Confrontação entre Receitas e Despesas, ou</p><p>Regime de Competência.</p><p>A Confrontação entre as Receitas e as Despesas envolve o reconhecimento</p><p>simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem</p><p>diretamente ou conjuntamente das mesmas transações ou eventos. Por</p><p>exemplo, os vários componentes de despesas que integram o custo das</p><p>mercadorias (ou produtos ou serviços) vendidas devem ser reconhecidos</p><p>no mesmo momento em que a receita derivada da venda das mercadorias</p><p>é reconhecida. (MARTINS et al., 2021, p. 38, grifos nossos)</p><p>O CPC 00 (R2), do item 4.68 em diante, ainda esclarece e define que</p><p>receitas “são aumentos nos ativos, ou reduções nos passivos, que</p><p>resultam em aumentos no patrimônio líquido, exceto aqueles</p><p>referentes</p><p>a contribuições de detentores de direitos sobre o patrimônio” (CPC,</p><p>2019, [s.p.]). Esses direitos sobre o patrimônio, nesse caso, quando não</p><p>são receitas, seriam uma subscrição e integralização de capital pelos</p><p>acionistas. Um exemplo de receita seria a venda de produtos com</p><p>recebimento à vista (caixa) ou a prazo (duplicatas a receber).</p><p>Por outro lado, “despesas são reduções nos ativos, ou aumentos nos</p><p>passivos, que resultam em reduções no patrimônio líquido, exceto</p><p>aqueles referentes a distribuições aos detentores de direitos sobre o</p><p>patrimônio”. Nesse caso, esses direitos sobre o patrimônio, quando</p><p>não são despesas, seriam o pagamento de dividendos aos acionistas.</p><p>Um exemplo disso seria as despesas com a folha de pagamento dos</p><p>empregados no mês, com crédito na conta corrente dos servidores ou</p><p>32</p><p>uma compra de insumos para uso integral e imediato com o aceite de</p><p>uma duplicata a pagar emitida por um fornecedor.</p><p>4. Princípio Contábil do Denominador Comum</p><p>Monetário</p><p>Hendriksen e Van Breda (2018) pontuam que os relatórios contábeis</p><p>tradicionalmente evidenciam informações em unidades monetárias,</p><p>o que é bastante válido, principalmente quando a agregação de itens</p><p>de naturezas diversas é necessária ou desejável. Por exemplo, a</p><p>empresa possui estoques de insumos e de matéria-prima com muitos</p><p>itens diferentes, além de produtos em fabricação e de produtos</p><p>acabados. Outrossim, uma empresa exportadora e importadora</p><p>possui faturamento e obrigações em moeda estrangeira e em moeda</p><p>nacional. Levando em conta esse cenário, um relatório contábil deve,</p><p>então, expressar todas essas grandezas em uma unidade comum, ou</p><p>seja, deve-se realizar a mensuração em termos monetários. Entretanto,</p><p>a unidade monetária possui limitações, as quais estão relacionadas</p><p>especialmente ao processo inflacionário.</p><p>Além disso, Iudícibus (2021) esclarece que o Princípio do Denominador</p><p>Comum Monetário revela a natureza financeira da Contabilidade:</p><p>Este princípio está associado à qualidade de a Contabilidade evidenciar</p><p>a composição patrimonial de bens, direitos e obrigações de várias</p><p>naturezas, homogeneizando-os por meio da mensuração monetária. É a</p><p>qualidade agregativa da Contabilidade que, sem deixar de considerar os</p><p>vários ativos em suas essencialidades e como geradores específicos de</p><p>fluxos de serviços futuros para a empresa, consegue agregar, adicionar e</p><p>homogeneizar tais elementos por meio da avaliação monetária. O Princípio</p><p>do Denominador Comum Monetário expressa a natureza essencialmente</p><p>financeira da Contabilidade. (IUDÍCIBUS, 2021, p. 43, grifos nossos)</p><p>33</p><p>5. Convenções Contábeis</p><p>As convenções contábeis se submetem aos postulados e aos princípios</p><p>e surgem como entendimentos secundários, os quais ditam como</p><p>o Contador deve agir em seu trabalho ao exercer julgamentos e</p><p>procedimentos em termos de reconhecimento, mensuração e</p><p>evidenciação ou divulgação dos fatos econômicos e financeiros</p><p>reportados pela Contabilidade. Assim, nunca uma convenção se</p><p>sobrepõe ao postulado e ao princípio contábil subjacente. A convenção é</p><p>um critério de desempate entre alternativas de procedimentos contábeis</p><p>válidos ao se fazer a Contabilidade.</p><p>5.1 Convenção da Objetividade</p><p>A Convenção da Objetividade na Contabilidade significa que os fatos</p><p>econômicos e financeiros devem ser reconhecidos, mensurados e</p><p>evidenciados de maneira objetiva, impessoal ou neutra, sem vieses.</p><p>Caso o fato econômico e financeiro seja complexo demais para ser</p><p>reconhecido e mensurado, deve-se recorrer a laudos de especialistas,</p><p>segundo as profissões.</p><p>Por exemplo, para contabilizar um empréstimo bancário obtido, basta o</p><p>Contador da empresa tomadora ter em mãos o instrumento de crédito</p><p>firmado e o correspondente depósito do banco na conta corrente, fruto</p><p>do empréstimo. Lançamento simples e objetivo. Por outro lado, se, por</p><p>exemplo, há um incêndio acidental em um depósito fabril da entidade,</p><p>a mensuração de perdas e sua contabilização deve receber o concurso</p><p>de engenheiros, peritos em geral, médicos, profissionais de segurança</p><p>e saúde no trabalho e peritos em seguros. Caso haja possibilidade de</p><p>medições técnicas, como em situação de perda de estoques, em termos</p><p>de quantidade e peso, ou de vazamento de gases ou líquidos, elas</p><p>devem ser feitas.</p><p>34</p><p>Agora, em outras situações além dessas, devem ser utilizadas métricas</p><p>estatísticas ou probabilísticas, como aquelas usadas para constituir</p><p>provisões contra as inadimplências de clientes que possam ocorrer</p><p>futuramente ou para constituir provisões contra o exercício de garantia</p><p>pelos clientes frente a produtos entregues com defeitos.</p><p>5.2 Convenção da Relevância ou Materialidade</p><p>O item 2.7 do CPC 00 (R2) descreve que informações financeiras são</p><p>relevantes quando capazes de fazer diferença nas decisões tomadas</p><p>pelos usuários. E elas “são capazes de fazer diferença em decisões se</p><p>tiverem valor preditivo ou valor confirmatório, ou ambos” (CPC, 2019</p><p>[s.p.]). Isso significa dizer que um fato econômico e financeiro deve</p><p>ser reconhecido, mensurado e evidenciado se tiver o poder de ser</p><p>material, relevante na decisão de um agente econômico a respeito da</p><p>empresa reportada pelas demonstrações contábeis. O valor preditivo</p><p>da informação contábil é aquele que permite fazer projeções a partir</p><p>dela. O valor confirmatório é aquele que viabiliza confirmar avaliações,</p><p>que tenham sido feitas anteriormente, com base nas demonstrações</p><p>contábeis sobre determinado quesito da empresa.</p><p>Nesse sentido, por exemplo, quando a empresa que reporta faz as</p><p>notas explicativas, deve também tomar cuidado para que a divulgação</p><p>excessiva de informações irrelevantes ou sem materialidade não</p><p>“polua” a demonstração contábil. Imagine um Balanço Patrimonial com</p><p>desnecessárias notas explicativas, gerando relatórios irrelevantes. Isso</p><p>prejudicaria, na prática, o entendimento da demonstração contábil e,</p><p>por conseguinte, da realidade da empresa.</p><p>5.3 Convenção do Conservadorismo ou da Prudência</p><p>A Convenção do Conservadorismo ou Prudência, como se sabe, na</p><p>história da Contabilidade, tem sua origem no interesse de usuários</p><p>35</p><p>da informação contábil, como os banqueiros, os quais desejavam que</p><p>as demonstrações contábeis não fossem otimistas, mas realistas ou</p><p>mesmo pessimistas. Nesse sentido, se o banqueiro, ao analisar uma</p><p>demonstração contábil para fins de concessão de crédito, tivesse uma</p><p>posição financeira da entidade sobre a capacidade de pagamento</p><p>do empréstimo com grande probabilidade de se tornar realidade, ou</p><p>seja, se a demonstração contábil analisada indicasse capacidade de</p><p>pagamento da entidade tomadora do empréstimo, ela seria realista e,</p><p>por isso, aconteceria mesmo em cenário pessimista.</p><p>Tendo isso em vista, em outras palavras, a demonstração contábil</p><p>conservadora e prudente representaria o pior cenário que pudesse</p><p>acontecer. Portanto, se, na análise de crédito, mesmo com uma</p><p>conjuntura pessimista, a empresa fosse merecedora do crédito e o</p><p>empréstimo fosse concedido, a probabilidade de esse empréstimo ser</p><p>pago seria alta, porque, na realidade, um fato “melhor” do que o “pior”</p><p>cenário concebido na análise deveria acontecer.</p><p>Nessa perspectiva, a Convenção do Conservadorismo ou Prudência</p><p>prevê que as receitas e os ativos devem ser os menores admitidos;</p><p>enquanto as despesas e os passivos devem ser os maiores admitidos.</p><p>Também, as receitas e os ativos devem ser reconhecidos o mais</p><p>tarde quanto permitido; enquanto as despesas e passivos devem ser</p><p>reconhecidos o mais cedo quanto permitido.</p><p>5.4 Convenção da Consistência ou Uniformidade</p><p>A Convenção da Consistência ou Uniformidade está relacionada à</p><p>característica da informação contábil em permitir comparação entre</p><p>demonstrações contábeis da entidade referentes a diversos períodos.</p><p>Sobre isso, Iudícibus (2021) assim se manifesta:</p><p>[...] desde que se tenha adotado um certo critério [contábil], entre os</p><p>vários que poderiam ser válidos à luz dos princípios contábeis, não deveria</p><p>36</p><p>ele ser alterado nos relatórios</p><p>periódicos, a não ser que absolutamente</p><p>necessário. E desde que a alteração de critério e os efeitos que possa</p><p>ter acarretado na interpretação, por parte dos usuários [da informação</p><p>contábil], das tendências e dos resultados da empresa, sejam evidenciados</p><p>[em notas explicativas]. (IUDÍCIBUS, 2021, p. 65)</p><p>6. Conclusão</p><p>Os postulados, princípios e convenções da Contabilidade estão no</p><p>alicerce, no fundamento, no fulcro da atual Estrutura Conceitual</p><p>preceituada pelos padrões internacionais de Contabilidade, os IFRS.</p><p>Embora a Estrutura Conceitual não aborde explicitamente todos os</p><p>postulados e princípios, eles estão presentes enquanto verdades</p><p>centrais tão óbvias que podem até ficar despercebidos, como o ar que</p><p>se respira ou como o Sol, elementos tão essenciais à vida na Terra. Os</p><p>postulados e princípios contábeis que se desenvolvem mais nitidamente</p><p>a partir do século XV de nossa História são a “estrela-guia” da elaboração</p><p>da fidedigna informação contábil da entidade que reporta.</p><p>Referências</p><p>ALMEIDA, M. C. Teoria da Contabilidade em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>CPC. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R2) – Estrutura Conceitual</p><p>para Relatório Financeiro. Brasília: CPC, 2019.</p><p>GIROTTO, M. Revogação da Resolução CFC n. 750/1993: contexto e considerações.</p><p>Brasília: CPC, 2016. Disponível em: https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-</p><p>resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/. Acesso em: 24 jan. 2022.</p><p>HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. Tradução de</p><p>Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 2018.</p><p>IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. Colaboração de Ricardo Pereira Rios. 12.</p><p>ed. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>MARTINS, E. et al. Manual de Contabilidade Societária. Aplicável a todas as</p><p>sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo:</p><p>Atlas, 2021.</p><p>NIYAMA, J. K.; SILVA, C. A. T. Teoria da Contabilidade. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2021.</p><p>37</p><p>Pronunciamentos contábeis –</p><p>Estrutura conceitual</p><p>Autoria: Nelson Bueno de Oliveira</p><p>Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes</p><p>Objetivos</p><p>• Estudar a evolução do processo de adoção dos</p><p>Padrões e Normas Internacionais de Contabilidade</p><p>no Brasil.</p><p>• Verificar o papel institucional do Comitê de</p><p>Pronunciamentos Contábeis (CPC).</p><p>• Conhecer a Estrutura Conceitual da Contabilidade,</p><p>preceituada pelo Pronunciamento Contábil CPC 00,</p><p>normatizado pelar NBC TG Estrutura Conceitual, de</p><p>21 de novembro de 2019 e pela Deliberação CVM</p><p>835, de 10 de dezembro de 2019.</p><p>38</p><p>1. Adoção dos Padrões e Normas</p><p>Internacionais de Contabilidade pelo Brasil</p><p>A Comunidade Europeia, segundo Ernst & Young e FIPECAFI (2010),</p><p>decide adotar, no ano de 2001, as Normas Internacionais de</p><p>Contabilidade, denominadas International Accounting Standards (IAS),</p><p>para as empresas dos países membros, de uma maneira progressiva.</p><p>Isso significou que cada país integrante da Comunidade Europeia,</p><p>a partir de 2001, substituiria paulatinamente o seu padrão de</p><p>contabilidade nacional pelo padrão internacional: IAS. Naquela época,</p><p>a instituição que produzia esses pronunciamentos era o International</p><p>Accounting Standards Committee (IASC), e enquanto essa instituição</p><p>estava sendo reestruturada pela Comissão Europeia, surgia, como</p><p>desdobramento, em seu lugar, o International Accounting Standards Board</p><p>(IASB), que assumiu todo o acervo das IAS e, após revisões, manteve-</p><p>as válidas. A partir desse ponto, passou a emitir pronunciamentos</p><p>denominados International Financial Reporting Standards (IFRS).</p><p>Em 2005, de acordo com Ernst & Young e FIPECAFI (2010), os países</p><p>da Comunidade Europeia concluíram o processo e padronizaram</p><p>integralmente a forma, nos moldes dos IFRS, como é feita a</p><p>Contabilidade, nos países membros. Por sua vez, diversos países de</p><p>fora da Comunidade Europeia, ao reconhecerem a importância de se</p><p>ter, em um contexto globalizado e multilateral das nações, um padrão</p><p>internacional de Contabilidade, passaram também a adotar os IFRS em</p><p>seus âmbitos.</p><p>Nesse ínterim, há um debate mundial, com grande conotação</p><p>geopolítica, sobre a adoção de um padrão internacional, cenário no</p><p>qual concorrem o padrão dos Estados Unidos, o United States Generally</p><p>Accepted Accounting Principles (US GAAP) e o padrão europeu, os IFRS.</p><p>Você se lembra de que, em 15 de setembro de 2008, ocorreu a quebra</p><p>do Banco Lehman Brothers, que desencadeou uma crise econômica e</p><p>39</p><p>financeira em patamares globais e sistêmicos? Tal fato, nesse contexto</p><p>da discussão da adoção de um padrão internacional de Contabilidade,</p><p>traz um efeito colateral.</p><p>Esse reflexo da crise de 2008 é que os Estados Unidos são obrigados a</p><p>suportar o constrangimento em fóruns internacionais pelo fato de seu</p><p>modelo contábil, o US GAAP, não ter sido efetivo para a prevenção de</p><p>problemas corporativos, incluindo a governança das empresas e dos</p><p>bancos. No entanto, registre-se, não há evidência científica, de causa e</p><p>efeito, entre o uso do US GAAP e a crise de 2008. Portanto, entende-se</p><p>que isso tenha sido consequência da natureza geopolítica das relações</p><p>entre nações e de imagem e reputação do padrão contábil americano.</p><p>Com esse contexto, o padrão europeu, ou seja, os IFRS, ganha</p><p>protagonismo nos fóruns internacionais de debates sobre o tema e</p><p>passa a ser paulatinamente adotado como o padrão internacional, com</p><p>grande adesão entre os países, exceto nos Estados Unidos. Registre-</p><p>se que a concepção conceitual tanto do US GAAP quanto dos IFRS é</p><p>semelhante, ou seja, ambos provêm da Escola Anglo-Saxônica, do Direito</p><p>Consuetudinário. Nesse sentido, o professor Dr. Eliseu Martins, profere</p><p>uma palestra muito instrutiva sobre o histórico da Contabilidade e da</p><p>adoção mundial dos IFRS (CONGRESSO USP, 2008).</p><p>No contexto brasileiro, em 2000, conforme explicam Ernst & Young</p><p>e FIPECAFI (2010), é elaborado o Projeto de Lei n. 3.741/2000, que</p><p>apresenta modificações na Lei das Sociedades por Ações, Lei n. 6.404,</p><p>de 1.976, especificamente no seu capítulo XV, o qual trata de Exercício</p><p>Social e Demonstrações Financeiras no âmbito da Contabilidade.</p><p>O Projeto de Lei n. 3.741/2000 é aprovado somente em 2007 e se</p><p>transforma na Lei n. 11.638/2007, que é o marco da adoção, pelo Brasil,</p><p>dos IFRS como padrão contábil internacional. Martins et al. (2021), sobre</p><p>isso, complementam o seguinte:</p><p>40</p><p>Após edição dessa Lei, no crepúsculo de 2007, surgiram dois pontos: o</p><p>projeto de lei havia demorado tantos anos para ser aprovado que, quando</p><p>saiu, saiu defasado. Era já necessária uma série de outras modificações</p><p>na Lei das S.A. porque as normas lá fora tinham avançado. Assim, saiu</p><p>a Medida Provisória nº 449/2008, depois convertida integralmente</p><p>em lei, inserida no texto da Lei nº 11.941/2009, que produziu alguns</p><p>complementos de modificação à Lei das S.A., como a extinção do ativo</p><p>diferido e dos resultados de exercícios futuros e outras. O segundo ponto</p><p>foi a formalização, agora do ponto de vista tributário, e não societário,</p><p>da desvinculação entre Fisco e Contabilidade, com a criação do Regime</p><p>Transitório de Tributação (RTT). (MARTINS et al., 2021, p. 19, grifos nossos)</p><p>Esses dizeres de Martins et al. (2021) apontam que houve uma demora</p><p>significativa para o Brasil formalizar a adoção do padrão europeu (IFRS)</p><p>como padrão internacional de Contabilidade. Isso fica evidente quando</p><p>se observa que o projeto de lei é de 2000 e que a lei propriamente</p><p>dita somente foi promulgada em dezembro de 2007. Os autores</p><p>ressaltam ainda que, em decorrência dessa demora, em 2009, teve de</p><p>ser promulgada a Lei n. 11.941, que formalizou a Medida Provisória n.</p><p>449/2008, a qual atualizou questões conceituais dos pronunciamentos</p><p>IFRS feitos de 2000 a 2008, além das questões tributárias que sempre</p><p>são relevantes. Assim, essas duas leis (Lei n. 11.638/2007 e Lei n.</p><p>11.941/2009) são as que formalizam a adoção brasileira do padrão</p><p>internacional, IFRS.</p><p>Salienta-se também, nesses dizeres de Martins et al. (2021), que os</p><p>IFRS consagram a independência, a desvinculação entre Contabilidade</p><p>e questões tributárias. Ou seja, a Contabilidade é feita segundo</p><p>seus postulados, princípios e convenções com o objetivo de gerar</p><p>informações fidedignas sobre a realidade da empresa reportada nas</p><p>demonstrações contábeis; enquanto as questões tributárias, também</p><p>importantes, são feitas pela Receita Federal, na esfera brasileira, sem</p><p>o poder de interferir na forma como a Contabilidade é realizada. Um</p><p>exemplo disso é a apuração do Lucro Real para fins de Imposto de</p><p>Renda Pessoa Jurídica.</p><p>41</p><p>O Livro Auxiliar de Apuração do Lucro Real (LALUR) é trabalhado como</p><p>livro auxiliar da Contabilidade, subalterno aos números oficiais do Livro</p><p>Diário e do Livro Razão. No LALUR, ajustes podem ser feitos conforme</p><p>instruções da Receita Federal, porém sem poder alterar a Contabilidade,</p><p>que é feita em consonância com os pronunciamentos contábeis emitidos</p><p>pelo CPC, que são soberanos por força da legislação.</p><p>Almeida (2021), em seu livro sobre a adoção dos IFRS pelo Brasil, ainda</p><p>esclarece o seguinte:</p><p>A adoção das normas contábeis dos IFRS no Brasil ocorreu em duas</p><p>etapas. A primeira se deu em 2008, e a segunda em 2010. Com relação</p><p>à parte fiscal, o governo inicialmente estabeleceu regras transitórias,</p><p>conhecidas no mercado como Regime Tributário de Transição RTT (Lei nº</p><p>11.941/2009), e finalmente fixou regras definitivas pela Lei nº 12.973/2014.</p><p>(ALMEIDA, 2021, p. 10, grifo nosso)</p><p>Porém, apesar de alguns contratempos e obstáculos vivenciados no</p><p>processo brasileiro, não diferente do que ocorreu em outros diversos</p><p>países, a adoção dos padrões internacionais IFRS é uma realidade</p><p>completa, que tem muito a contribuir para que a informação contábil</p><p>seja revestida de fidedignidade, buscando refletir a essência econômica</p><p>das entidades que são reportadas.</p><p>2. Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)</p><p>No site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), há um relato</p><p>sobre as suas origens e finalidades. Assim CPC (2021) expõe o seguinte:</p><p>Origem. O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado</p><p>a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes</p><p>entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca);</p><p>Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado</p><p>de Capitais (Apimec Nacional); B3 Brasil Bolsa Balcão; Conselho Federal</p><p>42</p><p>de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores Independentes do</p><p>Brasil (Ibracon); Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais</p><p>e Financeiras (Fipecafi); e entidades representativas de investidores do</p><p>mercado de capitais.</p><p>Em função das necessidades de: (a) convergência internacional das normas</p><p>contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis,</p><p>redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de</p><p>capital); (b) centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil,</p><p>diversas entidades o fazem); (c) representação e processos democráticos</p><p>na produção dessas informações (produtores da informação contábil,</p><p>auditor, usuário, intermediário, academia, governo).</p><p>Criação e Objetivo. Criado pela Resolução CFC nº 1.055/2.005, o CPC tem</p><p>como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos</p><p>sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações</p><p>dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade</p><p>reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu</p><p>processo de produção, levando sempre em conta a convergência da</p><p>Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”. (CPC, [s.d.]a, [s.p.],</p><p>grifos nossos)</p><p>O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) opera de forma</p><p>autônoma em relação às entidades que o integram, as quais, apenas</p><p>a título de reforço, são: Associação Brasileira das Companhias Abertas</p><p>(ABRASCA); Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento</p><p>do Mercado de Capitais (APIMEC Nacional); Brasil Bolsa Balcão (B3);</p><p>Conselho Federal de Contabilidade (CFC); Instituto dos Auditores</p><p>Independentes do Brasil (IBRACON); e Fundação Instituto de Pesquisas</p><p>Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI). Além dessas entidades,</p><p>também estão presentes para o funcionamento do CPC: Banco Central</p><p>do Brasil (BACEN); Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Secretaria da</p><p>Receita Federal do Brasil (RFB); Superintendência de Seguros Privados</p><p>(SUSEP); Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN); Confederação</p><p>Nacional da Indústria (CNI); e Superintendência Nacional de Previdência</p><p>Complementar (PREVIC).</p><p>43</p><p>Isso significa que o CPC, quando recebe os IFRS, após todo o</p><p>ritual processual contido em seu regimento interno, emite os</p><p>pronunciamentos técnicos, que, quando promulgados, contêm um</p><p>elevado grau de consenso entre os agentes econômicos brasileiros,</p><p>uma vez que houve ampla e democrática participação das entidades</p><p>representativas na elaboração dos pronunciamentos. Porém, é relevante</p><p>pontuar que o grau de aderência do pronunciamento brasileiro ao</p><p>respectivo IFRS recebido é sempre total.</p><p>Os produtos do CPC são os pronunciamentos técnicos propriamente</p><p>ditos, as interpretações, as orientações e os comunicados. Os</p><p>pronunciamentos CPC são os mais importantes para a Contabilidade.</p><p>Segundo o Regimento Interno do CPC (CPC, [s.d.]b), os pronunciamentos</p><p>técnicos estabelecem conceitos doutrinários, estrutura técnica e</p><p>procedimentos a serem aplicados na Contabilidade das empresas e</p><p>entidades em geral. O pronunciamento possui, em sua denominação,</p><p>a sigla CPC seguida de uma numeração crescente por assunto,</p><p>separadamente. Por sua vez, as interpretações são feitas para</p><p>esclarecer e detalhar alguns pontos constantes de um pronunciamento</p><p>e são identificadas pela sigla ICPC seguida de numeração. Agora,</p><p>as orientações possuem um caráter informativo, referem-se aos</p><p>pronunciamentos e interpretações e apresentam a sigla OCPC e</p><p>numeração. Percebe-se, então, que o grau de importância dos</p><p>pronunciamentos, das interpretações e das orientações é decrescente,</p><p>respectivamente. Porém, a validade e a aplicabilidade deles, de forma</p><p>abrangente, é total.</p><p>Assim, quando o International Accounting Standards Board (IASB) emite</p><p>um novo pronunciamento IFRS, ele é recepcionado no Brasil pelo CPC,</p><p>que, de forma prevista em seu regimento interno e articulada com todos</p><p>os integrantes, elabora o pronunciamento técnico respectivo ao IFRS</p><p>recebido.</p><p>44</p><p>Promulgado o pronunciamento técnico pelo CPC, na sequência imediata,</p><p>todas as entidades brasileiras emitem regulamentação governamental</p><p>(se for órgão estatal) e regulatória (se for agência reguladora, como</p><p>a ANEEL) na forma do padrão de procedimento contábil indicado</p><p>pelo CPC. Por exemplo, a partir de um pronunciamento emitido pelo</p><p>CPC, tanto o CFC quanto o Banco Central do Brasil, a CVM e a Agência</p><p>Nacional de Energia Elétrica, entre outras entidades que têm relação</p><p>com o tema do pronunciamento, emitem suas normas respectivas às</p><p>instituições por eles jurisdicionadas, para cumprir e fazer cumprir o que</p><p>se preceitua originalmente no pronunciamento do CPC.</p><p>3. Estrutura Conceitual da Contabilidade</p><p>Almeida (2021), citando o CPC 00 (R2) (2019), em seu livro, propõe o</p><p>seguinte:</p><p>A finalidade da Estrutura Conceitual é: (a) auxiliar o desenvolvimento das</p><p>Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) para que tenham base</p><p>em conceitos consistentes; (b) auxiliar os responsáveis pela elaboração</p><p>(preparadores) dos relatórios financeiros a desenvolver políticas contábeis</p><p>consistentes quando nenhum pronunciamento se aplica à determinada</p><p>transação ou outro evento, ou quando o pronunciamento permite uma</p><p>escolha de política contábil; e (c) auxiliar todas as partes a entender e</p><p>interpretar os pronunciamentos. (ALMEIDA, 2021, p. 2, grifos nossos)</p><p>O item 5 do CPC 23, de 2009, preceitua que “políticas contábeis</p><p>são os princípios, as bases, as convenções, as regras e as práticas</p><p>específicas aplicados pela entidade na elaboração e na apresentação de</p><p>demonstrações contábeis” (CPC, 2009, [s.p.]).</p><p>Além disso, elucida, nos itens 7, 8 e 10, este importante ponto para uso</p><p>dos pronunciamentos</p>