Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
DIREITO NO BRASIL-COLÔNIA Faculdade Metropolitana da Grande Recife Professor José Walter Lisboa Cavalcanti História e Antropologia Jurídica BREVE HISTÓRIA As grandes navegações e as explorações de novos povos e terras por alguns países da Europa, foram alguns dos principais momentos históricos do século XV. No Brasil, na chegada dos portugueses, encontraram uma população dispersa em várias tribos O estágio evolutivos dos índios era comparado ao período do neolítico Além disso não existiam instituições jurídicas ou políticas com representatividade. 2 BREVE HISTÓRIA Os portugueses impuseram, sem o menor constrangimento o seu sistema jurídico à nova colônia. Os costumes jurídicos dos indígenas acabaram sendo totalmente descartados Outro povo que influenciou marcantemente a cultura do Brasil, foram os africanos, mas não exerceram qualquer influência política e jurídica. Vieram como escravos e, por isso eram tratados como objetos, coisas, bens. 3 BREVE HISTÓRIA O nosso direito advém do sistema romanista pois: Foi importado diretamente de Portugal Ficamos sob o julgo da Metrópole até a “independência” Nenhuma outra civilização influenciou a formação jurídica brasileira Além do sistema romanista, importamos outros vícios dos portugueses O cargo ou função pública eram considerados patrimônio pessoal O público e o privado se associavam, se confundiam 4 BREVE HISTÓRIA As raízes e a evolução das instituições jurídicas brasileiras estão intimamente ligadas: A um passado colonial patrimonialista e escravocrata À dominação social de uma elite agrária À hegemonia ideológica de um liberalismo paradoxalmente conservador À submissão econômica aos Estados mais avançados Não havia o espírito de construir um país livre e soberano O que dominava era o desejo de sugar tudo 5 BREVE HISTÓRIA Portugal e Espanha foram contrários às propostas de Calvino e Lutero, optando pela Contra-Reforma. Demoram a aceitar o Renascimento Fecharam-se no dogma eclesiástico da fé e da revelação Supervalorizaram a tradição e o apego a uma religião fundada na renúncia e na disciplina. Portugal se distanciou da Modernidade Portugal tornou-se vassalo da coroa britânica 6 ESTRUTURA JUDICIAL O primeiro período da colonização brasileira, até 1549, foi o das Capitanias Hereditárias Extensas faixas de terras destinadas aos nobres para exploração Sistema tipicamente feudal As questões jurídicas, políticas e administrativas ficavam a cargo dos donatários Havia todo tipo de abuso por parte dos donatários Cria-se o Governo-Geral, visando centralizar a administração e controlar a Colônia 7 ESTRUTURA JUDICIAL O sistema jurídico que vigorava em todo o período do Brasil-Colônia era o mesmo de Portugal, as ORDENAÇÕES REAIS Ordenações Afonsinas (1446) Ordenações Manuelinas (1521) Ordenações Filipinas (1603) Em 1769, a reforma Pombalina (Lei da Boa Razão) Estabelecia regras de interpretação que fechavam as lacunas do direito Português Tinha função de minimizar a influência do Direito Romano Tinha função de favorecer a Metrópole (fim da escravidão) 8 ESTRUTURA JUDICIAL Interessava à Metrópole: Regras que assegurassem os pagamentos dos impostos Acenar com rigoroso ordenamento penal para inibir qualquer sinal de independência Eram receitas da Coroa Os próprios: quinto do ouro e frutos dos bens reais Impostos ou tributos: Dízima, sisa Estancos ou monopólios: exclusivo comercial Condenações: perda dos bens em favor da coroa 9 ESTRUTURA JUDICIAL O Judiciário se Organizava da seguinte forma: Primeira Instância Formada por juízes singulares Segunda Instância Composta de juízes colegiados que atuavam nos chamados Tribunais de Relação Compreendiam três situações: Instância Recursal; competência originária (em certos casos estatais) e possuía competência avocatória Tribunal de Justiça Superior Última instância, com sede em Lisboa 10 ESTRUTURA JUDICIAL Os Magistrados no Brasil-Colônia: Grande parte dos operadores era da classe média Buscavam ascensão social Após nomeados ficavam extremamente leais aos interesses da coroa Havia normas para limitar o contato do magistrado com a vida social que tinham dois objetivos Mantê-los isentos das disputas locais Para permanecerem leais servidores do rei 11 ESTRUTURA JUDICIAL Principais limitações aos magistrados Designação apenas por um período de tempo no mesmo lugar Proibição de casar sem licença especial Proibição de pedir terras na sua jurisdição Não podiam exercer o comércio em proveito pessoal Os magistrados da época faziam parte da elite dominante e tinham a tendência de defender os interesses desse segmento A imparcialidade e a neutralidade não passavam de mitos subjugados pela trocas de favores e tráfico de influências 12 ORDENAÇÕES FILIPINAS As Ordenações Filipinas (Rei Felipe II, da Espanha) foram a junção das Ordenações Manuelinas com as leis extravagantes Não houve inovação legislativa As ordenações não possuíam uma parte geral O foco eram os casos concretos Felipe II não tinha interesse de impor novas regras a Portugal Tiveram aplicabilidade no Brasil por muito tempo As normas de Direito Civil das Ordenações Filipinas vigiram no Brasil até 1916 13 ORDENAÇÕES FILIPINAS Estrutura das Ordenações Filipinas Livro I – Direito Administrativo e Organização Judiciária Livro II – Direito Eclesiástico, do Rei, dos Fidalgos e dos Estrangeiros Livro III – Processo Civil Livro IV – Direito Civil e Direito Comercial Livro V – Direito Penal e Processo Penal 14 PATRIMONIALISMO Alguns Papas tinham como hábito conceder cargos a parentes próximos. A isso chamou-se NEPOTISMO, do latim nepotis (sobrinho) Nos dias atuais, o nepotismo passou a ser associado à conduta de agentes públicos que fazem concessão aos seus familiares O termo nepotismo tem íntima relação com a história brasileira que foi assolada pelo Patrimonialismo, coronelismo, feudalismo, mandonismo 15 PATRIMONIALISMO O público e o privado se confundem no Brasil Estado e sociedade são palavras “associadas” no imaginário popular O privado se apropria do público de forma “normal” Desde a colônia, havia doações de distinções entre apadrinhados da coroa Exemplo foi o caso dos Magistrados do Tribunal da Relação da Bahia 16 PATRIMONIALISMO As distinções dos Magistrados e sua importância no Reino causaram cobiça nas elites coloniais Essas elites, usando do compradrio, trataram logo de estabelecer relações pessoais e familiares com os Magistrados, interferindo nas pretensões da Coroa de manter suas imparcialidades Havia associação com os Juízes em negócios comerciais, garantindo grandes lucros (indevidos) aos funcionários do Rei 17
Compartilhar