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<p>ALTERAÇÕES DO ORGÃO DENTARIO:</p><p>CLASSIFICAÇÃO</p><p>CONGÊNITAS: Nas anomalias congênitas, os fatores causais se deram na fase de formação intrauterina alterando a composição e/ou função do órgão afetado. (FREITAS, et al., 2012) (Concrescência, dilaceração radicular, taurodontismo, raízes supranumerárias, raízes fusionadas, pérolas de esmalte etc).</p><p>GENÉTICAS: As anomalias genéticas ocorrem quando fatores etiológicos atuam causando alterações na diferenciação das células, gerando modificação na estruturação, tais modificações podem ser constatadas antes ou após o nascimento (FREITAS, et al., 2012) (Displasia dentinária, dentinogênese imperfeita).</p><p>ADQUIRIDAS: Nas anomalias adquiridas, os fatores etiológicos atuaram na fase de formação e/ou desenvolvimento pós-natal (FREITAS, et al., 2012) Hipercementose, reabsorção radicular (interna e externa), fratura radicular, trepanações ou perfurações.</p><p>Classificação das Anomalias Dentárias:</p><p>Alterações de forma: Microdontia, macrodontia, geminação, fusão, dens in dente (dens invaginatus), hipoplasia de esmalte, amelogênese imperfeita, displasia dentinária, dentinogênese imperfeita, dentes de Huchtinson, dilaceração, taurodontismo. Alterações de número: Displasia ectodérmica, anodontia (total ou parcial), dentes supranumerários e acessórios, dentição pré-decídua, dentição pós-permanente, raízes supranumerárias, raízes fusionadas. Alterações de erupção: Dentes retidos ou impactados, erupção retardada, concrescência, supraerupção.</p><p>CÚSPIDES ACESSORIAS (cúspede em garra)</p><p>A cúspide em garra, representada por uma cúspide acessória bem circunscrita localizada na face lingual de uma unidade dentária anterior, estendendo-se pelo menos da metade da junção cemento-esmalte para a margem incisal. Representando a continuação de um cíngulo normal, um cíngulo aumentado, uma pequena cúspide acessória, ou, finalmente, a formação completa da cúspide em garra (NEVILLE BW, et al., 2016).</p><p>Três quartos de todas as cúspides em garra relatadas na literatura estão localizadas em dentição permanente. Ocorrendo predominantemente nos incisivos laterais superiores permanentes (55%) e incisivos centrais (33%), porém tem sido vistas com menor frequência em incisivos inferiores (6%) e caninos superiores (4%). Sua ocorrência em dentição decídua é rara (NEVILLE BW, et al., 2016).</p><p>Este tipo de anomalia dentária ocorre com maior frequência nos asiáticos, nativos americanos, esquimós e descendentes de árabes. Tem sido encontrada em pacientes com síndromes de Rubinstein-Taybi, de Mohr, de Ellis-van Creveld, incontinência pigmentar acromiante, de Berardinelli-Seip e na angiomatose de Sturge-Weber. Sua ocorrência pode ser tanto unilateral ou bilateral. A cúspide em garra pode estar associada a outras anomalias dentárias como, dentes supranumerários, odontomas, dentes impactados e incisivos centrais conoides. Em alguns casos parece haver influencia genética e ambos os gêneros podem ser afetados. O tratamento consiste na remoção profilática para melhorar a estética, harmonia oclusal e diminuir o risco de cárie. A decisão do tratamento tomada pelo cirurgião-dentista deve ser esclarecida para o paciente e responsável, avaliando a sua real necessidade de intervenção (FABER J., 2006).</p><p>DENTE INVAGINADO [Dens in Dens]</p><p>Denominado dente invaginado ou dens in dens, esta é uma anomalia congênita que ocorre por invaginação das células do epitélio interno do órgão de esmalte e localiza-se no cíngulo. Pode ser caracterizada por uma insignificante acentuação do cíngulo ou canais pulpo-radiculares que podem atingir o foramen apical (Seabra, 2008). É uma consequência do aumento localizado da pressão externa, atraso ou estimulação do crescimento focal em determinadas zonas do gérmen dentário, proliferação anormal das células do órgão do esmalte dentro da papila dentária, insuficiência no desenvolvimento do osso e fatores genéticos. No entanto, a sua etiologia pode apresentar um ou vários destes fatores (Gesteira et al., 2007). Alani et al. (2008) classifica as invaginações em três classes: tipo I - a invaginação do esmalte limita-se à coroa do dente; tipo II - a invaginação estende-se apicalmente além da junção amelocementária, afeta a polpa, mas permanece confinada na raiz; e tipo III - a invaginação prolonga-se além da junção amelocementária, penetrando na raiz mas sem contato com a polpa, criando um forâme lateral ou apical. Este defeito que geralmente ocorre num único dente, manifesta-se com frequência de forma bilateral, podendo ocorrer em múltiplos dentes. Surgem com maior incidência na dentição permanente, nos incisivos laterais maxilares ou em supranumerários, como o mesiodens</p><p>ESMALTE ECTÓPICO (PÉROLAS DE ESMALTE)</p><p>Siqueira (2007) define pérolas de esmalte como um glóbulo de esmalte ectópico, localizado mais frequentemente na bi- ou trifurcação dos dentes. As pérolas de esmalte unem-se ao esmalte coronal por uma projeção cervical do esmalte e apresentam uma textura diferente do esmalte coronário, podendo significar maior porosidade. As pérolas de esmalte ocorrem com maior frequência nos dentes molares, sendo mais comum nas raízes dos segundos e terceiros molares superiores e nas raízes dos molares inferiores. Raramente surge em pré-molares superiores e dentes unirradiculares (CastroSilva et al., 2013)</p><p>TAURODONTIA</p><p>A taurodontia é definida como deslocamento apical do assoalho pulpar e consequente aumento o da câmara pulpar em dentes multirradiculares. É resultado da falha na invaginação da bainha epitelial de Hertwig no sentido horizontal e comumente se expressa bilateralmente. Este padrão morfológico de molares é observado em animais ruminantes e também foi encontrado em antigos Neandertais. Associação desta condição à síndromes não é exclusiva todavia pode estar associada a distúrbios genéticos, tais como Síndrome de Down, Síndrome de Klinefelter, entre outros Sosa (2006). O diagnóstico é exclusivamente radiográfico, não havendo alterações na coroa do elemento dentário. Dentre as consequências destaca-se a complexidade de tratamento endodôntico, maior fragilidade de dentes com taurodontia submetidos à endodontia e menor ancoragem ortodôntica desses elementos. Freitas (1992) referiu a importância do exame radiográfico, uma vez que clinicamente é quase impossível diagnosticar a anomalia (Faria, 2003). Este defeito pode estar relacionado com um gene autossómico dominante ou como parte de algumas síndromes, incluindo a displasia ectodérmica, amelogénese imperfeita, entre outros. Pode surgir na dentição decídua, no entanto, é mais frequente na dentição permanente e atinge, quase sempre, os molares (Dunlap, 2004).</p><p>HIPERCEMENTOSE</p><p>A hipercementose é caracterizada pela deposição excessiva de cemento além dos limites fisiológicos do dente, promovendo um espaçamento anormal do ápice que se torna arredondado e/ou com sua aparência macroscópica alterada. A etiologia da hipercementose é atribuída a várias condições, como estresse funcional decorrente de forças oclusais; erupção dentária contínua; deposição reacional inflamatória; fatores sistêmicos, como arterosclerose, acromegalia, artrites, doenças tireoidianas e doença de Paget. Alterações na morfologia radicular decorrentes da hipercementose compreendem a hipercementose em forma de clava, resultante da deposição de cemento em todas as superfícies radiculares; hipercementose focal, uma deposição de cemento de forma globular em uma das superfícies radiculares; e a hiperplasia cementária circular (HCC), que apresenta deposição de cemento na superfície radicular sem afetar o ápice dentário. A hipercementose não altera radiograficamente a relação espacial entre a superfície radicular, o ligamento periodontal e o osso alveolar. Eventualmente, a deposição atípica de cemento pode ser identificada em áreas focais, como projeções cementárias externas. A presença de vasos sanguíneos e filamentos neurais associados à deposição irregular de cemento pode contribuir para a formação de foraminas múltiplas durante a deposição cementária, decorrente da hipercementose, originando deltas</p><p>apicais. A falta de estudos recentes relacionados a esse tema, somados às implicações endodônticas potenciais, inspira a avaliação das diferenças morfológicas no terço apical e no canal radicular de dentes com hipercementose (DE BARROS,et al., 2005).</p><p>RAIZES ACESSORIAS</p><p>Raiz supranumerária refere-se ao aumento do número de raízes dentárias comparado aos padrões anatômicos de normalidade. Esta anomalia é identificada através do exame radiográfico e, é melhor visualizada quando se apresenta divergente, visto que o tamanho, a posição e a sobreposição de estruturas anatômicas podem dificultar a visualização. A presença de espaços duplos do ligamento periodontal em um dos lados da raiz ou de espaço do ligamento periodontal atravessando as raízes podem ser indicativos da presença de uma raiz supranumerária (Cral, 2016). Os dentes podem apresentar raízes acessórias ou supranumerárias. O desenvolvimento de uma raiz supranumerária pode estar relacionado a trauma, pressão ou doença metabólica que afeta a bainha epitelial de Hertwig. Raízes supranumeráriaspodem ser totalmente desenvolvidas em tamanho e forma ou pequenas e rudimentares (Theodorovicz,2012)</p><p>Alani, A., Bishop, K. (2008). Dens inavaginatus. Part 1: classification, prevalence and aetiology, International Endodontic Journal, 41, pp.1123-1136.</p><p>Castro-Silva, I., Azevedo, F., Otero, D. (2013). Pérola de esmalte:epidemiologia, morfopatogénese e relevância na clínica odontológica, Revista Odontológica da UNESP, 42(3), pp.221-229.</p><p>Cral, W. G. (2016). Achados incidentais em radiografias panorâmicas de Pacientes pré e pós-tratamento ortodôntico, 119 f. Dissertação (Mestrado em Ciências no Programa de Ciências Odontológicas Aplicadas) -Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, São Paulo.</p><p>DE BARROS, Liliana Aparecida Pimenta et al.(2005) Morfologia do terço apical da raiz e dos canais de dentes com hipercementose.</p><p>Dunlap, C. (2004). Abnormalites of Teeth. Disponível em http://dentistry.umkc.edu/Practicing_Communities/asset/AbnormalitiesofTeeth.pdf.</p><p>FABER J. O que há de novo na odontologia: Oligodontia. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2006; 11(2): 16-17.</p><p>Faria, P. (2003). Prevalência das anomalias dentárias observadas em crianças de 5 a 12 anos de idade no município de Belém – um estudo radiográfico. Dissertação de Mestrado. São Paulo: Faculdade de Odontologia.</p><p>FREITAS, D.Q.; TSUMURAI, R.Y.; MACHADO FILHO, D.N.S.P. Prevalence of dental anomalies of number, size, shape and structure. Revista Gaucha de Odontologia, Porto Alegre, v.60, n.4, p. 437-441, dez. 2012.</p><p>Freitas, K. et all (2008). Dentinogênese Imperfeita tipo III e tipo II em crianças: relato de casos, Revista de Odontologia, 32, pp.130-136</p><p>Gesteira, M et alii (2007). Terapia endodôntica em dens invaginatus: relato de um caso,</p><p>Revista de Ciências Médicas e Biológicas, pp.362-370.</p><p>NEVILLE BW, et al. Anomalias Dentárias. In: NEVILLE, BW, et al. Patologia Oral e Maxilofacial. 4 edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2016. Cap.2, p.41-103.2.</p><p>Seabra, M. et alii (2008). A Importância das Anomalias Dentárias de Desenvolvimento, Acta Pediátrica Portuguesa, 39(5), pp.195-200.</p><p>Theodorovicz, K. V.; Fernandes, A.; Westphalen, F. H.; & Lima, A A S (2012).. Prevalência de raiz supranumerária em caninos de pacientes adultos jovens. Archives of Oral Research. 8(2)</p>