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<p>Pré-Modernismo</p><p>L0146 - (Enem)</p><p>Sobre a exposição de Anita Malfa�, em 1917, que muito</p><p>influenciaria a Semana de Arte Moderna, Monteiro</p><p>Lobato escreveu, em ar�go in�tulado Paranoia ou</p><p>Mis�ficação:</p><p>Há duas espécies de ar�stas. Uma composta dos</p><p>que veem as coisas e em consequência fazem arte pura,</p><p>guardados os eternos ritmos da vida, e adotados, para a</p><p>concre�zação das emoções esté�cas, os processos</p><p>clássicos dos grandes mestres. (...) A outra espécie é</p><p>formada dos que veem anormalmente a natureza e a</p><p>interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão</p><p>estrábica das escolas rebeldes, surgidas cá e lá como</p><p>furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas considerações</p><p>são provocadas pela exposição da sra. Malfa�, onde se</p><p>notam acentuadíssimas tendências para uma a�tude</p><p>esté�ca forçada no sen�do das extravagâncias de Picasso</p><p>& cia.</p><p>O Diário de São Paulo, dez./1917.</p><p>Em qual das obras a seguir iden�fica-se o es�lo de Anita</p><p>Malfa� cri�cado por Monteiro Lobato no ar�go?</p><p>1@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a)</p><p>b)</p><p>c)</p><p>d)</p><p>e)</p><p>L0143 - (Ufrn)</p><p>Considere o seguinte trecho do conto “O fisco (conto de</p><p>Natal)”, publicado em 1921 e integrante do</p><p>livro Negrinha, de Monteiro Lobato:</p><p>Súbito, viu um homem de boné caminhando para o seu</p><p>lado. Olhou-lhe para as bo�nas. Sujas. Viria engraxar,</p><p>com certeza – e o coração bateu-lhe apressado, no</p><p>tumulto delicioso da estreia. Encarou o homem já a cinco</p><p>passos e sorriu com infinita ternura nos olhos, num</p><p>agradecimento antecipado em que havia tesouros de</p><p>gra�dão.</p><p>Mas em vez de espichar o pé, o homem rosnou aquela</p><p>terrível interpelação inicial:</p><p>– Então, cachorrinho, que é da licença?</p><p>(LOBATO, Monteiro. Negrinha. São Paulo: Globo, 2008, p.</p><p>71)</p><p>O trecho em destaque apresenta um episódio ocorrido</p><p>em um parque. No contexto da narra�va, a cena ilustra:</p><p>a) um confronto entre a autoridade cons�tuída e o</p><p>menino que insiste na desobediência à lei.</p><p>b) um encontro amigável entre o menino engraxate e um</p><p>cliente.</p><p>c) uma conversa amistosa entre as personagens, de</p><p>posições sociais dis�ntas.</p><p>d) uma relação de desigualdade entre as personagens,</p><p>determinada pela força repressiva.</p><p>L0145 - (Uff)</p><p>A DESCOBERTA DA AMÉRICA E A BARBÁRIE DOS</p><p>CIVILIZADOS</p><p>– A conquista da América pelos europeus foi uma</p><p>tragédia sangrenta. A ferro e fogo! Era a divisa dos</p><p>cris�anizadores. Mataram à vontade, destruíram tudo e</p><p>levaram todo ouro que havia.</p><p>2@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Outro espanhol, de nome Pizarro, fez no Peru coisa</p><p>idên�ca com os incas, um povo de civilização muito</p><p>adiantada que lá exis�a. Pizarro chegou e disse ao</p><p>imperador inca que o papa havia dado aquele país aos</p><p>espanhóis e ele viera tomar conta. O imperador inca, que</p><p>não sabia quem era o papa, ficou de boca aberta, e muito</p><p>naturalmente não se submeteu. Então Pizarro, bem</p><p>armado de canhões conquistou e saqueou o Peru.</p><p>– Mas que diferença há, vovó, entre estes homens e</p><p>aquele Á�la ou aquele Gengis-Cã que marchou para o</p><p>ocidente com os terríveis tártaros, matando, arrasando e</p><p>saqueando tudo?</p><p>– A diferença única é que a história é escrita pelos</p><p>ocidentais e por isso torcida a nosso favor.</p><p>Vem daí considerarmos como feras aos tártaros de</p><p>Gengis-Cã e como heróis com monumentos em toda</p><p>parte, aos célebres “conquistadores” brancos. A verdade,</p><p>porém, manda dizer que tanto uns como outros nunca</p><p>passaram de monstros feitos da mesmíssima massa, na</p><p>mesmíssima forma. Gengis-Cã construiu pirâmides</p><p>enormes com cabeças cortadas aos prisioneiros. Vasco da</p><p>Gama encontrou na Índia vários navios árabes carregados</p><p>de arroz, aprisionou-os, cortou as orelhas e as mãos de</p><p>oitocentos homens da equipagem e depois queimou os</p><p>pobres mu�lados dentro dos seus navios.</p><p>Monteiro Lobato, História do mundo para crianças.</p><p>Capítulo LX</p><p>Monteiro Lobato narra a história das civilizações sob um</p><p>ponto de vista crí�co contrário à tradição ocidental,</p><p>evidenciando as diferenças de comportamento entre as</p><p>civilizações.</p><p>Assinale a opção que exemplifica a disparidade das visões</p><p>no encontro histórico de civilizações diferentes.</p><p>a) Para os que chegavam, o mundo em que entravam era</p><p>a arena de seus ganhos, em ouro e glórias. Para os</p><p>índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um</p><p>luxo de se viver. Este foi o efeito do encontro fatal que</p><p>ali se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se</p><p>defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tais</p><p>quais eram, a selvageria e a civilização. Suas</p><p>concepções, não só diferentes mas opostas, do</p><p>mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram</p><p>cruamente. – (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro)</p><p>b) – Cá no asfalto, lixam-se para os índios. Tem tudo a</p><p>ver. Aquele sujeito de bigode, sentado ali, tem tudo a</p><p>ver. Pois se não conseguimos respeitar a integridade</p><p>deles, estamos ameaçados. Ninguém exerce,</p><p>impunemente, a violência. É como cuspir para cima.</p><p>Se estamos destruindo os índios, é porque nossa</p><p>brutalidade chegou a um nível perigoso para nós</p><p>próprios. – (Noel Nutels, apud Hélio</p><p>Pellegrino, Lucidez embriagada)</p><p>c) Deitado na esteira,</p><p>de boca para cima,</p><p>o sacerdote Jaguar</p><p>de Yucatán</p><p>escutou a</p><p>mensagem dos</p><p>deuses. Eles</p><p>falaram através do</p><p>telhado, montados</p><p>sobre sua casa, em</p><p>um idioma que</p><p>ninguém entendia.</p><p>Chilan</p><p>Balam, que</p><p>era boca</p><p>dos</p><p>deuses,</p><p>recordou o</p><p>que ainda</p><p>não �nha</p><p>acontecido:</p><p>- Dispersados serão</p><p>pelo mundo as</p><p>mulheres que cantam e</p><p>os homens que cantam</p><p>e todos os que</p><p>cantam... – (Eduardo</p><p>Galeano, Nascimentos)</p><p>d) Pioneiros da conquista do trópico para a civilização,</p><p>�veram os portugueses, nessa proeza, sua maior</p><p>missão histórica. E sem embargo de tudo quanto se</p><p>possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer</p><p>que foram não somente os portadores efe�vos como</p><p>os portadores naturais dessa missão. – (Sérgio</p><p>Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)</p><p>e) Neste final de século fala-se muito em crise de</p><p>iden�dade do sujeito. O homem da sociedade</p><p>moderna �nha uma iden�dade bem definida e</p><p>localizada no mundo social e cultural. Mas uma</p><p>mudança estrutural está fragmentando e deslocando</p><p>as iden�dades culturais de classe, sexualidade, etnia,</p><p>raça e nacionalidade. – (Stuart Hall, A iden�dade</p><p>cultural na pós-modernidade)</p><p>L0144 - (Uepa)</p><p>Texto I</p><p>MEC quer rever veto a livro de Monteiro Lobato</p><p>O ministro da Educação, Fernando Haddad, pedirá que</p><p>(sic) o CNE (Conselho Nacional de Educação) reveja o</p><p>3@professorferretto @prof_ferretto</p><p>parecer que recomendou restrições à distribuição do</p><p>livro “Caçadas de Pedrinho”, de Monteiro Lobato, em</p><p>escolas públicas. O Conselho de Educação quer vetar livro</p><p>de Monteiro Lobato em escolas.</p><p>Como revelou a Folha, o conselho sugeriu que a obra não</p><p>seja distribuída pelo governo ou, caso isso seja feito, que</p><p>contenha uma “nota explica�va”, devido a um suposto</p><p>teor racista.</p><p>Haddad disse ter recebido diversas reclamações de</p><p>educadores e especialistas contra a decisão do CNE.</p><p>“Foram muitas manifestações para que o MEC afaste</p><p>qualquer hipótese de censura a qualquer obra”, afirmou.</p><p>Ele disse não ver racismo na obra, mas ainda assim não</p><p>descartou o contexto em que determinada obra foi</p><p>escrita quando isso for considerado necessário. Para o</p><p>ministro, qualquer que seja a decisão do CNE, ela deverá</p><p>valer para todos os livros e não para apenas um</p><p>específico.</p><p>(PINHO, Angela. In:</p><p>h�p://www.substan�voplural.com.br/monteiro-lobato-e-</p><p>a-proibicao-da-cacada-de-pedrinho/. Acessado em</p><p>09/09/2011)</p><p>Texto II</p><p>Monteiro Lobato e a proibição da “Caçada de Pedrinho”</p><p>Meus amigos e amigas,</p><p>Estou muito preocupado com essa proibição ao livro</p><p>“Caçadas de Pedrinho”, escrito por Monteiro Lobato em</p><p>1933. Estou aqui com as obras completas do Lobato e já</p><p>consultei o seu grande biógrafo Edgard Cavalheiro e não</p><p>vejo razão para essa proibição. Aprendi a gostar de ler</p><p>com Monteiro Lobato. Li o D. Quixote das Crianças do</p><p>Lobato e nunca mais deixei de ler a grande obra prima de</p><p>Cervantes. Vasculhei o céu com Lobato numa “Viagem ao</p><p>Céu”. Li sobre o explorador Hans Staden e me encantei</p><p>com Os Doze Trabalhos de Hércules recontado por esse</p><p>grande escritor e editor.</p><p>Monteiro Lobato reinventou o Brasil. Em</p><p>alguns aspectos</p><p>inventou-o. Foi um grande nacionalista e lutou pelo</p><p>nosso petróleo e recursos minerais. Foi um grande editor</p><p>quando no Brasil quase não havia editoras. Um grande</p><p>tradutor que lutou incansavelmente pelo Brasil. As</p><p>Aventuras do Picapau Amarelo foram transportadas para</p><p>a televisão e ainda hoje encantam gerações de todas as</p><p>idades.</p><p>Com relação à obra proibida “Caçadas do Pedrinho”, e a</p><p>jus�fica�va das palavras preconceituosas e estereo�pas</p><p>“trepar” e “negra”, que não ajudariam na educação com</p><p>base “nos estudos atuais e crí�cos que discutem a</p><p>presença de estereó�pos raciais na literatura“ acho a</p><p>jus�fica�va sem propósito e um grave atentado contra a</p><p>livre expressão e ao fazer literário e ar�s�co.</p><p>Por isso mesmo meus protestos contra essa agressão a</p><p>um dos mais cria�vos e nacionalistas escritores do Brasil.</p><p>Urubu é negro, macaco trepa; assim como tem gente</p><p>negra e que trepa. Não vejo razão para colocar a obra</p><p>num índex proibi�vo. E são negros os olhos da minha</p><p>amada. Cacemos Pedrinho! Vou fazer a minha perna de</p><p>pau e colocar sebo para a onça não pegar.</p><p>(MATA, João da. In:</p><p>h�p://www.substan�voplural.com.br/monteiro-lobato-</p><p>ea-proibicao-da-cacada-de-pedrinho/. Acessado em</p><p>09/09/2011)</p><p>No Texto II, a frase que revela uma opinião do autor</p><p>sobre a proibição do livro de Monteiro Lobato “Caçadas</p><p>de Pedrinho" é:</p><p>a) estou muito preocupado com essa proibição ao livro</p><p>“Caçadas de Pedrinho”.</p><p>b) foi um grande nacionalista e lutou pelo nosso petróleo</p><p>e recursos minerais.</p><p>c) a noite é negra sem luar e ninguém pode mudar a</p><p>natureza.</p><p>d) um grave atentado contra a livre expressão e ao fazer</p><p>literário e ar�s�co.</p><p>e) vou fazer a minha perna de pau e colocar sebo para a</p><p>onça não pegar.</p><p>L0148 - (Ufrgs)</p><p>Leia o soneto Psicologia de um vencido, de Augusto dos</p><p>Anjos, e o poema Pneumotórax, de Manuel Bandeira.</p><p>Psicologia de um vencido</p><p>Eu, filho do carbono e do amoníaco,</p><p>Monstro de escuridão e ru�lância</p><p>Sofro, desde a epigênese da infância,</p><p>A influência má dos signos do zodíaco.</p><p>Profundissimamente hipocondríaco,</p><p>Este ambiente me causa repugnância...</p><p>Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia</p><p>Que se escapa da boca de um cardíaco.</p><p>Já o verme — este operário das ruínas —</p><p>Que o sangue podre das carnificinas</p><p>Come, e à vida em geral declara guerra,</p><p>Anda a espreitar meus olhos para roê-los,</p><p>E há-de deixar-me apenas os cabelos,</p><p>Na frialdade inorgânica da terra!</p><p>Pneumotórax</p><p>Febre, hemop�se, dispneia e suores noturnos.</p><p>A vida inteira que poda ter sido e não foi.</p><p>4@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Tosse, tosse, tosse.</p><p>Mandou chamar o médico:</p><p>— Diga trinta e três.</p><p>— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...</p><p>— Respire.</p><p>— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o</p><p>pulmão direito infiltrado.</p><p>— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?</p><p>— Não. A única coisa a fazer é tocar umtango argen�no.</p><p>Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes</p><p>afirmações sobre os poemas.</p><p>(__) Os dois poemas tratam do problema da finitude do</p><p>corpo, corroído por doenças, u�lizando um vocabulário</p><p>técnico, pouco comum à poesia.</p><p>(__) O soneto de Augusto dos Anjos apresenta as</p><p>energias do universo, que se associam para formar o</p><p>“Eu”, e não conseguem evitar a decomposição do corpo.</p><p>(__) O poema de Manuel Bandeira mostra a fragilidade</p><p>do corpo, encarada de forma irônica, sem o tom grave de</p><p>conspiração encontrado em Augusto dos Anjos.</p><p>(__) Os dois poemas evidenciam o des�no</p><p>implacável da destruição do homem desde que nasce,</p><p>marcado pela presença dos vermes.</p><p>a) V - F - V - V.</p><p>b) F - V - F - F.</p><p>c) V - V - V - F.</p><p>d) F - F - V - V.</p><p>e) V - F - F - V.</p><p>L0139 - (Mackenzie)</p><p>“O planalto central do Brasil desce, nos litorais</p><p>do Sul, em 1escarpas inteiriças, altas e abruptas.</p><p>Assoberba os mares; e desata-se em chapadões</p><p>nivelados pelos visos das cordilheiras marí�mas,</p><p>distendidas do Rio Grande a Minas. 2Mas ao derivar para</p><p>as terras setentrionais diminui gradualmente de al�tude,</p><p>ao mesmo tempo que descamba para a costa oriental em</p><p>andares, ou repe�dos socalcos, que o despem da</p><p>primi�va grandeza afastando-o consideravelmente para o</p><p>interior.</p><p>De sorte que quem o contorna, seguindo para o</p><p>norte, observa notáveis mudanças de relevos: a princípio</p><p>o traço con�nuo e dominante das montanhas,</p><p>precintando-o, com destaque saliente, sobre a linha</p><p>projetante das praias, depois, no segmento de orla</p><p>marí�ma entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, um</p><p>aparelho litoral revolto, feito da envergadura</p><p>desar�culada das serras, riçado de cumeadas e corroído</p><p>de angras, e escancelando-se em baías, e repar�ndo-se</p><p>em ilhas, e desagregando-se em recifes desnudos, à</p><p>maneira de escombros do conflito secular que ali se trava</p><p>entre os mares e a terra; em seguida, transposto o 15º</p><p>paralelo, a atenuação de todos os acidentes — serranias</p><p>que se arredondam e suavizam as linhas dos taludes,</p><p>fracionadas em morros de encostas indis�ntas no</p><p>horizonte que se amplia; até que em plena faixa costeira</p><p>da Bahia, o olhar, livre dos anteparos de serras que até lá</p><p>o repulsam e abreviam, se dilata em cheio para o</p><p>ocidente, mergulhando no âmago da terra amplíssima</p><p>lentamente emergindo num ondear longínquo de</p><p>chapadas...</p><p>Este facies geográfico resume a morfogenia do</p><p>grande maciço con�nental.”</p><p>Euclides da Cunha, Os Sertões.</p><p>Assinale a alterna�va INCORRETA sobre o contexto</p><p>histórico e literário da prosa pré-modernista a que</p><p>pertence o fragmento de Os Sertões.</p><p>a) Os prosadores pré-modernistas produziram uma</p><p>literatura problema�zadora da realidade brasileira de</p><p>sua época.</p><p>b) Entre os temas pré-modernistas, está o</p><p>subdesenvolvimento do sertão nordes�no.</p><p>c) A inves�gação social presente na prosa pré-modernista</p><p>colabora para o aprofundamento do sen�mento</p><p>ufanista nacional.</p><p>d) A prosa da época é marcada por obras de análise e</p><p>interpretação social significa�vas para a literatura</p><p>brasileira.</p><p>e) O pré-modernismo antecipou formal ou</p><p>tema�camente prá�cas e ideias que foram</p><p>desenvolvidas pelos modernistas.</p><p>L0289 - (Unesp)</p><p>Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A</p><p>terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra</p><p>resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,</p><p>realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de</p><p>S. Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada</p><p>apenas em 1902.</p><p>Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de</p><p>1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de</p><p>um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,</p><p>encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro</p><p>irregular, onde as colinas se dispunham circulando um</p><p>vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes</p><p>viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores</p><p>ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum</p><p>velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,</p><p>uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.</p><p>O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo</p><p>chão e protegido por ela – braços largamente abertos,</p><p>face volvida para os céus – um soldado descansava.</p><p>Descansava... havia três meses.</p><p>5@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A</p><p>coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné</p><p>jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que</p><p>sucumbira em luta corpo a corpo com adversário</p><p>possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada</p><p>que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.</p><p>E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora</p><p>percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de</p><p>menos de um côvado de fundo em que eram jogados,</p><p>formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros</p><p>aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar</p><p>desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da</p><p>promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e</p><p>deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,</p><p>rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os</p><p>luares claros, para as estrelas fulgurantes...</p><p>E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara</p><p>conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a</p><p>ilusão exata de um lutador cansado,</p><p>retemperando-se em</p><p>tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem</p><p>um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da</p><p>matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da</p><p>vida sem decomposição repugnante, numa exaustão</p><p>impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo</p><p>absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.</p><p>(Os sertões, 2016.)</p><p>1 canhoneio: descarga de canhões.</p><p>2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom</p><p>verde-pálido e frutos bacáceos.</p><p>3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores</p><p>amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou</p><p>róseas, e bagas vermelhas.</p><p>4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von</p><p>Mannlicher.</p><p>A linguagem do texto pode ser caracterizada como</p><p>a) erudita e lacônica.</p><p>b) rebuscada e técnica.</p><p>c) coloquial e prolixa.</p><p>d) subje�va e informal.</p><p>e) hermé�ca e impessoal.</p><p>L0151 - (Enem)</p><p>Texto 1</p><p>O Morcego</p><p>Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.</p><p>Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:</p><p>Na bruta ardência orgânica da sede,</p><p>Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.</p><p>“Vou mandar levantar outra parede...”</p><p>Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho</p><p>E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,</p><p>Circularmente sobre a minha rede!</p><p>Pego de um pau. Esforços faço. Chego</p><p>A tocá-lo. Minh’alma se concentra.</p><p>Que ventre produziu tão feio parto?!</p><p>A Consciência Humana é este morcego!</p><p>Por mais que a gente faça, à noite, ele entra</p><p>Impercep�velmente em nosso quarto!</p><p>ANJOS, A. Obra completa.Rio de Janeiro: Aguilar, 1994.</p><p>Texto 2</p><p>O lugar-comum em que se converteu a imagem de um</p><p>poeta doen�o, com o gosto do macabro e do horroroso,</p><p>dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o</p><p>olhar clínico, o comportamento analí�co, até mesmo</p><p>certa frieza, certa impessoalidade cien�fica.</p><p>CUNHA, F. Roman�smo e modernidade na poesia.Rio de</p><p>Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado).</p><p>Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da</p><p>poé�ca de Augusto dos Anjos, o poema O</p><p>morcego apresenta-se, enquanto percepção do mundo,</p><p>como forma esté�ca capaz de</p><p>a) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos</p><p>banais são reves�dos na poesia.</p><p>b) expressar o caráter doen�o da sociedade moderna por</p><p>meio do gosto pelo macabro.</p><p>c) representar realis�camente as dificuldades do</p><p>co�diano sem associá-lo a reflexões de cunho</p><p>existencial.</p><p>d) abordar dilemas humanos universais a par�r de um</p><p>ponto de vista distanciado e analí�co acerca do</p><p>co�diano.</p><p>e) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de</p><p>elementos das histórias de horror e suspense na</p><p>estrutura lírica da poesia.</p><p>L0138 - (Acafe)</p><p>Em relação às escolas literárias, marque com V as</p><p>afirmações verdadeiras e com F as falsas.</p><p>(__) O Pré-Modernismo é um período de transição para o</p><p>Modernismo, representado no Brasil pelos escritores</p><p>Euclides da Cunha (autor de Os Sertões), Lima Barreto</p><p>(autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma), Graça</p><p>Aranha (autor de Canaã), entre outros.</p><p>(__) O Movimento Antropofágico foi uma corrente de</p><p>vanguarda que marca a primeira fase da era modernista</p><p>da literatura brasileira em 1922. Liderado por Mário de</p><p>Andrade (1893-1945) e pela pintora Anita Malfa� (1889-</p><p>1964), a finalidade principal era remodelar a cultura</p><p>nacional.</p><p>(__) O Tropicalismo é um movimento cultural do fim da</p><p>década de 60 que revoluciona a música popular</p><p>6@professorferretto @prof_ferretto</p><p>brasileira. É iniciado no lançamento das músicas “Alegria,</p><p>Alegria” de Caetano Veloso e “Domingo no Parque” de</p><p>Gilberto Gil, no Fes�val de MPB da TV Record em 1967.</p><p>Representa também uma certa ruptura com o</p><p>intelectualismo da Bossa Nova e um reflexo da resistência</p><p>à censura e à repressão, agravada após o AI-5 (1968).</p><p>(__) Tomás Antônio Gonzaga escreveu poesias líricas,</p><p>�picas do Barroco. Fez uso de linguagem rebuscada e</p><p>trabalhada ao extremo, usando muitos recursos</p><p>es�lís�cos, figuras de linguagem e sintaxe: hipérboles,</p><p>metáforas, an�teses e paradoxos.</p><p>(__) O Roman�smo brasileiro caracteriza-se, em sua</p><p>primeira fase, pelo indianismo e pelo nacionalismo, de</p><p>que serve de exemplo a citação a seguir, extraída do</p><p>romance Canção do Exílio, de Casimiro de Abreu: “Rumor</p><p>suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a</p><p>virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista</p><p>perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la está um</p><p>guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau</p><p>espírito da floresta.”</p><p>A sequência correta, de cima para baixo, é:</p><p>a) F - V - F - V - V.</p><p>b) V - F - V - F - F.</p><p>c) F - F - V - V - F.</p><p>d) V - V - F - F - V.</p><p>L0141 - (Enem)</p><p>A nossa emo�vidade literária só se interessa pelos</p><p>populares do sertão, unicamente porque são pitorescos e</p><p>talvez não se possa verificar a verdade de suas criações.</p><p>No mais é uma con�nuação do exame de português, uma</p><p>retórica mais di�cil, a se desenvolver por este tema</p><p>sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em</p><p>Petrópolis, que se casa com o Dr. Frederico. O</p><p>comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico,</p><p>apesar de doutor, não tem emprego. Dulce vai à</p><p>superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do</p><p>ministro, an�ga aluna do colégio, que arranja um</p><p>emprego para o rapaz. Está acabada a história. É preciso</p><p>não esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o pai</p><p>tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não pode dar</p><p>uma mesada grande.</p><p>Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o</p><p>tema de seu ciclo literário.</p><p>BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá.</p><p>Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 10</p><p>ago. 2017.</p><p>Situado num momento de transição, Lima Barreto</p><p>produziu uma literatura renovadora em diversos</p><p>aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na</p><p>a) releitura da importância do regionalismo.</p><p>b) ironia ao folhe�m da tradição român�ca.</p><p>c) desconstrução da formalidade parnasiana.</p><p>d) quebra da padronização do gênero narra�vo.</p><p>e) rejeição à classificação dos es�los de época.</p><p>L0140 - (Enem)</p><p>Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, funcionário</p><p>público, certo de que a língua portuguesa é emprestada</p><p>ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o</p><p>escrever em geral, sobretudo no campo das letras, se</p><p>veem na humilhante con�ngência de sofrer</p><p>con�nuamente censuras ásperas dos proprietários da</p><p>língua; sabendo, além, que, dentro do nosso país, os</p><p>autores e os escritores, com especialidade os gramá�cos,</p><p>não se entendem no tocante à correção grama�cal,</p><p>vendo-se, diariamente, surgir azedas polêmicas entre os</p><p>mais profundos estudiosos do nosso idioma – usando do</p><p>direito que lhe confere a Cons�tuição, vem pedir que o</p><p>Congresso Nacional decrete o tupi-guarani como língua</p><p>oficial e nacional do povo brasileiro.</p><p>BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível</p><p>em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 26 jun.</p><p>2012</p><p>Nessa pe�ção da pitoresca personagem do romance de</p><p>Lima Barreto, o uso da norma-padrão jus�fica-se pela</p><p>a) situação social de enunciação representada.</p><p>b) divergência teórica entre gramá�cos e literatos.</p><p>c) pouca representa�vidade das línguas indígenas.</p><p>d) a�tude irônica diante da língua dos colonizadores.</p><p>e) tenta�va de solicitação do documento demandado.</p><p>L0288 - (Unesp)</p><p>Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A</p><p>terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra</p><p>resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,</p><p>realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de</p><p>S. Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada</p><p>apenas em 1902.</p><p>Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de</p><p>1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de</p><p>um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,</p><p>encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro</p><p>irregular, onde as colinas se dispunham circulando um</p><p>vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes</p><p>viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores</p><p>ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum</p><p>velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,</p><p>uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.</p><p>7@professorferretto @prof_ferretto</p><p>O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo</p><p>chão e protegido por ela – braços largamente abertos,</p><p>face volvida para os céus – um soldado descansava.</p><p>Descansava... havia três meses.</p><p>Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A</p><p>coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné</p><p>jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que</p><p>sucumbira em luta corpo a corpo com adversário</p><p>possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada</p><p>que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.</p><p>E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora</p><p>percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de</p><p>menos de um côvado de fundo em que eram jogados,</p><p>formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros</p><p>aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar</p><p>desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da</p><p>promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e</p><p>deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,</p><p>rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os</p><p>luares claros, para as estrelas fulgurantes...</p><p>E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara</p><p>conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a</p><p>ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em</p><p>tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem</p><p>um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da</p><p>matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da</p><p>vida sem decomposição repugnante, numa exaustão</p><p>impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo</p><p>absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.</p><p>(Os sertões, 2016.)</p><p>1 canhoneio: descarga de canhões.</p><p>2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom</p><p>verde-pálido e frutos bacáceos.</p><p>3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores</p><p>amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou</p><p>róseas, e bagas vermelhas.</p><p>4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von</p><p>Mannlicher.</p><p>Anteriormente ao texto transcrito, Euclides da Cunha</p><p>menciona a existência de “higrômetros inesperados e</p><p>bizarros” na paisagem. Cons�tui exemplo de higrômetro</p><p>inesperado e bizarro no texto transcrito:</p><p>a) a disposição geográfica das colinas.</p><p>b) a ação dos vermes a decompor o cadáver.</p><p>c) o corpo abandonado do soldado.</p><p>d) a quixabeira solitária, cercada por vegetação franzina.</p><p>e) a secura extrema dos ares.</p><p>L0150 - (Unifesp)</p><p>Apóstrofe à carne</p><p>Quando eu pego nas carnes do meu rosto,</p><p>Pressinto o fim da orgânica batalha:</p><p>– Olhos que o húmus necrófago estraçalha,</p><p>Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto.</p><p>E o Homem – negro e heteróclito composto,</p><p>Onde a alva flama psíquica trabalha,</p><p>Desagrega-se e deixa na mortalha</p><p>O tacto, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto!</p><p>Carne, feixe de mônadas bastardas,</p><p>Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas,</p><p>A dardejar relampejantes brilhos,</p><p>Dói-me ver, muito embora a alma te acenda,</p><p>Em tua podridão a herança horrenda,</p><p>Que eu tenho de deixar para os meus filhos!</p><p>(Augusto dos Anjos. Obra completa, 1994.)</p><p>No plano formal, o poema é marcado por</p><p>a) versos brancos, linguagem obscena, rupturas</p><p>sintá�cas.</p><p>b) vocabulário seleto, rimas raras, aliterações.</p><p>c) vocabulário an�lírico, redondilhas, assonâncias.</p><p>d) assonâncias, versos decassílabos, versos sem rimas.</p><p>e) versos livres, rimas intercaladas, inversões sintá�cas.</p><p>L0142 - (Ufpr)</p><p>Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos,</p><p>de Lima Barreto:</p><p>Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive</p><p>uma grande parte da população da cidade, a cuja</p><p>existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre</p><p>atrozes impostos, empregados em obras inúteis e</p><p>suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro.</p><p>(Clara dos Anjos, p. 38.)</p><p>Com base no trecho selecionado e na leitura integral do</p><p>romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a</p><p>alterna�va correta.</p><p>8@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) O narrador é imparcial ao descrever os cenários do</p><p>subúrbio e de outros pontos da cidade, demonstrando</p><p>neutralidade na constatação das diferenças entre as</p><p>regiões.</p><p>b) O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de</p><p>modo idealizado, contribuindo para a construção de</p><p>uma visão, por vezes, roman�zada da pobreza.</p><p>c) O narrador disseca com rigor quase sociológico os</p><p>problemas polí�cos da época, citando fatos e</p><p>personagens históricos reais que se misturam à</p><p>narra�va.</p><p>d) O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando</p><p>a descrição pormenorizada do espaço �sico à</p><p>caracterização dos personagens que o habitam.</p><p>e) Os vários bairros e personagens que estão nos</p><p>arredores da linha férrea do trem urbano são descritos</p><p>como um conjunto indiferenciado, como se cada</p><p>bairro não �vesse sua caracterís�ca própria.</p><p>L0149 - (Enem)</p><p>Psicologia de um vencido</p><p>Eu, filho do carbono e do amoníaco,</p><p>Monstro de escuridão e ru�lância,</p><p>Sofro, desde a epigênesis da infância,</p><p>A influência má dos signos do zodíaco.</p><p>Profundíssimamente hipocondríaco,</p><p>Este ambiente me causa repugnância…</p><p>Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia</p><p>Que se escapa da boca de um cardíaco.</p><p>Já o verme — este operário das ruínas —</p><p>Que o sangue podre das carnificinas</p><p>Come, e à vida em geral declara guerra,</p><p>Anda a espreitar meus olhos para roê-los,</p><p>E há de deixar-me apenas os cabelos,</p><p>Na frialdade inorgânica da terra!</p><p>ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,</p><p>1994.</p><p>A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma</p><p>literatura de transição designada como pré-modernista.</p><p>Com relação à poé�ca e à abordagem temá�ca presentes</p><p>no soneto, iden�ficam-se marcas dessa literatura de</p><p>transição, como</p><p>a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença</p><p>de rimas e o vocabulário requintado, além do</p><p>ce�cismo, que antecipam conceitos esté�cos vigentes</p><p>no Modernismo.</p><p>b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia</p><p>simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro</p><p>de escuridão e ru�lância” e “influência má dos signos</p><p>do zodíaco”.</p><p>c) a seleção lexical emprestada ao cien�ficismo, como se</p><p>lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e</p><p>“frialdade inorgânica”, que res�tui a visão naturalista</p><p>do homem.</p><p>d) a manutenção de elementos formais vinculados à</p><p>esté�ca do Parnasianismo e do Simbolismo,</p><p>dimensionada pela inovação na expressividade</p><p>poé�ca, e o desconcerto existencial.</p><p>e) a ênfase no processo de construção de uma poesia</p><p>descri�va e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora</p><p>valores morais e cien�ficos mais tarde renovados</p><p>pelos modernistas.</p><p>L0147 - (Mackenzie)</p><p>Poema de Finados</p><p>Amanhã que é dia dos mortos</p><p>Vai ao cemitério. Vai</p><p>E procura entre as sepulturas</p><p>A sepultura de meu pai.</p><p>Leva três rosas bem bonitas.</p><p>Ajoelha e reza uma oração.</p><p>Não pelo pai, mas pelo filho:</p><p>O filho tem mais precisão.</p><p>O que resta de mim na vida</p><p>É a amargura do que sofri.</p><p>Pois nada quero, nada espero.</p><p>E em verdade estou morto ali.</p><p>Manuel Bandeira</p><p>Versos a um coveiro</p><p>Numerar sepulturas e carneiros,</p><p>Reduzir carnes podres a algarismos,</p><p>Tal é, sem complicados silogismos,</p><p>A aritmé�ca hedionda dos coveiros!</p><p>Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos</p><p>Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros,</p><p>Na progressão dos números inteiros</p><p>A gênese de todos os abismos!</p><p>Oh! Pitágoras da úl�ma aritmé�ca,</p><p>9@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Con�nua a contar na paz ascé�ca</p><p>Dos tábidos carneiros sepulcrais</p><p>Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros,</p><p>Porque, infinita como os próprios números</p><p>A tua conta não acaba mais!</p><p>Augusto dos Anjos</p><p>Vocabulário:</p><p>Carneiros – criptas, subterrâneos sepulcrais</p><p>Fúlgidos – brilhantes</p><p>Ascé�ca – próprio do asceta, de quem se entrega a</p><p>prá�cas espirituais, levando vida contempla�va</p><p>Tábitos – pobres, corruptos</p><p>Tíbias – ossos que cons�tuem a perna</p><p>Rádios – ossos que cons�tuem o antebraço</p><p>Úmeros – ossos que vão do cotovelo ao ombro</p><p>Pai contra mãe (fragmento)</p><p>Houve aqui luta, porque a escrava, gemendo, arrastava-</p><p>se a si e ao filho. 1Quem passava ou estava à porta de</p><p>uma loja, compreendia o que era e naturalmente não</p><p>acudia. Arminda ia alegando que o senhor era muito</p><p>mau, e provavelmente a cas�garia com açoutes, – cousa</p><p>que, no estado em que ela estava, seria pior de sen�r.</p><p>Com certeza, ele lhe mandaria dar açoutes.</p><p>— Você é que tem culpa. Quem lhe manda fazer filhos e</p><p>fugir depois? perguntou</p><p>Cândido Neves.</p><p>2Não estava em maré de riso, por causa do filho que lá</p><p>ficara na farmácia, à espera dele. Também é certo que</p><p>não costumava dizer grandes cousas. Foi arrastando a</p><p>escrava pela Rua dos Ourives, em direção à da Alfândega,</p><p>onde residia o senhor. Na esquina desta a luta cresceu; a</p><p>escrava pôs os pés à parede, recuou com grande esforço,</p><p>inu�lmente. 3O que alcançou foi, apesar de ser a casa</p><p>próxima, gastar mais tempo em lá chegar do que devera.</p><p>Chegou, enfim, arrastada, desesperada, arquejando.</p><p>Ainda ali ajoelhou-se, mas em vão. O senhor estava em</p><p>casa, acudiu ao chamado e ao rumor.</p><p>— Aqui está a fujona, disse Cândido Neves.</p><p>— É ela mesma.</p><p>— 4Meu senhor!</p><p>— Anda, entra...</p><p>Arminda caiu no corredor. Ali mesmo o senhor da escrava</p><p>abriu a carteira e �rou os cem mil-réis de gra�ficação.</p><p>Cândido Neves guardou as duas notas de cinquenta mil-</p><p>réis, enquanto o senhor novamente dizia à escrava que</p><p>entrasse. No chão, onde jazia levada do medo e da</p><p>dor, 5e após algum tempo de luta a escrava abortou.</p><p>O fruto de algum tempo entrou sem vida neste mundo,</p><p>entre os gemidos da mãe e os gestos de desespero do</p><p>dono.</p><p>Machado de Assis</p><p>A par�r dos três autores selecionados, considere as</p><p>seguintes afirmações:</p><p>I. Manuel Bandeira foi poeta determinante na idealização</p><p>e na organização da Semana de Arte Moderna de 1922.</p><p>II. Augusto dos Anjos, em função de sua perfeição</p><p>métrica e rítmica, é considerado um dos expoentes da</p><p>tríade parnasiana.</p><p>III. Machado de Assis abandonou a prosa român�ca para</p><p>desenvolver as digressões textuais, caracterís�ca</p><p>fundadora da prosa realista.</p><p>Assinale a alterna�va correta.</p><p>a) Estão corretas as afirmações I e II.</p><p>b) Estão corretas as afirmações II e III.</p><p>c) Estão corretas as afirmações I e III.</p><p>d) Todas as afirmações estão corretas.</p><p>e) Nenhuma das afirmações está correta.</p><p>L0298 - (Unesp)</p><p>Leia a crônica “A obra-prima”, de Lima Barreto, publicada</p><p>na revista Careta em 25.09.1915.</p><p>Marco Aurélio de Jesus, dono de um grande talento</p><p>e senhor de um sólido saber, resolveu certa vez escrever</p><p>uma obra sobre filologia.</p><p>Seria, certo, a obra-prima ansiosamente esperada e</p><p>que daria ao espírito inculto dos brasileiros as noções</p><p>exatas da língua portuguesa. Trabalhou durante três</p><p>anos, com esforço e sabiamente. Tinha preparado o seu</p><p>livro que viria trazer à confusão, à dificuldade de hoje, o</p><p>saber de amanhã. Era uma obra-prima pelas</p><p>generalizações e pelos exemplos.</p><p>A quem dedicá-la? Como dedicá-la? E o prefácio?</p><p>E Marco Aurélio resolve meditar. Ao fim de igual</p><p>tempo havia resolvido o di�cil problema.</p><p>A obra seria, segundo o velho hábito, precedida de</p><p>“duas palavras ao leitor” e levaria, como demonstração</p><p>de sua submissão intelectual, uma dedicatória.</p><p>Mas “duas palavras”, quando seriam centenas as</p><p>que escreveria? Não. E Marco Aurélio contou as “duas</p><p>palavras” uma a uma. Eram duzentas e uma e, em um</p><p>lance único, genial, destacou em relevo, ao alto da página</p><p>“duzentas e uma palavras ao leitor”.</p><p>E a dedicatória? A dedicatória, como todas as</p><p>dedicatórias, seria a “pálida homenagem” de seu talento</p><p>ao espírito amigo que lhe ensinara a pensar…</p><p>Mas “pálida homenagem”… Professor, autor de um</p><p>livro de filologia, cair na vulgaridade da expressão</p><p>10@professorferretto @prof_ferretto</p><p>comum: “pálida homenagem”? Não. E pensou. E de sua</p><p>grave meditação, de seu profundo pensamento, saiu a</p><p>frase límpida, a grande frase que definia a sua ideia da</p><p>expressão e, num gesto, sulcou o alto da página de oferta</p><p>com a frase sublime: “lívida homenagem do autor”…</p><p>Está aí como um grande gramá�co faz uma obra-</p><p>prima. Leiam-na e verão como a coisa é bela.</p><p>(Sá�ras e outras subversões, 2016.)</p><p>O cronista traça um retrato do gramá�co Marco Aurélio,</p><p>evidenciando, sobretudo, a sua</p><p>a) ambiguidade.</p><p>b) informalidade.</p><p>c) concisão.</p><p>d) afetação.</p><p>e) me�culosidade.</p><p>L0366 - (Enem PPL)</p><p>A nossa emo�vidade literária só se interessa pelos</p><p>populares do sertão, unicamente porque são pitorescos e</p><p>talvez não se possa verificar a verdade de suas criações.</p><p>No mais é uma con�nuação do exame de português, uma</p><p>retórica mais di�cil, a se desenvolver por este tema</p><p>sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em</p><p>Petrópolis, que se casa com o Dr. Frederico. O</p><p>comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico,</p><p>apesar de doutor, não tem emprego. Dulce vai à</p><p>superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do</p><p>ministro, an�ga aluna do colégio, que arranja um</p><p>emprego para o rapaz. Está acabada a história. É preciso</p><p>não esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o pai</p><p>tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não pode dar</p><p>uma mesada grande.</p><p>Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o</p><p>tema de seu ciclo literário.</p><p>BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá.</p><p>Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 10</p><p>ago. 2017.</p><p>Situado num momento de transição, Lima Barreto</p><p>produziu uma literatura renovadora em diversos</p><p>aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na</p><p>a) releitura da importância do regionalismo.</p><p>b) ironia ao folhe�m da tradição român�ca.</p><p>c) desconstrução da formalidade parnasiana.</p><p>d) quebra da padronização do gênero narra�vo.</p><p>e) rejeição à classificação dos es�los de época.</p><p>L0392 - (Enem PPL)</p><p>O grande hall do hotel estava repleto. [...] Os criados</p><p>passavam apressados, erguendo numa azáfama os pratos</p><p>de metal. Ao alto, os ven�ladores faziam um rumor de</p><p>colmeias. Senhoras e cavalheiros, perfeitamente felizes,</p><p>as senhoras quase todas com largos boás de plumas</p><p>brancas, chalravam e sorriam. Estávamos bem na bizarra</p><p>sociedade de entalhe que é o escol dos hotéis. Alta,</p><p>longa, comprida, com uma cintura de esmaltes</p><p>translúcidos e o ar empoado de uma ín�ma do general</p><p>Lafaye�e, a escritora americana cuja admiração por</p><p>Gonçalves Dias chegara a fazê-la estudar e propagar o</p><p>Brasil, mas�gava gravemente. Logo ao lado, um grupo de</p><p>engenheiros, também americanos, bebia, com</p><p>gargalhadas brutais e decerto inconvenientes,</p><p>champanhe Mumm. [...] De vez em quando parava à</p><p>porta um novo hóspede, hesitava, percorria com o olhar</p><p>a extensa fila de mesas onde o debinage se acalorava. A</p><p>um canto, Mlles. Peres, filhas de um rico</p><p>argen�no, yatch-recorderman nas horas vagas e</p><p>vendedor de gado nas outras, perlavam risadinhas de</p><p>flerte para o solitário e divino Alberto Guerra, seguro dos</p><p>seus bíceps, dos seus brilhantes e quiçá dos seus versos.</p><p>JOÃO DO RIO. Dentro da noite. São Paulo: An�qua, 2002</p><p>(fragmento).</p><p>Nessa descrição, o narrador traça um panorama</p><p>sociocultural das primeiras décadas do século XX. Sua</p><p>perspec�va revela uma</p><p>a) percepção irônica da importação de valores e</p><p>modismos.</p><p>b) euforia generalizada com as facilidades da</p><p>modernidade.</p><p>c) visão o�mista sobre as a�tudes da mulher</p><p>emancipada.</p><p>d) adesão propagandís�ca aos gostos burgueses e ao</p><p>luxo.</p><p>e) preocupação nacionalista com a integridade da língua.</p><p>L0393 - (Enem PPL)</p><p>O corrupião</p><p>Escaveirado corrupião idiota,</p><p>Olha a atmosfera livre, o amplo éter belo,</p><p>E a alga criptógama e a úsnea e o cogumelo,</p><p>Que do fundo do chão todo o ano brota!</p><p>Mas a ânsia de alto voar, de à an�ga rota</p><p>Voar, não tens mais! E pois, preto e amarelo,</p><p>Pões-te a assobiar, bruto, sem cerebelo</p><p>A gargalhada da úl�ma derrota!</p><p>A gaiola aboliu tua vontade.</p><p>Tu nunca mais verás a liberdade!...</p><p>Ah! Tu somente ainda és igual a mim.</p><p>Con�nua a comer teu milho alpiste.</p><p>11@professorferretto @prof_ferretto</p><p>Foi este mundo que me fez tão triste,</p><p>Foi a gaiola que te pôs assim!</p><p>ANJOS, A. Eu e outras poesias. Disponível em:</p><p>www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 30 out. 2021.</p><p>Nesse soneto, a imagem e o comportamento do pássaro</p><p>são u�lizados pelo eu lírico para metaforizar o</p><p>a) sofrimento provocado pela solidão.</p><p>b) ins�nto de revolta perante as injus�ças.</p><p>c) contraste entre natureza e civilização.</p><p>d) declínio relacionado ao envelhecimento.</p><p>e) gesto de resignação ante as privações diárias.</p><p>L0405 - (Enem PPL)</p><p>Chamou-me o bragan�no e levou-me pelos</p><p>corredores e pá�os até ao hospício propriamente. Aí é</p><p>que percebi que ficava e onde, na seção, na de</p><p>indigentes, aquela em</p><p>que a imagem do que a Desgraça</p><p>pode sobre a vida dos homens é mais formidável. O</p><p>mobiliário, o vestuário das camas, as camas, tudo é de</p><p>uma pobreza sem par. Sem fazer monopólio, os loucos</p><p>são da proveniência mais diversa, originando-se em geral</p><p>das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de</p><p>imigrantes italianos, portugueses e outros mais exó�cos,</p><p>são os negros roceiros, que teimam em dormir pelos</p><p>desvãos das janelas sobre uma esteira esmolambada e</p><p>uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de</p><p>cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos</p><p>com educação, mas que a falta de recursos e proteção</p><p>a�ra naquela geena social.</p><p>BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério dos vivos.</p><p>São Paulo: Cosac & Naify, 2010.</p><p>No relato de sua experiência no sanatório onde foi</p><p>interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e</p><p>humana marcada pela exclusão. Em seu testemunho,</p><p>essa reclusão demarca uma</p><p>a) medida necessária de intervenção terapêu�ca.</p><p>b) forma de punição indireta aos hábitos desregrados.</p><p>c) compensação para as desgraças dos indivíduos.</p><p>d) oportunidade de ressocialização em um novo</p><p>ambiente.</p><p>e) conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e</p><p>periféricos.</p><p>L0471 - (Unesp)</p><p>Leia o texto extraído da primeira parte, in�tulada “A</p><p>terra”, da obra Os sertões, de Euclides da Cunha. A obra</p><p>resultou da cobertura jornalís�ca da Guerra de Canudos,</p><p>realizada por Euclides da Cunha para o jornal O Estado de</p><p>S.Paulo de agosto a outubro de 1897, e foi publicada</p><p>apenas em 1902.</p><p>Percorrendo certa vez, nos fins de setembro [de</p><p>1897], as cercanias de Canudos, fugindo à monotonia de</p><p>um canhoneio1 frouxo de �ros espaçados e soturnos,</p><p>encontramos, no descer de uma encosta, anfiteatro</p><p>irregular, onde as colinas se dispunham circulando um</p><p>vale único. Pequenos arbustos, icozeiros2 virentes</p><p>viçando em tufos intermeados de palmatórias3 de flores</p><p>ru�lantes, davam ao lugar a aparência exata de algum</p><p>velho jardim em abandono. Ao lado uma árvore única,</p><p>uma quixabeira alta, sobranceando a vegetação franzina.</p><p>O sol poente desatava, longa, a sua sombra pelo chão</p><p>e protegido por ela – braços largamente abertos, face</p><p>volvida para os céus – um soldado descansava.</p><p>Descansava... havia três meses.</p><p>Morrera no assalto de 18 de julho [de 1897]. A</p><p>coronha da Mannlicher4 estrondada, o cinturão e o boné</p><p>jogados a uma banda, e a farda em �ras, diziam que</p><p>sucumbira em luta corpo a corpo com adversário</p><p>possante. Caíra, certo, derreando-se à violenta pancada</p><p>que lhe sulcara a fronte, manchada de uma escara preta.</p><p>E ao enterrarem-se, dias depois, os mortos, não fora</p><p>percebido. Não compar�ra, por isto, a vala comum de</p><p>menos de um côvado de fundo em que eram jogados,</p><p>formando pela úl�ma vez juntos, os companheiros</p><p>aba�dos na batalha. O des�no que o removera do lar</p><p>desprotegido fizera-lhe afinal uma concessão: livrara-o da</p><p>promiscuidade lúgubre de um fosso repugnante; e</p><p>deixara-o ali há três meses – braços largamente abertos,</p><p>rosto voltado para os céus, para os sóis ardentes, para os</p><p>luares claros, para as estrelas fulgurantes...</p><p>E estava intacto. Murchara apenas. Mumificara</p><p>conservando os traços fisionômicos, de modo a incu�r a</p><p>ilusão exata de um lutador cansado, retemperando-se em</p><p>tranquilo sono, à sombra daquela árvore benfazeja. Nem</p><p>um verme – o mais vulgar dos trágicos analistas da</p><p>matéria – lhe maculara os tecidos. Volvia ao turbilhão da</p><p>vida sem decomposição repugnante, numa exaustão</p><p>impercep�vel. Era um aparelho revelando de modo</p><p>absoluto, mas suges�vo, a secura extrema dos ares.</p><p>(Os sertões, 2016.)</p><p>1 canhoneio: descarga de canhões.</p><p>2 icozeiro: arbusto de folhas coriáceas, flores de tom</p><p>verde-pálido e frutos bacáceos.</p><p>3 palmatória: planta da família das cactáceas, de flores</p><p>amarelo-esverdeadas, com a parte inferior vermelha, ou</p><p>róseas, e bagas vermelhas.</p><p>4 Mannlicher: rifle projetado por Ferdinand Ri�er von</p><p>Mannlicher.</p><p>Anteriormente ao texto transcrito, Euclides da Cunha</p><p>menciona a existência de “higrômetros inesperados e</p><p>12@professorferretto @prof_ferretto</p><p>bizarros” na paisagem. Cons�tui exemplo de higrômetro</p><p>inesperado e bizarro no texto transcrito:</p><p>a) a disposição geográfica das colinas .</p><p>b) a ação dos vermes a decompor o cadáver.</p><p>c) o corpo abandonado do soldado.</p><p>d) a quixabeira solitária, cercada por vegetação</p><p>franzina.</p><p>e) a secura extrema dos ares.</p><p>L0518 - (Unesp)</p><p>Trata-se de uma obra híbrida que transita entre a</p><p>literatura, a história e a ciência, ao unir a perspec�va</p><p>cien�fica, de base naturalista e evolucionista, à</p><p>construção literária, marcada pelo fatalismo trágico e por</p><p>uma visão român�ca da natureza. Seu autor recorreu a</p><p>formas de ficção, como a tragédia e a epopeia, para</p><p>compreender o horror da guerra e inserir os fatos em um</p><p>enredo capaz de ultrapassar a sua significação par�cular.</p><p>(Roberto Ventura. “Introdução”. In: Silviano San�ago</p><p>(org.). Intérpretes do Brasil, vol. 1, 2000. Adaptado.)</p><p>Tal comentário crí�co aplica-se à obra</p><p>a) Capitães da Areia, de Jorge Amado.</p><p>b) Vidas secas, de Graciliano Ramos.</p><p>c) Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto.</p><p>d) Os sertões, de Euclides da Cunha.</p><p>e) Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.</p><p>13@professorferretto @prof_ferretto</p>

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