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Questões resolvidas

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Texto Poético, Intertextualidade e Interdiscursividade
IT0142 - (Enem)
An�ode
 
Poesia, não será esse
o sen�do em que
ainda te escrevo:
 
flor! (Te escrevo:
flor! Não uma
flor, nem aquela
flor-virtude – em
disfarçados urinóis).
 
Flor é a palavra
flor; verso inscrito
no verso, como as
manhãs no tempo.
 
Flor é o salto
da ave para o voo:
o salto fora do sono
quando seu tecido
se rompe; é uma explosão
posta a funcionar,
como uma máquina,
uma jarra de flores.
MELO NETO, J. C. Psicologia da composição.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).
 
A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da
linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse
fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da
geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação
poé�ca de 
a) uma palavra, a par�r de imagens com as quais ela
pode ser comparada, a fim de assumir novos
significados. 
b) um urinol, em referência às artes visuais ligadas às
vanguardas do início do século XX. 
c) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma
imagem historicamente ligada à palavra poé�ca. 
d) uma máquina, levando em consideração a relevância
do discurso técnico-cien�fico pós-Revolução
Industrial. 
e) um tecido, visto que sua composição depende de
elementos intrínsecos ao eu lírico. 
IT0125 - (Enem)
Falso moralista
 
Você condena o que a moçada anda fazendo
e não aceita o teatro de revista
arte moderna pra você não vale nada
e até vedete você diz não ser ar�sta
 
Você se julga um tanto bom e até perfeito
Por qualquer coisa deita logo falação
Mas eu conheço bem o seu defeito
e não vou fazer segredo não
 
Você é visto toda sexta no Joá
e não é só no Carnaval que vai pros bailes se acabar
Fim de semana você deixa a companheira
e no bar com os amigos bebe bem a noite inteira
 
Segunda-feira chega na repar�ção
pede dispensa para ir ao oculista
e vai curar sua ressaca simplesmente
Você não passa de um falso moralista
NELSON SARGENTO. Sonho de um sambista. São Paulo:
Eldorado, 1979.
 
As letras de samba normalmente se caracterizam por
apresentarem marcas informais do uso da língua. Nessa
letra de Nelson Sargento, são exemplos dessas marcas 
1@professorferretto @prof_ferretto
a) “falação” e “pros bailes”. 
b) “você” e “teatro de revista”. 
c) “perfeito” e “Carnaval”. 
d) “bebe bem” e “oculista”. 
e) “curar” e “falso moralista”.
IT0134 - (Enem)
O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a
imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás
de casa.
Passou um homem e disse: Essa volta que o
rio faz por trás de sua casa se chama enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que
fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.
BARROS, M. O livro das ignorãças. Rio de Janeiro; Best
Seller. 2008.
 
O sujeito poé�co ques�ona o uso do vocábulo “enseada”
porque a 
a) terminologia mencionada é incorreta. 
b) nomeação minimiza a percepção subje�va. 
c) palavra é aplicada a outro espaço geográfico. 
d) designação atribuída ao termo é desconhecida. 
e) definição modifica o significado do termo no
dicionário. 
IT0138 - (Enem)
As atrizes
Naturalmente
Ela sorria
Mas não me dava trela
Trocava a roupa
Na minha frente
E ia bailar sem mais aquela
Escolhia qualquer um
Lançava olhares
Debaixo do meu nariz
Dançava colada
Em novos pares
Com um pé atrás
Com um pé a fim
Surgiram outras
Naturalmente
Sem nem olhar a minha cara
Tomavam banho
Na minha frente
Para sair com outro cara
Porém nunca me importei
Com tais amantes
[...]
Com tantos filmes
Na minha mente
É natural que toda atriz
Presentemente represente
Muito para mim
CHICO BUARQUE. Carioca. Rio de Janeiro: Biscoito Fino,
2006 (fragmento).
 
Na canção, Chico Buarque trabalha uma determinada
função da linguagem para marcar a subje�vidade do eu
lírico ante as atrizes que ele admira. A intensidade dessa
admiração está marcada em: 
a) “Naturalmente/ Ela sorria/ Mas não me dava trela”. 
b) “Tomavam banho/ Na minha frente/ Para sair com
outro cara”. 
c) “Surgiram outras/ Naturalmente/ Sem nem olhar a
minha cara”. 
d) “Escolhia qualquer um/ Lançava olhares/ Debaixo do
meu nariz”. 
e) “É natural que toda atriz/ Presentemente represente/
Muito para mim”. 
IT0139 - (Enem)
TEXTO I
 
Terezinha de Jesus
De uma queda foi ao chão
Acudiu três cavalheiros
Todos os três de chapéu na mão
 
O primeiro foi seu pai
O segundo, seu irmão
O terceiro foi aquele
A quem Tereza deu a mão
BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro
da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).
 
TEXTO II
 
Outra interpretação é feita e par�r das condições sociais
daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem
cantava a can�ga, e música falava do casamento como
um des�no natural na vida da mulher, na sociedade
brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A
música prepara a moça para o seu des�no não apenas
inexorável, mas desejável; o casamento, estabelecendo
uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho,
marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua
vida.
Disponível em: h�p://provsjose.blogspot.com.br. Acesso
em: 5 dez. 2012.
 
2@professorferretto @prof_ferretto
O comentário do Texto II sobre o Texto I evoca a
mobilização da língua oral que, em determinados
contextos, 
a) assegura existência de pensamentos contrários à
ordem vigente. 
b) mantém a heterogeneidade das formas de relações
sociais. 
c) conserva a influência sobre certas culturas. 
d) preserva a diversidade cultural e comportamental. 
e) reforça comportamentos e padrões culturais. 
IT0124 - (Enem)
Sinhá
 
Se a dona se banhou
Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor
Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça
Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça
Nem enxergo bem
 
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
[…]
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me �ra a luz.
CHICO BUAROUE; JOÃO BOSCO. Chico. Rio de Janeiro:
Biscoito Fino, 2011 (fragmento).
 
No fragmento da letra da canção, o vocabulário
empregado e a situação retratada são relevantes para o
patrimônio linguís�co e iden�tário do país, na medida
em que 
a) remetem à violência �sica e simbólica contra os povos
escravizados. 
b) valorizam as influências da cultura africana sobre a
música nacional. 
c) rela�vizam o sincre�smo cons�tu�vo das prá�cas
religiosas brasileiras. 
d) narram os infortúnios da relação amorosa entre
membros de classes sociais diferentes. 
e) problema�zam as diferentes visões de mundo na
sociedade durante o período colonial.
IT0145 - (Enem)
Querido diário
 
Hoje topei com alguns conhecidos meus
Me dão bom-dia, cheios de carinho
Dizem para eu ter muita luz, ficar com Deus
Eles têm pena de eu viver sozinho
[...]
Hoje o inimigo veio me espreitar
Armou tocaia lá na curva do rio
Trouxe um porrete a mó de me quebrar
Mas eu não quebro porque sou macio, viu
HOLANDA, C. B. Chico. Rio de Janeiro:
Biscoito Fino, 2013 (fragmento).
 
Uma caracterís�ca do gênero diário que aparece na letra
da canção de Chico Buarque é o(a) 
a) diálogo com interlocutores próximos. 
b) recorrência de verbos no infini�vo. 
c) predominância de tom poé�co. 
d) uso de rimas na composição. 
e) narra�va autorreflexiva. 
IT0146 - (Enem)
Primeira lição
 
Os gêneros de poesia são: lírico, sa�rico, didá�co, épico,
ligeiro.
O gênero lírico compreende o lirismo.
Lirismo é a tradução de um sen�mento subje�vo, sincero
e pessoal.
É a linguagem do coração, do amor.
O lirismo é assim denominado porque em outros tempos
os versos sen�mentais eram declamados ao som da lira.
O lirismo pode ser:
a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase
sempre a morte. 
b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.
c) Eró�co, quando versa sobre o amor.
3@professorferretto @prof_ferretto
O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a
endecha, o epitáfio e o epicédio.
Elegia é uma poesia que trata de assuntosfitemos o seu
curso e
aprendamos
Que a
vida
passa, e
não
estamos
de mãos
enlaçadas.
(Enlacemos
as mãos.)
IT0859 - (Unesp)
Leia o trecho do conto “A menina, as aves e o sangue”, do
escritor moçambicano Mia Couto (1955– ).
 
Aconteceu, certa vez, uma menina a quem o coração
ba�a só de quando em enquantos. A mãe sabia que o
sangue estava parado pelo roxo dos lábios, palidez nas
unhas. Se o coração estancava por demasia de tempo a
menina começava a esfriar e se cansava muito. A mãe,
então, se afligia: roía o dedo e deixava a unha intacta. Até
que o peito da filha voltava a dar sinal:
– Mãe, venha ouvir: está a bater!
A mãe acorria, debruçando a orelha sobre o peito
estreito que soletrava pulsação. E pareciam, as duas,
presenciando pingo de água em pleno deserto. Depois, o
sangue dela voltava a calar, resina empurrando a
arrastosa vida.
25@professorferretto @prof_ferretto
Até que, certa noite, a mulher ganhou para o susto.
Foi quando ela escutou os pássaros. Sentou na cama: não
eram só piares, chilreinações. Eram rumores de asas,
brancos drapejos de plumas. A mãe se ergueu, pé
descalço pelo corredor. Foi ao quarto da menina e
joelhou-se junto ao leito. Sen�u a transpiração,
reconheceu o seu próprio cheiro. Quando lhe ia tocar na
fronte a menina despertou:
– Mãe, que bom, me acordou! Eu estava sonhar
pássaros.
A mãe sor�u-se de medo, aconchegou o lençol como
se protegesse a filha de uma maldição. Ao tocar no lençol
uma pena se desprendeu e subiu, levinha, volteando pelo
ar. A menina suspirou e a pluma, algodão em asa, de
novo se ergueu, rodopiando por alturas do tecto. A mãe
tentou apanhar a errante plumagem. Em vão, a pena saiu
voando pela janela. A senhora ficou espreitando a noite,
na ilusão de escutar a voz de um pássaro. Depois, re�rou-
se, adentrando-se na solidão do seu quarto. Dos pássaros
selou-se o segredo, só entre as duas.[...]
Com o tempo, porém, cada vez menos o coração se
fazia frequente. Quase deixou de dar sinais à vida. Até
que essa imobilidade se prolongou por consecu�vas
demoras. A menina falecera? Não se vislumbravam sinais
dessa derradeiragem. Pois ela seguia pra�cando
vivências, brincando, sempre cansadinha, resfriorenta.
Uma só diferença se contava. Já à noite a mãe não
escutava os piares.
– Agora não sonha, filha?
– Ai mãe, está tão escuro no meu sonho!
Só então a mãe arrepiou decisão e foi à cidade:
– Doutor, lhe respeito a permissão: queria saber a
saúde de minha única. É seu peito... nunca mais deu
sinal.
O médico corrigiu os óculos como se entendesse
rec�ficar a própria visão. Clareou a voz, para melhor se
autorizar. E disse:
– Senhora, vou dizer: a sua menina já morreu.
– Morta, a minha menina? Mas, assim...?
– Esta é a sua maneira de estar morta.
A senhora escutou, mãos juntas, na educação do colo.
Anuindo com o queixo, ia esbugolhando o médico. Todo
seu corpo dizia sim, mas ela, dentro do seu centro,
duvidava. Pode-se morrer assim com tanta leveza, que
nem se nota a re�rada da vida? E o médico, lhe
amparando, já na porta:
– Não se entristonhe, a morte é o fim sem finalidade.
A mãe regressou à casa e encontrou a filha entoando
danças, cantarolando canções que nem existem. Se
chegou a ela, tocou-lhe como se a miúda inexis�sse. A
sua pele não desprendia calor.
– Então, minha querida não escutou nada?
Ela negou. A mãe percorreu o quarto, vasculhou
recantos. Buscava uma pena, o sinal de um pássaro. Mas
nada não encontrou. E assim, ficou sendo, então e
adiante.
Cada vez mais fria, a moça brinca, se aquece na
torreira do sol. Quando acorda, manhã alta, encontra
flores que a mãe depositou ao pé da cama. Ao fim da
tarde, as duas, mãe e filha, passeiam pela praça e os
velhos descobrem a cabeça em sinal de respeito.
E o caso se vai seguindo, estória sem história. Uma
única, silenciosa, sombra se instalou: de noite, a mãe
deixou de dormir. Horas a fio a sua cabeça anda em
serviço de escutar, a ver se regressam as vozearias das
aves.
(Mia Couto. A menina sem palavra, 2013.)
 
A linguagem poé�ca, o emprego de neologismos e as
marcas de oralidade, que podem ser iden�ficados no
texto de Mia Couto, caracterizam também a prosa do
seguinte escritor brasileiro:
a) Guimarães Rosa.
b) Graciliano Ramos.
c) Machado de Assis.
d) Euclides da Cunha.
e) Aluísio de Azevedo.
IT0861 - (Unesp)
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a
cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696).
 
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
 
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
 
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres",
Posta nas palmas toda a picardia,
 
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
 
1 Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de
Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam
com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
 
O soneto de Gregório de Matos cons�tui um exemplo da
sua poesia de teor
26@professorferretto @prof_ferretto
a) nostálgico.
b) sa�rico.
c) metalinguís�co.
d) mís�co.
e) encomiás�co.
IT0862 - (Unesp)
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a
cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696).
 
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
 
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
 
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres",
Posta nas palmas toda a picardia,
 
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
 
1 Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de
Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam
com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
 
No soneto, o eu lírico enraíza na cidade da Bahia a
figuração tradicional do desconcerto do mundo. No
quadro da economia colonial, esse desconcerto do
mundo mostra-se associado a um momento crí�co da
produção
a) do açúcar.
b) da borracha.
c) do ouro.
d) do café.
e) do algodão.
IT0863 - (Unesp)
Leia o soneto “Descreve o que era naquele tempo a
cidade da Bahia”, do poeta Gregório de Matos (1636-
1696).
 
A cada canto um grande conselheiro,
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha,
E podem governar o mundo inteiro.
 
Em cada porta um bem frequente olheiro,
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,
Para o levar à praça e ao terreiro.
 
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres",
Posta nas palmas toda a picardia,
 
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres:
E eis aqui a cidade da Bahia.
(Gregório de Matos. Poemas escolhidos, 2010.)
 
1 Trazidos sob os pés os homens nobres: na visão de
Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam
com esperteza os verdadeiros “homens nobres”.
 
No soneto, verifica-se rima entre palavras de classes
grama�cais diferentes
a) em “vizinha”/“esquadrinha” (2ª estrofe) e em
“nobres”/“pobres” (3ª/4ª estrofes).
b) em “vinha"/“cozinha” (1ª estrofe) e em
“olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).
c) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em
“olheiro”/“terreiro” (2ª estrofe).
d) em “conselheiro”/“inteiro” (1ª estrofe) e em
“vizinha”/“esquadrinha” (2ª estrofe).
e) em “desavergonhados”/“mercados” (3ª/4ª estrofes) e
em “nobres”/“pobres” (3ª/4ª estrofes).
IT0874 - (Unesp)
Leia a letra da canção “Foi um rio que passou em minha
vida”, de Paulinho da Viola, gravada em 1970.
 
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será di�cil negar
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficouSó um amor pode apagar
 
Porém
Há um caso diferente
Que marcou um breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
27@professorferretto @prof_ferretto
Eu carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me lembro anunciou
Portela, Portela
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
 
Ah, minha Portela
Quando vi você passar
Sen� meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria a voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar 
(www.paulinhodaviola.com.br)
 
Na canção, o eu lírico
a) tem consciência de que a Portela também se
caracteriza como um novo desengano.
b) acredita que um novo amor, por se assemelhar a um
rio, mostra-se volúvel.
c) acredita que um novo amor seja capaz de apagar uma
an�ga desilusão amorosa.
d) tem consciência de que a Portela, por sua
inconstância, será um novo amor efêmero.
e) acredita que a Portela, por ser indefinível, não se
caracteriza como um novo amor.
IT0877 - (Unesp)
Leia o soneto do poeta português Manuel Maria Barbosa
du Bocage.
 
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes
Os Zéfiros1 brincar por entre as flores?
 
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos2 ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
 
Naquele arbusto o rouxinol suspira;
Ora nas folhas a abelhinha para.
Ora nos ares, sussurrando, gira.
 
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a noite me causara.
(Manuel Maria Barbosa du Bocage. Poemas escolhidos,
1974.)
 
1 Zéfiro: vento que sopra do ocidente.
2 ósculo: beijo.
 
A paisagem retratada no soneto cons�tui um tópico
recorrente na poesia
a) realista.
b) român�ca.
c) naturalista.
d) arcádica.
e) simbolista.
IT0878 - (Unesp)
Leia o soneto do poeta português Manuel Maria Barbosa
du Bocage.
 
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes
Os Zéfiros1 brincar por entre as flores?
 
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos2 ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
 
Naquele arbusto o rouxinol suspira;
Ora nas folhas a abelhinha para.
Ora nos ares, sussurrando, gira.
 
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a noite me causara.
(Manuel Maria Barbosa du Bocage. Poemas escolhidos,
1974.)
 
1 Zéfiro: vento que sopra do ocidente.
2 ósculo: beijo.
 
No soneto, a capacidade de transfigurar a paisagem
retratada é atribuída pelo eu lírico
a) aos Amores.
b) à noite.
c) a Marília.
d) à tristeza.
e) aos pastores.
IT0880 - (Unesp)
28@professorferretto @prof_ferretto
Leia o soneto do poeta português Manuel Maria Barbosa
du Bocage.
 
Olha, Marília, as flautas dos pastores,
Que bem que soam, como estão cadentes!
Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes
Os Zéfiros1 brincar por entre as flores?
 
Vê como ali, beijando-se, os Amores
Incitam nossos ósculos2 ardentes!
Ei-las de planta em planta as inocentes,
As vagas borboletas de mil cores!
 
Naquele arbusto o rouxinol suspira;
Ora nas folhas a abelhinha para.
Ora nos ares, sussurrando, gira.
 
Que alegre campo! Que manhã tão clara!
Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira,
Mais tristeza que a noite me causara.
(Manuel Maria Barbosa du Bocage. Poemas escolhidos,
1974.)
 
1 Zéfiro: vento que sopra do ocidente.
2 ósculo: beijo.
 
Na linguagem literária, visando obter maior
expressividade, pode-se empregar um tempo verbal em
lugar de outro. É o que ocorre nos seguintes versos:
a) “Olha o Tejo a sorrir-se! Olha: não sentes / Os Zéfiros
brincar por entre as flores?” (1ª estrofe)
b) “Ora nas folhas a abelhinha para. / Ora nos ares,
sussurrando, gira.” (3ª estrofe)
c) “Mas ah!, tudo o que vês, se eu não te vira, / Mais
tristeza que a noite me causara.” (4ª estrofe)
d) “Olha, Marília, as flautas dos pastores, / Que bem que
soam, como estão cadentes!” (1ª estrofe)
e) “Vê como ali, beijando-se, os Amores / Incitam nossos
ósculos ardentes!” (2ª estrofe)
IT0893 - (Unicamp)
Considere os versos abaixo dos poemas “Sen�mento do
mundo” e “Noturno à janela do apartamento”, de Carlos
Drummond de Andrade, ambos publicados no
livro Sen�mento do mundo.
 
esse amanhecer
mais noite que a noite.
(Carlos Drummond de Andrade. Sen�mento do mundo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.12.)
 
Silencioso cubo de treva: 
um salto, e seria a morte. 
Mas é apenas, sob o vento, 
a integração na noite.
 
Nenhum pensamento de infância, 
nem saudade nem vão propósito. 
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.
 
A soma da vida é nula. 
Mas a vida tem tal poder: 
na escuridão absoluta, 
como líquido, circula.
 
Suicídio, riqueza, ciência... 
A alma severa se interroga 
e logo se cala. E não sabe 
se é noite, mar ou distância.
 
Triste farol da Ilha Rasa. 
(Idem, p. 71.)
 
Considerando a obra Sen�mento do mundo em seu
conjunto e tendo em vista que os primeiros versos
transcritos pertencem ao poema que abre e dá �tulo ao
livro de Drummond, e que o segundo poema, citado
integralmente, corresponde ao fechamento do volume, é
correto afirmar que
a) a oposição de base dos poemas reside nas imagens
contrapostas de luz e trevas, manifestando o tema do
pessimismo acerca da condição humana.
b) o percurso figura�vo dos poemas é marcado apenas
pelas imagens da noite, associadas às ideias de
nega�vidade e de esperança para a humanidade.
c) a unidade de sen�do do conjunto dos textos poé�cos
reside na clássica oposição entre luz e trevas, sendo
que o percurso figura�vo manifesta o tema da
maldade.
d) as imagens de luz e trevas significam a luta eterna
entre o bem e o mal, o que se confirma no verso
“Suicídio, riqueza, ciência”, que sugere o impasse do
eu lírico.
IT0894 - (Unicamp)
Considere os versos abaixo dos poemas “Sen�mento do
mundo” e “Noturno à janela do apartamento”, de Carlos
Drummond de Andrade, ambos publicados no
livro Sen�mento do mundo.
 
esse amanhecer
mais noite que a noite.
(Carlos Drummond de Andrade. Sen�mento do mundo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.12.)
 
29@professorferretto @prof_ferretto
Silencioso cubo de treva: 
um salto, e seria a morte. 
Mas é apenas, sob o vento, 
a integração na noite.
 
Nenhum pensamento de infância, 
nem saudade nem vão propósito. 
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.
 
A soma da vida é nula. 
Mas a vida tem tal poder: 
na escuridão absoluta, 
como líquido, circula.
 
Suicídio, riqueza, ciência... 
A alma severa se interroga 
e logo se cala. E não sabe 
se é noite, mar ou distância.
 
Triste farol da Ilha Rasa. 
(Idem, p. 71.)
 
A visão de mundo do eu lírico em Drummond é marcada
pela ironia e pela dúvida constante, cujo saldo final é
nega�vo e melancólico (“Triste farol da Ilha Rasa”). Tal
perspec�va assemelha-se à do
a) personagem Leonardo, do romance Memórias de um
sargento de milícias.
b) personagem Carlos, da obra Viagens na minha terra.
c) narrador do romance O cor�ço.
d) narrador do romance Memórias póstumas de Brás
Cubas.
IT0896 - (Unicamp)
Rua da Liberdade – São Paulo – SP – 1937
 
Pobre alimária
O cavalo e a carroça
Estavam atravancados no trilho
E como o motorneiro se impacientasse
Porque levava os advogados para os escritórios
Desatravancaram o veículo
E o animal disparou
Mas o lesto carroceiro
Trepou na boleia
E cas�gou o fugi�vo atrelado
Com um grandioso chicote
(Oswald de Andrade, Pau Brasil. São Paulo: Globo, 2003,
p.159.)
 
A imagem e o poema revelam a dinâmica do espaço na
cidade de São Paulo na primeira metade do século XX.
Qual alterna�va abaixo formula corretamente essa
dinâmica?
30@professorferretto @prof_ferretto
a) Trata-se da ascensão de um moderno mundo urbano,
onde coexis�am harmonicamente diferentes
temporalidades, funções urbanas, sistemas técnicos e
formas de trabalho, viabilizando-se, dessemodo, a
coesão entre o espaço da cidade e o tecido social.
b) Trata-se de um espaço agrário e acomodado, num
período em que a urbanização não �nha se
estabelecido, mas que abrigava em seu inters�cio
alguns vetores da modernização industrial.
c) Trata-se de um espaço onde coexis�am dis�ntas
temporalidades: uma atrelada ao ritmo lento de um
passado agrário e, outra, atrelada ao ritmo acelerado
que caracteriza a modernidade urbana.
d) Trata-se de uma paisagem urbana e uma divisão do
trabalho �picas do período colonial, pois a
metropolização é um processo desencadeado a par�r
da segunda metade do século XX.
IT0899 - (Unicamp)
Cem anos depois
Vamos passear na floresta 
Enquanto D. Pedro não vem. 
D. Pedro é um rei filósofo, 
Que não faz mal a ninguém.
 
Vamos sair a cavalo, 
Pacíficos, desarmados:
A ordem acima de tudo. 
Como convém a um soldado.
 
Vamos fazer a República, S
em barulho, sem li�gio, 
Sem nenhuma guilho�na, 
Sem qualquer barrete frígio.
 
Vamos, com farda de gala,
Proclamar os tempos novos,
Mas cautelosos, fur�vos,
Para não acordar o povo.
(José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em
Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São
Paulo: Á�ca, 2008, p.43.)
 
O tom irônico do poema em relação à história do Brasil
põe em evidência
a) o modo como a democracia surge no Brasil por
interferência do Imperador.
b) a maneira despó�ca como os republicanos trataram os
símbolos nacionais.
c) a postura inconsequente que sempre caracterizou os
governantes do Brasil.
d) a forma astuciosa como ocorreram os movimentos
polí�cos no Brasil.
IT0902 - (Unicamp)
 
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
Geral).
 
Quando houve revolução, os soldados 
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram. 
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
 
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recrea�vo,
como uma gen�leza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do mundo.
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)
 
No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de
Andrade,
a) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo
indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro
da Babilônia.
b) o sen�mento do mundo é representado pela
percepção par�cular sobre a cidade do Rio de Janeiro,
aludida pela metáfora do Morro da Babilônia.
 
c) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-
se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a
figura de es�lo denominada paronomásia.
d) a referência ao Morro da Babilônia produz, no
percurso figura�vo do poema, um oxímoro: a relação
entre terror e gen�leza no espaço urbano.
IT0908 - (Unicamp)
Caligrafia (Arnaldo Antunes)
 
31@professorferretto @prof_ferretto
Arte do desenho manual das letras e palavras.
Território híbrido entre os códigos verbal e visual.
A caligrafia está para a escrita como a voz está para a
fala. 
A cor, o comprimento e espessura das linhas, a disposição
espacial, a velocidade dos traços da escrita
correspondem a �mbre, ritmo, tom, cadência, melodia
do discurso falado. 
Entonação gráfica.
Assim como a voz apresenta a efe�vação �sica do
discurso (o ar nos pulmões, a vibração das cordas vocais,
os movimentos da língua), a caligrafia também está
in�mamente ligada ao corpo, pois carrega em si os sinais
de maior força ou delicadeza, rapidez ou len�dão,
brutalidade ou leveza do momento de sua feitura.
(Adaptado de h�ps://www.arnaldoantunes.com.br.
Acessado em 12/07/2016.)
 
Em Caligrafia, o autor
a) estabelece uma relação de causa e efeito
entre
caligrafia e
voz.
b) sugere uma relação de oposição entre caligrafia e voz.
c) projeta uma relação de gradação entre caligrafia e voz.
d) apreende uma relação de analogia entre caligrafia e
voz.
IT0912 - (Unicamp)
“O Sinhô foi açoitar 
sozinho a negra Fulô. 
A negra �rou a saia
e �rou o cabeção,
de dentro dêle pulou 
nuinha a negra Fulô.
 
Essa negra Fulô! 
Essa negra Fulô!
 
Ó Fulô! Ó Fulô!
Cadê, cadê teu Sinhô
que Nosso Senhor me mandou? 
Ah! Foi você que roubou,
foi você, negra Fulô?
 
Essa negra Fulô!”
(Jorge de Lima, Poesias Completas, v.1. Rio de
Janeiro/Brasília: J.Aguilar e INL, 1974, p. 121.)
 
“A Sinhá mandou arrebentar-lhe os dentes: 
Fute, Cafute, Pé-de-pato, Não-sei-que-diga, 
avança na branca e me vinga.
Exu escangalha ela, amofina ela,
amuxila ela que eu não tenho defesa de homem, 
sou só uma mulher perdida neste mundão. 
Neste mundão.
Louvado seja Oxalá.
Para sempre seja louvado.” 
(Idem, p.164.)
 
Essas duas cenas de ciúmes concluem dois textos
diferentes de Jorge de Lima. A primeira pertence ao
conhecido poema modernista “Essa negra Fulô”; a
segunda, ao poema “História”, de Poemas Negros (1947).
Em relação a “Essa negra Fulô”, o poema “História”,
especificamente, representa
a) a reiteração da denúncia das relações de poder, muito
arraigadas no sistema escravocrata, que colocam no
mesmo plano violências raciais e sexuais.
b) a passagem de uma caracterização da mulher negra
como sedutora para uma postura solidária em relação
à escrava, que explicita as estratégias compensatórias
de que se vale para sobreviver.
c) a permanência de uma visão pitoresca sobre a
situação da mulher negra nos engenhos de açúcar, que
oculta os mecanismos de poder que garan�am sua
exploração.
d) a superação da visão idílica da vida na senzala, graças
a uma postura realista e social, que revela a violência
das relações entre senhores e escravos.
IT0915 - (Unicamp)
Transforma-se o amador na coisa amada, 
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho, logo, mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.
 
Se nela está minha alma transformada, 
Que mais deseja o corpo de alcançar? 
Em si somente pode descansar,
Pois com ele tal alma está liada.
 
Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito, 
Assim como a alma minha se conforma,
 
Está no pensamento como ideia;
E o vivo e puro amor de que sou feito, 
Como a matéria simples busca a forma.
(Luís de Camões, Lírica: redondilhas e sonetos, Rio de
Janeiro: Ediouro / São Paulo: Publifolha, 1997, p. 85.)
 
Um dos aspectos mais importantes da lírica de Camões é
a retomada renascen�sta de ideias do filósofo grego
Platão. Considerando o soneto citado, pode-se dizer que
o chamado “neoplatonismo” camoniano
32@professorferretto @prof_ferretto
a) é afirmado nos dois primeiros quartetos, uma vez que
a união entre amador e pessoa amada resulta em uma
alma única e perfeita.
b) é confirmado nos dois úl�mos tercetos, uma vez que a
beleza e a pureza reúnem-se finalmente na matéria
simples que deseja.
c) é negado nos dois primeiros quartetos, uma vez que a
consequência da união entre amador e coisa amada é
a ausência de desejo.
d) é contrariado nos dois úl�mos tercetos, uma vez que a
pureza e a beleza mantêm-se em harmonia na sua
condição de ideia.
IT0918 - (Unicamp)
O poema abaixo é de autoria do poeta Augusto de
Campos, integrante do movimento concre�sta.
 
Nesse poema, nota-se uma técnica de composição que
consiste
a) na disposição arbitrária de anagramas, sem produzir
uma relação de sen�do com o �tulo do poema.
b) na disposição exaus�va de anagramas, sem produzir
uma relação de sen�do com o �tulo do poema.
c) na disposição arbitrária de anagramas, para produzir
uma relação de sen�do com o �tulo do poema.
d) na disposição exaus�va de anagramas, para produzir
uma relação de sen�do com o �tulo do poema.
IT0951 - (Fuvest)
E Jerônimo via e escutava, sen�ndo ir-se-lhe toda a
alma pelos olhos enamorados.
Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese
das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a
luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das
sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das
baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a
palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma
outra planta;era o veneno e era o açúcar gostoso; era o
sapo� mais doce que o mel e era a castanha do caju, que
abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra
verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida,
que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo
dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras
embambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as
artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha
daquele amor setentrional, uma nota daquela música
feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de
cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e
espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.
Aluísio Azevedo, O cor�ço.
 
Em que pese a oposição programá�ca do Naturalismo ao
Roman�smo, verifica-se no excerto — e na obra a que
pertence — a presença de uma linha de con�nuidade
entre o movimento român�co e a corrente naturalista
brasileira, a saber, a
a) exaltação patrió�ca da mistura de raças.
b) necessidade de autodefinição nacional.
c) aversão ao cien�ficismo.
d) recusa dos modelos literários estrangeiros.
e) idealização das relações amorosas.
IT0952 - (Fuvest)
O OPERÁRIO NO MAR
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem
blusa. No conto, no drama, no discurso polí�co, a dor do
operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos
grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes.
Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os
outros, e com uma significação estranha no corpo, que
carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando
assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante
é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de
gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário
não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e
trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia,
dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos
Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no
campo e apenas repara que ali corre água, que mais
adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria
vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é,
nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca.
33@professorferretto @prof_ferretto
E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me
despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de
encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a
janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo
menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio
de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma
san�dade no operário, e não vejo rodas nem hélices no
seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se
acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos
exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo
que o operário está cansado e que se molhou, não muito,
mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o
que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e
confusão do seu rosto são a própria tarde que se
decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos
irremediavelmente separados pelas circunstâncias
atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar.
Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso
cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas,
choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da
costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o
rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim,
quem sabe se um dia o compreenderei?
Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do mundo.
 
Atente para as seguintes afirmações rela�vas ao texto de
Drummond, considerado no contexto da obra a que
pertence:
 
I. A referência inicial aos modos de se representar o
operário sugere uma crí�ca do poeta aos estereó�pos
presentes na literatura da época em que o texto foi
escrito.
II. O alcance simbólico da figura do operário depende,
inclusive, do fato de que, no texto, ele é cons�tuído por
tensões que o fazem, ao mesmo tempo, comum e
extraordinário, familiar e enigmá�co, próximo e
longínquo etc.
II. A imagem do operário que anda sobre o mar pode
simbolizar a criação prodigiosa de um mundo novo — a
“vida futura” —, igualmente anunciado em símbolos 
como o das “mãos dadas”, o da “aurora”, o do “sangue
redentor”, também presentes no livro.
 
Está correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
IT0953 - (Fuvest)
O OPERÁRIO NO MAR
Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem
blusa. No conto, no drama, no discurso polí�co, a dor do
operário está na sua blusa azul, de pano grosso, nas mãos
grossas, nos pés enormes, nos desconfortos enormes.
Esse é um homem comum, apenas mais escuro que os
outros, e com uma significação estranha no corpo, que
carrega desígnios e segredos. Para onde vai ele, pisando
assim tão firme? Não sei. A fábrica ficou lá atrás. Adiante
é só o campo, com algumas árvores, o grande anúncio de
gasolina americana e os fios, os fios, os fios. O operário
não lhe sobra tempo de perceber que eles levam e
trazem mensagens, que contam da Rússia, do Araguaia,
dos Estados Unidos. Não ouve, na Câmara dos
Deputados, o líder oposicionista vociferando. Caminha no
campo e apenas repara que ali corre água, que mais
adiante faz calor. Para onde vai o operário? Teria
vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que não é,
nunca foi meu irmão, que não nos entenderemos nunca.
E me despreza... Ou talvez seja eu próprio que me
despreze a seus olhos. Tenho vergonha e vontade de
encará-lo: uma fascinação quase me obriga a pular a
janela, a cair em frente dele, sustar-lhe a marcha, pelo
menos implorar-lhe que suste a marcha. Agora está
caminhando no mar. Eu pensava que isso fosse privilégio
de alguns santos e de navios. Mas não há nenhuma
san�dade no operário, e não vejo rodas nem hélices no
seu corpo, aparentemente banal. Sinto que o mar se
acovardou e deixou-o passar. Onde estão nossos
exércitos que não impediram o milagre? Mas agora vejo
que o operário está cansado e que se molhou, não muito,
mas se molhou, e peixes escorrem de suas mãos. Vejo-o
que se volta e me dirige um sorriso úmido. A palidez e
confusão do seu rosto são a própria tarde que se
decompõe. Daqui a um minuto será noite e estaremos
irremediavelmente separados pelas circunstâncias
atmosféricas, eu em terra firme, ele no meio do mar.
Único e precário agente de ligação entre nós, seu sorriso
cada vez mais frio atravessa as grandes massas líquidas,
choca-se contra as formações salinas, as fortalezas da
costa, as medusas, atravessa tudo e vem beijar-me o
rosto, trazer-me uma esperança de compreensão. Sim,
quem sabe se um dia o compreenderei?
Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do mundo.
 
Embora o texto de Drummond e o romance Capitães da
Areia, de Jorge Amado, assemelhem-se na sua especial
atenção às classes populares, um trecho do texto que
NÃO poderia, sem perda de coerência formal e
ideológica, ser enunciado pelo narrador do livro de Jorge
Amado é, sobretudo, o que está em:
34@professorferretto @prof_ferretto
a) “Na rua passa um operário. Como vai firme! Não tem
blusa.”
b) “Esse é um homem comum, apenas mais escuro que
os outros (...).”
c) “Não ouve, na Câmara dos Deputados, o líder
oposicionista vociferando.”
d) “Teria vergonha de chamá-lo meu irmão. Ele sabe que
não é, nunca foi meu irmão, que não nos
entenderemos nunca.”
e) “Mas agora vejo que o operário está cansado e que se
molhou, não muito, mas se molhou, e peixes escorrem
de suas mãos.”
IT0974 - (Unicamp)
Leia abaixo duas passagens do poema “Olá! Negro”, de
Jorge de Lima.
 
“A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!
E és tu que a alegras ainda com os teus jazzes.
Com os teus songs, com os teus lundus!”
(...)
"Não basta iluminares hoje as noites dos brancos com
teus jazzes.
Olá, Negro! O dia está nascendo!
O dia está nascendo ou será a tua gargalhada que vem
vindo?”
(Jorge de Lima, Poesias completas. v. I, Rio de Janeiro /
Brasília: J. Aguilar / INL, 1674, p. 180181.)
 
Considerando o livro Poemas negros como um todo e a
poé�ca de Jorge de Lima, é correto afirmar que o úl�mo
verso citado
a) manifesta o desprezo do negropela situação
decadente da cultura do branco.
b) realiza a aproximação entre a alegria do negro e uma
ideia de futuro.
c) remete à vingança do negro contra a violência a que
foi subme�do pelo branco.
d) funciona como um lamento, já que o nascer do dia
não traz jus�ça social.
IT0977 - (Unicamp)
GÊNESIS (INTRO)
Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor
O homem me deu a favela, o crack, a trairagem
As arma, as bebida, as puta
Eu?
Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automá�ca
Um sen�mento de revolta
Eu tô tentando sobreviver no inferno
(Racionais Mc's, Sobrevivendo no infamo. São Paulo:
Companhia das Letras, 2018,p.45)
 
"Gênesis" é a segunda canção do álbum Sobrevivendo no
Inferno. É antecedida pela invocação de uma outra
canção, in�tulada "Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben.
É coreto afirmar que as evocações dos elementos
religiosos nesse álbum
a) legi�mam a violência social a que estão subme�dos os
pobres.
b) dificultam a tomada de consciência da população
negra.
c) ar�culam as esferas é�ca e esté�ca da experiência
humana na poesia.
d) dissimulam a hipocrisia moral das pessoas religiosas.
IT1007 - (Fuvest)
Bem-vinda!
“Eram faíscas suas palavras que me queimavam em
doses homeopá�cas
durante todas as noites...
Foram longos anos, dia após dia perdendo um pouco
mais minha autoes�ma,
abrindo mão das roupas que gostava, dos estudos, do
trabalho e das amigas
fazendo de tudo pra evitar brigas,
mas ele sempre dizia que a culpa era minha.
Até que um dia, me empurrou, me acuou
como se eu pudesse caber em qualquer fresta,
encurralada,
me mandou ficar calada e, com medo, obedeci.
Eu pedia desculpa toda vez depois de falar
como se fosse um defeito de nascença querer me
colocar.
A minha casa se tornou um ambiente tão hos�l e eu,
prisioneira das minhas próprias ideias,
acreditando que o amor era isso, esse abismo, onde só
um fala e o outro, fica omisso.
Precisei �rar forças de lugares sagrados
pra me afastar e reagir, recolher meus pedaços.
Meus olhos encheram de mar, eu desaguei,
decidi não mais me calar, denunciei!
E depois do silêncio quebrado, meus pensamentos em
 guerra cessaram,
recuperei o fôlego e ouvi meu coração sendo grato.
Encontrei em mim um porto seguro, entendi que meu
corpo é meu lar
e, no caminho até ele, escolho quem anda comigo e
quem convido pra entrar.
Hoje, quando olho pra dentro, vejo uma nova mulher
renascendo,
eu celebro sua chegada e contemplo essa nova vida.
Sem medo, abro a janela de casa
35@professorferretto @prof_ferretto
e, com olhar de quem há tanto tempo esperava,
te pego pela mão e digo:
Seja bem-vinda!”
Mel Duarte. Colmeia - Poemas Reunidos.
 
A expressão bem-vinda usada no �tulo e repe�da no
úl�mo verso faz alusão
a) ao aprisionamento da mulher que não consegue se
libertar do poderio masculino.
b) à guerra interior e à falta de forças da mulher
oprimida, que aceita sua condição.
c) ao renascimento da mulher que alcança, após a
opressão, coragem para encontrar-se a si mesma.
d) ao rebaixamento da mulher que se cala e se desculpa,
perdendo aos poucos sua autoes�ma.
e) à força da mulher que, mesmo hos�lizada, tem poder
para fazer entrar em sua casa quem a encurralava.
IT1008 - (Fuvest)
Bem-vinda!
“Eram faíscas suas palavras que me queimavam em
doses homeopá�cas
durante todas as noites...
Foram longos anos, dia após dia perdendo um pouco
mais minha autoes�ma,
abrindo mão das roupas que gostava, dos estudos, do
trabalho e das amigas
fazendo de tudo pra evitar brigas,
mas ele sempre dizia que a culpa era minha.
Até que um dia, me empurrou, me acuou
como se eu pudesse caber em qualquer fresta,
encurralada,
me mandou ficar calada e, com medo, obedeci.
Eu pedia desculpa toda vez depois de falar
como se fosse um defeito de nascença querer me
colocar.
A minha casa se tornou um ambiente tão hos�l e eu,
prisioneira das minhas próprias ideias,
acreditando que o amor era isso, esse abismo, onde só
um fala e o outro, fica omisso.
Precisei �rar forças de lugares sagrados
pra me afastar e reagir, recolher meus pedaços.
Meus olhos encheram de mar, eu desaguei,
decidi não mais me calar, denunciei!
E depois do silêncio quebrado, meus pensamentos em
 guerra cessaram,
recuperei o fôlego e ouvi meu coração sendo grato.
Encontrei em mim um porto seguro, entendi que meu
corpo é meu lar
e, no caminho até ele, escolho quem anda comigo e
quem convido pra entrar.
Hoje, quando olho pra dentro, vejo uma nova mulher
renascendo,
eu celebro sua chegada e contemplo essa nova vida.
Sem medo, abro a janela de casa
e, com olhar de quem há tanto tempo esperava,
te pego pela mão e digo:
Seja bem-vinda!”
Mel Duarte. Colmeia - Poemas Reunidos.
 
Assinale a alterna�va que apresenta uma
correspondência correta entre os versos destacados e os
recursos u�lizados para evidenciar a dor expressa no
poema.
a) “Eram faíscas suas palavras que me queimavam em/
doses homeopá�cas/ durante todas as noites...” –
conotação: o predica�vo “faíscas” e a forma verbal
“queimavam” estão sendo usados em sen�do
figurado, enfa�zando seu sofrimento.
b) “Até que um dia, me empurrou, me acuou/como se eu
pudesse caber em qualquer fresta, /encurralada” –
an�tese: os elementos “empurrou”, “acuou” e
“encurralada” potencializam de forma contraditória
seu sofrimento.
c) “acreditando que o amor era isso, esse abismo, onde
só/ um fala e o outro, fica omisso” – metonímia: o uso
do aposto “esse abismo”, referindo-se a “amor”,
expressa literalmente seu sofrimento.
d) “Precisei �rar forças de lugares sagrados/ pra me
afastar e reagir, recolher meus pedaços” – pleonasmo:
o complemento “meus pedaços” reforça o significado
do verbo “recolher”, acentuando seu sofrimento.
e) “Meus olhos encheram de mar, eu desaguei, /decidi
não mais me calar, denunciei!” – paronímia: os verbos
“encher” e “desaguar” são elementos de
significação próxima que dão ênfase a seu sofrimento.
IT1010 - (Fuvest)
Carlos Drummond de Andrade foi o criador de uma obra
lírica que, ao mesmo tempo, se aproxima e se afasta do
Modernismo de 1922, propondo, a par�r de traços desse
movimento, uma poé�ca original. Com base no exposto,
em Alguma poesia (1930),
36@professorferretto @prof_ferretto
a) os aspectos prosaicos da linguagem modernista
ganham expressão lírica a par�r de um sujeito poé�co
que repropõe, em versos livres, a nostalgia român�ca
da infância idealizada.
b) o sujeito poé�co incorpora, sob a perspec�va de uma
lírica de raiz subje�va, vários procedimentos
es�lís�cos das vanguardas modernistas, em especial a
escrita automá�ca e o surrealismo.
c) a tópica literária do desconcerto do mundo ganha uma
reconfiguração moderna, a par�r de um sujeito
poé�co que, mais do que revelar um mundo às
avessas, focaliza o seu desajuste frente à realidade.
d) o nacionalismo literário, tão �pico da revisão
empreendida pela primeira geração modernista sobre
a realidade brasileira, apresenta-se como eixo
temá�co de cunho ufanista.
e) a paisagem mineira, no espaço literário, é configurada
pelo sujeito poé�co como ambiente bucólico e refúgio
privilegiado para os seus desajustes frente ao “vasto
mundo”.
IT1014 - (Fuvest)
“Se a derrama for lançada,
há levante, com certeza.
Corre-se por essas ruas?
Corta-se alguma cabeça?
Do cimo de alguma escada,
profere-se alguma arenga?
Que bandeira se desdobra?
Com que figura ou legenda?
Coisas da Maçonaria,
do Paganismo ou da Igreja?
A San�ssima Trindade?
Um gênio a quebrar algemas?
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.”
 
Os versos de Cecília Meireles, no Romanceiro da
Inconfidência, remetem
a) à insurreição promovida por maçons e reinóis, adeptos
do iluminismo, contra a cobrança do quinto real sobre
a exploração de diamantes na Capitania de Minas
Gerais.
b) à possibilidade de sublevação mo�vada pela defesa da
liberdade, por indivíduos de diferentes setores de
Minas Gerais, ante a ameaça de cobrança de impostos
metropolitanos.
c) à disputa entre católicos apoiadores do recolhimento
do dízimo nas Minas Gerais e republicanos defensores
da suspensão de impostos cobradospelo Estado e pela
Igreja.
d) ao movimento de setores reacionários da sociedade
mineira, responsáveis por conspirar contra os
idealizadores da Conjuração e denunciar os seus
planos de revolução.
e) à trapaça e delação, que fizeram parte da Conjuração e
ocorreram em razão das discrepâncias ideológicas dos
denunciantes em relação aos rebelados.
IT1016 - (Fuvest)
“Brasil, meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
O Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, pra mim
Ô, abre a cor�na do passado
Tira a mãe preta do cerrado
Bota o Rei Congo no congado
Brasil, pra mim (...)
Ô! Esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar Brasil, pra mim
Ô! Ouve essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ô! Este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, pra mim”
 
A canção Aquarela do Brasil foi composta por Ari Barroso
e lançada no ano de 1939. Sua letra permite iden�ficar
temas que guardam afinidades com a polí�ca cultural do
Estado Novo, podendo ser destacada a
37@professorferretto @prof_ferretto
a) discriminação em relação a afrodescendentes.
b) exaltação das virtudes naturais e nacionais.
c) concepção civilizatória assentada na religião católica.
d) valorização da cultura cabocla e do regionalismo.
e) escolha do malandro como símbolo nacional.
38@professorferretto @prof_ferrettotristes.
Nênia é uma poesia em homenagem a uma pessoa
morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadáver era
incinerado.
Endecha é uma poesia que revela as dores do coração.
Epitáfio é um pequeno verso gravado em pedras
tumulares.
Epicédio é uma poesia onde o poeta relata a vida de uma
pessoa morta.
CESAR, A. C. Poé�ca, São Paulo: Companhia das Letras,
2013.
 
No poema de Ana Cris�na Cesar, a relação entre as
definições apresentadas e o processo de construção do
texto indica que o(a) 
a) caráter descri�vo dos versos assinala uma concepção
irônica de lirismo. 
b) tom explica�vo e con�do cons�tui uma forma peculiar
de expressão poé�ca. 
c) seleção e o recorte do tema revelam uma visão
pessimista da criação ar�s�ca. 
d) enumeração de dis�ntas manifestações líricas produz
um efeito de impessoalidade. 
e) referência a gêneros poé�cos clássicos expressa a
adesão do eu lírico às tradições literárias.
IT0129 - (Enem)
Uma ouriça
 
Se o de longe esboça lhe chegar perto,
se fecha (convexo integral de esfera),
se eriça (bélica e mul�espinhenta):
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
Mas não passiva (como ouriço na loca);
nem só defensiva (como se eriça o gato)
sim agressiva (como jamais o ouriço),
do agressivo capaz de bote, de salto
(não do salto para trás, como o gato):
daquele capaz de salto para o assalto.
 
Se o de longe lhe chega em (de longe),
de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
Reconverte: o metal hermé�co e armado
na carne de antes (côncava e propícia),
as molas felinas (para o assalto),
nas molas em espiral (para o abraço).
MELO NETO, J. C. A educação pela pedra.Rio de Janeiro;
Nova Fronteira, 1997
 
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semân�co
que metaforiza a a�tude feminina de
a) tenacidade transformada em brandura. 
b) obs�nação traduzida em isolamento. 
c) inércia provocada pelo desejo platônico. 
d) irreverência cul�vada de forma cautelosa. 
e) desconfiança consumada pela intolerância.
IT0133 - (Enem)
Quebranto
 
às vezes sou o policial que me suspeito
me peço documentos
e mesmo de posse deles
me prendo e me dou porrada
 
às vezes sou o porteiro
não me deixando entrar em mim mesmo
a não ser
pela porta de serviço
[...]
às vezes faço questão de não me ver
e entupido com a visão deles
sinto-me a miséria concebida como um eterno
começo
 
fecho-me o cerco
sendo o gesto que me nego
a pinga que me bebo e me embebedo
o dedo que me aponto
e denuncio
o ponto em que me entrego.
 
às vezes!...
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza. 2007
(fragmento).
 
Na literatura de temá�ca negra produzida no Brasil, é
recorrente a presença de elementos que traduzem
experiências históricas de preconceito e violência. No
poema, essa vivência revela que o eu lírico 
a) incorpora sele�vamente o discurso do seu opressor. 
b) submete-se à discriminação como meio de
fortalecimento. 
c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e
injus�ças. 
d) sofre uma perda de iden�dade e de noção de
pertencimento. 
e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade
igualitária. 
4@professorferretto @prof_ferretto
IT0137 - (Enem)
O mundo revivido
 
Sobre esta casa e as árvores que o tempo
esqueceu de levar. Sobre o curral
de pedra e paz e de outras vacas tristes
chorando a lua e a noite sem bezerros.
 
Sobre a parede larga deste açude
onde outras cobras verdes se arrastavam,
e pondo o sol nos seus olhos parados
iam colhendo sua safra de sapos.
 
Sob as constelações do sul que a noite
armava e desarmava: as Três Marias,
o Cruzeiro distante e o Sete-Estrelo.
 
Sobre este mundo revivido em vão,
a lembrança de primos, de cavalos,
de silêncio perdido para sempre.
DOBAL, H. A província deserta.Rio de Janeiro: Artenova,
1974.
 
No processo de recons�tuição do tempo vivido, o eu
lírico projeta um conjunto de imagens cujo lirismo se
funda menta no 
a) inventário das memórias evocadas afe�vamente. 
b) reflexo da saudade no desejo de voltar à infância. 
c) sen�mento de inadequação com o presente vivido. 
d) ressen�mento com as perdas materiais e humanas. 
e) lapso no fluxo temporal dos eventos trazidos à cena. 
IT0131 - (Enem)
Eu sobrevivi do nada, do nada
Eu não exis�a
Não �nha uma existência
Não �nha uma matéria
Comecei exis�r com quinhentos milhões e quinhentos mil
anos
Logo de uma vez, já velha
Eu não nasci criança, nasci já velha
Depois é que eu virei criança
E agora con�nuei velha
Me transformei novamente numa velha
Voltei ao que eu era, uma velha
PATROCÍNIO, S. In: MOSÉ, V. (Org.). Reino dos bichos e
dos animais é meu nome.
Rio de Janeiro: Azougue, 2009.
 
Nesse poema de Stela do Patrocínio, a singularidade da
expressão lírica manifesta-se na 
a) representação da infância, redimensionada no resgate
da memória. 
b) associação de imagens desconexas, ar�culadas por
uma fala delirante. 
c) expressão autobiográfica, fundada no relato de
experiências de alteridade. 
d) incorporação de elementos fantás�cos, explicitada por
versos incoerentes. 
e) transgressão à razão, ecoada na desconstrução de
referências temporais.
IT0126 - (Enem)
Retrato de homem
 
A paisagem estrita
ao apuro do muro
feito vértebra a vértebra
e escuro.
 
A geração dos pelos
sobre a casca e os rostos
em seus diques de sombra
repostos.
 
Os poços com seu lodo
de ira e de tensão:
entre cimento e fronte
– um vão.
 
As setas se a�ram
às margens de ninguém,
ilesas a si mesmas
retêm.
 
Compassos de evasão
entre falange e rua
sondando a solitude
nua.
 
E na armadura de coisa
salobra, um só segredo:
a polpa toda é fruição
de medo.
ARAÚJO, L.C. Cantochão. Belo Horizonte: Imprensa
Publicações – Governo do Estado de Minas Gerais, 1967.
 
No poema, a descrição lírica do objeto representado é
orientada por um olhar que 
5@professorferretto @prof_ferretto
a) desvela sen�mentos de vazio e angús�a sob a
aparente austeridade. 
b) expressa desilusão ante a possibilidade de superação
do sofrimento. 
c) contrapõe a fragilidade emocional ao uso desmedido
da força �sica. 
d) associa a incomunicabilidade emocional às
determinações culturais. 
e) privilegia imagens relacionadas à exposição do
dinamismo urbano.
IT0136 - (Enem)
O farrista
 
Quando o almirante Cabral
Pôs as patas no Brasil
O anjo da guarda dos índios
Estava passeando em Paris.
Quando ele voltou de viagem
O holandês já está aqui.
O anjo respira alegre:
“Não faz mal, isto é boa gente,
Vou arejar outra vez.”
O anjo transpôs a barra,
Diz adeus a Pernambuco,
Faz barulho, vuco-vuco,
Tal e qual o zepelim
Mas deu um vento no anjo,
Ele perdeu a memória...
E não voltou nunca mais.
MENDES. M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira. 1992
 
A obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do
Modernismo, cujas propostas esté�cas transparecem, no
poema, por um eu lírico que 
a) configura um ideal de nacionalidade pela integração
regional. 
b) remonta ao colonialismo assente sob um viés
iconoclasta. 
c) repercute as manifestações do sincre�smo religioso. 
d) descreve a gênese da formação do povo brasileiro. 
e) promove inovações no repertório linguís�co. 
IT0141 - (Enem)
Receita
 
Tome-se um poeta não cansado,
Uma nuvem de sonho e uma flor,
Três gotas de tristeza, um tom dourado,
Uma veia sangrando de pavor.
Quando a massa já ferve e se retorce
Deita-se a luz dum corpo de mulher,
Duma pitada de morte se reforce,
Que um amor de poeta assim requer.
SARAMAGO, J. Os poemas possíveis.
Alfragide: Caminho, 1997.
 
Os gêneros textuais caracterizam-se por serem
rela�vamente estáveis e podem reconfigurar-se em
função do propósito comunica�vo. Esse texto cons�tui
uma mescla de gêneros, pois 
a) introduz procedimentos prescri�vos na composição do
poema. 
b) explicita as etapas essenciais à preparação de uma
receita. 
c) explora elementos temá�cos presentes em uma
receita. 
d) apresenta organização estrutural �pica de um
poema. 
e) u�liza linguagem figurada na construção do poema. 
IT0135 - (Enem)
Contranarciso
 
em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagõescheios de gente
centenas
 
o outro
que há em mim
é você
você
e você
 
assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós
LEMINSKI, P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras.
2013.
 
A busca pela iden�dade cons�tui uma faceta da tradição
literária, redimensionada pelo olhar contemporâneo. No
poema, essa nova dimensão revela a 
6@professorferretto @prof_ferretto
a) ausência de traços iden�tários. 
b) angús�a com a solidão em público. 
c) valorização da descoberta do “eu” autên�co. 
d) percepção da empa�a como fator de
autoconhecimento. 
e) impossibilidade de vivenciar experiências de
pertencimento. 
IT0127 - (Enem)
Senhor Juiz
 
O instrumento do “crime” que se arrola
Nesse processo de contravenção
Não é faca, revólver ou pistola,
Simplesmente, doutor, é um violão.
 
Será crime, afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado
Derramando nas praças suas dores?
 
Mande, pois, libertá-lo da agonia
(a consciência assim nos insinua)
Não sufoque o cantar que vem da rua,
Que vem da noite para saudar o dia.
 
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento
Juntada desta aos autos nós pedimos
E pedimos, enfim, deferimento
Disponível em: www.migalhas.com.br. Acesso em: 23 set.
2020 (adaptado).
 
Essa pe�ção de habeas corpus, ao transgredir o rigor da
linguagem jurídica, 
a) permite que a narra�va seja obje�va e repleta de
sen�dos denota�vos. 
b) mostra que o cordel explora termos próprios da esfera
do direito. 
c) demonstra que o jogo de linguagem proposto atenua a
gravidade do delito. 
d) exemplifica como o texto em forma de cordel
compromete a solicitação pretendida. 
e) esclarece que os termos “crime” e “processo de
contravenção” são sinônimos.
IT0130 - (Enem)
A viagem
 
Que coisas devo levar
nesta viagem em que partes?
As cartas de navegação só servem
a quem fica.
Com que mapas desvendar
um con�nente
que falta?
Estrangeira do teu corpo
tão comum
quantas línguas aprender
para calar-me?
Também quem fica
procura
um oriente.
Também
a quem fica
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
e a alegria di�cil da descoberta.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, re�ro?
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A (Org.). Rua Aribau.
Porto Alegre: Tag, 2018.
 
A viagem e a ausência remetem a um repertório poé�co
tradicional. No poema, a voz lírica dialoga com essa
tradição, repercu�ndo a 
a) saudade como experiência de apa�a. 
b) presença da fragmentação da iden�dade. 
c) negação do desejo como expressão de culpa. 
d) persistência da memória na valorização do passado. 
e) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão.
IT0123 - (Enem)
O pavão vermelho
 
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
 
Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
 
É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.
 
Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.
COSTA, S. Poesia completa: Sosígenes Costa. Salvador:
Conselho Estadual de Cultura. 2001.
7@professorferretto @prof_ferretto
 
Na construção do soneto, as cores representam um
recurso poé�co que configura uma imagem com a qual o
eu lírico 
a) revela a intenção de isolar-se em seu espaço. 
b) simboliza a beleza e o esplendor da natureza. 
c) experimenta a fusão de percepções sensoriais. 
d) metaforiza a conquista de sua plena realização. 
e) expressa uma visão de mundo mís�ca e
espiritualizada.
IT0143 - (Enem)
Esses chopes dourados
[...]
quando a geração de meu pai
ba�a na minha
a minha achava que era normal
que a geração de cima
só podia educar a de baixo
batendo
 
quando a minha geração ba�a na de vocês
ainda não sabia que estava errado
mas a geração de vocês já sabia
e cresceu odiando a geração de cima
 
aí chegou esta hora
em que todas as gerações já sabem de tudo
e é péssimo
ter pertencido à geração do meio
tendo errado quando apanhou da de cima
e errado quando bateu na de baixo
 
e sabendo que apesar de amaldiçoados
éramos todos inocentes.
WANDERLEY, J. In: MORICONI, I. (Org.).
Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Obje�va, 2001 (fragmento).
 
Ao expressar uma percepção de a�tudes e valores
situados na passagem do tempo, o eu lírico manifesta
uma angús�a sinte�zada na 
a) compreensão da efemeridade das convicções antes
vistas como sólidas. 
b) consciência das imperfeições aceitas na construção do
senso comum. 
c) revolta das novas gerações contra modelos
tradicionais de educação. 
d) incerteza da expecta�va de mudança por parte das
futuras gerações. 
e) crueldade atribuída à forma de punição pra�cada
pelos mais velhos. 
IT0132 - (Enem)
o que será que ela quer
essa mulher de vermelho
alguma coisa ela quer
pra ter posto esse ves�do
não pode ser apenas
uma escolha casual
podia ser um amarelo
verde ou talvez azul
mas ela escolheu vermelho
ela sabe o que ela quer
e ela escolheu ves�do
e ela é uma mulher
então com base nesses fatos
eu já posso afirmar
que conheço o seu desejo
caro watson, elementar:
o que ela quer sou euzinho
sou euzinho o que ela quer
só pode ser euzinho
o que mais podia ser
FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São
Paulo: Cosac Naify, 2013.
 
No processo de elaboração do poema, a autora confere
ao eu lírico uma iden�dade que aqui representa a
a) hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso
comum. 
b) mudança de paradigmas de imagem atribuídos à
mulher. 
c) tenta�va de estabelecer preceitos da psicologia
feminina. 
d) importância da correlação entre ações e efeitos
causados. 
e) valorização da sensibilidade como caracterís�ca de
gênero. 
IT0122 - (Enem)
 Se for possível, manda-me dizer:
– É lua cheia. A casa está vazia –
8@professorferretto @prof_ferretto
Manda-me dizer, e o paraíso
Há de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E dos meus pés molhados, manda-me dizer:
– É lua nova –
E reves�da de luz te volto a ver.
HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São
Paulo: Cia. das Letras, 2018
 
Falando ao outro, o eu lírico revela-se vocalizando um
desejo que remete ao 
a) ce�cismo quanto à possibilidade do reencontro. 
b) tédio provocado pela distância �sica do ser amado. 
c) sonho de autorrealização desenhado pela memória. 
d) julgamento implícito das a�tudes de quem se afasta. 
e) ques�onamento sobre o significado do amor
ausente. 
IT0128 - (Enem)
Toca a sirene na fábrica,
e o apito como um chicote
bate na manhã nascente
e bate na tua cama
no sono da madrugada.
Ternuras da áspera lona
pelo corpo adolescente.
É o trabalho que te chama.
Às pressas tomas o banho,
tomas teu café com pão,
tomas teu lugar no bote
no cais do Capibaribe.
Deixas chorando na esteira
teu filho de mãe solteira.
Levas ao lado a marmita,
contendo a mesma ração
do meio de todo o dia,
a carne-seca e o feijão.
De tudo quanto ele pede
dás só bom-dia ao patrão,
e recomeças a luta
na engrenagem da fiação.
MOTA, M. Canto ao meio. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1964.
 
Nesse texto, a mobilização do uso padrão das formas
verbais e pronominais 
a) ajuda a localizar o enredo num ambiente está�co. 
b) auxilia na caracterização �sica do personagem
principal. 
c) acrescenta informações modificadoras às ações dos
personagens. 
d) alterna os tempos da narra�va, fazendo progredir as
ideias do texto. 
e) está a serviço do projeto poé�co, auxiliando na
dis�nção dos referentes.
IT0140 - (Enem)
Soneto VII
 
Onde estou? Este sí�o desconheço:
Quem fez tão diferenteaquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado;
E em contemplá-lo �mido esmoreço.
 
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado:
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
 
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
 
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
 
No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação
da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que
transparece uma 
a) angús�a provocada pela sensação de solidão. 
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. 
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. 
d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. 
e) empa�a entre os sofrimentos do eu e a agonia da
terra. 
IT0144 - (Enem)
Sem acessórios nem som
 
Escrever só para me livrar
de escrever.
Escrever sem ver, com riscos
sen�ndo falta dos acompanhamentos
com as mesmas lesmas
9@professorferretto @prof_ferretto
e figuras sem força de expressão.
Mas tudo desafina:
o pensamento pesa
tanto quanto o corpo
enquanto corto os conec�vos
corto as palavras rentes
com tesoura de jardim
cega e bruta
com facão de mato.
Mas a marca deste corte
tem que ficar
nas palavras que sobraram.
Qualquer coisa do que desapareceu
con�nuou nas margens, nos talos
no atalho aberto a talhe de foice
no caminho de rato.
FREITAS FILHO, A. Máquina da escrever: poesia reunida e
revista.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.
 
Nesse texto, a reflexão sobre o modo cria�vo aponta para
uma concepção de a�vidade poé�ca que põe em
evidência o(a) 
a) angus�ante necessidade de produção, presente em
“Escrever só para me livrar/ de escrever”. 
b) imprevisível percurso da composição, presente em “no
atalho aberto a talhe de foice/ no caminho de rato”. 
c) agressivo trabalho de supressão, presente em “corto
as palavras rentes/ com tesoura de jardim/ cega e
bruta”. 
d) inevitável frustração diante do poema, presente em
“Mas tudo desafina:/ o pensamento pesa/ tanto
quanto o corpo”. 
e) conflituosa relação com a inspiração, presente em
“sen�ndo falta dos acompanhamentos/ e figuras sem
força de expressão”. 
IT0395 - (Enem PPL)
O fim da história
Não creio que o tempo
Venha comprovar
Nem negar que a História
Possa se acabar
Basta ver que um povo
Derruba um czar
Derruba de novo
Quem pôs no lugar
É como se o livro dos tempos pudesse
Ser lido trás pra frente, frente pra trás
Vem a História, escreve um capítulo
Cujo �tulo pode ser “Nunca Mais”
Vem o tempo e elege outra história, que escreve
Outra parte, que se chama “Nunca É Demais”
“Nunca Mais”, “Nunca É Demais”, “Nunca Mais”
“Nunca É Demais”, e assim por diante, tanto faz
Indiferente se o livro é lido
De trás pra frente ou lido de frente pra trás
GILBERTO GIL. In: Parabolicamará. Rio de Janeiro: WEA,
1991.
 
Considerando-se o jogo de oposições presente nessa
letra e canção, infere-se que a narra�va histórica
a) está sujeita a diferentes interpretações.
b) é construída pela relação causa e efeito.
c) sucede-se em espaços de tempos cíclicos.
d) limita-se a fatos relevantes de um grupo social.
e) desenvolve-se em torno de uma mesma temá�ca.
IT0396 - (Enem PPL)
Jon Lord, fundador do DeepPurple, era um caso raro
na música. Depois de uma carreira bem-sucedida como
tecladista de duas das maiores bandas de rock do
planeta, aposentou-se em 2002 para compor peças
eruditas. Para ele, clássico e popular eram apenas
aspectos de uma mesma en�dade, a boa música. O
caminho era quase natural. Tendo aprendido a tocar os
clássicos no piano, Lord apaixonou-se pelo rock ao ouvir
Buddy Holly e começou a tocar em combos de jazz,
rhythm’n’blues e depois rock. Em 1969, aos 27 anos, ele
compôs, com a ajuda do maestro Malcolm Arnold,
um Concerto para grupo e orquestra, temperando a
estrutura de uma peça erudita com a eletricidade
agressiva da fase mais cria�va do Deep Purple, a mesma
equipe que comporia Smoke on the Water em 1972.
SOARES, M. Jon Lord foi um pioneiro na fusão entre rock
e erudito. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso
em: 16 nov. 2021 (adaptado).
 
A circulação do tecladista Jon Lord (1941-2012) entre
gêneros aparentemente distantes como o rock e a música
erudita foi possível porque ele
a) conheceu muitos países e culturas ao longo das
constantes viagens em turnê.
b) superou eventuais barreiras esté�cas ao se abrir para
novos es�los musicais.
c) aventurou-se em novas esté�cas musicais após a
aposentadoria da banda.
d) reconheceu a limitação de possibilidades de
composição da música popular.
e) adaptou-se a um repertório musical mais amplo diante
do sucesso do grupo.
IT0424 - (Enem PPL)
Da calma e do silêncio
10@professorferretto @prof_ferretto
Quando eu morder
a palavra,
por favor,
não me apressem,
quero mascar,
rasgar entre os dentes,
a pele, os ossos, o tutano
do verbo,
para assim versejar
o âmago das coisas...
[...]
Quando meus pés
abrandarem na marcha,
por favor,
não me forcem.
 
Caminhar para quê?
 
Deixem-me quedar,
deixem-me quieta,
na aparente inércia.
 
Nem todo viandante
anda estradas,
há mundos submersos,
que só o silêncio
da poesia penetra.
EVARISTO, C. Poemas de recordação e outros
movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2021 (fragmento).
 
Na reflexão sobre mo�vos e soluções do trabalho com a
palavra, o eu lírico defende que a poesia
a) reflete as limitações inerentes à sua matéria-prima.
b) é um produto relacionado ao sen�mento de angús�a.
c) exige o engajamento social para a sua plena realização.
d) requer um tempo próprio de amadurecimento e
plenitude.
e) deve desvincular-se de questões de inspiração
meta�sica.
IT0492 - (Enem PPL)
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso, 
preciso porque estou tonto. 
Ninguém tem nada com isso. 
Escrevo porque amanhece,
E as estrelas lá no céu 
Lembram letras no papel, 
Quando o poema me anoitece. 
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê. 
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê.
LEMINSKI, P. Melhores poemas de Paulo Leminski. São
Paulo: Global, 2013.
 
Ao abordar o próprio processo de criação, o poeta
recorre a exemplificações com o propósito de representar
a escrita como uma a�vidade que
a) requer a cria�vidade do ar�sta.
b) dispensa explicações racionais.
c) independe da curiosidade do leitor.
d) pressupõe a observação da natureza.
e) decorre da livre associação de imagens.
IT0520 - (Enem PPL)
As cartas de amor
deveriam ser fechadas
com a língua.
Beijadas antes de enviadas. 
Sopradas. Respiradas.
O esforço do pulmão 
capturado pelo envelope,
a letra tremendo
como uma pálpebra.
Não a cola isenta, neutra, 
mas a espuma, a gen�leza, 
a gripe, o contágio.
Porque a saliva
acalma um machucado.
As cartas de amor 
deveriam ser abertas
com os dentes.
CARPINEJAR, F. Como no céu. Rio de Janeiro: Bertrand
Russel, 2005.
 
No texto predomina a função poé�ca da linguagem, pois
ele registra uma visão imaginária e singularizada de
mundo, construída por meio do trabalho esté�co da
linguagem. A função cona�va também contribui para
esse trabalho na medida em que o enunciador procura
a) influenciar o leitor em relação aos sen�mentos
provocados por uma carta de amor, por meio de
opiniões pessoais.
b) definir com obje�vidade o sen�mento amoroso e a
importância das cartas de amor.
c) alertar para consequências perigosas advindas de
mensagens amorosas.
d) esclarecer como devem ser escritas as mensagens
sen�mentais nas cartas de amor.
e) produzir uma visão ficcional do sen�mento amoroso
presente em cartas de amor.
11@professorferretto @prof_ferretto
IT0522 - (Enem PPL)
TEXTO I
A dupla Claudinho e Buchecha foi formada por dois
amigos de infância que eram vizinhos na comunidade do
Salgueiro. Os cantores iniciaram sua carreira ar�s�ca no
início dos anos 1990, cantando em bailes funk de São
Gonçalo (RJ), e fizeram muito sucesso com a música Fico
assim sem você, em 2002. Buchecha trabalhoupor um
bom tempo como office boy e Claudinho atuou como
peão de obras e vendedor ambulante.
Disponível em: h�p://dicionariompb.com.br. Acesso em:
19 abr. 2018 (adaptado).
 
TEXTO II
Ouvi a canção Fico assim sem você no rádio e me
apaixonei instantaneamente. Quando isso acontece
comigo, não posso fazer nada a não ser trazer a música
pra perto de mim e então começar a cantar e tocar sem
parar, até que ela se torne minha. A canção caiu como
uma luva no repertório do disco e eu contava as horas
pra poder gravá-la.
CALCANHOTTO, A. Fico assim sem você. Disponível em:
www.adrianapar�mpim.com.br. Acesso em: 19 abr. 2018
(adaptado).
 
A letra da canção Fico assim sem você, que circulava em
meios populares, veiculada pela grande mídia, começou
a integrar o repertório de crianças cujas famílias �nham o
hábito de ouvir o que é conhecido como MPB. O novo
público que passou a conhecer e apreciar essa música
revela a
a) legi�mação de certas músicas quando interpretadas
por ar�stas de uma parcela específica da sociedade.
b) admiração pelas composições musicais realizadas por
sujeitos com pouca formação acadêmica.
c) necessidade que músicos consagrados têm de buscar
novos repertórios nas periferias.
d) importância dos meios de comunicação de massa na
formação da música brasileira.
e) função que a indústria fonográfica ocupa em resgatar
músicas da periferia.
IT0537 - (Enem PPL)
Biografia de Pasárgada
Quando eu �nha meus 15 anos e traduzia na classe de
grego do D. Pedro II a Ciropédia fiquei encantado com o
nome dessa cidadezinha fundada por Ciro, o An�go, nas
montanhas do sul da Pérsia, para lá passar os verões. A
minha imaginação de adolescente começou a trabalhar, e
vi Pasárgada e vivi durante alguns anos em Pasárgada.
Mais de vinte anos depois, num momento de
profundo desânimo, saltou-me do subconsciente este
grito de evasão: “Vou-me embora pra Pasárgada!”
Imediatamente sen� que era a célula de um poema.
Peguei do lápis e do papel, mas o poema não veio. Não
pensei mais nisso. Uns cinco anos mais tarde, o mesmo
grito de evasão nas mesmas circunstâncias. Desta vez, o
poema saiu quase ao correr da pena. Se há belezas em
“Vou-me embora pra Pasárgada!”, elas não passam de
acidentes. Não construí o poema, ele construiu-se em
mim, nos recessos do subconsciente, u�lizando as
reminiscências da infância — as histórias que Rosa,
minha ama-seca mulata, me contava, o sonho jamais
realizado de uma bicicleta etc. 
BANDEIRA, M. I�nerário de Pasárgada. São Paulo: Global,
2012.
 
O texto é um depoimento de Manuel Bandeira a respeito
da criação de um de seus poemas mais conhecidos. De
acordo com esse depoimento, o fazer poé�co em “Vou-
me embora pra Pasárgada!”
a) acontece de maneira progressiva, natural e pouco
intencional.
b) decorre de uma inspiração fulminante, num momento
de extrema emoção.
c) ra�fica as informações do senso comum de que
Pasárgada é a representação de um lugar utópico.
d) resulta das mais fortes lembranças da juventude do
poeta e de seu envolvimento com a literatura grega.
e) remete a um tempo da vida de Manuel Bandeira
marcado por desigualdades sociais e econômicas.
IT0541 - (Enem PPL)
Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
 
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
 
Quando as ondas te carregaram
meus olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
 
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que �nham
e a lembrança do movimento.
 
E o sorriso que eu te levava
12@professorferretto @prof_ferretto
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
 
Na composição do poema, o tom elegíaco e solene
manifesta uma concepção de lirismo fundada na
a) contradição entre a vontade da espera pelo ser amado
e o desejo de fuga.
b) expressão do desencanto diante da impossibilidade da
realização amorosa.
c) associação de imagens díspares indica�vas de
esperança no amor futuro.
d) recusa à aceitação da impermanência do sen�mento
pela pessoa amada.
e) consciência da inu�lidade do amor em relação à
inevitabilidade da morte.
IT0543 - (Enem PPL)
A
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados, 
Por céus de ouro e púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
 
Delineiam-se além da serrania
Os vér�ces de chamas aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia.
 
Um mundo de vapores no ar flutua... 
Como uma informe nódoa avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua.
 
A natureza apá�ca esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso
em: 13 ago. 2017.
 
Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um
modelo par�cularmente ajustado à poesia parnasiana.
No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa
esté�ca
a) as metáforas inspiradas na visão da natureza.
b) a ausência de emo�vidade pelo eu lírico.
c) a retórica ornamental desvinculada da realidade.
d) o uso da descrição como meio de expressividade.
e) o vínculo a temas comuns à An�guidade Clássica.
IT0555 - (Enem PPL)
As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das
outras, hos�s e espectrais, desertas de vontades novas
que as humanizem, esquecidas já dos an�gos homens
lendários que as povoaram e dominaram.
Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas
cidades decadentes, como uma doença aviltante e tenaz,
que se aninhou para sempre em suas dobras. Não
podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si e vencer,
elas resignam-se e as ocultam com sua vegetação escura
e densa, que lhes serve de coberta, e resguardam o seu
sonho imperial de ferro e ouro.
PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Ar�um, 2001.
 
As soluções de linguagem encontradas pelo narrador
projetam uma perspec�va lírica da paisagem
contemplada. Essa projeção alinha-se ao poé�co na
medida em que 
a) explora a iden�dade entre o homem e a natureza.
b) reveste o inanimado de vitalidade e ressen�mento.
c) congela no tempo a prosperidade de an�gas cidades.
d) destaca a esté�ca das formas e das cores da paisagem.
e) captura o sen�do da ruína causada pela extração
mineral.
IT0560 - (Enem PPL)
Quantos há que os telhados têm vidrosos 
E deixam de a�rar sua pedrada,
De sua mesma telha receiosos.
 
Adeus, praia, adeus, ribeira, 
De regatões tabaquista, 
Que vende gato por lebre 
Querendo enganar a vista.
 
Nenhum modo de desculpa 
Tendes, que valer-vos possa: 
Que se o cão entra na igreja,
É porque acha aberta a porta.
GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São
Paulo: Mar�ns Fontes, 2003 (fragmento).
 
Ao organizar as informações, no processo de construção
do texto, o autor estabelece sua intenção comunica�va.
Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados
populares com o obje�vo de
13@professorferretto @prof_ferretto
a) enumerar a�tudes.
b) descrever costumes.
c) demonstrar sabedoria.
d) recomendar precaução.
e) cri�car comportamentos.
IT0567 - (Enem PPL)
E fui mostrar ao ilustre hóspede [o governador do
Estado] a serraria, o descaroçador e o estábulo. Expliquei
em resumo a prensa, o dínamo, as serras e o banheiro
carrapa�cida. De repente supus que a escola poderia
trazer a benevolência do governador para certos favores
que eu tencionava solicitar.
— Pois sim senhor. Quando V. Exa. vier aqui outra vez,
encontrará essa gente aprendendo car�lha. 
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1991.
 
O fragmento do romance de Graciliano Ramos dialoga
com o contexto da Primeira República no Brasil, ao
focalizar o(a)
a) derrocada de prá�cas clientelistas.
b) declínio do an�go atraso socioeconômico.
c) liberalismo desapartado de favores do Estado.
d) fortalecimento de polí�cas públicas educacionais.
e) aliança entre a elite agrária e os dirigentespolí�cos.
IT0573 - (Enem PPL)
Filha do compositor Paulo Leminski lança disco com suas
canções
“Leminskanções” dá novos arranjos a 24 composições do
poeta
Frequentemente, a cantora e compositora Estrela Ruiz
é ques�onada sobre a influência da poesia de seu pai,
Paulo Leminski, na música que ela produz. “A minha
infância foi música, música, música”, responde
veementemente, lembrando que, antes de poeta,
Leminski era compositor.
Estrela frisa a faceta musical do pai
em Leminskanções. Duplo, o álbum soma Essa noite vai
ter sol, com 13 composições assinadas apenas por
Leminski, e Se nem for terra, se transformar, que tem 11
parcerias com nomes como sua mulher, Alice Ruiz, com
quem compôs uma única faixa, Itamar Assumpção e
Moraes Moreira.
BOMFIM, M. Disponível em:
h�p://cultura.estadao.com.br. Acesso em: 22 ago. 2014
(adaptado).
 
Os gêneros textuais são caracterizados por meio de seus
recursos expressivos e suas intenções comunica�vas.
Esse texto enquadra-se no gênero
a) biografia, por fazer referência à vida da ar�sta.
b) relato, por trazer o depoimento da filha do ar�sta.
c) no�cia, por informar ao leitor sobre o lançamento do
disco.
d) resenha, por apresentar as caracterís�cas do disco.
e) reportagem, por abordar peculiaridades sobre a vida
da ar�sta.
IT0580 - (Enem PPL)
esse cão que me segue
é minha família, minha vida
ele tem frio mas não late nem pede 
ele sabe que o que eu tenho
divido com ele, o que eu não tenho 
também divido com ele
ele é meu irmão
ele é que é meu dono
 
bicho se é por des�no sina ou sorte
só faltando saber se bicho decente 
bicho de casa, bicho de carro, bicho
no trânsito, se bicho sem norte na fila
se bicho no mangue, se bicho na brecha 
se bicho na mira, se bicho no sangue
 
catar papel é profissão, catar papel
revela o segredo das coisas, tem
muita coisa sendo jogada fora
muita pessoa sendo jogada fora.
OLIVEIRA, V. L. O músculo amargo do mundo. São Paulo:
Escrituras, 2014.
 
No poema, os elementos presentes do campo de
percepção do eu lírico evocam um realinhamento de
significados, uma vez que
a) emerge a consciência do humano como matéria de
descarte.
b) reside na eventualidade do acaso a condição do
indivíduo.
c) ocorre uma inversão de papéis entre o dono e seu cão.
d) se instaura um ambiente de caos no mosaico urbano.
e) se atribui aos rejeitos uma valorização imprevista.
IT0584 - (Enem PPL)
Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as;
�nha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar
com uma menina ingênua e pobre, porque é nas classes
pobres que se encontra mais vergonha e menos
bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma
criatura simples, sem essa tendência fatal das mulheres
modernas para o adultério, uma menina que até chorava
14@professorferretto @prof_ferretto
na aula simplesmente por não ter respondido a uma
pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso
esporádico, uma verdadeira exceção no meio de uma
sociedade roída por quanto vício há no mundo. Ia
concluir o curso, e, quando voltasse ao Ceará, pensaria
seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a
calhar: pobrezinha, mas inocente...
CAMINHA, A. A normalista. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 16 maio 2016. 
 
Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do
romance de Adolfo Caminha, de 1893, iden�fica e
destaca nos personagens um(a)
a) compleição moral condicionada ao poder aquisi�vo.
b) temperamento inconstante incompa�vel com a vida
conjugal.
c) formação intelectual escassa relacionada a desvios de
conduta.
d) laço de dependência ao projeto de reeducação de
inspiração posi�vista.
e) sujeição a modelos representados por estra�ficações
sociais e de gênero.
IT0587 - (Enem PPL)
Talvez julguem que isto são voos de imaginação: é
possível. Como não dar largas à imaginação, quando a
realidade vai tomando proporções quase fantás�cas,
quando a civilização faz prodígios, quando no nosso
próprio país a inteligência, o talento, as artes, o comércio,
as grandes ideias, tudo pulula, tudo cresce e se
desenvolve?
Na ordem dos melhoramentos materiais, sobretudo,
cada dia fazemos um passo, e em cada passo realizamos
uma coisa ú�l para o engrandecimento do país.
ALENCAR, J. Ao correr da pena. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2013.
 
No fragmento da crônica de José de Alencar, publicada
em 1854, a temá�ca nacionalista constrói-se pelo elogio
ao(à)
a) passado glorioso.
b) progresso nacional.
c) inteligência brasileira.
d) imponência civilizatória.
e) imaginação exacerbada.
IT0596 - (Enem PPL)
Tenho visto criaturas que trabalham demais e não
progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm
faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a
boca e engolem tudo.
Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras
tenta�vas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas
seguintes.
Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca,
naturalmente, e levei-a para além do ponto em que
estava no tempo de Salus�ano Padilha. Houve
reclamações.
—Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo
enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar,
paciência, vá à jus�ça.
Como a jus�ça era cara, não foram à jus�ça. E eu, o
caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralí�co de
um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife,
estudando direito. Respeitei o engenho do Dr.
Magalhães, juiz.
Violências miúdas passaram despercebidas. As
questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às
chicanas de João Nogueira.
Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei
maquinismos e não prestei atenção aos que me
censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas.
Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus
produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem.
Azevedo Gondim compôs sobre ela dois ar�gos, chamou-
me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito
também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e
elogiando o chefe polí�co local. Em consequência
mordeu-me cem mil réis.
RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.
 
O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo
Honório, narrador-personagem, sobre a expansão de
suas terras. De acordo com esse relato, o processo de
prosperidade que o beneficiou evidencia que ele
15@professorferretto @prof_ferretto
a) revela-se um empreendedor capitalista pragmá�co
que busca o êxito em suas realizações a qualquer
custo, ignorando princípios é�cos e valores
humanitários.
b) procura adequar sua a�vidade produ�va e função de
empresário às regras do Estado democrá�co de
direito, ajustando o interesse pessoal ao bem da
sociedade.
c) relata aos seus interlocutores fatos que lhe ocorreram
em um passado distante, e enumera ações que põem
em evidência as suas muitas virtudes de homem do
campo.
d) demonstra ser um homem honrado, patriota e
audacioso, atributos ressaltados pela realização de
ações que se ajustam ao princípio de que os fins
jus�ficam os meios.
e) amplia o seu patrimônio graças ao esforço pessoal,
contando com a sorte e a capacidade de inicia�va,
sendo um exemplo de empreendedor com
responsabilidade social.
IT0598 - (Enem PPL)
— Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é…
filho de uma escrava.
— Eu?
— O senhor é um homem de cor!… Infelizmente esta
é a verdade…
Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no
fim de um silêncio:
— Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei
Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher
sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela
é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja
uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O
senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção
contra os mulatos!… Nunca me perdoariam um tal
casamento; além do que, para realizá-lo, teria que
quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a
neta senão a um branco de lei, português ou
descendente direto de portugueses. 
AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008.
 
Influenciada pelo ideário cien�ficista do Naturalismo, a
obra destaca o modo como o mulato era visto pela
sociedade de finsdo século XIX. Nesse trecho, Manoel
traduz uma concepção em que a
a) miscigenação racial desqualificava o indivíduo.
b) condição econômica anulava os conflitos raciais.
c) discriminação racial era condenada pela sociedade.
d) escravidão negava o direito da negra à maternidade.
e) união entre mes�ços era um risco à hegemonia dos
brancos.
IT0606 - (Enem PPL)
Chamou-me o bragan�no e levou-me pelos corredores
e pá�os até ao hospício propriamente. Aí é que percebi
que ficava e onde, na seção, na de indigentes, aquela em
que a imagem do que a Desgraça pode sobre a vida dos
homens é mais formidável. O mobiliário, o vestuário das
camas, as camas, tudo é de uma pobreza sem par. Sem
fazer monopólio, os loucos são da proveniência mais
diversa, originando-se em geral das camadas mais pobres
da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos,
portugueses e outros mais exó�cos, são os negros
roceiros, que teimam em dormir pelos desvãos das
janelas sobre uma esteira esmolambada e uma manta
sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de cavalariça,
trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com
educação, mas que a falta de recursos e proteção a�ra
naquela geena social.
BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério dos vivos.
São Paulo: Cosac& Naify, 2010.
 
No relato de sua experiência no sanatório onde foi
interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e
humana marcada pela exclusão. Em seu testemunho,
essa reclusão demarca uma
a) medida necessária de intervenção terapêu�ca.
b) forma de punição indireta aos hábitos desregrados.
c) compensação para as desgraças dos indivíduos.
d) oportunidade de ressocialização em um novo
ambiente.
e) conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e
periféricos.
IT0614 - (Enem PPL)
A madrasta retalhava um tomate em fa�as, assim finas,
capaz de envenenara todos. Era possível entrever o arroz
branco do outro lado do tomate, tamanha a sua
transparência. Com a saudade evaporando pelos olhos,
eu insis�a em jus�ficar a economia que administrava
seus gestos. Afiando a faca no cimento frio da pia, ela
cortava o tomate vermelho, sanguíneo, maduro, como se
degolasse cada um de nós. Seis. O pai, amparado pela
prateleira da cozinha, com o suor desinfetando o ar,
tamanho o cheiro do álcool, reparava na fome dos filhos.
Enxergava o manejo da faca desafiando o tomate e, por
16@professorferretto @prof_ferretto
certo, nos pensava devorados pelo vento ou tempestade,
segundo decretava a nova mulher. Todos os dias —
co�dianamente — havia tomate para o almoço. Eles
germinavam em todas as estações. Jabu�caba, manga,
laranja, floresciam cada uma em seu tempo. Tomate,
não. Ele fru�ficava, con�nuamente, sem demandar
adubo além do ciúme. Eu desconhecia se era mais
importante o tomate ou o ritual de cortá-lo. As fa�as
delgadas escreviam um ódio e só aqueles que se sentem
intrusos ao amor podem tragar.
QUEIRÓS, B. C. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac &
Naify, 2011.
 
Ao recuperar a memória da infância, o narrador destaca a
importância do tomate nos almoços da família e a ação
da madrasta ao prepará-lo. A insistência nessa imagem é
um procedimento esté�co que evidencia a
a) saudade do menino em relação à sua mãe.
b) insegurança do pai diante da fome dos filhos.
c) raiva da madrasta pela indiferença do marido.
d) resistência das crianças quanto ao carinho da
madrasta.
e) convivência conflituosa entre o menino e a esposa do
pai.
IT0617 - (Enem PPL)
Fazer 70 anos
Fazer 70 anos não é simples.
A vida exige, para o conseguirmos,
perdas e perdas no ín�mo do ser,
como, em volta do ser, mil outras perdas.
[…]
Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião!
Nós o conseguimos…
E sorrimos
de uma vitória comprada por que preço?
Quem jamais o saberá?
ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo:
Círculo do Livro, 1992 (fragmento).
 
O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para o
conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a
progressão temá�ca e o encadeamento textual,
recuperando o segmento
a) “Ó José Carlos”.
b) “perdas e perdas”.
c) “A vida exige”.
d) “Fazer 70 anos”.
e) “irmão-em-Escorpião”.
IT0680 - (Enem PPL)
Ave a raiva desta noite
A baita lasca fúria abrupta 
Louca besta vaca solta 
Ruiva luz que contra o dia 
Tanto e tarde madrugada. 
LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo:
Brasiliense, 2002 (fragmento).
 
No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros
e jogos de imagens. Esses jogos caracterizam a função
poé�ca da linguagem, pois
a) obje�vam convencer o leitor a pra�car uma
determinada ação.
b) transmitem informações, visando levar o leitor a
adotar um determinado comportamento.
c) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.
d) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem,
explicando o sen�do das palavras.
e) representam um uso ar�s�co da linguagem, com o
obje�vo de provocar prazer esté�co no leitor.
IT0695 - (Enem PPL)
Fogo frio
O Poeta
Fogo frio
A névoa que sobe
dos campos, das grotas, do fundo dos vales, é o hálito
quente da terra friorenta.
 
O Lavrador
Engana-se, amigo.
Aquilo é fumaça que sai da geada.
 
O Poeta
Fumaça, que eu saiba,
somente de chama e brasa é que sai!
 
O Lavrador
E, acaso, a geada não é
fogo branco caído do céu,
tostando tudinho, crestando tudinho, queimando
tudinho, sem pena, sem dó?
FORNARI, E. Trem da serra. Porto Alegre: Acadêmica,
1987.
 
Neste diálogo poé�co, encena-se um embate de ideias
entre o Poeta e o Lavrador, em que
17@professorferretto @prof_ferretto
a) a vitória simbólica é dada ao discurso do lavrador e
tem como efeito a renovação de uma linguagem
poé�ca cristalizada.
b) as duas visões têm a mesma importância e são
equivalentes como experiência de vida e a capacidade
de expressão.
c) o autor despreza a sabedoria popular e traça uma
caricatura do discurso do lavrador, simplório e
repe��vo.
d) as imagens contraditórias de frio e fogo referidas à
geada compõem um paradoxo que o poema não é
capaz de organizar.
e) o discurso do lavrador faz uma personificação da
natureza para explicar o fenômeno climá�co
observado pelos personagens.
IT0667 - (Enem PPL)
O rap cons�tui-se em uma expressão ar�s�ca por
meio da qual os MCs relatam poe�camente a condição
social em que vivem e retratam suas experiências
co�dianas.
SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para
a escola. Porto Alegre: Sulina, 2008.
 
O “relato poé�co” é uma caracterís�ca fundamental
desse gênero musical, em que o
a) MC canta de forma melodiosa as letras, que retratam a
complexa realidade em que se encontra.
b) rap se limita a usar sons eletrônicos nas músicas, que
seriam responsáveis por retratar a realidade da
periferia.
c) rap se caracteriza pela proximidade das notas na
melodia, em que a letra é mais recitada do que
cantada, como em uma poesia.
d) MC canta enquanto outros músicos o acompanham
com instrumentos, tais como o contrabaixo elétrico e
o teclado.
e) MC canta poemas amplamente conhecidos,
fundamentando sua atuação na memorização de suas
letras.
IT0709 - (Fuvest)
Tempo de nos aquilombar
 
É tempo de caminhar em fingido silêncio,
e buscar o momento certo no grito,
aparentar fechar um olho evitando o cisco
e abrir escancaradamente o outro.
 
É tempo de fazer os ouvidos moucos
para os vazios lero-leros,
e cuidar dos passos assuntando as vias,
ir se vigiando atento, que o buraco é fundo.
 
É tempo de ninguém se soltar de ninguém,
mas olhar fundo na palma aberta
a alma de quem lhe oferece o gesto.
O laçar de mãos não pode ser algemas,
sim acertada tá�ca, necessário esquema.
 
É tempo de formar novos quilombos,
em qualquer lugar que estejamos
e que venham dias futuros, salve 2020
A mís�ca quilombola persiste afirmando:
"a liberdade é uma luta constante".
Conceição Evaristo. Jornal O Globo, 31/12/2019.
Considerando o enfoque do texto na denúncia social, o
eu lírico revela, predominantemente,
a) a crí�ca às reações da nossa sociedade frente aos
problemas que ficaram no passado. 
b) as jus�fica�vas para a segregação social no mundo
contemporâneo. 
c) as tensões sociais presentes há tempos, sob a luzdos
embates do momento atual. 
d) a importância de contornar os problemas sociais do
passado.
e) as peculiaridades das diferentes classes sociais ao
enfrentar os problemas sociais atuais. 
IT0714 - (Fuvest)
O SOBREVIVENTE
Impossível compor um poema a essa altura da evolução 
[da humanidade.
Impossível escrever um poema - uma linha que seja - de 
[verdadeira poesia
O úl�mo trovador morreu em 1914. 
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais. 
 
Há máquinas terrivelmente complicadas para as
[necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão. 
Paletós abotoam-se por eletricidade. 
Amor se faz pelo sem fio.
Não precisa estômago para digestão.
 
Um sábio declarou a O jornal que ainda 
falta muito para a�ngirmos um nível 
razoável de cultura. Mas até lá, felizmente, 
estarei morto. 
 
Os homens não melhoraram
e matam-se como percevejos. 
Os percevejos heroicos renascem.
Inabitável o mundo é cada vez mais habitado.
18@professorferretto @prof_ferretto
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo 
[dilúvio
 
(Desconfio que escrevi um poema.)
Carlos Drummond de Andrade. Alguma Poesia, 1930.
 
Entre o primeiro e o úl�mo verso, há uma aparente
contradição, que, todavia, não se sustenta porque
a) os entraves à plenitude lírica são removidos. 
b) os trovadores ainda inspiramos enamorados. 
c) a sabedoria controla o poder das máquinas.
d) os heróis sempre ressuscitam neste mundo.
e) a poesia resiste à nega�vidade do seu tempo.
IT0715 - (Fuvest)
[...]
Um sino de vidro claro,
uma ampola cristalina e contrá�l,
flutua calma no seu caminho.
“Peixinho, peixinho, deixe-a ir!
Peixinho, peixinho, se apresse em fugir!”
 
Ali atrás, longos fios transparentes se arrastam
e os olhos do peixinho a um banquete convidam.
“Serão, por acaso, minhocas o que eu vejo de
repente?”
“Peixinho, peixinho, deixe-me alertar!
Peixinho, peixinho, não se deixe enganar!”
 
Próximo demais o peixinho chegou:
“Ai, ai, ai, agora ela me pegou!
Firme me amarrou e não consigo me soltar! 
Firme me envolve e arde de matar!”
[...].
 
Tradução e adaptação de Flavia Souza, Stefano Hagen e
Luiz Fontes.
 
O fragmento de poema apresentado foi escrito pelo
naturalista Fritz Müller para suas filhas. O trecho do
poema permite afirmar que a predação é realizada por
um/uma 
a) camarão. 
b) água-viva. 
c) tubarão. 
d) lula. 
e) plâncton. 
IT0721 - (Fuvest)
O QUINTO IMPÉRIO
Triste de quem vive em casa, 
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa, 
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!
 
Triste de quem é feliz! 
Vive porque a vida dura. 
Nada na alma lhe diz 
Mais que a lição da raiz — 
Ter por vida a sepultura.
 
Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem. 
Ser descontente é ser homem. 
Que as forças cegas se domem 
Pela visão que a alma tem!
 
E assim, passados os quatro 
Tempos do ser que sonhou, 
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro 
Da erma noite começou.
 
Grécia, Roma, Cristandade, 
Europa — os quatro se vão 
Para onde vai toda idade. 
Quem vem viver a verdade 
Que morreu D. Sebas�ão?
Fernando Pessoa. Mensagem.
 
De acordo com o texto, a ideia de felicidade, também
nuclear em outros poemas de Mensagem,
a) alimenta as aspirações humanas. 
b) compreende-se como superação da morte. 
c) iden�fica-se com o des�no heroico. 
d) compõe a mediocridade co�diana.
e) situa-se como finalidade da existência.
IT0722 - (Fuvest)
“Migna terra tê parmeras 
Che ganta inzima o sabiá. 
As aves che stó aqui, 
Tambê tu�os sabi gorgeá. 
(...)
Os rio lá sô maise grandi 
Dus rio di tu�as naçó;
I os ma�o si perdi di vista, 
Nu meio da imensidó.”
BANANÉRE, Juó. “Migna terra”. La Divina Increnca.
São Paulo: Irmãos Marrano Editora, 1924
 
Assinale a alterna�va que melhor expressa as relações
entre o poema e a inserção social de imigrantes italianos
19@professorferretto @prof_ferretto
no Brasil.
a) O poema traça uma analogia entre a paisagem natural
da Itália e do Brasil, sob os olhos de um imigrante. 
b) A referência à oralidade era um reconhecimento à
contribuição desta comunidade para a nova literatura
brasileira.
c) O poema tema�za a revolta dos imigrantes
camponeses italianos ao chegarem nas fazendas de
café.
d) O caráter lírico presente no poema indica a
emo�vidade e o desejo de aceitação por parte dos
imigrantes.
e) A linguagem adotada no poema expressava uma
maneira caricata de representar o idioma daquela
comunidade.
IT0726 - (Fuvest)
Nun'Álvares Pereira
Que auréola te cerca?
É a espada que, volteando, 
Faz que o ar alto perca 
Seu azul negro e brando.
 
Mas que espada é que, erguida, 
Faz esse halo no céu?
É Excalibur, a ungida,
Que o Rei Artur te deu.
 
'Sperança consumada,
S. Portugal em ser,
Ergue a luz da tua espada 
Para a estrada se ver!
Fernando Pessoa. In: “A Coroa”, Parte I, Mensagem.
 
A primeira parte de Mensagem, organizada como um
correla�vo poé�co do Brasão das Armas de Portugal,
perfila uma série de figuras mí�cas e históricas que
teriam sido responsáveis pela formação nacional
portuguesa. A seleção de Nun'Álvares Pereira para
ocupar o lugar da Coroa
a) sugere, pela imagem do halo de luz, que a verdadeira
nobreza é de espírito. 
b) destaca, através da referência ao mito arturiano, o seu
sangue bretão. 
c) dis�ngue, por meio do substan�vo “ ́ sperança”, um
regente digno de seu posto. 
d) enaltece, pela repe�ção da palavra espada, a guerra
como estrada para o futuro. 
e) indica, associada ao adje�vo “consumada”, uma visão
desenganada da história. 
IT0757 - (Fuvest)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
 
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
sem 
[horizontes.
 
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana.
 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa...
 
Tive ouro, �ve gado, �ve fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói!
Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do mundo.
 
Tendo em vista que o poema de Drummond contém
referências a aspectos geográficos e históricos
determinados, considere as seguintes afirmações:
 
I. O poeta é “de ferro” na medida em que é na�vo de
região caracterizada pela existência de importantes
jazidas de minério de ferro, intensamente exploradas.
II. O poeta revela conceber sua iden�dade como
tributária não só de uma geografia, mas também de
uma história, que é, igualmente, a da linhagem familiar
a que pertence.
III. A ausência de mulheres de que fala o poeta refere se
à ampla predominância de população masculina, na
zona de mineração intensiva de que ele é originário.
 
Está correto o que se afirma em
a) I, somente. 
b) III, somente.
c) I e II, somente. 
d) II e III, somente. 
e) I, II e III.
20@professorferretto @prof_ferretto
IT0758 - (Fuvest)
Confidência do Itabirano
Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e
comunicação.
 
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e
sem 
[horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, 
é doce herança itabirana.
 
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; 
este orgulho, esta cabeça baixa...
 
Tive ouro, �ve gado, �ve fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira éapenas uma fotografia na parede. 
Mas como dói!
Carlos Drummond de Andrade, Sen�mento do mundo.
 
No texto de Drummond, o eu lírico
a) considera sua origem itabirana como causadora de
deficiências que ele almeja superar. 
b) revela se incapaz de efe�vamente comunicar se, dado
o caráter férreo de sua gente.
c) ironiza a si mesmo e sa�riza a rus�cidade de seu
passado semirrural mineiro. 
d) dirige se diretamente ao leitor, tornando assim
patente o caráter confidencial do poema. 
e) cri�ca, em chave modernista, o bucolismo da poesia
árcade mineira.
IT0761 - (Fuvest)
Examine a figura.
 
Os versos de Carlos Drummond de Andrade que mais
adequadamente traduzem a principal mensagem da
figura acima são:
a)
b)
c)
d)
e)
IT0780 - (Unesp)
Leia um poema do português Eugênio de Castro (1869-
1944).
 
MÃOS
Mãos de veludo, mãos de már�r e de santa,
O vosso gesto é como um balouçar de palma;
O vosso gesto chora, o vosso gesto geme, o vosso
[gesto canta!
Mãos de veludo, mãos de már�r e de santa,
21@professorferretto @prof_ferretto
rolas à volta da negra torre da minh'alma.
 
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes,
Caridosas Irmãs do hospício da minh'alma,
O vosso gesto é como um balouçar de palma,
Pálidas mãos, que sois como dois lírios doentes...
 
Mãos afiladas, mãos de insigne formosura,
Mãos de pérola, mãos cor de velho marfim,
Sois dois lenços, ao longe, acenando por mim,
Duas velas à flor duma baía escura.
 
Mimo de carne, mãos magrinhas e graciosas,
Dos meus sonhos de amor, quentes e brandos ninhos,
Divinas mãos que me heis coroado de espinhos,
Mas que depois me haveis coroado de rosas!
 
Afilhadas do luar, mãos de rainha,
Mãos que sois um perpétuo amanhecer,
Alegrai, como dois ne�nhos, o viver
Da minha alma, velha avó entrevadinha.
(Obras
poé�cas, 1968.)
 
Verifica-se certa liberdade métrica na construção do
poema. Na primeira estrofe, tal liberdade comprova-se
pela
a) construção do hendecassílabo fora dos rígidos
modelos clássicos.
b) variedade do verso decassílabo e do verso
alexandrino.
c) presença de um verso com número menor de sílabas
que os alexandrinos.
d) desobediência aos padrões de pontuação tradicionais
do decassílabo.
e) presença de dois versos com número maior de sílabas
que os alexandrinos.
IT0792 - (Unesp)
Carpe diem: Esse conhecido lema, extraído das Odes
do poeta la�no Horácio (65 a.C.-8 a.C.), sinte�za
expressivamente o seguinte mo�vo: saber aproveitar
tudo o que se apresente de posi�vo (mesmo que pouco)
e transitório.
(Renzo Tosi. Dicionário de sentenças la�nas e gregas,
2010. Adaptado.)
 
Das estrofes extraídas da produção poé�ca de Fernando
Pessoa (1888-1935), aquela em que tal mo�vo se
manifesta mais explicitamente é:
a)
b)
c)
d)
e)
IT0796 - (Unesp)
Des�nada unicamente à exportação, em função da
qual se organiza e mantém a exploração, tal a�vidade
econômica desenvolveu-se à margem das necessidades
próprias da sociedade brasileira. No alvorecer do século
XIX, essa a�vidade econômica, que se iniciara sob tão
brilhantes auspícios e absorvera durante cem anos o
melhor das atenções e dos esforços do país, já tocava sua
ruína final. Os prenúncios dessa ruína já se faziam aliás
sen�r para os observadores menos cegos pela cobiça
desde longa data. De meados do século XVIII em diante,
essa a�vidade econômica, contudo, não fizera mais que
declinar.
22@professorferretto @prof_ferretto
(Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo,
1999. Adaptado.)
 
A a�vidade econômica a que o texto se refere está
presente em:
a)
b)
c)
d)
23@professorferretto @prof_ferretto
e)
IT0804 - (Unesp)
Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa.
 
Onde estou? Este sí�o desconheço:
Quem fez tão diferente aquele prado?
Tudo outra natureza tem tomado,
E em contemplá-lo, �mido, esmoreço.
 
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço
De estar a ela um dia reclinado;
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
 
Árvores aqui vi tão florescentes,
Que faziam perpétua a primavera:
Nem troncos vejo agora decadentes.
 
Eu me engano: a região esta não era;
Mas que venho a estranhar, se estão presentes
Meus males, com que tudo degenera!
(Cláudio Manuel da Costa. Obras,
2002.)
 
Considerando o contexto histórico-geográfico de
produção do soneto, as transformações na paisagem
assinaladas pelo eu lírico relacionam-se à seguinte
a�vidade econômica:
a) indústria.
b) extra�vismo vegetal.
c) agricultura.
d) extra�vismo mineral.
e) pecuária.
IT0814 - (Unesp)
Leia a letra da canção “Bom conselho”, de Chico Buarque,
composta em 1972.
 
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inú�l dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado:
Quem espera nunca alcança
 
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
 
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
(www.chicobuarque.com.br).
 
Na canção, o eu lírico modifica uma série de provérbios
bastante conhecidos. A maioria das formulações originais
desses provérbios contém um apelo
a) ao livre-arbítrio.
b) ao o�mismo.
c) à solidariedade.
d) ao conformismo.
e) à transgressão.
IT0840 - (Unesp)
Leia o poema de Catulo da Paixão Cearense (1863-1946).
O Azulão e os �co-�cos
 
Do começo ao fim do dia,
um belo Azulão cantava,
e o pomar que atento ouvia
o seus trilos de harmonia,
[5] cada vez mais se enflorava.
 
Se um �co-�co e outras aves
vaiavam sua canção...
mais doce ainda se ouvia
a flauta desse Azulão.
 
[10] Um papagaio, surpreso
de ver o grande desprezo,
do Azulão, que os desprezava,
um dia em que ele cantava
e um bando de �co-�cos
[15] numa algazarra o vaiava,
lhe perguntou: “Azulão,
olha, dize-me a razão
24@professorferretto @prof_ferretto
por que, quando estás cantando
e recebes uma vaia
[20] desses garotos joviais,
tu con�nuas gorgeando
e cada vez canta mais?!”
 
Numas volatas sonoras,
o Azulão lhe respondeu:
[25] “Caro Amigo! Eu prezo muito
esta garganta sublime
e esta voz maravilhosa...
este dom que Deus me deu!
 
Quando, há pouco, eu descantava,
[30] pensando não ser ouvido
nestes matos por ninguém,
um Sabiá*, que me escutava,
num capoeirão, escondido,
gritou de lá: — meu colega,
[35] bravos! Bravos... muito bem!
 
Pergunto agora a você:
quem foi um dia aplaudido
pelo príncipe dos cantos
de celestes harmonias,
[40] (irmão de Gonçalves Dias,
um dos cantores mais ricos...)
— que caso pode fazer
das vaias dos �co-�cos?”
 
*Nota do editor: Simbolicamente, Rui Barbosa está
representado neste Sabiá, pois foi a “Águia de Haia” um
dos maiores admiradores de Catulo e prefaciador do seu
livro Poemas bravios.
(Poemas escolhidos, s/d.)
 
Na fala do papagaio, dos versos de números 16 a 22, uma
das formas verbais não apresenta, como deveria, flexão
correspondente à mesma pessoa grama�cal das demais.
Trata-se de
a) con�nuas.
b) dize.
c) canta.
d) recebes.
e) estás.
IT0851 - (Unesp)
Carpe diem. É um lema la�no que significa, lato
sensu, “aproveita bem o dia” ou “aproveita o momento
fugaz”. Esta expressão tem paralelo em línguas
modernas, como no inglês: “Take �me while �me is, for
�me will away”.
(Carios Alberto de Macedo Rocha, Dicionário de locuções
e expressões da língua portuguesa, 2011. Adaptado)
 
Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes
versos de Fernando Pessoa:
a) Hoje, Neera,
não nos
escondamos,
Nada
nos
falta,
porque
nada
somos.
Não
esperamos
nada
E
temos
frio
ao
sol.
b) A
realidade
Sempre é
mais ou
menos
Do que
nós
queremos.
Só nós
somos
sempre
Iguais a
nós-
próprios.
c) Da
minha
aldeia
vejo
quanto
da
terra se
pode
ver no
[Universo...Por isso
a
minha
aldeia é
tão
grande
como
outra
terra
[qualquerPor que
eu sou
do
tamanho
do que
vejo
E não do
tamanho
da
minha
altura...
d) Sofro,
Lídia, do
medo do
des�no.
A leve pedra
que um
momento
ergue
As lisas
rodas do
meu carro,
aterra
Meu
coração.
e) Vem
sentar-
se
comigo,
Lídia, à
beira
do rio.
Sossegadamente

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