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<p>ENEM</p><p>Introdução à Literatura</p><p>L0009 - (Enem)</p><p>Foi sempre um gaúcho quebralhão, e despilchado</p><p>sempre, por ser muito de mãos abertas. Se numa mesa</p><p>de primeira ganhava uma ponchada de balastracas,</p><p>reunia a gurizada da casa, fazia pi! pi! pi! como pra</p><p>galinhas e semeava as moedas, rindo-se do formigueiro</p><p>que a miuçada formava, catando as pratas no terreiro.</p><p>Gostava de sentar um laçaço num cachorro, mas desses</p><p>laçaços de apanhar da palheta à virilha, e puxado a valer,</p><p>tanto que o bicho que o tomava, de tanto sen�r dor, e</p><p>lombeando-se, depois de disparar um pouco é que</p><p>gritava, num caim! caim! caim! de desespero.</p><p>LOPES NETO, J. S. Contrabandista. In: SALES, H.</p><p>(org). Antologia de contos brasileiros. Rio de Janeiro:</p><p>Ediouro, 2001 (adaptado).</p><p>A língua falada no Brasil apresenta vasta diversidade, que</p><p>se manifesta de acordo com o lugar, a faixa etária, a</p><p>classe social, entre outros elementos. No fragmento do</p><p>texto literário, a variação linguís�ca destaca-se</p><p>a) por inovar na organização das estruturas sintá�cas.</p><p>b) pelo uso de vocabulário marcadamente regionalista.</p><p>c) por dis�nguir, no diálogo, a origem social dos</p><p>falantes.</p><p>d) por adotar uma grafia �pica do padrão culto, na</p><p>escrita.</p><p>e) pelo entrelaçamento de falas de crianças e adultos.</p><p>L0003 - (Enem)</p><p>1@professorferretto @prof_ferretto</p><p>A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da</p><p>obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na</p><p>representação gráfica, a inter-relação de diferentes</p><p>linguagens caracteriza-se por</p><p>a) romper com a linearidade das ações da narra�va</p><p>literária.</p><p>b) ilustrar de modo fidedigno passagens representa�vas</p><p>da história.</p><p>c) ar�cular a tensão do romance à desproporcionalidade</p><p>das formas.</p><p>d) potencializar a drama�cidade do episódio com</p><p>recursos das artes visuais.</p><p>e) desconstruir a diagramação do texto literário pelo</p><p>desequilíbrio da composição.</p><p>L0004 - (Enem)</p><p>Esaú e Jacó</p><p>Ora, aí está justamente a epígrafe do livro, se eu lhe</p><p>quisesse pôr alguma, e não me ocorresse outra. Não é</p><p>somente um meio de completar as pessoas da narração</p><p>com as ideias que deixarem, mas ainda um par de lunetas</p><p>para que o leitor do livro penetre o que for menos claro</p><p>ou totalmente escuro.</p><p>Por outro lado, há proveito em irem as pessoas da minha</p><p>história colaborando nela, ajudando o autor, por uma lei</p><p>de solidariedade, espécie de troca de serviços, entre o</p><p>enxadrista e os seus trebelhos.</p><p>Se aceitas a comparação, dis�nguirás o rei e a dama, o</p><p>bispo e o cavalo, sem que o cavalo possa fazer de torre,</p><p>nem a torre de peão. Há ainda a diferença da cor, branca</p><p>e preta, mas esta não �ra o poder da marcha de cada</p><p>peça, e afinal umas e outras podem ganhar a par�da, e</p><p>assim vai o mundo.</p><p>ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,</p><p>1964 (fragmento).</p><p>O fragmento do romance Esaú e Jacó mostra como o</p><p>narrador concebe a leitura de um texto literário. Com</p><p>base nesse trecho, tal leitura deve levar em conta</p><p>a) o leitor como peça fundamental na construção dos</p><p>sen�dos.</p><p>b) a luneta como objeto que permite ler melhor.</p><p>c) o autor como único criador de significados.</p><p>d) o caráter de entretenimento da literatura.</p><p>e) a solidariedade de outros autores.</p><p>L0002 - (Enem)</p><p>A orquestra atacou o tema que tantas vezes ouvi na</p><p>vitrola de Ma�lde. Le maxixe!, exclamou o francês [...] e</p><p>nos pediu que dançássemos para ele ver. Mas eu só sabia</p><p>dançar a valsa, e respondi que ele me honraria �rando</p><p>minha mulher. No meio do salão os dois se abraçaram e</p><p>assim permaneceram, a se encarar. Súbito ele a girou em</p><p>meia-volta, depois recuou o pé esquerdo, enquanto com</p><p>o direito Ma�lde dava um longo passo adiante, e os dois</p><p>estacaram mais um tempo, ela arqueada sobre o corpo</p><p>dele. Era uma coreografia precisa, e me admirou que</p><p>minha mulher conhecesse aqueles passos. O casal se</p><p>entendia à perfeição, mas logo dis�ngui o que nele foi</p><p>ensinado do que era nela natural. O francês, muito alto,</p><p>era um boneco de varas, jogando com uma boneca de</p><p>pano. Talvez pelo contraste, ela brilhava entre dezenas de</p><p>dançarinos, e notei que todo o cabaré se extasiava com a</p><p>sua exibição. Todavia, olhando bem, eram pessoas</p><p>ves�das, ornadas, pintadas com deselegância, e foi me</p><p>parecendo que também em Ma�lde, em seus</p><p>movimentos de ombros e quadris, havia excesso. A</p><p>orquestra não dava pausa, a música era repe��va, a</p><p>dança se revelou vulgar, pela primeira vez julguei meio</p><p>vulgar a mulher com quem eu �nha me casado. Depois</p><p>de meia hora eles voltaram se abanando, e escorria suor</p><p>pelo colo de Ma�lde decote abaixo. Bravô, eu gritei,</p><p>bravô, e ainda os es�mulei a dançar o próximo tango,</p><p>mas Dubosc disse que já era tarde, e que eu �nha um ar</p><p>fa�gado.</p><p>CHICO BUARQUE. Leite derramado. São Paulo: Cia. das</p><p>Letras, 2009.</p><p>Os recursos expressivos de um texto literário fornecem</p><p>pistas aos leitores sobre a percepção dos personagens</p><p>em relação aos eventos da narra�va. No fragmento,</p><p>cons�tui um aspecto relevante para a compreensão das</p><p>intenções do narrador a</p><p>a) inveja disfarçada em relação ao estrangeiro, sugerida</p><p>pela descrição de seu talento como dançarino.</p><p>b) demonstração de ciúmes, expressa pela</p><p>desqualificação dos par�cipantes da cena narrada.</p><p>c) postura aristocrá�ca, assinalada pela crí�ca à</p><p>orquestra e ao gênero musical executado.</p><p>d) manifestação de desprezo pela dança, indicada pela</p><p>crí�ca ao exibicionismo da mulher.</p><p>e) a�tude interesseira, pressuposta no elogio final e no</p><p>es�mulo à con�nuação da dança.</p><p>L0010 - (Enem)</p><p>Guardar</p><p>Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la.</p><p>Em cofre não se guarda coisaalguma.</p><p>Em cofre perde-se a coisa à vista.</p><p>Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por</p><p>admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado.</p><p>Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por</p><p>2@professorferretto @prof_ferretto</p><p>ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,</p><p>isto é, estar por ela ou ser por ela.</p><p>Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro</p><p>Do que um pássaro sem voos.</p><p>Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica,</p><p>por isso se declara e declama um poema:</p><p>Para guardá-lo:</p><p>Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:</p><p>Guarde o que quer que guarda um poema:</p><p>Por isso o lance do poema:</p><p>Por guardar-se o que se quer guardar.</p><p>MACHADO, G. In: MORICONI, I.(org.). Os cem melhores</p><p>poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Obje�va,</p><p>2001.</p><p>A memória é um importante recurso do patrimônio</p><p>cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças</p><p>do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o</p><p>fazer poé�co como uma das maneiras de se guardar o</p><p>que se quer, o texto</p><p>a) ressalta a importância dos estudos históricos para a</p><p>construção da memória social de um povo.</p><p>b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das</p><p>narra�vas populares ou cole�vas.</p><p>c) reforça a capacidade da literatura em promover a</p><p>subje�vidade e os valores humanos.</p><p>d) destaca a importância de reservar o texto literário</p><p>àqueles que possuem maior repertório cultural.</p><p>e) revela a superioridade da escrita poé�ca como forma</p><p>ideal de preservação da memória cultural.</p><p>L0008 - (Enem)</p><p>O bonde abre a viagem,</p><p>No banco ninguém,</p><p>Estou só, stou sem.</p><p>Depois sobe um homem,</p><p>No banco sentou,</p><p>Companheiro vou.</p><p>O bonde está cheio.</p><p>De novo porém</p><p>Não sou mais ninguém.</p><p>ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Ita�aia,</p><p>2005.</p><p>Em um texto literário, é comum que os recursos poé�cos</p><p>e linguís�cos par�cipem do significado do texto, isto é,</p><p>forma e conteúdo se relacionam significa�vamente. Com</p><p>relação ao poema de Mário de Andrade, a correlação</p><p>entre um recurso formal e um aspecto da significação do</p><p>texto é</p><p>a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à</p><p>sucessão de cenas e emoções sen�das pelo eu lírico</p><p>ao longo da viagem.</p><p>b) a elisão dos verbos, recurso es�lís�co constante no</p><p>poema, que acentua o ritmo acelerado da</p><p>modernidade.</p><p>c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua</p><p>métrica, que reproduzem uma viagem de bonde, com</p><p>suas paradas e retomadas de movimento.</p><p>d) a sonoridade</p><p>do poema, carregada de sons nasais, que</p><p>representa a tristeza do eu lírico ao longo de toda a</p><p>viagem.</p><p>e) a ausência de rima nos versos, recurso muito u�lizado</p><p>pelos modernistas, que aproxima a linguagem do</p><p>poema da linguagem co�diana.</p><p>L0001 - (Enem)</p><p>Caso pluvioso</p><p>A chuva me irritava. Até que um dia</p><p>descobri que maria é que chovia.</p><p>A chuva era maria. E cada pingo</p><p>de maria ensopava o meu domingo.</p><p>E meus ossos molhando, me deixava</p><p>como terra que a chuva lavra e lava.</p><p>E eu era todo barro, sem verdura...</p><p>maria, chuvosíssima criatura!</p><p>Ela chovia em mim, em cada gesto,</p><p>pensamento, desejo, sono, e o resto.</p><p>Era chuva fininha e chuva grossa,</p><p>Ma�nal e noturna, a�va... Nossa!</p><p>ANDRADE, C. D. Viola de bolso. Rio de Janeiro: José</p><p>Olympio, 1952 (fragmento).</p><p>Considerando-se a exploração das palavras “maria” e</p><p>“chuvosíssima” no poema, conclui-se que tal recurso</p><p>expressivo é um(a)</p><p>a) registro social �pico de variedades regionais.</p><p>b) variante par�cular presente na oralidade.</p><p>c) inovação lexical singularizante da linguagem literária.</p><p>d) marca de informalidade caracterís�ca do texto</p><p>literário.</p><p>e) traço linguís�co exclusivo da linguagem poé�ca.</p><p>L0398 - (Enem PPL)</p><p>O mundo mudou</p><p>3@professorferretto @prof_ferretto</p><p>O mundo mudou. “O mundo mudou” porque está</p><p>sempre mudando. E sempre estará, até que chegue o seu</p><p>alardeado fim (se é que chegará). Hoje vivemos</p><p>“protegidos” por muitos cuidados e paparicos, sempre</p><p>sob a forma de “serviços”, e desde que você tenha</p><p>dinheiro para usá-los, claro. Carro quebrou na marginal?</p><p>Relaxe, o guincho da seguradora virá em minutos resgatá-</p><p>lo. Tem dificuldade de locomoção? Espere, a empresa</p><p>aérea disporá de uma cadeira de rodas para levá-lo ao</p><p>terminal. Surgiu uma goteira no seu chalé em plenas</p><p>férias de verão? Calma, o moço que conserta telhados</p><p>está correndo para lá agora. Vai ficando para trás um</p><p>outro mundo – de inicia�vas, de gestos solidários, de</p><p>amizade, de improvisação (sim, “quem não improvisa se</p><p>inviabiliza”, eu diria, parafraseando Chacrinha).</p><p>Estamos criando uma geração que não sabe bater um</p><p>prego na parede, trocar um bo�jão de gás, armar uma</p><p>rede. É, o mundo mudou sim. Só nos resta o telefone do</p><p>SAC, onde gastaremos nossa bílis com impropérios ao</p><p>vento; ou o site da loja de eletrodomés�cos onde</p><p>ninguém tem nome (que saudade dos Reginaldos,</p><p>Edmilsons e Velosos!). Ligaremos para falar com a nossa</p><p>própria solidão, a nossa dependência do mundo dos</p><p>serviços e a nossa incapacidade de viver com real</p><p>simplicidade, soterrados por senhas, protocolos e</p><p>pendências vãs. Nem Ka�a poderia sonhar com tal</p><p>mundo.</p><p>ZECA BALEIRO. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso</p><p>em: 18 maio 2013 (adaptado).</p><p>O texto trata do avanço técnico e das facilidades</p><p>encontradas pelo homem moderno em relação à</p><p>prestação de serviços. No desenvolvimento da temá�ca,</p><p>o autor</p><p>a) mostra a necessidade de se construir uma sociedade</p><p>baseada no anonimato, reafirmando a ideia de que a</p><p>in�midade nas relações profissionais exerce influência</p><p>nega�va na qualidade do serviço prestado.</p><p>b) apresenta uma visão pessimista acerca de tais</p><p>facilidades porque elas contribuem para que o homem</p><p>moderno se torne acomodado e distanciado das</p><p>relações afe�vas.</p><p>c) recorre a clássicos da literatura mundial para</p><p>comprovar o porquê da necessidade de se viver a</p><p>simplicidade e a solidariedade em tempos de solidão</p><p>quase inevitável.</p><p>d) defende uma posição conformista perante o quadro</p><p>atual, apresentando exemplos, em seu co�diano, de</p><p>boa aceitação da pra�cidade oferecida pela vida</p><p>moderna.</p><p>e) acredita na existência de uma superproteção, que</p><p>impede os indivíduos modernos de sofrerem severos</p><p>danos materiais e emocionais.</p><p>L0399 - (Enem PPL)</p><p>Sou um homem comum</p><p>brasileiro, maior, casado, reservista,</p><p>e não vejo na vida, amigo</p><p>nenhum sen�do, senão</p><p>lutarmos juntos por um mundo melhor.</p><p>Poeta fui de rápido des�no</p><p>Mas a poesia é rara e não comove</p><p>nem move o pau de arara.</p><p>Quero, por isso, falar com você</p><p>de homem para homem,</p><p>apoiar-me em você</p><p>oferecer-lhe meu braço</p><p>que o tempo é pouco</p><p>e o la�fúndio está aí matando</p><p>[...]</p><p>Homem comum, igual</p><p>a você,</p><p>[...]</p><p>Mas somos muitos milhões de homens</p><p>comuns</p><p>e podemos formar uma muralha</p><p>com nossos corpos de sonhos e margaridas.</p><p>FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro:</p><p>José Olympio, 2013 (fragmento).</p><p>No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade</p><p>social e o fazer poé�co, frequente no Modernismo. Nessa</p><p>aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de</p><p>4@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) agregação constru�va e poder de intervenção na</p><p>ordem ins�tuída.</p><p>b) força emo�va e capacidade de preservação da</p><p>memória social.</p><p>c) denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos</p><p>e utopias.</p><p>d) ampliação do universo cultural e intervenção nos</p><p>valores humanos.</p><p>e) iden�ficação com o discurso masculino e</p><p>ques�onamento dos temas líricos.</p><p>L0401 - (Enem PPL)</p><p>Entrei numa lida muito dificultosa. Mar�rio sem fim o</p><p>de não entender nadinha do que vinha nos livros e do</p><p>que o mestre Frederico falava. Estranheza colosso me</p><p>cegava e me punha tonto. Acho bem que foi desse tempo</p><p>o mal que me acompanha até hoje de ser recanteado e</p><p>meio mocorongo. Com os meus, em casa, conversava por</p><p>trinta, �nha ladineza e entendimento. Na rua e na escola</p><p>– nada; era completamente afrásico. As pessoas eram</p><p>bichos do outro mundo que temperavam um palavreado</p><p>grego de tudo.</p><p>Já sabia juntar as sílabas e ler por cima toda coisa,</p><p>mas descrencei e perdi a influência de ir à escola, porque</p><p>diante dos escritos que o mestre me passava e das lições</p><p>marcadas nos livros, fiquei sendo um quarta-feira de</p><p>marca maior. Alívio bom era quando chegava em casa.</p><p>BERNARDES, C. Rememórias dois. Goiânia: Leal, 1969.</p><p>O narrador relata suas experiências na primeira escola</p><p>que frequentou e u�liza construções linguís�cas próprias</p><p>de determinada região, constatadas pelo</p><p>a) registro de palavras como “estranheza” e “cegava”.</p><p>b) emprego de regência não padrão em “chegar em</p><p>casa”.</p><p>c) uso de dupla negação em “não entender nadinha”.</p><p>d) emprego de palavras como “descrencei” e “ladineza”.</p><p>e) uso de substan�vo “bichos” para retomar “pessoas”.</p><p>L0409 - (Enem PPL)</p><p>Fazer 70 anos</p><p>Fazer 70 anos não é simples.</p><p>A vida exige, para o conseguirmos,</p><p>perdas e perdas no ín�mo do ser,</p><p>como, em volta do ser, mil outras perdas.</p><p>[...]</p><p>Ó José Carlos, irmão-em-Escorpião!</p><p>Nós o conseguimos...</p><p>E sorrimos</p><p>de uma vitória comprada por que preço?</p><p>Quem jamais o saberá.</p><p>ANDRADE, C. D. Amar se aprende amando. São Paulo:</p><p>Círculo do Livro, 1992 (fragmento).</p><p>O pronome oblíquo “o”, nos versos “A vida exige, para o</p><p>conseguirmos” e “Nós o conseguimos”, garante a</p><p>progressão temá�ca e o encadeamento textual,</p><p>recuperando o segmento</p><p>a) “Ó José Carlos”.</p><p>b) “perdas e perdas”.</p><p>c) “A vida exige”.</p><p>d) “Fazer 70 anos”.</p><p>e) “irmão-sem-Escorpião”.</p><p>L0433 - (Enem PPL)</p><p>TEXTO I</p><p>Versos de amor</p><p>A um poeta eró�co</p><p>Oposto ideal ao meu ideal conservas.</p><p>Diverso é, pois, o ponto outro de vista</p><p>Consoante o qual, observo o amor, do egoísta</p><p>Modo de ver, consoante o qual, o observas.</p><p>Porque o amor, tal como eu o estou amando,</p><p>É Espírito, é éter, é substância fluida,</p><p>É assim como o ar que a gente pega e cuida,</p><p>Cuida, entretanto, não o estar pegando!</p><p>É a transubstanciação de ins�ntos rudes,</p><p>Imponderabilíssima, e impalpável,</p><p>Que anda acima da carne miserável</p><p>Como anda a garça acima dos açudes!</p><p>ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,</p><p>1996 (fragmento).</p><p>TEXTO II</p><p>Arte de amar</p><p>Se queres sen�r a felicidade de amar, esquece a tua</p><p>alma.</p><p>A alma é que estraga o amor.</p><p>Só em Deus ela pode encontrar sa�sfação.</p><p>Não noutra alma.</p><p>Só em Deus – ou fora do mundo.</p><p>As almas são incomunicáveis.</p><p>Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.</p><p>Porque os corpos se entendem, mas as almas não.</p><p>BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro:</p><p>Nova Fronteira, 1993.</p><p>Os Textos I e II apresentam diferentes pontos de vista</p><p>sobre o tema amor. Apesar disso, ambos definem esse</p><p>sen�mento a par�r da oposição entre</p><p>5@professorferretto @prof_ferretto</p><p>a) sa�sfação e insa�sfação.</p><p>b)</p><p>egoísmo e generosidade.</p><p>c) felicidade e sofrimento.</p><p>d) corpo e espírito.</p><p>e) ideal e real.</p><p>L0416 - (Enem PPL)</p><p>Um cachorro cor de carvão dorme no azul etéreo de</p><p>uma rede de pesca enrolada sobre a grama da Praça</p><p>Vinte e Um de Abril. O sol bate na frente nos degraus</p><p>cinzentos da escadaria que sobe a encosta do morro até a</p><p>Igreja da Matriz. A ladeira de paralelepípedos curta e</p><p>íngreme ao lado da igreja passa por um galpão de barcos</p><p>e por uma casa de madeira pré-moldada. Acena para a</p><p>velhinha marrom que toma sol na varanda sentada numa</p><p>cadeira de praia colorida. O vento nordeste salgado</p><p>tumultua as árvores e as ondas. Nuvens esparramadas</p><p>avançam em formação do mar para o con�nente como</p><p>um exército em transe. A ladeira faz uma curva à</p><p>esquerda passando em frente a um predinho do século</p><p>dezoito com paredes brancas descascadas e janelas</p><p>recém-pintadas de azul-cobalto.</p><p>GALERA, D. Barba ensopada de sangue. São Paulo: Cia.</p><p>das Letras, 2012.</p><p>A descrição, subje�va ou obje�va, permite ao leitor</p><p>visualizar o cenário onde uma ação se desenvolve e os</p><p>personagens que dela par�cipam. O fragmento do</p><p>romance caracteriza-se como uma descrição subje�va</p><p>porque</p><p>a) constrói sequências temporais pelo emprego de</p><p>expressões adverbiais.</p><p>b) apresenta frases curtas, de ordem direta, com</p><p>elementos enumera�vos.</p><p>c) recorre a substan�vos concretos para representar um</p><p>ambiente está�co.</p><p>d) cria uma ambiência própria por meio de nomes e</p><p>verbos metaforizados.</p><p>e) prioriza construções oracionais de valor semân�co de</p><p>oposição.</p><p>L0419 - (Enem PPL)</p><p>Chegou de Montes Claros uma irmã da nora de �a</p><p>Clarinha e foi visitar �a Agos�nha no Jogo da Bola. Ela é</p><p>bonita, simpá�ca e veste-se muito bem. [...] Ficaram</p><p>todas as �as admiradas da beleza da moça e de seus</p><p>modos polí�cos de conversar. Falava explicado e tudo</p><p>muito correto. Dizia “você” em vez de “ocê”. Palavra que</p><p>eu nunca �nha visto ninguém falar tão bem; tudo como</p><p>se escreve sem engolir um s nem um r. Tia Agos�nha</p><p>mandou vir uma bandeja de uvas e lhe perguntou se ela</p><p>gostava de uvas. Ela respondeu: “Aprecio sobremaneira</p><p>um cacho de uvas, Dona Agos�nha.” Estas palavras nos</p><p>fizeram ficar de queixo caído. Depois ela foi passear com</p><p>outras e laiá aproveitou para lhe fazer elogios e comparar</p><p>conosco. Ela dizia: Vocês não �veram inveja de ver uma</p><p>moça [...] falar tão bonito como ela? Vocês devem</p><p>aproveitar a companhia dela para aprenderem”. [...] Na</p><p>hora do jantar eu e as primas começamos a dizer, para</p><p>enfezar laiá: “Aprecio sobremaneira as batatas fritas”,</p><p>“Aprecio sobremaneira uma coxa de galinha”.</p><p>MORLEY, H. Minha vida de menina: cadernos de uma</p><p>menina provinciana nos fins do século XIX. Rio de Janeiro:</p><p>José Olympio, 1997.</p><p>Nesse texto, no que diz respeito ao vocabulário</p><p>empregado pela moça de Montes Claros, a narradora</p><p>expõe uma visão indica�va de</p><p>a) descaso, uma vez que desaprova o uso formal da</p><p>língua empregado pela moça.</p><p>b) ironia, uma vez que incorpora o vocabulário formal da</p><p>moça na situação familiar.</p><p>c) admiração, pelo fato de deleitar-se com o vocabulário</p><p>empregado pela moça.</p><p>d) an�pa�a, pelo fato de cobiçar os elogios de laiá sobre</p><p>a moça.</p><p>e) indignação, uma vez que contesta as a�tudes da moça.</p><p>6@professorferretto @prof_ferretto</p>

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