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<p>Gramáticas prescritiva, descritiva e</p><p>internalizada</p><p>Como pode ser observado, as concepções de língua e gramática andam juntas.</p><p>Por isso, é essencial que você compreenda as diferenças entre as formas como</p><p>a língua é compreendida em cada teoria para entender os tipos de gramática</p><p>que delas derivam. A seguir, você vai conferir a distinção entre as gramáticas</p><p>prescritiva (ou normativa), descritiva e internalizada, ao mesmo tempo em que</p><p>vai conhecer os entendimentos sobre a língua que as sustentam.</p><p>Gramática prescritiva (normativa)</p><p>A gramática prescritiva, ou normativa, é aquela a que você provavelmente foi</p><p>exposto ao longo de sua escolarização. Isso porque, em geral, é essa a aborda-</p><p>gem usada para refl etir sobre a linguística na disciplina de língua portuguesa.</p><p>No entanto, essa gramática pressupõe uma visão de língua homogênea, ou</p><p>seja, um modelo de língua que todo falante de uma língua deve seguir para</p><p>estar de acordo com suas regras. A gramática que acompanha essa visão de</p><p>língua é a prescritiva, ou normativa, aquela que dita normas e regras de um</p><p>certo modelo de língua como se ele fosse o único possível.</p><p>Conforme Franchi (2006, p. 16), alguns professores consideram que a gra-</p><p>mática seria “[…] o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever,</p><p>estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos</p><p>bons escritores. Dizer que alguém sabe gramática significa dizer que esse</p><p>alguém conhece essas normas e as domina”.</p><p>É nesse ponto que reside o maior problema da abordagem prescritiva da</p><p>gramática na escola. Ao considerá-la o padrão de excelência, a escola leva seus</p><p>alunos a perseguirem esse modelo ao longo da vida escolar. Porém, se esse é o</p><p>único ponto de vista gramatical ao qual se tem acesso, passa-se a acreditar que</p><p>todo o resto que produzimos como falantes em nosso dia a dia está errado. Nesse</p><p>caso, o aluno passa a vida acreditando que fala errado, que a língua é difícil, e</p><p>duvida de sua competência internalizada. Prioriza-se, nessa abordagem, a norma-</p><p>-padrão e, portanto, deixa-se de lado as variações da língua, que são muitas e</p><p>dependem de inúmeros fatores — sociais, econômicos, geográficos, entre outros.</p><p>Isso não quer dizer que a gramática normativa não tenha valor escolar, mas o</p><p>ensino de língua baseado somente na norma-padrão não pode desconsiderar as</p><p>variações e uma profunda reflexão linguística que passa, inclusive, pelas regras</p><p>da gramática normativa. Entra em jogo, nesse ponto, outra questão: muitos</p><p>professores afirmam compreender a variação linguística, mas consideram</p><p>Gramática4</p><p>que ela deve ficar apenas no âmbito da fala, sendo a escrita normatizada pela</p><p>gramática da norma-padrão. No entanto, os exemplos presentes em Franchi</p><p>(2006) mostram que a escrita escolar também não pode ser somente pautada</p><p>nos padrões de certo e errado da gramática normativa.</p><p>Franchi (2006) apresenta dois textos de alunos de 3º ano do ensino fundamental e faz</p><p>algumas análises das percepções de professores sobre eles. Veja um trecho de cada</p><p>um dos textos a seguir.</p><p>Texto 1</p><p>Era uma vez um passarinho que vivia em uma árvore na frente da casa de João. E o</p><p>João temtava pegalo todos os dias mas não comsiguia. Até que um dia ele temtou</p><p>muito, mas muito, que ele acabou catando o passarinho.</p><p>Texto 2</p><p>Lá na fazenda do meu avô tem cavalos, galinha, pato, vaca, boi e porcos. Quando eu</p><p>vou lá, eu ando de cavalo e tomo leite de vaca. Os animais gostam muito de carinho</p><p>e amor. Eu gosto muito dos animais.</p><p>No primeiro exemplo, os professores consultados consideraram o texto “um de-</p><p>sastre”, ressaltando os erros como a troca de letras (m por n nas palavras destacadas)</p><p>e o desconhecimento das regras da língua. O Texto 2, por seu turno, não tem erros</p><p>gramaticais consideráveis e foi considerado um texto “limpinho, em bom português”</p><p>(FRANCHI, 2006).</p><p>Nesse exemplo, a concepção de gramática dos professores citados por</p><p>Franchi (2006) está associada à gramática normativa, que segue uma concepção</p><p>de língua dos escritores e de uma linguagem que seria mais culta e bela do que</p><p>a falada no dia a dia. O “bom português”, no entanto, como mostra Franchi</p><p>(2006), nem sempre garante um texto criativo.</p><p>No Texto 1, apesar dos desvios gramaticais, é possível notar uma maior</p><p>criatividade e, no Texto 2, uma maior contenção. Além disso, Franchi (2006,</p><p>p. 26) ressalta que o texto 1 não deixa de mostrar um “[…] razoável grau de</p><p>amadurecimento linguístico e textual”, considerando a capacidade do aluno</p><p>escritor do Texto 1 de construir uma série de operações complexas com a</p><p>língua, como em “Era uma vez um passarinho que vivia em uma árvore na</p><p>frente da casa de João”, enquanto o Texto 2 tem estruturas bastante simples</p><p>como “Eu gosto muito dos animais”.</p><p>5Gramática</p>

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