Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA Victoria Ramírez Orozco AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES PARA A CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA Natal/RN 2021 2021 PPGBP Victoria Ramírez Orozco CB/UFRN VICTORIA RAMÍREZ OROZCO AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES PARA A CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Área de concentração: Biologia Parasitária Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes Natal/RN 2021 Orozco, Victoria Ramírez. Avaliação de biomarcadores para a cardiomiopatia chagásica crônica / Victoria Ramírez Orozco. - Natal, 2021. 63 f.: il. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária. Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes. 1. Cardiomiopatia chagásica crônica - Dissertação. 2. CTLA-4 - Dissertação. 3. Doença de Chagas - Dissertação. 4. Mioglobina - Dissertação. 5. Pacientes - Dissertação. 6. Troponina-I - Dissertação. I. Guedes, Paulo Marcos da Matta. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/UF/BSCB CDU 616.12 Elaborado por KATIA REJANE DA SILVA - CRB-15/351 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Leopoldo Nelson - -Centro de Biociências - CB VICTORIA RAMÍREZ OROZCO AVALIAÇÃO DE BIOMARCADORES PARA A CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Biologia Parasitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito à obtenção do título de Mestre em Biologia Parasitária. Área de concentração: Biologia Parasitária Natal, 26 de fevereiro de 2021. BANCA EXAMINADORA ______________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Marcos da Matta Guedes Departamento de Microbiologia e parasitologia-UFRN ______________________________________________________ Profa. Dra. Antônia Cláudia Jácome da Câmara Departamento de Microbiologia e parasitologia-UFRN ______________________________________________________ Prof. Dr. Jonilson Berlink Lima Universidade Federal do Oeste da Bahia-UFOB AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) – Finance Code 001. RESUMO A cardiomiopatia chagásica crônica é observada em 17-50% dos pacientes chagásicos crônicos contribuindo para morbidade e mortalidade da doença de Chagas. Até o momento não existem biomarcadores de evolução clínica descritos para a doença de Chagas, sendo necessário a realização de exames clínicos de alto custo (eletrocardiograma, ecocardiograma, raio X, enema opaco), que necessitam da presença de profissionais especializados e em muitos casos são invasivos e desconfortáveis aos pacientes. A molécula CTLA-4 tem sua expressão influenciada por infecções, é expressa em células T reguladoras e encontra-se solúvel no plasma sanguíneo. Proteínas cardíacas liberadas após lesão tecidual podem gerar a produção de autoanticorpos que contribuem para o processo de dano cardíaco. Esse estudo teve como objetivo avaliar autoanticorpos anti-troponina I, anti-mioglobina e a molécula CTLA-4 solúvel no soro como biomarcadores clínicos não invasivos para a cardiopatia chagásica crônica. A produção de IgG anti-T. cruzi, autoanticorpos IgG total anti-troponina I, anti-mioglobina, e a concentração de CTLA-4 solúvel foram determinados por ELISA no soro de 90 pacientes chagásicos crónicos portadores das formas indeterminada (n=30), cardíaca (n=30), digestiva (n=14) e cardiodigestiva (n=16), e correlacionados com à fração de ejeção do ventrículo esquerdo, índice cardiotorácico e diâmetro do átrio. Foram utilizados soros de indivíduos não infetados (n=30) como controles. Pacientes chagásicos portadores das formas clínicas indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentaram maior produção de anticorpos IgG total anti-T cruzi, autoanticorpos IgG anti-troponina I e autoanticorpos anti-mioglobina, quando comparados aos indivíduos não infectados. Ademais, pacientes com a forma cardíaca da doença apresentaram maior produção de autoanticorpos IgG anti-mioglobina comparado a pacientes com a forma indeterminada. De maneira interessante, pacientes indeterminados apresentaram níveis normais de CTLA-4 solúvel, quando comparado a indivíduos portadores das formas clínicas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva que apresentaram níveis reduzidos. Nossos resultados indicam que a produção elevada de autoanticorpos anti- troponina-I e anti-mioglobina associada a baixa quantidade de CTLA-4 sérico podem estar associadas ao desenvolvimento da forma cardíaca da doença de Chagas. Palavras-chave: Cardiomiopatia chagásica crônica; CTLA-4; doença de Chagas; mioglobina; pacientes; troponina-I. ABSTRACT Chronic chagasic cardiomiopathy is observed in 17-50% of patients, contributing to morbidity and mortality of Chagas disease. There are no biomarkers of clinical evolution described for Chagas disease, requiring high-cost clinical examinations (electrocardiogram, echocardiogram, X-ray, opaque enema), which require the presence of specialized professionals and many cases are invasive and uncomfortable to patients. CTLA-4 is expressed in regulatory T cells and is soluble in blood plasma, CTLA-4 expression is influenced by infections. Cardiac proteins released after tissue damage can generate the production of autoantibodies that contribute to the process of cardiac damage. This study aimed to evaluate anti-troponin I, anti-myoglobin autoantibodies and CTLA-4 soluble in serum as non-invasive clinical biomarkers for chronic chagasic cardiophaty. Specific IgG production anti-T. cruzi and autoantibodies anti-troponin I, anti-myoglobin, and soluble CTLA-4 concentration were determined by ELISA in the serum of 90 chronic chagasic patients with indeterminate (n = 30), cardiac (n = 30), digestive (n = 14) and cardiodigestive (n = 16) clinical forms, and correlated with left ventricular ejection fraction, cardiothoracic index and atrial diameter. Sera from uninfected individuals (n = 30) were used as controls. Chagasic patients with indeterminate, cardiac, digestive and cardiodigestive clinical forms had higher production of total IgG anti-T cruzi and anti-troponin I and anti-myoglobin autoantibodies, when compared to uninfected individuals. In addition, cardiac patients showed higher production of anti-myoglobin IgG autoantibodies compared to indeterminate patients. Interestingly, indeterminate patients had normal levels of soluble CTLA-4, when compared to individuals with clinical cardiac, digestive and cardio-digestive forms that had reduced levels. Our results indicate that the high production of anti-troponin-I and anti-myoglobin autoantibodies associated with low soluble CTLA-4 may be associated with the development of the cardiac form of Chagas disease.Keywords: Chagas disease; chronic chagasic cardiomiopathy; CTLA-4; myoglobin; patients; troponin-I. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Mecanismos de dano cardíaco que levam a progressão da cardiopatia chagásica crônica. .................................................................................................... 19 Figura 2 – Delineamento experimental ..................................................................... 28 Figura 3 – Localização dos municípios de procedência dos pacientes .................... 29 Figura 4 – Pacientes chagásicos produzem altos níveis de anticorpos IgG específicos anti-Trypanosoma cruzi .......................................................................... 34 Figura 5 – Pacientes chagásicos crônicos produzem altos níveis de autoanticorpos anti-Troponina-I ......................................................................................................... 35 Figura 6 – Pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca produzem altos níveis de autoanticorpos anti-Mioglobina .......................................................... 36 Figura 7 – Pacientes chagásicos crônicos portadores das formas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentam reduzida concentração de CTLA-4 solúvel no soro ... 37 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Características clínicas dos pacientes chagásicos crônicos provenientes do Estado do Rio Grande do Norte ........................................................................... 31 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ADCC “Antibody Dependent Celular Cytotoxicity” Citotoxicidade celular dependente de anticorpos ATP “Adenosine triphosphate” Adenosín trifosfato C3 Convertasa 3 C4 Convertasa 4 CCC Cardiomiopatia Chagásica Crônica CDC “Center for Disease Control and Prevention” Centro para o controle e prevenção de doenças cTnI Troponina I cTnT Troponina T CRP “Complement regulatory protein” Proteína reguladora do complemento CTLA-4 “Citotoxic T lymphocyte associated protein 4” Antígeno- 4 associado a linfócito T citotóxico DNA “Deoxyribonucleic acid” Ácido Desoxirribonucleico DTU “Discrete Typing Units” Unidades Discretas de Tipagem ELISA “Enzime-linked immunosorvent assay” Ensaio Imunoabsorbente Ligado a Enzimas GIPL “Glycoinositolphospholipid” Glicoinositolfosfolipideo GPI “Glycosylphosphatidylinositol” Glicosilfosfatidilinositol IAM Infarto Agudo do Miocárdio IFI Imunofluorescencia Indireta IgG Imunoglobulina do isotipo G iNOS “Inducible nitric oxid synthase” Oxido nítrico sintase induzível IP3 “Inositol triphosphate” Trifosfato de inositol MAC “Membrane attack complex” Complexo de ataque a membrana MASP “MBL-associated serine protease” Serina proteases associadas a MBL MBL “Mannose-binding lectin” Lectina de união a manose MYO Mioglobina NF-kB “Nuclear factor-kB” Fator nuclear kB NK “Natural Killer” Matadora Natural PAMPs “Pathogen-associated molecular patterns” Padrões moleculares associados a patógenos PCR Reação em Cadeia da Polimerase RNA “Ribonucleic acid” Ácido Ribonucleico SCA Síndrome Coronário Agudo TcCRT Calreticulina T. cruzi Trypanosoma cruzi T-DAF “Trypanosoma- decay accelerating fator” Fator de aceleração de descomposição de tripomastigote TGF-β “Transforming growth factor beta” Fator de crescimento transformante beta TLRs “Toll-like receptors” receptores semelhantes ao Toll SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14 1.1 Trypanosoma cruzi e doença de Chagas ..................................................... 14 1.2 Patogenia da doença de Chagas ................................................................. 17 1.3 Resposta imunológica na infecção pelo Trypanosoma cruzi ........................ 20 1.4 Diagnóstico etiológico e clínico da Doença de Chagas..................................22 1.5 Biomarcador ................................................................................................. 23 1.5.1 Mioglobina, Troponina I ........................................................................ 24 1.5.2 CTLA-4 ................................................................................................. 25 2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 27 2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 27 2.2 Objetivos específicos .................................................................................... 27 3. MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................... 28 3.1 Delineamento experimental .......................................................................... 28 3.2 População de estudo .................................................................................... 28 3.3 Avaliação clínica ........................................................................................... 30 3.4 Testes ELISA ............................................................................................... 31 3.5 Analise estatística ........................................................................................ 33 4. RESULTADOS ..................................................................................................... 34 5. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 38 6. CONCLUSÕES .................................................................................................... 42 7. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 43 14 1. INTRODUÇÃO 1.1 Trypanosoma cruzi e doença de Chagas O Trypanosoma cruzi (T. cruzi) é um protozoário intracelular e flagelado, agente etiológico da doença de Chagas, identificado pelo médico sanitarista brasileiro Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas (CHAGAS, 1909; LIDANI et al., 2019). Em revisão mais recente sobre a classificação de organismos eucariontes com ênfase em protistas eucariotos, foi proposta a reunião de diferentes táxons em grupos genéticos similares, baseada em analises moleculares e filogenéticas, indicando que o T. cruzi, integrante do grupo dos organismos que ocupam os níveis mais altos dos protistas eucariotos dentro de uma topologia hierárquica, classifica-se da seguinte maneira (ADL et al., 2012): Excavata (CAVALIER-SMITH, 2002; corrigido por SIMPSON, 2003); Discoba, ribogrupo montado a partir de estudos filogenéticos (HAMPL et al., 2009); Discicristata (CAVALIER-SMITH, 1998); Euglenozoa (CAVALIER-SMITH, 1981, corrigido por SIMPSON, 1997); Kinetoplastea (HONIGBERG, 1963); Metakinetoplastina, ribogrupo (MOREIRA, LÓPEZ-GARCÍA e VICKERMAN, 2004); Trypanosomatida (KENT, 1880; corrigido por MOREIRA, LÓPEZ-GARCÍA e VICKERMAN, 2004) que contém a espécie T. cruzi (Revisado por ADL et al., 2012). O T. cruzi apresenta alta variabilidade populacional e é classificado em grupos genéticos ou genótipos, denominados Unidades Discretas de Tipagem (DTU) as quais enumeram-se TcI, TcII, TcIII, TcVI, TcV e TcVI, baseado em padrões genéticos, bioquímicos e marcadores biológicos (ZINGALES et al., 2014). Além do Tcbat, que é uma DTU inicialmente descrita como restrita à morcegos, mas que já foi encontrada infectando humanos (MARCILI et. al., 2009; ZINGALES et. al., 2009; RAMIREZ et. al., 2014; LIMA et al., 2015; ZINGALES, 2018). Atualmente os estudosque avaliaram a correlação entre DTUs e as formas clínicas da doença de Chagas não têm demonstrado associações (DEL PUERTO et al., 2010), embora algumas evidências indicam caráter mais patogênico das DTUs I, II, V e VI, quando comparado as DTUs III e IV (CURA et al., 2012; MEZA et al., 2014; MARTINS et al., 2015). Em estudo experimental comparativo de TcIV proveniente do Norte do Brasil e TcII do Sul, foi 15 verificada elevada patogenicidade de TcII (MEZA et al., 2014). No Estado do Rio Grande do Norte foi identificada a presença de TcIII em seres humanos com a forma indeterminada da doença, enquanto o TcI estava associado em 50% dos casos com forma indeterminada, 25% cardíaca e 25% digestiva, e TcII em 16,7% dos pacientes com a forma indeterminada, 50% com forma cardíaca e 33,3% com a forma digestiva da doença de Chagas (MARTINS et al., 2015). O parasito apresenta um ciclo biológico complexo do tipo heteroxênico desenvolvendo três formas evolutivas (epimastigota, amastigota e tripomastigota) que diferem quanto a estrutura, antigenicidade, metabolismo e capacidade de replicação (TYLER e ENGMAN, 2001; DE SOUZA, 2002). Os hospedeiros invertebrados são insetos triatomíneos, da subfamília Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), conhecidos popularmente por barbeiros, dos gêneros Triatoma, Rhodnius e Panstrongylus; infectam-se durante a ingestão de sangue do hospedeiro vertebrado infectado, ingerindo a forma de tripomastigota sanguínea (KESSLER et al., 2017). No intestino médio ocorre a diferenciação em forma epimastigota, que multiplica-se por divisão binária simples aderida ao epitélio intestinal, posteriormente, formas epimastigotas migram à região posterior do intestino, atingindo a ampola retal, onde sofre metaciclogênese, com a formação da forma tripomastigota metacíclica, forma infectante para o hospedeiro vertebrado, e são eliminados nas fezes do inseto no momento da alimentação (GONÇALVES et al., 2018). No hospedeiro vertebrado o parasito penetra por mucosa integra ou pelo local da picada, inicialmente a forma tripomastigota metacíclica penetra em células próximo ao local da picada, transforma- se em forma amastigota, multiplica-se por divisão binária simples, diferenciam-se em forma tripomastigota, lisam a célula e disseminam-se por via sanguínea e linfática para diferentes células e tecidos, apresentando tropismo por macrófagos, células dentríticas, musculatura estriada, cardíaca e lisa, além de células epiteliais (KESSLER et al., 2017; LIDANI et al., 2019; MELO, GUARNERI e SILBER, 2020). O T. cruzi pode penetrar em células fagocíticas e não fagocíticas de duas formas, a primeira é dependente de lisossomos, induz a sinalização de cálcio pela geração de trifosfato de inositol (IP3), posteriormente acontece o recrutamento e fusão de lisossomos nas células alvo formando o fagolisossoma (TARDIEUX et al., 1992), e a segunda é a invaginação da membrana plasmática, onde ocorre posterior fusão intracelular com lisossomas (DE BONA et al., 2018). O T. cruzi pode infectar aproximadamente 1.000 16 espécies de mamíferos, sendo transmitido em ciclos doméstico e silvestre por mais de 155 espécies de triatomíneos, dificultando a erradicação da infecção humana (JIMENEZ, 2014; LIDANI et al., 2019; PAES et al., 2020; WHO, 2020). A doença de Chagas é uma zoonose de transmissão vetorial, mas também são consideradas outras formas de transmissão, assim como, congênita, oral, transfusões sanguíneas e transplante de órgãos (JIMENEZ, 2014; ACEVEDO, GIRARD e GOMEZ, 2018). Segundo WHO (2020) a tripanossomíase americana é uma doença negligenciada e endêmica em 21 países latino-americanos. Atualmente estima-se 6- 7 milhões de pessoas infetadas pelo T. cruzi no mundo, ocorrem 10 mil mortes anuais e 75 milhões de pessoas vivendo em áreas de risco de contrair a infecção. Schmunis (2007) documenta que a doença tem demostrado caráter re-emergente em regiões não endêmicas, devido à alta mobilidade de pessoas entre países endêmicos para não endêmicos e transmissão transfusional, segundo o centro para o controle e prevenção de doenças (CDC) há mais de 300.000 pessoas infectadas com T. cruzi que moram nos Estados Unidos e 80.000 em à Europa, por isso destacasse como um problema de saúde pública (WHO, 2020; MELO, GUARNERI e SILBER, 2020). A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) a principal causa de cardiomiopatia não isquêmica na América Latina, segundo o Ministério da Saúde (BR)., (2020), afeta em maior frequência as populações que se encontram em áreas rurais de baixa renda e cujas condições de moradia facilitam a transmissão do protozoário T. cruzi; doença considerada negligenciada por falta de interesse econômico pelas indústrias farmacêuticas levando à existência de poucos métodos preventivos e tratamento de rotina (SÁNCHEZ-VALDÉZ, et al., 2018; Ministério da Saúde (BR)., 2020). No Brasil, estima-se que 1,2 milhões de pessoas estejam infectadas (WHO, 2020). A transmissão oral, vetorial e congênita foram responsáveis por 73,0%, 8,9% e 1,3% dos novos casos registrados no país de 2012 a 2016, respectivamente. Assim, a principal forma de transmissão do T. cruzi no Brasil atualmente é a via oral (BRASIL, 2005). Principalmente através da ingestão de alimentos contaminados tais como açaí e palmito de babaçu (SOUZA-LIMA et al., 2013; FERREIRA, 2014) na Região Amazônica, com foco para o Estado do Pará (BRASIL, 2015). Os relatos de casos agudos pela ingestão de caldo de cana têm sido registrados no Nordeste e no Sul do país (SHIKANAY-YASUDA et al., 1991; STEINDEL et al., 2008; VARGAS et al., 2018). No Estado do Rio Grande do Norte (RN) inquérito soroepidemiológico realizado entre 2007 e 2009, em moradores da mesorregião Oeste e da mesorregião Central estimou 17 a prevalência em 6,5% e 3,3%, respectivamente. Estimando-se cerca de 14.000 infectados no Estado do RN, Brito et al., (2012). 1.2 Patogenia da doença de Chagas A infecção pelo T. cruzi apresenta duas fases clínicas, a fase aguda e a fase crônica. A fase aguda dura entre 6 a 8 semanas, normalmente é caracterizada por parasitemia patente, é assintomática na maioria dos casos (90%), mas pode ser sintomática em 10% dos casos, apresentando febre, taquicardia, hepatoesplenomegalia, adenomegalia, edema bipalpebral unilateral (sinal de Romaña), chagoma de inoculação ou pode apresentar formas graves, como miocardite aguda, meningoencefalite e morte súbita (CHAGAS, 1916; ACEVEDO, GIRARD e GOMEZ, 2018; LIDANI et al., 2019). Após a fase aguda segue-se a fase crônica que pode ser assintomática (39% - 78%), caracterizando a forma indeterminada da doença ou desenvolver as formas cardíaca (17–50%), digestiva (3– 27%) ou cardiodigestiva (2–11%) (BRENIERE et al., 1989; BRENER, ANDRADE e BARRAL-NETO, 2000; RASSI, RASSI e MARIN-NETO, 2010; BONNEY e ENGMAN, 2015; DIAS et al., 2016). Os determinantes da evolução da infecção estão relacionados ao número de formas tripomastigotas do T. cruzi inoculadas durante a infecção; ao perfil genético do parasito; às reinfecções; ao estado nutricional do paciente, sexo, idade e a resposta imunológica (COURA 1988; MACEDO e PENA 1998; ANDRADE et al., 2006; TEIXEIRA et al., 2006; ZINGALES et al., 2009). A cardiopatia chagásica crônica desenvolve-se devido à vários fatores, tais como resposta inflamatória exacerbada no miocárdio gerando lesões ao tecido muscular cardíaco e ao sistema nervoso autônomo do coração (BONNEY e ENGMAN, 2015). A lesão característica é miocardite difusa com infiltrado linfocitário, levando a hipertrofia dos cardiomiócitos (BONNEY e ENGMAN, 2015), influenciando a remodelagem ventricular, adelgaçamento das paredes ventriculares, baixa capacidade de regeneração do miocárdio, aneurismas da parede do ventrículo, desenvolvimento de trombos, produzindo a deterioração na função do coração e anomalias vasculares (CHAVES, VÁSQUEZe CORRALES, 2019). Além disso, a inflamação de neurônios do sistema nervoso parassimpático junto com à reação 18 autoimunitária neural afeta na disfunção autonômica, essas alterações neurogênicas podem levar à morte súbita (BONNEY e ENGMAN, 2015). Na forma digestiva da doença, ocorre principalmente acometimento do esôfago e cólon, devido a lesões no sistema nervoso entérico intramural, parasitismo tecidual e inflamação crônica levando ao aparecimento de megaesôfago e megacólon, respectivamente (COURA et al., 1983., SANCHEZ-GUILLEN et al., 2006; MUNOZ et al., 2009; PEREZ et al., 2011; SALVADOR et al., 2013; ANDRADE et al., 2015; SANCHEZ – MONTALVA et al., 2016). Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde do Brasil (MS, 2020), a prevalência de infecção por T. cruzi no Brasil é de 1,02% das quais o 60% das pessoas infectadas permanecem na forma indeterminada, 30% evoluem para a forma cardíaca e 10% para a forma digestiva. Estima-se no Brasil em 2020 o número de pessoas com a forma indeterminada, cardíaca e digestiva de 819.351 pessoas, 409.676 pessoas e 136.559 pessoas, respectivamente. Durante o período de 2007 a 2017 foram registradas 51.293 mortes pela doença de Chagas com média de 4.663 por ano, e nesse mesmo período no Estado do Rio grande do Norte o número de óbitos registrados foram 16. Adicionalmente, o impacto econômico da forma cardíaca é aproximadamente US$ 750 milhões anuais na América Latina, sendo esta forma a que gera maior custo estimado para implantes de marcapasso e cirurgias corretivas, Ministério da Saúde (BR), (2020). A patogenia da fase crônica da doença de Chagas ocorre devido a presença do parasito e a autoimunidade. A presença do parasito parece ser importante para desencadear o processo de formação da miocardite chagásica crônica. Na maioria dos casos, não é possível fazer uma correlação entre a intensidade da lesão e a quantidade de antígeno e/ou DNA do T. cruzi, sugerindo que o parasito dependendo de características genéticas inerentes à cepa, é responsável por disparar e manter o processo de patogênese no miocárdio, e que este seria amplificado por mecanismos auto-imunes que dependeriam ainda, da predisposição genética do hospedeiro (GIRONES e FRESNO, 2003; ÃNEZ et al., 1999; BELLOTI et al., 1996; HIGUCHI, 1995; ROWLAND et al., 1995; JONES et al., 1993). Diferentes autores têm demonstrado a participação ativa do parasito na patogênese da cardiopatia chagásica crônica humana (HIGUCHI et al., 1993; JONES et al., 1993, HIGUCHI, 1995, BELLOTI et al., 1996, LAGES-SILVA et al., 2001, VAGO et al., 1996), havendo correlação 19 positiva, entre a inflamação e a presença de T. cruzi no tecido cardíaco e a sua ausência em locais sem inflamação. Auto-imunidade envolvendo a formação de autoanticorpos ou linfócitos T autoreativos ocorre devido a mimetismo molecular de antígenos do parasito e do hospedeiro e de ativação bystander, não envolvendo antígenos do T. cruzi, induzida por antígenos procedentes de lesões teciduais (LEON et al., 2001; KIERSZENBAUM, 1999; COSSIO et al., 1974; ANSELMI et al., 1966). Na infecção humana pelo T. cruzi os autoanticorpos contra antígenos do tecido cardíaco, de músculo esquelético e tecido nervoso foram assinalados (KIERSZENBAUM, 1999). O mimetismo molecular entre antígenos do parasito e do hospedeiro com formação de auto-anticorpos foi descrito para miosina cardíaca, proteína P ribossomal, queratina, receptores B-adrenérgicos e de muscarina, proteínas associadas a microtúbulos do citoesqueleto e proteínas neuronais, auto-antígeno Cha, troponina T (LEVIN et al., 1989; CUNHA-NETO et al., 1996; KERNER et al., 1991, PETRY e EISEN, 1989; GIRONES et al., 2001, NUNES et al., 2013) (Figura 1). Figura 1 - Mecanismos de dano cardíaco que levam a progressão da cardiopatia chagásica crônica. O dano tecidual na cardiopatia chagásica inicia-se com a multiplicação do T. cruzi que leva à destruição dos cardiomiócitos (I). Iniciando resposta imune específica contra o parasita, mas também envolve a liberação de componentes celulares que levam à ativação bystander, onde respostas imunes são geradas contra os componentes celulares do próprio hospedeiro (I). A ativação bystander e o mimetismo molecular entre antígenos do parasita e do hospedeiro geram autoanticorpos (II e III) e células T autorreativas (IV). Os autoanticorpos podem gerar lesões mediadas por atividade do complemento (II) e opzonizam o tecido para ativação de macrófagos (III). Células T CD8+ autorreativas reconhecem antígenos próprios e destroem o tecido cardíaco (IV). Os linfócitos TCD8 citotoxicos não destroem apenas as células infectadas, mas também contribuem para a destruição das células adjacentes (VI). A lesão do tecido leva à produção de TNF-, resultando na produção de óxido nítrico. A infecção pelo T. cruzi também induz a produção de óxido nítrico diretamente, responsável pela 20 geração de extenso dano cardíaco derivado do estresse oxidativo (V). O processo imunopatológico continua durante a fase crônica da infecção. Apesar dos níveis mais baixos do parasita neste estágio, focos inflamatórios intrafasciculares pequenos e progressivos continuam a se desenvolver por anos, culminando em fibrose e o desenvolvimento de cardiomiopatia dilatada. Fonte: GUTIERREZ et al. 2009 (Adaptado). 1.3 Resposta imunológica na infecção pelo Trypanosoma cruzi Durante a evolução da infecção pelo T. cruzi, as respostas imunológicas inata e adaptativa coexistem, observando-se a produção de citocinas pro-inflamatórias, anti-inflamatórias e quimiocinas, as quais são fatores importantes tanto para a patogenia quanto a resistência na infecção pelo parasito (DUTRA et al., 1994; TEIXEIRA, GAZZINELLI e SILVA, 2002; GOMES et al., 2003; GUEDES et al., 2012). A ativação da resposta imune frente ao T. cruzi ocorre por meio do reconhecimento de padrões moleculares presentes no parasito por receptores da imunidade inata, como receptores semelhantes ao Toll (TLRs), os quais induzem a produção de citocinas, quimiocinas e oxido nítrico, modulando a resposta imune adaptativa (KAYAMA e TAKEDA, 2010). A análise de animais deficientes de TLRs demostrou que o TLR2 (BAFICA et al., 2006), TLR4 (OLIVEIRA et al., 2010), TLR7 (CAETANO et al, 2011) e TLR9 (BARTHOLOMEU et al., 2008) desempenham papel na resistência à infecção pelo T. cruzi e pode haver sinergismo entre eles (BAFICA et al., 2006; CAETANO et al, 2011; RODRIGUES, OLIVEIRA e BELLIO, 2012). Após o parasito ser reconhecido por diferentes receptores é fagocitado por macrófagos, levando a produção de citocinas pro inflamatórias como interleucina 12 (IL-12), que atua sobre células natural killer (NK), ativando a produção de mais IL-12 e IFN-γ. O IFN-γ produzido, juntamente com o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), ativa o oxido nítrico sintase induzível (iNOS), levando a síntese de óxido nítrico limitando a multiplicação intracelular do parasito (SILVA, TWARDZIK e REED, 1991; REIS et al., 1997; HOLSCHER et al., 1998). Estudos demostraram o papel da enzima iNOS na resistência a infecção (GAZZINELLI et al., 1992) a partir de sua ativação por IFN-γ (SILVA et al., 1992; ABRAHAMSOHN e COFFMAN, 1996), TNF-α (SILVA et al., 1995), IL-12 (ALBERTI et al., 1996) e quimiocinas (MACHADO et al., 2000; ALIBERTI et al., 2001). Em contrapartida, a susceptibilidade está associada à produção de IL- 21 10, TGF-β e IL-4, por meio da inibição da geração de nitritos pelos macrófagos (WIRTH e KIERSZENBAUM, 1985; ABRAHAMSOHN e COFFMAN, 1996; HOLSCHER et al., 1998). As citocinas produzidas durante a resposta imune inata conduzem a resposta imune adaptativa, estimulando a diferenciação de linfócitos T naive para o perfil T helper 1 (Th1) que possui o fator de transcrição T-bet, Th2 (GATA-3) (MARINO et al., 2004; PADILLA, BUSTAMANTE e TARLETON, 2009),Th17 (RORγt) e T reguladores (Foxp3) (MARIANO et al., 2008; GUEDES et al., 2010). Os linfócitos Th1 CD4+ apresentam múltiplas funções na resistência ao T. cruzi e contribuem como fonte de IFN-γ para ativação de macrófagos, e parecem atuar também na diferenciação e ativação de linfócitos T CD8+ (BRENER e GAZZINELLI, 1997). Os linfócitos T CD8+ possuem papel protetor durante a infeção pelo T. cruzi, visto que destroem células infetadas pelo parasito, entretanto são responsáveis pela citotoxicidade contra células infectadas pelo parasito e células do hospedeiro, ocasionando citólise e fibrose com destruição da miofibra cardíaca (TARLETON, 1991; TARLETON et al., 1994; CUNHA- NETO, 1995; BRENER e GAZZINELLI, 1997). Durante o curso da infecção pelo T. cruzi a ativação de linfócitos B e produção de imunoglobulinas também é observada em humanos. Quatro isotipos de imunoglobulinas G (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) são produzidos no homem sendo o controle na produção destas subclasses mediado por deferentes citocinas (KAWANO, NOMA e YATA, 1994). As imunoglobulinas exercem o papel de opsonização do parasito com consequente destruição pelo complemento, além de fagocitose por macrófagos (MOSMANN e COFFMAN, 1989), e são mecanismos relevantes no controle do parasitismo durante a fase crônica da infecção, sendo observada queda da parasitemia concomitante com o início da produção de anticorpos (KRETTLI, WEISZ-CARRINGTON e NUSSENZWEIG, 1979). Para sobreviver e manter a infecção o T. cruzi apresenta estratégias de evasão da resposta imunológica; algumas delas são, evitar a lise por complemento usando as proteínas de superfície como calreticulina do T. cruzi (TcCRT) que liga-se à C1q e Lectina de união a manose (MBL) inibindo ativação da via clássica (RAMIREZ et al., 2011). Os autores Cestari et al., (2008) sugerem que a molécula CRIT, expressa na superfície da forma metacíclica apresenta o domínio ed1 inibindo a digestão de C2 por Serina proteases associadas a MBL (MASP2), que junto com a gp 58/68 inibem a formação de Convertasa 3 (C3) retrasando a ativação da via alternativa do 22 complemento (FISCHER et al., 1988). Outra das moléculas implicadas no processo da evasão é a glicoproteína gp160 também chamada proteína reguladora do complemento (CRP), encontra-se na superfície flagelar, liga-se à C3 e C4b afetando a via clássica e alternativa respectivamente, segundo o estudo feito por Norris et al., (1991) e posteriormente Norris (1998) concluiu que essas proteínas têm capacidade de união a Convertasa 4 (C4) obstruindo a via das lectinas, e junto com a proteína 87/93 chamada fator da aceleração de decomposição de tripomastigota (T-DAF) ou CRP-10 obstruem à formação de C3 (SOLANA et al., 2012; CESTARI et al., 2013). Estudos têm demostrado que linfócitos do sangue periférico e do tecido cardíaco de pacientes com CCC produzem altos níveis de IFN-γ, TNF-α, IL-12, IL-6, IL-1B e baixas quantidades de IL-17, IL-4 e IL-10. Em adição, células mononucleares do sangue periférico de pacientes com a forma indeterminada da doença produzem altos níveis de IFN-γ e TNF-α associados à produção elevada de IL-10 e IL-17 (BAHIA- OLIVEIRA et al., 1998; CORREA-OLIVEIRA et al., 1999; RIBEIRÃO et al., 2000; ABEL et al., 2001; GOMES et al., 2003; GOMES et al., 2005; GUTIERREZ et al., 2009; GUEDES et al., 2016; PEREIRA et al., 2018). Recentemente foi demostrado que pacientes com CCC apresentam menor quantidade de linfócitos T reguladores ou com atividade supressora deficiente, quando comparado a pacientes na forma indeterminada, esta atividade supressora deficiente foi correlacionada à baixa expressão de Foxp3 e CTLA-4 (ARAUJO et al., 2007; ARAÚJO et al., 2011; GUEDES et al., 2012; DIAS et al., 2013; GUEDES et al., 2016). 1.4 Diagnóstico etiológico e clínico da Doença de Chagas O diagnóstico laboratorial na fase aguda e crônica da doença de Chagas é realizado por exames parasitológicos e/ou sorológicos (CHIARI E BRENER, 1966). O diagnóstico etiológico padrão ouro na fase aguda é feito por exames parasitológicos, como exame de sangue à fresco, esfregaço sanguíneo corado por giemsa, além do uso de métodos de concentração, como o microhematócrito (DIAS et al., 2016- CONSENSO BRASILEIRO EM DOENÇA DE CHAGAS). Exames sorológicos são realizados se os exames parasitológicos forem negativos e a suspeita clínica continuar (BOCCHI et al., 2017; VERGARA et al., 2019). Para o diagnóstico sorológico de fase 23 aguda podem ser realizadas as técnicas de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) e reação de imunofluorescência indireta (RIFI) para a detecção de IgM específica anti-T. cruzi no soro, e ELISA, hemaglutinação e RIFI para a detecção de IgG específica anti-T. cruzi no soro, sendo recomendada duas coletas com intervalos de 4 a 6 semanas entre elas (DIAS et al., 2016-CONSENSO BRASILEIRO EM DOENÇA DE CHAGAS). O diagnóstico laboratorial da doença de Chagas na fase crônica deve ser confirmado pela utilização de dois testes sorológicos com princípios diferentes (ELISA, RIFI, HAI) para pesquisa de anticorpos IgG anti-T. cruzi no soro (CAMARGO E TAKEDA, 1979, DIAS et al., 2016). O diagnóstico clínico da fase aguda da doença de Chagas é realizado no paciente sintomático, entre os sinais clínicos podem ser detectados os sinais de porta de entrada, sinal de Romaña e/ou chagoma de inoculação, seguidos de sinais e sintomas inespecíficos, como febre, linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, cardiomegalia, meningoencefalite (RASSI, et al., 2000). A avaliação clínica da fase crônica da doença de Chagas envolve avaliação das alterações cardíacas e digestivas, confirmadas pelo eletrocardiograma e/ou ecocardiograma e por raios X de tórax e abdômen (enema opaco) (RASSI, RASSI e MARCONDES DE REZENDE, 2012; DIAS et al., 2016; PEREZ – MOLINA e MOLINA, 2018). Métodos aplicados para o diagnóstico e seguimento da doença são pouco acessíveis por custos e a localização dos centros especializados, são invasivos e desconfortáveis de serem realizados, além de dependerem de pessoal especializado para a realização. Dessa forma muitas vezes não são realizados contribuindo à evolução clínica da doença, aumentando a mortalidade e morbidade associados a Doença de Chagas. Assim, faz- se necessário a busca de marcadores não invasivos e que possam ser utilizados em exames de rotina, como ELISA, para acompanhamento da evolução clínica do paciente. 1.5 Biomarcador Devido ao risco de morte súbita pela CCC, procura-se a presença de um biomarcador que determine o progresso da doença ou que possa indicar o nível de acometimento, nesse sentido Strimbu et al., (2010) definem biomarcador, como uma 24 substância, enzima, hormônio, estrutura ou processo que permite medir e avaliar um processo biológico indicando valor clínico dentro dos parâmetros estabelecidos como normais ou patológicos. Além disso, é imprescindível que seja sensível, estável e quantificável. Os biomarcadores têm alta variabilidade devido ao importante uso na rotina clínica, alguns exemplos são os marcadores biológicos de tipo proteico, que são os de interesse nesse projeto, eles auxiliam no diagnóstico ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), como as troponinas e mioglobina que conformam o perfil cardíaco, geralmente essas proteínas auxiliam na escolha do tratamento e predição de eventos após a Síndrome Coronário Agudo (SCA) (REQUENA et al., 2013). 1.5.1 Mioglobina, Troponina I A mioglobina (MYO) é uma proteína citoplasmática que se encontra nos músculos esquelético e cardíaco de mamíferos e possui importante função de armazenamento de oxigênio (Antonini e Brunori, 1971). Os níveis séricos de mioglobina aumentam 1 a 2 horas após início dos sintomas de infarto agudo do miocárdio, por possuir baixo peso molecular é um dos primeiros biomarcadores avaliados após lesão isquêmica do miocárdio (MIRANDAet al., 2014; CAVALCATI et al., 1998). Keating et al., (2015) e Fan et al., (2017) indicam que a MYO pode ser empregada como biomarcador de lesão cardíaca, além de ser empregada no diagnóstico precoce do dano miocárdico. As troponinas, são proteínas estruturais das miofibrilas que atuam na regulação da contração e relaxamento dos músculos estriado, cardíaco e esquelético. As troponinas estão formadas por três subunidades proteicas distintas, a troponina I que regula o processo contrátil mediado pelo cálcio nos músculos estriados, a troponina T que fixa o complexo da troponina à tropomiosina e a troponina C que contém os locais de ligação do cálcio regulando a contração muscular. As três subunidades juntas formam o complexo da troponina (KATZ, 1996; ALBERTS e LEWIS, 2010; CORTES- SERRA et al., 2020). As Troponinas I (cTnI) e (cTnT) são consideradas padrão ouro no diagnóstico do infarto agudo do miocárdio devido a sua alta especificidade cardíaca (PLATEK et al., 2015). Os níveis elevados de cTnI estão associados a maior dano cardiovascular e sua concentração aumenta nas diferentes formas da Doença de 25 Chagas (ARAS et al., 2003), podendo ser utilizada na detecção precoce da inflamação no miocárdio (FAN et al., 2017). As troponinas cardíacas presentes no sangue são marcadores de escolha de dano no miocárdico. O fato de normalmente não serem encontrados na circulação proporciona um alto nível de sensibilidade e especificidade clínica, mesmo quando as lesões cardíacas são pequenas. Após lesão miocárdica, as troponinas entram na circulação, onde podem ser utilizadas para o diagnóstico de síndromes coronarianas agudas e para o prognóstico (HORWICH et al., 2003). A presença de troponina na circulação pode induzir a formação de autoanticorpos. A presença de autoanticorpos anti-troponina I pode estar associado a doenças autoimunes e inflamatórias que envolvem dano cardíaco, podendo ser aplicados como biomarcadores de diagnóstico e prognóstico (VILELA et al., 2017). Autoanticorpos anti-troponina I poderiam induzir dano, disfunção e dilatação do coração na Doença de Chagas. Em indivíduos que apresentaram infarto agudo do miocárdio a presença da proteína mioglobina e troponina I, além dos autoanticorpos contra essas proteínas correlacionam-se com maior morbidade (PETTERSSON et al., 2009). 1.5.2 CTLA-4 Entre os mecanismos que favorecem a manutenção da tolerância periférica destaca-se a participação de moléculas coinibitórias, como CTLA-4 (Cytotoxic T Lymphocyte-Associated Antigen-4), que inibe o processo de ativação das células T. O Antígeno-4 associado a linfócito T citotóxico (CTLA-4 - Cytotoxic T Lymphocyte- Associated Antigen-4), também conhecido como CD152 é uma molécula que interage com os ligantes B7-1 (CD80) e B7-2 (CD86) para controlar a proliferação e ativação das células T. Essa molécula é expressa na superfície dos linfócitos T reguladores, e é importante para regular a resposta inflamatória das células T no tecido cardíaco evitando e dano tecidual e perda da função (MARTINS et al., 2004; GRABIE, LICHTMAN e PADERA, 2019). Células T reguladoras TCD4+CD25+ (TREG) podem ser a principal fonte de citocinas (IL-10 e TGF-β) que suprimem a resposta inflamatória no coração dos pacientes chagásicos, controlando a patogênese. Ainda, além de sua função supressora ser dependente de fatores solúveis (citocinas), o contato célula- célula via B7 (CD80 e CD86) da célula apresentadora de antígeno com o CTLA-4 da TREG aumenta a função desta célula, levando ao aumento de citocinas regulatórias 26 e moléculas coinibitórias (LEVINGS et al., 2001; DIECKMANN et al., 2001, SHEVACH et al., 2002, GUEDES et al., 2012). A molécula de CTLA-4 pode controlar a proliferação de linfócitos T CD4+ e TCD8+ (GOMES et al., 2003). O CTLA-4+ apresenta polimorfismos genéticos que alteram a regulação imune durante a infecção com o T. cruzi contribuindo ao desenvolvimento das diferentes formas clínicas (FRISANCHO et al., 2006). Linfócitos T reguladores obtidos do sangue periférico de pacientes com cardiopatia chagásica crônica possuem atividade supressora deficiente, quando comparado a pacientes na forma indeterminada, esta atividade supressora deficiente foi correlacionada à baixa expressão de Foxp3 e CTLA-4 (GUEDES et al., 2012). Outros autores demonstraram que pacientes portadores da forma indeterminada apresentam maior número de linfócitos T reguladores que expressam maiores níveis de CTLA-4, em comparação com pacientes cardíacos (DIAS et al., 2013; De ARAÚJO et al., 2011). Até o momento não existem biomarcadores de evolução clínica descritos para a doença de Chagas, sendo necessário a realização de exames clínicos de alto custo (eletrocardiograma, ecocardiograma, raio X, enema opaco), que necessitam da presença de profissionais especializados, em muitos casos são invasivos e desconfortáveis aos pacientes, e difícil de serem realizados devido ser necessário o descolamento do paciente de sua residência para centros especializados. A molécula CTLA-4 é expressa em células T reguladoras e encontra-se solúvel no plasma sanguíneo. Os autoanticorpos derivados de proteínas cardíacas são gerados após lesão de cardiomiócitos pelo parasito e podem contribuir para o mecanismo de patogenia, além de serem promissores para utilização como marcadores clínicos da doença de Chagas. A pesquisa de biomarcadores de prognóstico clínico tem intuito de minimizar os custos dos exames periódicos invasivos e beneficiar o atendimento dos indivíduos de baixa renda, além de buscar um melhor entendimento da história natural da doença de Chagas. Até o momento não existem trabalhos na literatura que avaliaram a produção de autoanticorpos anti-troponina I, anti-mioglobina e a concentração sérica de CTLA-4 ao desenvolvimento das formas clínicas da doença de Chagas. Assim, esse estudo teve como objetivo avaliar autoanticorpos anti- troponina I, anti-mioglobina e a molécula CTLA-4 solúvel no soro como biomarcadores clínicos não invasivos para a cardiopatia chagásica crônica. 27 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Avaliar biomarcadores para a cardiomiopatia chagásica crônica. 2.2 Objetivos específicos • Padronizar a técnica de ELISA para detecção de autoanticorpos anti-troponina I e anti-mioglobina; • Verificar se a produção de CTLA-4 solúvel e dos autoanticorpos contra troponina I e mioglobina podem ser utilizados como marcadores da forma cardíaca da doença de Chagas; • Verificar se a concentração de CTLA-4 solúvel e autoanticorpos anti-troponina I e anti-mioglobina estão correlacionados à redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo, aumento do índice cardiotorácico e do diâmetro do átrio. 28 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Delineamento experimental Figura 2 - Delineamento experimental. Fonte: Autoria própria. 3.2 População de estudo O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte sobre o protocolo Nº 027.2011 com o consentimento livre e esclarecido de todos os participantes (Anexo A). Todos os experimentos descritos foram realizados em conformidade com os princípios éticos contidos nas diretrizes do Conselho Nacional de Saúde e declaração de Helsinki sobre pesquisa envolvendo seres humanos (CEP/CONEP, 2015). 29 Foram coletadas 90 amostras de pacientes chagásicos crônicos portadores das diferentes formas clínicas da doença provenientes dos municípios Alexandria, Apodi, Caraúbas, Governador Dix-Sept Rosado, Ipanguacu, Mossoró, Pendências, Rodolfo Fernandes, Serra do Mel, Severiano Melo e Caicó, que fazem parte da mesorregião do Estado do Rio Grande do Norte. Como controle negativo foram utilizadas amostras de 30 indivíduos saudáveis da mesma mesorregião (Figura 3). Figura3 - Localização dos municípios de procedência dos pacientes. Fonte: Google Earth. E IBGE; Malha Municipal. Base Cartográfica contínua do Brasil, 2015. (Adaptado). A localização dos municípios de procedência dos pacientes. A - Estado do Rio Grande do Norte destacado em vermelho; B – Municípios de procedência dos pacientes chagásicos crônicos e controles negativos. O critério de inclusão adotado foi baseado na sorologia convencional reativa para a infecção pelo T. cruzi. Todas as amostras obtidas foram submetidas à triagem sorológica por métodos com princípios distintos Chagastest® HAI screening A-V, ELISA recombinante (WienerLab®, Rosário, Argentina) e Imunofluorescência Indireta, usando como antígeno as formas epimastigotas do T. cruzi da cepa Y mantidas em cultivo e fixadas com formaldeído a 20%. A imunoglobulina anti-IgG humana marcada com isotiocianato de fluoresceína (Sigma ChemicalCompany®, Missouri, USA) foi utilizada como conjugado, e como ponto de corte o título 1: 80. Após o recrutamento, todos os pacientes com resultado reativo na sorologia confirmatória por Western blot (TESAcruzi, bioMérieux Brasil) foram submetidos a uma avaliação clínica completa, incluindo eletrocardiograma (ECG) e radiografia do tórax, 2D-ecocardiograma, raio x contrastado de esôfago e colón, para os casos com alterações cardíacas foi realizada a avaliação pelo Holter durante 24h. A B 30 Em seguida, os pacientes selecionados foram classificados de acordo com à forma clínica da seguinte maneira: pacientes com ausência de alterações eletrocardiográficas e radiográficas sugestivas de envolvimento cardíaco ou gastrointestinal, classifica-se na forma indeterminada (IND, n=30); pacientes com presencia exclusivamente de alterações cardíacas, categoriza-se na forma cardíaca (CARD, n=30); pacientes com alterações no esôfago e colón agrupa-se na forma digestiva (DIG, n=14), por último, os pacientes com megaesôfago ou megacolón associados a cardiomiopatia cataloga-se na forma cardiodigestiva (CARDIG, n=16) (Figura 2). 3.3 Avaliação clínica A avaliação clínica foi conduzida em todos os pacientes e os dados publicados pelo médico colaborador Prof. Dr. Cléber Mesquita de Andrade (UERN), que foram submetidos ao ecocardiograma abrangente com mapeamento de fluxo em cores (VIVID e, GE Healthcare, USA). A fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) foi calculada de acordo com a regra de Simpson modificada (método biplano). O Holter 24h foi empregado apenas em pacientes com CCC usando um sistema de três canais de gravação portátil (Cardiolight®, Cardios, São Paulo, Brasil) e analisada num sistema DMI-CardiosHolter 8300, utilizando técnica semiautomática. Os pacientes foram incentivados a continuar suas atividades normais durante o período de gravação (SILVA, 2018). Os exames foram realizados e analisados por um observador experiente, que desconhece o perfil sorológico, as medições de anticorpos e dados clínicos dos participantes. Todas as coletas e exames foram realizados antes do tratamento específico com o fármaco benzonidazol e um ano após da terapêutica quando os pacientes foram novamente recrutados e os exames clínicos e imunológicos realizados (Tabela 1). 31 Tabela 1 - Características clínicas dos pacientes chagásicos crônicos provenientes do Estado do Rio Grande do Norte. Fonte: Autoria própria. Variáveis/ Formas clínicas Indeterminada Cardíaca Digestiva Cardiodigestiva Total Gênero (Masculino/ Feminino) M=11/30 (37%) F= 19/30 (63%) Total: 30/90 (33%) M=16/30 (53%) F= 14/30 (47%) Total: 30/90 (33%) M= 5/14 (36%) F=9/14 (64%) Total: 14/90 (16%) M= 9/16 (56%) F= 7/16 (44%) Total: 16/90 (18%) M=41/90 (46%) F=49/90 (54%) Total: 90 (100%) Idade-Anos 44,1± 10,11 49± 11,25 57.6± 8.9 65 ± 10.6 - Presença de megacolon - - 8/14 (58%) 9/16 (56%) 17/90 (19%) Presença de megaesófago - - 3/14 (21%) 3/16 (19%) 6/90 (7%) Presença de megacólon e megaesôfago - - 3/14 (21%) 4/16 (25%) 7/90 (8%) Tamanho do sigmóide (cm) 4.41±0.57 4.5±0.71 7.72±4.6 7.96±2.87 - Tamanho do Reto (cm) 4.89±0.81 5.72±0.89 7.5±31 6.36±1.89 - Índice Cardiotorácico/ICT 0,449±0,04 0,478±0,037 0,429±0,035 0,496±0,048 - Fração de ejeção do ventrículo esquerdo/FEVE (%) 64,6±6,8 63,3±13,1 67,0±7,8 53,8±13,6 - 3.4 ELISA para quantificação de autoanticorpos e CTLA-4 O método ELISA (Enzyme-Liked Immunosorbent Assay) de tipo indireto foi utilizado para a dosagem de IgG total (VOLLER, 1976). As proteínas mioglobina (SIGMA. M6036 – 250 µg/ 125µL. Liquido), troponina I (SIGMA. T 9924; 20 µg/ 200µL. Liofilizado) e a forma epimastigota da cepa Y de T. cruzi em meio acelular (Liver Tryptoseinfusion - LIT) foram utilizados como antígenos e dosados pelo método descrito (LOWRY et al., 1951). Posteriormente foi realizada a titulação em bloco visando definir a concentração mínima de antígeno para a sensibilização das placas plásticas de fundo chato com 96 poços (Corning/Costar, 3590). As concentrações 32 utilizadas foram 7,5µg/mL (antígeno epimastigota), 0,496µg/mL (antígeno de mioglobina) e 0,062µg/mL (antígeno de Troponina I). O conjugado utilizado para a dosagem de IgG total foi anti-imunoglobulina humana obtida de soro imune de camundongo marcadas com peroxidase (Sigma Chemical Company, St. Louis, USA). As placas de ELISA foram sensibilizadas com 100µL do antígeno diluído em solução tampão carbonato/bicarbonato (15 mM Na2CO3, 34 mM NaHCO3, pH 9,6) e incubadas 24h a 4°C durante a noite. Após a incubação, as placas sensibilizadas foram submetidas a uma série de quatro lavagens com PBS-T (salina tamponada com fosfato) contendo 0,05% de Tween 20 para remover o excesso de solução antigênica e eventuais sítios de ligação, logo após se adicionou a solução de bloqueio que contem PBS e 1% de SBF (soro bovino fetal) e as placas foram incubadas a 37°C por 45 min. Após novas lavagens adicionou-se às placas soro humano diluído em PBS-T, então as placas foram novamente incubadas por 45 min a 37°C. Em seguida, as lavagens foram repetidas e as placas foram incubadas com 100µL de conjugado de peroxidase com anticorpo específico diluído em PBS-T a 37°C por 45 min. As últimas lavagens foram seguidas pela solução de 100µL do substrato TMB e 20µL de peróxido de hidrogênio (ambos, LGC Biotecnologia) por 10min a 37°C protegido da luz. A reação foi interrompida pela adição de 32µL por poço de uma solução de ácido sulfúrico 2,5M e a leitura das placas foi realizada em espectofotómetro com filtro de 450nm (Leitora de Microplacas Mindray®, model MR- 35 96A, Shenzhen, China), e os resultados foram expressos em absorbância. O cut-off foi calculado usando a absorbância média dos controles negativos e dois desvios padrão. A dosagem de CTLA-4 foi realizada por meio de ELISA do tipo sandwich utilizando o kit Platinum ELISA Human CTLA-4 (affymetrix eBioscience) seguindo as recomendações do fabricante. A placa sensibilizada contendo anti-CTLA4 humano disponibilizada no kit foi submetida a duas lavagens com 400µL de solução de lavagem (PBS 1% Tween 20) para eliminar o excesso de anticorpo. Posteriormente, foi adicionado 100µL de solução diluente de amostra nos poços da curva padrão e do branco, para os poços das amostras foram adicionados 90µL dessa mesma solução e 10µL de soro. O CTLA4 recombinante foi reconstituído em água destilada (20ng/ml) e aplicado 100 µL no primeiro poço da curva padrão que continha 100µL de solução diluente de amostras (diluição 1:2, concentração inicial da curva padrão foi 10ng/ml), sendo realizada diluição seriada, com transferência de 100µL da amostra ao poço 33 seguinte. Posteriormente foi diluído o conjugado biotinilado (1:100) em tampão de ensaio (PBS 1% tween20 10% BSA) e adicionado 50µL a todosos poços, a placa foi coberta com adesivo e incubada a temperatura ambiente (24°C) por 2 horas protegido da luz. Após a incubação foram realizadas três lavagens com 400µL de solução de PBS contendo 1% Tween20. A Streptavidina-HRP foi diluída 1:100 em tampão de ensaio (PBS 1% tween20 10% BSA) e adicionado 100µL em todos os poços, a placa foi coberta com adesivo e incubada a temperatura ambiente (24°C) por 1 hora protegido da luz. O adesivo da placa foi removido e realizadas três lavagens com 400µL de solução de PBS contendo 1% Tween20. Em seguida, foi adicionado 100µL de TMB e a placa incubada por 30min a temperatura ambiente (24°C) protegida da luz. A reação foi interrompida com 100µL de solução de bloqueio (H2SO4 2,5M) e a leitura da placa foi realizada em espectofotómetro com filtro de 450nm (Leitora de Microplacas Mindray®, model MR- 35 96A, Shenzhen, China), os resultados foram expressos em absorbância e interpretados segundo a curva padrão para cálculo da concentração de CTLA4 solúvel por ml de soro. 3.5 Análise estatística Todas as análises foram realizadas aplicando o programa estatístico Instat e o software PRISM® 7.0 (GraphPad, San Diego, CA, USA). Para a verificação da distribuição normal dos dados, foram empregados os testes Shapiro-Wilk e Kolmogorov-Smirnov. Para comparação entre a produção de autoanticorpos IgG anti- mioglobina, anti-troponina I e CTLA-4 solúvel no soro de pacientes chagásicos crônicos portadores das diferentes formas clínicas da doença de Chagas foi utilizado o teste de Kruskall-Wallis. A correlação entre o índice cardiotorácico, fração de ejeção do ventrículo esquerdo, diâmetro do átrio com os marcadores foram realizados através do teste não paramétrico de Spearman. As diferenças foram consideradas significativas quando o valor de p foi menor que 0,05 (p <0,05). 34 4. RESULTADOS Inicialmente, a produção de IgG total específica anti-T. cruzi foi determinada em pacientes chagásicos portadores das formas indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. Foi observada maior produção de IgG específica anti-T. cruzi nos grupos de pacientes com doença de Chagas, quando comparado ao grupo controle (Figura 4). Pacientes portadores da forma cardíaca (absorbância: 1,05), cardiodigestiva (1,10) e digestivos (0,9) apresentaram uma média maior de produção de anticorpos específicos anti-T cruzi, quando comparado a pacientes indeterminados (0,75) (Figura 4). Figura 4- Pacientes chagásicos produzem altos níveis de anticorpos IgG específicos anti- Trypanosoma cruzi. Concentração de IgG específica anti-T. cruzi no soro de indivíduos controle negativo (n=30), e de pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca (n=30), cardiodigestiva (n=16), digestiva (n=14) e indeterminada (n=30). ***p<0,001. Fonte: autoria própria. 35 Pacientes chagásicos portadores das formas clínicas indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentaram maior produção de autoanticorpos IgG anti- troponina I quando comparados aos indivíduos não infectados (Figura 5). Pacientes portadores da forma cardíaca (absorbância: 0,74), cardiodigestiva (0,77) e digestiva (0,60) apresentaram uma média maior de produção de autoanticorpos anti-troponina I, quando comparado a pacientes indeterminados (0,44) (Figura 5). Figura 5: Pacientes chagásicos crônicos produzem altos níveis de autoanticorpos anti- Troponina-I. Concentração de IgG total anti-Troponina I no soro de indivíduos controle negativo (n=30), e de pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca (n=30), cardiodigestiva (n=16), digestiva (n=14) e indeterminada (n=30). ***p<0,001. Fonte: autoria própria. 36 Pacientes chagásicos portadores das formas clínicas indeterminada, cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentaram maior produção de autoanticorpos IgG anti- mioglobina, quando comparados aos indivíduos não infectados (Figura 6). Ademais, pacientes com a forma cardíaca da doença apresentaram maior produção de autoanticorpos IgG anti-mioglobina comparado a pacientes com a forma indeterminada (Figura 6). Figura 6: Pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca produzem altos níveis de autoanticorpos anti-Mioglobina. Concentração de IgG total anti-Mioglobina no soro de indivíduos controle negativo (n=30), e de pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca (n=30), cardiodigestiva (n=16), digestiva (n=14) e indeterminada (n=30). ***p<0,001; *p<0,05. Fonte: autoria própria. Ao analisar a concentração do CTLA-4 solúvel no foi constatado que pacientes com a forma clínica indeterminada produzem níveis semelhantes a indivíduos controles saudáveis (Figura 7). De maneira interessante, pacientes portadores da 37 forma indeterminada apresentaram maior concentração de CTLA-4 solúvel no soro, quando comparado a indivíduos portadores das formas clínicas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva (Figura 7). Figura 7- Pacientes chagásicos crônicos portadores das formas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentam reduzida concentração de CTLA-4 solúvel no soro. Concentração de CTLA-4 no soro de indivíduos controle negativo (n=30), e de pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca (n=30), cardiodigestiva (n=16), digestiva (n=14) e indeterminada (n=30). **p<0.01, *p<0.05. Fonte: autoria própria. Com intuito de verificar a participação de autoanticorpos anti-troponina-I, anti- mioglobina e de CTLA4 solúvel no desenvolvimento das lesões cardíacas na doença de Chagas foram realizadas correlações entre a fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), índice cardiotorácico (ICT) e diâmetro do átrio com a produção de anticorpos IgG específicos anti-T cruzi, autoanticorpos anti-troponina-I, anti- mioglobina e CTLA4 solúvel com auxílio do teste de Spearman. Não foi observada correlação significativa entre os achados clínicos e a produção de autoanticorpos anti- troponina-I, anti-mioglobina e CTLA4 solúvel no soro. C on tr ol e In de te rm in ad o C ar dí ac o D ig es tiv o C ar di od ig es tiv o 0 2 4 6 8 ** CTLA-4 h g /m l d e s o ro * 38 5. DISCUSSÃO No presente estudo avaliou-se a produção de autoanticorpos anti-Mioglobina, anti-Troponina I, a concentração de CTLA-4 solúvel e a possível associação com o desenvolvimento da CCC ou como marcador para diagnóstico clínico da forma cardíaca da doença de Chagas. Pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca da doença apresentam maior produção de autoanticorpos IgG anti- mioglobina comparado a pacientes com a forma indeterminada. Ademais, pacientes indeterminados apresentam maior produção de CTLA-4 solúvel, quando comparado a indivíduos portadores das formas clínicas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. Inicialmente, foi quantificada a produção de anticorpos específicos anti-T.cruzi, sendo observada alta produção de IgG em pacientes chagásicos crônicos, comparado a indivíduos não infectados. Pacientes portadores da forma cardíaca e cardiodigestiva apresentaram maior de produção de anticorpos específicos anti-T cruzi, quando comparado a pacientes digestivos e indeterminados. Estes resultados corroboram com resultados da literatura, que descreve títulos reduzidos de IgG específico anti-T cruzi em pacientes com a forma indeterminada da doença de Chagas, enquanto pacientes sintomáticos portadores das formas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva apresentam exacerbada resposta imune humoral (MONTEÓN-PADILLA et al., 1999; D’AVILA et al., 2009; NUNES et al., 2013; APT et al., 2015). A elevada produção de IgG total específica anti-T. cruzi em pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca e cardiodigestiva da doença de Chagas observada no presente estudo pode ser devido a maior carga parasitária e estimulação de linfócitosT e B, conduzindo a maior produção de anticorpos. Efetivamente, a carga parasitária tem-se mostrado importante no mecanismo de lesão cardíaca na infecção pelo T. cruzi (VAZQUEZ et al., 2015; DE MELO MEDEIROS et al., 2010). Estudos recentes relatam infecções orais devido a ingestão de formas tripomastigotas metacíclicas do parasita em alimentos contaminados, como o caldo de cana e o suco de açaí (YOSHIDA, 2008). Nesses casos, a quantidade de inoculo e a patogenicidade da cepa podem determinar a gravidade da doença (MONTEIRO et al., 2010). A carga parasitária durante a infecção pelo T. cruzi pode influenciar a ativação da resposta imune e a patologia da doença na fase crônica da doença de Chagas (MARINHO et al., 2009). Além disso, pacientes que apresentam formas 39 clínicas específicas da doença de Chagas, como a forma cardíaca, podem ter persistência do parasita que poderia manter a ativação imunológica, que seria responsável por aumento do dano tecidual em hospedeiros suscetíveis (MONTEON- PADILLA et al., 2001). Efetivamente, a carga parasitária tem mostrado importante no mecanismo de lesão do miocárdio na infecção pelo T. cruzi. Camundongos infectados com inóculos crescentes da cepa Y do T. cruzi apresentaram progressivamente maior inflamação, fibrose e destruição tecidual com perda da inervação (BORGES et al., 2012). A literatura mostra que a denervação durante a fase aguda da infecção pelo T. cruzi é resultado da produção de IFN-γ e TNF-α com consequente ativação da enzima iNOS e produção de oxido nítrico (SILVA et al., 1991; ALIBERT et al., 1996; TALVANI et al., 2000; ARANTES et al., 2004). Dados da literatura demonstram a produção de IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4 específicas anti-T. cruzi em todos os grupos de pacientes chagásicos crônicos, sendo detectado alta produção de IgG1 e IgG3 e menor produção de IgG2 e IgG4 (CERBAN et al., 1993; D’ AVILA et al., 2009; NUNES et al., 2013). IgG1 auxilia a lise de formas tripomastigotas por meio da ligação da proteína C1q e a fagocitose por macrófagos, enquanto IgG2 está envolvido com a imunidade mediada por células efetoras não fagocitárias (FANGER et al., 1991). A produção de todos os isotipos de IgG indica a presença de resposta imune mista entre linfócitos auxiliares tipos Th1 e Th2. A produção de imunoglobulinas é estimulada por meio de citocinas pertencentes aos perfis Th1 e 2 de diferenciação de linfócitos T CD4 (REIS et al.,1997; BAHIA- OLIVEIRA et al.,1998; ABEL et al.,2001; GOMES et al.,2003; GUTIERREZ et al., 2009). A produção de citocinas pró-inflamatórias, como IL-12, IFN-γ e TNF-α (perfil Th1), induzirão a produção de IgG1 e IgG3, enquanto citocinas anti-inflamatórias, IL- 4 e IL-10 (perfil Th2), promoverão a produção de IgG2 (BRIERE et al., 1994; KAWANO et al., 1994). Em pacientes, IgG1 e IgG2 correspondem a aproximadamente 90% do total de imunoglobulina G produzida (WATTHANAKULPANICH et al., 2008). Trabalhos recentes demonstram a presença de linfócitos T reguladores, Th9, Th17 e Th22 em pacientes chagásicos crônicos (GUEDES et al., 2012, 2016). O mecanismo pelo qual as citocinas produzidas por estas respostas imunológicas poderiam influenciar a produção de imunoglobulinas em pacientes chagásicos ainda não foi demonstrado. 40 Já foram identificados autoanticorpos em pacientes chagásicos crônicos contra miosina cardíaca, proteína P ribossomal, queratina, receptores B-adrenérgicos e de muscarina, proteínas associadas a microtúbulos do citoesqueleto, actina, tubulina, proteínas neuronais, auto-antígeno Cha, troponina T (BERGAMI et al., 2001; LEVIN et al., 1989; CUNHA-NETO et al., 1996; KERNER et al., 1991, PETRY e EISEN 1989, GIRONÉS et al., 2001, NUNES et al., 2013). Entretanto a produção de autoanticorpos anti-mioglobina e troponina I em pacientes chagásicos crônicos ainda não foi avaliada. No presente estudo foi observada elevada produção de autoanticorpos anti- mioglobina e anti-troponina I em pacientes chagásicos crônicos, demonstrando que a infecção crônica pelo T. cruzi induz a produção de autoanticorpos da classe IgG anti- troponina I e anti-mioglobina. Foi demonstrado em modelo murino de cardiomiopatia autoimune que anticorpos específicos anti-troponina I interagem com a troponina I na superfície dos cardiomiócitos e aumentam a corrente de Ca2+, resultando em disfunção e dilatação cardíaca (OKAZAKI et al., 2003). A troponina I cardíaca (cTpnI) é um membro do complexo troponina, responsável por regular a contração do músculo cardíaco. Pacientes com cardiopatia isquêmica e idiopática apresentam elevados níveis séricos de autoanticorpos anti-troponina I (SHMILOVICH et al., 2007). Camundongos imunizados com troponina I cardíaca recombinate, apresentam inflamação grave do miocárdio, cardiomegalia, fibrose e mortalidade (GOSER et al. 2006). Dessa forma, autoanticorpos anti-Troponina I poderiam influenciar no desenvolvimento da forma cardiíaca da doença de Chagas. Níveis séricos elevados de troponina I são observados em pacientes com doenças cardiovasculares que tiveram parada cardíaca, sugerindo como biomarcador preditor de morte em paciente com doença cardiovascular (LEUSCHNER et al., 2008, PLATEK et al., 2015; VILELA et al., 2017). Dados da literatura mostram que pacientes chagásicos crônicos portadores de cardiopatia apresentam níveis séricos maiores de troponina I e mioglobina, marcadores associados à disfunção cardíaca em comparação com pacientes que não possuem cardiopatia chagásica crônica (KEATING et al., 2015; FAN et al., 2017). Indicando que a presença de mioglobina e troponina I séricas estão associadas a lesão cardíaca e podem induzir a produção de autoanticorpos que poderiam auxiliar a patogênese cardíaca e/ou servir como marcador clínico. Nossos, resultados demonstram que pacientes chagásicos crônicos portadores da forma cardíaca da 41 doença apresentam maior produção de autoanticorpos IgG anti-mioglobina comparado a pacientes com a forma indeterminada. A mioglobina é um transportador de oxigênio contribuindo substancialmente para o suprimento de oxigênio mitocondrial. Dados da literatura demonstram que as concentrações cardíacas de mioglobina encontram-se reduzidas em vários modelos de insuficiência cardíaca crônica (ICC) (WITTENBERG et al., 1975). Entretanto, não existem relatos sobre a concentração de mioglobina ou autoanticorpos anti-mioglobina em pacientes chagásicos crônicos descritos na literatura. Autoanticorpos contra miosina, troponina, tropomiosina e mioglobinha têm sido observados com alta frequência em doenças autoimunes da tireoide (JASANI et al., 1999; RUCHALA M ET AL, 2007). Nossos resultados demonstram que pacientes indeterminados apresentam maior produção de CTLA-4 solúvel, quando comparado a indivíduos portadores das formas clínicas cardíaca, digestiva e cardiodigestiva. Não existem dados na literatura sobre a quantificação dos níveis séricos de CTLA-4 em pacientes chagásicos crônicos. Entretanto, o CTLA-4 é expresso em Células T reguladoras TCD4+CD25+ (TREG) (SHEVACH, 2002). As TREG são uma fonte importante de citocinas regulatórias e estão envolvidas no controle da resposta inflamatória no tecido cardíaco e consequente destruição do miocárdio. As TREG são capazes de migrar para o local da inflamação cardíaca desencadeada pelo T. cruzi e suprimir a função efetora das células T CD4 e CD8 durante os processos infecciosos (MARIANO et al., 2008; GUEDES et al., 2012, GUEDES et al., 2016). Eles suprimem a proliferação de células T efetoras (CD4+CD25−) quando cocultivados e também podem inibir a ativação de células T autoreativas por meio da expressão de moléculas coinibidoras (CTLA-4) e a produção de citocinas supressoras (IL-10, TGF-β, IL-35) (ZHENG et al., 2004, COLLISON et al., 2007; GUEDES et al., 2012). Ainda, o contato célula-célula via B7 (CD80 e CD86) da célula apresentadora de antígeno como CTLA-4 da TREG aumenta a função desta célula (LEVINGS et al., 2001; SHEVACH, 2002). Estudos demonstraram que pacientes com doença de Chagas indeterminada apresentam maior frequência de células T CD4+CD25+ em comparação com indivíduos cardíacos e não infectados em seu sangue periférico (VITELLI-AVELAR et al., 2005; VITELLI-AVELAR et al., 2006; ARAUJO, 2007; DE ARAÚJO et al., 2011). A análise de polimorfismo do gene de CTLA-4 em pacientes chagásicos crônicos portadores das diferentes manifestações clínicas da doença demonstrou que 42 pacientes que apresentam alelos, genótipos e haplótipos relacionados a alta expressão da molécula reguladora CTLA-4 estavam associados à forma indeterminada da doença (DIAS et al., 2013). A maior incidência de células T expressando CTLA-4 entre as células efetoras (T CD4+CD25−) de pacientes chagásicos indeterminados em comparação a pacientes com cardiomiopatia moderada ou grave, também sugere um melhor controle da resposta imune, uma vez que a expressão de CTLA-4 em células efetoras CD25- também suprimem a resposta imunológica (GUEDES et al., 2012). O CTLA-4 é uma proteína de 44kD semelhante ao CD28, competem pelo mesmo sítio de ligação na célula apresentadora de antígeno (CD28) e CTLA-4 exibe cerca de 20 vezes mais afinidade de ligação para B7 (CD80 e CD86) do que o CD28 (LINSLEY et al., 1993). O tratamento utilizando CTLA-4 quimérico protege ratos do desenvolvimento da miocardite autoimune experimental, conforme evidenciado por uma redução significativa do infiltrado celular cardíaco e melhoria do estado hemodinâmico (SATORU et al., 2005). Dessa forma, o CTLA-4 participa regulando o processo de gênese de lesões cardíacas na doença de Chagas crônica, podendo servir como base para terapias alternativas na doença de Chagas, como vem sendo testada em modelos experimentais de miocardite autoimune. Observamos no presente estudo autoanticorpos anti-troponina I e mioglobina em pacientes chagásicos crônicos portadores das diferentes manifestações clínicas, gerados após lesão de cardiomiócitos pelo parasito ou devido ao mimetismo molecular entre antígenos do parasito e do hospedeiro. Ainda, observamos maior concentração da molécula CTLA-4 solúvel no soro em pacientes portadores da forma indeterminada. Esse conhecimento pode contribuir para o entendimento do mecanismo de patogenia, além de serem promissores para utilização como marcadores clínicos da doença de Chagas. 43 6. CONCLUSÕES Nossos resultados sugerem que a produção elevada de autoanticorpos anti- Troponina-I e anti-Mioglobina associada a baixa produção de CTLA-4 sérico podem estar associadas ao desenvolvimento da forma cardíaca da doença de Chagas, bem como serem utilizados como marcadores de forma clínica. 44 7. REFERÊNCIAS ABEL, L. et al. Chronic Chagas disease cardiomyopathy patients display an increased IFN-γ response to Trypanosoma cruzi infection. Journal of Autoimmunity, v 17, p 99 – 107, 2001 ABRAHAMSOHN, J., COFFMAN, R. Trypanosoma cruzi: IL-10, TNF, IFN-gamma and IL-12 regulate innate and acquired immunity infection. Experimental Parasitology, v 84, p 231 – 244, 1996 ACEVEDO, G.R., GIRARD, M.C., GOMEZ, K.A. The unsolved jigsaw puzzle of the immune response in Chagas disease. Frontiers in immunology, v 9, 2018 ADL, S. et al. The Revised classification of Euraryotes. Eukaryotic Microbiology, v 60, p 321 – 321, 2012 ALBERTI, J. et al. Interleukin-12 mediates resistance to Trypanosoma cruzi in mice and is produced by murine macrophages in response to live trypomastigotes. Infection and Immunity, v 64, p 1961 – 1967, 1996 ALBERTI, J. Modulation of chemokine production and inflammatory responses in interferon gamma and tumor necrosis factor R1 deficient mice during Trypanosoma cruzi infection. The American Journal of Pathology, v 158, p 1433 – 1440, 2001 ALBERTS, B., LEWIS, J. Biologia Molecular da célula. Artes médicas, 2010 ANDRADE, S. G. et al. Reinfections with strains of Trypanosoma cruzi, of different biodemes as a factor of aggravation of myocarditis and myositis in mice. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina tropical, v 39, p 1 – 8, 2006 ANDRADE, CM. et al. Chagas Disease: morbility profile in an endemic area Northeastern Brazil. Revista da sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v 48, p 706 – 715, 2015 ANTONINI, E., BRUNORI, M. Hemoglobin and Myoglobin in their Reactions with ligands. Frontiers of Biology, (Neuberger A. Tatum E, eds). V 21, 1971 AÑES, N. et al. Acute Chagas disease in western Venezuela: aclinical, sero- parasitologic and epidemiologic study. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 60, p 215 – 222, 1999 45 ANSELMI, A. et al. Myocardiopathy in Chagas disease. Comparative study of pathogenic findings in chronic human and experimental Chagas myocarditis. American Heart Journal, v 72, p 464 – 481, 1966 APT, W. et al. Trypanosoma cruzi burden, genotypes and clinial evaluation of Chilean patients with chronic Chagas cardiopathy. Parasitology Research, v 114, p 3007 – 3018, 2015 ARANTES, R. M. et al. Interferon-γ induced nitric oxide causes intrinsic intestinal denervation in Trypanosoma cruzi infected mice. The American journal of Pathology, v 164, p 1361 – 1368, 2004 ARAS, R. et al. Troponin in Chagas disease. Brazilian Journal of Infections Disease, v 7, 2003 ARAUJO, F.F. et al., Potential role of CD4+ CD25 HIGH regulatory T cells in morbidity in Chagas disease. Frontiers in Bioscience, v 12, p 2792 – 2806, 2007 ARIAS, C. et al. Troponin in Chagas disease. Brazilian Journal of Infectious Diseases, v 7, p 358-359, 2003 BAFICA, A. et al. Cutting Edge: TLR9 and TLR2 signaling together account for MyD88- dependent control of parasitemia in Trypanosoma cruzi infection. The Journal of Immunology, v 177, p 3515-3519, 2006 BAHIA-OLIVEIRA, L. et al. IFN-γ in human Chagas disease: protection or pathology? Brazilian Journal of Medical and Biological Research, v 3 p 127 – 131, 1998 BARTHOLOMEU, D. et al. Recruitment and endo-lysosomal activation of TLR9 in dendritic cells infected with Trypanosoma cruzi. Journal of Immunology, v 181, p 1333 – 1344, 2008 BELLOTI, G. et al. In vivo detection of Trypanosoma cruzi antigens in hearts of patients with chronic Chagas heart disease. American Heart Journal, v 131, p 301 – 307, 1996 BERGAMI, P. L. et al. Antibodies against the carboxyl-terminal end of the Trypanosoma cruzi ribosomal P proteins are pathogenic. The FASEB Journal, v 15, p 2602 – 2612, 2001 46 BOCCHI, E. et al. Chronic Chagas heart disease management: from etiology to cardiomyopathy treatment. Journal of the American college of Cardiology, v 70, p 1510 – 1524, 2017 BONNEY, K. M., ENGMAN, D.M. Autoimmune pathogenesis of Chagas heart disease. The American Journal of Pathology, v 185, p 1537-1547, 2015 BORGES, A. R. et al. Trypanocidal and cytotoxic activities of essential oils from medicinal plants of Northeast of Brazil. Experimental Parasitology, v 132, p 123 – 128, 2012 BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Consenso Brasileiro em Doença de Chagas. Revista da Sociedade de Medicina Tropical, v 38, p 1 – 29, 2005 BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Doença de Chagas aguda no Brasil: série histórica de 2000 a 2013, v 45, 2015 BRIERE, F. et al. Human interleukin 10 induces naive surface immunoglobulin D+ (sIgD+) B cells to secrete IgG1 and IgG3. Journal Experimental of Medicine, v 179, p 157 – 762, 1994 BRENER, Z., GAZZINELLI, R. Immunological control of Trypanosoma cruzi infection and pathogenesis of Chagas disease. International Archives of Allergy and Immunology, v 114, p 103 – 110, 1997 BRENER, Z., ANDRADE, Z., BARRAL-NETO, M. Trypanosoma cruzi e Doençade Chagas. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v 43, p 300, 2000 BRENIERE, S et al. Chagas Disease in Bolivia: clinical and epidemiological features and zymodeme variability of Trypanosoma cruzi strains isolated from patients. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 41, p 521 – 529, 1989 BRITO, C, R. et al. Seroepidemiology of Trypanosoma cruzi infection in the semiarid rural zone of the State of Rio Grande do Norte, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v 45, p 346 – 352, 2012 47 BRUNORI, M. Nitric oxide, cytochrome-c oxidase and myoglobin. Trends in Biochemical Sciences, v 26, p 21-23, 2001 CAETANO, B. et al. Requirement of UNC93B1 reveals a critical role for Toll-Like Receptor 7 in host resistance to primary infection with Trypanosoma cruzi. Journal of Immunology, v 177, p 1903 – 1911, 2011 CAMARGO, M., TAKEDA, G. diagnóstico de laboratório. Trypanosoma cruzi e doença de Chagas. Guanabara Koogan, p 175 – 198, 1979 CAVALCANTI, A. et al. Diagnóstico do infarto agudo ao miocárdio. Valor da dosagem da mioglobina sérica comparada com a creatinofosfoquinase e sua fracção MB. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v 70, 1998 CAVALIER- SMITH, T. Eukaryote kingdoms: seven or nine? Biosystems, v 14, p 461 – 481, 1981 CAVALIER- SMITH, T. A revised six-kingdom system of life. Biological Reviews, v 73, p 203 – 266, 1998 CAVALIER-SMITH, T. The phagotrophic origin of eukaryotes and phylogenetic classification of protozoa. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v 52, p 297-354, 2002 CERBAN, F. M. Chagas disease: IgG isotypes against Trypanosoma cruzi cytosol acidic antigens in patients with different degrees of heart damage. Clinical Immunology and Immunopathology, v 67, p 25 – 30, 1993 CESTARI, I. et al. Complement C2 receptor inhibitor trispanning confers an increased ability to resist complementmediated lysis in Trypanosoma cruzi. Journal of Infectious Diseases, v 198, p 1276-1283, 2008 CESTARI, I. et al. Mechanisms of complement lectin pathway activation and resistance by trypanosomatid parasites. Molecular Immunology, v 53, p 328-334, 2013 CHAGAS, C. Nova tripanozomiaze humana: estudos sobre a morfologia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiológico de nova entidade mórbida do homem. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v 1, p 159-218, 1909 48 CHAGAS, C. Processos patogênicos da tripanossomíase americana. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v 8, p 5 – 36, 1916 CHAVES, K. D., VÁSQUEZ, R., CORRALES, V. Chagas heart disease. Revista Médica Sinergia, v 4, p 101-110, 2019 CHIARI, E., BRENER, Z. Contribuição ao diagnóstico parasitológico da doença de Chagas na sua fase crônica. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v 8, p 134 – 138, 1966 COLLISON, L. W. et al. The inhibitory cytokine IL-35 contributes to regulatory T-cell function. Nature, v 450, p 566 – 569, 2007 CORRÊA-OLIVEIRA, R. et al. The role of the immune response on the development of severe clinical forms of human Chagas disease. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v 94, p 253 – 255, 1999 CORTES-SERRA, N et al. State of the art in host derived biomarkers of Chagas disease ptognosis and early evaluation of anti-Trypanosoma cruzi treatment response. Biochimica et Biophysica Acta (BBA), v 1866, p 165758, 2020 COSSIO, P. M. et al. Chagasic cardiopathy. Demostration of a serum gama globulin factor which reacts with endocardium and vascular structures. Circulation, v 49, p 13 – 21, 1974 COURA, J. et al. Chagas Disease morbidity: Study of cases originating in various states of Brazil, observed in Rio de Janeiro. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v 78, p 363 – 372, 1983 COURA, J. Determinantes epidemiológicos da doença de Chagas no Brasil: a infecção, a doença e sua morbi-mortalidade. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v 83, p 392 – 402, 1988 CUNHA-NETO, E. et al. Autoimmunity in Chagas disease cardiopathy: biological relevance of a cardiac myosin-especific epitope crossreative to an immunodominant Trypanosoma cruzi antigen. Proceedings of the National Academy of Sciences, v 92, p 2541 – 3545, 1995 49 CUNHA – NETO, E. Autoimmunity in Chagas disease. Identification of cardiac myosin- B13 Trypanosoma cruzi protein crossreactive T cell clones in heart lesions of chronic Chagas cardiomyopathy patient. The Journal of Clinical Investigation, v 98, p 1709 – 1702, 1996 CURA, C. et al. Trypanosoma cruzi discrete typing units in Chagas disease patients from endemic and nonendemic regions of Argentina. Parasitology, v 139, p 516, 2012 D’AVILA, D.A. et al. Immunological imbalance between IFN-gamma and IL-10 levels in the sera of patients with cardiac form of Chagas disease. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v 104, p 100 – 105, 2009 DE ARAÚJO, F. et al. Regulatory T cells phenotype in different clinical forms of Chagas disease. Plos Neglected Tropical Diseases, v 5, p e992, 2011 DE BONA, E. et al. Autoimmunity in chronic Chagas disease: a road of multiple pathways to cardiomyopathy? Frontiers in Immunology, v 9, 2018 DE MELO MEDEIROS, M. et al. Trypanosoma cruzi infection: do distinct populations cause intestinal motility alteration? Parasitology Research, v 107, p 239 – 242, 2010 DE SOUZA, W. Basic cell Biology of Trypanosoma cruzi. Current Pharmaceutical Design, v 8, p 269-285, 2002 DEL PUERTO, F. et al. Trypanosoma cruzi linages detected in congenitally infected infants and Triatoma infestans from the same disease-endemic region under entomologic surveillance in Paraguay. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 83, p 386 – 390, 2010 DIAS, F.C. et al. Polymorphic sites at the immunoregulatory CTLA-4 gene are associated with chronic Chagas disease and its clinical manifestations. Plos One, v 8, p e78367, 2013 DIAS, J. et al. 2nd Brazilian consensus on Chagas Disease. Revista da sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v 49, p 3 - 60, 2016 DIECKMANN, D. et al. Ex vivo isolation and characterization of CD4+ CD25+ T cells with regulatory properties from human blood. The Journal of Experimental Medicine, v 193, p 1303 – 1310, 2001 50 DUTRA, W. et al. Linfocitos T y B activados en sangre periférica de pacientes con enfermedad de Chagas. International of Immunology, v 6, p 499 – 506, 1994 FAN, J. et al. Clinical value of combined detection of CM-MB. MYO. cTnI and plasma NT-proBNP in diagnosis of acute myocardial infarction. Clinical laborotary, v 63, p 427-433, 2017 FANGER, M. W., SEGAL, D.M., ROMET-LEMONNE, J. L. Biespecific antibodies and targeted cellular cytotoxicity. Immunology Today, v 12, p 51 – 54, 1991 FERREIRA, R., BRAMQUINHO, M., LEITE, P. Transmissão oral da doença de Chagas pelo consumo de açaí: um desafio para a Vigilância Sanitária. Revista Vigilância Sanitária em Debate, v 2, p 4 – 44, 2014 FISCHER, E. et al. gp 58/68, a parasite comportamento that contributes to the escape of the trypomastigote form of T. cruzi from damage by the human alternative complement pathway. Immunology, v 65, p 299-303, 1988 FRISANCHO, S. et al. Cutting edge: T cell Ig Mucin-3 Reduces inflammatory heart disease by increasing CTLA-4 during innate immunity. The Journal of Immunology, v 176, p 6411-6415, 2006 GAZZINELI, R. et al. The microbicidal activity of interferon gamma treated macrophages against Trypanosoma cruzi involves an L-arginine dependent, nitrogen oxide-mediated mechanism inhibitable by interleukin 10 and transforming growth factor beta. European Journal of Immunology, v 22, p 2501 – 2506, 1992 GIRONÉS, N. et al. Dominant T and B cell epitopes in an autoantigen linked to Chagas disease. Journal Clinical Investigation, v 107, p 985 – 993, 2001 GIRONÉS, N., FRESNO, M. Etiology of Chagas disease myocarditis:autoimmunity, parasite persistence, or both. Trends in Parasitology, v 19, p 19 – 22, 2003 GRABIE, N., LICHTMAN. A.H., PADERA, R. T cell checkpoint regulators in the heart. Cardiovascular Research, v 115, p 869-877, 2019 GOMES, J.A. et al. Evidence that development of severe cardiomyopathy in human Chagas disease is due to a Th1 specific immune response. Infection and Immunity, v 71, p 1185-1193, 2003 51 GOMES, J. et al. Type 1 chemokine receptor expression in Chagas disease correlates with morbidity in cardiac patients. Infection and Immunity, v 73, p 7960 – 7966, 2005 GONÇALVES, C. S. et al. Revisiting the Trypanosoma cruzi metacyclogenesis: morphological and ultrastructural analyses during cell differentiation. Parasites and Vectors, v 11, 2018 GOSER, S. et al., Cardiac Troponin I but not cardiac Troponin T induces severe Autoimmune inflammation in the Myocardium. Circulation, v 114, p 1693 – 1702, 2006 GUEDES, P.M. M et al. IL-17 produced during Trypanosoma cruzi infections plays a central role in regulating parasite Induced myocarditis. PLos Neglected Tropical Diseases, v 4, p e604, 2010 GUEDES, P. M. M. Deficient regulatory T cell activity and low frequency of IL-17 producing T cells correlate with the extent of cardiomyopathy in human Chagas disease. PLos Neglected Tropical Disease, v 6, p e1630, 2012 GUEDES, P. M. M. et al. Inflammation enhances the risks of stroke and death in chronic Chagas disease patients. PLos Neglected Tropical Diseases, v 10, p e0004669, 2016 GUTIERREZ, F. et al. The role of parasite persistence in pathogenesis of Chagas heart disease. Parasite Immunology, v 31, p 673 – 685, 2009 HAMPL, V. et al. Phylogenomic analyses support the monophyly of Excavara and resolve relationships among eukaryotic “supergroups”. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v 106, p 3859 - 3864, 2009 HIGUCHI, M. D. et al. Immunohistochemical characterization of infiltrating cells in human chronic chagasic myocarditis: comparison with myocardial rejection process. Virchows Archiv, v 423, p 157 – 160, 1993 HIGUCHI, M. D. Endomyocardical biopsy in Chagas disease: pathogenetic contributions. São Paulo Medical Journal, v 113, p 821 – 825, 1995 HOLSCHER, C. et al. Defective nitric oxide effector funtions lead to extreme susceptibility of Trypanosoma cruzi infected mice deficient in gamma interferon receptor or inducicle nitric oxide synthase. Infection and Immunity, v 66, p 1208 – 1215, 1998 52 HONIGBERG, B. M. A contribution to systematics of the non-pigmented flagellates. In Ludvik, J., Lom, J., Vávra, J. (eds.). Progress in protozoology: proceedings of the first International congress on protozoology held at Prague. Academic Press, 1963 HORWICH, T. B. et al. Cardiac troponin I is associated with impaired hemodynamics, progressive left ventricular dysfunction, and increased mortality rates in advanced heart failure. Circulation, v 108, p 833 – 838, 2003 JASANI, B. Simian virus 40 and human pleural mesothelioma. Thorax, v 54, p 750 – 750, 1999 JIMENEZ, V. Dealing with environmental challenges: mechanisms of adaptation in Trypanosoma cruzi. Research in Microbiology, v. 165, n.3, p 155-165, 2014 JONES, E. M. et al. Amplification of a Trypanosoma cruzi DNA sequence from inflammatory lesions in human chagasic cardiomyopathy. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 48, p 348 – 357, 1993 KATZ, A. Fisiologia do coração. Guanabara-Koogan, 1996 KAWANO, Y; NOMA, T; YATA, J. Regulation of human IgG subclass production by cytokines. IFN gamma and IL-6 act antagonistically in the induction of human IgG1 but additively in the induction of IgG2. Journal of Immunology, v 153, p 4948 – 4958, 1994 KAYAMA, H., TAKEDA, K. The innate immune response to Trypanosoma cruzi infection. Microbes and Infection, v 12, p 511 – 517, 2010 KEATING, S.M. et al. Inflammatory and cardiac biomarkers are differentially expressed in clinical stages of Chagas disease. International Journal of Cardiology, v 199, p 451-459, 2015 KENT, W, S. A Manuela of the infusoria, including a description of all known flagellate, ciliate, ad tentaculiferous protozoa, British and foreign and an account of the organization and affinities of the sponges. London, D. Bogue, v 1 p 218 – 220, 1980 53 KESSLER, R.L. et al. Recently differentiated epimastigotes from Trypanosoma cruzi are infective to the mammalian host. Molecular Microbiology, v 104, p 712-736, 2017 KERNER, N. et al. Trypanosoma cruzi: antibodies to a MAP-like protein in chronic Chagas disease cross-react with mammalian cytoskeleton. Experimental Parasitology, v 73, p 451- 459, 1991 KIERSZENBAUM, F. Chagas disease and the autoimmunity hypothesis. Clinical and Microbiological Review, v 12, p 210 – 223, 1999 KRETTLI, A; WEISZ-CARRINGTON, P; NUSSENZWEIG, R. Membrane bound antibodies to bloodstream Trypanosoma cruzi in mice: strain in susceptibility to complement mediated lysis. Clinical and Experimental Immunology, 1979, v 37, p 416, 1979 LAGES – SILVA, E. et al. Relationship between Trypanosoma cruzi and human chagasic megaesophagus: blood and tissue parasitism. The American journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 65, p 435 – 441, 2001 LEON, J. S. Cardiac myosin autoimmunity in acute Chagas heart disease. Infection and Immunity, v 69, p 5643 – 5649, 2001 LEUSCHNER, F. et al. Absence of auto-antibodies against cardiac troponin I predicts improvement of left ventricular function after acute myocardial infarction. European Heart Journal, v 29, p 1949-1955, 2008 LEVIN, M. J. et al. Identification of major Trypanosoma cruzi antigenic determinants in chronic Chagas heart disease. The American journal of Tropical Medicine and Hygiene, v 41, p 530 – 538, 1989 LEVINGS, M. K. et al. Human CD25+ CD4+ T regulatory cells suppress naïve and memory T cell proliferation and can be expanded in vitro without loss of function. The Journal of Experimental Medicine, v 193, p 1295 – 1302, 2001 LIDANI, K.C. et al. Chagas Disease: From Discovery to a Worldwide Health Problem. Frontiers in Public Health, v 7, 2019 54 LIMA, L. et al. Genetic diversity of Trypanosoma cruzi in bats, and multilocus phylogenetic and phylogeographical analyses supporting Tcbat as an independent DTU (discrete typing unit). Acta Tropica. v 151, p 166-177, 2015 LINSLEY, P. S. et al. The role of the CD28 receptor during T cell responses to antigen. Annual Review of Immunology, v 11, p 191 – 212, 1993 LOWRY, O. H. et al. Protein measurement with the folin phenol reagent. The Journal of Biological Chemistry, v 193, p 265 – 275, 1951 MACHADO, J. et al. Nitric oxide modulates a late step of exocytosis. Journal of Biological Chemistry, v 275, p 274 – 279, 2000 MACEDO, A. M; PENA, S. D. Genetic variability of Trypanosoma cruzi: implications for the pathogenesis of Chagas disease. Parasitology Today, v 14, p 119 – 124, 1998 MARCILI, A. et al. A new genotype of Trypanosoma cruzi associated with bats evidenced by phylogenetic analyses using SSU rDNA, cytochrome b and Histone H2B genes and genotyping based on ITS1 rDNA. Parasitology, v 136, p 641-655, 2009 MARIANO, F et al. The envolvement of CD4+ CD25+ T cells in the acute phase os Trypanosoma cruzi infection. Microbes and Infection, v 10, p 825 – 833, 2008 MARINO, A. et al. Regulated on activation normal T cell expressed and secreted (RANTES) antagonist (Met-RANTES) controls the early phase of Trypanosoma cruzi elicited myocarditis. Circulation, v 110, p 1443 – 1449, 2004 MARINHO, C. R. et al. Infection by the Sylvio X10/4 clone of Trypanosoma cruzi: relevance of a low virulence model of Chagas disease. Microbes and Infection, v 11, p 1037 – 1045, 2009 MARTINS, G. A. et al. CTLA-4 blockage increases resistance to infection with the intracelularprotozoan Trypanosoma cruzi. The Jurnal of Immunology, v 172, p 4893- 4901, 2004 MARTINS, T. et al. Benznidazole/itraconazole combination treatment enhances anti- Trypanosoma cruzi activity in experimental Chagas disease. PLos One, v 10, p e0128707, 2015 55 MELO, R.F., GUARNERI, A.A., SILBER, A.M. the influence of enviromentalcues on the development of Trypanosoma cruzi in triatominae vector. Frontiers In cellular and Infection Microbiology, v 10, 2020 MEZA, S. et al. Comparative pathogenicity in Swiss mice of Trypanosoma cruzi IV from northen Brazil and Trypanosoma cruzi II from southern Brazil. Experimental Parasitology, v 146, p 34 – 42, 2014 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em saúde. Doença de Chagas: 14 de abril – Dia Mundial. Bol Epidemiol [Internet]. 2020 abr [02/09/20]; 51 (n.esp.): 1-43. Disponível em http://www.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos MIRANDA, M.R., LIMA, L.M. Marcadores bioquímicos do infarto agudo do miocárdio. Revista Medica Minas Gerais, v 1, p 98-105, 2014 MONTEIRO, W. et al. Trypanosoma cruzi TcIII/z3 genotype as agente of an outbreak of Chagas disease in Brazilian Western Amazonia. Tropical Medicine & International Health, v 15, p 1049 – 1051, 2010 . MONTEÓN-PADILLA, V. M. et al. American trypanososmiasis (Chagas disease) and blood banking in Mexico city: seroprevalence and its potential transfusional transmission risk. Archives of Medical Research, v 30, p 393 – 398, 1999 MONTEÓN-PADILLA, V. M. et al. Persistence of Trypanosoma cruzi in chronic chagasic cardiopathy patients. Archives of Medical Research, v 32, p 39 – 43, 2001 MOREIRA, D., LÓPEZ – GARCÍA, P., VICKERMAN, K. Na updated view of kinetoplastid phylogeny using environmental sequences and a closer outgroup: proposal for a new classification of the class Kinetoplastea. International Journal of Systematic an Evolutionary Microbiology, v 54, p 1861 – 1875, 2004 MOSMANN, T., COFFMAN, R. Th1 and Th2 cells: different patterns of lymphokine secretion lead to different functional properties. Annual Review of Immunology, v 7, p 145 – 173, 1989 MUNOZ, J. et al. Clinical profile of Trypanosoma cruzi infection in a non-endemic setting: immigration and Chagas disease in Barcelona (Spain). Acta Tropica, v 111, p 51 – 55, 2009 56 NORRIS, K.A. et al. Characterization of a Trypanosoma cruzi C3 binding protein with functional and genetic similarities to the human complement regulatory protein, decay- accelerating factor. The Journal of Immunology, v 147, p 2240-2247, 1991 NORRIS, K.A. Stable transfection of Trypanosoma cruzi epimastigotes with the trypomastigote specific complement regulatory protein cDNA confers complement resistance. Infection and Immunity, v 66, p 2460-2465, 1998 NUNES, D.F. et al., Troponin T autoantibodies correlate with chronic cardiomyopathy in human Chagas disease. Tropical Medicine International Health, v 18, p 1180 – 1192, 2013 OLIVEIRA, A. et al. Impaired innate inmunity in TLR4 (-/-) mice but preserved CD8+ T cell responses against Trypanosoma cruzi in TLR4-, TLR2-, TLR9- or Myd88 deficient mice. PLos Pathogens, v 6, p e1000870, 2010 OKAZAKI, T. et al. Autoantibodies against cardiac troponin I are responsible for dilated cardiomyopathy in PD-1 deficient mice. Nature Medicine, v 9, p 1477-1483, 2003 PADILLA, A., BUSTAMANTE, J., TARLETON, R. Current opinion in Immunology, v 21, p 385 – 390, 2009 PEREIRA, S. et al. Variant antigen repertoires in Trypnosoma congolense populations and experimental infections can be profiled form deep sequence data using universal protein motifs. Genome Research, v 28, p 1383 – 1394, 2018 PEREZ, A. et al. Chagas Diasease in Latin American migrants: a Spanish challenge. Clinical Microbiology and Infection, v 17, p 1108 – 1113, 2011 PEREZ-MOLINA, J., MOLINA, I. Chagas Disease. The Lancet, v 391, p 82 – 94, 2018 PETRY, K., EISEN, H. Chagas disease: A model for the study of autoimmune disease. Parasitology Today, v 5, p 111 – 116, 1989 PETTERSSON, K. et al. Autoantibodies to cardiac troponin associate with higher initial concentrations and longer release of troponin I in acute coronary syndrome patients. Clinical Chemistry, v 55, p 938-945, 2009 57 PLATEK, A. E. et al. Prognostic value of troponin I and NT-proBNP concentrations in patients after in-hospital cardiac arrest. Revista Portuguesa de Cardiología, v 34, p 255-261, 2015 RAMIREZ, G. et al. Trypanosoma cruzi calreticulin: a novel virulence factor that binds complement C1 on the parasite surface and promotes infectivity. Immunobiology, v 216, p 265-273, 2011 RAMIREZ, J. D. et al. First report of human Trypanosoma cruzi infection attributed to TcBat genotype. Zoonoses Public Health, v 61, p 477 – 479, 2014 RASSI, A. J. et al. Chagas heart disease. Clinical Cardiology, v 23, p 883 – 889, 2000 RASSI, A.J., RASSI, A., MARIN-NETO, J. Chagas Disease. The Lancet, v 375, p 1388 -1402, 2010 RASSI, A.J., RASSI, A., MARCONDES DE REZENDE, J. American Trypanosomiasis (Chagas Disease). Infectious Disease Clinics of North América, v 26, p 275 – 291, 2012 Regiões Geográficas Estado do Rio Grande do Norte. Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Tomado de: IBGE; Malha Municipal, 2015; Base Cartográfica contínua do Brasil. REIS, M. et al. An in situ quantitative immunohistochemical study of cytokines and IL- 2R/ in chronic human chagasic myocarditis: correlation with the presence of myocardial Trypanosoma cruzi antigens. Clinical Immunology and Immunopathology, v 83, p 165 – 172, 1997 REQUENA, A. et al. Evaluating Chagas disease progression and cure through blood- derived biomarkers; a systematic review. Expert Review of Anti-infective Therapy, v 11, p 957-976, 2013 RIBEIRÃO, M. et al. Chagas patients develop a type 1 immune response ti Trypanosoma cruzi transialidase. Parasite Immunology, v 22, p 49-53, 2000 58 RODRIGUES, M., OLIVEIRA, A e BELLIO, M. The imune Response to Trypanosoma cruzi: Role of Toll-Like Receptors and perspectives for vaccine development. Journal of Parasitology Research, v 2012, p 507874, 2012 ROWLAND, E. et al. Infection characteristics of an Ecuadorian Trypanosoma cruzi strain with reduced virulence. The Journal of Parasitology, p 123 - 126, 1995 RUCHALA, M. et al. The prevalence of autontibodies to: myosin, troponin, tropomyosin and myoglobin in patients with circulating triiodothyronine and thyronine autoantibodies (THAA). Neuroendocrinology Letters, v 28, p 259 – 266, 2007 SALVADOR, F. et al. Trypanosoma cruzi infection in a non-endemic country: epidemiological and clinical profile. Clinical Microbiology and Infection, v 20, p 706 – 712, 2013 SANCHEZ-GUILLEN, M. et al. Clinical forms of Trypanosoma cruzi infected individuals in the chronic phase of chagas disease in Puebla, Mexico. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v 101, p 733 – 740, 2006 SANCHEZ – MONTALVA, A. et al. High-resolution Esophageal Manometry in patients with Chagas Disease: A cross-sectional evaluation. Plos Neglected Tropical Diseases, v 10, p e0004416, 2016 SÁNCHEZ-VALDÉZ, F.J. et al. Spontaneous dormancy protects Trypanosoma cruzi during extended drug exposure. Elife, v 7, p e34039, 2018 SATORU, ABE. et al. Prevention of experimental autoimmune myocarditis by hydrodynamics-based naked plasmid DNA enconding CTLA-4-Ig gene delivery. Journal of Cardiac Failure, v 11, p 557 – 5564, 2005 SCHMUNIS, G.A. Epidemiology of Chagas disease in non endemic countries: the role of international migration. Memorias Instituto Oswaldo Cruz, v 102, p 75-85, 2007 SHEVACH, E. M. CD4+ CD25+ suppressor T cells: more questions than answers. Nature Reviews Immunology, v 2, p 389 – 400, 2002 SHIKANAI-YASUDA, M. et al. Possível transmissão oral de Doença de Chagas aguda no Brasil.Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v 33, p 351 – 357, 1991 59 SHMILOVICH, H. et al. Autoantibodies to cardiac troponin I in patients with idiopathic dilated and ischemic cardiomyopathy. International Journal of Cardiology, v 117, p 198-203, 2007 SILVA, J., TWARDZIK, D., REED, S. Regulation of Trypanosokma cruzi infections in vitro and vivo by transforming growth factor beta (TGF-beta). Journal of Experimental Medicine, v 174, p 539 – 545, 1991 SILVA, J. et al. Interleukin 10 and interferon gamma regulation of experimental Trypanosoma cruzi infection. The Journal of Experimental Medicina, v 175, p 169 – 174, 1992 SILVA, J. et al. Tumor necrosis fator alpha mediates resistance to Trypanosoma cruzi infection in mice by inducing nitric oxide production in infected gamma interferon activates macrophages. Infection and Immunity, v 63, p 4862 – 4867, 1995 SILVA, D.D. Avaliação de marcadores moleculares em pacientes portadores da Doença de Chagas, 2018 SIMPSON, A. G. B. The identy and composition of Euglenozoa. Archiv für Protistenkunde, v 148, p 318-328, 1997 SIMPSON, A. G. B. Cytoeskeletal organization, phylogenetic afinities and systematics in the cntentious taxon Excavata (Eukaryota). International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology,v53, p 1759-1777, 2003 STEINDEL, M. et al. Characterization of Trypanosoma cruzi isolated from humans, vectors, and animal reservoirs following an outbreak of acute human Chagas disease in Santa Catarina state Brazil. Diagnostic Microbiology and Infected Disease, v 60, p 25 – 32, 2008 STRIMBU, K., TAVEL, J.A. What are biomarkers? Current Opinion in HIV and AIDS, v 6, p 463-466, 2010 SOLANA, M.E. et al. Decay- accelerating factor 1 deficiency exacerbates Trypanosoma cruzi-induced murine chronic myositis. Muscle Nerve. V 46, p 582-587, 2012 60 SOUZA-LIMA, R. et al. Outbreak of acute Chagas disease associated with oral transmission in the Rio Negro region, Brazilian Amazon. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v 46, p 510 – 514, 2013 TALVANI, A. et al. Kinetics of cytokine gene expression in experimental chagasic cardiomyopathy: tissue parasitism and endogenous IFN-γ as important determinants of chemokine mRNA expression during infection with Trypanosoma cruzi. Microbes and Infection, v 8, p 851 – 866, 2000 TARDIEUX, I.et al. Lysosome recruitment and fusion are early events required for Trypanosome invasion of mammalian cells. Cell, v 71, p 1117-1130, 1992 TARLETON, R. the rolw of T cell subpopulations in experimental Chagas disease. Research in Immunology, v 142, p 130 – 133, 1991 TARLETON, R. et al. Depletion of T-cell subpopulations results in exacerbation of myocarditis and parasitism in experimental Chagas disease. Infection and Immunity, v 62, p 1810 – 1829, 1994 TEIXEIRA, M., GAZZINELLI, R., SILVA, J. Quimiocinas, inflamation and Trypanosoma cruzi infection. Trends in Parasitology, v 18, p 262 – 265, 2002 TEIXEIRA, A. et al. Evolution and pathology in Chagas disease: a review. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v 101, p 463 – 491, 2006 TYLER, K.M., ENGMAN, D.M. The life cycle of Trypanosoma cruzi revisted. International Journal for Parasitology, v 31, p 472-481, 2001 VAGO, A. R. et al. PCR detection of Trypanosoma cruzi DNA in oesophageal tissues of patients with chronic digestive Chagas disease. The Lancet, v 348, p 891 – 892, 1996 VARGAS, A. et al. Investigation of an outbrak of acute Chagas disease outside the Amazon Region, in Rio Grande do Norte State, Brazil 2016. Cadernos da Saúde Pública, v 34, p e 00006517, 2018 VAZQUEZ, B. P. et al. Inflammatory responses and intestinal injury development during acute Trypanosoma cruzi infection are associated with the parasite load. Parasites & Vectors, v 8, p 1 – 12, 2015 61 VERGARA, C. et al. Detection of Trypanosoma cruzi by PCR in adults with chronic Chagas disease treated with nifurtimox. PLos one, v 14, p e0221100, 2019 VILELA, E. M. et al. Anti-cardiac troponin antibodies in clinical human disease: a systematic review. Annals of Translational Medicine, v 5, p 307, 2017 VITELLI-AVELAR, D.M. et al. Chagasic patients with indeterminate clinical form of the disease have high frequencies of circulating CD3+ CD16-CD56+ natural killer T cells and CD4+ CD25high regulatory T lymphocytes. Scandinavian Journal of Immunology, v 62, p 297 – 308, 2005 VITELLI-AVELAR, D.M. et al. Are increased frequency of macrophage-like and natural killer (NK) cells, together with high levels of NKT and CD4+CD25high T cells balancing activated CD8+ T cells, the key to control Chagas disease morbidity. Clinical & Experimental Immunology, v 145, p 81 – 92, 2006 WATTHANAKULPANICH, D. et al. Application of Toxocara canis excretory-secretory antigens and IgG subclass antibodies (IgG1-4) in serodiagnostic assays of human toxocariasis. Acta Tropica, v 106, p 90 – 95, 2008 WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. Chagas disease (also known as American trypanosomiasis) 2020. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact- sheets/detail/chagas-disease-(american-trypanosomiasis) Acesso em 30 de Setembro de 2020 WIRTH, J; KIERSZENBAUM, F. Stimulatory effects of leukotriene B4 on macrophage association with and intracellular destruction of Trypanosoma cruzi. The Journal of Immunology, v 134, p 1989 – 1993, 1985 WITTENBERG, B. A. et al. Role of myoglobin in the oxygen supply to red skeletal muscle. Journal of Biological Chemistry, v 250, p 9038 – 9043, 1975 YOSHIDA, N. Trypanosoma cruzi infection by oral route: how the interplay between parasite and host components modulates infectivity. Parasitology international, v 52, p 105 – 109, 2008 ZHENG, S. G. et al Natural and induced CD4+ CD25+ cells educate CD4’ CD25 – cells to develop suppressive activity: the role of IL-2, TGF- β, and IL-10. The Journal of Immunology, v 172, p 5213 – 5221, 2004 http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/chagas-disease-(american-trypanosomiasis http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/chagas-disease-(american-trypanosomiasis 62 ZINGALES, B. et al. A new consensus for Trypanosoma cruzi intraspecific nomenclature: second revision meeting recommends TcI to TcVI. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v 104, p 1051 – 1054, 2009 ZINGALES, B. Trypanosoma cruzi genetic diversity: Something new for something known about Chagas disease manifestations, serodiagnosis and drug sensitivity. Acta Tropica, v 184, p 38 – 52, 2018 ZINGALES, B. et al. Drug Discovery for Chagas disease should consider Trypanosoma cruzi strain diversity. Memorias do Instituto Oswaldo Cruz, v 109, p 828-833, 2014 63 ANEXO A