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<p>· Pergunta 1</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>A pretensão científica do urbanismo moderno instaura uma cisão com a arquitetura, que passa a assumir o papel de objeto estético autônomo, desligado de compromissos e relações com os demais elementos componentes do espaço urbano. Na expressão de Marcel Duchamp, o arquiteto passa a ser o produtor de “máquinas celibatárias”, objetos estéticos solitários em meio ao espaço urbano. Põe-se em jogo a dicotomia entre urbanismo e a arquitetura, ciência e arte, devidamente incorporada nas atividades do engenheiro e do arquiteto. O urbanismo proposto pelo movimento moderno parte do princípio de segregação espacial resultante da perspectiva funcionalista, privilegiando o zoneamento e a circulação.</p><p>I. A arquitetura da cidade moderna passa a ser uma coleção de objetos autônomos e cenográficos ao longo de avenidas e estradas que configuram o espaço de fluxos.</p><p>II. Por isso, pode-se afirmar que a cidade moderna continua sendo o modelo de eficiência e estética a ser adotado para o desenvolvimento urbano.</p><p>III. Torna-se evidente que a adoção do urbanismo científico é necessária para dar continuidade ao projeto moderno e solucionar os problemas urbanos contemporâneos.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>a.</p><p>Apenas a afirmação I está correta</p><p>· Pergunta 2</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>A cidade da era da máquina, planejada a partir do zoneamento funcional, padronizada a partir da produção industrial, admitia imposições e prerrogativas baseadas na premissa de um homem-tipo, cujas necessidades são universais. Em correlação a tal paradigma, resultam a obsolescência das formas urbanas, a rejeição ao passado, a busca pela eficiência, a segregação espacial/social urbana, a divisão da cidade em zonas estritamente funcionais e o movimento mecânico da circulação entre elas e sua logística intrínseca. Essa concepção da cidade tem por referência um modelo de vida urbana definida em termos de satisfação de necessidades-tipo que não admitem o imprevisto, o acaso. Trata-se de uma tentativa de realizar uma utopia planificada que prevê e organiza o tempo futuro, devidamente declarada na Carta de Atenas.</p><p>I. Seria de se esperar que a reação surgisse necessariamente na forma de uma ruptura de paradigmas que se mostrou a partir da pluralidade das propostas pós-modernas.</p><p>II. A reação necessária encontra convergências na reestruturação da economia mundial e políticas de deslocalização de reterritorialização da produção que se consolidam com o processo de globalização.</p><p>III. A Carta de Atenas passa a continuar sendo a referência fundamental para o desenvolvimento das diversas propostas urbanísticas identificadas como pós-modernas.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>d.</p><p>Apenas as afirmações I e II estão corretas</p><p>· Pergunta 3</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>A partir da década de 1960, surge a necessidade de solucionar a questão da expansão urbana das metrópoles em face da escassez de território a partir da tecnologia construtiva. No caso japonês, a alternativa mais imediata era a ocupação dos oceanos para o desenvolvimento de um espaço urbano afinado com as novas possibilidades tecnológicas. A pré-fabricação era considerada a solução mais adequada e a elaboração de sistemas de ampliação utilizando adições sucessivas de componentes modulares fundamentou a concepção espacial de grande parte dos arquitetos. O conceito metabolista considerava que tanto o espaço urbano como os edifícios e as populações estariam sujeitos aos mesmos processos de crescimento e transformação e considera:</p><p>I.a rápida modernização e capitalização das grandes cidades face à ineficiência do planejamento urbano.</p><p>II. a valorização de necessidades e desejos individuais, em contraste com o idealismo universalista proposto pelo projeto da modernidade.</p><p>III. a necessidade de estabelecer um programa de necessidades universal capaz de propor soluções de construção industrializada para os países em desenvolvimento.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>d.</p><p>Apenas as afirmações I e II estão corretas</p><p>· Pergunta 4</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Diferentemente dos países ocidentais, a China era um país industrializado, porém não urbanizado. Isso ocorreu por conta das políticas maoístas que favoreciam a agricultura de subsistência, o que manteve uma enorme população fixada ao campo. Esse quadro se alterou por completo a partir de 1978, quando Deng Xiaoping promoveu uma série de reformas econômicas que tornaram a China mais aberta aos demais países, em especial aos capitalistas. O objetivo era transformar o país em uma “economia socialista de mercado”, o que acabou ocorrendo de forma oficial em 1992. A propriedade da terra, até então governamental, passou a ser privada através de pagamento ao governo. Houve uma gradativa descentralização do poder que acarretou um aumento na capacidade de intervenção do poder local sobre as questões urbanas. Começou um processo que modificou a paisagem chinesa. Vastas áreas rurais cederam lugar a metrópoles quase que instantaneamente. Exemplo clássico desse processo foi a cidade de Shenzhen, localizada ao lado de Hong Kong, que em 1978 era uma vila de pescadores de 700 habitantes e hoje possui cerca de 11 milhões de pessoas.</p><p>I.A necessidade de uma ampla infraestrutura capaz de antecipar o crescimento urbano pretendido, com a formação de um crescente e importante mercado de consumo, constitui um fértil campo para o desenvolvimento de uma produção cultural e arquitetônica considerável.</p><p>II. A estatização da propriedade da terra foi o impulso fundamental para o desenvolvimento urbano chinês nas últimas décadas.</p><p>III. O êxodo rural verificado nos últimos anos permitiu transformar os rígidos padrões chineses de mobilidade sem que as vilas rurais apresentassem crescimento expressivo, o que resultou em políticas públicas voltadas ao desenvolvimento de novos assentamentos agrícolas.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>a.</p><p>Apenas a afirmação I está correta</p><p>· Pergunta 5</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Considerando que a experiência da cidade é indissociável de uma experiência efetiva do tempo e que o espaço de fluxos progressivamente se sobrepõe aos lugares, a produção da arquitetura em tal contexto torna-se mais problemática e complexa. Mongin (p.158-9) sugere que a revalorização da experiência urbana passa pela reconquista dos lugares a partir da reabilitação do tempo material e de uma arquitetura como vetor de imagens e ideias, devidamente alinhada com toda a produção cultural, artística e literária, também referências históricas exemplares, como experiência multidimensional capaz de admitir o espaço de fluxos como componente estrutural.</p><p>I. Nessa direção, torna-se necessária uma volta ao idealismo proposto pelo projeto da modernidade.</p><p>II. Trata-se de um momento aberto a novas propostas e soluções, uma vez que os modelos consagrados tornam-se inadequados no contexto contemporâneo.</p><p>III. A situação aponta para um processo de desurbanização global em consonância com a sociedade em rede.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>b.</p><p>Apenas a afirmação II está correta</p><p>· Pergunta 6</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Para Manuel Castells, a sociedade global contemporânea está centrada no uso e na aplicação da informação e do conhecimento. Isso resulta em profundas mudanças nos sistemas de valores, nos sistemas políticos e na vida das cidades. Trata-se de uma redefinição histórica das relações de produção, de poder e de experiência individual e social, a partir da admissão de uma fundamentação na estrutura em redes. A lógica da sua estrutura em redes é mais coerente com a crescente complexidade de interações, formas de produção e desenvolvimento, com a flexibilidade de organização e reorganização de processos, organizações e instituições, e com a convergência de tecnologias e integração de sistemas.</p><p>I. As possibilidades de desenvolvimento da estrutura em rede dependem da centralização da gestão de processos, inclusive do espaço urbano.</p><p>II. Ao admitir o espaço de fluxos como fundamento da nova espacialidade urbana, torna-se</p><p>necessário aceitar a importância da centralidade como fundamento único.</p><p>III. Uma nova lógica de organização espacial emergente, o espaço dos fluxos, sob o qual mercadorias, informação, pessoas, passam a interagir, deve necessariamente corresponder a uma nova estruturação do espaço urbano contemporâneo.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>c.</p><p>Apenas a afirmação III está correta</p><p>· Pergunta 7</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>As primeiras manifestações mais explícitas sobre a insuficiência das propostas do movimento moderno implicam visões alternativas para um projeto de cidade contemporânea. Dentre elas, a produção do grupo Archigram é um reflexo da interação de alguns fenômenos importantes no contexto dos anos 1960:</p><p>I. a velocidade do desenvolvimento tecnológico, sobretudo na comunicação, transportes e informação, e a afirmação da cultura pop como uma nova linguagem cultural.</p><p>II.a aplicação das novas tecnologias construtivas e possibilidades de uso do concreto armado como solução estrutural e estética.</p><p>III. a necessidade de revisitar as soluções estéticas historicamente consagradas pelos manuais de arquitetura, especialmente do Renascimento.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>a.</p><p>Apenas a afirmação I está correta</p><p>· Pergunta 8</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Enquanto o período moderno foi marcado pela concepção de um tempo longo, no qual o planejamento do futuro parecia possível, a contemporaneidade se apresenta como instantaneidade e simultaneidade. Longe da homogeneidade pretendida pela modernidade, o significado do tempo na sociedade contemporânea é uma composição de distintas e por vezes contraditórias temporalidades que se entrelaçam. Essa nova percepção do tempo, fluido, subjetivo, não linear que se manifesta na vida urbana como complexidade, deve estar submetido às exigências do mundo globalizado, no qual lógica da produção em tempo real e o horizonte dos objetivos a curto prazo impedem a criação plena de um novo projeto urbano contemporâneo. Compreender o mundo contemporâneo assim posto demanda o diálogo e a diversidade como pressuposto. Assim, pode-se afirmar que a cidade contemporânea:</p><p>I. mostra uma predominância de fluxos e processos de segregação socioespacial, pela periferização e suburbanização.</p><p>II. consolida o progressivo desaparecimento da vivência do espaço público.</p><p>III. faz permanecer a importância dos centros históricos como principal setor econômico da cidade, geradores das principais atividades comerciais das regiões metropolitanas.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>d.</p><p>Apenas as afirmações I e II estão corretas</p><p>· Pergunta 9</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Talvez a maior evidência das transformações urbanas atuais esteja ocorrendo na China. Chai-na, em mandarim, significa “demolir aí”, e dá o título a um instigante estudo de Otilia Arantes sobre a cidade contemporânea. A recente hiperurbanização chinesa evidencia a convergência de diversos interesses e dinâmicas, sejam os do capital globalizado ou interesses políticos. Assim, a produção arquitetônica se concentra em grandes signos midiáticos (como a torre da CCTV China Central Television, de OMA/Koolhass e Olen Sheere). As consequências aparecem nos escombros e na massa de desassistidos, também produzidos à exaustão por essa lógica. Para Arantes, trata-se de uma política de “acumulação” territorial sintetizada no processo do “world city making", em que os interesses e poder da classe dirigente central, das agências estatais de desenvolvimento e incoporadores privados e dos dirigentes locais criaram aquilo que David Harvey chamou de “privatizações com características chinesas”.</p><p>I. Trata-se de uma evolução do socialismo chinês, no qual o campesinato passa a formar a elite dirigente do país, transformando a face das grandes e históricas metrópoles locais.</p><p>II. Em tal contexto, a arquitetura passa a ser a “arte de massa” por excelência, refletindo através da espetacularização do espaço urbano a vitrine midiática destinada a reencantar o mundo dos negócios e o imaginário mundial.</p><p>III. A impossibilidade de conjugar os ideais socialistas com a nova configuração econômica global levou a China a adotar experiências urbanas inovadoras e inéditas na história da civilização ocidental.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>b.</p><p>Apenas a afirmação II está correta</p><p>· Pergunta 10</p><p>0,5 em 0,5 pontos</p><p>Rem Koolhass propõe o conceito de cidade genérica a partir da constatação da persistência de certas características da metrópole contemporânea. Submetida a um processo interminável de autodestruição e de renovação, a cidade genérica tem sua arquitetura voltada para os grandes edifícios e equipamentos dentro de um contexto insubstancial, indiferente, que nos remete ao conceito de não lugar proposto por Marc Augé, para designar um espaço de passagem incapaz de dar forma a qualquer tipo de identidade. O não lugar se produz a partir da velocidade e movimento, incerteza e ambiguidade. Os não lugares são o oposto da noção de lugar antropológico: “se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não lugar”. Assim, pode-se afirmar que a cidade genérica:</p><p>I. é marcada por espaços públicos de rápida circulação, em que se afirma tanto a identidade do indivíduo quanto a identidade do lugar.</p><p>II. constitui sua identidade a partir de logomarcas de corporações globais.</p><p>III. é o espaço do corpo, onde a importância da presença física é fundamental.</p><p>Resposta Selecionada:</p><p>b.</p><p>Apenas a afirmação II está correta</p><p>image1.gif</p>