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<p>- -1</p><p>Conceito e espécies de tributos</p><p>Lucas Gomes da Silva</p><p>Introdução</p><p>Neste tema, vamos analisar a competência tributária, a qual nada mais é do que a capacidade concedida pela</p><p>Constituição Federal, de forma privativa, para que os entes federados, por lei, possam instituir determinados</p><p>tributos. Você sabe quais tributos os entes federados são autorizados a criar? Tais tributos podem ser impostos,</p><p>taxas, contribuições de melhoria ou empréstimo compulsório. Acompanhe os estudos deste tema e entenda</p><p>mais!</p><p>Ao final desta aula, você será capaz de:</p><p>• compreender o conceito de competência tributária, comparando-o com as espécies de tributo presentes</p><p>no Brasil.</p><p>Conceito de competência tributária</p><p>Para Sabbag (2017), a competência tributária é a possibilidade constitucionalmente atribuída ao ente político</p><p>para que este, por lei, proceda à instituição da exação tributária. Esse exercício pode ocorrer a qualquer tempo, o</p><p>que dota a competência tributária de imprescritibilidade.</p><p>Conforme Amaro (2008), é o poder de criar tributos, o qual é repartido entre os vários entes políticos, assim,</p><p>cada um tem competência para impor prestações tributárias, dentro do nível permitido pela Constituição.</p><p>Mazza (2017) entende que é a habilitação para criar tributos, pela lei. Essa competência tributária é uma espécie</p><p>de competência legislativa, sendo exercida somente pelo Parlamento. Trata-se também de manifestações do</p><p>exercício da competência tributária a modificação, a redução e a extinção de tributos.</p><p>Mesmo em situações nas quais a Constituição Federal autoriza a modificação de alíquotas por ato do Poder</p><p>Executivo, essas modificações estão restritas aos termos e limites estabelecidos em lei (art. 153, § 1º, da CF).</p><p>Para Mazza (2017), como somente o Legislativo pode criar tributos, apenas as entidades federativas são dotadas</p><p>de competência tributária: a União, os estados, o DF e os municípios.</p><p>Além disso, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas jurídicas de direito público</p><p>•</p><p>SAIBA MAIS</p><p>A competência tributária possui seis características essenciais: indelegabilidade, privatividade,</p><p>facultatividade, irrenunciabilidade, incaducabilidade e inampliabilidade. Para entender mais</p><p>sobre esse ramo do Direito, leia “Curso de Direito Tributário”, de Carvalho (2011).</p><p>- -2</p><p>Além disso, a titularidade da competência tributária é exclusiva de pessoas jurídicas de direito público</p><p>integrantes da Administração Direta (União, estados, DF e municípios), não sendo permitida a delegação a outras</p><p>pessoas (MAZZA, 2017).</p><p>Competência tributária e capacidade tributária ativa</p><p>A competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa. Mazza (2017, p. 416) esclarece que</p><p>“Competência tributária é a aptidão para criar tributos por meio de lei. [...] Capacidade tributária ativa é a</p><p>aptidão administrativa para cobrar ou arrecadar tributos”.</p><p>Observe as diferenças entre competência tributária e capacidade tributária ativa no quadro seguinte.</p><p>Quadro 1 - Diferenças entre competência tributária e capacidade tributária ativa</p><p>Fonte: Adaptado de Mazza, 2017.</p><p>Pode-se concluir que a competência tributária é indelegável, intransferível, inalterável e irrenunciável, pois</p><p>admitir a delegação de competência para instituir um tributo é admitir que seja a CF alterada por norma</p><p>infraconstitucional (SABBAG, 2017).</p><p>Conforme o art. 8º do CTN, “O não exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito</p><p>público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído” (BRASIL, 1966). Perceba que esse artigo reforça</p><p>o caráter indelegável da competência tributária.</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>Competência tributária e capacidade tributária são coisas distintas! Enquanto a primeira</p><p>refere-se à capacidade de criar tributos pela lei, atribuição indelegável, pertencente aos entes</p><p>federados, a segunda refere-se à atividade administrativa de cobrar e arrecadar tributos,</p><p>podendo ser delegada (art. 7º, CTN), o que se denomina parafiscalidade.</p><p>- -3</p><p>Classificação da competência tributária</p><p>A competência tributária pode ser classificada em: privativa, comum, cumulativa, especial, residual e</p><p>extraordinária.</p><p>a) Privativa: é o poder dos entes federativos para instituir os impostos que são enumerados exaustivamente na</p><p>CF. Então, “designa-se privativa a competência para criar impostos atribuída com exclusividade a este ou àquele</p><p>ente político” (AMARO, 2008, p. 95).</p><p>b) Comum: está relacionada aos tributos chamados vinculados: às taxas e às contribuições de melhoria. Para</p><p>estes não se estipularam “listas” enumeradas na CF, indicando, com exclusivismo, a entidade tributante</p><p>correspondente ao plano de instituição do tributo vinculado respectivo (SABBAG, 2017, p. 525).</p><p>c) Cumulativa: ou múltipla, prevista no art. 147 da CF, prende-se ao poder legiferante de instituição de impostos</p><p>pela União, nos Territórios Federais e pelo DF, em sua base territorial (SABBAG, 2017, p. 526).</p><p>d) Especial: traduz-se no poder de instituir os empréstimos compulsórios (art. 148, CF) e as contribuições</p><p>especiais (art. 149, CF), justificando-se tal classificação pelo fato de terem subsistido, durante largo período,</p><p>inúmeras polêmicas acerca da natureza tributária desses dois tributos (SABBAG, 2017, p. 527).</p><p>e) Residual: ou remanescente, encontra guarida em dois dispositivos do texto constitucional: o art. 154, I, e o art.</p><p>195, § 4º. A temática afia-se ao poder de instituir o tributo diverso daqueles já existentes. Daí se falar “daquilo</p><p>que resta, de algo genuinamente restante ou residuário” (SABBAG, 2017, p. 529).</p><p>f) Extraordinária: é o poder de instituição, pela União, por lei ordinária federal, do imposto extraordinário de</p><p>guerra (IEG), conforme se depreende do art. 154, II, da CF e art. 76 do CTN (SABBAG, 2017, p. 532).</p><p>Quadro 2 - Resumo da classificação da competência tributária</p><p>Fonte: Adaptado de Sabbag, 2017.</p><p>Além disso, Mazza (2017, p. 418) ensina que “o veículo normativo por meio do qual é exercida a competência</p><p>tributária, como regra, é a lei ordinária da entidade federativa competente para instituição do tributo”.</p><p>- -4</p><p>Pelo princípio da legalidade estrita do Direito Tributário, é reservada à lei a instituição de tributos pelo ente</p><p>tributante.</p><p>Figura 1 - A instituição do tributo é reservada à lei</p><p>Fonte: Pixelbliss, Shutterstock, 2019.</p><p>Passemos agora ao estudo dos conceitos compreendidos pela competência tributária.</p><p>Conceito de imposto, taxas, contribuições de</p><p>melhorias, empréstimos compulsórios e</p><p>contribuições</p><p>Conforme Sabbag (2017), há cinco tributos no atual sistema tributário brasileiro, conforme a teoria pentapartida</p><p>(pentapartite ou quinquipartida), conheça-os!</p><p>FIQUE ATENTO</p><p>A CF define as competências tributárias mas nenhum . Definir a competêncianão cria tributo</p><p>tributária é estabelecer qual entidade federativa poderá, com exclusividade, criar determinado</p><p>tributo. Somente a Constituição define as competências tributárias, mas a criação do tributo</p><p>propriamente dita é realizada no plano infraconstitucional, pelo legislador da entidade</p><p>federativa competente (MAZZA, 2017).</p><p>- -5</p><p>Imposto</p><p>É tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal</p><p>específica, relativa à vida do contribuinte ou a seu patrimônio (art. 16 do CTN; SABBAG, 2017).</p><p>Um ponto fundamental acerca dos impostos é a sua vinculação ao princípio da não afetação, previsto no inciso IV</p><p>do art. 167, da CF, que dispõe ser proibida a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa.</p><p>Vamos entender agora sobre outro conceito: o de taxa.</p><p>Taxas</p><p>São tributos vinculados, cobrados para remunerar atividades estatais específicas relativas ao contribuinte; além</p><p>disso, o fato gerador da taxa está vinculado a uma atividade estatal relacionada ao contribuinte.</p><p>Quadro 3 - Taxa x tarifa</p><p>Fonte: Adaptado de Mazza, 2017.</p><p>Perceba que, de modo diverso do que ocorre com os impostos, a arrecadação de taxas pressupõe uma ação</p><p>estatal e, depois, promove-se a cobrança do tributo, considerando-se a contraprestação da</p><p>atuação realizada</p><p>(MAZZA, 2017).</p><p>EXEMPLO</p><p>José paga seu IPTU regularmente, pois é proprietário de imóvel situado em área urbana. Seu</p><p>bairro não possui asfalto, rede de águas pluviais, esgotamento sanitário, e a iluminação pública</p><p>é precária. Porém, com base no princípio da não afetação sobre o imposto, o valor pago a título</p><p>de tributo não está vinculado a ser gasto com melhorias no bairro do José, fazendo parte do</p><p>montante global e sendo usado pela Administração Pública segundo a sua necessidade.</p><p>- -6</p><p>Contribuição de melhoria</p><p>São tributos vinculados, de competência comum entre União, estados, DF e municípios, cobrados quando a</p><p>realização de uma obra pública implica acréscimo ao valor do imóvel localizado na área beneficiada direta ou</p><p>indiretamente pela melhoria. O elemento finalístico dessa espécie tributária é a absorção da “mais valia” que a</p><p>obra pública produz no patrimônio imobiliário do contribuinte (MAZZA, 2017).</p><p>Empréstimo compulsório</p><p>Conforme Mazza (2017, p. 198), “os empréstimos compulsórios são tributos restituíveis de competência</p><p>exclusiva da União”. O aspecto restituível caracteriza a sua natureza jurídica e constitui o elemento que dá</p><p>identidade aos empréstimos compulsórios, diferenciando-os das demais espécies tributárias (MAZZA, 2017).</p><p>Contribuições especiais</p><p>São tributos finalísticos qualificados pela destinação. O elemento que confere identidade às contribuições, em</p><p>relação aos demais tributos, é a finalidade para a qual são instituídos (MAZZA, 2017).</p><p>Fechamento</p><p>Neste tema, estudamos que a competência tributária é a capacidade concedida pela CF aos entes federados de</p><p>instituir tributos. Vimos também os conceitos das cinco espécies de tributos:imposto, taxas, contribuições de</p><p>melhoria, empréstimo compulsório e contribuições.</p><p>Nesta aula, você teve a oportunidade de:</p><p>• compreender o conceito de competência tributária, comparando-o com as espécies de tributo presentes</p><p>no Brasil.</p><p>Referências</p><p>AMARO, L. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.Direito tributário brasileiro.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. . Brasília: CongressoConstituição da República Federativa do Brasil de 1988</p><p>Nacional, 1988.</p><p>BRASIL. . Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas</p><p>gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios. Brasília: DF, 1966.</p><p>CARVALHO, P. de B. . 23. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.Curso de Direito Tributário</p><p>MAZZA, A. . 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de direito tributário</p><p>SABBAG, E. de M. . 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.Manual de Direito Tributário</p><p>•</p><p>Introdução</p><p>Conceito de competência tributária</p><p>Competência tributária e capacidade tributária ativa</p><p>Diferenças entre competência tributária e capacidade tributária ativa</p><p>Classificação da competência tributária</p><p>Resumo da classificação da competência tributária</p><p>A instituição do tributo é reservada à lei</p><p>Conceito de imposto, taxas, contribuições de melhorias, empréstimos compulsórios e contribuições</p><p>Imposto</p><p>Taxas</p><p>Taxa x tarifa</p><p>Contribuição de melhoria</p><p>Empréstimo compulsório</p><p>Contribuições especiais</p><p>Fechamento</p><p>Referências</p>