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Cupertino</p><p>Revisão Ortográfica: Águyda Beatriz Teles</p><p>PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira.</p><p>O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para</p><p>a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho.</p><p>O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por</p><p>fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem.</p><p>4</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Prezado(a) Pós-Graduando(a),</p><p>Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional!</p><p>Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança</p><p>em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se</p><p>decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as</p><p>suas expectativas.</p><p>A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma</p><p>nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra-</p><p>dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a</p><p>ascensão social e econômica da população de um país.</p><p>Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida-</p><p>de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos.</p><p>Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas</p><p>pessoais e profissionais.</p><p>Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são</p><p>outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi-</p><p>ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver</p><p>um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu-</p><p>ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo</p><p>importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe-</p><p>rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de</p><p>ensino.</p><p>E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a)</p><p>nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial.</p><p>Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos</p><p>conhecimentos.</p><p>Um abraço,</p><p>Grupo Prominas - Educação e Tecnologia</p><p>5</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>6</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas!</p><p>É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha</p><p>é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo-</p><p>sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é</p><p>você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve-</p><p>rança, disciplina e organização.</p><p>Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como</p><p>as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua</p><p>preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo</p><p>foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de</p><p>qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho.</p><p>Estude bastante e um grande abraço!</p><p>Professora: Marina Eugênio</p><p>7</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao</p><p>longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc-</p><p>nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela</p><p>conhecimento.</p><p>Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes</p><p>importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in-</p><p>formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao</p><p>seu sucesso profisisional.</p><p>8</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>sta unidade analisará as mediações de conflitos, começando</p><p>por apresentar os princípios da jurisdição, tais como: o princípio da</p><p>demanda, o da duração razoável do processo, o da boa-fé, da coo-</p><p>peração, do processo justo e efetivo, do contraditório efetivo, da le-</p><p>galidade, da dignidade da pessoa humana, etc. Será abordado, tam-</p><p>bém, o acesso à justiça, cujo respaldo jurídico está no artigo 5º, inciso</p><p>XXXV, da Magna Carta, sendo considerado um direito fundamental</p><p>de qualquer cidadão brasileiro. Trataremos também sobre os meios</p><p>alternativos de solução de conflito, cuja importância tem crescido cada</p><p>vez mais no ordenamento jurídico brasileiro. Por fim, mas não menos</p><p>importante, serão explicados os procedimentos da autocomposição e</p><p>da mediação, bem como da Resolução nº 125/2010, do Conselho Na-</p><p>cional de Justiça. Esta matéria é imprescindível por ser uma exigência</p><p>para todos os processos, visto a importância de se buscar por solu-</p><p>ções alternativas dos conflitos.</p><p>Mediação. Conflito. Arbitragem. Conciliação.</p><p>9</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 01</p><p>PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO</p><p>Apresentação do Módulo ______________________________________ 11</p><p>13</p><p>17</p><p>23</p><p>15</p><p>19</p><p>24</p><p>Princípio da Demanda _________________________________________</p><p>Princípio da Cooperação _______________________________________</p><p>Boa Fé e Dignidade da Pessoa Humana _________________________</p><p>Princípio da Duração Razoável do Processo e celeridade de sua</p><p>Tramitação _____________________________________________________</p><p>Princípio do Processo Justo e Efetivo _____________________________</p><p>Princípios Informativos da Administração Pública: Princípio da Efi-</p><p>ciência __________________________________________________________</p><p>CAPÍTULO 02</p><p>ACESSO À JUSTIÇA</p><p>Jurisdição _____________________________________________________ 34</p><p>29Recapitulando ________________________________________________</p><p>16</p><p>22</p><p>20</p><p>25</p><p>26</p><p>Boa Fé ________________________________________________________</p><p>Princípio da Legalidade ________________________________________</p><p>Contraditório Efetivo ___________________________________________</p><p>Publicidade e Fundamentação das Decisões Judiciais __________</p><p>Princípio da Isonomia e repulsa ao Tratamento Privilegiado _____</p><p>10</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Equivalentes Jurisdicionais ______________________________________ 35</p><p>Recapitulando __________________________________________________ 49</p><p>CAPÍTULO 03</p><p>PROCEDIMENTO DA AUTOCOMPOSIÇÃO E DA MEDIAÇÃO</p><p>Conciliador e Mediador _______________________________________</p><p>Cadastros ____________________________________________________</p><p>Recapitulando ________________________________________________</p><p>Centro Judiciários de Solução de Conflitos _____________________</p><p>Julgamento por Órgão Administrativo _________________________</p><p>Fechando a Unidade __________________________________________</p><p>53</p><p>63</p><p>69</p><p>61</p><p>66</p><p>76</p><p>Resolução CNJ 125/2010 ________________________________________</p><p>Conciliação e Mediação Extrajudicial ____________________________</p><p>Considerações Finais ___________________________________________</p><p>Local Físico da Solução de Conflito ______________________________</p><p>Zonas de Possíveis Acordos _____________________________________</p><p>Referências ____________________________________________________</p><p>60</p><p>65</p><p>75</p><p>63</p><p>68</p><p>79</p><p>11</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>A jurisdição é considerada como a atuação estatal, cuja fina-</p><p>lidade é aplicar o direito objetivo a determinados casos concretos, for-</p><p>malizando a coisa julgada, dentro de um litigio jurídico. Desse modo,</p><p>para iniciarmos, será apresentado os princípios jurisdicionais existentes</p><p>no ordenamento jurídico, sendo eles: o princípio da demanda, o da du-</p><p>ração razoável do processo, o da boa-fé, da cooperação, do processo</p><p>justo e efetivo, do contraditório, etc.</p><p>Em seguida, falaremos sobre o acesso à justiça que é direito</p><p>fundamental de qualquer cidadão brasileiro, que se trata do fato de ter</p><p>direito</p><p>o mediador não consegue chegar a um bom senso entre as partes.</p><p>42</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O Código de Processo Civil vigente traz outras definições</p><p>sobre o instituto da mediação. Confira, nesse sentido, o Capítulo X,</p><p>parte I do referido código.</p><p>Autocomposição</p><p>A autocomposição vem sendo mais utilizada no sistema brasi-</p><p>leiro como uma forma popular de solução de litígios, haja vista que não</p><p>tem interferência da jurisdição, tal solução é pautada em sacrifício total</p><p>ou parcial das vontades das partes presentes no conflito. Nesta forma</p><p>de solução o que dá mais ênfase não é o efetivo uso da força, como</p><p>acontece na autotutela, porém, concretiza-se a vontade das partes,</p><p>onde é mais condizente com o Estado democrático de direito.</p><p>Dentro da autocomposição temos subespécies como: a transa-</p><p>ção, a submissão e a renúncia, vejamos:</p><p>• Transação: existe um sacrifício recíproco de vontades, haja</p><p>vista que cada parte abdica parcialmente de seus interesses, cujo obje-</p><p>tivo é solucionar o litígio.</p><p>• Renúncia: consiste em uma vontade unilateral, onde o titular</p><p>de o direito simplesmente abdica de seus interesses, com isso faz de-</p><p>saparecer o conflito gerado.</p><p>• Submissão: configura uma vontade unilateral onde o detentor</p><p>da vontade se submete à pretensão contrária mesmo que seu direito</p><p>seja legitimo.</p><p>Neves (2017, p. 63) dispõem sobre a autocomposição, que:</p><p>Cumpre observar, embora sejam espécies de autocomposição, e por tal ra-</p><p>zão formas de equivalentes jurisdicionais, a transação, a renúncia e a sub-</p><p>missão porem ocorre também durante um processo judicial, sendo que a</p><p>submissão nesse caso é chamada de reconhecimento jurídico do pedido,</p><p>enquanto a transação e a renúncia mantem a mesma nomenclatura.</p><p>No âmbito judicial, o juiz de direito fundamentando-se no arti-</p><p>go 487, inciso III do Código de Processo Civil, homologará a sentença</p><p>de mérito através da autocomposição, concretizando a coisa julgada</p><p>material. Insta observar que uma solução de litígio através da autocom-</p><p>posição não acarreta a aplicação de um direito objetivo, mas tem-se a</p><p>participação estatal. Ademais, a autocomposição é considera uma for-</p><p>43</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>ma equivalente híbrida, pois resolve substancialmente o conflito, porém,</p><p>na esfera formal, depende de sentença judicial homologada, trazendo à</p><p>tona o instituto da jurisdição.</p><p>Transacionar é, atualmente, o melhor instituto de autocomposi-</p><p>ção de acordo com a doutrina majoritária, pois gera a pacificação social,</p><p>haja vista que as partes, por vontade própria, solucionam os litígios e,</p><p>na maioria das vezes, saem satisfeitas. Já na negociação, existe uma</p><p>transação sem a interferência de um mediador, para tanto na concilia-</p><p>ção existe a presença do terceiro (o conciliador), funcionando como um</p><p>intermediário entre as partes. Insta ressaltar que o conciliador não tem o</p><p>poder decisório do litigio, contudo, pode acalmar as partes, cujo objetivo</p><p>é resolver o conflito de interesses.</p><p>Arbitragem</p><p>A arbitragem vem sendo mais utilizada por causa de sua celeri-</p><p>dade decisória, ao passo que o judiciário não detém tal rapidez em sua</p><p>fase decisória. Sendo assim, o instituto da arbitragem é um julgamento</p><p>de conflitos através de um terceiro (arbitro) imparcial, terceiro este es-</p><p>colhido pelas partes. Configura uma espécie de heterocomposição de</p><p>conflitos, que se concretiza mediante procedimentos mais simplificados</p><p>e menos formais do que um processo judicial.</p><p>Neste diapasão, a arbitragem só poderá ser invocada por pes-</p><p>soas naturais maiores e capazes e, crucialmente, litígios a direitos dis-</p><p>poníveis. Vale ressaltar que pessoa jurídicas também gozam do instituto</p><p>da arbitragem. A manifestação de vontade pela opção da arbitragem</p><p>não é compulsória, sendo critério das partes convencionar.</p><p>Curiosamente na esfera trabalhista, a arbitragem configura um</p><p>status constitucional, vejamos:</p><p>Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar</p><p>[...]</p><p>§ 2º Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitra-</p><p>gem, é facultado às mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de</p><p>natureza econômica, podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respei-</p><p>tadas as disposições mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as</p><p>convencionadas anteriormente. (BRASIL, 1988)</p><p>Por outro norte, na esfera da Administração Pública, tanto di-</p><p>reta quanto indireta, há uma previsão geral para a utilização da arbitra-</p><p>gem, porém, só poderá ser utilizada em litígios relacionados a direitos</p><p>patrimoniais disponíveis, vejamos:</p><p>44</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Art. 1º As pessoas capazes de contratar poderão valer-se da arbitragem para</p><p>dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.</p><p>§ 1o A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem</p><p>para dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis.</p><p>§ 2o A autoridade ou o órgão competente da administração pública direta</p><p>para a celebração de convenção de arbitragem é a mesma para a realização</p><p>de acordos ou transações. (BRASIL, 1996)</p><p>Neste diapasão, a arbitragem é regulamentada pela lei nº</p><p>9.307/96, sendo regularmente chamada de “convenção de arbitragem”,</p><p>onde se encontra a “cláusula compromissória” e o “compromisso arbi-</p><p>tral”. Na esfera processual, o juiz de direito não julgará o mérito caso</p><p>o conjunto probatório contiver a convenção de arbitragem, conforme</p><p>artigo 485, inciso VII do Código de Processo Civil:</p><p>Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:</p><p>[...]</p><p>VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quan-</p><p>do o juízo arbitral reconhecer sua competência;</p><p>[...]</p><p>§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX,</p><p>em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em</p><p>julgado. (BRASIL, 2015)</p><p>Ademais, para que a convenção de arbitragem produza seus</p><p>efeitos dentro de um processo judicial, as partes devem alegar a sua</p><p>existência, não podendo ser arguida/reconhecida de oficio pelo juiz de</p><p>direito. Vejamos os artigos 336 e 337 do Código de Processo Civil:</p><p>Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa,</p><p>expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e</p><p>especificando as provas que pretende produzir.</p><p>[...]</p><p>Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:</p><p>[...]</p><p>§ 5º Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz</p><p>conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. (BRASIL, 2015)</p><p>A cláusula compromissória é convencionada antes do litigio,</p><p>haja vista que as partes manifestam suas vontades através da cláusu-</p><p>la, concretizando as disposições que determinado negócio jurídico irá</p><p>ter. Já o compromisso arbitral é um acordo pactuado posteriormente ao</p><p>conflito, onde tal acordo terá aval de um juízo arbitral. Neste caso, tal</p><p>acordo pode existir com ou sem cláusula compromissória, além de ser</p><p>pactuado antes ou no decorrer de um intento judicial.</p><p>45</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Na esfera consumerista, é cediço a nula cláusula contratual</p><p>que dispõe de arbitragem compulsoriamente, conforme dispõem artigo</p><p>51, inciso VII do Código de Defesa do Consumidor, vejamos:</p><p>Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais</p><p>relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:</p><p>[...]</p><p>VII - determinem a utilização compulsória de arbitragem; (BRASIL, 1990)</p><p>Pode-se observar que a aplicação do princípio da autonomia pri-</p><p>vada, onde é correlacionado à boa fé e à função social, haja vista que o</p><p>consumidor é parte hipossuficiente/vulnerável. Neste diapasão, as rela-</p><p>ções contratuais de consumo permitem a realização do “compromisso ar-</p><p>bitral”, cujo objetivo é dirimir litígio existente em uma relação de consumo.</p><p>Neste sentido, o relator Ministro Nancy Andrighi no REsp</p><p>1.169.841/RJ</p><p>decidiu que:</p><p>[...] O art. 51, VII, do CDC se limita a vedar a adoção prévia e compulsória da</p><p>arbitragem, no momento da celebração do contrato, mas não impede que, pos-</p><p>teriormente, diante de eventual litígio, havendo consenso entre as partes (em</p><p>especial a aquiescência do consumidor), seja instaurado o procedimento arbitral.</p><p>[...]</p><p>As regras dos arts. 51, VIII, do CDC e 34 da Lei nº 9.514/97 não são incom-</p><p>patíveis. Primeiro porque o art. 34 não se refere exclusivamente a financia-</p><p>mentos imobiliários sujeitos ao CDC e segundo porque, havendo relação de</p><p>consumo, o dispositivo legal não fixa o momento em que deverá ser definida</p><p>a efetiva utilização da arbitragem” (STJ, REsp 1.169.841/RJ, 3ª Turma, Rel.</p><p>Min. Nancy Andrighi, DJe 14.11.2012).</p><p>Em se tratando ainda de contratos consumeristas, mais espe-</p><p>cificamente o contrato de adesão, a convenção de arbitragem só será</p><p>admitida caso a iniciativa de pactuá-la seja do aderente ou se este con-</p><p>cordar expressamente com tal convenção, entretanto, deverá estar por</p><p>escrito conforme preleciona o artigo 4 da lei 9.307/96, vejamos:</p><p>Art. 4º A cláusula compromissória é a convenção através da qual as partes</p><p>em um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que</p><p>possam vir a surgir, relativamente a tal contrato.</p><p>§ 1º A cláusula compromissória deve ser estipulada por escrito, podendo es-</p><p>tar inserta no próprio contrato ou em documento apartado que a ele se refira.</p><p>§ 2º Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se</p><p>o aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expres-</p><p>samente, com a sua instituição, desde que por escrito em documento anexo</p><p>ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula.</p><p>(BRASIL, 1996)</p><p>46</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Insta salientar que a arbitragem subdivide em arbitragem de</p><p>direito e arbitragem de equidade:</p><p>• Arbitragem de direito: é aquela onde os árbitros seguem o</p><p>sistema normativo jurídico brasileiro para solucionar os conflitos.</p><p>• Arbitragem de equidade: os árbitros não observam obrigato-</p><p>riamente as normas do sistema jurídico brasileiro, haja vista que bus-</p><p>cam a solução que considerarem mais justa.</p><p>A arbitragem por equidade tem uma curiosidade bastante pe-</p><p>culiar, pois é considerada mais justa e específica, conforme Câmara</p><p>(2007, p. 91):</p><p>Basta pensar, por exemplo, em uma arbitragem caracterizada por equidade en-</p><p>volvendo um litigio que diga respeito a uma questão de engenharia, ou química.</p><p>Ao intentar tal lide ao Judiciário, o juiz fatalmente convocaria um perito no assun-</p><p>to para assessorá-lo, e dificilmente sua sentença teria orientação diversa, quanto</p><p>aos fatos, daquela apontada pelo perito em seu laudo. Neste caso, com a arbi-</p><p>tragem se poderá entregar a solução da controvérsia diretamente nas mãos do</p><p>especialista, retirando-se da composição do conflito o juiz, que funcionaria aqui,</p><p>em verdade, como um mero intermediário entre as pessoas e o expert.</p><p>Ademais, dentro da seara pública/estatal, a arbitragem somen-</p><p>te será aplicada ao gênero de “direito”, haja vista que observa o princí-</p><p>pio da legalidade estampado no artigo 37 da Constituição federal, sendo</p><p>assim, conforme artigo 2º da lei de Arbitragem:</p><p>Art. 2º A arbitragem poderá ser de direito ou de equidade, a critério das partes.</p><p>[...]</p><p>§ 3o A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito</p><p>e respeitará o princípio da publicidade. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015).</p><p>(BRASIL, 1996)</p><p>Donizetti (2019, p. 201) elenca os procedimentos da arbitra-</p><p>gem, quais sejam:</p><p>O juiz do processo arbitral é um particular ou uma instituição especializada.</p><p>Nos termos do art. 13 da Lei de Arbitragem, qualquer pessoa física maior</p><p>e capaz que não tenha interesse no litígio poderá exercer as funções de</p><p>árbitro. No desempenho de suas funções, os árbitros são equiparados a fun-</p><p>cionários públicos para fins penais (art. 17) e as decisões por eles proferidas</p><p>não se sujeitarão a recurso ou homologação pelo Poder Judiciário (art. 18).</p><p>Sendo assim, o juiz do procedimento arbitral deverá ser uma</p><p>pessoa física capaz, dotado de imparcialidade e prerrogativas públicas,</p><p>ou seja, no exercício de sua função de árbitros são equivalentes a fun-</p><p>cionários públicos.</p><p>47</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Depois de concretizada a “audiência arbitral”, a sentença pro-</p><p>ferida produz efeitos entre os litigantes e seus sucessores, originando</p><p>uma sentença caracterizada como um título executivo judicial, conforme</p><p>elenca o artigo 31 da lei de arbitragem: “Art. 31. A sentença arbitral pro-</p><p>duz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença</p><p>proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, cons-</p><p>titui título executivo”.</p><p>Ademais, a sentença proferida em sede arbitral é passível de</p><p>controle judicial, porém, tal controle é limitado a aspectos formais, não</p><p>admitindo revisão pelo poder judiciário em questão de mérito da decisão</p><p>arbitral, apenas nos aspectos relativos à validade procedimental. O pra-</p><p>zo decai em 90 dias para se discutir a sentença arbitral, caso tal prazo</p><p>findar a sentença arbitral tornar-se-á soberana, imutável.</p><p>O instituto arbitral tem natureza de jurisdição de fato, pois</p><p>sua sentença produz efeitos de coisa julgada material, desde que o</p><p>prazo de 90 dias se exaure.</p><p>Temos outras formas de “intervenção judicial” no campo arbi-</p><p>tral, que ocorre quando há necessidade de tutelas de urgência. Vejamos</p><p>o exemplo de Donizetti (2019, p. 201):</p><p>Imagine, por exemplo, que uma siderúrgica mantenha contrato com uma em-</p><p>presa atuante na construção civil para o fornecimento de aço. A siderúrgica</p><p>não vem fornecendo o material e, apesar de existir no contrato cláusula que</p><p>submete os eventuais litígios à arbitragem, não há qualquer outro detalha-</p><p>mento sobre o procedimento. Se houver demora na formalização do compro-</p><p>misso arbitral, tal situação pode acarretar graves prejuízos, razão pela qual a</p><p>lei permite que antes de instituída a arbitragem, as partes recorram ao Poder</p><p>Judiciário para a concessão de medida cautelar ou de urgência (art. 22-A).</p><p>Neste sentido, caso seja deferida a tutela, em sede judicial e a</p><p>parte interessada não cumprir com o que foi imposto, dentro do prazo</p><p>de trinta dias (conforme o exemplo acima), a medida ficará sem efeito.</p><p>Mesmo que a arbitragem seja pactuada dentro do prazo, a lei permite</p><p>aos árbitros modificarem ou revogarem a medida imposta pela tutela</p><p>judicial, em outras palavras, os árbitros não ficam vinculados à decisão</p><p>de tutela judicial, mas na praxe, levam em consideração tais tutelas de</p><p>acordo com o conjunto probatório.</p><p>48</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Quadro 1: Quadro esquematizado da tutela jurisdicional</p><p>Fonte: (DONIZETTI, 2019, p.195)</p><p>49</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Prova: IBFC - 2022 - Prefeitura de Contagem - MG - Advogado</p><p>No que se refere aos temas da “jurisdição e da ação”, assinale a</p><p>alternativa incorreta.</p><p>a) É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocor-</p><p>rido a violação do direito</p><p>b) Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quan-</p><p>do autorizado pelo ordenamento jurídico</p><p>c) O interesse do autor não pode se limitar à declaração da autenticida-</p><p>de ou da falsidade de documento</p><p>d) Havendo substituição processual, o substituído poderá intervir como</p><p>assistente litisconsorcial</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Prova: VUNESP - 2023 - Prefeitura de Piracicaba - SP - Procurador</p><p>Jurídico</p><p>Acerca da jurisdição voluntária, há previsão legal no sentido de que</p><p>a) seu procedimento terá início de ofício ou por provocação do interes-</p><p>sado, do Ministério Público ou da Defensoria Pública.</p><p>b) serão citados todos os interessados, bem como intimado o Ministério</p><p>Público, nos casos em que deva intervir como fiscal da ordem jurídica,</p><p>para que se manifestem, querendo,</p><p>no prazo de 15 (quinze) dias, sendo</p><p>certo que o Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifes-</p><p>tar-se nos autos.</p><p>c) não é possível propor uma ação por meio do procedimento da jurisdi-</p><p>ção voluntária em face da Fazenda Pública.</p><p>d) o juiz decidirá o pedido, por meio de sentença da qual caberá apela-</p><p>ção, no prazo de até 30 (trinta) dias.</p><p>e) nas ações propostas perante o procedimento voluntário, o juiz não é</p><p>obrigado a observar o critério de legalidade estrita, podendo adotar em</p><p>cada caso a solução que considerar mais conveniente ou oportuna.</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Prova: INSTITUTO AOCP - 2021 - PC-PA - Delegado de Polícia Civil</p><p>Considerando o que dispõe o Código de Processo Civil, assinale a</p><p>alternativa correta acerca dos equivalentes jurisdicionais.</p><p>a) As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o media-</p><p>dor ou a câmara privada de conciliação e de mediação, desde que o con-</p><p>ciliador ou mediador escolhido pelas partes esteja cadastrado no tribunal.</p><p>b) Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de</p><p>50</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>justiça os processos que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cum-</p><p>primento de carta arbitral, dispensando a comprovação perante o juízo</p><p>da confidencialidade estipulada na arbitragem.</p><p>c) A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia</p><p>dos interessados, salvo no que diz respeito à definição das regras pro-</p><p>cedimentais.</p><p>d) O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que hou-</p><p>ver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o lití-</p><p>gio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou</p><p>intimidação para que as partes conciliem.</p><p>e) Os conciliadores e mediadores judiciais inscritos em cadastro nacio-</p><p>nal e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal,</p><p>se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em</p><p>que desempenhem suas funções.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Prova: VUNESP - 2021 - TJ-GO - Titular de Serviços de Notas e de</p><p>Registros - Provimento</p><p>Acerca da arbitragem, assinale a alternativa correta.</p><p>a) No cumprimento da sentença arbitral, não incide a multa de 10% em</p><p>caso de não cumprimento voluntário.</p><p>b) A não alegação, pelo réu, da existência de convenção de arbitragem</p><p>implica aceitação da jurisdição estatal, mas não a renúncia ao juízo arbitral.</p><p>c) Após a instituição da arbitragem, as medidas de urgência deferidas an-</p><p>teriormente pelo Poder Judiciário não podem ser revogadas pelo árbitro.</p><p>d) Na desapropriação, feita a opção pela via arbitral, o particular indica-</p><p>rá um dos órgãos ou instituições especializadas em arbitragem previa-</p><p>mente cadastrados pelo órgão responsável pela desapropriação.</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Prova: FGV - 2022 - DPE-MS - Defensor Público Substituto</p><p>No tocante à arbitragem, é correto afirmar que:</p><p>a) a arbitragem que envolva a administração pública será de direito ou</p><p>por equidade, devendo respeitar o princípio da publicidade;</p><p>b) o compromisso arbitral é a convenção por meio da qual as partes em</p><p>um contrato comprometem-se a submeter à arbitragem os litígios que</p><p>possam vir a surgir, relativamente a tal contrato;</p><p>c) a administração pública direta poderá utilizar-se da arbitragem para</p><p>dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis, sendo veda-</p><p>da a sua utilização pela administração pública indireta;</p><p>d) a sentença arbitral decidirá sobre a responsabilidade das partes acer-</p><p>ca das custas e despesas com a arbitragem, bem como sobre verba</p><p>51</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>decorrente de litigância de má-fé, se for o caso, respeitadas as disposi-</p><p>ções da convenção de arbitragem, se houver.</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>Apresente a diferença existente entre a conciliação e a mediação, cujo</p><p>fundamento está disponível no art. 165 do CPC/15.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>São espécies de equivalentes jurisdicionais, exceto:</p><p>a) Autotutela</p><p>b) Mediação</p><p>c) Conciliação</p><p>d) Equivalência</p><p>NA MÍDIA</p><p>ESTADO DEVE INVESTIR EM SOLUÇÕES ALTERNATIVAS PARA</p><p>RESOLUÇÃO DE CONFLITOS</p><p>A conciliação, a mediação e a arbitragem são alternativas que devem</p><p>ser utilizadas pelo Estado brasileiro para diminuir as dificuldades impos-</p><p>tas pelo excesso de litigiosidade no sistema judiciário, de acordo com os</p><p>participantes da mesa de discussão "Meios alternativos de resolução de</p><p>conflitos", do XI Fórum Jurídico de Lisboa.</p><p>O evento reuniu no fim de junho vários dos mais importantes nomes</p><p>do Direito do Brasil e da Europa. A mesa foi mediada por Juliana Loss,</p><p>diretora da Câmara de Arbitragem da Fundação Getulio Vargas (FGV) e</p><p>coordenadora acadêmica do Centro de Inovação, Administração e Pes-</p><p>quisa do Judiciário da FGV Conhecimento.</p><p>Presidente do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), o desembargador</p><p>Carlos França citou o volume excessivo de processos que se amon-</p><p>toam no sistema judiciário e que poderiam ser resolvidos por meio da</p><p>conciliação. "O Estado brasileiro não consegue oferecer uma Justiça</p><p>eficaz. Por consequência, nós temos de buscar meios alternativos ade-</p><p>quados para que possamos atender a esta sociedade que clama tanto</p><p>pelos serviços públicos."</p><p>"Não há outra saída para o Estado brasileiro e para a jurisdição que não</p><p>seja o envolvimento e o investimento em meios alternativos e adequa-</p><p>dos. Se a sociedade espera e continuar esperando do juiz uma defini-</p><p>ção, uma resolução dos seus problemas, isso virá certamente com atra-</p><p>so e sem resolver adequadamente o litígio", continuou o magistrado.</p><p>"O juiz está preparado para aplicar a lei, mas muitas vezes ele não tem</p><p>conhecimento dos fatos como um todo. A solução do juiz nem sempre é</p><p>a melhor, e a autocomposição é aquela que resolve. A consensualida-</p><p>52</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>de traz para todos os envolvidos uma sensação de efetividade, de que</p><p>realmente foi feita justiça."</p><p>Fonte: Conjur</p><p>Data: 22 de julho de 2023.</p><p>Leia a notícia na íntegra:</p><p>https://www.conjur.com.br/2023-jul-22/estado-investir-meios-alternati-</p><p>vos-resolver-conflitos</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Regulamentação de visitas. Pedido do benefício da gratuidade da justi-</p><p>ça. Custo da mediação. Descabimento.</p><p>A limitação dos efeitos da assistência jurídica gratuita, nos termos do</p><p>art. 98, §5º, do CPC, em relação a alguns atos processuais, a exemplo</p><p>da remuneração do conciliador, como no caso dos autos, é medida ex-</p><p>cepcional e só pode ser determinada quando comprovada a possibilida-</p><p>de de pagamento correspondente, o que não é o caso dos autos, pois</p><p>o recorrente faz jus à concessão da gratuidade. A lei 13.140/15 - Lei</p><p>da Mediação, em seu art. 13, assegura expressamente a gratuidade</p><p>da mediação àqueles necessitados e, nesse mesmo sentido, é o ato</p><p>da Presidência deste Tribunal nº 28/2017, que dispõe sobre a remune-</p><p>ração dos mediadores e conciliadores, ressalvando a observância da</p><p>gratuidade da justiça, reconhecendo a suspensão da exigibilidade da</p><p>verba a quem é desta beneficiário. Recurso provido.</p><p>53</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CONCILIADOR E MEDIADOR</p><p>Mesmo que haja distinção entre as normas de atuação que</p><p>existem e as que já foram analisadas entre o conciliador e o mediador, o</p><p>Código Processual Civil tem outras formas de os equiparar.</p><p>De acordo com o parágrafo 1º do artigo 167 do CPC/15 é ne-</p><p>cessário que os mediadores e conciliadores sejam aprovados em um</p><p>curso que é efetuado por uma entidade credenciada, onde o planeja-</p><p>mento curricular é determinado pelo Conselho Nacional de Justiça junto</p><p>com o Ministério da Justiça.</p><p>Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conci-</p><p>liação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de</p><p>tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de</p><p>PROCEDIMENTO DA AUTOCOMPOSIÇÃO</p><p>E DA MEDIAÇÃO</p><p>53</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>54</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.</p><p>§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso rea-</p><p>lizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo</p><p>Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o</p><p>conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua</p><p>inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tri-</p><p>bunal regional federal. (BRASIL, 2015)</p><p>Vale ressaltar que o artigo 11 da lei 13.140/15 estabeleceu uma</p><p>nova condição que não se encontra prevista no Código Processual Civil,</p><p>sendo ela, que o mediador judicial possua graduação há no mínimo dois</p><p>anos em um curso de nível superior que seja reconhecido pelo MEC.</p><p>Não é requisito que os conciliadores e os mediadores sejam</p><p>advogados, uma vez que não depende de conhecimentos jurídicos.</p><p>É importante lembrar que se um advogado for conciliador ou</p><p>mediador, não poderá exercer suas funções de advogados nos casos</p><p>em que atuar como conciliador ou mediador. Neves (2017) acredita que</p><p>esse fato faz com que os advogados, nesses casos, optem por comar-</p><p>cas maiores a fim de evitar esse tipo de situação.</p><p>Os advogados que são conciliadores e mediadores fica-</p><p>ram impedidos, por um ano, de assessorar, representar ou patroci-</p><p>nar as partes, contados a partir da data da última audiência.</p><p>Importante lembrar que esse impedimento se estende aos ad-</p><p>vogados do escritório ao qual o conciliador e mediador fizer parte. Essa</p><p>medida se faz necessária para evitar o aliciamento de clientes. Desse</p><p>modo, o artigo 172 do CPC/15 aduz: “O conciliador e o mediador ficam</p><p>impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última au-</p><p>diência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qual-</p><p>quer das partes” (BRASIL, 2015).</p><p>A vaga de mediador e conciliador também pode ser preenchida</p><p>por meio de concurso público realizado pelo Tribunal, onde os candi-</p><p>55</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>datos deverão apresentar o certificado que comprove sua capacitação</p><p>para tal função.</p><p>É direito das partes escolher quem será o conciliador ou me-</p><p>diador. Deste modo, o artigo 168 do CPC/15 ainda complementa dizen-</p><p>do que a escolha pode ser, inclusive, de pessoas que não estejam ca-</p><p>dastradas no Tribunal ou na Câmara privada, e até mesmo de pessoas</p><p>que não possuam a qualificação exigida pelo órgão competente.</p><p>Por essa razão, deve-se ater ao artigo 25 da Lei 13.140/15,</p><p>onde determina que o mediador não precisa ser previamente aceito pe-</p><p>las partes. Já o artigo 168 do CPC/15, em seu parágrafo 3°, determi-</p><p>na que, quando houver necessidade, poderá ser nomeado mais de um</p><p>conciliador ou mediador.</p><p>Essa pluralidade é algo excepcional e somente deve ocor-</p><p>rer caso seja necessário pessoas com diferentes formações para</p><p>realizar a conciliação e mediação.</p><p>Princípios da Solução de Conflitos</p><p>Diversos são os princípios norteadores da conciliação e da me-</p><p>diação de conflitos, desse modo, os profissionais deverão agir atenden-</p><p>do aos princípios da:</p><p>Independência: os conciliadores e mediadores devem exercer</p><p>suas funções sem interferências internas ou externas. Podendo deixar</p><p>de apresentar solução ilegal ou inexequível como evidente prevalência</p><p>da ordem jurídica e da solução de conflitos eficaz. Trata-se de respeitar</p><p>a ordem pública e o ordenamento jurídico.</p><p>Imparcialidade: o conciliador e o mediador devem agir de modo</p><p>imparcial, não pendendo sua decisão para um dos lados, pois seu dever</p><p>é solucionar o conflito de modo a atender aos interesses de ambas as</p><p>partes. Desse modo, não podem agir com favoritismos ou preconceitos,</p><p>devendo desempenhar sua função sem que seus interesses próprios</p><p>interfiram em seu trabalho.</p><p>56</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>A imparcialidade é diferente de inércia, assim, o concilia-</p><p>dor e mediador deverão atuar de modo intenso e presente, sem</p><p>perder a imparcialidade.</p><p>Normalização do conflito: mesmo que esse princípio tenha sido</p><p>cortado pelo Senado do artigo 166 do CPC/15, a normalização é um dos</p><p>princípios que norteiam a solução do conflito, uma vez que, normalizar</p><p>signifique que as partes devem ficar absolutamente satisfeitas com a so-</p><p>lução que chegaram do conflito. Podemos dizer que os princípios do em-</p><p>poderamento e o da validação fazem parte do princípio da normalização,</p><p>já que o conciliador e o mediador devem, como diz Neves (2017, p.70):</p><p>Estimular os interessados a aprenderem a melhor resolver seus conflitos fu-</p><p>turos em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição e</p><p>o dever de estimular os interessados a se perceberem reciprocamente como</p><p>seres humanos merecedores de atenção e respeito.</p><p>Autonomia da vontade: para haver um acordo deve haver von-</p><p>tade das partes e essa vontade não pode estar viciada, caso contrário</p><p>o acordo será nulo. Essa autonomia da vontade também é conhecida</p><p>como o princípio da liberdade ou da autodeterminação.</p><p>Confidencialidade: trata-se de uma forma de garantir a partici-</p><p>pação da parte, pois muitas vezes, a parte fica inibida de passar alguma</p><p>informação por medo de ser usada contra ela em momento posterior.</p><p>Assim, o princípio da confidencialidade abrange todas as informações</p><p>passadas pelas partes ao longo de todo o processo e somente poderá</p><p>ser utilizada no momento que for autorizado pelas partes. Contudo, as</p><p>partes, por autonomia da vontade, poderiam autorizar que o teor da</p><p>solução do conflito seja utilizado para outros fins. Desse modo, o conci-</p><p>liador, o mediador e toda equipe não poderão divulgar ou depor sobre o</p><p>que foi falado ou apresentado durante a conciliação ou mediação.</p><p>A confidencialidade pode ser excepcional nos casos em</p><p>que haja a violação à ordem pública ou às leis vigentes.</p><p>57</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Oralidade: o que for tratado em uma conciliação ou mediação</p><p>deverá ser oral, de modo que o fundamental do que foi conversado não</p><p>seja inserido no termo de audiência ou sessão. Contudo, isso não impe-</p><p>de que o conciliador e o mediador façam anotações que irão ajudar na</p><p>solução do conflito, desde que seja descartado em seguida.</p><p>De acordo com Neves (2017, p.71), “a oralidade tem três</p><p>objetivos: conferir celeridade ao procedimento, prestigiar a infor-</p><p>malidade dos atos e promover a confidencialidade, já que restará o</p><p>escrito o mínimo possível".</p><p>Informalidade: é uma forma de garantir uma leveza na solução</p><p>do conflito, assim, as partes ficam mais tranquilas e descontraídas. É no-</p><p>tável que todos aqueles procedimentos processuais assustam as partes</p><p>e elas ficam apreensivas perante o juiz, por isso, faz-se necessário garan-</p><p>tir essa informalidade. Quanto mais tranquilas as partes estiverem, maio-</p><p>res serão as chances de alcançar a solução mais adequada para o litígio.</p><p>Decisão informada: é dever dos conciliadores e dos mediadores</p><p>manter as partes informadas quanto aos aspectos jurídicos do conflito, o</p><p>que não interfere em sua parcialidade. Didier Jr. (2017, p.312) aduz que “a</p><p>informação garante uma participação dos interessados substancialmente</p><p>qualificada. A qualificação da informação qualifica, obviamente, o diálogo”.</p><p>Isonomia entre as partes: esse princípio está expresso no artigo</p><p>2°, inciso II, da Lei 12.140/15 e trata-se de um dos princípios exclusivos da</p><p>meditação. No âmbito procedimental, o princípio da isonomia, diz que as</p><p>partes devem ser tratadas de modo igual, tendo as mesmas oportunidades</p><p>e participação. Já no âmbito material, a mediação estará limitada aos casos</p><p>em que não haja espécie de hipossuficiência ou vulnerabilidade.</p><p>Busca do consenso: mesmo que a mediação não possua como</p><p>único objetivo, a solução consensual do conflito, este é de extrema im-</p><p>portância, por esse motivo, a busca do consenso é um dos princípios da</p><p>mediação. Desse modo, o mediador deve buscar alcançar um consenso</p><p>entre as partes.</p><p>58</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O consenso é buscado por quatro diretrizes básicas, con-</p><p>forme expõe Neves (2017, p.74): "a) separar as pessoas dos proble-</p><p>mas; b) focar em interesses e não em posições; c) inventar opção</p><p>de ganhos mútuos; d) insistir em critérios objetivos para pondera-</p><p>ção das opções criadas".</p><p>Causas de Impedimento</p><p>Como não existe normas que regulamente sobre as causas</p><p>que acarretem ao impedimento dos conciliadores e mediadores, caberá</p><p>ser aplicado por analogia as causas de impedimento do juiz, mesmo</p><p>embora, o artigo 170 do CPC/15 determine apenas como impedimento</p><p>as causas de suspeição.</p><p>Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará</p><p>imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao</p><p>juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de confli-</p><p>tos, devendo este realizar nova distribuição.</p><p>Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o pro-</p><p>cedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorri-</p><p>do e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador. (BRASIL, 2015)</p><p>Caso ocorra motivos para o impedimento ou suspeição parcial,</p><p>o mediador ou conciliador deverá informar, imediatamente, de prefe-</p><p>rência por meio eletrônico, para que o juiz ou coordenador possa re-</p><p>distribuir. O mesmo deve ocorrer quando o motivo da parcialidade seja</p><p>percebido durante a conciliação e mediação, devendo ainda ser lavrado</p><p>uma ata relatando o que aconteceu.</p><p>O CPC/15 em seu artigo 172 apresenta uma situação especí-</p><p>fica de impedimento, conforme dito anteriormente, o conciliador e me-</p><p>diador estarão proibidos de atuar como assessor, representante ou pa-</p><p>trocinador de qualquer das partes por um período de um ano contado a</p><p>partir da última audiência.</p><p>Também estará impedido o mediador ou conciliador de atuar</p><p>como árbitro em processo arbitral em casos em que tenha atuado como</p><p>conciliador e mediador, assim como também não poderá testemunhar</p><p>nesses casos.</p><p>Assim, o artigo 7º do CPC/15 complementa: “O mediador não</p><p>59</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>poderá atuar como árbitro nem funcionar como testemunha em pro-</p><p>cessos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em que tenha atuado</p><p>como mediador” (BRASIL, 2015).</p><p>Causas de Exclusão</p><p>O conciliador e mediador serão retirados do cadastro mediante</p><p>processo administrativo, podendo ser acarretado por motivos de: atuar</p><p>com dolo ou culpa no exercício de sua função, ou desrespeitar os deve-</p><p>res previstos no artigo 166, parágrafos 1 e 2 do CPC/15, e atuar mesmo</p><p>estando impedido ou suspeito.</p><p>Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da inde-</p><p>pendência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialida-</p><p>de, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.</p><p>§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no</p><p>curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso</p><p>daquele previsto por expressa deliberação das partes.</p><p>§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o</p><p>mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar</p><p>ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da media-</p><p>ção. [...] (BRASIL, 2015)</p><p>Mesmo que o conciliador e mediador possam ser excluídos me-</p><p>diante processo administrativo, de acordo com o artigo 173 do CPC/15 há a</p><p>possibilidade do juiz ou coordenador do centro, suspender o conciliador ou</p><p>mediador por máximo 180 dias caso seja percebido o exercício inadequa-</p><p>do da função. Esse afastamento dependerá de fundamentação e deverá</p><p>ser informado ao Tribunal para que seja iniciado o processo administrativo.</p><p>Remuneração</p><p>O salário do mediador e conciliador estarão fixados em tabela</p><p>pelo Tribunal, observando aos requisitos do Conselho Nacional de Justi-</p><p>ça. Contudo, esse salário não será devido se o conciliador e o mediador</p><p>optarem por realizar um trabalho voluntário, ou ainda, se os tribunais</p><p>estabelecerem suas próprias tabelas por meio de concurso público.</p><p>O artigo 13 da Lei n° 13.140/15 ainda complementa dizendo</p><p>que em caso de pagamento realizado pelas partes ao mediador, deverá</p><p>atender aos valores estabelecidos pelos tribunais.</p><p>Art. 13. A remuneração devida aos mediadores judiciais será fixada pelos tribu-</p><p>60</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>nais e custeada pelas partes, observado o disposto no § 2º do art. 4º desta Lei.</p><p>Art. 4º O mediador será designado pelo tribunal ou escolhido pelas partes.</p><p>[...] § 2º Aos necessitados será assegurada a gratuidade da mediação. (BRA-</p><p>SIL, 2015)</p><p>RESOLUÇÃO CNJ 125/2010</p><p>A Resolução n° 125/2010 aduz sobre a Política Judiciária Na-</p><p>cional quanto à solução adequada dos conflitos dispostos no Poder Ju-</p><p>diciário. Essa solução não é meramente uma forma eficaz e econômica</p><p>de solucionar um conflito, mas também se trata de uma forma de esti-</p><p>mular a cidadania, uma vez que as partes passam a ter uma participa-</p><p>ção ativa na construção da decisão jurídica.</p><p>Desse modo, Didier Jr. (2017, p.305) complementa:</p><p>Neste sentido, o estímulo à autocomposição pode ser entendido como um</p><p>reforço da participação popular no exercício do poder- no caso, o poder de</p><p>solução dos litígios. Tem, também por isso, forte caráter democrático. O pro-</p><p>pósito evidente é tentar dar início a uma transformação cultural- da cultura da</p><p>sentença para a cultura da paz.</p><p>Assim, percebe-se que, logo no primeiro artigo, em seu pará-</p><p>grafo único, na Resolução nº 125/2010 o estimulo à busca de solução</p><p>de conflitos de maneira consensual:</p><p>Parágrafo único. Aos órgãos judiciários incumbe, nos termos do art. 334 do</p><p>Novo Código de Processo Civil combinado com o art. 27 da Lei de Mediação,</p><p>antes da solução adjudicada mediante sentença, oferecer outros mecanis-</p><p>mos de soluções de controvérsias, em especial os chamados meios consen-</p><p>suais, como a mediação e a conciliação, bem assim prestar atendimento e</p><p>orientação ao cidadão. (BRASIL, 2010)</p><p>É de competência do Conselho Nacional de Justiça estabelecer</p><p>programas de incentivo à autocomposição e à pacificação social. Esses</p><p>programas serão constituídos por todos os órgãos do Poder Judiciário e</p><p>também poderão ser realizados por outras entidades, sejam elas públicas</p><p>ou privadas. Para a criação desses programas, o Conselho Nacional de</p><p>Justiça deverá ater-se ao previsto no artigo 6° dessa Resolução.</p><p>Os tribunais deverão estabelecer Núcleos Permanentes de Mé-</p><p>todos Consensuais de Solução de Conflitos, aos quais seu estabeleci-</p><p>mento e composição deverão observar o artigo 7°. Além desses Núcleos,</p><p>os tribunais também deverão estabelecer os CEJUSCs que são os Cen-</p><p>tros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, que serão respon-</p><p>61</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>sáveis por organizar e realizar as sessões de solução de conflitos.</p><p>Os CEJUSCs serão compostos por um juiz coordenador e</p><p>um adjunto (se necessário for) que serão responsáveis por admi-</p><p>nistrar os Centros e homologar os acordos.</p><p>Como requisito, os conciliadores e mediadores dos Centros</p><p>deverão possuir o curso de capacitação, ou realizar os cursos de treina-</p><p>mento e aperfeiçoamento, bem como atender aos requisitos do Anexo I</p><p>da Resolução n°125/2010. Para isso, conforme previsto nos incisos do</p><p>artigo 2° da Resolução, serão observados:</p><p>Art. 2° Na implementação da política Judiciária Nacional, com vista à boa</p><p>qualidade dos serviços e à disseminação da cultura de pacificação social,</p><p>serão observados:</p><p>I - centralização das estruturas judiciárias;</p><p>II - adequada formação e treinamento de servidores, conciliadores e media-</p><p>dores;</p><p>III - acompanhamento estatístico específico. (BRASIL, 2010)</p><p>Esse acompanhamento estatístico se dará da seguinte forma:</p><p>os conciliadores e mediadores serão avaliados pelos cidadãos quanto a</p><p>sua prestação de serviço e essa avaliação</p><p>ficará disponível para consul-</p><p>ta pública. Por meio dessas avaliações, os conciliadores e mediadores</p><p>serão estimulados a desempenharem cada vez melhor sua função e,</p><p>com isso, serão cada vez melhor avaliados.</p><p>Com base nessas avaliações é que também serão determina-</p><p>dos os parâmetros de remuneração, com base no artigo 169 do CPC/15:</p><p>Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º , o conciliador e o media-</p><p>dor receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo</p><p>tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Jus-</p><p>tiça. (BRASIL, 2015)</p><p>CENTRO JUDICIÁRIOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS</p><p>De acordo com o artigo 165 do Código Processual Civil de</p><p>2015, é dever dos tribunais estabelecer centros judiciários para se re-</p><p>alizar a solução consensual de conflitos, onde irão ser realizadas audi-</p><p>62</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>ências e sessões de conciliação e mediação. Além de criar programas</p><p>para conscientização e auxilio.</p><p>Desse modo, retira do juiz a demanda de realizar conciliações</p><p>e mediação, mesmo que eventualmente realize durante o processo. Tal</p><p>medida é importante pois às vezes o juiz não é a pessoa mais adequada</p><p>para realizar essa demanda, uma vez que pode não ter a técnica que</p><p>precisa e, também, pelo fato de sua medida poder ser caracterizada</p><p>como pré-julgamento.</p><p>Assim, com o estabelecimento desses centros, a mediação e</p><p>a conciliação podem ser realizadas sem que haja esses receios. Esses</p><p>centros são extremamente necessários para a redução de processos e</p><p>para a criação de programas de conscientização quanto à resolução de</p><p>conflitos. Didier Jr. (2017, p.313) complementa:</p><p>Estes centros serão preferencialmente responsáveis pela realização das</p><p>sessões e audiências de conciliação e mediação, que ficarão a cargo de</p><p>mediadores ou conciliadores - a realização da mediação ou da conciliação</p><p>no próprio juízo onde tramita o processo deve ser encarada como algo ex-</p><p>cepcional (art. 165, caput; CPC). Além disso, estes centros têm o dever de</p><p>atender e orientar o cidadão na busca da solução do conflito (art. 165, caput,</p><p>CPC, e art. 8º, caput, da Resolução n. 125/2010, CNJ).</p><p>Tais centros estarão interligados aos tribunais de segunda instân-</p><p>cia na Justiça Estadual e também na Justiça Federal, onde a estrutura e</p><p>organização deverão se basear no parágrafo 1º do artigo 165 do CPC/15:</p><p>Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de</p><p>conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de concilia-</p><p>ção e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar,</p><p>orientar e estimular a autocomposição.</p><p>§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respec-</p><p>tivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça. [...]</p><p>(BRASIL, 2015)</p><p>Os centros são os locais onde serão realizadas as sessões</p><p>de conciliação e mediação antes do processo.</p><p>63</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>LOCAL FÍSICO DA SOLUÇÃO DE CONFLITO</p><p>Com o estabelecimento desses centros judiciários é necessário</p><p>que sejam criados alguns espaços para que seja realizada a conciliação</p><p>e mediação. Assim, com a conciliação e a mediação sendo realizadas</p><p>em local diverso do tribunal, torna-se mais fácil solucionar o conflito,</p><p>uma vez que o ambiente também interfere no psicológico das partes.</p><p>Neves (2017, p.65) acredita que:</p><p>A curto ou médio prazo essa possa a vir a ser a realidade nas comarcas e se-</p><p>ções judiciárias que são sede do Tribunal, e até mesmo em foros mais movi-</p><p>mentados que não sejam sede do Tribunal. Contudo, acreditar que essa será</p><p>a realidade, e aí mesmo em longo prazo, para todas as comarcas, seções e</p><p>subseções judiciárias do Brasil é irrazoável e discrepante de nossa realidade.</p><p>Se muitas vezes até mesmo a sede do juízo é de uma precariedade indese-</p><p>jável, custa crer que sejam criados espaços físicos com o propósito exclusivo</p><p>de abrigar os centros judiciários de solução consensual de conflitos.</p><p>Vale lembrar que, de forma excepcional, poderá ocorrer a con-</p><p>ciliação e mediação nos próprios juízos, essa exceção encontra-se dis-</p><p>ponível no artigo 8º parágrafo 1º da Resolução 125/2010 do CNJ.</p><p>Mesmo que haja um local próprio para a realização da</p><p>conciliação e mediação, a sessão poderá ocorrer na sede do juízo</p><p>sempre que for a situação mais adequada.</p><p>Contudo, mesmo que a audiência seja realizada na sede do</p><p>juízo, ela deverá ser realizada por conciliadores e por mediadores, de</p><p>modo a garantir que o juiz não interfira nessa atividade no início do</p><p>processo. Poderá, nesse caso, haver o acompanhamento do Juiz Coor-</p><p>denador do local físico da conciliação e mediação.</p><p>CADASTROS</p><p>Quem for habilitado a realizar a conciliação e a mediação de-</p><p>verá ter dois cadastros, sendo um nacional e outro regional. Onde o</p><p>cadastro regional ficará a cargo do Tribunal de Justiça e dos Tribunais</p><p>Regionais Federais, já os cadastros nacionais ficarão a cargo do Con-</p><p>64</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>selho Nacional de Justiça.</p><p>Lembrando que para ser cadastrado é necessário que o mediador</p><p>atenda aos requisitos contidos no artigo 11 da Lei 13.140/15, onde diz:</p><p>Poderá atuar como mediador judicial a pessoa capaz, graduada há pelo me-</p><p>nos dois anos em curso de ensino superior de instituição reconhecida pelo</p><p>Ministério da Educação e que tenha obtido capacitação em escola ou ins-</p><p>tituição de formação de mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de</p><p>Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados- ENFAM ou pelos tribunais,</p><p>observados os requisitos mínimos estabelecidos pelo Conselho Nacional de</p><p>justiça em conjunto com o Ministério da justiça. (BRASIL, 2015)</p><p>Após ser realizado o cadastro, o Tribunal irá encaminhar ao</p><p>diretor de onde o conciliador e o mediador atualizarão os dados neces-</p><p>sários para fazer parte da lista de distribuição. A distribuição será reali-</p><p>zada de forma aleatória e alternada, de modo imparcial, como forma de</p><p>impedir que ocorra a escolha de mediador e conciliador com finalidade</p><p>e objetivos escusos. Caso as partes escolham um mediador ou conci-</p><p>liador que não esteja cadastrado, a vontade das partes deverá sobrepor</p><p>a regra, conforme artigo 168, parágrafo 1°.</p><p>Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o me-</p><p>diador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.</p><p>§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar</p><p>cadastrado no tribunal.</p><p>É importante ressaltar que junto ao credenciamento e cadastro</p><p>do conciliador e mediador, constará também as informações necessá-</p><p>rias para o exercício da função, como por exemplo, a quantidade de</p><p>causas que atuou, se obteve sucesso ou não, qual assunto foi tratado,</p><p>entre outras informações.</p><p>O cadastro é importante, pois, os mediadores e conciliadores devem passar</p><p>por um curso de capacitação, cujo programa é definido pelo mesmo Conse-</p><p>lho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da justiça, além de se</p><p>submeterem a reciclagens periódicas (art. 167, § 1º, CPC; art. 12, Resolução</p><p>n.125/2010 do CNJ)</p><p>Esses dados serão publicados ao menos uma vez ao ano.</p><p>Essa medida se faz necessária para que a população tenha conhecido</p><p>e para realizar uma análise individual e coletiva dos trabalhos.</p><p>65</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO EXTRAJUDICIAL</p><p>Devido ao grande número de processos nas vias judiciais, pas-</p><p>sou-se a incentivar novas formas para solucionar os conflitos, de modo a</p><p>alcançar a ordem jurídica justa e sem perder o acesso à justiça. Por esse</p><p>motivo, a conciliação e a mediação foram inseridas no âmbito extrajudicial.</p><p>De acordo com o artigo 175 do Código Processual Civil, a con-</p><p>ciliação e mediação realizadas de forma judicial, não impede que sejam</p><p>realizadas de forma extrajudicial. A conciliação e mediação extrajudicial</p><p>podem ocorrer por meio do vínculo com os órgãos institucionais, ou</p><p>ainda</p><p>de modo independente.</p><p>Art. 175. As disposições desta Seção não excluem outras formas de concilia-</p><p>ção e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realiza-</p><p>das por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regula-</p><p>mentadas por lei específica.</p><p>Parágrafo único. Os dispositivos desta Seção aplicam-se, no que couber, às</p><p>câmaras privadas de conciliação e mediação. (BRASIL, 2015)</p><p>Essas medidas extrajudiciais são regulamentadas pela Lei</p><p>13.140/15, onde as normas são apresentadas no CPC/15, onde regula-</p><p>menta apenas os casos realizados pelas câmaras privadas.</p><p>Desse modo, os notários e os registradores passarão a ter o</p><p>dever de facilitar a comunicação entre as partes de forma a ajudar a</p><p>chegar a uma solução para o conflito, mesmo que esse procedimento</p><p>não esteja atrelado à função cartorial, assim como determinar o artigo</p><p>42 da Lei nº 13.140/15 que diz:</p><p>Art. 42. Aplica-se esta Lei, no que couber, às outras formas consensuais</p><p>de resolução de conflitos, tais como mediações comunitárias e escolares, e</p><p>àquelas levadas a efeito nas serventias extrajudiciais, desde que no âmbito</p><p>de suas competências. (BRASIL, 2015)</p><p>Lembrando que o artigo 9º da mesma lei, determina que qual-</p><p>quer pessoa capaz, que seja de confiança das partes e que possua a</p><p>capacidade de realizar tal feito, poderá atuar como mediador, mesmo</p><p>que não seja cadastrado a nenhum conselho.</p><p>O mediador ou conciliador escolhido pela parte não neces-</p><p>66</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>sita, obrigatoriamente, estar cadastrado no Conselho Nacional de</p><p>Justiça.</p><p>Essa medida é uma forma de facilitar a resolução de conflitos,</p><p>uma vez que as Serventias Extrajudiciais existem em todos os lugares,</p><p>o que ajuda na evolução da Justiça baseada na colaboração.</p><p>JULGAMENTO POR ÓRGÃO ADMINISTRATIVO</p><p>Como ensinado anteriormente, a função de solucionar conflitos</p><p>não é somente do juiz, mas também é atribuída a diversos órgãos adminis-</p><p>trativos que irão exercer sua função com base no que for previsto em lei.</p><p>A decisão dada por órgão administrativo não possui cará-</p><p>ter definitivo, podendo passar pelo controle jurisdicional, sendo</p><p>considerado, dessa forma, equivalente jurisdicional.</p><p>O Tribunal de Contas é um desses órgãos públicos que pos-</p><p>suem competência para solucionar conflitos, mesmo embora, sua fun-</p><p>ção principal seja julgar as contas prestadas pelo administrador público,</p><p>conforme podemos verificar no artigo 71 da Carta Magna, que diz:</p><p>Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido</p><p>com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:</p><p>I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,</p><p>mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar</p><p>de seu recebimento;</p><p>II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinhei-</p><p>ros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as</p><p>fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e</p><p>as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularida-</p><p>de de que resulte prejuízo ao erário público;</p><p>III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de</p><p>pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fun-</p><p>dações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações</p><p>para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de</p><p>aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores</p><p>que não alterem o fundamento legal do ato concessório;</p><p>IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado</p><p>67</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de</p><p>natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas</p><p>unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e</p><p>demais entidades referidas no inciso II;</p><p>V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capi-</p><p>tal social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado</p><p>constitutivo;</p><p>VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União me-</p><p>diante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-</p><p>do, ao Distrito Federal ou a Município;</p><p>VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qual-</p><p>quer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a</p><p>fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e</p><p>sobre resultados de auditorias e inspeções realizadas;</p><p>VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irre-</p><p>gularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre</p><p>outras cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;</p><p>IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências neces-</p><p>sárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;</p><p>X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a</p><p>decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;</p><p>XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apu-</p><p>rados [...] (BRASIL, 1988)</p><p>Outro órgão que possui a competência para solucionar confli-</p><p>tos é a Justiça Desportiva, que irá julgar os conflitos voltados à discipli-</p><p>na e competências desportivas.</p><p>O acesso à Justiça Desportiva somente se dará após ter se</p><p>esgotado a via administrativa.</p><p>Podemos citar também as Agências Reguladoras que são en-</p><p>tidades autárquicas que possuem a competência para solucionar confli-</p><p>tos voltados para as atividades econômicas a qual regulam.</p><p>Por fim, mas não menos importante, podemos citar o Conselho</p><p>Administrativo de Defesa Econômica que é uma autarquia, a qual pos-</p><p>sui a competência para solucionar conflitos relacionados à infração à</p><p>ordem econômica.</p><p>Neves (2017, p. 76), por sua vez, aduz:</p><p>A possibilidade de soluções consensuais para conflitos envolvendo órgãos e en-</p><p>68</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>tidade da administração pública é irrefutável. E por duas razões: primeiro, porque</p><p>nem todo direito defendido pela Administração Pública é indisponível, devendo</p><p>se diferenciar as relações jurídicas de direito material de natureza administrativa</p><p>e de natureza civil das quais participa a Administração Pública. Segundo, por-</p><p>que mesmo no direito indisponível é possível a transação a respeito das formas</p><p>e prazos de cumprimento da obrigação, exatamente como ocorre no processo</p><p>coletivo. Há, inclusive, no inciso III do art. 174 do Novo CPC, a menção à possibi-</p><p>lidade de promoção de termo de ajustamento de conduta pelas câmaras criadas</p><p>para a solução de conflitos no ambiente administrativo, que necessariamente</p><p>compreenderão conflitos coletivos envolvendo a Fazenda Pública.</p><p>ZONAS DE POSSÍVEIS ACORDOS</p><p>A zona de possível acordo é também conhecida como ZOPA. Para</p><p>se chegar a essa ZOPA é necessário que as partes enxerguem não ape-</p><p>nas seus interesses, mas também os interesses do outro. Deve-se haver</p><p>um objetivo a ser alcançado, onde ele pode ser satisfatório para ambas as</p><p>partes. Por exemplo, em uma negociação, pode ocorrer casos em que uma</p><p>pessoa faz uma oferta muito ousada e, para se alcançá-la, seja necessário</p><p>que a outra parte ceda muito, com isso não se consegue perceber a ZOPA.</p><p>Quanto maior for a compreensão sobre o objeto e a pre-</p><p>paração da negociação, maiores serão as chances de chegar a um</p><p>acordo que atenda aos interesses de ambas as partes.</p><p>O mediador deve tomar cuidado com a forma como apresenta</p><p>o objeto de negociação e os fatos para que as partes consigam chegar</p><p>ao ZOPA. O ideal é que se estabeleça suposições e percepções que</p><p>possam ajudar as partes a verem de modo positivo que seus interesses</p><p>estão sendo preservados.</p><p>Muitas vezes a pessoa toma sua decisão por impulso, sem</p><p>saber ao certo os critérios a serem utilizados. Nesses casos, os ne-</p><p>gociadores</p><p>correm mais riscos de ter seu interesse ferido. Por isso é</p><p>importante que as partes consigam chegar à zona de possível acordo,</p><p>para minimizar os riscos e tornarem-se mais preparadas para chegar a</p><p>um acordo que atenda aos seus interesses e aos interesses do outro.</p><p>69</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Prova: FGV - 2023 - TJ-BA - Conciliador</p><p>Sobre os conciliadores e mediadores judiciais, é correto afirmar que:</p><p>a) devem adotar o princípio da confidencialidade, em relação a todas as</p><p>informações produzidas na audiência de conciliação;</p><p>b) se forem advogados, podem exercer a advocacia nos juízos em que</p><p>desempenhem suas funções;</p><p>c) não estão sujeitos a regras de suspeição e impedimento;</p><p>d) não há necessidade de cadastro prévio junto ao Tribunal local de</p><p>atuação para exercer a função de conciliador e mediador;</p><p>e) em razão do princípio da legalidade, conciliadores e mediadores de-</p><p>vem necessariamente ser remunerados pela função exercida.</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2022 - Câmara de Pirapo-</p><p>ra - MG - Ouvidor</p><p>Sobre as regras de conciliação e mediação previstas na Lei nº 13.105,</p><p>de 2015, que institui o Código de Processo Civil, analise as afirmati-</p><p>vas a seguir e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.</p><p>( ) Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conci-</p><p>liador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não</p><p>poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos</p><p>da conciliação ou da mediação.</p><p>( ) A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da in-</p><p>dependência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confi-</p><p>dencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.</p><p>( ) Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual</p><p>de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências</p><p>de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas</p><p>destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.</p><p>( ) A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre auto-</p><p>nomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição</p><p>das regras procedimentais.</p><p>Assinale a sequência correta.</p><p>a) V V V F.</p><p>b) V V V V.</p><p>c) F F V F .</p><p>d) F F V V.</p><p>70</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Prova: FAU - 2022 - Prefeitura de Ponta Grossa - PR - Procurador</p><p>Municipal - Edital nº 3</p><p>A respeito dos métodos de solução consensual de conflitos, dispos-</p><p>tos no Código de Processo Civil, assinale a alternativa CORRETA:</p><p>a) A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual</p><p>de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores</p><p>públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do proces-</p><p>so judicial.</p><p>b) A mediação não é considerada um método de solução consensual</p><p>de conflitos.</p><p>c) A conciliação só poderá ocorrer na primeira audiência designada no</p><p>processo.</p><p>d) A mediação e a conciliação serão regidas conforme a autonomia do</p><p>mediador ou conciliador.</p><p>e) Não é permitida a arbitragem na solução consensual de conflitos.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Prova: VUNESP - 2023 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto</p><p>A respeito dos mecanismos de autocomposição de conflitos, assi-</p><p>nale a alternativa INCORRETA.</p><p>a) Em razão do dever de sigilo, o conciliador e o mediador não poderão</p><p>divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação</p><p>ou da mediação, sob pena de exclusão do cadastro de conciliadores e</p><p>mediadores.</p><p>b) A livre autonomia dos interessados permite às partes a escolha de</p><p>conciliador e de mediador, cadastrados ou não no tribunal, e a definição</p><p>das regras procedimentais da conciliação e da mediação, admitida a</p><p>aplicação das técnicas negociais.</p><p>c) O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que não houver</p><p>vínculo anterior entre as partes, e o mediador atuará preferencialmente</p><p>nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes.</p><p>d) As práticas restaurativas são recomendadas nas situações para as</p><p>quais seja viável a busca da reparação dos efeitos da infração por inter-</p><p>médio da harmonização entre autor e vítima, com o objetivo de restau-</p><p>rar o convívio social e a efetiva pacificação dos relacionamentos.</p><p>e) Os membros e servidores do Ministério Público serão capacitados</p><p>pelas Escolas do Ministério Público para que realizem sessões de nego-</p><p>ciação, conciliação, mediação e práticas restaurativas, sendo vedadas</p><p>as parcerias com outras instituições especializadas.</p><p>71</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Prova: IESES - 2022 - TJ-TO - Titular de Serviços de Notas e de Re-</p><p>gistros - Remoção</p><p>Assinale quais alternativas abaixo são exemplos de títulos execu-</p><p>tivos extrajudiciais:</p><p>I. A sentença arbitral.</p><p>II. O crédito decorrente de foro e laudêmio.</p><p>III. O formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao</p><p>inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a título singular ou</p><p>universal.</p><p>IV. O instrumento de transação referendado pelo Ministério Públi-</p><p>co, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos advoga-</p><p>dos dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado</p><p>por tribunal.</p><p>A sequência correta é:</p><p>a) As assertivas I, II, III e IV estão corretas.</p><p>b) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.</p><p>c) Apenas a assertiva II está incorreta.</p><p>d) Apenas as assertivas I, II e III estão corretas.</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>Quais são os princípios norteadores da conciliação e da mediação de</p><p>conflitos?</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Sobre a Resolução nº 125/2010, marque a alternativa incorreta:</p><p>a) A Resolução nº 125/2010 estimula a busca de solução de conflitos de</p><p>maneira consensual:</p><p>b) É de competência do Conselho Nacional de Justiça estabelecer pro-</p><p>gramas de incentivo à autocomposição e a pacificação social.</p><p>c) Como requisito, os conciliadores e mediadores dos Centros deverão</p><p>possuir o curso de capacitação, ou realizar os cursos de treinamento e</p><p>aperfeiçoamento, bem como atender aos requisitos do Anexo I da Re-</p><p>solução n°125/2010.</p><p>d) A remuneração será escolhida pelo mediador e conciliador.</p><p>NA MÍDIA</p><p>A MEDIAÇÃO COMO FERRAMENTA NA RESOLUÇÃO DE CONFLI-</p><p>TOS NO ÂMBITO DA FALÊNCIA</p><p>A lei 13.105/15, que instituiu o novo Código de Processo Civil, estabe-</p><p>leceu como uma de suas premissas o incentivo à autocomposição na</p><p>solução de conflitos, como a mediação e a conciliação. Posteriormente,</p><p>72</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>foi publicada a lei 13.140/15, que trata da mediação nas esferas pública</p><p>e privada, formando, assim, um microssistema de meios adequados de</p><p>solução de controvérsias.</p><p>Em 2016, a I Jornada "Prevenção e Solução Extrajudicial de Litígios"1</p><p>aprovou o enunciado 45, que dispõe: "a mediação e conciliação são</p><p>compatíveis com a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do</p><p>empresário e da sociedade empresária, bem como em casos de supe-</p><p>rendividamento, observadas as restrições legais".</p><p>Nesta esteira, ao apreciar o Pedido de Tutela Provisória 1.049/RJ2, o Su-</p><p>perior Tribunal de Justiça se posicionou no sentido de que a mediação é</p><p>compatível com os processos de Recuperação Judicial e Falência, opor-</p><p>tunidade em que o Relator, Ministro Marco Buzzi, autorizou a realização</p><p>da mediação do Grupo Oi, em Recuperação Judicial, com seus credores:</p><p>"Com efeito, a lei 11.101/05 não traz qualquer vedação à aplicabilidade da</p><p>instauração do procedimento de mediação no curso de processos de Recu-</p><p>peração Judicial e Falência. 7. Assim, na forma do art. 3º da lei 13.140/15, o</p><p>qual disciplina que 'pode ser objeto de mediação o conflito que verse sobre</p><p>direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação',</p><p>não remanesce dúvidas sobre a sua aplicação aos processos de Recupe-</p><p>ração Judicial e Falência. 8. Não se perde de vista, contudo, que embora</p><p>a Lei de Mediação (lei 13.140/15) seja a regra especial do instituto, sua</p><p>interpretação deve se dar em harmonia com o ordenamento jurídico</p><p>pátrio</p><p>e, principalmente, no caso, com a Lei de Recuperação Judicial."</p><p>Acompanhando esse entendimento, o CNJ, através da Recomendação</p><p>58/19, buscou promover a aplicação da mediação nos institutos de insol-</p><p>vência, recomendando a todos os magistrados responsáveis pelo pro-</p><p>cessamento e julgamento dos processos de recuperação empresarial e</p><p>falências, de varas especializadas ou não, que promovam, sempre que</p><p>possível, nos termos da lei 13.105/15 e da lei 13.140/15, o uso da media-</p><p>ção, de forma a auxiliar a resolução de todo e qualquer conflito entre o</p><p>empresário/sociedade, em recuperação ou falidos, e seus credores, for-</p><p>necedores, sócios, acionistas e terceiros interessados no processo.</p><p>Diante do crescente número de casos concretos, por solicitação das</p><p>partes envolvidas no processo (recuperandas e credores) ou dos admi-</p><p>nistradores judiciais e, ainda, diante do contexto pandêmico enfrentado</p><p>à época, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou a Resolução 71,</p><p>de 5 de agosto de 2020, com o objetivo de incentivar a criação do Cen-</p><p>tros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc Empresa-</p><p>rial) e, consequentemente, fomentar o uso de métodos adequados de</p><p>tratamento de conflitos de natureza empresarial.</p><p>Em dezembro de 2020 sobrevieram as alterações advindas da lei</p><p>14.112/20, que incluíram a "Seção II-A - Das Conciliações e das Me-</p><p>73</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>diações Antecedentes ou Incidentais aos Processos de Recuperação</p><p>Judicial", que normatizou a utilização dos meios resolução de conflitos</p><p>no âmbito dos processos de recuperação judicial.</p><p>Como indica o próprio nome da Seção, a mediação poderá ser instaura-</p><p>da em caráter preventivo, ou seja, antes do processamento da Recupe-</p><p>ração Judicial, bem como no curso do processo, inclusive em âmbito de</p><p>recursos em segundo grau de jurisdição e Tribunais Superiores.</p><p>A Lei traz apenas duas vedações ao uso da mediação, proibindo a sua</p><p>utilização para se estabelecer a classificação dos créditos e para se</p><p>discutir os critérios de votação em AGC, consoante §2º do art. 22-B3.</p><p>Outro ponto importante trazido pelas modificações foi a limitação da</p><p>atuação do administrador judicial no âmbito da recuperação judicial. A</p><p>função de administrador Judicial e mediador são distintas, e não po-</p><p>derão ser acumuladas pelo mesmo profissional, conforme preconiza a</p><p>recomendação 58/19 do CNJ, que também veda ao magistrado exercer</p><p>a função de mediador.</p><p>Quanto ao papel do Administrador Judicial, a lei 14.112/20, na reda-</p><p>ção da alínea "j", inciso I do art. 22 da LRF, impôs ao longa manus do</p><p>magistrado o dever de estimular, sempre que possível, a conciliação,</p><p>a mediação e outros métodos alternativos de solução de conflitos rela-</p><p>cionados à recuperação judicial e à falência, respeitados os direitos de</p><p>terceiros, na forma do § 3º do art. 3º da lei 13.105, de 16 de março de</p><p>2015 (Código de Processo Civil).</p><p>A alteração da lei trouxe, portanto, significativas, importantes e positivas</p><p>alterações nos processos de insolvência empresarial, demonstrando a</p><p>intenção do legislador de favorecer e aprimorar o ambiente de negocia-</p><p>ção entre empresas e credores.</p><p>Fonte: Migalhas</p><p>Data: 26 de janeiro 2023</p><p>Leia a notícia na íntegra:</p><p>https://www.migalhas.com.br/depeso/380590/a-mediacao-como-ferra-</p><p>menta-na-resolucao-de-conflitos-da-falencia</p><p>NA PRÁTICA</p><p>PREFEITURA APOIA EVENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE MINAS</p><p>GERAIS SOBRE MÉTODOS DE MEDIAÇÃO DE CONFLITOS E SE-</p><p>GURANÇA JURÍDICA</p><p>A Prefeitura de Uberlândia sedia, em parceria com o Ministério Público</p><p>de Minas Gerais (MPMG), a apresentação do Centro de Autocomposi-</p><p>ção de Conflitos e Segurança Jurídica (Compor), órgão estadual minei-</p><p>ro que tem por finalidade implementar, adotar e incentivar métodos de</p><p>autocomposição, como a negociação, mediação, conciliação, as práti-</p><p>74</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>cas restaurativas e as convenções processuais. O evento, que tem o</p><p>apoio da Prefeitura de Uberlândia e faz parte das ações do Programa</p><p>Compondo em Maio, do MPMG, será realizado nesta sexta-feira (19),</p><p>às 10 horas, no Centro Administrativo Municipal.</p><p>O objetivo é mostrar que o Compor, órgão criado em setembro de 2021</p><p>e primeiro Centro com essa finalidade no Ministério Público brasileiro,</p><p>pode ser um importante instrumento de resolução de questões munici-</p><p>pais. Qualquer interessado que tenha demandas de interesse coletivo</p><p>pode acionar o Compor, que tem sede em Belo Horizonte e no primeiro</p><p>ano de atividades recebeu 152 solicitações de atuação e realizou 87</p><p>procedimentos de autocomposição.</p><p>A apresentação do Centro em Uberlândia, nesta sexta-feira, vai detalhar</p><p>a estrutura e os objetivos do órgão, além de explicar como ele pode ser</p><p>acessado para a resolução consensual de conflitos, com a utilização</p><p>dos métodos de autocomposição, cada vez mais utilizados pelas insti-</p><p>tuições de Justiça e que têm surtido resultados para a sociedade, com</p><p>a efetivação de direitos.</p><p>O encontro no Centro Administrativo Municipal contará com a presença</p><p>do presidente do Compor, o procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares</p><p>Júnior, além de promotores de Justiça e servidores do MPMG, prefeitos,</p><p>vice-prefeitos, deputados, outras lideranças políticas e representantes</p><p>da sociedade civil na região.</p><p>Fonte: Prefeitura de Uberlândia</p><p>Data: 18 de maio de 2023</p><p>Leia a notícia na íntegra:</p><p>https://www.uberlandia.mg.gov.br/2023/05/18/prefeitura-apoia-evento-</p><p>-do-ministerio-publico-de-minas-gerais-sobre-metodos-de-mediacao-</p><p>-de-conflitos-e-seguranca-juridica/</p><p>75</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Esta unidade apresentou as mediações de conflitos, tema de</p><p>extrema relevância jurisdicional. Para isso, iniciou-se com a exibição</p><p>dos princípios aplicados à jurisdição que estão previstos no ordena-</p><p>mento jurídico. Logo em seguida, abordou-se o acesso à justiça, que é</p><p>considerado um direito fundamental garantido a todos os cidadãos bra-</p><p>sileiros, e trata do fato da pessoa ter direito potestativo/objetivo a uma</p><p>tutela jurisdicional de direitos justos e efetivos, cujo objetivo primordial é</p><p>alcançar as garantias fundamentais do processo.</p><p>Foram apresentados, também, os meios alternativos de solu-</p><p>ção de conflito, cuja importância tem crescido cada vez mais no orde-</p><p>namento jurídico brasileiro. Sendo estes a autotutela, autocomposição/</p><p>conciliação, mediação e arbitragem. Juntamente, tratou-se do procedi-</p><p>mento da autocomposição e da mediação. Nesse capítulo foram apre-</p><p>sentados os princípios da solução de conflitos, quais as causas que</p><p>podem gerar o impedimento e até mesmo a exclusão do conciliador e</p><p>do mediador, além de tratar sobre a remuneração.</p><p>Importante lembrar que o conciliador e o mediador serão reti-</p><p>rados do cadastro mediante um processo administrativo, podendo ser</p><p>acarretado por motivos de: atuar com dolo ou culpa no exercício de sua</p><p>função, ou desrespeitar os deveres previstos no artigo 166, parágrafos</p><p>1 e 2 do CPC/15, e atuar mesmo estando impedido ou suspeito.</p><p>Por fim, mas não menos importante, tratou-se da Resolução</p><p>nº 125/2010, onde, dentre outras coisas, determina-se sobre os pro-</p><p>gramas de incentivo à autocomposição e à pacificação social, além de</p><p>determinar também sobre a criação de Núcleos Permanentes de Méto-</p><p>dos Consensuais de Solução de Conflitos e os Centros Judiciários de</p><p>Solução de Conflitos e Cidadania.</p><p>É importante frisar que este assunto não se esgota nas pági-</p><p>nas deste trabalho e há muito que pesquisar e produzir de conhecimen-</p><p>to sobre esta área tão importante. Por isso, após o estudo deste módulo</p><p>é necessário aprofundar-se nos teóricos aqui citados e levar para sua</p><p>vida profissional um melhor desenvolvimento de sua prática jurídica.</p><p>76</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>GABARITOS</p><p>CAPÍTULO 01</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>Para garantir o contraditório efetivo</p><p>CPC/15 trouxe três artigos que se-</p><p>rão analisados a seguir:</p><p>• O artigo 7 do CPC diz que as partes deverão ter tratamento igualitá-</p><p>rio cabendo ao juiz garantir o efetivo contraditório esse tratamento não</p><p>pode ser apenas formal.</p><p>• O artigo 9 do CPC determine que antes do juiz tomar uma decisão que</p><p>vá encontraram a uma das partes, deverá antes ela ser ouvida. A decisão</p><p>não pode ser uma surpresa para quem irá receber suas consequências.</p><p>• O artigo 10 do CPC diz que o juiz somente poderá basear sua decisão</p><p>naquilo que foi apresentado pelas partes. Nesse ponto, uma vez, o CPC</p><p>garante o princípio da não surpresa.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: A</p><p>77</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 02</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>O conciliador dever atuar preferencialmente nos casos em que não tiver</p><p>havido vinculo anterior entre as partes. Significa dizer que a conciliação</p><p>é mais adequada para conflitos de interesse que não em volvam relação</p><p>continuada entre as partes, que passaram a manter um vínculo justamen-</p><p>te em razão da lide instaurada, como ocorre numa colisão de veículos.</p><p>Ou ainda para aquelas partes que tem uma relação anterior pontual, ten-</p><p>do a lide surgido justamente desse vinculo, como ocorre num contrato ce-</p><p>lebrado para a compra de um produto ou para a prestação de um serviço.</p><p>Já o mediador deve atuar preferencialmente nos casos em que tiver havi-</p><p>do liame anterior entre as partes; São os casos em que as partes já man-</p><p>tinham alguma espécie de vinculo continuado antes do surgimento da</p><p>lide, o que caracteriza uma relação continuada e não apenas instantânea</p><p>entre elas, como ocorre no direito de família, de vizinhança e societário.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: D</p><p>78</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>CAPÍTULO 03</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE – PADRÃO</p><p>DE RESPOSTA</p><p>Os princípios são: independência, imparcialidade, normalização do con-</p><p>flito, autonomia da vontade, confidencialidade, oralidade, informalidade,</p><p>decisão informada, isonomia entre as partes e busca do consenso.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Gabarito: D</p><p>79</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>BONNA, Alexandre Pereira. Cooperação no processo civil – A paridade</p><p>do juiz e o reforço das posições jurídicas das partes a partir de uma</p><p>nova concepção de democracia e contraditório. Revista Brasileira de</p><p>Direito Processual, Belo Horizonte, n. 85, 2014.</p><p>BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil.</p><p>Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm</p><p>Acesso em 2020</p><p>BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Proces-</p><p>so Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2015/lei/l13105.htm Acesso em 2020</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Emen-</p><p>das Constitucionais de Revisão. Disponível em http://www.planalto.gov.</p><p>br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm Acesso em 2020</p><p>BRASIL. Resolução Nº 125 de 29/11/2010. Dispõe sobre a Política Judiciá-</p><p>ria Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito</p><p>do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em https://atos.</p><p>cnj.jus.br/atos/detalhar/atos-normativos?documento=156 Acesso em 2020</p><p>BRASIL. Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015. Dispõe sobre a media-</p><p>ção entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a</p><p>autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública; altera</p><p>a Lei nº 9.469, de 10 de julho de 1997, e o Decreto nº 70.235, de 6 de</p><p>março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº 9.469, de 10 de julho</p><p>de 1997. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-</p><p>2018/2015/lei/l13140.htm Acesso em 2020</p><p>CABRAL, Antônio do Passo. Nulidades no processo moderno. Rio de</p><p>Janeiro: Forense, 2009.</p><p>CINTRA, Antônio Carlos de Araújo. Comentários ao Código de Proces-</p><p>so Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2006.</p><p>CUNHA, Leonardo Carneiro da. A previsão do princípio da eficiência no</p><p>Projeto do novo Código de Processo Civil brasileiro. Revista de Proces-</p><p>so, n. 233, jul. 2014.</p><p>DIDIER JR, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Introdução ao Di-</p><p>80</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>reito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento. 19ªed.</p><p>Revista, ampliada e atualizada. Editora JusPodivm. 2017.</p><p>DINIZ, Maria Helena. Lei de Introdução ao Código Civil brasileiro inter-</p><p>pretada. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1998</p><p>DONIZETTI, Elpidio. Curso Didático de Direito Processual Civil. 22ª ed.</p><p>Revista, atualizada e ampliada. 2019</p><p>NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil.</p><p>Vol. único. 9ª ed. Revista e atualizada. 2017</p><p>PISANI, Andrea Proto.Lezioni di diritto processuale civile. 3. ed. Napoli:</p><p>Jovene, 1999.</p><p>RIBEIRO, Darci Guimarães. A dimensão constitucional do contraditório</p><p>e seus reflexos no projeto do novo CPC. Revista de Processo, n. 232,</p><p>jun. 2014</p><p>THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil.</p><p>Vol. I. 2017. Edição 58º. Revista, atualizada e ampliada.</p><p>81</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>potestativo/objetivo a uma tutela jurisdicional de direitos justos e</p><p>efetivos, cujo objetivo primordial é alcançar as garantias fundamentais</p><p>do processo. Também é importante mencionar as equivalentes jurisdi-</p><p>cionais que são as formas alternativas de solução de conflitos, que são</p><p>a autotutela, autocomposição/conciliação, mediação e arbitragem.</p><p>A autotutela é considerada como a forma mais arcaica de solu-</p><p>ção de conflitos, haja vista que há um sacrifício de vontade/interesse de</p><p>uma das partes presentes do litigio em detrimento do efetivo exercício</p><p>de força pela parte vencedora. Em contrapartida temos a mediação, que</p><p>é composta pela inexistência de sacrifício total ou parcial de vontades</p><p>das partes litigantes. Nesse caso, o mediador deve atuar preferencial-</p><p>mente nos casos em que houve liame anterior entre as partes. Vale lem-</p><p>brar que a mediação possui distinção da conciliação, onde nessa última,</p><p>por exemplo, o conciliador dever atuar preferencialmente nos casos em</p><p>que não tiver havido vinculo anterior entre as partes.</p><p>Também será abordado o procedimento da autocomposição e</p><p>da mediação. Nesse capítulo serão apresentados os princípios da so-</p><p>lução de conflitos, quais as causas que podem gerar o impedimento ou</p><p>até mesmo a exclusão do conciliador e do mediador, além de falar sobre</p><p>como se dará a remuneração.</p><p>A remuneração do mediador e conciliador estarão fixados em</p><p>tabela pelo Tribunal, observando os requisitos do Conselho Nacional de</p><p>Justiça. Contudo, esse salário não será devido se o conciliador e o me-</p><p>diador optarem por realizar um trabalho voluntário, ou ainda, se os tribu-</p><p>nais estabelecerem suas próprias tabelas por meio de concurso público.</p><p>Será tratado, inclusive, sobre a Resolução nº 125/2010, onde,</p><p>dentre outras coisas, determina-se sobre os programas de incentivo à</p><p>autocomposição e à pacificação social, além de determinar a criação de</p><p>Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos</p><p>e os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania. Esses cen-</p><p>tros judiciários serão destinados para realizar a solução consensual de</p><p>conflitos, onde irão ser realizadas audiências e sessões de conciliação e</p><p>12</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>mediação. Além de criar programas para conscientização e auxilio.</p><p>Também serão abordadas a conciliação e mediação realizadas</p><p>na via extrajudicial, bem como os julgamentos por órgãos administra-</p><p>tivos. É importante frisar que este assunto não se esgota nas páginas</p><p>deste trabalho e há muito que pesquisar e produzir conhecimento sobre</p><p>esta área tão importante.</p><p>13</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Neste capítulo serão apresentados os princípios da jurisdição,</p><p>sendo eles: o princípio da demanda, o da duração razoável do proces-</p><p>so, o da boa-fé, da cooperação, do processo justo e efetivo, do contra-</p><p>ditório efetivo, da legalidade, da dignidade da pessoa humana, etc.</p><p>PRINCÍPIO DA DEMANDA</p><p>Este princípio é de extrema importância por estar diretamente</p><p>ligado à garantia de liberdade, sendo esse um direito fundamental previs-</p><p>to na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, caput: "Todos são</p><p>iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se</p><p>aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do</p><p>direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]"</p><p>PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO</p><p>13</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>14</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>(BRASIL, 1988). Esse princípio, no âmbito processual, garante à pessoa</p><p>o acesso à justiça, tendo a pessoa o direito de recorrer ou não.</p><p>Desse modo, o Estado não pode se negar a tutelar sobre os</p><p>direitos em conflitos. Assim, a pessoa tem a escolha de não utilizar o</p><p>remédio institucional disponibilizado pelo Poder Judiciário.</p><p>A tutela jurídica não pode ser negada, mas também não</p><p>pode ser forçada.</p><p>No âmbito processual civil, esse princípio pode ser dividido em:</p><p>princípio da demanda e princípio da congruência. O primeiro caso, trata</p><p>da motivação do juízo, ou seja, o judiciário somente irá agir se a parte</p><p>ingressar com processo.</p><p>Quanto ao princípio da congruência também conhecido como</p><p>adstrição, trata do limite do julgamento do juiz uma vez que este so-</p><p>mente poderá julgar aquilo que foi proposto inicialmente, sendo proibido</p><p>apreciar o que não foi apresentado pelas partes, conforme artigo 141</p><p>do CPC/15: "O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes,</p><p>sendo-lhe vedado conhecer questões não suscitadas a cujo respeito à</p><p>lei exige a iniciativa da parte" (BRASIL, 2015). Assim, fica claro que os</p><p>princípios tratam na instauração do processo e do objeto a ser julgado.</p><p>Contudo, é importante ressaltar que, em casos de ordem públi-</p><p>ca, o juiz poderá agir mesmo sem que tenha sido motivado pelas partes,</p><p>entretanto, seu exercício deverá ser limitado ao que for necessário para</p><p>resolver conflito entre as partes. Lembrando que o pedido e o objeto do</p><p>processo não poderão ser modificados pelo juiz, mesmo que alegue</p><p>ser para aplicação da norma de ordem pública. É somente a resposta</p><p>jurídica que deverá se basear na lei de ordem pública.</p><p>O princípio da demanda é de aplicação geral, ou seja, pode</p><p>ser aplicado tanto no processo de conhecimento, quanto no pro-</p><p>cesso de execução.</p><p>Vale ressaltar também, que uma vez iniciado o processo de</p><p>15</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>execução, o juiz não precisará de novas provocações para dar continui-</p><p>dade ao processo.</p><p>PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL DO PROCESSO E CELERI-</p><p>DADE DE SUA TRAMITAÇÃO</p><p>Em se tratando dos direitos fundamentais relacionados ao pro-</p><p>cesso justo temos o inciso LXXVIII no artigo 5º da Constituição Federal</p><p>de 1988, que garante uma razoável duração do processo e aplicação</p><p>dos instrumentos necessários para que haja a sua celeridade.</p><p>O Código Processual Civil de 2015, diz que essa garantia deve</p><p>ser aplicada no momento da obtenção da solução total do mérito. Desse</p><p>modo, pode-se dizer que o objetivo da jurisdição é garantir o direito da parte</p><p>bem como sua efetiva realização, lembrando que todo esse processo deve</p><p>ocorrer em um tempo razoável, conforme a necessidade de cada caso.</p><p>É importante ressaltar que a razoabilidade do processo e a ce-</p><p>leridade são duas coisas distintas previstas no artigo 5º inciso LXXVIII</p><p>da Carta Magna. Contudo, é importante lembrar o que é duração razoá-</p><p>vel do processo e sua celeridade não é algo que pode ser pré-determi-</p><p>nado através de um único ritmo.</p><p>Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,</p><p>garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-</p><p>bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprie-</p><p>dade, nos termos seguintes:</p><p>[...] LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a</p><p>razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua</p><p>tramitação. (BRASIL, 1988)</p><p>Quando se fala em duração razoável de um processo deve-se</p><p>analisar diversos fatores, bem como a natureza e a complexidade da</p><p>causa, o modo de agir das partes e dos oficiais de Justiça, assim como</p><p>é preciso atentar-se aos prazos de cada ato que é necessário para ga-</p><p>rantir o contraditório e a ampla defesa da causa.</p><p>Theodoro Júnior (2017, p.94) complementa dizendo:</p><p>Quanto ao gerenciamento das medidas que assegurem a conclusão do pro-</p><p>cesso, deve compreender todas as providências tendentes a evitar diligên-</p><p>cias inúteis e promover as simplificações rituais permitidas pela lei, sem com-</p><p>prometimento do contraditório e ampla defesa, assim como as que reprimem</p><p>a conduta desleal e temerária da parte que embaraça o normal encaminha-</p><p>mento do processo em direção a composição do conflito.</p><p>16</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Pode-se</p><p>dizer que, para que o processo tenha a duração ra-</p><p>zoável necessária, é preciso que ele seja realizado de modo respeitoso</p><p>às normas procedimentais previstas por lei, ou seja, é necessário que</p><p>sejam cumpridos os ritos processuais sem dilatações indevidas.</p><p>A celeridade do processo não pode se dar a qualquer custo é</p><p>necessário seguir os procedimentos para garantir um processo justo.</p><p>BOA FÉ</p><p>O artigo 5º do Código Processual Civil de 2015, garante em</p><p>seu texto que qualquer parte envolvida no processo deve agir com a</p><p>boa-fé. Vale lembrar que a má fé subjetiva a todo tempo foi punida seja</p><p>ela no âmbito privado ou público.</p><p>Além da boa-fé subjetiva, que está relacionada à conduta do</p><p>agente, temos também a boa-fé objetiva, que surgiu através do advento</p><p>do Código do consumidor e do Código Civil, desse modo, Theodoro</p><p>(2017, p. 95) diz que:</p><p>No campo dos contratos a boa-fé objetiva assumiu a categoria de limite da</p><p>autonomia da vontade, bem como de norma básica de interpretação e cum-</p><p>primento dos negócios jurídicos, além de funcionar, a própria boa-fé objetiva,</p><p>como fonte legal de deveres e obrigações, a partir daqueles contraídos vo-</p><p>luntariamente no ajuste contratual (CDC, ser. 4°, III; CC, art. 422)</p><p>O princípio da boa-fé objetiva espera que a parte atue juridica-</p><p>mente baseando-se nos costumes, tais quais lealdade e lisura. Como a</p><p>segurança jurídica surgiu com o estado democrático de direito pode-se</p><p>dizer que o princípio da boa-fé objetiva não se limita ao direito privado,</p><p>pelo contrário, pode ser aplicado em qualquer ramo do direito seja ele</p><p>público ou privado.</p><p>Não é somente o princípio da segurança que obriga os</p><p>agentes a agir com lealdade e boa-fé, mas também o princípio da</p><p>17</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>garantia da dignidade da pessoa humana e o da solidariedade so-</p><p>cial, previstos na Constituição Federal de 1988.</p><p>Dessa forma, como a Constituição Federal garante a dignidade</p><p>da pessoa humana, pode-se dizer que o princípio da boa-fé também se</p><p>encontra na categoria constitucional, bem como outros princípios éticos,</p><p>como a moralidade e a solidariedade.</p><p>Pisani (1999, p.60) diz que a Carta Magna teve uma sistema-</p><p>tização jurídica onde sofreu inovações que se deram pela "substituição</p><p>do indivíduo pela pessoa, sendo a dignidade da pessoa humana fun-</p><p>dante de todo o sistema jurídico, público ou privado". Assim, fica claro</p><p>que a Constituição apresenta, de forma implícita, o princípio da boa-fé</p><p>como resultado lógico do sistema, espalhando-se para atingir todos os</p><p>relacionamentos jurídicos, sejam eles públicos ou privados.</p><p>Na maioria dos casos são atingidos os campos do direito pro-</p><p>cessual, uma vez que, todo o processo se baseia na Constituição Fe-</p><p>deral, com a finalidade de garantir a tutela e a aplicação dos direitos</p><p>fundamentais, como o próprio devido processo legal. Desse modo, é</p><p>importante ressaltar que o artigo 5º do Código Processual Civil de 2015</p><p>diz que: "Aquele que de qualquer forma participa do processo deve</p><p>comportar-se de acordo com a boa-fé".</p><p>Theodoro Júnior (2017, p.97) complementa dizendo:</p><p>É bom lembrar que a boa-fé aparece no direito processual, como de resto</p><p>em todo o ordenamento jurídico, sob a roupagem de uma cláusula geral, e,</p><p>assim, tem a força de impregnar a norma que a veicula de grande flexibili-</p><p>dade. Isso porque a característica maior dessa modalidade normativa é a</p><p>indeterminação das consequências de sua inobservância, cabendo ao juiz</p><p>avaliar e determinar seus efeitos adequando-os às peculiaridades do caso</p><p>concreto. Sendo assim, a infração ao princípio da boa-fé pode, por exemplo,</p><p>gerar tanto a preclusão de um poder processual (supressio), como o dever de</p><p>indenizar (em caso de dano), ou, ainda, a imposição de medida inibitória, de</p><p>sanção disciplinar, de nulidade do ato processual etc. A par disso, a boa-fé,</p><p>no sentido positivo, pode inovar nos direitos e obrigações originários, criando</p><p>para quem confiou no comportamento da outra parte uma nova situação jurí-</p><p>dica (surrectio) (ver, ainda sobre o mesmo tema, o item 53).</p><p>PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO</p><p>Conforme previsto no artigo 6º do Código Processual Civil: "To-</p><p>dos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se ob-</p><p>tenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva" (BRASIL,</p><p>2015). Trata-se da ampliação do princípio do contraditório, que não é</p><p>18</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>visto apenas como uma garantia de audiência bilateral entre os envol-</p><p>vidos, mas que possui a função de possibilitar que a parte possa agir</p><p>sobre a estruturação do provimento jurisdicional.</p><p>Em semelhança, podemos citar o Código Processual Civil de</p><p>Portugal de 2013, que em seu artigo 7º diz: "1- Na condução e inter-</p><p>venção no processo, devem os magistrados, os mandatários judiciais</p><p>e as próprias partes cooperar entre si, concorrendo para se obter, com</p><p>brevidade e eficácia, a justa composição do litígio" (PORTUGAL, 2013).</p><p>Mesmo antes do advento do CPC de 2015, a Constituição já</p><p>previa o princípio da cooperação como garantidor do contraditório am-</p><p>plo efetivo. Assim, se é necessário o esforço de todos os participantes</p><p>para garantir a solução do litigio, é também necessária a cooperação de</p><p>todos para a celeridade do processo.</p><p>Em se tratando do contraditório democrático Bonna (2014, p. 77):</p><p>Fortalece o papel das partes na formação da decisão judicial, alterando subs-</p><p>tancialmente a posição jurídica do juiz e das partes, em dois caminhos: o do-</p><p>mínio dos fatos pertence também ao juiz – que não deve se contentar com os</p><p>fatos expostos e comprovados pelas partes – e a valoração jurídica do direito</p><p>também pertence às partes (e não apenas ao juiz), as quais, por meio do</p><p>direito ao contraditório, influem na valoração jurídica da causa. Essas facetas</p><p>eivam de inaplicabilidade o brocardo [superado] ‘da mihi factum, dado tibi ius.</p><p>O Código Processual Civil de 2015, apresenta, de forma clara, o</p><p>modelo cooperativo onde a lógica utilizada por meio da dedução de solu-</p><p>ção de conflitos pela lógica argumentativa, fazendo com que o contraditó-</p><p>rio, como direito de informação seja substituído pelo direito de influência,</p><p>sendo que essa ideia de democracia é conhecida como deliberativa.</p><p>A democracia deliberativa trata da elevação do status do in-</p><p>divíduo, garantindo-lhes o direito a participar das decisões do Estado.</p><p>Nesse sentido, Cabral (2009, p.109) complementa:</p><p>Surge um peculiar espectro da cidadania, o status activus processualis, que</p><p>consubstancia o direito fundamental de participação ativa nos procedimentos</p><p>estatais decisórios, ou seja, direito de influir na formação de normas jurídicas</p><p>vinculativas.</p><p>Na doutrina portuguesa a cooperação estabelece deveres para</p><p>todas as partes do processo como forma de fazer com seja produzida</p><p>uma estilização igual à que se conseguiu no direito material, a validação</p><p>de cláusulas gerais.</p><p>Assim, pode-se dizer que o princípio da cooperação tende a</p><p>modificar o processo civil em uma comunidade de trabalho, onde se</p><p>aperfeiçoa o diálogo aberto entre as partes envolvidas no processo, de</p><p>19</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>modo a obter a melhor solução do caso concreto. Vale lembrar que a</p><p>cooperação não se limita à relação entre a parte e o juiz, muito menos</p><p>limita-se à relação entre as partes.</p><p>Theodoro Júnior (2017, p.99) diz que da cooperação:</p><p>Se extraem “deveres a serem cumpridos pelos juízes e pelas partes”, de sorte</p><p>que, na verdade, deve haver “a cooperação das partes com o Tribunal, bem</p><p>como a cooperação do Tribunal com as partes”. É certo que a atividade das par-</p><p>tes não se equipara totalmente à do juiz, pois, enquanto àquelas cabe a defesa</p><p>de interesses particulares, a este toca definir, como autoridade, o litígio. Todavia,</p><p>ainda que o faça como detentor do poder estatal, não pode ignorar ou desprezar</p><p>a contribuição das partes no diálogo precedente ao julgamento da causa.</p><p>O juiz tem</p><p>o dever de cooperar em casos de esclarecimento, de</p><p>prevenção, de consulta e até mesmo em questões de auxílio durante o pro-</p><p>cesso. Onde o artigo 6º do CPC complementa dizendo que a cooperação</p><p>processual é obrigação que abrange o contraditório, formando uma ligação</p><p>cuja finalidade é obter um processo célere, com decisão justa e efetiva.</p><p>Desse modo, a cooperação trata do esforço das partes do pro-</p><p>cesso em busca de evitar falhas processuais e comportamentos inade-</p><p>quados que possam intervir na duração do processo, bem como na efe-</p><p>tivação de um processo justo. O artigo 6° do CPC diz que a cooperação</p><p>é uma forma de se obter uma decisão de mérito justa e efetiva.</p><p>PRINCÍPIO DO PROCESSO JUSTO E EFETIVO</p><p>O processo justificativo obriga que o processo garanta o total</p><p>acesso à justiça e à prática dos direitos fundamentais, tais como, a le-</p><p>galidade, liberdade e igualdade. Desse modo, fica claro que o processo</p><p>deve garantir o direito à defesa e ao contraditório e à paridade proces-</p><p>sual entre os integrantes, bem como a imparcialidade do magistrado, a</p><p>motivação dos provimentos judiciais e a garantia de um processo célere</p><p>e de duração razoável.</p><p>Theodoro Júnior (2017, p. 101) complementa dizendo:</p><p>A noção de processo justo está intimamente ligada à efetivação da prestação</p><p>jurisdicional, de modo a garantir a todos o acesso à justiça, em tempo que</p><p>não extrapola os limites do razoável. Com isso, entende-se a necessidade de</p><p>a justiça efetiva aparelhar-se para propiciar ao titular do direito um provimen-</p><p>to que seja contemporâneo à lesão ou à ameaça de lesão, consistindo em</p><p>solução justa para o litígio.</p><p>Entretanto, a solução do problema em prazo razoável não é o</p><p>20</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>suficiente uma vez que a efetividade, para ser alcançada, é necessário</p><p>estar ligada à brevidade. Desse modo, pode-se dizer que o processo</p><p>justo e efetivo deve buscar uma solução célere para a inicial apresenta-</p><p>da ao juiz, observando ainda os direitos fundamentais.</p><p>CONTRADITÓRIO EFETIVO</p><p>O princípio do contraditório é indispensável para que o proces-</p><p>so seja justo, assim sendo, está previsto nos artigos 7, 9 e 10 do CPC,</p><p>que dizem:</p><p>Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exer-</p><p>cício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus,</p><p>aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar</p><p>pelo efetivo contraditório.</p><p>Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja</p><p>previamente ouvida.</p><p>Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:</p><p>I - à tutela provisória de urgência;</p><p>II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;</p><p>III - à decisão prevista no art. 701.</p><p>Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em</p><p>fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade</p><p>de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de</p><p>ofício. (BRASIL, 2015)</p><p>O contraditório é um dever de audiência bilateral garantida às</p><p>partes, antes da decisão judicial. Desse modo, para que o acesso à</p><p>justiça seja realizado de forma plena e efetiva, é necessário que a parte</p><p>tenha direito à voz e à possibilidade de participar de forma ativa e con-</p><p>creta da estruturação do provimento do seu pedido.</p><p>Assim, pode-se dizer que nenhuma decisão poderá ser tomada</p><p>sem que antes as partes tenham sido ouvidas quanto à questão a ser so-</p><p>lucionada. O contraditório garante que o juiz somente poderá tomar sua</p><p>decisão após ter consultado as partes. Ribeiro (2014, p.19) complementa</p><p>dizendo que: "se, por negligência da parte, ela não comparecer à juízo,</p><p>em hipótese alguma fica violado o dito princípio, pois o contraditório se</p><p>estabelece pela oportunidade da defesa e não pela defesa em cima".</p><p>Desse modo, para que o processo seja justo, é necessária a apli-</p><p>cação do princípio do contraditório, para que haja um diálogo entre o juiz e</p><p>as partes antes dele (juiz) tomar sua decisão. Assim, para garantir o contra-</p><p>ditório efetivo o CPC/15 trouxe três artigos que serão analisados a seguir:</p><p>• O artigo 7 do CPC diz que as partes deverão ter tratamento</p><p>21</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>igualitário cabendo ao juiz garantir o efetivo contraditório e esse trata-</p><p>mento não pode ser apenas formal (BRASIL, 2015).</p><p>• O artigo 9 do CPC determina que antes do juiz tomar uma</p><p>decisão que vá encontrar a uma das partes, deverá antes ouvi-la. A</p><p>decisão não pode ser uma surpresa para quem irá receber suas conse-</p><p>quências (BRASIL, 2015).</p><p>• O artigo 10 do CPC diz que o juiz somente poderá basear sua</p><p>decisão naquilo que foi apresentado pelas partes. Nesse ponto, uma</p><p>vez, o CPC garante o princípio da não surpresa (BRASIL, 2015).</p><p>Vale lembrar que o artigo 9º, no seu parágrafo único, garante</p><p>três exceções para que uma decisão possa ser tomada sem que antes</p><p>a parte seja ouvida, como é o caso de julgar uma tutela provisória de</p><p>urgência, ou de evidência, ou ainda para autorizar um pagamento em</p><p>caso de ação monitória. Entretanto, essas exceções não afastam de</p><p>vez o contraditório, mas apenas o prorroga. Assim, a decisão é tomada</p><p>devido à necessidade do caso e, em seguida, abre-se a oportunidade</p><p>da parte se manifestar e apresentar sua defesa.</p><p>Assim, Theodoro (2017, p.103) aduz:</p><p>Há, em semelhante conjuntura, um confronto de princípios processuais: de</p><p>um lado, incide a garantia constitucional de efetividade da tutela jurisdicional</p><p>(CF, art. 5º, XXXV), e de outro, a garantia, também constitucional, do con-</p><p>traditório (CF, art. 5º, LV). O impasse se resolve, portanto, pelo postulado da</p><p>proporcionalidade, que não acarreta a invalidação de um princípio pelo outro.</p><p>Ambos incidem, mas em momentos diferentes: justificada a urgência da me-</p><p>dida em nome da efetividade jurisdicional, o contraditório fica apenas diferido</p><p>para outro momento, situado depois da tomada de decisão emergencial.</p><p>Assim, fica claro que o princípio do contraditório é de extrema</p><p>relevância para que o processo seja efetivamente justo. Lembrando que</p><p>a audiência prévia não pode ser algo obrigatório, pois como vimos, há</p><p>casos excepcionais.</p><p>Nessa ordem pode-se perceber, por exemplo, que a regra legal</p><p>não abandona totalmente o princípio do contraditório, contudo, em ca-</p><p>sos específicos, apenas o prorroga para um momento posterior.</p><p>É o que ocorre, por exemplo, quando é indeferida a petição</p><p>inicial ou ainda é rejeitado liminarmente o pedido, onde os sujeitos po-</p><p>derão debater o que for necessário durante o período recursal, e o ma-</p><p>gistrado, se necessário, poderá mudar sua decisão. O mesmo ocorre</p><p>nas medidas liminares.</p><p>Em todos os casos, após o réu ter sido intimado em relação à</p><p>liminar ter sido deferida, abrir-se-á o contraditório, podendo a decisão</p><p>ser modificada ou até mesmo revogada pelo magistrado ou pelo Tribu-</p><p>22</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>nal, devido a esta manifestação.</p><p>PRINCÍPIO DA LEGALIDADE</p><p>A jurisdição tem a finalidade de apaziguar os conflitos trazidos à</p><p>justiça, devendo sempre atentar-se ao princípio da legalidade. O procedi-</p><p>mento a ser seguido é aquele previsto em lei, de forma a garantir o devido</p><p>processo legal e a resolução do mérito deve atender à lei material cabível.</p><p>O princípio da legalidade está previsto na Constituição Federal</p><p>em seu artigo 5º, inciso II, onde diz que "ninguém será obrigado a fa-</p><p>zer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei" (BRASIL,</p><p>2018). Esse princípio deve ser aplicado tanto no âmbito do direito públi-</p><p>co, quanto no do direito privado.</p><p>Assim, o Código Processual Civil, reafirmou em seu texto ao</p><p>dizer em seu artigo 8º, que:</p><p>Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e</p><p>às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da</p><p>pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legali-</p><p>dade, a publicidade e a eficiência.</p><p>(BRASIL, 2015)</p><p>Vale lembrar que a lei expressa no artigo 8º do CPC abrange</p><p>também qualquer provimento normativo que tenha sido editado pelo Po-</p><p>der Público.</p><p>Ordenamento jurídico (direito positivo) é composto por nor-</p><p>mas que são estabelecidas pelo conjunto de regras e princípios.</p><p>Desse modo, Theodoro Júnior (2017, p. 105) aduz:</p><p>Por outro lado, a lei nunca se exaure no texto que o legislador lhe deu. Como</p><p>linguagem, a norma legal, antes de ser aplicada pelo juiz, terá de ser inter-</p><p>pretada; e a interpretação, in casu, é ato complexo, pois terá de descobrir o</p><p>sentido que seja compatível com o sistema normativo total em que a lei se</p><p>insere; terá, ainda, de considerar o fim visado pelo legislador; e, por último,</p><p>terá de analisar e encontrar o modo pelo qual a norma abstrata incidirá sobre</p><p>o quadro fático em que eclodiu o litígio. Dessa maneira, ao juiz incumbe uma</p><p>tarefa criativa em complemento da norma oriunda do legislador, e que redun-</p><p>dará na norma do caso concreto, que tem origem no enunciado legal, que</p><p>23</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>deve respeitá-lo, mas que pode se adaptar às características do caso sub</p><p>iudice, que muitas vezes não foram sequer cogitadas pelo legislador.</p><p>É assim que a lei de introdução e o CPC, em seus artigos 5° e 8°,</p><p>respectivamente, dizem que o juiz deverá atender aos fins sociais e garan-</p><p>tir o bem comum. Assim, Maria Helena Diniz (1998, p. 164) acredita que:</p><p>O propósito, a finalidade, consiste em produzir na realidade social determi-</p><p>nados efeitos que são desejados por serem valiosos, justos, convenientes,</p><p>adequados à subsistência de uma sociedade, oportunos etc. A busca desse</p><p>fim social será a meta de todo o aplicador de direito.</p><p>O juiz deve atentar-se que a lei deve ser aplicada conforme</p><p>o tempo de cada caso concreto uma vez que a sociedade evoluiu e a</p><p>aplicação da lei deve evoluir com ela.</p><p>BOA FÉ E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA</p><p>Artigo 5º do CPC onde diz que as partes são obrigadas a agir</p><p>com boa-fé está totalmente ligada ao artigo 8º onde diz que o juiz deve</p><p>proteger e garantir a dignidade da pessoa humana.</p><p>Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-</p><p>-se de acordo com a boa-fé.</p><p>Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e</p><p>às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da</p><p>pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legali-</p><p>dade, a publicidade e a eficiência. (BRASIL, 2015)</p><p>No Estado Democrático de Direito a base dos direitos humanos</p><p>são a vida e a dignidade da pessoa humana. O princípio da dignidade</p><p>da pessoa humana tem como finalidade garantir a superação dos con-</p><p>frontos principiológicos, apresentado como um princípio fundamental.</p><p>Conceituar a dignidade humana é uma tarefa difícil, contudo,</p><p>pode-se dizer que a boa-fé e a lealdade são os preceitos éticos encon-</p><p>trados nesse princípio. Theodoro (2017, p.107) complementa dizendo:</p><p>O certo é, contudo, que boa-fé e lealdade, como objeto de preceitos éticos de</p><p>notável valor no desempenho da jurisdição, se justificam como mandamen-</p><p>tos derivados imediatamente da dignidade da pessoa humana. Com efeito, o</p><p>respeito ético à dignidade do outro litigante e da própria justiça exige de todos</p><p>os sujeitos processuais o comportamento probo e leal durante o desenrolar</p><p>do procedimento, como o único admissível no manejo de um instrumento que</p><p>fundamentalmente se volta para a realização da justa composição do litígio.</p><p>24</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Assim, na busca da tutela jurisdicional, a parte não pode se utili-</p><p>zar de um procedimento judicial como forma de obter um resultado ilícito.</p><p>Desse modo, pode se ver, que todos devem agir e zelar pela justa compo-</p><p>sição do conflito, garantido o princípio da dignidade da pessoa humana.</p><p>Atuar conforme a boa fé e a lealdade processual é tratar do</p><p>respeito à dignidade entre as pessoas envolvidas no processo, garan-</p><p>tindo que o processo não seja utilizado para fins antiéticos.</p><p>PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:</p><p>PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA</p><p>O artigo 37 da Constituição Federal de 1988, estão previstos</p><p>os princípios fundamentais aos quais devem ser seguidos pela adminis-</p><p>tração pública, incluindo o princípio da eficiência. Desse modo, o uso da</p><p>jurisdição como ferramenta para prestação de serviço público, também</p><p>deverá atender ao princípio da eficiência.</p><p>Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes</p><p>da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos</p><p>princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên-</p><p>cia [...] (BRASIL, 1988)</p><p>O artigo 8º do CPC 2015 reafirma o que está previsto na Cons-</p><p>tituição Federal ao dizer que o juiz, no exercício da jurisdição, deverá</p><p>atentar-se ao princípio da eficiência, com isso, garante que o processo</p><p>seja justo e efetivo.</p><p>Assim, a tutela somente terá legitimidade se for realizada em tem-</p><p>po razoável e de forma a garantir a parte que faz jus a ela, sempre que cou-</p><p>ber, aquilo que será assegurado pela efetividade do exercício da Justiça.</p><p>Muitos acreditam que, para garantir a eficiência do processo,</p><p>basta que este seja célere e econômico processualmente falando, con-</p><p>tudo, o processo justo estabelecido na Constituição Federal, não pode</p><p>limitar-se apenas à rapidez do processo. Cunha (2014, p.79) diz que:</p><p>Em razão do princípio da eficiência, o procedimento e a atividade jurisdicional</p><p>hão de ser estruturados para que se construam regras adequadas à solução</p><p>do caso com efetividade, duração razoável, garantindo-se a isonomia, a se-</p><p>gurança, com contraditório e ampla defesa.</p><p>O princípio da eficiência deve ser verificado, inclusive, sob o</p><p>ponto de vista qualitativo. O problema deve ser julgado pelo juiz de for-</p><p>ma completa, mesmo que para isso precise de mais tempo.</p><p>25</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Entre a celeridade e a qualidade do processo, o juiz deve</p><p>sempre garantir a qualidade.</p><p>PUBLICIDADE E FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS</p><p>Conforme o artigo 11 do CPC, o julgamento realizado pelos</p><p>órgãos do Poder Judiciário, deve ser público e as decisões tomadas</p><p>devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade do ato.</p><p>Art. 93 [...]</p><p>IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fun-</p><p>damentadas todas as decisões sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a pre-</p><p>sença, em determinados atos, às próprias partes e seus advogados, ou somente</p><p>a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado</p><p>no sigilo não prejudique o interesse público à informação. (BRASIL, 2015)</p><p>Essa exigência constitucional se dá no exercício jurisdicional</p><p>de interesse público maior do que o privado. Trata-se de garantir a paz e</p><p>a harmonia social, uma vez que todos têm o direito de ter conhecimento</p><p>e acompanhar tudo o que acontece no processo. Vale lembrar que há</p><p>exceções quanto à publicidade do processo, como é o caso dos pro-</p><p>cessos em segredo de Justiça, contudo, tal sigilo não irá impedir que as</p><p>partes e os seus advogados tenham acesso ao processo.</p><p>Quando se trata de interesse de ordem pública os atos re-</p><p>alizados no processo em casos de segredo de Justiça, podem ser</p><p>de conhecimento de terceiros se estes forem autorizados pelo juiz.</p><p>Também é importante ressaltar que a publicidade não se trata</p><p>apenas para divulgação da conclusão do julgado, é necessário também</p><p>que sejam públicas as razões que fundamentam tal decisão, uma vez</p><p>que somente assim poderá ser apresentada a realização do efetivo con-</p><p>traditório. Theodoro Júnior (2017, p. 110) complementa dizendo:</p><p>26</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>É importante ter sempre presente que o contraditório assegurado pela Cons-</p><p>tituição compreende a possibilidade de efetiva influência de todos os sujeitos</p><p>do processo (inclusive as partes) na formação do</p><p>provimento pacificador do</p><p>litígio. Sem a motivação adequada, não se poderá aferir se a sentença apre-</p><p>ciou, realmente, as razões e defesas produzidas pelas partes, nem se permi-</p><p>tirá o necessário controle do comportamento do julgador pelos interessados</p><p>mediante mecanismos do duplo grau de jurisdição.</p><p>Pode-se dizer, portanto, que o princípio da publicidade trata do</p><p>poder de discutir sobre as provas apresentadas, como modo de motiva-</p><p>ção da sentença e de sua publicação, assim como oferece opções de</p><p>poder ou não às partes para intervir junto com seus advogados durante</p><p>as fases do processo.</p><p>Em se tratando de obrigação de se fundamentar as decisões</p><p>judiciais, trata-se, no mesmo momento, de uma obrigação do juiz e de</p><p>um direito individual da parte como garantia do exercício da Administra-</p><p>ção Pública.</p><p>Esse princípio é obrigação do juiz por se tratar do devido pro-</p><p>cesso legal e por ser uma parte fundamental da decisão formal do juiz</p><p>que não pode deixar de ser passado à parte, conforme previsto no ar-</p><p>tigo 489 do Código Processual Civil, em seu inciso II: "São elementos</p><p>essenciais da sentença: [...] II - os fundamentos, em que o juiz analisará</p><p>as questões de fato e de direito" (BRASIL, 2015).</p><p>PRINCÍPIO DA ISONOMIA E REPULSA AO TRATAMENTO PRIVILE-</p><p>GIADO</p><p>As sentenças ou acórdãos deverão ser ditos, de preferência, obe-</p><p>decendo a estrutura temporal de conclusão, conforme artigo 12 do CPC.</p><p>Desse modo, a intenção da lei é evitar que os processos sejam julgados</p><p>de forma aleatória, dando preferência ou não para um ou outro processo.</p><p>Como todos têm os mesmos direitos previstos em lei e as partes</p><p>devem ser tratadas de forma igual, é claro que a garantia de isonomia es-</p><p>tará sendo violada se a escolha do processo a ser julgado não for feita por</p><p>ordem de cronologia de conclusão. Não deve haver privilégios na escolha.</p><p>Para que esse princípio seja garantido, o artigo 12 parágrafo 1º</p><p>do CPC, obriga que deve haver constantemente a manutenção da lista</p><p>de processos que estão aptos para julgamento, sendo essa lista dispo-</p><p>nível para consulta pública.</p><p>27</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Após o processo se encontrar na lista prevista no artigo 12</p><p>parágrafo primeiro do CPC não poderá haver alteração da ordem</p><p>cronológica.</p><p>O parágrafo 2º do referido artigo apresenta as exceções em</p><p>que o julgamento poderá ser realizado, independentemente da ordem</p><p>cronológica, sendo eles:</p><p>Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cro-</p><p>nológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão.</p><p>[...]§ 2º Estão excluídos da regra do caput:</p><p>I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de</p><p>improcedência liminar do pedido;</p><p>II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firma-</p><p>da em julgamento de casos repetitivos;</p><p>III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de</p><p>demandas repetitivas;</p><p>IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;</p><p>V - o julgamento de embargos de declaração;</p><p>VI - o julgamento de agravo interno;</p><p>VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional</p><p>de Justiça;</p><p>VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham compe-</p><p>tência penal;</p><p>IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por deci-</p><p>são fundamentada. (BRASIL, 2015)</p><p>As exceções não inibem a importância de seguir a ordem</p><p>cronológica.</p><p>Frisa-se que os processos que retornam de instâncias supe-</p><p>riores para novo julgamento, decorrentes de anulação da sentença ou</p><p>acórdão, entram no topo da lista, salvo em caso de haver necessidade</p><p>de diligência ou de complementação da instrução.</p><p>No topo da fila também entraram os processos que foram julga-</p><p>dos no tribunal de origem, depois de terem sido decididos os recursos,</p><p>28</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>sejam eles especiais ou extraordinários, de conteúdo repetitivo, quando for</p><p>necessário que seja reapreciado, conforme artigo 1040 inciso II do CPC:</p><p>Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:</p><p>[...] II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem, reexaminará o</p><p>processo de competência originária, a remessa necessária ou o recurso an-</p><p>teriormente julgado, se o acórdão recorrido contrariar a orientação do tribunal</p><p>superior; (BRASIL, 2015)</p><p>29</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÕES DE CONCURSOS</p><p>QUESTÃO 1</p><p>Prova: CETAP - 2021 - PGE-PA - Técnico de Procuradoria - Admi-</p><p>nistração</p><p>As normas fundamentais de processo civil trazidas na Lei n.º</p><p>13.105/2015 (Código de Processo Civil) estabelecem o seguinte:</p><p>I- A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consen-</p><p>sual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados,</p><p>defensores públicos e membros do Ministério Público, antes do</p><p>início do processo judicial.</p><p>II- O princípio da cooperação estabelece que todos os sujeitos do</p><p>processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo</p><p>razoável, decisão de mérito justa e efetiva.</p><p>III- Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins so-</p><p>ciais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo</p><p>a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade,</p><p>a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.</p><p>IV- Aquele que de qualquer forma participa do processo deve com-</p><p>portar-se de acordo com a boa-fé.</p><p>Após a análise dos itens, marque a única alternativa correta:</p><p>a) Os itens l e ll estão corretos.</p><p>b) Os itens Ill e IV estão errados.</p><p>c) Apenas os itens I, Il e IIl estão corretos.</p><p>d) Apenas os itens II, Ill e IV estão corretos.</p><p>QUESTÃO 2</p><p>Prova: CS-UFG - 2023 - TJ-GO - Residência Jurídica</p><p>Entre os princípios do Direito Processual Civil, aquele em que a de-</p><p>cisão do magistrado convoca as partes a esclarecer sobre a ocor-</p><p>rência ou o modo de ocorrência de determinado fato refere-se ao</p><p>a) princípio da proteção da confiança.</p><p>b) princípio do devido processo legal.</p><p>c) princípio da cooperação.</p><p>d) princípio da publicidade.</p><p>e) princípio da primazia do julgamento de mérito.</p><p>QUESTÃO 3</p><p>Prova: IDCAP - 2020 - Prefeitura de Fundão - ES - Analista Jurídico</p><p>Assinale a alternativa apontando o princípio que corresponde cor-</p><p>retamente a frase a seguir:</p><p>"As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução inte-</p><p>30</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>gral do mérito, incluída a atividade satisfativa."</p><p>a) Princípio do overruling.</p><p>b) Princípio da fundamentação das decisões judiciais.</p><p>c) Princípio da boa-fé objetiva.</p><p>d) Princípio da primazia da resolução do mérito.</p><p>e) Princípio da duração razoável do processo.</p><p>QUESTÃO 4</p><p>Prova: CESPE / CEBRASPE - 2023 - TJ-DFT - Juiz de Direito Substituto</p><p>Quanto à boa-fé e à má-fé processual, assinale a opção correta.</p><p>a) A boa-fé é exigível de qualquer pessoa que participe do processo,</p><p>inclusive testemunhas, peritos e tradutores, sob pena de multa, a ser</p><p>fixada pelo juiz, por litigância de má-fé.</p><p>b) A multa por litigância de má-fé é recolhida a favor do estado ou da União.</p><p>c) A construção de versões dos fatos, mesmo que não totalmente cor-</p><p>respondentes aos que na verdade ocorreram, é prerrogativa da defesa</p><p>em juízo, não configurando, por si só, litigância de má-fé, salvo quando</p><p>somada ao uso do processo para objetivo ilegal ou à dedução de pre-</p><p>tensão contra texto expresso de lei.</p><p>d) A litigância de má-fé acarreta a responsabilização por perdas e da-</p><p>nos, o que pode englobar honorários contratuais de advogados contra-</p><p>tados pela outra parte.</p><p>e) Havendo mais de um litigante de má-fé, a multa aplicável será repar-</p><p>tida entre os litigantes, independentemente de quantos forem.</p><p>QUESTÃO 5</p><p>Prova: CESPE / CEBRASPE - 2021 - PGE-AL - Procurador do Estado</p><p>Os pressupostos necessários para postular em juízo, de acordo</p><p>com o Código de Processo Civil (CPC), incluem</p><p>I - interesse.</p><p>II - legitimidade.</p><p>III - possibilidade jurídica do pedido.</p><p>IV - capacidade.</p><p>V - boa-fé.</p><p>Estão certos</p><p>apenas os itens</p><p>a) I e II.</p><p>b) I e III.</p><p>c) II e IV.</p><p>d) III e V.</p><p>e) IV e V.</p><p>31</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE</p><p>Sabendo que a jurisdição é considerada como a atuação estatal, cuja</p><p>finalidade é aplicar o direito objetivo a determinados casos concretos e</p><p>que um de seus princípios é o da cooperação, discorra sobre o que é</p><p>necessário para garantir o contraditório efetivo.</p><p>TREINO INÉDITO</p><p>Sobre os princípios do processo justo e efetivo e do contraditório</p><p>efetivo, marque a alternativa correta:</p><p>a) A noção de processo justo está intimamente ligada à efetivação da</p><p>prestação jurisdicional.</p><p>b) Não há necessidade de a justiça efetiva aparelhar-se para propiciar</p><p>ao titular do direito um provimento.</p><p>c) O princípio do contraditório é sempre dispensável.</p><p>d) O contraditório é um dever de audiência unilateral garantida as par-</p><p>tes, antes da decisão judicial.</p><p>NA MÍDIA</p><p>PROJETO ESTABELECE OBRIGATORIEDADE DE BOA-FÉ DESDE</p><p>AS NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES DE UM CONTRATO</p><p>O Projeto de Lei 1419/23 altera o Código Civil para obrigar os contra-</p><p>tantes a manter os princípios de "probidade" e "boa-fé" desde as nego-</p><p>ciações preliminares (fase pré-contratual) até a fase pós-contratual. A</p><p>proposta, que tramita na Câmara dos Deputados, é do deputado Afonso</p><p>Motta (PDT-RS) e prevê ainda que a violação dos princípios constitui</p><p>também violação do contrato, independentemente de culpa.</p><p>Hoje, o Código Civil exige o dever de probidade e de lealdade das par-</p><p>tes somente na execução e conclusão do contrato. “As partes devem</p><p>observar o referido princípio também na fase pré-contratual, ou seja,</p><p>nas tratativas, bem como na fase pós-contratual”, defende Motta.</p><p>Fonte: Agência Câmara de Notícias</p><p>Data: 23 de agosto de 2023.</p><p>Leia a notícia na íntegra: https://www.camara.leg.br/noticias/976274-pro-</p><p>jeto-estabelece-obrigatoriedade-de-boa-fe-desde-as-negociacoes-pre-</p><p>liminares-de-um-contrato</p><p>NA PRÁTICA</p><p>TJSP. Procedimento do Juizado Especial Cível. Indenização por Dano</p><p>Material.</p><p>1000745-18.2015.8.26.0428. Juizado Especial Cível e Criminal - Foro</p><p>de Paulínia do Tribunal de Justiça de São Paulo.</p><p>[...] Designada audiência para tentativa de conciliação a mesma restou</p><p>32</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>infrutífera, conforme consta do termo de audiência de p.56. Constata-</p><p>ções apresentadas pelas requeridas no prazo, à p.59/64 e à p.89/94.</p><p>Réplicas à p.210/222. À p.225 o julgamento foi convertido em diligência,</p><p>para que a 2ª requerida colacionasse aos autos comprovantes dos valo-</p><p>res descontados da requerente e repassados à 1ª requerida, cumprindo</p><p>à p.228/246, esclarecendo ainda a inclusão equivocada da pessoa de</p><p>[...], bem como toda a tratativa, via e-mail com a 1ª requerida, para a</p><p>resolução do problema e devolução do que foi indevidamente pago pela</p><p>requerente [...]. (JUSBRASIL,2019)</p><p>33</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>SO acesso à justiça encontra respaldo jurídico no artigo 5º inciso</p><p>XXXV, da Magna Carta, sendo considerado um direito fundamental de</p><p>qualquer cidadão brasileiro, além de também encontrar base no artigo</p><p>3º do Código de Processo Civil, vejamos:</p><p>Art. 3 Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.</p><p>§ 1 É permitida a arbitragem, na forma da lei.</p><p>§ 2 O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos</p><p>conflitos.</p><p>§ 3 A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de</p><p>conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públi-</p><p>cos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.</p><p>(BRASIL, 2015)</p><p>ACESSO À JUSTIÇA</p><p>33</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>D</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>34</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O acesso à justiça não se resume apenas ao direito de ser</p><p>ouvido por um representante judicial, ou seja, um magistrado, ou em</p><p>conseguir uma respostar qualquer de um juiz; mas sim, ter um direito</p><p>potestativo/objetivo a uma tutela jurisdicional de direitos justos e efeti-</p><p>vos, cujo objetivo primordial é alcançar as garantias fundamentais do</p><p>processo, garantias estas impostas pela Constituição da República.</p><p>O acesso à justiça é a efetiva busca da tutela dos direitos e ga-</p><p>rantias individuais e estruturais, ou seja, é um direito individual conferido às</p><p>pessoas naturais ou jurídicas, onde provoca o judiciário e dele tem o direito</p><p>de obter respostas acerca de qualquer intento judicial, protocolado.</p><p>Para o acesso à justiça, temos a colaboração do juiz natural (o</p><p>magistrado) onde a manifestação das vontades estatais se dá através do</p><p>juiz natural, todavia, pautadas em imparcialidade. Insta observar que as</p><p>manifestações de vontade do juiz natural, onde decida qualquer interesse</p><p>presente no acesso à justiça, são passíveis do contraditório e da ampla de-</p><p>fesa, cujo objetivo é a efetivação do princípio da isonomia entre as partes.</p><p>O objetivo primordial do judiciário é obter a coisa julgada, as-</p><p>segurado as garantias constitucionais e a obrigatória tutela jurisdicional</p><p>efetiva. Sendo assim, para garantir a efetiva tutela jurisdicional efetiva</p><p>deve-se observar as garantias constitucionais, quais sejam:</p><p>• Impessoalidade das decisões</p><p>• Independência dos Juízes</p><p>• Motivação das decisões</p><p>• Contraditório e ampla defesa</p><p>• Respeito ao devido processo legal</p><p>• Publicidade e duração razoável do processo</p><p>• Duplo grau de jurisdição (direito a recurso)</p><p>Por fim, levando em consideração todas estas garantias, ter-</p><p>-se-á um acesso à justiça mais justo e digno, além de respeitar-se as</p><p>garantias constitucionais obrigatórias.</p><p>JURISDIÇÃO</p><p>Diversos doutrinadores tentam definir o que é a jurisdição, o que</p><p>é ter o direito de invocar a jurisdição, porém, sempre há controvérsias</p><p>entre definições. Sendo assim, jurisdição é considerada uma atuação</p><p>estatal, cuja finalidade é aplicar o direito objetivo a determinados casos</p><p>concretos, formalizando a coisa julgada, dentro de um litigio jurídico.</p><p>Muito se fala em jurisdição, que é a resolução de conflitos entre</p><p>as partes processuais, substituindo as manifestações de vontades pelo</p><p>que elenca o sistema normativo de leis, porém, não é todo o tempo que</p><p>35</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>existirá um conflito de interesses e, nem sempre, a prestação jurisdicio-</p><p>nal substituirá as vontades das partes.</p><p>Neste diapasão, a jurisdição pode ser estudada em três aspec-</p><p>tos: o poder, a função jurisdicional e a atividade. O poder jurisdicional é</p><p>o fator que externiza o livre exercício da função jurisdicional onde con-</p><p>cretiza seus efeitos jurídicos através da atividade jurisdicional.</p><p>Ademais, o poder jurisdicional é representado pelo poder es-</p><p>tatal, cujo objetivo é interferir na vida jurídica dos seus administrados,</p><p>sempre aplicando o direito justo ao caso concreto solucionando os lití-</p><p>gios judiciais existentes. Nota-se que o poder jurisdicional depende ex-</p><p>clusivamente da atuação estatal organizada e fortificada, para poder in-</p><p>terferir efetivamente dentro do ambiente jurídico de seus administrados.</p><p>Por outro norte, a função jurisdicional é imposta pela Constitui-</p><p>ção da República, ou seja, exercer efetivamente o poder jurisdicional con-</p><p>ferido ao Estado. Neste sentido, a função jurisdicional não é exclusiva do</p><p>Poder Judiciário, haja vista que o poder legislativo tem a função atípica de</p><p>julgar, como exemplo o processo de impeachment de um Presidente da</p><p>República (artigos 49, inciso IX, e 52, inciso I da Magna Carta).</p><p>Por fim, pode-se dizer que a atividade jurisdicional é o conjunto</p><p>de condutas efetivadas pelos agentes estatais, dentro de um processo</p><p>de jurisdição. Insta observar que a função jurisdicional é concretizada</p><p>através da atividade/processo jurisdicional. Tal processo é exemplifica-</p><p>do pela lei e externizado por um juiz de direito, que representa os inte-</p><p>resses do estado,</p><p>podendo ser definido como “Estado-juiz”.</p><p>EQUIVALENTES JURISDICIONAIS</p><p>O sistema normativo brasileiro não resolve litígios exclusiva-</p><p>mente por meio da jurisdição, ou seja, o judiciário. São admitidas outras</p><p>formas de resolução, pelas quais as partes possam buscar uma solução</p><p>viável, podendo ser chamadas de equivalentes jurisdicionais ou formas</p><p>alternativas de solução de conflitos.</p><p>Donizetti (2019, p. 197) assevera que os equivalentes jurisdi-</p><p>cionais são:</p><p>Esses procedimentos não jurisdicionais de solução dos conflitos é que são</p><p>denominados meios alternativos de pacificação social (ou equivalentes juris-</p><p>dicionais). Ao contrário da jurisdição, as formas alternativas não são dotadas</p><p>de definitividade, submetendo-se ao controle do Judiciário. No entanto, os</p><p>equivalentes jurisdicionais apresentam o benefício da celeridade – porquanto</p><p>menos formalistas do que um processo comum – e do baixo custo financei-</p><p>ro, que é elevado nos processos jurisdicionais (taxas judiciárias, honorários</p><p>36</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>advocatícios, custas de perícia...) e que muitas vezes sequer existem nos</p><p>meios alternativos. Tais particularidades, aliadas à percepção de que o Es-</p><p>tado, muitas vezes, falha em sua missão pacificadora, têm contribuído para</p><p>uma valorização crescente dos meios não jurisdicionais de pacificação social.</p><p>Insta salientar que o sistema normativo jurídico brasileiro abar-</p><p>ca quatro espécies de equivalentes jurisdicionais, quais sejam: auto-</p><p>tutela, autocomposição/conciliação, mediação e arbitragem. Todavia, o</p><p>último equivalente jurisdicional é considerado uma concreta hipótese de</p><p>jurisdição, caso que será tratado em tópico especifico.</p><p>Autotutela</p><p>A autotutela é considerada como a forma mais arcaica de solu-</p><p>ção de conflitos, haja vista que há um sacrifício de vontade/interesse de</p><p>uma das partes presentes do litigio em detrimento do efetivo exercício</p><p>de força pela parte vencedora.</p><p>Neves (2017, p. 60) define força como:</p><p>Por “força” deve-se entender qualquer poder que a parte vencedora tenha</p><p>condições de exercer sobre a parte derrotada, resultando na imposição de</p><p>sua vontade. O fundamento dessa força não se limita ao aspecto físico, po-</p><p>dendo-se verificar nos aspectos afetivo, econômico e religioso.</p><p>Ademais, o uso da “força” na solução de litígios não é consi-</p><p>derado o mais adequado dentro de um Estado Democrático de Direito,</p><p>além de relembrar indícios sociais menos evoluídos, pouco importando</p><p>de quem era o direito justo no caso concreto.</p><p>A doutrina brasileira assevera que o instituto da autotutela tem</p><p>um caráter excepcional, haja vista que existem poucas previsões legais,</p><p>quais sejam:</p><p>• Legitima defesa (artigo 188, inciso I, do Código Civil)</p><p>• Penhor legal (artigo 1.467, inciso I, do Código Civil)</p><p>• Desforço Imediato (artigo 1.210, § 1º, do Código Civil)</p><p>Tais dispositivos mencionados acima trazem consigo uma jus-</p><p>tificativa plausível para coexistirem, ou seja, o estado não tem a capaci-</p><p>dade de estar presente em todos os momentos solucionando os litígios,</p><p>sendo assim, o sistema jurídico, diante da ausência estatal, soluciona</p><p>as violações ou ameaças a direito através da força de uma das partes</p><p>envolvidas no problema.</p><p>Cintra (2006, p. 35) assegura que a autotutela é uma solução</p><p>parcial e egoísta de litígios, vejamos:</p><p>37</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>Consiste a autotutela na solução do litígio pela imposição da vontade de um</p><p>dos interessados sobre a vontade do outro. Trata-se de solução egoísta e parcial dos</p><p>conflitos, vedada por nosso ordenamento, como regra geral. Se exercida por particular,</p><p>a autotutela é tipificada como crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345</p><p>do CP). Quando executada pelo Estado, configura abuso de poder. Em algumas situa-</p><p>ções excepcionais, a própria lei admite a autotutela. Tal ocorre por duas razões básicas:</p><p>“a) a impossibilidade de estar o Estado-juízo presente sempre que um direito esteja</p><p>sendo violado ou prestes a sê-lo; b) ausência de confiança de cada um no altruísmo</p><p>alheio, inspirador de uma possível autocomposição”.</p><p>É importante salientar que a autotutela é a única forma de</p><p>solução alternativa de litígios, onde pode ser revista pelo poder</p><p>judiciário, haja vista que a parte perdedora poderá provocar o ju-</p><p>diciário cujo objetivo é reverter os prejuízos causados, oriundos</p><p>da solução litigiosa através do exercício da força da parte adversa.</p><p>Neste sentido, a autotutela não tem um caráter de definitivida-</p><p>de, onde cada situação concreta poderá e deverá ser revista caso haja</p><p>algum prejuízo configurado, ou cerceamento de direitos.</p><p>Meios Alternativos de Pacificação Social e Suas Espécies</p><p>Com o passar dos anos, o sistema judiciário brasileiro vem valo-</p><p>rizando as formas alternativas de solução de litígios. O Código de Proces-</p><p>so Civil de 2015 destinou um capítulo inteiro para regulamentar a atuação</p><p>dos mediadores e conciliadores judiciais, ou seja, artigos 165 até 175, tais</p><p>artigos visam regulamentar a mediação ou conciliação quando já exista</p><p>um processo ativo, cujo objetivo é extinguir processos através de senten-</p><p>ças homologatórias fundamentando-se na autocomposição.</p><p>A preocupação do legislador é fluxorganizar as formas consen-</p><p>suais de solução de conflitos mediante artigos/leis organizadas em um</p><p>procedimento inteligente e concreto.</p><p>Insta salientar que na praxe jurídica não há uma ênfase na</p><p>aplicação da mediação, porém, é cediço que as formas alternativas de</p><p>solução litigiosa são mais aplicadas na seara de Direito de Família. Nes-</p><p>te sentido, quanto mais consensual for a solução litigiosa haverá menos</p><p>processos judiciais, desafogando o Poder Judiciário.</p><p>Neves (2017, p. 62) assevera que:</p><p>38</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>O que me causa extremo desconforto é notar que a valorização da conciliação</p><p>(a mediação é ainda embrionária entre nós) leve-nos a ver com naturalidade o</p><p>famoso ditado de que vale mais um acordo ruim do que um processo bom. Ao</p><p>se concretizar tal estado de coisas, estaremos definitivamente renunciando ao</p><p>respeito do direito material e decretando a falência do Poder Judiciário.</p><p>Mediação e Conciliação</p><p>A mediação é considerada uma garantia que estimula a auto-</p><p>composição, compreende onde um terceiro (o mediador) treinado por</p><p>técnicas pertinentes para tanto ouvir as partes e seus interesses oferen-</p><p>do diferentes soluções/visões para o problema em questão, cujo objeti-</p><p>vo é facilitar a composição do litigio. Insta salientar que a decisão de au-</p><p>tocomposição e de exclusiva vontade das partes, nunca é do mediador.</p><p>Neves (2017, p. 64) define mediação como:</p><p>Uma forma alternativa de solução de litígios fundada no exercício da vontade</p><p>das partes, o que é o suficiente para ser considerada espécie de forma con-</p><p>sensual de conflitos, mas não deve ser confundida com a autocomposição.</p><p>A mediação é composta pela inexistência de sacrifício total ou</p><p>parcial de vontades das partes litigantes, neste contexto, temos a previ-</p><p>são de solução de conflitos justo, haja vista ter previsão legal no artigo</p><p>165, §3º do Código de Processo Civil:</p><p>Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de</p><p>conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de concilia-</p><p>ção e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar,</p><p>orientar e estimular a autocomposição.</p><p>[...]</p><p>§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver</p><p>vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender</p><p>as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo</p><p>restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções con-</p><p>sensuais que gerem benefícios mútuos. (BRASIL, 2015)</p><p>Neste diapasão, a perspectiva de solucionar litígios, onde não</p><p>exista imposição de normas é imensuravelmente mais benéfico para</p><p>ambas as partes, sendo assim, a aplicação da mediação é</p><p>uma forma</p><p>mais interessante que a autocomposição.</p><p>Neves (2017, p. 64) traduz perfeitamente a função do mediador:</p><p>O mediador não propõe soluções do litígio às partes, mas as instigam a des-</p><p>cobrirem as suas origens, de forma a facilitar a sua remoção e assim chega-</p><p>39</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>rem à solução do litígio. Sendo assim as partes envolvidas chegam por si sós</p><p>à uma solução pacifica, tendo o mediador apenas a tarefa de induzir a partes</p><p>a se conciliarem.</p><p>Neste sentido, a mediação encontra semelhanças com o ins-</p><p>tituto da conciliação, haja vista que ambas concretizam a autocompo-</p><p>sição, cabendo somente uma distinção, pois a conciliação visa o acor-</p><p>do entre os litigantes, enquanto a medição externiza debater o conflito,</p><p>onde surge um acordo como mera consequência. Muitos dizem que se</p><p>trata de uma diferença de método, porém, o resultado é o mesmo.</p><p>A lei 13.140/2015 em seu artigo 1º, conceituou a mediação:</p><p>Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a mediação como meio de solução de contro-</p><p>vérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito</p><p>da administração pública.</p><p>Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por ter-</p><p>ceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as</p><p>auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a</p><p>controvérsia. (BRASIL, 2015)</p><p>Como já foi dito, o mediador não pode propor solução para</p><p>as partes, mas sim facilitar através do levantamento da problemática,</p><p>gerando uma análise mais profunda para que os próprios litigantes che-</p><p>guem a um consenso. Já o conciliador age de diferente forma, onde ele</p><p>aponta soluções cujo objetivo é agilizar o processo judicial, mas sem</p><p>dizer quem está errado ou certo, apenas tenta solucionar aplicando as</p><p>técnicas que foram lecionadas.</p><p>Nesta seara, pode ser objeto de mediação conflitos inerentes</p><p>a direitos disponíveis, mas também aqueles litígios versados de direitos</p><p>indisponíveis que admitam acordos como: alimentos e guarda de filhos.</p><p>Insta salientar que ao envolver menores ou incapazes exige-se a homo-</p><p>logação da transação/mediação, em juízo, pois carece da oitiva do Minis-</p><p>tério Público, conforme preleciona o artigo 3º, § 2º, da lei 13.140/2015.</p><p>À luz da lei 13.140/2015, a autocomposição é aplicada ao di-</p><p>reito patrimonial privado, todavia, existe um entendimento moderno que</p><p>tal lei também se aplica à Administração Pública, onde pode solucionar</p><p>conflitos envolvendo entes estatais por meio da conciliação ou media-</p><p>ção (artigo 32 da referida lei).</p><p>Por outro norte, na esfera extrajudicial a mediação também</p><p>produz efeitos concretos, sendo assim a lei 13.140/15 dispõe que a me-</p><p>diação extrajudicial se iniciará pelo convite através de qualquer meio de</p><p>comunicação. Neste contexto, as partes podem também manifestar a</p><p>“cláusula de mediação”, por meio da qual os litigantes se comprometem</p><p>40</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>primeiro a tentar uma mediação, antes de provocar o Poder Judiciário</p><p>ou a arbitragem.</p><p>Como forma de concretizar a mediação extrajudicial, as cláu-</p><p>sulas de mediação podem prever penalidades, em casos onde a parte</p><p>convidada não compareça a primeira reunião. O artigo 22, § 2º, inciso</p><p>IV da lei 13.140/15 fundamenta tal penalidade:</p><p>Art. 22. A previsão contratual de mediação deverá conter, no mínimo:</p><p>[...]</p><p>§ 2º Não havendo previsão contratual completa, deverão ser observados os</p><p>seguintes critérios para a realização da primeira reunião de mediação:</p><p>[...]</p><p>IV - o não comparecimento da parte convidada à primeira reunião de media-</p><p>ção acarretará a assunção por parte desta de cinquenta por cento das custas</p><p>e honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento</p><p>arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação para a qual</p><p>foi convidada. (BRASI, 2015)</p><p>Por fim, há uma situação onde as partes podem, mediante cláu-</p><p>sula contratual prévia, estipular um prazo para o início da ação judicial ou</p><p>do procedimento arbitral, como exemplo, a cláusula prevendo que as par-</p><p>tes só podem discutir judicialmente um inadimplemento após 5 meses de-</p><p>pois de notificada a parte contrária, vejamos o artigo 23 da lei 13.140/15:</p><p>Art. 23. Se, em previsão contratual de cláusula de mediação, as partes se</p><p>comprometerem a não iniciar procedimento arbitral ou processo judicial du-</p><p>rante certo prazo ou até o implemento de determinada condição, o árbitro ou</p><p>o juiz suspenderá o curso da arbitragem ou da ação pelo prazo previamente</p><p>acordado ou até o implemento dessa condição.</p><p>Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência</p><p>em que o acesso ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o pereci-</p><p>mento de direito.</p><p>Por fim, temos duas diferenças entre a conciliação e a media-</p><p>ção (autocomposição), cujo fundamento se encontra no artigo 165 do</p><p>Código de Processo Civil, haja vista que elenca as espécies de conflitos</p><p>mais pertinentes para a atuação do conciliador e do mediador, vejamos:</p><p>• O conciliador deve atuar preferencialmente nos casos em que</p><p>não tiver havido vínculo anterior entre as partes. Significa dizer que a</p><p>conciliação é mais adequada para conflitos de interesse que não en-</p><p>volvam relação continuada entre as partes, que passaram a manter um</p><p>vínculo justamente em razão da lide instaurada, como ocorre numa co-</p><p>lisão de veículos. Ou ainda, para aquelas partes que têm uma relação</p><p>anterior pontual, tendo a lide surgido justamente desse vínculo, como</p><p>41</p><p>M</p><p>E</p><p>D</p><p>IA</p><p>Ç</p><p>Ã</p><p>O</p><p>E</p><p>C</p><p>O</p><p>N</p><p>F</p><p>LI</p><p>TO</p><p>S</p><p>-</p><p>G</p><p>R</p><p>U</p><p>P</p><p>O</p><p>P</p><p>R</p><p>O</p><p>M</p><p>IN</p><p>A</p><p>S</p><p>ocorre num contrato celebrado para a compra de um produto ou para a</p><p>prestação de um serviço. (NEVES, 2017, P. 65)</p><p>• O mediador deve atuar preferencialmente nos casos em que</p><p>tiver havido liame anterior entre as partes. São os casos em que as par-</p><p>tes já mantinham alguma espécie de vínculo continuado antes do surgi-</p><p>mento da lide, o que caracteriza uma relação continuada e não apenas</p><p>instantânea entre elas, como ocorre no direito de família, de vizinhança</p><p>e societário. (NEVES, 2017, p. 65)</p><p>Neste diapasão, a doutrina jurídica brasileira especifica as téc-</p><p>nicas de mediação retiradas da lei 13.140/2015, vejamos:</p><p>• Escuta ativa: o mediador, através da linguagem verbal e não ver-</p><p>bal, decodifica os interesses das partes de modo mais simplório de enten-</p><p>dimento. Traz em evidência os interesses das partes, cujo objetivo é aliviar</p><p>as tensões e assegurar as partes, a sensação de que está sendo ouvido.</p><p>• Formulação de perguntas: o mediador formula perguntas cru-</p><p>ciais para obter informações cruciais à compreensão do conflito, possi-</p><p>bilitando a identificação de alternativas viáveis, que visem atender às</p><p>necessidades dos litigantes.</p><p>• Resumo seguido de confirmações: o mediador relata, de for-</p><p>ma concisa, os interesses dos litigantes, cujo objetivo é analisar de for-</p><p>ma geral e evidenciar os pontos em comum da lide processual.</p><p>• Sessão privada: como o próprio nome define, é um tipo de</p><p>reunião privada, onde o mediador reúne-se separadamente com cada</p><p>parte envolvida na lide, cujo objetivo é exemplificar diversas formas de</p><p>acordo. Importante salientar que deverá ter sessões privadas com todas</p><p>as partes envolvidas nos litígios (autor e réu)</p><p>• Brainstorming: é uma técnica envolvendo dinâmicas rápidas</p><p>e curtas incentivando a criatividade dos litigantes, quando não conse-</p><p>guem, por si sós, levantar opções de acordo. É concretizada inicialmen-</p><p>te para gerar ideias, sem críticas. Sendo assim, as partes explanam</p><p>suas ideias para solucionarem o litígio.</p><p>• Teste de realidade: o mediador busca uma reflexão realista</p><p>dos litigantes, sobre as propostas apresentadas, através de parâmetros</p><p>objetivos, ou seja, conversas mais diretas e objetivas.</p><p>Todas essas técnicas elencadas acima visam concretizar o obje-</p><p>tivo da mediação, ou seja, que as partes cheguem a um acordo, entretan-</p><p>to, na prática, muitas vezes o conflito de interesses é grande, sendo as-</p><p>sim,</p>