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<p>GESTÃO DE POLÍTICAS</p><p>PÚBLICAS</p><p>AULA 5</p><p>Prof. Márcio Bernardes de Carvalho</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Esta aula foi estruturada para apresentar aos leitores os conceitos de</p><p>gestão por resultados como primeiro tema. A avaliação das políticas públicas</p><p>será nosso segundo tema que irá introduzir o caminho dialógico da avaliação-</p><p>monitoramento. Como já descrito, o monitoramento será nosso terceiro tema,</p><p>seguido do papel dos conselhos, apresentando a dinâmica contemporânea das</p><p>políticas e o elemento do controle social. Como último tema, apresentaremos os</p><p>conceitos de Estado, mercado e sociedade aliados às políticas públicas.</p><p>Serão utilizados exemplos e problematizações para o exercício da leitura</p><p>reflexiva.</p><p>TEMA 1 – GESTÃO POR RESULTADOS</p><p>Alguns autores da área da administração pública sugerem que, desde o</p><p>final do século XX, no Brasil, a crítica à centralização do poder, hierarquização</p><p>das relações e rigidez nos procedimentos, descontinuidade administrativa de</p><p>objetivos, estruturas e projetos e de políticas públicas, inexistência de</p><p>indicadores adequados para estabelecer ciclos de controle, a fragilidade no</p><p>sistema de recompensas, reconhecimentos e punições e a cultura e clima</p><p>organizacional inviabilizam o compartilhamento de conhecimento, criando um</p><p>cenário propicio ao surgimento de novas ferramentas e modelos de gestão que</p><p>pudessem superar as dificuldades listadas acima, seja no seu enfrentamento ou</p><p>por substituição de procedimentos.</p><p>Segundo Gomes (2009), a gestão por resultados apresenta um ciclo que</p><p>se inicia pelo estabelecimento de resultados desejados verificados dentro do</p><p>plano de governo. Após isso, elege o monitoramento e a avaliação e, por último,</p><p>retroalimenta o sistema de gestão, sendo todo esse processo orientado pelo</p><p>planejamento estratégico da gestão.</p><p>Os quatro princípios basilares da gestão por resultados são os seguintes:</p><p> Eficiência: capacidade de gestão e produção aliado ao uso racional de</p><p>recursos (humanos e financeiros);</p><p> Eficácia: capacidade de cumprimento de metas dentro do prazo</p><p>determinado;</p><p> Efetividade: capacidade de satisfação das necessidades da sociedade e</p><p>da própria gestão;</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>3</p><p> Sustentabilidade: capacidade de gestar e produzir utilizando recursos</p><p>naturais presentes sem comprometer a satisfação das necessidades das</p><p>gerações futuras.</p><p>Para Hilário (2009), são funções da gestão por resultados a definição da</p><p>direção estratégica, a implementação e administração do processo avaliando</p><p>seu fluxo e possíveis alterações e a melhora contínua do desempenho das</p><p>atividades em andamento.</p><p>A gestão por resultados determina uma produtividade mínima de setores,</p><p>programas e ações que devem adaptar-se a uma rotina de busca contínua de</p><p>cumprimento de metas bem como de qualificação permanente dos agentes</p><p>envolvidos, visando tornar mais ágeis e eficientes os processos e fluxos dentro</p><p>do sistema público.</p><p>É necessário diferenciar o sistema de gestão por resultados do mundo</p><p>privado para o âmbito público, levando em consideração a finalidade de cada</p><p>um. Dessa forma, é necessário que a gestão por resultados dentro da</p><p>administração pública esteja em sintonia com as diretrizes constitucionais, mas</p><p>sem perder sua essência fundamental.</p><p>TEMA 2 – AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS</p><p>Se as políticas públicas são o conjunto de programas ou ações</p><p>governamentais que atendem às necessidades da sociedade de forma integrada</p><p>e articulada, é necessário que existam mecanismos ou ferramentas que auxiliem</p><p>gestores na sua avaliação.</p><p>Em um primeiro momento das políticas públicas, acreditou-se que a</p><p>avaliação das políticas se dava no momento pós-execução ou depois de algum</p><p>tempo de seu início (quase sempre no próximo ano fiscal). Nesse período, temos</p><p>a centralização das avaliações feitas entre executivo e legislativo e,</p><p>excepcionalmente, por alguma pesquisa acadêmica.</p><p>Nosso momento atual exige mais que isso, pois as políticas públicas</p><p>podem ser avaliadas para seu aperfeiçoamento, ou seja, uma avaliação</p><p>formativa que, no momento de implementação das políticas públicas, deve</p><p>oportunizar para os agentes públicos um exame e diagnóstico objetivo sobre a</p><p>política pública.</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>4</p><p>A avaliação formativa pode ser realizada também durante o</p><p>desenvolvimento das políticas públicas, contribuindo para avaliações de cada</p><p>momento e como estas podem ser alteradas de forma a dinamizar, qualificar e</p><p>tornar mais eficiente o serviço público.</p><p>Um segundo tipo de avaliação auxilia na tomada de decisão ou em relação</p><p>à sua adoção ou expansão. Denominada avaliação somativa, é utilizada para o</p><p>estudo da eficácia e o julgamento da política como um todo.</p><p>A avaliação somativa é frequentemente realizada nos estágios finais da</p><p>execução ou de um certo período do ano fiscal (novembro ou dezembro),</p><p>visando dar informações aos gestores ou órgãos de fiscalização sobre um</p><p>diagnóstico mais amplo para a tomada de decisão sobre o projeto.</p><p>A avaliação de políticas públicas não pode se resumir a comparações</p><p>formais de números e datas (tempos). É necessário que sejam levados em</p><p>consideração o contexto, o diagnóstico inicial, os desafios das políticas e os</p><p>eventos ocorridos durante a formulação ou mesmo a execução dessas políticas,</p><p>visando qualificar a perspectiva sobre os processos e identificar quais foram os</p><p>fatores de sucesso, atraso ou fracasso, verificando possibilidades de superação</p><p>dos desafios e tornando esse conjunto de análises conhecimento acumulado da</p><p>política pública.</p><p>TEMA 3 – MONITORAMENTO</p><p>O monitoramento de políticas públicas é uma atividade que deve ser</p><p>considerada obrigatória em tempos de troca de informações por meio eletrônico.</p><p>A justificativa para essa afirmativa se dá pela necessidade de</p><p>acompanhamento rotineiro do desenvolvimento das políticas desde o seu</p><p>planejamento, passando pela sua implementação, etapas e fases de</p><p>desenvolvimento até sua conclusão (durante o ano fiscal ou mesmo no</p><p>encerramento de atividades.</p><p>O monitoramento, na maioria das vezes, utiliza recursos administrativos</p><p>para o acompanhamento de todos os processos, sejam eles materiais,</p><p>financeiros ou humanos. Os recursos administrativos são os produtos finais de</p><p>processos internos da gestão.</p><p>Ao se realizar uma compra de equipamentos, o relatório da licitação nos</p><p>fornecerá os números finais que poderão ser comparados aos números iniciais</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>5</p><p>do projeto ou mesmo verificar se os tempos previstos para licitação poderão ou</p><p>não causar algum dano ao desenvolvimento da política.</p><p>Dessa forma, é necessário que o monitoramento não esteja somente</p><p>vinculado aos números, quantificações ou porcentagens ligadas a aquisição de</p><p>produtos ou contratação de serviços; é preciso colocar os tempos dentro da</p><p>lógica das políticas públicas.</p><p>Por exemplo, se uma política pública de garantia de direitos de</p><p>adolescentes a uma vida saudável previr a contratação de um profissional e de</p><p>equipamentos para uma atividade específica, os tempos de contratação do</p><p>profissional devem estar sintonizados à chegada dos equipamentos para que</p><p>não se onere o poder público pela contratação de um profissional que não possui</p><p>os equipamentos necessários ou o contrário.</p><p>O monitoramento poderá instrumentalizar os processos de avaliação das</p><p>políticas públicas, a qual não pode ser confundida com a avaliação de resultados</p><p>das políticas, pois demonstra somente números e tempos, e as avaliações</p><p>devem considerar também contextos e desafios de toda ordem</p><p>que poderão</p><p>impedir que o planejado seja executado.</p><p>TEMA 4 – O PAPEL DOS CONSELHOS</p><p>A Constituição Federal de 1988 descentralizou o poder do Estado,</p><p>possibilitando que a sociedade civil possa participar da formulação e do controle</p><p>das políticas públicas nos três níveis da administração. Em seu art. 204, a</p><p>Constituição prevê a “participação da população, por meio de organizações</p><p>representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos</p><p>os níveis” (Brasil, 1988).</p><p>Em um momento de constante aumento populacional e de</p><p>complexificação das relações sociais, que exigem cada vez mais soluções por</p><p>meio de políticas públicas, os conselhos reúnem as representações do executivo</p><p>e da sociedade civil, visando tornar permanentes a avaliação e o monitoramento</p><p>das políticas.</p><p>Áreas como educação, saúde, assistência social, direitos da criança e do</p><p>adolescente possuem conselho consolidados, e, na sua grande maioria, a</p><p>vinculação de recebimento de certos recursos está condicionada à existência de</p><p>um conselho. É normal encontrar em algumas obras a designação de “conselhos</p><p>de direitos” para falarmos das grandes áreas temáticas das políticas públicas,</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>6</p><p>porém é necessário salientar que existem conselhos muito específicos,</p><p>fundamentais para as políticas públicas, que muitas vezes não versam sobre um</p><p>direito constitucional específico, mas que também fazem parte desse novo</p><p>contexto de aumento da participação da sociedade civil organizada nas políticas</p><p>públicas.</p><p>Os conselhos podem ser diferenciados quando de sua constituição. A lei</p><p>poderá prever que os conselhos sejam deliberativos das políticas públicas ou</p><p>limitados à sua área de atuação ou mesmo consultivos.</p><p>Mesmo os conselhos deliberativos não substituem o Executivo na</p><p>execução de políticas públicas, pois os deliberam sobre a política, mas não a</p><p>executam, uma vez que não é essa a sua finalidade. É necessário salientar que,</p><p>quando tratamos de execução de políticas públicas e a relação destas com seus</p><p>conselhos, não se pode deixar de lado que a construção do Plano Plurianual –</p><p>PPA, da Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e da Lei Orçamentária Anual –</p><p>LOA passam pelo debate com o conselho e, a depender do Conselho e de sua</p><p>legislação, é necessário que este aprove dentro de cada instrumento a política</p><p>para depois serem repassados ao Legislativo.</p><p>TEMA 5 – ESTADO-MERCADO-SOCIEDADE</p><p>As relações Estado-mercado-sociedade no Brasil estão presentes desde</p><p>a colonização pelos portugueses e estão, sempre, em pleno movimento. Mesmo</p><p>que diversas correntes teóricas definam o Estado das mais diferentes formas, é</p><p>possível afirmar que a maioria dos teóricos entende a atuação central do Estado</p><p>na mediação das relações sociais.</p><p>As inúmeras teorias e obras que analisam a gestão pública possuem uma</p><p>maioria de produção que converge para duas correntes teóricas centrais</p><p>(escolhidas pelo número de produções significativas, tendo em vista as</p><p>necessidades pedagógicas desta aula). A primeira delas pensa em um Estado</p><p>mínimo em que o mercado se autorregula e que é denominada liberalismo. A</p><p>segunda corrente pensa em um Estado com maior intervenção nas relações e</p><p>como é o produto de diversas outras teorias. Denominaremos essa corrente</p><p>como progressista.</p><p>As diferenças de visão sobre a atuação do Estado são o ponto central</p><p>para entendermos como algumas políticas públicas podem se alterar</p><p>completamente de uma gestão para outra, ou mesmo em uma simples troca de</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>7</p><p>gestor. O atendimento às demandas da maioria da sociedade e a visão sobre a</p><p>importância do mercado (sistema econômico/ setor produtivo / setor de serviços)</p><p>se alteram de corrente para corrente.</p><p>Para o gestor, é importante o domínio teórico e o conhecimento das</p><p>origens da política pública para verificar se sua implementação ou</p><p>desenvolvimento seguem a mesma lógica de sua origem teórica, pois em muitos</p><p>casos algumas políticas públicas, por terem origem e fundamentação teórica da</p><p>corrente liberal ou progressista, só conseguem se desenvolver em um ambiente</p><p>fértil para sua essência teórica. Essa não é uma regra, mas pode ter considerada</p><p>como questão importante para a compreensão do desenvolvimento das políticas</p><p>públicas e sua relação com o trinômio Estado-mercado-sociedade.</p><p>NA PRÁTICA</p><p>Toda gestão de políticas públicas precisa ser avaliada e monitorada para</p><p>que o gestor e a sociedade possam, em conjunto, verificar seus procedimentos</p><p>e sua eficiência. Faça uma busca sobre os sistemas de monitoramento e</p><p>avaliação das políticas públicas e os conselhos existentes no seu município e no</p><p>seu estado para aprofundar o tema do controle social e da participação da</p><p>sociedade civil organizada na formulação e avaliação das políticas públicas.</p><p>FINALIZANDO</p><p>Esta aula apresentou aos leitores os conceitos de gestão por resultados</p><p>como primeiro tema. A avaliação das políticas públicas foi nosso segundo tema</p><p>que introduziu o caminho dialógico avaliação-monitoramento. Como já descrito,</p><p>o monitoramento foi nosso terceiro tema, seguido do papel dos conselhos,</p><p>apresentando a dinâmica contemporânea das políticas e o elemento de controle</p><p>social. Como último tema, apresentamos os conceitos de Estado, mercado e</p><p>sociedade, aliados às políticas públicas.</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p><p>8</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial</p><p>da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 5 out. 1988.</p><p>GOMES, E. G. M. Gestão por resultados e eficiência na administração</p><p>pública: uma análise à luz da experiência de Minas Gerais. Tese (Doutorado em</p><p>Administração Pública e Governo) – Fundação Getúlio Vargas – EAESP. São</p><p>Paulo, 2009.</p><p>HILÁRIO, M. A. S. Gestão por resultados na administração pública. Trabalho</p><p>de Conclusão de Curso (Especialização em Especialista em Planejamento</p><p>Governamental e Orçamento Público) – Universidade do Estado do Amazonas</p><p>/UEA. Manaus, 2009.</p><p>A</p><p>luno: D</p><p>IO</p><p>R</p><p>G</p><p>E</p><p>N</p><p>E</p><p>S</p><p>E</p><p>V</p><p>A</p><p>N</p><p>G</p><p>E</p><p>LIS</p><p>T</p><p>A</p><p>LIM</p><p>A</p><p>E</p><p>m</p><p>ail: diorgenesel@</p><p>gm</p><p>ail.com</p>

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