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Journal of Medical and Biosciences Research 
Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
Journal of Medical and Biosciences Research | Gomes et al. 
 
 
A importância da humanização do acolhimento 
no atendimento de enfermagem no SUS: um 
relato de experiência 
 
Rebecca Nascimento da Silveira Gomes* 
Graduanda em Enfermagem pela Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 
 
Juliana de Fatima da Conceição Veríssimo 
Lopes 
Graduanda em Nutrição pela Universidade 
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) 
 
Caroline Momente Martins Saturnino 
Graduada em Nutrição pela Universidade 
Federal da Grande Dourados (UFGD) 
 
Ariadne Araújo Savioti Dias 
Graduada em Enfermagem pelo Centro 
Universitário UNA (UNA) 
 
Lilian da Silva Almeida 
Graduada em Enfermagem pela Universidade 
Estácio de Sá (UNESA) 
 
Katiele Macedo Soares Pinto Cordeiro 
Graduada em Enfermagem pelo Centro 
Univesitário (UNIESP) 
 
Carlos Antonio Teixiera de Lima Sampaio 
Graduando em Enfermagem pelo Centro 
Universitário Celso Lisboa (UCL) 
 
Bárbara Heloíza Barbosa da Silva 
Graduanda em Enfermagem pela Universidade 
Católica de Pernambuco (UNICAP) 
 
Gilson Carlos Fernandes Júnior 
Graduando em Enfermagem pela Faculdade 
de Ciências de Saúde do Trairi (FACISA/UFRN) 
 
Beatriz Pinheiro Borges Neta 
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade 
de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA/UFRN) 
 
Larissa Cristina de Carvalho Pena 
Enfermeira Especialista em Oncologia e 
Hematologia pela Unilago 
 
Lívia Rodrigues Carvalho 
Graduanda em Enfermagem pela Faculdade 
Kennedy 
 
RESUMO: O atendimento na Estratégia de Saúde 
da Família (ESF) preceitua o acolhimento e a 
escuta ativa e qualificada das pessoas, com 
encaminhamento responsável de acordo com as 
necessidades apresentadas, de modo que a 
humanização do atendimento em enfermagem 
configura uma competência ímpar ao enfermeiro no 
contexto da Atenção Básica em Saúde. Objetivo: 
relatar experiências e reflexões como Acadêmica 
Bolsista atuante em uma Clínica da Família, 
concernentes a humanização do acolhimento como 
essencial ao atendimento de Enfermagem; e 
dissertar um caso específico no qual o atendimento 
humanizado foi imprescindível para a efetivação do 
processo de enfermagem, com o cuidado integral 
do paciente. Método: estudo descritivo do tipo relato 
de experiência, elaborado a partir da vivência de 
uma graduanda da UNIRIO no programa 
Acadêmico Bolsista. Resultado: foi relatado o caso 
de um usuário do serviço de saúde que, graças ao 
atendimento humanizado, expôs sua condição de 
usuário de drogas e recebeu encaminhamento aos 
serviços especializados. Discussão: o caso mostra 
a importância do atendimento humanizado para o 
cuidado holístico da pessoa humana. Conclusão: 
urge ensinar ao profissional desde sua graduação 
a importância da humanização a fim de formar 
profissionais aptos a realizar o cuidado integral do 
usuário dos serviços de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras-chave: Humanização; Processo de 
Enfermagem; Graduando; Saúde da Família. 
 
 
Journal of Medical and Biosciences Research 
Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
Journal of Medical and Biosciences Research | Gomes et al. 
 
 
Journal of Medical and Biosciences Research 
vol. 1, núm. 2, 2024 
Rebecca Nascimento da Silveira Gomes 
*Autor correspondente: 
rebeccansgomes@gmail.com 
 
Recepção: 23/06/2024 
Aprovação: 19/07/2024 
Publicação: 23/07/2024 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT: Care in the Family Health Strategy 
(ESF) prescribes welcoming and active and 
qualified listening to people, with responsible 
referral according to the needs presented, so that 
the humanization of nursing care constitutes a 
unique competence for nurses in the context of 
Basic Health Care. Objective: to report experiences 
and reflections as a Scholarship Student working in 
a Family Clinic, concerning the humanization of 
reception as essential to Nursing care; and discuss 
a specific case in which humanized care was 
essential for the implementation of the nursing 
process, with comprehensive care for the patient. 
Method: descriptive study of the experience report 
type, drawn up based on the experience of a 
UNIRIO undergraduate student in the Academic 
Scholarship program. Result: the case of a health 
service user was reported who, thanks to 
humanized care, revealed his condition as a drug 
user and was referred to specialized services. 
Discussion: the case shows the importance of 
humanized care for the holistic care of the human 
person. Conclusion: it is urgent to teach 
professionals from their graduation the importance 
of humanization in order to train professionals 
capable of providing comprehensive care to users 
of health services. 
 
 
Keywords: Humanization; Nursing Process; 
Graduating; Family Health Strategy. 
Journal of Medical and Biosciences Research 
Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
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INTRODUÇÃO 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituído pela Lei n° 8.080/90, que 
detalhou no âmbito infraconstitucional as diretrizes asseguradas pela Constituição 
Federal de 1988. No contexto de redemocratização do país, a ideia de valorização da 
vida humana por meio da construção de uma medicina social, que percebesse os 
indivíduos a partir das desigualdades sociais por eles enfrentadas e suas condições 
de vida como resultado da garantia, ou não, do direito à saúde, germinou no imaginário 
da sociedade brasileira (Anjos, 2019). 
Deste modo, a Lei n° 8.080/90 formaliza no sistema normativo brasileiro a ideia 
do conceito ampliado de saúde instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 
entendido como um bem-estar físico, mental e psicossocial, e não apenas a ausência 
de doença. Ao definir o SUS e elencar seu conjunto de ações e serviços de saúde, 
essa diretriz estabelece o modo como são dispostas as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, assim como a sua organização e o funcionamento 
dos sistemas correspondentes (Spinetti, 2007). 
Graças aos seus princípios e diretrizes visando a alcançar toda a população 
com ações e serviços de qualidade, o SUS é celebrado nacional e internacionalmente 
por programas como o Programa Nacional de Controle de Doenças Sexualmente 
Transmissíveis e Aids (PNDST/Aids), Programa Nacional de Imunização (PNI), 
Sistema Nacional de Transplantes, atuação no campo dos hemoderivados e de 
urgência e emergência (SAMU), além de ampliar o acesso e a qualidade do cuidado 
integral da pessoa humana por meio da Estratégia de Saúde da Família (ESF). Este 
relato se deterá na Estratégia de Saúde da Família. 
A ESF apresenta-se como a estratégia prioritária para a expansão e 
consolidação da Atenção Básica no Brasil, utilizando-se de tecnologia de elevada 
complexidade e baixa densidade, por meio de alto grau de descentralização e 
capilaridade, para ser o contato preferencial com os usuários dos serviços de saúde 
na Rede de Atenção à Saúde (RAS). Orientada pelos princípios da universalidade, da 
acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, 
da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação, a Atenção 
Básica considera o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, a fim de 
produzir uma atenção integral (Brasil, 2006). 
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Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
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A Atenção Básica, por meio da Portaria n° 2.436/17 em seu Art. 2°, é definida 
como 
“o conjunto de ações de saúde individuais, 
familiares e coletivas que envolvem promoção, 
prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento, 
reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos 
e vigilância em saúde, desenvolvida por meio de 
práticas de cuidado integrado e gestãoqualificada, 
realizada com equipe multiprofissional e dirigida à 
população em território definido, sobre as quais as 
equipes assumem responsabilidade sanitária” 
(Brasil, 2017). 
Por ser a ESF uma diretriz da Atenção Básica, propõe o acolhimento e escuta 
ativa e qualificada das pessoas, com classificação de risco e encaminhamento 
responsável de acordo com as necessidades apresentadas, demonstrando como o 
acolhimento do indivíduo aparece, desde sua regulamentação, em local de destaque 
durante o cuidado integral da pessoa humana. 
A Política Nacional de Humanização (PNH), com objetivo de garantir a prática 
dos princípios do SUS nos serviços de saúde, estimula a construção de processos 
coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que, em muitas 
circunstâncias, resultam em atitudes e práticas desumanizadoras, que inibem a 
autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais da área de saúde em seu 
trabalho e dos usuários no cuidado de si (Zonta, 2018). 
Todos os profissionais de saúde, prioritariamente da Atenção Básica, devem 
participar do acolhimento dos usuários, receber e escutar as pessoas e suas 
necessidades, responsabilizando-se pela continuidade da atenção. A Portaria n° 
2.436/21 define como atribuição de todos os membros das equipes de saúde, na 
Atenção Básica, a humanização do atendimento, devendo ser preconizada a 
formação por meio da educação continuada e especializada, que envolva o usuário a 
partir de suas dimensões biopsicossociais ao garantir a escuta ativa das queixas 
relatadas e o protagonismo durante seu processo de saúde-doença no âmbito do 
SUS. 
Tendo como foco o atendimento do enfermeiro, o processo de enfermagem é 
composto por cinco fases, a saber: coleta de dados, diagnóstico, planejamento, 
implementação e avaliação. Utilizando-se da Sistematização da Assistência em 
Enfermagem (SAE) é possível harmonizar todas essas fases a fim de propiciar a 
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prestação de uma assistência organizada e humanizada. Apenas com uma coleta de 
dados adequada é possível fazer o diagnóstico correto do indivíduo a partir de suas 
necessidades, enquanto essa coleta de dados só será efetiva por meio da construção 
de um ambiente seguro para o paciente compartilhar suas vivências e percepções 
sem julgamentos (Bassine, 2023). 
O processo de trabalho da enfermagem é atravessado por elementos de ordem 
subjetiva que transcendem a esfera tecnicista imposta pelo modelo hospitalocêntrico. 
As relações interpessoais e os elementos subjetivos fundamentados no cotidiano das 
práticas de enfermagem – confiança, amizade, responsabilidade, ética, motivação, 
cooperação, envolvimento, criatividade, iniciativa e solidariedade – têm como foco o 
usuário dos sistemas de saúde e suas necessidades integrais, as quais não podem 
ser alcançadas senão por meio de relações horizontais baseadas na humanização do 
atendimento (Thofehrn et al., 2011). 
Nesse ínterim, a problemática encarada é a urgência em realizar atendimentos 
humanizados por parte dos profissionais de enfermagem para a realização do 
processo de enfermagem e garantia da cura do paciente, percebido de forma holística 
e integral em suas esferas biopsicossocial. O graduando de enfermagem deve ser 
estimulado desde o primeiro contato com o paciente a ampliar sua percepção sobre o 
processo de cuidar e como acolher o indivíduo, de modo que o mesmo sinta-se 
confortável para compartilhar todas as suas necessidades, aumentando as 
possibilidades de cura. 
Logo, evidencia-se a necessidade de ampliar os horizontes da formação 
profissional para atuação no SUS considerando o Programa de Estágio Não 
Obrigatório Acadêmico Bolsista, que oferece a graduandos de diversas áreas a 
vivência em unidades básicas de saúde. Este trabalho apresenta relevância ímpar ao 
contribuir com o enriquecimento da formação de profissionais de enfermagem críticos, 
reflexivos e com percepção para a identificação das diversas demandas apresentadas 
pela assistência e suas resoluções. 
O presente trabalho tem como objetivos: relatar experiências e reflexões como 
Acadêmica Bolsista atuante em uma Clínica da Família localizada na CAP 5.3, 
concernentes a humanização do acolhimento como essencial ao atendimento de 
Enfermagem; e, dissertar um caso específico no qual o atendimento humanizado foi 
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imprescindível para a efetivação do processo de enfermagem, com o cuidado integral 
do paciente. 
MATERIAL E MÉTODOS 
Trata-se de um estudo com delineamento descritivo do tipo relato de 
experiência, elaborado a partir da vivência de uma graduanda em Enfermagem da 
UNIRIO (zona sul) quando se iniciou no programa Acadêmico Bolsista em uma Clínica 
da Família (zona oeste) da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, no 
período de maio a dezembro de 2022. 
O estágio consistia em 12 (doze) horas semanais, que foram divididas nos dias 
da semana, contemplando ações de puericultura, pré-natal, acolhimento de 
parturientes, visitas domiciliares, coleta de preventivo, além das consultas de rotina 
(hipertensão, diabetes, saúde do adulto e saúde da mulher), com maior frequência de 
demanda livre. A unidade é constituída por 7 equipes de saúde da família, sendo 
denominadas, neste relato como equipe, utilizando a letra “E”, seguida pelo número 
arábico conforme os dias e horários de atuação, garantindo o anonimato dos 
profissionais de cada equipe. 
O presente trabalho visou apresentar a importância do desenvolvimento de 
humanização para o acolhimento no atendimento de Enfermagem, enfatizando sua 
importância na formação profissional voltada para o SUS, oportunizada pelas 
atividades práticas oportunizadas no Estágio do curso de Graduação em Enfermagem 
e pelo Programa de Estágio Não Obrigatório Acadêmico bolsista, apesar das 
desigualdades sociais visíveis entre as áreas territoriais. 
RESULTADOS 
A Clínica da Família possui turnos manhã e tarde, beneficiando os moradores 
do bairro ao oferecer atendimento integral segundo os protocolos da Atenção Básica. 
Realizei minha prática seguindo a organização da agenda das equipes. Durante o 
período do estágio, presenciei todos os tipos de consultas, tendo sido a maioria de 
demanda livre, tanto pelo regime de marcação de consultas quanto pelo grande porte 
da unidade. 
Em um desses atendimentos, o usuário GSA (55 a), homem, obeso, parte do 
programa de hipertensão arterial sistêmica (HAS), compareceu a unidade para 
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inserção no SISREG de um exame que, apesar de já ter conseguido vaga, não poderia 
ser realizado naquele local pois o equipamento para realização do exame não suporta 
peso superior a 120kg. Enquanto minha preceptora resolvia as questões inerentes à 
função gestora de equipe, não conseguia despender tempo e atenção adequados 
para resolução do problema deste usuário, de modo que iniciei a consulta de 
Enfermagem. 
Em outra situação o Sr. com índice de massa corpórea (IMC) 47.88 estava 
realizando exames para avaliar a função cardíaca, tendo em vista um infarto agudo 
do miocárdio (IAM) ocorrido há menos de 2 meses. Em uso de hidroclorotiazida 25 
mg 1x ao dia, captopril 50 mg 2 comprimidos pela manhã e 2 a noite, sinvastatina 20 
mg 2 comprimidos pela manhã e Diazepam 10 mg 2 comprimidos a noite, resolvi 
refletir e analisar o uso do diazepínico, uma vez que todas as outras medicações eram 
condizentes com o diagnóstico de HAS e dislipidemia, enquanto o remédio controlado 
tinha sido iniciado antes do IAM. 
Ao realizar escutaativa, percebi a ansiedade do paciente GSA, ao relatar sua 
preocupação com a obesidade. Referiu ter sido encaminhado à cirurgia bariátrica, 
realizado todos os exames por meio de laboratórios particulares, para não precisar 
esperar o SUS e garantir a realização da operação, porém, sendo advertido com 
notícias dos efeitos colaterais da cirurgia, na qual amigos o desestimularam, por 
informar que alguns que submeteram ao procedimento, falecerem após o 
procedimento cirúrgico. O que me impediu a concretização e culminou em seu não 
comparecimento no dia programado para a cirurgia. Em seguida, comentou fazer uso 
de substâncias ilícitas há aproximadamente cinco anos para lidar com essa 
ansiedade. 
Ao ser questionada se o uso da substância faz algum mal, tendo em vista o 
IAM recente, alegando categoricamente não fumar “nunca!”, estando eu na ausência 
de preceptora, refleti alguns segundos para organizar minha resposta. Deixei de lado 
questões ideológicas, preconceituosas e em relação a descriminalização dessas 
substâncias, tendo em vista os fatos. O uso de substâncias ilícitas, as quais a falta de 
regulamentação, torna inviável saber a quantidade de excipientes (substâncias que 
não possuem valor terapêutico) e concentração da substância ativa, de modo que 
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apesar de possíveis efeitos medicinais no controle da ansiedade, não é possível 
mensurar o quanto são prejudiciais ao organismo. 
Expliquei ao usuário que qualquer tipo de fumo é desaconselhado, seja o lícito 
(cigarros, essências) ou as substâncias ilícitas, principalmente considerando um IAM 
recente. Esclareci as dúvidas em relação às substâncias, seus excipientes e expliquei 
que a crença em melhora do quadro com o uso da droga pode ter trazido a sensação 
de alívio dos sintomas sem efeitos terapêuticos reais tendo em vista o longo período 
de uso (provavelmente muito maior que o relatado). 
Por fim, orientei quanto a possibilidade de acompanhamento com os serviços 
de psicologia, disponíveis no SUS, dizendo que há alternativas, tanto alopáticas 
quanto não farmacológicas, para o controle dessa ansiedade, deixando claro o papel 
da Clínica da Família nesse processo. 
O usuário mostrou-se, então, arredio, dizendo que não conseguiria parar de 
utilizar essas substâncias de uma vez, mas referiu querer parar por ser o melhor para 
sua saúde. Expliquei a existência dos CAPS (centro de atenção psicossocial) para 
auxílio da ansiedade e dos CAPS AD (centro de atenção psicossocial álcool e outras 
drogas) para auxiliar a largar as substâncias, esclarecendo que esse processo ocorre 
gradualmente e com a assistência de profissionais capacitados, de modo que seu 
limite seja respeitado e o objetivo alcançado. 
A preceptora, ao retornar, ouve minha explicação da situação, e me ajuda a 
realizar os encaminhamentos para as unidades circunscritas. Apesar de a queixa do 
paciente ser em relação a um encaminhamento para o SISREG, o cuidado integral da 
pessoa humana só foi possível ao ouvir aquilo que não foi dito na consulta , utilizando 
dados disponíveis em prontuário e realizando escuta ativa. 
DISCUSSÃO 
Tendo em vista a situação relatada, é perceptível a urgência de um acolhimento 
humanizado durante o atendimento de Enfermagem, principalmente na Atenção 
Básica. Ao estreitar os laços entre profissionais de saúde e usuários, o acolhimento 
configura a peça-chave para compreender as necessidades do indivíduo a partir de 
uma perspectiva integral da pessoa humana. 
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Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
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No atendimento cotidiano em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) é possível 
que ocorram diversos imprevistos, que exijam maior atenção por parte do profissional 
de saúde, impossibilitando a ele realizar consultas de enfermagem conforme 
preconizado pelas diretrizes do Ministério da Saúde. A sobrecarga dos profissionais 
de saúde inseridos em um território cuja população não é amplamente amparada, por 
políticas públicas adequadas, ilustra o estado lastimável da saúde como um todo. 
Deste modo, é necessário considerar as limitações inerentes às qualidades do 
território onde uma UBS está inserida, considerando as características dos usuários e 
suas necessidades em saúde, a fim de realizar uma avaliação adequada. Segundo 
Oliveira (2017), a localidade onde está inserida a Unidade de Básica de Saúde, no Rio 
de Janeiro, é marcada pelo abandono estatal, precariedade de serviços públicos e 
privados e pobreza da população, sendo tais características ainda mais contrastantes 
quando comparada à zona sul, foco histórico dos investimentos do Estado e possuidor 
do maior IDH (índice de desenvolvimento humano) entre os bairros cariocas (Marques 
et al., 2020). 
A fim de garantir o direito à saúde principiado pela Constituição Federal de 
1988, o profissional de saúde deve ser capaz de perceber necessidades e queixas, 
de modo a promover um cuidado integral do usuário dos serviços públicos de saúde. 
Enquanto estudante da área, a protagonização do episódio relatado me permitiu 
exercitar a escuta ativa, promover um ambiente de acolhimento e realizar um 
encaminhamento necessário à realidade do paciente, contribuindo para o cuidado 
integral considerando a equipe multiprofissional de saúde. 
Ao considerar que o usuário já era acompanhado pela UBS há anos, com 
acompanhamento de HA e monitoramento da obesidade, é perceptível como o modelo 
biomédico de saúde é danoso ao usuário, que finda por ser desconsiderado em suas 
necessidades básicas. Perceber o indivíduo a partir de suas patologias, reduzindo-o 
às anormalidades fisiológicas, obscurece o componente emocional, permitindo que 
sintomas somato psíquicos venham à tona, propiciando ao indivíduo buscar a solução 
de suas ansiedades por meio de álcool e outras drogas. 
Quando me foi permitido estar sozinha com o usuário, foi disponibilizado a ele 
uma ouvinte disponível e com certa qualificação (por estar sob tutoria de uma 
preceptora) para sanar dúvidas, que o acolheu a ponto de sentir segurança no cuidado 
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recebido e conforto suficiente para compartilhar algo que, em consultas com outros 
profissionais, sequer foi citado. Assim, a necessidade de um cuidado mais humano e 
acolhedor não figura como mera formalidade no contexto acadêmico, mas uma 
oportunidade de suprir demandas da população e formar profissionais mais humanos. 
Antes de adentrar no campo de estágio, admito que não tinha grandes 
perspectivas sobre a atenção básica, tendo em vista o meu pré-conceito de trabalhar 
com algo que, via de regra, não dá resultados a curto prazo, sendo um 
acompanhamento do estado de saúde do usuário. Porém a relevância de ter essa 
vivência e de relatar essa experiência e tantas outras observadas é inegável ao 
educando, uma vez que criar espaços acolhedores é imprescindível a todo profissional 
de saúde. 
Percebe-se a necessidade de que o aluno tenha essa capacidade de saber 
estreitar os laços com os usuários, para permitir cuidar do que não foi expressado 
como queixa principal. Na condição de acadêmica, o choque de chegar numa UBS e 
ser chamada de enfermeira, de ser percebida como profissional de saúde e de ter 
responsabilidade no cuidado dos usuários me faz refletir o quanto é preciso se dedicar 
durante a graduação. 
A prática de um profissional não é construída com um diploma, mas sim com o 
que foi aprendido, percebido e adquirido por meio de todas as vivências na faculdade 
e fora dela, no papel de estudante e de profissional de saúde. O estágio permite não 
apenasrealizar procedimentos, mas perceber que “apenas” sentar e escutar o 
indivíduo configura-se como um cuidado de Enfermagem. 
Deste modo, o estágio não obrigatório Acadêmico Bolsista contribui para a 
formação profissional ao permitir que alunos, como eu, que não tinha interesse de 
atuar na atenção básica, vivenciem a realidade de uma estratégia de saúde da família, 
percebendo a criação e o fortalecimento dos laços entre os profissionais e a 
coletividade em uma relação interpessoal, mostrando a efetividade da equipe 
multiprofissional no cuidado como um todo, incluído o holístico, estimulando ter um 
novo olhar de atuação como futura Enfermeira. Ampliar horizontes é permitir vivenciar 
oportunidades. 
 
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CONCLUSÕES 
A possibilidade trazida pelo estágio não obrigatório, Acadêmico Bolsista, me 
permitiu estabelecer laços com a atenção básica, percebendo a importância da 
humanização do acolhimento no atendimento de Enfermagem durante minha 
formação, a fim de promover cuidado integral do usuário dos serviços de saúde. A 
vivência e as reflexões aqui relatadas foram os diferenciais na minha formação 
acadêmica, estimulando o desenvolvimento contínuo do saber teórico-prático 
condizente com as necessidades da população. Acredito que minhas experiências 
são e serão muito úteis durante a prática profissional. 
O compartilhamento dessa vivência compete para incentivar outros 
graduandos a adentrar nos campos de prática e perceberem cada contato com o 
paciente como uma possibilidade de desenvolver o cuidado humanizado, de modo 
que, quando estiverem exercendo sua atividade profissional, estejam aptos a ouvir e 
recepcionar os pacientes pela construção de um ambiente acolhedor. Evidencia-se a 
aplicabilidade adequada da humanização em todos os ambientes de contato com o 
paciente, estimulando a relação profissional-usuário dos sistemas de saúde e 
entendendo a importância de elementos subjetivos no processo terapêutico em 
enfermagem. 
 
REFERÊNCIAS 
ANJOS, Vera Lúcia Honório dos. A redemocratização do Brasil e a política de saúde 
como uma de suas expressões. Revista Direitos, Trabalho e Política Social, [s. l.], 
v. 5, n. 9, p. 10-35, 2019. Disponível em: 
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/8900. Acesso em: 
01 out. 2022. 
 
BASSINE, C. P. de J. . Processo de enfermagem: a importância do diagnóstico de 
enfermagem. Revista Remecs - Revista Multidisciplinar de Estudos Científicos 
em Saúde, [S. l.], p. 14, 2023. Disponível em: 
http://revistaremecs.com.br/index.php/remecs/article/view/1152. Acesso em: 23 out. 
2023. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 648/GM, de 28 de março de 2006. Aprova 
a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas 
para a organização da Atenção Básica para o Programa Saúde da Família (PSF) e o 
Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde, 
2006. 
https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/rdtps/article/view/8900
http://revistaremecs.com.br/index.php/remecs/article/view/1152
Journal of Medical and Biosciences Research 
Volume 1, Número 2 (2024), Páginas 233 - 244 . 
Journal of Medical and Biosciences Research | Gomes et al. 
 
 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 2.436/17, de 21 de setembro de 2017. 
Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes 
para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 
 
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zona sul da cidade do Rio de Janeiro acerca deles mesmos, dos moradores do 
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