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JUIZADO ESPECIAL DA 
FAZENDA PÚBLICA
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................3
Introdução ...............................................................................................................................................................................3
Princípios .................................................................................................................................................................................3
2.  COMPETÊNCIA - PARTE I .................................................................................................5
Critérios para Definição de Competência ..................................................................................................................5
3.  COMPETÊNCIA - PARTE II ................................................................................................7
Critérios para Definição de Competência ...................................................................................................................7
4. DAS PARTES .......................................................................................................................9
Quem pode ser autor? .......................................................................................................................................................9
5. PROCEDIMENTO ...............................................................................................................11
Petição Inicial ........................................................................................................................................................................ 11
6. SISTEMA RECURSAL .......................................................................................................16
Introdução ............................................................................................................................................................................. 16
7. RECURSO CONTRA A SENTENÇA E EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ....................... 17
Recurso Contra a Sentença  ..........................................................................................................................................17
8. RECURSO EM TUTELA PROVISÓRIA E PEDIDO DE SUSPENSÃO DE LIMINAR .....19
Agravo de Instrumento ................................................................................................................................................... 19
Suspensão de Liminar e de Sentença ...................................................................................................................... 19
9. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO DE LEI ....................................21
Introdução ..............................................................................................................................................................................21
10. RECURSO EXTRAORDINÁRIO .................................................................................... 23
Recursos Extraordinários lato sensu ............................................................................................... 23
Recurso Extraordinário (RE)...........................................................................................................................................23
11. EXECUÇÃO ...................................................................................................................... 25
Introdução .............................................................................................................................................................................25
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1. Introdução
Introdução
Os Juizados Especiais Cíveis constituem mecanismo de facilitação do acesso à justiça, com 
o objetivo principal de permitir que certas demandas que jamais seriam propostas pudessem 
sê-lo.  
Atenua em parte o problema da litigiosidade contida, vez que a informalidade e a rapidez 
proporcionadas pelo Juizado servem como estímulo àqueles que talvez não ingressassem 
no Judiciário. 
Assim como nos outros Juizados Especiais, o Juizado Especial da Fazenda Pública (JEFaz) está 
inserido na 3ª onda renovatória de Brian Garth e Mauro Cappelletti, em Acesso à Justiça. Vale 
relembrar que a 3ª onda diz respeito aos custos e tempo de duração dos procedimentos judiciais.  
Tem como fundamento constitucional o art. 98: 
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o 
julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo , permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação 
e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;
Para dar cumprimento à determinação constitucional, foram editadas as Leis n. 9.099/95 e n. 
10.259/2001, estudadas em cursos anteriores, interessando-nos agora a Lei n. 12.153/2009, 
que trata dos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
Todavia, tendo em vista o microssistema processual integrativo e do diálogo das fontes dos 
Juizados, o art. 27 da Lei n. 12.153/2009 prevê a aplicação subsidiária no JEFaz do disposto 
no Código de Processo Civil de 2015, na Lei n. 9.099/95 e na Lei n. 10.259/2001. 
Princípios
Demonstrando mais uma vez que as normas que regem os Juizados estão interligadas, 
constituindo um microssistema aplicável a todos eles, vejamos o art. 2º, da Lei n. 9.099/95: 
Art. 2º O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual 
e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
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PRINCÍPIO DA ORALIDADE
Incluído entre os princípios gerais do processo civil, no Juizado Especial esse princípio ganha 
mais efetividade, pois apenas o que é essencial é reduzido a termo, ficando gravado em fita 
magnética ou equivalente, conforme o art. 13, §3º, da Lei n. 9.099/95, a maioria dos atos orais 
praticados.
Como exemplo da oralidade retirados da legislação retromencionada, temos que a petição 
inicial pode ser apresentada oralmente na Secretaria do Juizado (art. 14, caput) e o mandato 
ao advogado pode ser verbal, salvo se contiver poderes especiais (art. 9º, §3º). 
PRINCÍPIOS DA SIMPLICIDADE E DA INFORMALIDADE
A instrumentalidade das formas, velha conhecida do processo civil tradicional, também está 
presente nos processos que tramitam nos Juizados Especiais, de acordo com o art. 13, caput 
e §1º, Lei n. 9.099/95: 
Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem 
realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.
§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.
A simplicidade e informalidade do procedimento estão em evidência ante a redução 
substancial de termos e escritos do processo, adotando-se mecanismos diferenciados que 
buscam a realização dos princípios ora comentados. 
PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL
Esse princípio, também importante para o processo civil tradicional, dita que há de se tentar 
obter, sempre com o menor esforço possível, os resultados almejados. 
PRINCÍPIO DA CELERIDADE
A garantia trazida pela Constituição Federal de assegurar a todos o direito a um processo de 
duração razoável, e que, também no processo comum, deve-se buscar o resultado da forma 
mais célere possível, tem grande importância no microssistema dos Juizados Especiais, 
tendo em vista sua finalidade fundamental de dar uma solução mais rápida aos litígios em 
geral.
É em razão desse princípio que a Lei n. 9.099/95 vedou o uso de reconvenção, bem como a 
produção de prova pericial, por exemplo. 
É também com base no princípio da celeridade que o art. 98, CF, adota o procedimento 
sumaríssimo paraos processos que tramitam nos Juizados Especiais. 
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2. Competência - Parte I
Critérios para Definição de Competência
Para indicar quais causas são de competência do Juizado Especial da Fazenda Pública, 
o legislador continuou usando os 3 critérios que já usava para os Juizados Estaduais e 
Federais, quais sejam, o valor da causa, a matéria e as pessoas.
Nessa aula, veremos os critérios referentes ao valor da causa e às pessoas. Na próxima aula, 
serão estudadas as regras pertinentes ao critério em razão da matéria. 
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA
Quanto à competência em razão do valor da causa, o art. 2º, da Lei n. 12.153/2009, diz que as 
causas de até 60 salários mínimos são de competência do JEFaz. 
Aqui, também se observa a faculdade do interessado poder renunciar àquilo que exceda os 
limites de valor da competência, ou seja, a pessoa que tem causa de 70 salários mínimos 
pode recorrer ao JEFaz caso abra mão do excedente, isto é, 10 salários mínimos. 
Os acordos firmados no âmbito do JEFaz também obedecem ao limite de até 60 salários 
mínimos. 
Quando a pretensão diz respeito às obrigações vincendas, para fins de competência, deve-se 
somar as 12 parcelas vincendas e eventuais parcelas já vencidas, não podendo ultrapassar o 
limite de até 60 salários mínimos (art. 2º, §2º, Lei n. 12.153/2009). 
Ademais, tratando-se de litisconsórcio ativo facultativo, ficamos com a Tese 2) da Edição n. 
89 do Jurisprudência em Teses do STJ:
Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, para que se fixe a competência dos juizados 
especiais, deve ser considerado o valor da causa individualmente por autor, não importando 
se a soma ultrapassa o valor de alçada.
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DAS PESSOAS
Quanto à competência em razão das pessoas, podem ser autores as pessoas físicas e as 
microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar n. 
123/2006, e réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como 
autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas (art. 5º, da Lei n. 12.153/2009). 
Percebam que sociedades de economia mista não estão incluídas. 
COMPETÊNCIA FACULTATIVA OU ABSOLUTA?
Importante anotar que no foro onde estiver instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, 
sua competência é absoluta (art. 2º, §4º, Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública). 
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Dizer que a competência é absoluta significa afirmar que a parte autora não tem a opção de 
escolher entre o Juizado Especial e o Juízo convencional. Preenchidas as regras para que o 
litígio se dê perante o JEFaz, é nele que a ação deve ser proposta. 
No mais, os processos judiciais que estavam tramitando antes da instalação dos Juizados 
Especiais da Fazenda Pública não são remetidos ao Juízo Especial (art. 24, Lei n. 12.153/2009). 
E O CONFLITO DE COMPETÊNCIA? 
O conflito de competência entre juízes dos Juizados Especiais da Fazenda Pública é resolvido 
pelas Turmas Recursais. Porém, quando o conflito se dá entre o JEFaz e o Juízo Comum, a 
competência para processá-lo é do Tribunal de Justiça. 
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3. Competência - Parte II
Critérios para Definição de Competência
Como vimos na Aula 02, existem critérios que indicam quais causas são de competência do 
Juizado Especial da Fazenda Pública. 
Já estudados os critérios referentes ao valor da causa e às pessoas, nesta aula veremos a 
competência em razão da matéria. 
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA     
A lei que regula o Juizado Especial da Fazenda Pública estabelece regras de competência em 
razão da matéria, excluindo a competência do JEFaz, naqueles casos em que, por força do 
valor, o Juizado seria competente. 
De acordo com o art. 2º, §1º, da Lei n. 12.153/2009, não se incluem na competência do Juizado 
Especial da Fazenda Pública as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de 
divisão e demarcação, populares, por improbidade administrativa, execuções fiscais e as 
demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos. 
Também estão excluídas as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios 
e Municípios, autarquias e fundações públicas a eles vinculadas. 
Ainda, ficam excluídas da competência do JEFaz as causas que tenham como objeto a 
impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou sanções disciplinares 
aplicadas a militares. 
Foi com base nesse dispositivo que o Superior Tribunal de Justiça fixou o Tema Repetitivo n. 
1.029:
“Não é possível propor nos Juizados Especiais da Fazenda Pública a execução de título executivo formado em 
Ação Coletiva que tramitou sob o rito ordinário, assim como impor o rito sumaríssimo da Lei 12.153/2009 ao juízo 
comum da execução.”
COMPETÊNCIA TERRITORIAL ENTRE JUIZADOS
Quando se pensa no critério territorial há de se pressupor que os requisitos para ajuizar uma 
ação no JEFaz estão presentes, pois os critérios anteriormente estudados foram observados. 
O critério territorial, portanto, serve para apurar em qual Juizado Especial Fazendário a 
demanda deve ser iniciada. 
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Tendo em vista que a Lei n. 12.153/2009 é omissa nesse sentido e que a Fazenda Pública 
não tem foro privilegiado, a doutrina, com base em seu art. 27, aplica aqui o art. 4º da Lei n. 
9.099/95: 
Art. 4º É competente, para as causas previstas nesta Lei, o Juizado do foro:
I - do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas 
ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório;
II - do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita;
III - do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nas ações para reparação de dano de qualquer natureza.
Parágrafo único. Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo.
O reconhecimento da incompetência territorial extingue o processo sem resolução de mérito, 
conforme art. 51, III, da Lei n. 9.099/95. 
Diferente do que dispõe o CPC, a extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, 
de prévia intimação pessoal das partes (art. 51, §1º, Lei n. 9.099/95).
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4. Das Partes
Quem pode ser autor?
Quando estudamos a competência em razão das pessoas, já vimos que podem ser partes, 
como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim 
definidas na LC n. 123/2006 (art. 5º, I, Lei n. 12.153/2009). 
A Lei n. 9.099/95 estabeleceu com maior minuncia quem pode ou não ser parte. A partir dela, 
então, levataram-se debates sobre no âmbito do JEFaz. 
Existiu divergência doutrinária e jurisprudencial sobre apenas pessoas físicas capazes 
poderem figurar no polo ativo em processos no JEFaz, todavia, o STJ manifestou-se contrário 
à restrição:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. JUIZADO ESPECIAL DA 
FAZENDA PÚBLICA. MENOR INCAPAZ. LEGITIMIDADE ATIVA. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 5º DA LEI 12.153/2009. 
INAPLICABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ART. 8º DA LEI 9.099/1995. 1. A controvérsia gira em torno da possibilidade 
de menor incapaz demandar como autor em causa que tramita no Juizado Especial da Fazenda Pública, tendo 
em vista que o artigo 27 da Lei 12.153/2009, que regula aqueles juizados, determina a aplicação subsidiária da 
Lei 9.099/95, a qual expressamente proíbe a atuação do incapaz no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis. 2. 
A Lei dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, ao tratar da legitimidade ativa das demandas que lhe são 
submetidas (art. 5º), faz alusão, tão somente, às pessoas físicas, não fazendo restrição quanto aos incapazes, 
nem mesmo por ocasião das disposições acerca das causas que excepcionam a sua competência (art. 2º). 3. 
Tendo havido regulação clara e suficiente acerca do tema na Lei 12.153/2009, não há o que se falar em omissão 
normativa a ensejar a incidência do art. 8º da Lei 9.099/95, visto ser este dispositivo legal de cunho subsidiário 
e que conflita com aquele regramentoespecífico do Juizado Fazendário. 4. Assim, não há razões para se 
alterar o entendimento externado no acórdão de origem, corroborado, inclusive, pelo Ministério Público Federal, 
porquanto, não havendo óbice legal, apresenta-se viável a participação de menor, devidamente representado, 
no polo ativo de demanda ajuizada no Juizado Especial da Fazenda Pública. 5. Recurso especial não provido. 
(REsp n. 1.372.034/RO, relator Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 14/11/2017, DJe de 
21/11/2017.)
Havendo pessoas incapazes, a intervenção do Ministério Público na demanda se faz 
necessária. 
Permanecem as discussões doutrinárias e o STJ ainda não se manifestou sobre a (im)
possibilidade de Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e as Sociedades 
de Crédito ao Microempreendedor demandarem perante o JEFaz, assim como também 
existem debates acerca da legitimidade ativa da massa falida e do insolvente civil, bem como 
da pessoa presa. 
As discussões são importantes para nossa prática jurídica, para nosso desenvolvimento 
cognitivo, para melhor compreender os motivos e razões que levam o legislador a permitir 
ou proibir algo, porém, em provas objetivas da OAB e de concursos públicos, lembrem-se 
que o examinador costuma cobrar posições seguras, para evitar anulações, então, não se 
desespere com isso!
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QUEM PODE SER RÉU?
Também já vimos que podem ser reús os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os 
Municípios, bem como as autarquias, as fundações e as empresas públicas a eles vinculadas, 
conforme art. 5º, II, da Lei n. 9.099/95. 
Percebam que os entes políticos e as entidades da Administração Indireta arrolados no 
retromencionado artigo apenas figuram como réus, ou seja, não podem ajuizar demanda 
perante o JEFaz. 
Não é possível ajuizar ação contra sociedade de economia mista, pessoa jurídica de direito 
privado, perante o Juizado Especial da Fazenda Pública. 
LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
O art. 10 da Lei n. 9.099/95, aplicado subsidiariamente à Lei n. 12.153/2009, é firme em não 
admitir qualquer forma de intervenção de terceiros, nem a assistência. Isso se dá em razão do 
princípio da celeridade, já estudado. 
Todavia, a partir do art. 1.062 do CPC/2015, permite-se o incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica nos juizados especiais, o que inclui o JEFaz. 
O mesmo dispositivo da Lei n. 9.099/95 admite o litisconsórcio, que pode ser ativo ou passivo.  
Aqui vale relembrar que se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, ficamos com a Tese 2) 
da Edição n. 89 do Jurisprudência em Teses do STJ: 
2) Em se tratando de litisconsórcio ativo facultativo, para que se fixe a competência dos juizados especiais, deve 
ser considerado o valor da causa individualmente por autor, não importando se a soma ultrapassa o valor de 
alçada.
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5. Procedimento
Petição Inicial
O processo no âmbito do Juizado Especial da Fazenda Pública também tem início com a 
petição inicial, que deve ser apresentada por escrito ou oralmente à Secretaria do Juizado. 
O art. 14 da Lei n. 9.099/95, que traz os requisitos da exordial no âmbito dos Juizados Especiais 
Cíveis é aplicado no Juizado Especial da Fazenda Pública. 
Diferente do processo civil tradicional, não há necessidade de requerer a citação do réu, nem 
de formular requerimento de provas. 
É necessário atribuir valor à causa, uma vez que é preciso verificar se é caso de competência 
do JEFaz, que usa o critério valor da causa para tanto. 
Peculiaridade diante do processo civil tradicional, registrado o pedido inicial, independentemente 
de distribuição e autuação, a Secretaria do Juizado designará a sessão de conciliação, a 
realizar-se no prazo de 15 dias. Isso é feito antes que o juiz examine a petição inicial.
O indeferimento da inicial só é possível após tentativa de conciliação, aplicando-se o art. 51, 
II, da Lei n. 9.099/95: 
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
Permite-se que o juiz mande o autor emendar a inicial. 
TUTELAS PROVISÓRIAS
O art. 3º da Lei n. 12.153/2009 diz que o juiz pode, de ofício ou a requerimento das partes, 
deferir quaisquer providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar 
dano de difícil ou incerta reparação. 
O Enunciado 26 do Fórum Permanente autoriza expressamente as tutelas acautelatórias e 
antecipatórias, sendo aplicável aos Juizados Especiais da Fazenda Pública.
Porém, tutelas requeridas em caráter antecedente, na forma dos arts. 303 e 310 do CPC não 
são permitdas (Enunciado 163 do FONAJE), também aplicável no JEFaz. 
Os requisitos das tutelas provisórias requeridas no JEFaz são os mesmos que no processo 
tradicional.
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Contra a decisão que defere ou indefere a tutela provisória é cabível agravo de instrumento, 
com base no CPC e no que dispõe o art. 4º, da Lei n. 12.153/2009: 
Art. 4º  Exceto nos casos do art. 3o, somente será admitido recurso contra a sentença.
CITAÇÃO
O art. 6º da Lei n. 12.153/2009 aduz que o CPC é aplicável quanto às citações e intimações 
que ocorrem no JEFaz. 
Atenção, pois a sistemática das citações no CPC foi alterada recentemente pela Lei n. 
14.195/2021. Agora, a citação será feita preferencialmente por meio eletrônico, utilizando 
os endereços eletrônicos indicados pelo citando no banco de dados do Poder Judiciário, 
conforme regulamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no prazo de até 2 dias úteis, 
contado da decisão que a determinar (art. 246, caput, CPC). 
Leia, portanto, o art. 246 do Código de Processo Civil para melhor se ambientar às novidades.  
Também é necessário relembrar que a citação do réu se dá no sentido de comunicá-lo sobre 
a audiência de conciliação, devendo ser efetuada com antecedência mínima de 30 dias, 
conforme reza o art. 7º da Lei n. 12.153/2009. 
REVELIA
Há de se diferenciar a revelia que ocorre no processo civil tradicional, que ocorrerá quando 
o réu não apresentar contestação (art. 344, CPC), da que acontece no Juizado Especial da 
Fazenda Pública, vez que o não comparecimento do réu a qualquer uma das audiências, 
tanto a de conciliação quanto a de instrução e julgamento configuram revelia. 
Há necessidade de comparecimento pessoal do réu às audiências, não bastando a presença 
de seu advogado, ainda que este tenha poderes para transigir. 
Ademais, mesmo que o demandado tenha apresentado contestação, a sua ausência em 
qualquer das audiências implicará revelia. 
AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO 
A conciliação é tentada antes que o réu tenha oportunidade de oferecer contestação, e 
antes mesmo que o juiz tenha examinado a petição inicial, pois a conciliação é um objetivo 
primordial na sistemática dos Juizados.
De acordo com o art. 16, caput, da Lei n. 12.153/2009, a conciliação será conduzida pelo 
conciliador, sob supervisão do juiz. 
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O conciliador é designado na forma da legislação estadual ou distrital. São trabalhadores 
considerados auxiliares da Justiça e recrutados entre os bacharéis em Direito (art. 15, Lei n. 
12.153/2009). 
O conciliador pode, para fins de encaminhamento da composição amigável, ouvir as partes e 
testemunhas sobre os contornos fáticos da controvérsia (art. 16, §1º, LJEFaz). 
Os representantes judiciais dos réus presentes na audiência poderão conciliar ou transigir 
nos processos da competência do JEFaz, conforme art. 8º da Lei n. 12.153/2009. 
No mais, o réu tem, até a instalação da audiência, o dever de fornecer ao JEFaz a documentação 
de que disponha para esclarecimento da causa (art. 9º, LJEFaz). 
E SE O AUTOR NÃO COMPARECER? 
Se o autor não comparecer, o magistrado extinguirá o processo sem resolução de mérito. 
E SE O RÉU NÃO COMPARECER? 
Conforme vimos, a ausência do réu acarreta a decretação de sua revelia. 
Com a decretação, o juiz proferirá sentença. 
E SE ASPARTES NÃO FIRMAREM ACORDO?
Aqui, existem duas possibilidades: ou as partes podem optar pelo juízo arbitral, ou o juiz 
presidirá a instrução do processo, podendo dispensar novos depoimentos, se entender 
suficientes para o julgamento da causa os esclarecimentos já constantes nos autos, e não 
houver impugação das partes, conforme art. 16, §2º, Lei n. 12.153/2009. 
Quanto à opção pelo procedimento arbitral, devemos lembrar que por meio da Lei n. 13.129/15, 
houve inclusão na Lei de Arbitragem (Lei n. 9.307/96), de forma genérica, da possibilidade 
de a Administração Pública direta e indireta valer-se da técnica quando a lide versar sobre 
direitos disponíveis. 
Diante do princípio da legalidade, a arbitragem que envolve a administração pública será 
sempre de direito e respeitará o princípio da publicidade. 
CONTESTAÇÃO
A contestação é apresentada na audiência de instrução e julgamento, depois de ter sido 
tentada e frustrada a conciliação.
Pode ser oferecida por escrito ou verbalmente. 
A peça deve trazer todas as defesas que o réu tenha, quanto às preliminares e quanto ao 
mérito, diante do princípio da eventualidade.
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O réu pode apresentar pedido contraposto, se fundado nos mesmos fatos em que se baseia o 
pedido inicial, desde que observados os critérios de competência do JEFaz. Por esse motivo, 
não é cabível reconvenção. 
As arguições de suspeição e impedimento são admissíveis, devendo observar o procedimento 
do CPC/15. 
PROVAS
Todos os meios de prova são admissíveis, como estabelece o art. 32 da Lei n. 9.099/95, diante 
da omissão da Lei n. 12.153/2009. 
Não existe necessidade de requerimento prévio de provas pelas partes e o juiz também tem 
poderes de determinar provas de ofício.
A colheita de provas é feita de maneira informal. Exemplo disso é a não redução da prova oral 
a escrito (art. 36, Lei n. 9.099/95). 
E PROVA PERICIAL? 
Não se admite prova pericial no âmbito dos Juizados Especiais. 
Se houver necessidade de prova técnica complexa o processo será extinto sem julgamento 
de mérito, pois o Juizado será incompetente. 
Todavia, obedecendo os princípios da informalidade e da celeridade, é possível existir exame 
técnico. 
O juiz nomeará, se for preciso, para realizar tal exame, que pode ser necessário à conciliação 
ou ao julgamento da causa, pessoa habilitada, que apresentará laudo até 5 dias antes da 
audiência, independentemente de intimação das partes (art. 12, caput, da Lei n. 10.259/2001 
e art. 10 da Lei n. 12.153/2009).
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
Aqui, o importante é saber que a instrução é conduzida por juiz togado, ou por juiz leigo, sob 
orientação daquele.
Vale anotar que o juiz leigo é considerado auxiliar da Justiça, sendo recrutado entre advogados 
com mais de 2 anos de experiência, ficando impedidos de exercer a advocacia perante todos 
os Juizados Especiais da Fazenda Pública durante o desempenho de suas funções (art. 15, 
§§1º e 2º, Lei n. 12.153/2009). 
SENTENÇA 
Concluída a instrução, o juiz proferirá a sentença, não existindo previsão legal para que se 
façam debates ou apresentação de alegações finais.
Se possível, o juiz proferirá a sentença na própria audiência de instrução e julgamento.
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As sentenças podem ser de extinção sem ou com resolução de mérito. Também podem ser 
declaratórias, constitutivas ou condenatórias. Devem sempre ser líquidas. 
SER ASSISTIDO POR ADVOGADO É OBRIGATÓRIO?
Tendo em vista que a Lei n. 12.153/2009 nada menciona sobre, usa-se o art. 10 da Lei n. 
10.259/2001 para responder que a assistência por advogado é facultativa no âmbito do JEFaz. 
PRAZOS
Aqui, é importante saber que não há prazo diferenciado para a prática de qualquer ato 
processual pelas pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos 
(art. 7º, Lei n. 12.153/2009). 
Por fim, ao contrário do que dizem enunciados do Fórum Nacional dos Juizados Especiais 
(FONAJE) e da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM), 
com a Lei n. 13.728/2018, que incluiu o art. 12-A à Lei n. 9.099/95, temos que: 
Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato 
processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis.
Assim, no JEFaz os prazos também são contados apenas em dias úteis, conforme já 
estabelecia o CPC. 
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6. Sistema Recursal
Introdução
Diante dos princípios estudados na Aula 01, o sistema recursal no âmbito dos Juizados 
Especiais é mais enxuto. 
São cabíveis, nos procedimentos no JEFaz, o recurso contra a sentença (recurso inominado), 
o agravo de instrumento, os embargos de declaração e o recurso extraordinário, que serão 
estudados, um a um, nas próximas aulas. 
Nas próximas aulas também veremos outros instrumentos processuais, como a suspensão 
de liminar e de sentença (SLS) e o pedido de uniformização de interpretação de lei (PUIL). 
É importante destacar, desde já, certas peculiaridades frente ao processo civil tradicional. 
Não haverá remessa necessária (art. 11, Lei n. 12.153/2009). Isso está de acordo com o 
CPC/15, que dispensa o reexame necessário quando a condenação ou o proveito econômico 
obtido na causa pela parte autora for de valor certo e líquido inferior a 500 salários-mínimos 
para os Estados, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações de direito público 
e os Municípios que constituam capitais dos Estados e 100 salários-mínimos para todos os 
demais Municípios e respectivas autarquias e fundações de direito público (art. 496, §3º, II e 
III). 
Ainda, não cabe ação rescisória, diante da aplicação do art. 59 da Lei n. 9.099/95.
E O ADVOGADO? CONTINUA SENDO FACULTATIVA SUA ASSISTÊNCIA?
Já vimos que nas causas em tramite perante o Juizado Especial da Fazenda Pública, 
utilizando-se da Lei dos Juizados Especiais Federais, há dispensa de assistência das partes 
por advogado. 
Todavia, quando se pensa no sistema recursal dos Juizados Especiais, temos a Lei n. 9.099/95 
afirmando que a assistência do advogado é obrigatória. 
Assim, com base no art. 41, §2º, da Lei n. 9.099/95, aplicável aos Juizados Especiais da 
Fazenda Pública, para recorrer é necessária a assistência de causídico. 
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7. Recurso Contra a Sentença e Embargos de 
Declaração
Recurso Contra a Sentença 
O art. 4º da Lei n. 12.153/2009 diz que somente cabe recurso contra a sentença, exceto nos 
casos em que deferidas providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para 
evitar dano de difícil ou de incerta reparação.  
Desse modo, contra sentença definitiva ou extintiva proferida no Juizado Especial da Fazenda 
Pública é cabível recurso, o qual a lei não deu nome. Por essa razão, o recurso contra a 
sentença também é chamado de recurso inominado. 
Deve ser apresentado escrito, e deverá também ser subscrito por advogado, conforme vimos 
na aula 06. Ante à presença do causídico, há condenação em honorários. Não cabe recurso 
contra a sentença que homologa acordo ou laudo arbitral. 
A competência para examinar o recurso inominado é do Colégio Recursal ou Turma Recursal, 
órgão composto por 3 juízes togados, em exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos 
na sede do Juizado. 
O duplo grau de jurisdição não é desrespeitado, de acordo com a doutrina majoritária, pois o 
recurso é examinado por órgão distinto daquele que proferiu o julgamento impugnado.
Diante da composição peculiar do Colégio Recursal, não é possível aplicar a técnica do 
julgamento ampliado do art. 942, CPC, no âmbito do JEFaz. 
É possível que o relator tome decisões monocráticas, utilizando o art. 932, III, IV e V, do CPC. 
Diante de decisão unilateral de relator que, por exemplo, inadmitir o recurso inominado 
interposto contra sentença proferida pelo Juizado Especial da Fazenda Pública, o prejudicado 
poderá interpor agravo interno, conforme art. 1.021, CPC. 
O prazo para interposição do recurso inominadoé de 10 dias, a contar da data em que as 
partes tomaram ciência da sentença. 
É preciso recolher o preparo nas 48 horas seguintes à interposição. Aqui, o preparo inclue 
o valor das custas iniciais, não recolhidas quando da propositura da ação, mais o preparo 
propriamente dito. A falta de preparo implica deserção. 
O recurso tem efeito devolutivo e diz-se que não possui efeito suspensivo. Todavia, conforme 
leitura dos arts. 12 e 13 da Lei n. 12.153/2009, entende-se que o cumprimento da sentença 
somente é possível diante de seu trânsito em julgado. 
O recorrido não pode apresentar recurso adesivo, conforme enunciado 88 do Fórum 
Permanente. 
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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
Apesar do art. 4º da Lei n. 12.153/2009, também é cabível no âmbito do JEFaz embargos de 
declaração, por força do art. 48 da Lei n. 9.9099/95: 
Art. 48.  Caberão embargos de declaração contra sentença ou acórdão nos casos previstos no Código de 
Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015) (Vigência)
Parágrafo único. Os erros materiais podem ser corrigidos de ofício.
Não podem ser opostos contra decisões interlocutórias, de acordo com a doutrina majoritária, 
mas o Fórum Permanente de Processualistas Civis editou enunciado que permitem embargos 
de declaração contra decisões interlocutórias (Enunciado 475, FPPC).  
São hipóteses referidas no CPC para cabimento de embargos de declaração: 
Art. 1.022. (…)    
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Mas erros materiais, conforme parágrafo único exposto logo acima, podem ser corrigidos de 
ofício pelo magistrado. 
Podem ser opostos oralmente e o prazo de interposição é de 5 dias. 
A oposição de embargos de declaração interrompe os prazos para interposição de outros 
recursos. 
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8. Recurso em Tutela Provisória e Pedido de Suspensão 
de Liminar
Agravo de Instrumento
Vejamos o art. 3º da Lei n. 12.153/2009: 
Art. 3º  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer providências cautelares e 
antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de difícil ou de incerta reparação.
Porém, não existe previsão no microssistema dos Juizados Especiais de recurso contra a 
decisão que defere ou indefere tutelas provisórias no curso do processo.
As decisões interlocutórias do Juizado Especial Fazendário não precluem e poderão ser 
impugnadas em eventual recurso contra a sentença. 
Mas, apesar da falta de previsão legal, e da noção de que existem situações que demandam 
urgência diante de dano de difícil ou incerta reparação, tem-se de admitido a interposição de 
agravo de instrumento, recurso previsto no art. 1.015 do Código de Processo Civil, contra as 
decisões referidas no art. 3º da LJEFaz. 
O agravo de instrumento segue a sistemática do Código de Processo Civil, com prazo de 
interposição de 15 dias. 
Como já dito quando conversamos sobre o recurso inominado, diante de decisões do relator, 
é possível interpor agravo interno, com base no art. 1.021, CPC. 
Suspensão de Liminar e de Sentença
A suspensão de liminar e de sentença (SLS) também recebe os nomes de suspensão de 
segurança e incidente de contracautela.
É um instrumento processual, que tem natureza de incidente processual. 
É requerida pelas pessoas jurídicas de direito público ou pelo Ministério Público, que pedem ao 
Presidente do Tribunal que for competente para conhecer o respectivo recurso a suspensão 
da execução de decisão liminar ou final, fundamentando que esse provimento jurisdicional é 
capaz de causar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas. 
A previsão mais completa desse instrumento processual está no art. 4º, da Lei n. 8.437/92, 
que trata sobre a concessão de medidas liminares contra atos do Poder Público: 
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Art. 4° Compete ao presidente do tribunal, ao qual couber o conhecimento do respectivo recurso, suspender, 
em despacho fundamentado, a execução da liminar nas ações movidas contra o Poder Público ou seus agentes, 
a requerimento do Ministério Público ou da pessoa jurídica de direito público interessada, em caso de manifesto 
interesse público ou de flagrante ilegitimidade, e para evitar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à 
economia públicas.
Ainda, há previsão da SLS na Lei n. 7.347/85 (art. 12, §1º, Lei da Ação Civil Pública), na Lei n. 
9.494/97 (art. 1º, Lei que dispõe sobre as tutelas antecipadas contra a Fazenda Pública), na 
Lei n. 9.507/97 (art. 16, Lei do Habeas Data) e na Lei n. 12.016/2009 (art. 15, Lei do Mandado 
de Segurança).
MAS É O PRESIDENTE DE QUAL TRIBUNAL?
Depende do órgão que profere a decisão que é objeto de pedido de suspensão. 
Se a decisão liminar ou final foi proferida pelo juiz singular do Juízo Especial, compete ao 
Presidente da Turma Recursal julgar a suspensão de liminar e de sentença. 
Agora, se a decisão liminar ou final foi proferida pelo Colégio Recursal, compete ao Presidente 
do Supremo Tribunal Federal julgar o incidente processual.
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9. Pedido de Uniformização da Interpretação de Lei
Introdução
Os Juizados Especiais da Fazenda Pública têm um sistema próprio de uniformização de sua 
jurisprudência, que se dá por meio do pedido de uniformização de interpretação de lei (PUIL). 
Vejamos o art. 18, Lei n. 12.153/2009, na íntegra: 
Art. 18.  Caberá pedido de uniformização de interpretação de lei quando houver divergência entre decisões 
proferidas por Turmas Recursais sobre questões de direito material.
§ 1º  O pedido fundado em divergência entre Turmas do mesmo Estado será julgado em reunião conjunta das 
Turmas em conflito, sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça.
§ 2º  No caso do § 1o, a reunião de juízes domiciliados em cidades diversas poderá ser feita por meio eletrônico.
§ 3º  Quando as Turmas de diferentes Estados derem a lei federal interpretações divergentes, ou quando a 
decisão proferida estiver em contrariedade com súmula do Superior Tribunal de Justiça, o pedido será por este 
julgado.
O PUIL não é recurso. Ademais, vale anotar que o PUIL também está previsto no art. 14 da Lei 
que dispõe sobre os Juizados Especiais Federais.  
Quando o PUIL é cabível? O PUIL é cabível quando há divergência entre decisões proferidas 
por Turmas Recursais sobre questões de direito material. 
Qual o Juízo competente para julgar o Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei 
(PUIL)? Se a divergência ocorrer entre Turmas do mesmo Estado, esses Colégios Recursais 
conflitantes serão reunidos, sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de 
Justiça do Estado, para julgamento do PUIL. 
Se a divergência ocorrer entre Turmas de Estados diferentes, cabe ao Superior Tribunal de 
Justiça julgar o PUIL.  Ainda, quando a decisão proferida estiver em contrariedade com 
súmula do STJ, também cabe a este Tribunal Superior julgar o PUIL.
Nos casos em que o PUIL é de competência do STJ, não cabe à Turma Recursal fazer um 
prévio juízo de admissibilidade do pedido. 
O Colégio Recursal apenas faz o processamento do PUIL, intimando a parte recorrida para 
responder ao reclamo, remetendo os autos ao STJ logo após: 
Não é possível a Turma Recursal nos Juizados Especiais da Fazenda Pública realizar juízo 
prévio de admissibilidade de Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei (PUIL) a ser 
julgado pelo STJ. Rcl 42.409-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, Primeira Seção, por unanimidade, 
julgado em 22/06/2022, DJe 29/06/2022.
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O art. 19, da Lei n. 12.153/2009, estabelece que quando o PUIL, resolvido por Turmas Recursais 
reunidas sob a presidência de desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça, estiver em 
contrariedade com súmula do STJ, a parte interessada pode provocar a manifestação do 
Corte Superior. 
Se existirem pedidos de uniformização fundados em questõesidênticas e recebidos 
subsequentemente em quaisquer das Turmas Recursais, os autos desses pedidos ficarão 
retidos, aguardando pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça no primeiro PUIL (§1º). 
Conforme art. 19, §6º, depois que o STJ publica seu acórdão, os pedidos de uniformização 
retidos nos Colégios Recursais são por esses orgãos apreciados. Se o Superior Tribunal acolheu 
o primeiro PUIL, a Turma Recursal fará o juízo de retratação de suas decisões impugnada 
nos pedidos retidos. Se o STJ não acolheu a tese do PUIL, o Colégio Recursal declarará os 
pedidos retidos prejudicados.
Por fim, vale dizer que nos casos em que há desrespeito à súmula do STJ, presente a 
plausabilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difícil reparação, 
poderá o relator do PUIL, de ofício ou a requerimento do interessado, conceder medida 
liminar determinando a suspensão dos processos nos quais a controvérsia também esteja 
estabelecida (§2º). 
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10. Recurso Extraordinário
Recursos Extraordinários lato sensu
Os recursos podem ser diferenciados em duas categorias: ordinários e extraordinários lato 
sensu.
São ordinários os recursos que têm por finalidade permitir ao tribunal que reexamine a decisão. 
Já os recursos extraordinários lato sensu visam impedir que as decisões judiciais contrariem 
a Constituição Federal ou as leis federais, ou seja, têm a finalidade de manter a uniformidade 
de interpretação, em todo país. 
Os recursos extraordinários lato sensu são 2: o recurso especial, de competência do Superior 
Tribunal de Justiça, e o recurso extraordinário, de competência do Supremo Tribunal Federal. 
Sobre o recurso especial, vejamos o art. 105, III, alíneas, da Carta Magna: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:    
(...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais 
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida:
a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 45, de 2004)  
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Conforme já vimos em aulas passadas, as Turmas Recursais não são Tribunais. 
Diante disso, não é possível interpor recurso especial contra decisão proferida por Colégio 
Recursal: 
SÚMULA N. 203, STJ. Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos 
Juizados Especiais.
Porém, o recurso extraordinário pode ser interposto, de acordo com o que veremos a seguir. 
Recurso Extraordinário (RE)
O art. 102, III, alíneas, da CF, prevê: 
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Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão 
recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
Percebam que enquanto o art. 105, III, menciona Tribunais, o art. 102, III, que trata do recurso 
extraordinário, de competência do Supremo, diz que é possível usar tal recurso para impugnar 
causas decididas em única ou última instancia. 
O STF já esclareceu a matéria, haja vista que as decisões das Turmas Recursais são de última 
instância: 
SÚMULA N. 640, STF. É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas 
causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal. 
No âmbito do recurso extraordinário, é ainda possível interpor agravo interno contra decisão 
do relator, assim como é permitido interpor agravo em recurso extraordinário quando o 
presidente ou vice-presidente do Colégio Recursal recorrido inadmite o RE, salvo inadmissão 
fundada em aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral, da qual 
caberá o primeiro, agravo interno. 
O agravo interno está disposto no art. 1.021 do CPC, enquanto o agravo em RE está previsto 
no art. 1.042 do mesmo diploma processual. 
O STF possui outro verbete sumular sobre o assunto, que fala do agravo de instrumento, mas 
também é aplicável a outras espécies de agravo, como as estudadas acima: 
SÚMULA N. 727, STF. Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo 
de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente a causa 
instaurada no âmbito dos juizados especiais.
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11. Execução
Introdução
Diante das peculiaridades em comparação à sistemática do CPC, lendo os arts. 12 e 13 da 
Lei n. 12.153/2009, percebemos que o cumprimento de sentenças e acordos proferidos no 
âmbito do JEFaz exigem o trânsito em julgado. 
É necessário dizer que apesar das diferenças, a Lei dos Juizados Especiais da Fazenda 
Pública está em sintonia com o CPC/15, pois não há um processo de execução, mas apenas 
uma nova fase processual, dando início ao cumprimento da decisão judicial.
OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA CERTA
De acordo com o art. 12, Lei n. 12.153/2009, o cumprimento do acordo ou da sentença que 
impõe obrigação de fazer, de não fazer ou de entregar coisa certa será efetuado mediante 
ofício do juiz à autoridade citada para a causa. 
OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
O pagamento será efetuado mediante precatório, caso o montante da condenação exceda o 
valor definido como obrigação de pequeno valor (art. 13, II, Lei n. 12.153/2009). 
Todavia, em casos de prioridade ou superprioridade (art. 100, §3º, CF), o pagamento será 
efetuado no prazo máximo de 60 dias, contado da entrega da requisição do juiz à autoridade 
citada para a causa, independemente de precatório. Trata-se de requisição de pequeno valor 
(RPV). 
Empresas públicas, por serem pessoas jurídicas de direito privado, não obedecem às regras 
pertinentes ao precatório e à RPV. 
Sobre as requisições de pequeno valor, importante mencionar que os valores previstos no art 
13, §3º, I e II, da Lei n. 12.153/2009, somente são observados caso o ente federado não tenha 
editado lei própria trazendo os valores que considera como obrigações de pequeno valor. 
No Estado de São Paulo, por exemplo, temos a Lei Estadual n. 17.205/19, que prevê como 
obrigação de pequeno valor os créditos de valores iguais ou inferiores a R$11.678,89 (onze mil, 
seiscentos e setenta e oito reais e oitenta e nove centavos).
Como as requisições de pequeno valor são pagas mais rapidamente, é possível que a parte 
renuncie ao valor exdente (§5º, art. 19).
Todavia, aqui não é possível fracionar, repartir ou quebrar o valor do crédito, de modo que o 
pagamento se faça, em parte por RPV, e em parte por precatório (§4º, art. 19). 
Importante anotar que a parte autora pode sacar o valor depositado pessoalmente, em 
qualquer agencia do banco depositário, independentemente de alvará (§6º, art. 19). Em 
caso de saque por procurador, o valor só poderá ser sacado na agencia destinatária do 
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depósito, mediante procuração específica, com firma reconhecida, devendo constar o valor 
originalmente depositado e sua procedência (§7º, art. 19).
O juiz poderá designar audiência de tentativa de conciliação, quando verificar que há 
possibilidade de acordo para pagamento entre as partes (enunciado 71 do Fórum Permanente).
O mecanismo de defesa do devedor continua sendo os embargos à execução, que tem 
natureza de ação autônoma, apresentados no prazo de 15 dias. Aqui, há grande diferença 
com o disposto no CPC, haja vista que não é possível, no âmbito do JEFaz, que o executado 
apresente impugnação ao cumprimento. 
Os embargos à execução poderão ser decididos por juiz leigo, observado o disposto no art. 40 
da Lei n. 9.099/95 (enunciado 52 do Fórum Permanente).www.trilhante.com.br
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